Você está na página 1de 4

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO

PAULO
CAMPUS SÃO PAULO
CURSO SUPERIOR DE LICENCIATURA EM LETRAS

PEDRO DE OLIVEIRA RODRIGUES

RESENHA: Seminário sobre Gregório de Matos, uma visão crítica

SÃO PAULO
2018
RESENHA
ALVES, Larissa; INÁCIO, Yan; MAGALHÃES, Laila; MARTINS, Mariana. Poemas
amorosos, de Gregório de Matos. 2018, São Paulo.
Dentro da disciplina de Literatura Brasileira 1 ofertada no curso superior de Licenciatura
em Letras no Instituto Federal de São Paulo, são feitas discussões acerca da literatura produzida
durante a fase colonial do Brasil. É nesse contexto que este seminário se constrói, abordando o
literato Gregório de Matos, poeta que viveu durante o século XVII.
Gregório de Matos, poeta de muitas faces, tem sua produção traçada numa raiz tripartite:
a amorosa, a religiosa confessional e a satírica (CAMPEDELLI; ABDALA JÚNIOR, 1985,
p.27). Representante do barroco português, sua obra apresenta a dualidade inerente aos homens
de sua época (ABDALA JÚNIOR; PASCHOALIN, 1985), a disposição de ideias com fins de
produção de sentido, isto é, o conceptismo e o trabalho sobre a forma, o gongorismo ou
cultismo, pendendo mais para este último (CAMPEDELLI; ABDALA JUNIOR, 1985).
O seminário, dado seu tema, se debruçou sobre a vida de Gregório a fim de expor os
fatos de sua vida, evitando, no entanto, comentar a obra através do autor, evitando adentrar em
suas ideias pessoais para além daquelas presentes nos textos que produziu. É também conteúdo
o contexto histórico em que viveu o poeta e quais possíveis influências desse contexto sofreu,
a caracterização geral de sua obra de temática amorosa erótica e abordagens críticas desta.
O seminário se estrutura sob duas frentes: apresentação por meio eletrônico e
apresentação oral simultânea à primeira. Ambas formas se desenrolam de formas diferentes,
em ritmos e sentidos distintos.
O meio eletrônico apresentou o conteúdo de modo linear, tal como a plataforma permite
dispor. O meio oral, como não poderia deixar de ser, ditou o tempo de exibição de cada slide e
a forma como o conteúdo se articulou. Isso se mostrou, de certa forma, um problema, posto que
não foi possível uma boa comunicação entre a apresentação oral e a eletrônica, funcionando
ambas como blocos separados.
Ao tratar da poesia amorosa de Gregório de Matos, a vertente erótica e despudorada foi
colocada, numa exposição clara embora rápida – devido ao tempo reservado a apresentação -,
em foco. Para tanto, recuperou-se o apelido “Homero do Lundu” e dedicou-se um slide para
destacar as características pertinentes, sendo uma delas “amor brejeiro, prático, aventureiro e
improvisado”. É gratuito e enriquecedor notar que esta característica encontra ressonância na
teoria literária brasileira, como em Litrento (1978, p. 80) que, sobre o Boca do Inferno, afirma
ser ele “Cantor do sensual cenário brasileiro, sugeriu e escreveu uma erótica poesia dos
trópicos.”
A apresentação se conclui com uma análise de dois poemas amorosos de Gregório de
Matos e a apresentação de uma opinião crítica, sobre o autor e sua obra, veiculada por José
Veríssimo. A análise ocorreu de modo fluido, tratando de aspectos formais, estruturais e as
figuras de linguagem presentes nos poemas abordados, a fim de expor, na obra, as
características barrocas e as características da poesia amorosa do Boca do Inferno.
Os dois poemas selecionados são de tons diferentes, um corresponde a uma lírica
amorosa idealista “[...] quase sempre preocupada com o ‘desvendamento das contradições,
busca da unidade sob a diversidade, tentativa de pacificar ou desvendar as antinomias’, no
entender de Antônio Candido, em Formação da Literatura Brasileira [...]” (JÚNIOR;
CAMPEDELLI,19, p. 29); já o outro porta o desejo do gozo mascarado formalmente (BOSI,
2006) que habita a lírica amorosa explorada pelo grupo.
A crítica de José Veríssimo volta-se para os tratamentos que Gregório dá para brancos,
pretos e indígenas, o acusando Matos de ser racista. Dado o exposto pelo grupo, é uma crítica
crível e pertinente em ser comentada e levada em consideração, de tal forma que outro autor,
Bosi (2006, p. 37), afirma sobre o poeta que são conhecidas suas duras críticas contra alguns
poderes da colônia “[...], mas também palavras de desprezo pelos mestiços e de cobiça pelas
mulatas”.
De modo geral, o seminário se demonstrou bem amparado teoricamente, com cada um
dos seminaristas respeitando o seu tempo de fala, bem como procurando ser claro e didático
quanto aos conteúdos tratados. Se houveram falhas, foram mínimas, de modo que não
influenciaram de modo significativo o bom aproveitamento do seminário. A única ressalva é
que foi difícil de fazer anotações dada a alta velocidade do seminário.
REFERÊNCIAS
ABDALA JÚNIOR, Benjamim; PASCHOALIN, Maria Aparecida. Renascimento: Barroco
(1580 – 1756). In: ____________________. História Social da Literatura Portuguesa. 2ª
edição.

BOSI, Alfredo. II Ecos do Barroco. In: _____________. História concisa da literatura


brasileira. 43ª edição. São Paulo: Cultrix, 2006.

CAMPEDELLI, Samira Youssef; JÚNIOR, Benjamim Abdala. Barroco (1601 – 1768): O


Barroco na Cultura Crioula. In: ______________________. Tempos da Literatura
Brasileira. São Paulo: Ática, 1985.

LITRENTO, Oliveiros. III. A Renascença e o Barroco na Literatura Colonial. In:


____________. Apresentação da Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Forense-
Universitária; Brasília: INL, 1975 – 1978.2 t.

Você também pode gostar