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ZÉ DA PRATA

POETA POPULAR DE ALTOS

JOSÉ FERNANDES CARVALHO, vulgo "ZÉ DA PRATA", nasceu na localidade Prata,


município de Altos-PI, no dia 1º de Junho de 1871. Violeiro, poeta, trovador e repentista
e repentista de grande talento, produziu vasta obra que continha mensagens polêmicas
para a sociedade de sua época, como o erotismo e críticas de cunho político. Tocava
Sanfona com rara felicidade e tinha o hábito de cantar nas festas. Casou-se com Liduína
Paiva, filha de João de Paiva Oliveira (o filho do fundador de Altos). Foi lavrador,
funcionário da Prefeitura Municipal de Altos e escrivão da Coletoria Estadual, em Altos.
Veio a falecer em 14 de março de 1945, na localidade Canto Alegre (parte integrante do
atual município de Coivaras, que se desmembrou do município de Altos em 01 de janeiro
de 1993). Zé da Prata não deixou obra escrita, mas seu talento é reconhecido e sua
poesia permanece viva na memória popular, tendo sido transmitida às gerações
posteriores através da tradição oral.

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Seguem abaixo algumas das poesias mais famosas de Zé da Prata:

EU MESMO
José Fernandes, meu nome,

Carvalho, paterna herança,

Da Prata, por apelido,

Caboclo por confiança.

Prata de lei no repente,

Está nisto o meu tesouro.

Em muitas vezes a prata

Serve melhor do que o ouro.

De Altos sou altaneiro,

Minha terra predileta,

Não me faz viver a rogo...

Sou do trabalho o primeiro,

Pois com carta de poeta

Não se põe panela ao fogo.

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Chico Preto só mela o bico

No tempo que dá melão.

O rico só lembra o pobre

No tempo da eleição.

Por isso, quem quiser subir

Que suba num foguetão

E vá roubar no inferno,
Que é lugar de ladrão.

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A moça quando se casa,

Todo castigo merece

Troca pai e troca mãe

Por alguém que mal conhece

E fica na obrigação

De amolecer um cambão

Toda vez que endurece.

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Eu venho de muito longe

Lá das barras do Sambito.

Onde o diabo deu no cão,

E o cão deu no maldito.

Onde a cabra deu no bode,

e o bode deu no cabrito.

Para baixo vejo a terra

Para cima o infinito.

Você não pode negar

Em sua mão está escrito

Que um rapaz aqui dos Altos

Já pegou no seu priquito.


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Se vejo mulher bonita,

Meu corpo ainda se bole.

Mas sei que já estou velho,

É melhor que me console...

De que serve eu ter desejo,

E a correia assim tão mole?

E a correia desse jeito

O priquito não engole;

Mesmo botando a cabeça

Tirando a mão escapole.

E não posso dessa forma

Fazer mais o bole-bole.

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