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CONTENCAO Muros de Berlim PDF
CONTENCAO Muros de Berlim PDF
Dimensionamento e Execução de
Cortinas do tipo Berlim
série Estruturas
arnaldo patrício
ricardo teixeira
1ª edição / 2006
Apresentação
Este texto resulta, genericamente, o repositório da Monografia do Eng.º Arnaldo Patrício, orientada
pelo Prof. Ricardo Teixeira.
Embora o texto tenha sido revisto, esta versão não é considerada definitiva, sendo de supor a
existência de erros e imprecisões. Conta-se não só com uma crítica atenta, como com todos os
contributos técnicos que possam ser endereçados. Ambos se aceitam e agradecem.
SUMÁRIO
O primeiro capítulo expõe vários tipos de paredes de contenção mais utilizados, com algumas
observações importantes para cada tipo, aprofundando mais os aspectos específicos relativos
aos muros Berlim.
No terceiro capítulo é exposto um caso prático, que foi acompanhado durante a realização do
Estágio curricular do autor. É demonstrada toda a envolvente relacionada com o faseamento
planeado em projecto, com a real execução deste, referindo-se vários condicionamentos
existentes, devidos aos mais variados factores. Toda esta descrição é ainda acompanhada de
uma reportagem fotográfica.
I
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
A - ÍNDICE
Introdução ........................................................................................................................1
II
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
II.2. Acções......................................................................................................................II- 2
II.3.3. Geometria..............................................................................................................II- 10
II.3.5. Acções...................................................................................................................II- 13
III
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Conclusão
Bibliografia
IV
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
B - ÍNDICE DE FIGURAS
Figura II. 2- Muro de suporte com estrutura flexível sem apoios intermédios .............II-5
Figura II. 3- Muro de suporte com estrutura flexível com apoios intermédios .............II-6
Figura II. 4– Modelo de cálculo para estrutura flexível com apoios intermédios .........II-6
Figura II. 5 – Esquema de uma cortina Berlim com perfis embebidos .........................II-9
V
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Figura III. 2- Contenção de terras provisórias com telas e betão projectado .............. III-2
Figura III. 4- Demolições para a preparação da 2ª Fase de execução da obra ............ III-5
Figura III. 5- Retirada de fios e tubagens e demolições das paredes interiores .......... III-6
Figura III. 6- Reforço do pórtico do portão antes da demolição total da laje.............. III-7
Figura III. 7- Estrutura metálica de suporte da fachada (lado exterior) ...................... III-8
Figura III. 8- Fixação da estrutura metálica de suporte da fachada (lado interior) ..... III-8
VI
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Figura III. 10- Perfuração de um dos furos para a colocação do perfil HEB120 ...... III-10
Figura III. 11- Colmatação e preparação do local para a execução da viga de coroamento
................................................................................................................................... III-11
Figura III. 12- Preparação dos locais para a execução da viga de coroamento antes do
abatimento da fundação ............................................................................................. III-12
Figura III. 13- Fissura da fachada após o abatimento da fundação ........................... III-12
Figura III. 15- Perfuração de um dos furos para a colocação dos cabos da ancoragem
................................................................................................................................... III-14
Figura III. 16- Selagem dos cabos da ancoragem após colocação ............................ III-14
Figura III. 17- Colocação dos cabos da ancoragem após injecção da calda.............. III-15
Figura III. 20- Armaduras de espera para o empalme com a armadura dos painéis
primários.................................................................................................................... III-18
Figura III. 21- Pormenor superior da cofragem para betonagem de um painel com
armaduras de espera................................................................................................... III-19
Figura III. 22- Equipamentos necessários à execução das ancoragens ..................... III-20
VII
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Figura III. 23- Demolição da rampa do lado este e a execução rampa do lado sul ... III-21
Figura III. 24- Escavação total até a cota inferior das sapatas do muro .................... III-22
Figura III. 25- Armaduras de espera para o empalme com a armadura do painel
secundário.................................................................................................................. III-23
Figura III. 26- Execução dos painéis primários e secundários do último nível de
ancoragem.................................................................................................................. III-24
Figura III. 27- Cabos do 2º nível de ancoragem prontos a levar o pré-esforço......... III-24
Figura III. 29- Fase final dos trabalhos de execução da parede tipo Berlim ............. III-25
VIII
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
C - SIMBOLOGIA
Maiúsculas latinas
Ka – impulso activo
L - comprimento da laje
Np - coeficiente adimensional
Minúsculas latinas
b - largura da sapata.
cu -.coesão aparente.
m - coeficiente redutor.
p -impulso equivalente.
q .- carga permanente.
IX
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Minúsculas gregas
σv - tensão vertical.
φe - diâmetro da estaca
y - profundidade .
X
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
DESENVOLVIMENTO
Estes tipos de estruturas de contenção de terras poderão ser constituídas por pedras, betão
simples ou armado, betão ciclópico, alvenarias de blocos de betão ou tijolos maciços e
também mistos.
Nos muros constituídos por betão simples ou armado deve-se ter fundamentalmente em
atenção a composição dos betões quanto a agressividade do terreno, da água, da atmosfera e
também satisfazer as especificações regulamentares. No seu fabrico, as cofragens, as
armaduras e a betonagem, deverão respeitar as regras gerais de qualidade e as condições
exigidas pelo projectista.
No caso dos aos muros em betão ciclópico, não é muito convencional a utilização de
armaduras devido as dimensões das pedras incorporadas na betonagem, que poderão não
assegurar a boa ligação entre o betão e as armaduras. É necessário ter muita atenção às
dimensões e ao volume máximo das pedras que serem incorporadas na betonagem, não
esquecendo também da composição do betão por forma garantir a boa aderência com as
pedras.
Os muros constituídos por alvenarias de blocos de betão ou tijolos maciços, devem assegurar
boas ligações internas em todas as direcções. Em ambos os materiais, as alvenarias do tipo
furado nunca deverão ser utilizadas devido a forte possibilidade de se deformarem ou partirem
mediante as pressões ou impulsos que estarão a actuar sobre eles.
I-1
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Para todos os tipos de muros, as sapatas devem garantir a adequada distribuição das tensões
no terreno e a estabilidade do muro, sendo que nos muros em alvenaria, só se poderá
assegurar estas condições quando as sapatas são em betão ou betão armado, quando o
dimensionamento o justificar. Também é conveniente a execução do coroamento da parte
superior do muro limitando deformações, conseguindo uma maior durabilidade e qualidade.
É de fundamental importância salientar que todos os tipos de muros com os diversos tipos de
materiais a serem ou não utilizados, são fortemente condicionados por questões económicas,
pelas características do terreno, localização, acessos, estruturas existentes e também pela
estrutura que virá a ser construída.
I.1.1. Em consola
Os muros de suporte de betão armado em consola são executados quando a altura do muro
permite obter deformações da sua extremidade superior compatíveis com as exigências de
projecto.
Uma verificação importante é a análise da ligação entre o tardoz do muro e a sapata, uma vez
que se trata de um ponto delicado sob o ponto de vista estrutural.
I-2
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Este tipo de solução, é adoptada quando se pretende uma estrutura de contenção definitiva
para alturas de terras pouco elevadas.
Ka.q Ka.γsolo.H
Este tipo de muro é, em geral, executado em betão não armado com agregado de grandes
dimensões. O seu funcionamento estrutural é garantido à custa do seu peso próprio que, por
um lado, garante o atrito entre a sua base e o terreno de fundação e, por outro lado, induz um
momento estabilizador de valor superior ao induzido pelos impulsos horizontais das terras.
Os muros de suporte de betão armado com ancoragens, são executados quando a altura da
escavação é muito significativa e o terreno induz pressões elevadas, ou se pretenda o muro
tenha deformações compatíveis com as exigências de projecto.
I-3
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Ka.q Ka.γsolo.H
F α
Ka.q Ka.γsolo.H
Também esta solução é adoptada quando se pretende uma contenção definitiva, respeitando as
condicionantes do local, nomeadamente a gestão do espaço subterrâneo onde se vão localizar
as ancoragens, devendo em alguns casos ter-se em linha de conta a drenagem das águas,
garantindo boa estanquidade.
I-4
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Este tipo de solução adoptada, além de ser definitiva, envolve custos mais elevados e maior
número de condicionamentos do que os muros ancorados, necessitando ter a área situada a
tardóz livre, para também ser possível realizar os movimentos de terras e a execução
ascendente do muro (enquanto os muros ancorados executa-se de forma descendente).
É de salientar, no entanto, que se trata de um tipo de contenção que possui como vantagem
não exigir de equipamentos especializados. Como tal este método é interessante para a
resolução de situações pontuais de contenção de terras. Contudo, terá sempre quer ser
equacionado o seu custo e viabilidade face a uma solução ancorada.
F = [σv.( tg Ø').2/3.L)]
I-5
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Trata-se de uma solução de contenção interessante quando o recurso a muros em consola não
é viável face ao valor elevado das deformações induzidas pela altura de escavação.
Este tipo de muro é armado em duas direcções contendo armaduras horizontais com o
objectivo de limitar as deformações diferenciais e diminuir a espessura necessária do muro.
O recurso a este tipo de estrutura justifica-se quando se pretende construir uma contenção
antes mesmo de se executar a escavação.
I-6
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Com este tipo de solução pretende-se ter uma contenção definitiva do terreno, respeitando as
condicionantes do local, as características dos materiais constituintes, e garantindo a correcta
execução dos processos construtivos.
Construção de muros guia em betão armado, que servirão como limite a ser
respeitados durante as fases seguintes;
I-7
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
FASE 1
FASE 2
FASE 3
Os muros de Berlim são estruturas de contenção de terras constituídas por perfis metálicos,
geralmente da série HE, cujo espaçamento é definido em função da altura, entre os quais se
colocam pranchas de madeira ou painéis de betão armado.
Este tipo de solução geralmente é usado quando se pretende uma contenção provisória de
rápida execução, podendo esta ser, ou não, reforçada com ancoragens de carácter provisório.
Quando executada com pranchas de madeira ou painéis de betão armado, a cortina não
necessita de cofragens e em contenções de carácter provisório, permite a recuperação dos
perfis quando a contenção deixa de ser necessária.
I-8
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Em situações em nas quais a contenção tenha carácter definitivo podem-se executar os paneis
de betão armado através da realização de betonagens “in situ” entre os perfis metálicos. Neste
caso o muro será uma parte integrante da estrutura que deverá garantir a contenção de terras e
águas, que em alguns casos deverá ser muito boa.
Equipamento de furação;
Compressor;
Máquina de soldar.
A) Elementos verticais
Geralmente, os elementos verticais são perfis metálicos em forma de “H” ou “I”, por vezes
utilizadas secções circulares, sendo estes últimos menos utilizados por não terem uma forma
que permita o apoio dos elementos horizontais, obrigando à fundição ou cravação de perfis
adicionais, como, por exemplo, perfis em forma de “T” de modo a permitir o apoio das
pranchas.
B) Elementos horizontais
I-9
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Os elementos horizontais, são constituídos por pranchas em madeira para contenções de curta
duração, usando-se também com carácter mais duradouro pranchas metálicas ou em betão
armado pré-fabricado (também conhecido como Paredes de Paris). Em alguns casos, também
são utilizados os perfis metálicos em forma de “H” ou “I” como elemento horizontal para uma
correcta amarração dos perfis verticais, mantendo a verticalidade e distância entre os perfis.
Por vezes introduzem-se calços entre as pranchas e os perfis de modo a melhorar o contacto
com o solo e reduzir os deslocamentos laterais.
Quanto aos elementos de fixação (cabeça das ancoragens ou placas de distribuição), estes
poderão ser de diversos tipos, porém tendo uma composição e resistência apropriadas às
forças e pressões que são aplicadas tanto em fase colocação como em fase posterior devendo
suportar as acções impostas pelo terreno, podendo ou não ser agravadas na fase de colocação.
As ancoragens, serão aplicadas no terreno por meio de cabos de aço, os quais deverão ser
apreciados os seguintes parâmetros:
Características de resistência;
Características de elasticidade;
Características de fluência;
Comportamento de relaxação.
Para a selagem das ancoragens no terreno, serão utilizadas caldas de cimento (a base de água
e cimento) apresentando características de viscosidade e rigidez suficiente baixas para que
possam ser injectadas, tendo como função:
I-10
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
A calda de cimento é injectada de forma contínua e sem interrupções na zona de selagem, até
que seja obtida a pressão de injecção adequada (quando o terreno já não aceita calda e/ou
quando a pressão atinge aproximadamente os 30 bar). O intervalo entre injecções, caso seja
necessário, deverá estar entre 12 e 24 horas.
O processo de execução pode ser resumido nas seguintes fases e como mostra a Figura I. 7:
I-11
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Uma vez garantida a estabilidade dos painéis primários, por intermédio das
ancoragens e escoras, pode-se proceder à remoção das banquetas deixando
toda a plataforma ao mesmo nível. Fica assim concluída a escavação do
primeiro nível de painéis;
I-12
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Na fase final de execução da contenção periférica há que realizar ou a sapata de fundação sob
a base das paredes de contenção Berlim, no caso de ser possível uma solução de fundação
superficial, ou o maciço de encabeçamento de estacas, no caso de fundação profunda.
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Co
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I-13
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
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b) Execução da 1ª ancoragem;
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I-14
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
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Co
d) 2ª Fase da ancoragem.
Figura I. 7 - Fases de execução do muro de Berlim
A solução consiste na cravação de uma linha de estacas com trado contínuo, cujo afastamento
entre faces pode oscilar entre zero (estacas tangentes) e o diâmetro das estacas (0).
Afastamentos maiores não são recomendáveis devido às limitações inerentes ao “efeito de
arco”.
Após a colocação das estacas, executa se uma lâmina de betão com Malhasol, podendo ainda
ser feita uma viga de coroamento para uma melhor solidarização e estabilização das estacas.
I-15
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
No caso de se utilizarem ancoragens intermédias, pode ainda ser necessário utilizar vigas
metálicas de repartição.
Betão
Øe <Øe
Viga de coroamento
das estacas
PAREDE MOLDADA
ou
MURO DE BERLIM
hencastramento
São muros constituídos por pedras ou por elementos pré-fabricados de betão que na face
frontal ficam à vista e na parte de trás é colocado betão simples, para permitir a ligação dos
elementos da parte frontal com o tardóz do muro.
I-16
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
As entivações são geralmente de madeira ou de metal, tendo como objectivo principal escorar
o terreno contra apoios fixos (geralmente estes apoios são as faces opostas do terreno
escavado), servindo como uma cofragem, quase sempre provisória.
Em alguns casos, estas entivações podem fazer parte de um processo construtivo de contenção
de terras, servindo como apoio ao andamento das operações de construção e garantido a
segurança, evitando acidentes com os trabalhadores, tais como soterramentos.
Este método muito antigo e ainda muito utilizado é de fácil execução e aplicações pouco
complicadas. Em alguns casos estas gaiolas que aprisionam o material pétreo de grande
dimensão são rectangulares e em outros cilíndricos. Estas são fabricadas por forma a garantir
um boa robustez, utilizando-se para isso arames de aço galvanizado ou revestidos com PVC
para assegurar a sua resistência, permeabilidade e durabilidade.
Em geral, este tipo de contenção é composta por um compósito na face externa que deverá
garantir a forma pretendida para a obra e também permanecer flexível para que as
deformações do maciço (nível de elementos de paramento, o aterro e a camada de armaduras
correspondente) não lhe provoquem esforços secundários.
O segundo material essencial são as armaduras tendidas, constituídas por bandas metálicas
colocadas horizontalmente que são suficientes para mobilizar os esforços de atrito
indispensáveis a estabilidade do conjunto.
I-17
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
II.1. Introdução
1. Pré-Dimensionamento
2. Quantificação de acções
3. Quantificação de esforços
4. Cálculo orgânico
II.2. Acções
I) Estruturas Rígidas
A quantificação de pressões de terras e o seu respectivo diagrama será feita a partir de teorias
de equilíbrio limite tais como a teoria de Coulomb e teoria de Rankine.
II-1
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Segundo a teoria de Rankine, e para um solo granular, o coeficiente de impulso activo, Ka,
induzido pelo solo no tardoz de um muro rígido é dado por
1 − sin φ
ka =
1 + sin φ
Ka.q Ka.γa.H
Este coeficiente de impulso pode ser calculado para quantificar os impulsos devidos à pressão
das terras, assim como, devidos à aplicação de sobrecargas à superfície do terreno (Figura II. 1).
Este coeficiente de impulso pode ser quantificado com base em teorias mais elaboradas, tal
como o método de Coulomb. Esta metodologia tem em linha de conta outros parâmetros, tais
como o ângulo de atrito entre o solo e o tardoz do muro.
A quantificação das pressões de terras sobre estruturas flexíveis reveste-se, à partida, de uma
complexidade acrescida devido ao elevado grau de hiperestaticidade do problema de
interacção entre a estrutura e o solo. Em geral as pressões das terras a considerar obtêm-se de
forma experimental a partir de envolventes baseadas em obras reais.
II-2
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Para o caso de areia, a distribuição equivalente para o cálculo da carga máxima possível no
apoio será:
Para o caso de argila, a distribuição equivalente para o cálculo da carga máxima possível no
apoio poderá variar conforme a rigidez da argila, em que N p = γ .H cu , poderá ser rija
p = 0,2.γ .H a p = 0,4.γ .H
⎛ ⎞
p = γ .H ⎜1 − 4.m ⎟
⎝ N p ⎠
II-3
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Nas estruturas flexíveis em consola (ou cantilever) a quantificação das pressões de terras pode
ser efectuada com base na teoria de Rankine ou Mohr-Coulomb.
Lembra-se, no entanto, que esta abordagem constitui uma aproximação, uma vez que se trata
de uma estrutura flexível e, como tal, sujeita ao designado efeito de arco.
Ka.q Ka.γa.H
Figura II. 2- Muro de suporte com estrutura flexível sem apoios intermédios
Este efeito reside no facto de, na realidade, existir uma redistribuição de pressão da zona mais
flexível da estrutura (longe da base da cortina) para a zona mais rígida (base da cortina)
(Figura II. 2).
II-4
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Nas estruturas flexíveis com apoios intermédios, materializados por ancoragens ou escoras, o
erro decorrente da utilização das teorias de Rankine ou de Coulomb, deixa de ser aceitável.
Diagrama real
Fa1
Fa2
Diagrama de
Rankine
Figura II. 3- Muro de suporte com estrutura flexível com apoios intermédios
Neste tipo de estrutura de suporte, a diferença entre os diagramas de pressão, baseados nas
teorias anteriormente referidas, e os que na realidade irão solicitar a estrutura é apreciável.
Esta diferença é particularmente notória na forma do diagrama de pressões (Figura II. 3).
Uma vez que a obtenção do diagrama real de pressões se reveste de grande complexidade, em
geral, opta-se pela adopção das envolventes de pressões desenvolvidas por Terzaghi e Peck.
Fa1
Fa2
K Winkler Ka.γ.h
Figura II. 4– Modelo de cálculo para estrutura flexível com apoios intermédios
II-5
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
σ hágua = γ água ⋅ y
A sobrepressão horizontal devida a uma sobrecarga à superfície pode ser quantificada, a partir
de:
II.3.1. Introdução
Para o cálculo dos esforços em estruturas de suporte podem ser utilizadas variadas
metodologias, desde a simples aplicação dos princípios fundamentais da estática até à
utilização de modelos numéricos baseados em técnicas de elementos finitos, passando pela
aplicação da teoria da resistência dos materiais.
II-6
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Assim sendo, de uma forma genérica, podemos dividir os modelos de cálculo de estruturas de
contenção flexíveis em dois tipos fundamentais: modelos unidimensionais e modelos
bidimensionais.
O primeiro deles, e talvez o mais comummente utilizado, consiste na análise de uma fatia da
parede, cuja largura seja representativa da zona em estudo, através da sua divisão em barras
cujas propriedades mecânicas sejam as homólogas que se obteriam reduzindo a referida fatia
ao seu centro de gravidade. A principal desvantagem desta estratégia reside no facto de só se
obter o comportamento da estrutura ao longo da sua direcção longitudinal.
A segunda via de análise, apesar de aparentemente mais complexa, consiste numa análise
bidimensional da estrutura. Neste modelo é possível obter as deformações e os esforços tanto
na direcção longitudinal (vertical) como na direcção transversal (horizontal).
Este modelo utilizado consiste na divisão da zona da parede em análise em várias sub-regiões,
formando desta maneira o que, no contexto da mecânica computacional, se designa de malha
de elementos finitos. Para a realização dos cálculos, mais adiante apresentados, foi utilizada a
plataforma de elementos finitos VIFEM [7].
Atente-se à cortina Berlim apresentada na figura II.5. Trata-se de uma cortina de betão
armado, reforçada com perfis metálicos HEB140, embebidos.
II.3.3. Geometria
Na figura II.6 ilustra-se a malha de elementos finitos de laje adoptada para a simulação do
módulo de parede representativo
Este módulo resulta da meia distância entre ancoragens. Esta simplificação assenta na
hipótese da parede possuir um grande desenvolvimento em planta.
II-7
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Perfil HEB
Betão
3.00
2.00
Ancoragem
3.00
3.50
Fundo da escavação
1.50
b,eq
II-8
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Materiais
Supondo que a parede é construída em betão da classe C20/25, reforçada por perfis metálicos
HEB140, da classe Fe360 (Figura II. 7), obtemos as propriedades, resumidas no quadro
seguinte:
1 1
⎛ 12.I x ( Perfil + Betão ) ⎞ 3 ⎛ 12 ⋅ (0.00001509 + 0.00004567 ⎞ 3
h eq = ⎜ ⎟ =⎜ ⎟ = 0.1733m
⎜ B ⎟ ⎝ 0.14 ⎠
⎝ Perfil HEB ⎠
II-9
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Assim, na zona correspondente à mediatriz entre duas ancoragens, foram imposta uma
restrição à rotação em torno do eixo vertical.
Quanto à interface com o solo foi considerado um apoio elástico contínuo correspondente à
rigidez garantida pelo solo, ou seja, um apoio de Winkler.
II.3.5. Acções
Considerou-se que existirá drenagem das águas acumuladas atrás do tardoz do muro. Assim, a
pressão actuante sobre a cortina resulta apenas da pressão de terras dada pela expressão de
Terzaghi para maciços do tipo arenoso.
II-10
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Optou-se por introduzir as acções equivalentes à forças das ancoragens através de uma força
concentrada cujo valor corresponde à força de esticamento da ancoragem (600kN).
II.3.6. Deformações
Pode-se observar a anulação das pressões nas zonas onde a cortina avança no sentido do
afastamento do solo.
II-11
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
II-12
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
II.3.8. Esforços
I) Flexão
II) Corte
II-13
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
II-14
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
III.1. Introdução
Foi previsto, em fase de projecto, que a obra deveria ser executada em duas fases (Figura III.
1), devido a dificuldade em transferir os moradores para outros locais. Esta necessidade
advinha do facto de ser necessário demolir todas as habitações antigas, armazéns e comércios
existentes, mantendo-se apenas as fachadas principais.
1ª FASE 2ª FASE
PLANTA DA COBERTURA
III-1
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
A fim de se conseguir um melhor andamento da obra, optou-se por dividir a segunda fase em
duas etapas (Figura III. 4). Na primeira parte conseguiu-se dar início às etapas de execução
conforme estavam definidas em fase de projecto (o restante do lado norte e metade do lado
este). A segunda parte teve início quando se conseguiu deslocar os moradores da parte
restante do lado sul, e os painéis primários e os secundários do primeiro nível de ancoragems
do lado norte e da metade do lado este já estavam concluídos.
Além destas condicionantes, o nível freático situava-se 1,5 m acima das fundações do edifício
a ser construído, exigindo maiores cuidados na execução dos últimos painéis primários e
secundários.
III-2
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Uma vez que a obra implicava a realização de escavações até cerca de oito metros de
profundidade, foi prevista, no projecto original, a execução de uma parede tipo “Berlim”,
reforçada com ancoragens provisórias.
III-3
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Neste capítulo será feita uma descrição do desenrolar dos trabalhos previstos,
realçando-se as diversas alterações relativamente aos projectos iniciais, resultantes dos
variados imprevistos ocorridos durante a fase de execução.
III-4
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Esta primeira fase (Figura III. 4), aparentemente simples, veio a revelar-se de maior
complexidade. Verificou-se a necessidade de realizar vários trabalhos preparatórios à
demolição, tais como:
III-5
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Remoção de portas, portões e reforço dos pórticos com perfis metálicos (Figura III. 6);
Demolição dos pilares, das vigas e lajes maciças. Tomando-se cuidado na demolição
das vigas e das lajes, realizando-se primeiramente o corte dos varões ligados à fachada
a fim evitar que durante a demolição destas, ocorre-se a queda de alguma parte das
fachadas (Oeste e Sul);
Fixação das estruturas metálicas de suporte da fachada principal do edifício sob vigas
de fundação. Estas possuíam grande dimensão de forma a resistir às significativas
acções do vento naquela zona (Figura III. 7 e Figura III. 8).
III-6
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
III-7
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Nesta fase existiu sempre a preocupação de retirar todos os entulhos resultantes das
demolições e proceder à preparação do local para execução das tarefas subsequentes, tais
como a recepção de materiais e de máquinas, assim como a marcação dos locais onde seriam
realizados os furos para a colocação dos perfis da cortina (Figura III. 9).
Revelou-se ainda necessário alterar os espaçamentos entre os perfis do lado norte, devido, por
um lado, à existência de pilares que ajudavam a estabilizar a parede do armazém e, por outro
lado, devido à difícil localização do último perfil da zona de transição entre o lado norte e o
lado este.
Estas alterações repercutiram-se na mudança dos espaçamentos entre perfis que passaram de
2.50 m de afastamento para valores compreendidos entre os 2.00m e 3.00m.
III-8
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Havia sido prevista no projecto inicial a utilização de perfis da classe HEB160 e HEB180. No
entanto, a empresa que realizou a subempreitada assumiu uma alteração (mediante o
reconhecimento do local e das condicionantes subjacentes) que consistiu na utilização de
perfis HEB120, que também já haviam sido utilizados na 1ª Fase de execução da obra.
A execução desta fase revestiu-se de especiais cuidados, principalmente nas zonas de fronteira
com a fundação do armazém do lado norte e ao longo de toda fundação da fachada do
edifício. Em algumas zonas foi mesmo necessário realizar o preenchimento ou colmatação do
III-9
Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
terreno e das fundações antes da colocação das armaduras da viga de coroamento (Figura III.
11).
Figura III. 10- Perfuração de um dos furos para a colocação do perfil HEB120
Ocorreu uma situação, durante a execução desta fase, que acarretou trabalhos e alterações no
projecto não previsto com alguma dimensão que, em parte, se deveu ao não cumprimento
total da ordem de escavação na execução da parede.
Aquando da realização do corte das pedras da fundação da parte restante da fachada Sul
(Figura III. 12), com o objectivo de permitir a colocação das armaduras da parede, deu-se um
abatimento parcial da fundação da parede da fachada e, consequentemente, o aparecimento de
uma fissura (Figura III. 13).
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Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Figura III. 11- Colmatação e preparação do local para a execução da viga de coroamento
Figura III. 12- Preparação dos locais para a execução da viga de coroamento antes do abatimento da fundação
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Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Perfuração;
Selagem;
Aplicação do pré-esforço.
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Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Figura III. 14- Local onde ocorreu o abatimento da fundação e preenchimentos efectuados
A perfuração para a colocação de ancoragens foi executada com o ângulo de 25º (Figura III.
15), tal como definido no projecto de execução.
Figura III. 15- Perfuração de um dos furos para a colocação dos cabos da ancoragem
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A colocação dos cabos que foi feita de duas maneiras distintas. A primeira dela corresponde à
colocação dos cabos antes da injecção da calda de cimento.
.
Figura III. 17- Colocação dos cabos da ancoragem após injecção da calda
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Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Esta última opção foi a mais utilizada por ser mais prática e garantir uma melhor injecção da
calda de cimento.
As aplicações dos pré-esforços foram feitas após sete dias a selagem dos cabos de ancoragem
por forma evitar a obrigatoriedade em realizar nova perfuração em caso de cedência do bolbo
de selagem (Figura III. 3).
Uma vez mais, tentou-se seguir as indicações do projecto, tendo sempre em atenção as águas
resultantes do nível freático. Foi necessário que a escavadora realizasse o trabalho com muita
cautela a fim de evitar a retirada de terras em excesso, podendo a terra no tardoz da parede
servir de cofragem. Em alguns casos, foi necessário escavar manualmente a fim de evitar a
retirada de terras em excesso que pudesse conduzir à ocorrência de pequenos deslizamentos.
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l
cia
a lni Viga de coroamento e
t
Co
1º Nível de ancoragem
1º Nível de painéis
sem ancoragem
2º Nível de ancoragem
2º Nível de painéis
sem ancoragem
ão
aç
av
ae
s c LEGENDA:
a ld
a ctu Painéis Primários
ta
Co
Painéis Secundários
Após a escavação da área correspondente e suficiente para a execução dos painéis primários
do segundo nível de ancoragem, seguiu-se a colocação das armaduras.
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Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Figura III. 20- Armaduras de espera para o empalme com a armadura dos painéis primários
Em geral, as terras existentes no tardoz da parede serviram como cofragem desta face, devido
à grande dificuldade existente em colocar uma cofragem nesta zona. Para a colocação do
betão, foi construída “in situ” uma cofragem rampeada na zona superior, por forma a permitir
a colocação e a vibração do betão eficazmente (Figura III. 21). Nesta mesma figura, podemos
ainda observar, as armaduras de espera deixadas para o posterior empalme com a laje de piso.
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Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Figura III. 21- Pormenor superior da cofragem para betonagem de um painel com armaduras de espera
Existiram situações, no entanto, em que houve necessidade de desviar as águas que surgiam
nas zonas de trabalhos e colocar cofragens perdidas para a betonagem da parede, por forma
evitar grandes perdas de betão.
A fim de evitar a penetração excessiva de betão no terreno, nas zonas onde este apresentava
pouco consistência ou grandes vazios optou-se por colmatar o terreno com entulhos. Com isto
conseguiu-se evitar falhas ou cedências do terreno, principalmente quando os trabalhos eram
executados na proximidade do nível freático.
Seguiu-se os mesmos passos da execução do 1º nível de ancoragem (5º passo), sendo que,
desta vez, os cabos foram colocados após a injecção de calda de cimento (selagem).
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Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Na verdade, a perfuração dos painéis primários e secundários para a colocação e selagem dos
cabos foram realizados em simultâneo. Já a execução dos pré-esforços, também foi efectuada
da mesma forma, após os sete dias da selagem dos cabos. Isto porque toda a estrutura deveria
trabalhar em conjunto, de forma evitar rupturas na estrutura.
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Dimensionamento e execução de paredes de contenção Berlim
Houve também a preocupação de definir a estratégia a adoptar para a remoção das terras nas
fases finais de escavação, devido a profundidade e à necessidade de se executar rampas para o
acesso dos camiões. Conforme o andamento dos trabalhos de ancoragem, as rampas eram
construídas e demolidas nos lados este e sul (após a demolição de uma parte da fachada Sul),
ou seja, as terras resultantes da demolição de uma rampa constituíram o material utilizado na
rampa seguinte.
Figura III. 23- Demolição da rampa do lado este e a execução rampa do lado sul
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painéis. Isto aconteceu principalmente no último nível de execução do muro, como mostra a
Figura III. 24, em se executou toda a escavação necessária para a execução dos últimos
painéis e da sapata de fundação do muro, sem a ocorrência de problemas.
Ainda na mesma figura pode-se observar que a execução do último nível do muro, foi
realizada a escavação do terreno referente as áreas dos painéis primários e dos painéis
secundários, de forma contínua, avançando a construção de uma ponta a outra.
Figura III. 24- Escavação total até a cota inferior das sapatas do muro
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Figura III. 25- Armaduras de espera para o empalme com a armadura do painel secundário
.
Figura III. 26- Execução dos painéis primários e secundários do último nível de ancoragem
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Figura III. 29- Fase final dos trabalhos de execução da parede tipo Berlim
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BIBLIOGRAFIA
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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).
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