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Direito Constitucional

Aula 01
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Sumário
1. Orientações iniciais................................................................................................. 2
2. Teoria da Constituição ............................................................................................ 3
2.1 Poder Constituinte ............................................................................................ 3
2.1.1 Originário ..................................................................................................... 3
2.1.1.1 Titularidade .......................................................................................... 3
2.1.1.2 Exercício ............................................................................................... 4
2.1.1.3 Formas de manifestação ...................................................................... 4
2.1.1.4 Características ...................................................................................... 8
2.1.1.5 Limites ao Poder Constituinte Originário .......................................... 11
2.1.2 Reformador................................................................................................ 13
2.1.2.1 Revisão constitucional ....................................................................... 13
2.1.2.2 Emendas à Constituição ..................................................................... 14

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1. Orientações iniciais
a. EMAIL DO PROFESSOR: joaomendes@cursoenfase.com.br

b. PERFIL DA PROVA DA MAGISTRATURA (BANCA CESPE NOS TRFS 1, 2 E 5)


(i) Altamente jurisprudencial (mais difícil nesse aspecto do que a prova do MPF);
(ii) Cobrança da doutrina majoritária, o que não significa superficialidade;
(iii) Nalguns certames, de maneira a surpreender os candidatos, a banca costuma
cobrar “letra fria” da Constituição. Por isso, é preciso fazer a leitura dos artigos
constitucionais;
(iv) É preciso analisar as provas dos TRFs 3 e 4, cujas primeiras fases não são
elaboradas pela banca CESPE, a fim de descobrir-se o perfil das bancas;

c. PERFIL DA PROVA DO MPF


(i) Mais difícil em termos de teoria. Cobrança doutrinária acentuada;
(ii) Leitura dos textos da Débora Duprat (membro da banca).

d. BIBLIOGRAFIA
(i) Livros destinados à construção de uma base: Direito Constitucional
Esquematizado (Pedro Lenza) ou Manual de Direito Constitucional (Marcelo Novelino);
(ii) Livro de leitura mais aprofundada: Curso de Direito Constitucional (Gilmar
Mendes);
(iii) Livro em um terceiro grau de profundidade: Curso de Direito Constitucional
(Ingo Sarlet, Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero). Seu defeito é não tratar de toda a
matéria, apesar de contar com 1340 páginas;
(iv) Controle de Constitucionalidade: O Controle de Constitucionalidade no Direito
Brasileiro (Luís Roberto Barroso). Melhor relação custo-benefício, embora não seja o livro
mais profundo existente no mercado sobre o tema.

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2. Teoria da Constituição
Esse tópico engloba: (i) classificação das constituições; (ii) concepção das
constituições; (iii) normas constitucionais; (iv) poder constituinte; (v) direito constitucional
intertemporal; (vi) interpretação da constituição.
Por uma questão de estratégia formulada a partir do foco da turma, os três primeiros
pontos, por apresentarem-se menos complexos, deverão ser estudados de forma particular
pelo aluno. Tratar-se-á, apenas, dos temas mais sensíveis.

2.1 Poder Constituinte


Cinde-se em poder constituinte originário e derivado. Este divide-se em reformador e
decorrente. Além, existe o poder constituinte difuso. Eis a tipologia do poder constituinte.

TIPOLOGIA DO PODER CONSTITUINTE

1. Originário --/--

2. Derivado 2.1. Reformador


PODER CONSTITUINTE
2.2. Decorrente

3. Difuso --/--

2.1.1 Originário
Destina-se à elaboração de uma Constituição nova. Alguns, ao falarem em
‘elaboração da constituição nova’, chamam-no de “poder constituinte genuíno.

2.1.1.1 Titularidade
a. Divina
Pensamento próprio da Idade Média, segundo o qual o poder constituinte pertencia
a Deus ou ao rei (autoridade constituída por Deus).
b. Nação
Possui sentido orgânico coletivo. Ao olhar-se para ela, preocupa-se não com os
indivíduos, mas, sim, para a coletividade.

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c. Povo
Relaciona-se ao conjunto de indivíduos. Corrente prevalecente.

2.1.1.2 Exercício
Cinde-se em monocrático (um indivíduo elabora a constituição; expediente próprio
das monarquias) ou policrático (elaboração coletiva). Este último divide-se em direto
(constituição elaborada diretamente pelo povo), indireto (representantes do povo) e
semidireto (grupo de pessoas elabora a constituição, e o povo aprova).

2.1.1.3 Formas de manifestação


a. Ruptura social e política
Tem como principal revolução, a qual se diferencia do golpe. O ponto de
aproximação entre ambos os mecanismos é a tomada do poder de forma contrária à
determinação do ordenamento jurídico vigente. E, em relação a esse ponto, revolução e
golpe são movimentos antijurídicos ou ilegais.
A principal diferença habita no apoio popular existente na revolução, que se dará
tanto pela participação do próprio povo, quanto por seu consentimento na hipótese de dado
grupo realizar a tomada do poder. Há, pois, uma legitimação popular na revolução.
A maioria da doutrina assevera ter sido o movimento de 1964 havido no Brasil
verdadeiro golpe.
À época, os próprios militares classificavam-se como revolucionários. Em 1961, auge
da Guerra Fria, Jânio Quadros renuncia à Presidência da República “por pressão de forças
ocultas”. Assume a Chefia do Executivo Federal João Goulart. Por sua verve esquerdista, não
gozava de ingente apoio no Congresso Nacional, que realiza uma medida de alteração
constitucional, nominada lei constitucional, instituindo o parlamentarismo pela segunda vez
no Brasil (na época de Dom Pedro II, já se havia adotado uma prática parlamentarista, posto
que isso não estivesse explícito na Constituição de 1824).
Esse período parlamentarista dura de 1961 até o início de 1963, quando, então,
realiza-se um plebiscito, e o povo, por maioria esmagadora, escolhe o presidencialismo
como regime de governo. João Goulart recupera, pois, seus poderes, no entanto, de modo
enfraquecido, porquanto não tinha apoio da maioria dos governadores. Além da classe
política, quase toda a sociedade não simpatizava com o Presidente.

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Em 1964, no Rio de Janeiro (que ainda guardava o ranço de capital federal) João
Goulart realiza um grande comício com milhares de pessoas. Logo depois, em São Paulo,
ocorre a “Marcha das Famílias com Deus”, movimento contra o Presidente. A tensão política
era notória e agravada pelo fato de as polícias militares deterem armamento próprio das
forças armadas, o que gerava, inclusive, ameaças de conflito interno.
Em 31 de março de 1964, os militares tomam o poder (a data correta, segundo alguns
historiadores, seria 1 de abril, contudo, como é o “Dia da Mentira”, os militares resolveram
deixar como data 31.03.1964). Inexiste derramamento de sangue e, de contínuo, edita-se o
ato institucional nº 1, cujo preâmbulo define que o grupo tomador do poder desvela-se
como uma revolução, porquanto, naquele momento, parcela significativa da sociedade
apoiava-os, haja vista o repúdio à esquerda.
Preâmbulo do AI nº 01

À NAÇÃO

É indispensável fixar o conceito do movimento civil e militar que acaba de abrir ao Brasil
uma nova perspectiva sobre o seu futuro. O que houve e continuará a haver neste
momento, não só no espírito e no comportamento das classes armadas, como na opinião
pública nacional, é uma autêntica revolução.

A revolução se distingue de outros movimentos armados pelo fato de que nela se traduz,
não o interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da Nação.

A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte. Este se manifesta


pela eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais expressiva e mais radical do
Poder Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa, como Poder Constituinte, se legitima
por si mesma. Ela destitui o governo anterior e tem a capacidade de constituir o novo
governo. Nela se contém a força normativa, inerente ao Poder Constituinte. Ela edita
normas jurídicas sem que nisto seja limitada pela normatividade anterior à sua vitória.
Os Chefes da revolução vitoriosa, graças à ação das Forças Armadas e ao apoio
inequívoco da Nação, representam o Povo e em seu nome exercem o Poder Constituinte,
de que o Povo é o único titular. O Ato Institucional que é hoje editado pelos
Comandantes-em-Chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, em nome da
revolução que se tornou vitoriosa com o apoio da Nação na sua quase totalidade, se
destina a assegurar ao novo governo a ser instituído, os meios indispensáveis à obra de
reconstrução econômica, financeira, política e moral do Brasil, de maneira a poder
enfrentar, de modo direto e imediato, os graves e urgentes problemas de que depende a
restauração da ordem interna e do prestígio internacional da nossa Pátria. A revolução
vitoriosa necessita de se institucionalizar e se apressa pela sua institucionalização a
limitar os plenos poderes de que efetivamente dispõe.
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O presente Ato institucional só poderia ser editado pela revolução vitoriosa,


representada pelos Comandos em Chefe das três Armas que respondem, no momento,
pela realização dos objetivos revolucionários, cuja frustração estão decididas a impedir.
Os processos constitucionais não funcionaram para destituir o governo, que
deliberadamente se dispunha a bolchevizar o País. Destituído pela revolução, só a esta
cabe ditar as normas e os processos de constituição do novo governo e atribuir-lhe os
poderes ou os instrumentos jurídicos que lhe assegurem o exercício do Poder no
exclusivo interesse do Pais. Para demonstrar que não pretendemos radicalizar o processo
revolucionário, decidimos manter a Constituição de 1946, limitando-nos a modificá-la,
apenas, na parte relativa aos poderes do Presidente da República, a fim de que este
possa cumprir a missão de restaurar no Brasil a ordem econômica e financeira e tomar
as urgentes medidas destinadas a drenar o bolsão comunista, cuja purulência já se havia
infiltrado não só na cúpula do governo como nas suas dependências administrativas.
Para reduzir ainda mais os plenos poderes de que se acha investida a revolução vitoriosa,
resolvemos, igualmente, manter o Congresso Nacional, com as reservas relativas aos
seus poderes, constantes do presente Ato Institucional.

Fica, assim, bem claro que a revolução não procura legitimar-se através do Congresso.
Este é que recebe deste Ato Institucional, resultante do exercício do Poder Constituinte,
inerente a todas as revoluções, a sua legitimação.

Em nome da revolução vitoriosa, e no intuito de consolidar a sua vitória, de maneira a


assegurar a realização dos seus objetivos e garantir ao País um governo capaz de
atender aos anseios do povo brasileiro, o Comando Supremo da Revolução, representado
pelos Comandantes-em-Chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica resolve editar o
seguinte.

A intenção do grupo tomador do poder (composto por militares e alguns civis), à


época, era, tão-só, sufocar o avança do movimento comunista (representado na figura de
João Goulart), normalizar a situação do país e devolver o poder ao povo. Entretanto, logo na
sequência, os militares dividiram-se em dois grandes grupos, quais sejam, a ala moderada e
a ala radical.
A ala moderada, prevalecente em um primeiro momento, desejava, efetivamente,
devolver o governo à população civil. Tanto assim que, em 1967, três anos após o golpe,
confecciona-se uma nova Constituição. Almejava-se realizar uma eleição nos anos seguintes
para os militares deixarem o poder.
Ocorre que Costa e Silva adoece, o que enfraquece o grupo moderado. A ala radical,
agora robustecida, em 1968, edita o famigerado ato institucional nº 5. Aqui, deflagrou-se

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verdadeiro golpe, e não revolução (como alguns ainda entendem a tomada do poder em
1964), dentro do movimento revolucionário.
Materializam-se, nessa conjuntura, “os anos de chumbo da ditadura”, com a cassação
de direitos políticos, aposentação compulsória de três ministros do STF, etc.
Observação: o Ministério Público Federal tende a rechaçar posições mais clássicas e
encampar posições mais sociais, em detrimento das liberais. Logo, em eventual prova
discursiva, deve-se responder que o movimento de 1964 foi um golpe; não, revolução.

b. Ruptura jurídica
Rompe-se com o ordenamento constitucional até então vigente e ruma-se a outro.
Essa passagem dá-se de forma pacífica, sem a manifestação de movimentos populares.
Exemplo: Constituição de 1988 promulgada em 05 de outubro.

c. Poder alienígena ou exógeno


Refere-se a situações em que a Constituição é imposta ou elaborada por um poder
externo. Denominam-se heteroconstituições ou constituições heterônomas. Comum em
duas situações: [1ª] metrópole concedendo a liberdade à colônia e, como condição para
essa concessão, impõe ao novo Estado que se está formando uma Constituição (isso não
impede, logicamente, a confecção de novel Carta pelo novo Estado; bastante comum em
território africano); [2ª] países vencedores impondo uma nova ordem jurídica aos países
vencidos nas guerras.
Essas heteroconstituições dividem-se em: (i) heteroconstituições em sentido soft (o
poder externo estabelece as diretrizes, parâmetros e princípios para o poder interno
elaborar a Constituição); (ii) heteroconstituições em sentido hard (o próprio texto
constitucional é imposto pelo poder alienígena).

d. Poder supranacional
Poder para constituir entidades supranacionais, as quais se formam pela agregação
de Estados em processo de integração, que tem, de início, viés econômico (estabelecimento
de acordos comerciais que evoluem para área de livre comércio a qual passa para a área de
mercado comum, o qual consiste numa área de livre comércio com uma política externa
comum; a tendência desse mercado comum é evoluir para uma união econômica e,
posteriormente, em uma união monetária) e, a posteriori, descamba para o âmbito político

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(exemplo: existência de tribunal de justiça, parlamento europeu e comissão europeia; todos


no âmbito da União Europeia).
O exemplo-mor de instituição supranacional de que se tem notícia é a União
Europeia. Pode-se citar, ainda, com as devidas ressalvas, o MERCOSUL.
Observação1: antes de a União Europeia ter esse nome, o que se dá nos anos 1990,
ela já existia. Sua criação remonta aos idos do pós segunda guerra, quando são criadas três
comunidades na Europa: Comunidade Econômica, Comunidade do Carvão e do Aço e
Comunidade Atômica. Em 1990, houve um tratado, por meio do qual se fundiram e
transformaram-se na União Europeia.
Observação2: no MERCOSUL, existe um Parlamento, chamado PARLASUL. Por ora, os
parlamentares que o compõem são os indivíduos que também desempenham tal função em
seu país (já existem brasileiros lá). Nada obstante, há previsão no sentido de que o acesso ao
PARLASUL será realizado mediante votação popular para esse cargo. Dessa maneira, o
cidadão votaria em deputado federal, v.g., e parlamentar do PARLASUL.
Observação3: a assembleia nacional constituinte consubstancia-se, apenas, na forma
de organizar a manifestação do poder constituinte, que pode ser uma ruptura jurídica ou
política.

2.1.1.4 Características
Por unanimidade, a doutrina cita como características: ilimitado, inicial e
incondicionado. Outros autores mencionam ainda: latente, instantâneo, inalienável e
específico.
a. ILIMITADO: não se subsume a normas preexistentes, no sentido de não ter de
respeitar os limites postos pelo direito anterior. Há teses contrárias a esse raciocínio, as
quais apontam que o poder constituinte originário tem, sim, de respeitar alguns limites.

b. INICIAL: inaugura a nova ordem jurídica. Com efeito, discute-se sobre o que
ocorre com a ordem jurídica até então vigente, ao que se denomina direito intertemporal.

c. INCONDICIONADO: não sujeição a formalidade prefixadas ou predefinidas.


Aproveita-se o ensejo para discorrer um pouco sobre a Constituição de 1988.
Em 1984, durante o clamor social (vide o movimento “Diretas já!”), faz-se uma PEC
denominada “Dante Oliveira” para estabelecer eleições diretas, a qual não é aprovada.

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Antes, aprova-se uma eleição indireta, na qual se elege Tancredo Neves, cujo vice era José
Sarney. Inobstante isso, gozava de amplo apoio popular. Morre antes de tomar posse, e
Sarney assume a Presidência da República. Antes de falecer, Tancredo havia engendrado a
realização da assembleia nacional constituinte, que seria formada por uma comissão de
notáveis conhecedores em vários ramos do saber, que não só o jurídico. Tal comissão
denominava-se Afonso Arinos.
Sarney, ao assumir o poder, fá-lo de modo enfraquecido, eis que não possuía o
mesmo prestígio de Neves. Por essa razão, não detinha força política suficiente para
apresentar um projeto que fosse dele (ainda que a criação tenha sido feita por uma
comissão). Por conseguinte, a própria comissão teve de apresentar o projeto. E, conquanto o
projeto da comissão Afonso Arinos tenha sido aproveitado, fez-se necessário elaborar outro.
Assim, como se vê, o que estabelece a assembleia nacional constituinte é uma
Emenda Constitucional de 1986. Nesse cenário, questiona-se: viável o poder reformador
convocar a manifestação do poder originário? O resultado desse poder originário será uma
constituição nova?
Sem embargo, outra celeuma é: os indivíduos não foram eleitos somente para
compor a assembleia constituinte1. Antes, o foram também para a composição do Congresso
Nacional, ao que se denomina de “atuação ou atividade não exclusiva da constituinte”. Essa
mistura nas atuações dos indivíduos leva a uma invariável mistura nos temas a serem
trabalhados. Tanto assim, que vários temas tratados na Constituição de 1988 poderiam tê-lo
sido por lei. Vale esclarecer que, à época, por peculiaridades históricas, mais fácil era alterar
o texto constitucional do que criar uma lei.
O antigo ministro do STF Nelson Jobim, que compôs a constituinte, pontificou
situação interessante. Explanou que os membros da constituinte debruçaram-se sobre
diversas constituições dos mais variados países e, literalmente, recortaram os temas de
maior incidência. Dividiram-nos em essencialmente e relativamente constitucionais.
Chegaram ao número de 08 grandes temas; prova disso é que a Constituição possui 9 (nove)
capítulos, sendo que o último destina-se às disposições gerais. Criou-se uma comissão para
cada tema; criaram-se três subcomissões para cada comissão. Ou seja, havia 24
subcomissões elaborando sua parte da constituição. Largamente perceptível é o resultado
desse expediente pouco inteligente: a falta de coesão e coerência, nos textos elaborados.
Após isso e por conta disso, levou-se o texto constitucional à comissão de redação e

1
Havia a figura dos senadores biônicos, os quais eram oriundos e nomeados pelo regime militar. Isto
é, não foram eleitos pelo povo. Discutiu-se sobre se poderiam participar do processo de elaboração da nova
constituição e, por fim, permitiu-se.

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sistematização cujo objetivo era harmonizar o referido texto, o qual é levado ao plenário e
aprovado.
Esse iter dura pouco mais de 1 ano e 8 meses. Nesse interregno, a orientação outrora
voltada para o parlamentarismo2 modificou-se para o presidencialismo. Eis o motivo do
plebiscito, cuja previsão estampa-se no artigo 2º do ADCT, para a escolha entre
parlamentarismo e presidencialismo. Como problema prático tem-se o fato de que todo o
texto constitucional foi redigido com viés parlamentarista. Daí, em vez de se redigir todo o
texto magno, adaptou-se ele para o presidencialismo e, em mais uma colcha de retalhos,
restaram presentes do sistema anterior. Vide a medida provisória, radicada no parlamento
italiano, cuja previsão em um sistema presidencialista é ilógica. Por tais motivos, José Afonso
da Silva, com palavras pernósticas, define nosso sistema como presidencialismo
parlamentarista.
Depois da votação do plenário, a comissão de redação fez nova análise e constatou
existência dalgumas omissões que poderiam gerar problemas. Cite-se, por exemplo, a
ausência da previsão da separação de poderes (note-se que, como dito, no parlamentarismo
isso não existe). Por essa razão, a referida comissão inseriu alguns dispositivos. Submeteu-o
ao plenário, e Ulysses Guimarães, sabedor dessa situação, aventa que, naquele momento,
ocorria a votação final ratificadora. Isso significa dizer que o texto final da Constituição de
1988 padece de coesão e coerência. Exemplifica-se com o dispositivo segundo o qual “no
território federal, haverá governador nomeado nos termos dessa constituição”. O dispositivo
regulamentador não existe, simplesmente!
Apesar de todos os problemas e críticas, a Constituição é promulgada em 1988. Diz a
doutrina que, pelo fato de o PCO ser incondicionado e não estar subordinado a formalidades
predefinidas, a forma de trabalho adotada pela constituinte é definida por ela própria. No
mais, malgrado todos os vícios, houve ampla participação popular, o que, até então, nunca
acontecera. Confere-se à Carta, pois, legitimidade popular que tem o condão de superar as
deficiências do texto.

d. LATENTE/PERMANENTE/PERENE: o poder constituinte originário nunca deixa de


existir. É permanente, porém, encontra-se em um estado de inatividade, podendo
manifestar-se a qualquer momento no tempo.

2
Aqui, vige a ideia de Executivo dualista, no qual o Presidente faz as vezes de chefe de Estado, e o
Primeiro-Ministro exerce a chefia de Governo. Este, para manter-se no poder, deve sustentar-se e ter apoio do
Parlamento. Nesse sistema, inexiste separação de poderes; antes, há uma colaboração entre todos.

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e. INSTANTÂNEO: embora esteja latente, está apto a entrar em ação a qualquer


momento, porquanto pertence ao povo, e este pode reputar por bem criar uma nova
Constituição;

f. INALIENÁVEL: ao povo pertence e dele não se pode retirar.

g. ESPECÍFICO: não se manifesta com outra finalidade que não seja a de elaborar a
Constituição. Por conseguinte, todas as normas dele emanadas são constitucionais 3.

2.1.1.5 Limites ao Poder Constituinte Originário


a. Teoria das normas constitucionais inconstitucionais
Segundo Otto Bachof, ao debruçar-se sobre a Constituição, veem-se valores
suprapositivos, que se situam acima do ordenamento jurídico positivado e são
reverenciados e respeitados pela própria Constituição, e um “livre espaço de manifestação
volitiva”, âmbito no qual o PCO exercerá sua vontade, ao alvedrio de sua consciência. Assim,
aquilo que não se alocar dentro desses valores suprapositivos, poderá o PCO instituir o que
lhe convier.
Com base nessas explanações, engendrou-se o seguinte raciocínio. Quando o PCO
estabelece uma norma no texto constitucional dentro do espaço de manifestação volitiva e
fere algum valor suprapositivo, tal norma será constitucional (pois que positivada no texto
constitucional) inconstitucional (inválida por violar tais valores).
Essa tese foi parar no Supremo Tribunal Federal, por intermédio da ADI 815/DF, a
qual foi proposta com o fito de questionar o sistema (proporcional) para a eleição de
deputados. Argumentou-se que, no estado onde houvesse maior número de eleitores, o
candidato precisaria de um maior número de votos. Logo, o voto desses cidadãos teria peso
diferente se comparados aos votos nos estados com menor número de eleitores, em
detrimento da previsão constitucional de igualdade do valor dos votos, derivada do princípio
da igualdade, o qual é cláusula pétrea (um valor suprapositivo). Assim, estar-se-ia perante
uma norma constitucional inconstitucional.
Veja-se a sistemática do artigo 45 da Carta de 1988:

3
Observação extraída de outra aula do professor João: polemiza-se acerca da instituição de um
poder constituinte originário objetivando a reforma de temas da constituição, como, por exemplo, tributação e
orçamento. Para a doutrina tradicional, tal manejo é inviável.

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CRFB, Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos,
pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º - O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo
Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à
população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que
nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta
Deputados.
§ 2º - Cada Território elegerá quatro Deputados.

Malgrado as razões aventadas, o Supremo Tribunal posicionou-se nos termos


adiante: [1] cláusulas pétreas são limites ao poder de reforma, e não valores suprapositivos
subordinadores do poder constituinte originário; [2] não há hierarquia entre normas
constitucionais, ainda que existam normas que apresentam mais densidade axiológica do
que as outras; [3] o STF é guardião da Constituição no que tange aos poderes constituídos.
Não é fiscal do poder constituinte.
Conclusão: o Pretório Excelso não admitiu a tese das normas constitucionais
inconstitucionais.

b. Limites Extrajurídicos
Desvelam-se em limites ideológicos, institucionais, humanísticos, exógenos.
 Ideológicos: imagine-se que, hoje, ano de 2014, fosse ser criada nova
Constituição. Seria viável a adoção do comunismo puro como modelo político/econômico
brasileiro? Juridicamente, sim. No entanto, essa linha de pensamento ideológico não teria
chances de ser encampada em nossa sociedade, haja vista suas características.
 Institucionais: imagine-se que, hoje, ano de 2014, fosse ser criada nova
Constituição. Seria viável a adoção de monarquia absolutista? Juridicamente, sim. No
entanto, esse regime de governo, dado o atual momento histórico, não seria aceitável.
 Exógenos: limites próprios das relações internacionais. Considere-se a criação
de nova Constituição com o rompimento de todos os tratados internacionais dos quais o
Brasil é signatário. Isso é impraticável.
 Humanísticos: trata-se das conquistas sobre a proteção humana obtidas pelo
povo. Exemplo: vedação à tortura como meio para obtenção de provas, informações, etc.
Observação: no âmbito dos limites ideológicos, poder-se-ia utilizar o termo limites
sociológicos/culturais, que decorrem da cultura dominante da sociedade em dado momento
histórico. O ponto curioso aqui reside na formação da cultura que o é a partir de diversos
elementos, dentre os quais o religioso. Isso significa que, em se admitindo que o poder

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constituinte originário sofre limites da cultura dominante, e tal formação cultural apresenta
influência religiosa, elementos de influxo religioso limitam o PCO. Exemplo: invocação da
proteção de Deus no preâmbulo da Constituição. Tal não se confunde com a laicidade do
Estado, que aponta para a necessidade de esse ente manter-se em posição equidistante de
todas as religiões celebradas pelos indivíduos.

2.1.2 Reformador
É o poder de alteração formal da Constituição. Ou seja, é a modificação do texto
constitucional. Manifesta-se por meio das emendas à Constituição e da revisão
constitucional.

2.1.2.1 Revisão constitucional


A revisão constitucional está prevista no artigo 3º, ADCT, sua aprovação demandou
quórum de maioria absoluta, em sessão unicameral, e sua realização só pôde ocorrer após 5
anos a promulgação da Constituição.
ADCT, Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso
Nacional, em sessão unicameral.

 Posição do STF sobre a revisão constitucional


[1] Sujeição às cláusulas pétreas;
[2] Desvinculação do resultado do plebiscito insculpido no artigo 2º, ADCT.
Segundo parcela da doutrina à época, o artigo 3º existia em função do artigo 2º. Força nisso,
tal parcela afirmava que caberia revisão constitucional se, e somente se, o plebiscito gerasse
alguma modificação na forma ou no sistema de governo. Produziram-se 6 (seis) emendas, de
numeração paralela às emendas constitucionais;
ADCT, Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito,
a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo
(parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País. (Vide emenda
Constitucional nº 2, de 1992)

[3] Realização única.

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2.1.2.2 Emendas à Constituição


Melhor maneira de entende-las é dissecar seus limites.

a. LIMITES PROCEDIMENTAIS
(i) Iniciativa restrita ao rol fechado
Se uma PEC for apresentada por outra pessoa ou entidade que não as previstas nesse
rol, estará viciada pela iniciativa, vício esse que não é convalidável. Logo, se essa PEC for
votada, aprovada e promulgada, transformando-se numa emenda, tal emenda será
inconstitucional quanto à forma.
CRFB, Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

Observação: não há previsão constitucional de iniciativa popular de PEC.

(ii) O quorum de aprovação é de 3/5, em dois turnos, em ambas as Casas.


CRFB, Art. 60, § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos [dois turnos na primeira, depois, dois turnos na segunda
casa], considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos
respectivos membros.

(iii) Aprovada a emenda, será promulgada pelas mesas4 da Câmara e do Senado.


CRFB, Art. 60, § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

Observação: a proposta da emenda à Constituição não passa pela sanção


presidencial.

4
Numa prova estaria errado dizer “Mesa do Congresso Nacional”, que é composta alternadamente
pelos membros das Mesas.

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(iv) Princípio da irrepetibilidade


CRFB, Art. 60, § 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa5.

No âmbito do processo legislativo, se a PEC foi rejeitada ou prejudicada, a matéria


dela constante só será objeto de deliberação na sessão legislativa seguinte.
Nota: “havida por prejudicada”: maculada por algum vício processual.

b. LIMITES CIRCUNSTANCIAIS
CRFB, Art. 60, § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção
federal, de estado de defesa ou de estado de sítio [situações de crise que levam a
medidas extremas].

 Indaga-se: seria possível debater uma PEC durante esse período e deixar sua
aprovação para o fim da situação de crise?
R. Pela literalidade do dispositivo, sim. Todavia, sob a ótica fornecida pelo
professor João Mendes, mais adequado seria realizar interpretação teleológica do citado
preceptivo. Uma vez que a finalidade é vedar a alteração constitucional em situações de
crise e, por conseguinte, a adoção de medidas precipitadas, por lógico, entende-se que o
Constituinte quis, de igual modo, proibir a discussão sobre a alteração da Carta nesse
período de crise. Caso se entendesse o contrário, todo o processo de discussão temática dar-
se-ia em uma situação de anormalidade, que não é o melhor momento para se tomar
decisões, e apenas a parte burocrática seria realizada a posteriori. Isso estaria em
dissonância com o pretendido pelo Constituinte. Contudo, em que pese a posição explanada,
insta esclarecer a existência de controvérsias sobre a questão.

c. LIMITES MATERIAIS
Também chamados de cláusulas pétreas, podem ser de dois tipos:

5
“A sessão legislativa é o período em que o Congresso Nacional se reúne anualmente, compreendido
entre os dias 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. Cada sessão legislativa é
composta de dois períodos legislativos, sendo um em cada semestre, que são intercalados pelos recessos
parlamentares. E, por fim, a legislatura é o período de quatro anos em que o Congresso Nacional executa as
suas atividades, compreendendo quatro sessões legislativas ordinárias ou oito períodos legislativos.” Disponível
em: http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20090130081347981. Consulta em: 19/03/2014.

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(i) Explícitos
CRFB, Art. 60, § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a
abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.

Por deliberação, entende-se o processo legislativo. Assim, o próprio processo


legislativo da PEC que tenha a intenção de violar cláusula pétrea pode ser objeto de controle
constitucional (preventivo; mandado de segurança impetrado por parlamentar).
A PEC tem o poder de ampliar o poder do rol de direitos individuais. A cláusula pétrea
não significa uma intangibilidade absoluta ou literal, pois seria permissível à PEC restringir os
direitos fundamentais (ou outras cláusulas pétreas do artigo 60, §4º), dês que isso não lhes
afete o núcleo essencial, entendido como o conjunto das características sem as quais o
princípio ou instituto deixa de existir.
Exemplo: repartição de competências, elemento fundamental do princípio federativo
(cláusula pétrea). A EC nº 69 transportou a competência para a mantença da Defensoria
Pública de Brasília da União para o Distrito Federal (cuja autonomia é parcialmente tutelada,
haja vista que alguns de seus entes são mantidos pela União). Em momento algum, contudo,
a União criou a Defensoria Pública do Distrito Federal (que não se deve confundir com a
Defensoria Pública da União). O governo do DF, então, criou uma procuradoria de assistência
judiciária que desempenhava as funções da defensoria pública. Assim, a EC nº69 regularizou
essa situação. Positivou que a União manteria as defensorias públicas dos territórios, ao
passo que a defensoria do DF seria mantida por este ente (regularizou uma situação que já
se apresentava na prática). Conquanto tenha havido alteração de uma cláusula pétrea, em
que se furtou a competência de um ente e alienou-se a outro, vez que seu “núcleo duro”
não sofreu abalos, é plenamente admitida a referida Emenda.
 Ampliação de cláusula pétrea por Emenda constitucional
Tema a ser abordado na próxima aula.

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