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Agosto de 2010
Sumário
1 Funções Hiperbólicas 4
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Conceitos e Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 A Regra de Osborn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4 Outras Funções Hiperbólicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.5 A Interpretação Geométrica das Funções Hiperbólicas . . . . . . . . . . . . . . 8
1.6 Resolvendo Equações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.7 Funções Hiperbólicas Inversas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.7.1 A função arcsinh x . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.7.2 A função arccosh x . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.7.3 A função arctanh x . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.8 Funções Hiperbólicas e os Números Complexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.9 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4 Aplicações Adicionais 26
4.1 A Velocidade Terminal de um Pára-Quedas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4.2 Triângulos Obtusângulos Sobre a Hipérbole Equilátera . . . . . . . . . . . . . . 28
2
Prefácio
Devido ao tratamento restrito deste assunto em vários livros de Cálculo, achei necessário escre-
ver estas notas com o objetivo de suprir esta necessidade, além de apresentar algumas de suas
aplicações nas diversas áreas da Matemática.
Direitos Autorais
Atenciosamente,
Prof. Ms. Paulo Sérgio Costa Lino
3
Capítulo 1
Funções Hiperbólicas
1.1 Introdução
De acordo com Barnett, Johann Heinrich Lambert é responsável pelo primeiro tratado sobre as
funções trigonométricas em um documento apresentado a Academia de Ciências de Berlim em
1761, que rapidamente se tornou famoso. Em sua "Mémoire Sur Quelques Propriétés Remar-
quables Des Quantités Transcendantes Circulaires et Logarithmiques", 1 Lambert comparou
as funções transcendentes circulares sin u e cos u, com suas expressões análogas "Quantitiés
Transcendantes Logarithmiques", (eϕ + e−ϕ )/2 e (eϕ − e−ϕ )/2 funções as quais ele tratou ex-
plicitamente na sua forma funcional e como série de potência, mas não nomeou-as por cosseno
hiperbólico e seno hiperbólico respectivamente. Isso ocorreu mais tarde em sua "Observa-
tions Trigonométriques" de 1768 em que ele faz uma comparação dos quocientes das funções
trigonométricas e hiperbólicas:
sin ϕ sin hyp ϕ
e
cos ϕ cos hyp ϕ
Barnett continua, apesar da notação de Lambert para estas funções, diferente da nossa con-
venção atual, as funções hiperbólicas já tinha obtido seu importante papel na Matemática.
Denição 1.1 A função cosseno hiperbólico, denotada por cosh x é denida por
ex + e−x
cosh x = (1.1)
2
Denição 1.2 A função seno hiperbólico, denotada por sinh x é denida por
ex − e−x
sinh x = (1.2)
2
1
Este artigo tornou-se famoso não por causa das funções hiperbólicas, mas devido a uma prova explícita
que π é irracional.
4
Funções Hiperbólicas com Aplicações Prof. Ms. Paulo Sérgio C. Lino
Observação 1.1 Segue direto das denições acima que cosh 0 = 1, sinh 0 = 0, cosh x é
uma função par e que sinh x é uma função ímpar. Isto sugere que elas possuem propriedades
semelhantes as funções trigonométricas cos x e sin x, mas estas funções carecem da propriedade
de periodicidade.
Proposição 1.1
i) cosh2 x − sinh2 x = 1;
5
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Proposição 1.2
Observação 1.2 Um outro modo de provar os ítens ii) e iii) da Prop. (1.1) é fazendo x = y
na Prop. 1.2.
Você deve ter notado que as expressões da Prop. (1.2) são semelhantes as identidades
trigonométricas para o cosseno e o seno da soma. De fato, podemos transformar as fór-
mulas trigonométricas nas fórmulas para as funções hiperbólicas através da regra de Osborn, o
qual arma que o cos pode ser convertido em cosh e o sin em sinh, exceto quando existir um
produto de dois senos, o qual devemos efetuar uma mudança de sinal.
Resolução:
1. cos(x + y) = cos x cos y − sin x sin y ⇒ cosh(x + y) = cosh x cosh y + sinh x sinh y
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Denição 1.3
sinh x ex − e−x
1. tanh x = = x
cosh x e + e−x
cosh x ex + e−x
2. coth x = = x para x ̸= 0
sinh x e − e−x
1 2
3. sech x= = x
cosh x e + e−x
1 2
4. csch x= = x para x ̸= 0
sinh x e − e−x
Observação 1.3 Segue imediatamente desta denição que:
1. 1 − tanh2 x = sech 2 x
2. coth2 x − 1 = csch 2 x
A vericação destes fatos é deixada como exercício. O gráco destas funções são exibidos
abaixo:
7
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2. OB = cosh x
3. AD = tanh x
8
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Analisando a gura acima, vemos que a área do setor SCAB é dada por
∫ 1+AB √
SCAB = u2 − 1du
1
[ ]1+AB
1 √ 2 √
= u u − 1 − ln( u2 − 1 + u) (1.8)
2
[ 1
]
1 √ √
= (1 + AB) (1 + AB) − 1 − ln[ (1 + AB) − 1 + 1 + AB]
2 2
2
Substituindo (1.7) em (1.8), temos:
√ √
2SCAB = BC 1 + (BC)2 − ln(BC + 1 + (BC)2 ) (1.9)
Mas,
√
2S△BOC = OB · BC = BC (BC)2 + 1 (1.10)
9
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Resolução: Como sinh x relaciona-se com a função sin x, construímos um triângulo retângulo
de catetos 3 e 4, conforme a gura abaixo.
Para achar x, encontramos primeiro cosh x, que pelo diagrama acima relaciona-se com a
sec x. Pelo triângulo retângulo, sec x = 5/4. Assim, cosh x = 5/4, donde segue que de (1.3)
que
3 5
ex = cosh x + sinh x = + =2 ⇒ x = ln 2
4 4
Observação 1.4 Outro modo de resolver a equação sinh x = 3/4 é usar a denição da função
seno hiperbólico e resolver uma equação quadrática na variável ex .
10
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onde u = e2x . Aplicando a fórmula de Bháskara, segue que u1 = 4/3 e u2 = −1/2. Pela
denição de u, a segunda solução u2 deve ser desprezada. Assim,
4 4 1 4
e2x = u1 ⇒ e2x = ⇒ 2x = ln ⇒ x= ln
3 3 2 3
Outras funções importantes são as inversas das funções hiperbólicas. Para que uma função
admita inversa, ela deve ser bijetora. Nesta seção veremos as funções inversas das funções
seno, cosseno e tangente hiperbólica.
Analisando o gráco da função sinh : R → R, vemos que ela é bijetora e portanto, admite uma
função inversa que será denotada por sinh−1 ou arcsinh , isto é,
arcsinh : R −→ R
x 7−→ y = arcsinh x
Os grácos das funções y = sinh x e sua inversa y = arcsinh x estão na gura abaixo.
É possível achar uma representação em função do logaritmo neperiano para a função y =
arcsinh x do seguinte modo:
ey + e−y e2y − 1
y = arcsinh x ⇒ sinh y = x ⇒x= = ⇒
√ 2 2ey
2x ± 4x2 + 4 √
e2y − 2xey − 1 = 0 ⇒ ey = = x ± x2 + 1
2
11
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A função f (x) = cosh x não bijetora em todo seu domínio. Restringindo D(f ) = R+ , ela
torna-se bijetora com imagem dada pelo conjunto Im(f ) = {y ∈ R : y ≥ 1}. Assim, denimos
sua função inversa por
arccosh : {x ∈ R : x ≥ 1} −→ R+
x 7−→ y = arcsinh x
Esta função também é denotada por y = cosh−1 x. Os grácos das funções y = cosh x e sua
inversa y = arccosh x são dadas na gura abaixo.
Fica como exercício mostrar que esta função em termos de logaritmo neperiano esta função
é dada por √
arccosh x = ln(x + x2 − 1) para x ≥ 1 (1.13)
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Sendo
tanh : R −→ (−1, 1)
sinh x
x 7−→ y = tanh x =
cosh x
uma fuñção bijetora sobre esses conjuntos, então denimos a sua função inversa y = arctanh x
ou y = tanh−1 x por
arctanh : (−1, 1) −→ R
x 7−→ y = arctanh x
Sendo x ∈ (−1, 1), podemos efetuar a divisão na expressão anterior para obter:
( ) ( )
1+x 1+x 1 1+x
2y
e = ⇒ 2y = ln ⇒ arctanh x = ln (1.14)
1−x 1−x 2 1−x
Observação 1.5 As funções arcsech x, arccsch x e arccoth x são denidas de maneira análoga.
Resolução: De fato,
1 1 1
y = arcsech x ⇒ x = sech y = ⇒ cosh y = ⇒ y = arccosh
cosh y x x
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arcsinh x + arccosh (x + 2) = 0
Assim,
sinh u −x x2 x2
tanh u = = tanh2 u = 1 − sech 2
x = ⇒
cosh u x+2 (x + 2)2 (x + 2)2
x 2 4(x + 1) (x + 2)2
sech 2 x = 1 − = ⇒ (x + 2)2
= cosh 2
u = ⇒
(x + 2)2 (x + 2)2 4(x + 1)
3
4(x + 1) = 1 ⇒ x = −
4
Observação 1.6 Este problema também pode ser resolvido usando adequadamente um triân-
√ √
gulo retângulo de hipotenusa x + 2 e catetos −x e (x + 2)2 − x2 = 2 x + 1.
Sabemos que
sinh(x ± y) = sinh x cosh y ± sinh y cosh x (1.16)
Logo, √ √
x ± y = arcsinh u ± arcsinh v = arcsinh (u 1 + v2 ± v 1 + u2 )
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Pela relação de Euler, sabemos que eix = cos x + i sin x, donde segue que
Portanto, as funções hiperbólicas são periódicas com período 2π se os argumentos são com-
plexos. Além disso, podemos também obter as identidades das funções hiperbólicas a partir
das identidades trigonométricas, usando argumentos complexos.
Exemplo 1.7 Usando a identidade cos2 x + sin2 x = 1, mostre que cosh2 x − sinh2 x = 1.
Exemplo 1.8 A função complexa f (z) = u + iv = cos z pode ser escrita como
eiz + e−iz
cos z =
2
Determine as partes real u(x, y) e imaginária v(x, y) desta função em termos das funções
hiperbólicas e trigonométricas.
15
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2. Mostre que
4. Mostre que
1
(a) sinh x = √ ;
coth2 x − 1
sinh x
(b) tanh x = √ ;
sinh2 x + 1
cosh x
(c) coth x = √ ;
cosh2 x − 1
1
(d) cosh x = √ .
1 − tanh2 x
5. Mostre que
7. Prove que
(a)
x cosh x − 1 sinh x
tanh = = ;
2 sinh x cosh x + 1
(b)
x sinh x cosh x + 1
coth = = .
2 cosh x − 1 sinh x
8. Use as regras de Osborn e transforme as expressões abaixo:
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(a) cosh x;
(b) tanh x;
(c) sech x;
(d) coth x;
(e) csch x.
A cosh x + B sinh x = 1
15. Sejam a, b e c reais positivos. Mostre que para a > b, a cosh x + b sinh x pode ser escrita
na forma R cosh(x + α). Desta forma, determine as condições adicionais para o qual a
equação
a cosh x + b sinh x = c
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eiz − e−iz
sin z =
2i
18
Capítulo 2
3. lim sech x = 0;
x→±∞
4. lim csch x = 0.
x→±∞
sinh x ex − e−x
lim tanh x = lim = lim x
x→+∞ x→+∞ cosh x x→+∞ e + e−x
e −1
2x 1 − 1/e2x
= lim 2x = lim =1
x→+∞ e + 1 x→+∞ 1 + 1/e2x
Em muitas aplicações surgem essas funções e o primeiro passo é compreender suas derivadas.
Proposição 2.2
d
i) (sinh x) = cosh x;
dx
d
ii) (cosh x) = sinh x.
dx
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Demonstração:
( )
d d ex − e−x ex + e−x
i) (sinh x) = = = cosh x;
dx dx 2 2
Proposição 2.3
d
1. (tanh x) = sech 2 x;
dx
d
2. (sech x) = −sech x tanh x;
dx
d
3. (csch x) = −csch x coth x;
dx
d
4. (coth x) = −csch 2 x.
dx
Demonstração: Vejamos o item i).
d sinh x cosh x cosh x − sinh x sinh x 1
(tanh x) = = 2 = = sech 2 x
dx cosh x cosh x cosh2 x
É claro que em determinadas situações, será necessário usar a regra da cadeia. Vejamos o
exemplo abaixo.
Resolução:
2. Usando a regra da cadeia e a regra para derivar o produto de duas funções, temos:
A derivada das funções hiperbólicas inversas são facilmente calculadas através da regra de
derivação de funções inversas ou usando suas expressões logarítmicas. Vejamos na Proposição
abaixo.
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d 1
1. (arcsinh x) = √ ;
dx 2
x +1
d 1
2. (arccosh x) = √ ;
dx x2 − 1
d 1
3. (arctanh x) = ;
dx 1 − x2
1. (a) Use o fato que ex e e−x são positivos e prove que −e−x /2 < sinh x < ex /2;
(b) Mostre que ( )
e−x
lim sinh x + =0
x→−∞ 2
(c) Mostre que ( )
ex
lim sinh x − =0
x→+∞ 2
d2 y
− 4y = 0
dx2
21
Capítulo 3
Pitágoras, na antiga Grécia foi o primeiro a estudar o comportamento de uma corda ten-
sionada. A ele é creditado a descoberta do intervalo de uma oitava como sendo referente a
uma relação de frequência de 2 : 1, uma quinta em 3 : 2, uma quarta em 4 : 3, e um tom
em 9 : 8. Os seguidores de Pitágoras aplicaram estas razões ao comprimento de os de corda
em um instrumento chamado cânon, ou monocorda, e, portanto, foram capazes de determinar
matematicamente a entonação de todo um sistema musical.
Leonardo da Vinci (1452 − 1519), entre tantos problemas da Mecânica estudado por ele,
dedicou ao problema do equilíbrio dos cabos e cordas. Seus trabalhos foram somente publicados
postumamente, e embora suas anotações fossem conhecidas já de há muito tempo, boa parte de
seus escritos não foram transcitos senão no século passado. De qualquer forma, é nos escritos
22
Funções Hiperbólicas com Aplicações Prof. Ms. Paulo Sérgio C. Lino
de Leonardo que aparece pela primeira vez o ideia do paralelogramo de forças, redescoberto
mais tarde por Simon de Bugres em 1586.
Em 1615, Beeckman mostrou que a forma de uma corda inextensível sob carregamento ver-
tical uniformemente distrbuído é uma parábola. O cientista italiano Galileu Galilei (1564−1642)
motivado pelo sucesso que foi a aplicabilidade de cônicas ao mundo natural, nomeadamente
à forma da trajetória de um projétil, por ele próprio deduzida, e de um planeta em rotação
à volta do Sol, fruto dos trabalhos de Kepler, estava plenamente convencido que a forma da
corda dependurada representa um cabo suspenso (problema da catenária) era uma parábola.
De fato, o que Galileu resolveu foi o problema da ponte pênsil; a forma de um cabo sem peso
suportando uma carga uniformemente distribuida horizontalmente.
Em 1690, Jacob Bernoulli chamou a atenção sobre este problema, e um ano depois ele era
resolvido por Leibniz, Huyghens e Johann Bernoulli, irmão de James. Foi Leibniz que deu o
nome de catenária (do latim catena que quer dizer corrente).
3.2 A Catenária
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iii) ρgs: peso do pedaço OP da corda cujo comprimento é s, agindo verticalmente para
baixo, sendo ρ a densidade do cabo e g a aceleração da gravidade.
Como o sistema está em equilíbrio, então a somatória das forças neste sistema é nula.
Assim, devemos ter
H = T cos θ (3.1)
e
ρgs = T sin θ (3.2)
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Exemplo 3.1 Uma linha de telefone é pendurada entre dois postes separados a 14 m na forma
da catenária y = −15 + 20 cosh(x/20), onde x e y são medidos em metros.
Exemplo 3.2 Prendeu-se uma corda de 8 metros, pelas suas extremidades, ao topo de dois
postes cuja altura é 5 metros. O ponto mais baixo da corda encontra-se a 1 metro do chão. A
que distância se encontram os dois postes?
25
Capítulo 4
Aplicações Adicionais
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linha vertical, de modo que podemos adotar o eixo y como um eixo vertical de referência,
adotando o sentido de cima-para baixo como sendo positivo. Assim, pela 2a Lei de Newton,
segue que
P⃗ + R
⃗ = m⃗a ⇒ mg − kv 2 = ma
dv
Sendo a = , então
dt
dv k
+ v2 − g = 0 (4.1)
dt m
Se a velocidade inicial do pára-quedas é dada por y ′ (0) = v(0) = v0 , teremos um problema
de valor inicial. Para determinar a velocidade terminal, basta fazer dv/dt = 0 na equação acima,
pois neste estágio há um equilíbrio entre a força da gravidade e a força resistiva. Indicando por
v̄ essa velocidade, segue que
√
k mg
0 + v2 − g = 0 ⇒ v̄ = (4.2)
m k
Mas será que esse argumento do equilíbrio das forças está correto? Claro que sim, e para
vericar essa hipótese, iremos calcular v̄ de outro modo, ou seja, resolveremos o problema de
valor inicial acima por integração e mostraremos que
e
d
(tanh θ) = sech2 θ (4.6)
dθ
Fazendo √ √
k mg
v = tanh θ ⇒ dv = sech2 θdθ (4.7)
mg k
usando a expressão (4.6). Substituindo (4.7) na expressão (4.4), temos
√
mg
∫ sech2 θdθ √ ∫
1 k m
t= = dθ
g 1 − tanh θ
2 gk
pela expressão (4.5). Logo,
√ (√ )
m k
t= arctanh v +C (4.8)
gk mg
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o que mostra realmente que a velocidade instantânea atinge um limite. Em termos práticos, a
velocidade terminal é atingida poucos segundos após a abertura do pára-quedas.
Sejam P (x1 , y1 ), Q(x2 , y2 ) e R(x3 , y3 ) três pontos sobre um mesmo ramo da hipérbole equi-
látera x2 − y 2 = a2 , sendo a > 0. Mostraremos que o triângulo P QR é obtusângulo. Sem
perda de generalidade, suponhamos que estes pontos estão sobre o ramo direito da hipérbole
conforme a gura abaixo.
Observe que a hiperbóle x2 − y 2 = a2 pode ser parametrizada através das funções seno e
cosseno hiperbólico, isto é, ⃗r(t) = (a cosh t, a sinh t). Como os pontos estão sobre o ramo dire-
ito da hipérbole, então t ≥ 0. Desta parametrização, podemos escrever P (a cosh t1 , a sinh t1 ),
Q(a cosh t2 , a sinh t2 ) e R(a cosh t3 , a sinh t3 ). Como os pontos são distintos, podemos supor
que os pontos P e Q estejam no 1◦ quadrante e que o ponto R(x3 , y3 ) no 4◦ quadrante.
−−→ −−→
Considere os vetores QP e QR dados por
−−→
QP = P − Q = a(cosh t1 − cosh t2 , sinh t1 − sinh t2 )
28
Funções Hiperbólicas com Aplicações Prof. Ms. Paulo Sérgio C. Lino
e
−−→
QR = R − Q = a(cosh t3 − cosh t2 , sinh t3 − sinh t2 )
Usando o produto escalar, temos
−−→ −−→
QP · QR = a2 [(cosh t1 − cosh t2 )(cosh t3 − cosh t2 ) + (sinh t1 − sinh t2 )(sinh t3 − sinh t2 )]
(4.11)
Por outro lado, sabemos que
( ) ( )
A+B A−B
cosh A − cosh B = 2 sinh sinh (4.12)
2 2
e que ( ) ( )
A+B A−B
sinh A − sinh B = 2 cosh sinh (4.13)
2 2
Substituindo as expressões (4.12) e (4.13) em (4.11), segue que
( ) ( ) ( ) ( )
−−→ −−→ t1 + t2 t2 + t3 t1 − t2 t3 − t2
QP · QR = 4a sinh
2
sinh sinh sinh
2 2 2 2
( ) ( ) ( ) ( )
2 t1 + t2 t2 + t3 t1 − t2 t3 − t2
+ 4a cosh cosh sinh sinh
2 2 2 2
( ) ( )[ ( ) ( )
2 t1 − t2 t3 − t2 t1 + t2 t2 + t3
= 4a sinh sinh sinh sinh + (4.14)
2 2 2 2
( ) ( )]
t1 + t2 t2 + t3
cosh cosh
2 2
( ) ( ) ( )
2 t 1 − t 2 t3 − t2 t1 + t3
= 4a sinh sinh cosh t2 +
2 2 2
Sendo y3 < 0 ⇒ a sinh t3 < 0 ⇒ t3 < 0, pois a > 0. Sendo Q ∈ 1◦ quadrante, então
y2 > 0 ⇒ a sinh t2 > 0 ⇒ t2 > 0. Assim, t3 − t2 < 0 ⇒ sinh[(t3 − t2 )/2] < 0.
Analogamente, sinh[(t1 − t2 )/2] > 0, de modo que a expressão (4.14) é negativa, ou seja,
−−→ −−→
QP · QR < 0 ⇒ θ > 90◦
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−−→ −−→
onde θ é o ângulo entre os vetores QP e QR.
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Hall da Fama
Procure identicar o maior número de matemáticos na gura abaixo.
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Referências Bibliográcas
[1] Raughy Michael. The Catenary and Hiperbolic Functions. 2009.
[3] Anton, H. Cálculo Um Novo Horizonte. 6a ed. Vol. 1. Porto Alegre, 2000.
[4] Oliveira Pauletti, Ruy Marcelo. Sobre Cabos e Cordas, USP. São Paulo.
[5] Figueiredo, Djairo Guedes de, Neves, Aloisio Freiria. Equações Diferenciais Aplicadas. Rio
de Janeiro, 1997.
[6] Bassanezi, Rodney Carlos e Ferreira Jr., Wilson Castro. Equações Diferenciais com Apli-
cações. Ed. Harbra, São Paulo, 1988.
32