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O custo do discipulado

publicado em quarta, 01 março 2006 20:02


Escrito por Luiz Soares

Lucas 14:25-33; João 15:18-20


- Dentre os artigos que o saudoso irmão Luiz Soares nos deixou disponibilizados para divulgação, temos este que nos
foi enviado em 2/8/2002 e contém oportuno ensino para o povo de Deus. Tendo em vista que vivemos dias em que o
profano e o solene são praticados de tal sorte que parece não haver nenhuma distinção entre eles, torna-se
fundamental que os discípulos do Senhor entendam o custo da separação do mundo. Oxalá, que através desta série
de mensagens possamos ter completa compreensão de que o discípulo cristão deve se separar do sistema
meramente religioso que se desenvolve ao nosso redor, como sendo uma obra do Espírito Santo para os nossos dias.
Permita Deus que assim seja!

A salvação é absolutamente gratuita, mas o discipulado tem um preço


altíssimo. Não pode ser discípulo quem não esteja disposto a pagar o
preço. Vejamos quais são os elementos do custo do discipulado
cristão.

1. O custo da separação do mundo


João 15:18-20
Para bem entendermos este elemento do custo do discipulado,
precisamos definir qual dos vários sentidos da palavra "mundo" está
em vista aqui, uma vez que este vocábulo aparece em outros
contextos com sentidos diferentes.

 Não se trata do globo terrestre. Este é maravilhoso, como diz o Salmo 19:1-4: "Os
céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das Suas mãos.
Um dia discursa a outro dia e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há
linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som: no entanto por toda
terra se faz ouvir as suas palavras até aos confins do mundo". É uma suprema
demonstração da glória do Criador. Diz a palavra: "O Deus que fez o mundo e tudo o
que nele existe, sendo Ele Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por
mãos humanas" (Atos 17:24). E: "Os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno
poder como também a Sua própria divindade, claramente se reconhecem desde o
princípio do mundo, sendo percebidas por meio das cousas que foram criadas"
(Romanos 1:20).
 Não se trata da humanidade. Quando lemos, em João 3:16, que "Deus amou ao
mundo", em 1 João 2:2, que Cristo é a "propiciação pelos pecados do mundo inteiro",
ou em 1 João 4:14, que "Deus enviou Seu Filho como Salvador do mundo", não
devemos entender que este é o mundo do qual devemos nos separar. A esse mundo
Deus amou e por ele entregou Seu Filho à morte. O Senhor nos envia ao mundo
geográfico a fim de pregarmos as boas novas de salvação e perdão ao mundo das
pessoas, às quais Deus ama.
 Trata-se do sistema de rebelião a Deus, comandado por Satanás. Ele é o chefe e
o propulsor deste sistema de rebelião a Deus e à Sua vontade. Cristo disse: "Chegou
o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso" (João
12:31). Lemos, ainda, que os que estão sem Cristo andam "segundo o curso deste
mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos
da desobediência" (Efésios 2:2).
Esse é o mundo do qual o discípulo cristão deve separar-se. Com
respeito a esse sistema diabólico, a essa ordem corrupta e rebelde, a
Palavra de Deus ordena: "Não ameis o mundo, nem as coisas que há
no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele;
porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos, e a soberba da vida, não procede do Pai,
mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua
concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade do Pai, permanece
eternamente" (1 João 2:15-17). Esse é o mundo ao qual pertencem
todos quantos não são discípulos e ao qual pertencíamos todos nós
antes da nossa conversão. Diz a Palavra: "Entre os quais (filhos da
desobediência) todos nós andamos outrora, segundo as inclinações
da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e
éramos por natureza filhos da ira como também os demais" (Efésios
2:3).
Porém, uma vez convertidos e feitos discípulos de Cristo, o Mestre
exige o nosso corte de relações com o mundo. Ele não admite
concorrência: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de
aborrecer-se de um e amar o outro; ou se devotará a um e desprezará
ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas" (Mateus 6:24). O
discípulo precisa compreender que o Mestre o chamou para separar-
se do mundo. Suas palavras são bem claras: "Se vós fôsseis do
mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do
mundo, pelo contrário, eu dele vos escolhi, por isso o mundo vos
odeia" (João 15:19).
O mundo sempre esteve e sempre estará em oposição a Deus e quem
quiser viver em harmonia com Deus tem de cortar as relações com o
mundo. A Bíblia diz: "Infiéis, não compreendeis que a amizade do
mundo é inimizade contra Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo
do mundo, constitui-se inimigo de Deus" (Tiago 4:4). O discípulo de
Jesus Cristo tem de ser diferente das outras pessoas em sua maneira
de pensar e viver. Essa diferença é a marca do discipulado.
No Velho Testamento os servos de Deus destacaram-se dos demais
em sua geração, precisamente por levarem aquela marca. Noé viveu
numa geração cruel e perversa, cujo "desígnio do coração era
continuamente mau", mas a referência ao seu nome mostra a marca
que o diferenciava dos demais: "Eis a história de Noé: Noé era homem
justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus"
(Gênesis 6:5-9). Na longa lista de genealogias de Gênesis 5, a
monotonia é quebrada pela marca do caráter piedoso de Enoque:
"Andou Enoque com Deus, e já não era porque Deus o tomou para Si"
(Gênesis 5:21-24). Abraão, Jeremias e outros servos de Deus do
Antigo Testamento e do Novo, mostraram aquela marca, que teve a
sua culminância na vida do nosso Mestre.
Como Seus discípulos, temos de seguir o Seu exemplo. As ambições
de lucro desmedido, conforto material, honra, prazeres carnais, a
linguagem suja, as vestes indecentes, escandalosas, provocantes, a
deslealdade para com o próximo, o convívio com a desonestidade e a
imoralidade constituem-se na marca reconhecida do mundo que jaz no
maligno, mas não podem ser a marca do discípulo de Cristo.

Não podemos concordar com os que dizem que estas coisas


exteriores não devem ser consideradas porque muita gente que
parece "direitinha" por fora guarda muita sujeira no coração. Embora
não possamos negar que as aparências muitas vezes enganam, não
podemos basear-nos nisto para justificarmos uma situação realmente
anormal. Deus julgará os enganadores que apresentam uma falsa
santidade, mas não vamos nós justificar os que são reconhecidamente
carnais e mundanos por causa dos hipócritas a quem, geralmente,
não conhecemos. A verdade é que o discípulo que ama o Mestre e
quer agradar-Lhe em tudo, procura evitar tudo quanto possa trazer
prejuízo moral, material ou espiritual a si mesmo ou ao seu
semelhante, seja ele quem for. A Bíblia nos ordena: "Abstende-vos de
toda forma de mal" (1 Tessalonicenses 5:22).
Não é fácil ser discípulo num mundo tão cheio de atrações, mas quem
não quiser abandoná-lo não pode ser discípulo do Senhor Jesus. Ele
não engana a ninguém, mas deixa bem claro que não abre mão das
Suas exigências. Portanto, quem quiser segui-Lo, inclua este
elemento no custo — a separação do mundo.

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