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Abordagem fisioterapêutica da hiperatividade


detrusora na Esclerose Múltipla: revisão de literatura
Physical therapeutic approach on detrusor overactivity in Multiple Sclerosis: literature review

Josiane Lopes1, Damacio Ramón Kaimen-Maciel2

RESUMO ABSTRACT
Introdução. A hiperatividade detrusora neurogênica (HD) é a dis- Introduction. The neurogenic detrusor overactivity (DO) is an usual
função vesical mais comum em indivíduos com esclerose múltipla bladder disorder in subjects with multiple Sclerosis (MS) showing uri-
(EM) sendo acompanhada do sintoma de urge-incontinência (UrI) nary incontinence, Urge (Ur) in 83% of cases. The standard treatment
em 83% dos casos. O tratamento padrão é o farmacológico, que apre- is pharmacological with well established evidence, contrary physio-
senta evidência bem estabelecida, ao contrário do tratamento fisiote- therapy. Objective. to discuss the physiotherapeutic procedures in
rapêutico. Objetivo. Discutir os procedimentos fisioterapêuticos na DO due to MS. Method. A review was conducted by searching the
HD decorrente da EM. Método. Foi realizada uma revisão através databases Cochrane Library, Ibecs, Lilacs, Medline, PEDro, and Sci-
de pesquisa nas bases de dados Cochrane Library, Ibecs Lilacs, Me- elo using the keywords: acupuncture, neurogenic bladder, biofeed-
dline, PEDro e Scielo utilizando os descritores: acupuntura, bexiga back, bladder dysfunction, electroacupuncture, electro-stimulation,
neurogênica, biofeedback, disfunção vesical, eletroacupuntura, eletro- multiple sclerosis, physical exercises, Kegel exercises, physiotherapy,
estimulação, esclerose múltipla, exercícios físicos, exercícios de Kegel, detrusor overactivity, urinary incontinence, pelvic floor rehabilitation,
fisioterapia, hiperatividade detrusora, incontinência urinária, reabili- behavioral therapy and physical training, and urge incontinence. Re-
tação do assoalho pélvico, terapia comportamental e treinamento fí- sults. There were found 26 articles and selected 10 with procedures
sico, urge-incontinência. Resultados. Foram encontrados 26 artigos indicated due to a statistical correlation with improvement of symp-
e selecionados 10 com procedimentos indicados devido a correlação toms of DO and Ur (p ≤ 0.05). Among the articles, 6 demonstrated
estatística com a melhora do quadro de HD e UrI (p ≤ 0,05). Dentre the application as unique way: myofascial therapy, Kegel exercises and
os artigos, 6 evidenciaram a aplicação da forma isolada da terapia mio- electrical stimulation. The remaining combined Kegel exercises, elec-
fascial, exercícios de Kegel e eletroestimulação. O restante combinou trical stimulation, electromyographic biofeedback, and orientations.
exercícios de Kegel, eletroestimulação, biofeedback eletromiográfico e Conclusion. None of physiotherapeutic procedures was seen as es-
orientações. Conclusão. Nenhum procedimento fisioterapêutico foi sential in the management of DO/ Ur in subjects with MS and it was
evidenciado como essencial no manejo da HD/ UrI em indivíduos observed that the combined approach procedures showed the levels of
com EM, sendo observada que a abordagem combinada dos proce- best evidence in this disorder.
dimentos apresentou os níveis de melhor evidência nesta disfunção.

Unitermos. Esclerose Múltipla, Detrusor Hiperativo, Fisioterapia, Keywords. Multiple sclerosis, Urinary Bladder Overactivity, Physical
Incontinência Urinária de Urgência. Therapy, Urinary Incontinence, Urge.

Citação. Lopes J, Kaimen-Maciel DR. Abordagem fisioterapêutica da Citation. Lopes J, Kaimen-Maciel DR. Physical therapeutic approach
hiperatividade detrusora na Esclerose Múltipla: revisão de literatura. on detrusor overactivity in Multiple Sclerosis: literature review.

Endereço para correspondência:


Josiane Lopes
Av. Inglaterra, 155
CEP 86046-000, Londrina-PR, Brasil.
E-mail: josianelopes@yahoo.com.br
Trabalho realizado na Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londri-
na-PR, Brasil.
1. Fisioterapeuta, Mestre em Medicina e Ciências da Saúde (UEL), Doutoran- Revisão
da em Ciências da Saúde (UEL), Londrina-PR, Brasil. Recebido em: 15/03/11
2. Neurologista, Pós-doutor em Neurologia, Professor associado do departa- Aceito em: 02/07/11
mento de clínica médica da UEL, Londrina-PR, Brasil. Conflito de interesses: não

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INTRODUÇÃO que este sintoma está diretamente ligado à evolução da


A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença desmie- EM12,13. Os portadores também podem sofrer de sinto-
linizante, inflamatória, degenerativa e crônica da substân- mas debilitantes do trato urinário, como frequentes in-
cia branca do sistema nervoso central de etiologia idio- fecções do trato urinário, danos ao trato urinário superior
pática que acomete principalmente adultos jovens sendo e quadros de hidronefrose, sendo mais encontradas nos
mais prevalente no sexo feminino e entre brancos de ori- quadros de dissinergia vésico-esfincteriana14.
gem norte-européia1,2. Apresenta evolução progressiva e As disfunções vesicais causam repercussão física,
imprevisível com manifestações multiformes de déficits psíquica e social com impacto negativo na qualidade de
funcionais que podem decorrer da lesão a qualquer parte vida dos portadores de EM devido principalmente pelo
do neuroeixo1. Dentre estes déficits, as alterações miccio- sofrimento por privação social14. Há relatos de que as
nais resultantes das disfunções vésico-esfincterianas estão disfunções miccionais na EM constituem o terceiro fator
presentes em até 80% dos casos podendo ser sintoma mais importante de limitação produtiva, perdendo ape-
inaugural em 10 a 35% dos indivíduos com EM3. nas para a presença de espasticidade e fadiga15.
As disfunções vésico-esfincterianas associadas à A frequência e repercussão da HD na EM revela
EM variam amplamente. Podem apresentar-se num es- a necessidade de conhecimentos sobre as formas de ma-
pectro desde hipocontratilidade detrusora e retenção nejo e tratamento. O tratamento deve ser guiado para
urinária até hiperatividade do músculo detrusor (HD) e promover o esvaziamento vesical completo, preservar o
dissinergia vésico-esfincteriana4. Dados clínicos demons- bom funcionamento renal, evitar complicações do tracto
tram que 96% dos pacientes com EM apresentam anor- urinário inferior e permitir um esvaziamento funcional.
malidades no músculo detrusor com predomínio da con- As principais modalidades terapêuticas são o tratamen-
dição de HD e no funcionamento esfincteriano, ambos to farmacológico e as terapias conservadoras, dentre elas
relacionados à desmielinização do trato córtico-espinhal a fisioterapia. Como última alternativa, surge a aborda-
e/ou retículo-espinhal5. gem cirúrgica16. Medidas farmacológicas como o uso
Na EM, a bexiga hiperativa é o tipo mais comum. de anticolinérgicos, toxina botulínica ou o emprego da
Segundo a Sociedade Internacional de Continência, este neuromodulação apresentam eficácia bem estabelecida
tipo pode ser classificado em hiperatividade detrusora em manter baixa as pressões de armazenamento e esva-
neurogênica (HD), quando a causa é neurológica6. Nes- ziamento devido ao relaxamento do detrusor14,17. Já em
ta condição o enchimento vesical desencadeia contrações situações em que a HD vem acompanhada da incompe-
não inibidas, que passam a ser interpretadas como urgên- tência esfincteriana demonstrada pela UrI, o tratamento
cia miccional, tornando a capacidade vesical reduzida7. fisioterapêutico pode ser indicado18.
Os sintomas da bexiga hiperativa são variados e em 90% Os procedimentos fisioterapêuticos integram o
dos casos associam-se à HD8. Esta síndrome possui um grupo de recursos conservadores da abordagem da terapia
diagnóstico clínico caracterizado por urgência miccional comportamental que auxiliam no manejo da HD e seu
com urge-incontinência (UrI), usualmente acompanhada quadro clínico, contribuindo para a reeducação vesical e
de noctúria e de aumento da frequência urinária9. Asso- do assoalho pélvico18. Entretanto, são pouco relatados os
ciada à EM, os indivíduos relatam sintomas urinários ir- níveis de evidência quanto aos benefícios terapêuticos e
ritativos, incontinência urinária (IU), urgência e frequên- diretrizes da utilização da fisioterapia no tratamento da
cia, sendo a queixa de UrI a mais relatada acometendo HD na EM19.
83% dos casos10. Assim, o objetivo desta revisão foi discutir os estu-
Considerando a evolução da EM, é observada com dos sobre a abordagem fisioterapêutica na HD associada à
maior frequência a presença desses sintomas urinários em EM identificando as técnicas e recursos fisioterapêuticos
casos com mais de quatro anos de diagnóstico11. Estu- segundo a evidência estatística dos procedimentos na me-
dos relatam que 75% a 90% dos pacientes com EM vão lhora sintomática dos quadros de HD e seu sintoma mais
apresentar UrI em algum período da doença, sugerindo frequente, a UrI.
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MÉTODO prática fisioterapêutica para o manejo da HD em indiví-
O estudo propôs uma revisão bibliográfica sobre duos com EM. Dentre os estudos, 6 apresentaram apli-
procedimentos fisioterapêuticos na HD e seu sintoma cação isolada das técnicas fisioterapêuticas: Eletroestimu-
mais frequente, a UrI, associada à EM. Foi realizada lação20-23, Terapia manual24 e Cinesioterapia25. Os demais
uma pesquisa computadorizada nas bases de dados Co- combinaram técnicas cinesioterapêuticas, eletroterapêuti-
chrane Library, Ibecs, Lilacs, Medline, PEDro, e Scie- cas e orientações (Quadro 1).
lo tendo como enfoque a problemática: Qual(is) o(s) O emprego da eletroestimulação foi realizado de
procedimento(s) fisioterapêutico(s) e sua(s) diretrizes forma isolada e combinada em protocolos com cinesio-
para a abordagem da HD e a UrI resultante em indiví- terapia e biofeedback. As modalidades utilizadas foram
duos com EM? a eletroestimulação neuromuscular (EENM) periférica
Foram utilizados os descritores de procedimentos fi- no nervo tibial com aplicação transcutânea20,21 perineo-
sioterapêuticos: acupuntura, biofeedback, eletroacupuntu- metria vaginal22,26 e aplicação no dermátomo sacral23. Os
ra, eletroestimulação, exercícios físicos, exercícios de Ke- protocolos dos estudos demonstraram utilização do má-
gel, fisioterapia, reabilitação do assoalho pélvico, terapia ximo estímulo intermitente tolerado sem dor (mínimo de
comportamental e treinamento físico. Os descritores de 15 miliampéres), com razão temporal estímulo/descanso
disfunção: bexiga neurogênica, disfunção vesical, hipera- mínima de 1:2, uso de probes via vaginal/anal (perineo-
tividade detrusora, incontinência urinária, urge-inconti- metria), em sessões de 15 a 30 minutos. Os protocolos de
nência. E o descritor da doença: esclerose múltipla. Estes tratamento27 que apresentaram melhora dos sintomas de
descritores foram submetidos à técnica de cruzamento UrI em até 90% e cura em até 50% dos casos utilizavam
por meio do operador booleano “e” sempre utilizando frequências de 10 a 20 Hz, largura de pulso de 200ms
um descritor de procedimento fisioterapêutico, um des- com média de duração de 9 a 12 semanas, com aplicação
critor de disfunção e o descritor “esclerose múltipla”. To- semanal de 2 a 3 vezes por semana. Exceto a modalida-
dos os descritores de procedimentos fisioterapêuticos e de de de aplicação em dermátomo sacral23, todas as outras
disfunção foram cruzados entre si. formas de eletroestimulação apresentaram evidências de
A seleção dos artigos considerou os critérios de in- forte associação (p ≤ 0,001) à melhora da HD e redução
clusão: estudos em humanos, adultos, correlação da HD e/ da UrI resultante20. Os estudos que utilizaram a forma
ou UrI com a atuação fisioterapêutica. Foram excluídos os de eletroestimulação associada a outros procedimentos
artigos que enfocam o tratamento fisioterapêutico de outros como a cinesioterapia26 e cinesioterapia com biofeedba-
sintomas da EM além do HD e UrI, estudos com dados ck15,27 demonstraram que os indivíduos apresentavam
não conclusivos, revisões de literatura, editoriais e cartas. menos queixas de perda urinária, melhora da força mus-
A análise e discussão dos dados foram realizadas cular e da resistência e contrações mais rápidas do assoa-
apresentando as técnicas/ recursos e diretrizes que con- lho pélvico (p ≤ 0,05).
templam os procedimentos fisioterapêuticos específicos O uso do Biofeedback como terapia associada está
para o tratamento da HD e/ ou UrI resultante na EM, correlacionado a significante redução nas perdas uriná-
nas formas isolada e combinada. Foi considerado como rias. Em estudo15 que comparava três protocolos (P) de
procedimento fisioterapêutico indicado ao tratamento tratamento (P1=exercícios do assoalho pélvico; P2= P1
aquele que apresenta correlação estatística com valor de p + biofeedback eletromiográfico (BEmG) e; P3= P1 + P2
≤ 0,05 com a melhora da HD e o quadro de UrI, apresen- + EENM intravaginal) durante 9 semanas, foi verificado
tando, portanto, evidência estatisticamente significativa que o grupo de indivíduos submetidos ao P3 apresentou
de que é uma intervenção com efeito terapêutico. redução mais significativa de perdas urinárias. Em outro
estudo27, comparando grupos de indivíduos submetidos
RESULTADOS a exercícios do assoalho pélvico e BEmG e outro a es-
Foram encontrados 26 artigos sendo selecionados tas técnicas e EENM, os autores concluíram que associar
10 (Quadro 1) que evidenciam resultados aplicáveis na EENM ao programa convencional de tratamento aumen-
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Quadro 1
Artigos selecionados que apresentam procedimentos fisioterapêuticos para o manejo da hiperatividade do detrusor na Esclerose Múltipla

ESTUDO DELINEAMENTO OBJETIVO PROCEDIMENTO RESULTADO


ECA Avaliar o efeito da
↓ perdas urinárias,
27 mulheres eletroestimulação na Perineometria vaginal
Primus (1992)22 melhora da UrI
3x/ semana melhora da UrI (200Us, 20Hz, 15’)
(p ≤ 0,05)
9 semanas resultante da HD
CC Determinar o efeito da GT = EENM + Kegel +
80 indivíduos reabilitação do assoalho orientações GT: ↓ UrI
Vahtera et al (1997) 28
6 sessões pélvico e orientações (p ≤ 0,05)
Orientação por 6 meses na HD GC= sem intervenção
EC ↑ FM e potência
Verificar o efeito da
30 mulheres (p < 0,001) e da
De Ridder et al (1999) 25
reabilitação do assoalho Kegel
3 x/ semana capacidade vesical
pélvico na HD
12 semanas (p ≤ 0,05)
G1: Kegel G1 e G2: ↓ HD
ECA Determinar a efetividade (p ≤ 0,05)
30 mulheres de um programa de G2: Kegel + BEmG
McClurg et al (2006)15
2x/ semana treinamento do assoalho G3: ↓ perdas urinárias
9 semanas pélvico na HD G3: Kegel + BEmG + e melhora no Pad Test
EENM (p=0.001)
EC Avaliar o efeito da
14 indivíduos eletroestimulação no EENM
Fiorback et al (2007)23 Não há efeito
3 x/ semana dermátomo sacral para (200Us, 10Hz. 30’)
12 semanas HD
G1 e G2: Melhora da
ECA G1 = Kegel + BEmG
Avaliar o efeito da UrI (p ≤ 0,05)
74 indivíduos
MClurg et al (2008)27 reabilitação do assoalho
2 x/ semana G2 = Kegel + BEmG +
pélvico na HD G2: melhora mais
9 semanas EENM
significativa (p=0,0028)
EC Determinar o efeito
29 indivíduos agudo da estimulação EENM
Kabay et al (2008) 20
↓ HD (p ≤ 0,001)
2x/ semana do nervo tibial posterior (200Us, 20Hz, 25’)
12 semanas na HD
EC
Avaliar o efeito da
19 indivíduos EENM
Kabay et al (2009)21 estimulação do nervo ↓ HD (p ≤ 0,001)
2x/ semana (200Us, 10Hz, 25’)
tibial posterior na HD
12 semanas
EC
Avaliar o efeito da
28 indivíduos Manobras miofasciais em ↓ volumes residuais
Raviv et al (2009) 24
terapia craniosacral na
Aplicação diária região crâniosacral e UrI (p ≤ 0,05)
UrI da HD
4 semanas
G1: Perineometria
vaginal +
ECA Avaliar o efeito do
Kegel G1: ↑ FM e
27 indivíduos treinamento do assoalho
Lucio et al (2010) 26
contrações mais rápidas
3 x/ semana pélvico no tratamento
G2: Perineometria (p ≤ 0,001)
12 semanas da UrI
vaginal
(200Us, 20H z, 15’)

BEmG: Biofeedback eletromiográfico, CC: caso-controle, EC:estudo coorte, ECA: ensaio clínico aleatorizado, EENM: Eletroestimulação neuro-
muscular, FM: força muscular, G: grupo, GC: grupo controle, GT: grupo tratamento, HD: hiperatividade do detrusor, Kegel: Exercícios do assoalho
pélvico, UrI: urge-incontinência.

tou significativamente os índices de efetividade no trata- niossacral foi associada à diminuição dos volumes residu-
mento de UrI em indivíduos com EM. ais e sintomas de UrI.
Na terapia manual, somente um estudo24 apresen- A aplicação da cinesioterapia, com destaque para o
tou resultados significativos (p < 0.0001) para o manejo protocolo de exercícios de Kegel, foi apresentada em for-
da HD. Neste, a aplicação isolada e diária da terapia crâ- ma combinada com eletroestimulação e Biofeedback15,26-27
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e em um estudo foi a única modalidade terapêutica para o rapêuticos de estudos com delineamentos metodologica-
manejo do quadro clínico da HD na EM25. Em ambas as mente adequados visando estabelecer um consenso sobre
formas foi verificada melhora da UrI devido ao aumento as indicações e efeitos que justifiquem sua aplicação.
da força e da resistência do assoalho pélvico. Houve re- A eletroestimulação foi elegível como o recurso
sultados favoráveis ao aumento da força e potência mus- mais utilizado tanto na forma isolada como na combina-
cular do assoalho pélvico (p < 0,001) e aumento na capa- da com resultados significativos na UrI. Ela usualmente
cidade vesical (p ≤ 0,05) quando eram realizados apenas é recomendada como terceira linha terapêutica ou para
exercícios de Kegel25. Combinando perineometria vaginal casos excepcionais31. O estímulo elétrico promove o for-
e exercícios de Kegel26, houve associação fortemente sig- talecimento da musculatura perineal e melhora na trans-
nificativa (p ≤ 0,001) com a melhora do quadro de UrI missão da pressão abdominal27. A UrI é atenuada pela
no grupo de indivíduos submetidos exclusivamente a esta inibição reflexa da contração detrusora32.
abordagem cinesioterapêutica. Na utilização da eletroestimulação de forma isola-
Foi investigado o papel da abordagem utilizando da foi evidenciado que há necessidade de uso em longo
orientações à indivíduos com EM e HD28. A amostra des- prazo para a manutenção dos efeitos21, embora não seja
te estudo foi composta por homens e mulheres com EM mensurado este período em nenhum estudo. Estudos em
e HD divididos em grupo controle (sem intervenção) e outras populações com queixa de UrI apresentam índices
grupo tratamento (submetido a 6 sessões de exercícios de de cura e melhora em até 60% dos casos com o uso da
Kegel e eletroestimulação e orientados, durante 6 meses, eletroestimulação33. Foi observado que 85% dos indiví-
sobre a importância da prática de exercícios de Kegel em duos ficaram livres do sintoma de UrI após a aplicação de
ambiente domiciliar). Foi observado que no grupo trata- eletroestimulação por 9 semanas contínuas porém após
mento o sintoma de UrI foi menos frequente e de forma 3 meses da interrupção da técnica apenas 18% perma-
mais branda que no grupo controle (p ≤ 0,05). neciam sem UrI, embora os que apresentaram recidiva
sintomática demonstravam quadro mais leve de UrI em
DISCUSSÃO relação ao período pré-aplicação22.
O procedimento menos invasivo e menos lesivo A eletroestimulação periférica foi o diferencial nos
deve ser a primeira escolha para tratar os diferentes ti- grupos de tratamento15,27. Comparando o efeito de di-
pos de disfunções vésico-esfincterianas, como é o caso da ferentes protocolos na UrI em indivíduos com EM, foi
UrI na HD29. A grande vantagem do tratamento medica- apresentada uma resposta favorável e estatisticamente sig-
mentoso é sua praticidade, tanto para o paciente quanto nificante para a redução do tempo de perdas urinárias (p
para a equipe de profissionais. Entretanto têm sido muito ≤ 0,05) quando o protocolo era composto por exercícios
indicada as intervenções comportamentais, com desta- pélvicos, BEmG e eletroestimulação perineal em relação
que para a abordagem fisioterapêutica que pode auxiliar aos grupos de indivíduos submetidos aos protocolos com-
o paciente a reeducar o controle miccional, desenvolver postos apenas por exercícios pélvicos ou exercícios pélvi-
estratégias para minimizar e/ou eliminar as disfunções cos associados a BEmG. Entretanto, analisando o efeito
miccionais além de ser mais fisiológica, com poucos efei- da eletroestimulação isolada e aplicada em associação
tos colaterais e contra-indicações, de custo relativamente com exercícios de Kegel26, não foi observada melhora sig-
baixo e que não comprometem tratamentos concomitan- nificativa com tendência para a eletroestimulação isolada.
tes, nem futuros30. O Biofeedback foi apresentado como um recurso
Há escassez de estudos com bons níveis de evidên- bastante utilizado nas formas associadas de terapia no
cia sobre a utilização de procedimentos fisioterapêuticos manejo da UrI em indivíduos com EM15,27. Consideran-
na HD associada a EM18. Nesta revisão 16 artigos foram do que o assoalho pélvico forma um apoio elástico para
excluídos por não apresentarem dados conclusivos quan- o conteúdo pélvico e abdominal, esta técnica estimula os
to à efetividade das técnicas. Assim, há necessidade da indivíduos quanto ao desenvolvimento de maior sensa-
análise criteriosa dos recursos, técnicas e protocolos te- ção de controle e domínio vesical34. No tratamento da
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HD, o biofeedback é utilizado para ensinar o paciente a para o manejo da HD na EM.


fazer inibição voluntária do detrusor, por contração sele- A abordagem cinesioterapêutica na UrI tem como
tiva dos músculos do assoalho pélvico. Entre as sessões de princípio as contrações voluntárias e repetitivas do assoa-
treinamento, com repetição dos exercícios e prática, pres- lho pélvico realizada por meio de exercícios de fortaleci-
supõe-se que os pacientes melhoram não somente a força mento dos músculos perineais e abdominais aumentando
muscular, mas o controle de respostas que determinam a força muscular e, consequentemente, a continência uri-
a continência9. Em relação à forma de aplicação, apesar nária pelo estímulo da atividade do esfíncter uretral com
da possibilidade de também ser sob a forma pressórica, melhora do tônus40. Estudos mostram evidências de que
os estudos analisaram apenas a eletromiográfica. Nesta os exercícios para o assoalho pélvico favorecem melhor
forma, há um sensor que detecta a atividade elétrica li- suporte do colo vesical41. Assim, os exercícios são efetivos
berada pelos músculos quando se contraem, esse sinal é para a HD e UrI resultante porque reforçam o reflexo de
amplificado e processado de forma visual ou sonora para contração do assoalho pélvico, causando inibição da con-
o paciente35. tração do detrusor e levando também a uma diminuição
Têm sido questionado se o Biofeedback é essencial do desejo da micção40. A hipótese é que os efeitos dos
no sucesso do tratamento da UrI em casos de HD36,37. exercícios do assoalho pélvico na HD são mediados por
Estes autores relataram estudos que demonstram eficácia ação reflexa: “reflexo de inibição voluntária da micção”42.
dos exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico sem Para manutenção da continência é também importante
biofeedback e outros demonstraram falhas. Diante dos que a atividade do detrusor seja bloqueada quando os
achados desta revisão, em indivíduos com EM, o BEmG músculos do assoalho pélvico se contraem40.
é considerado um recurso na abordagem da UrI porém Em todos os estudos os exercícios de Kegel foram
não é o diferencial no tratamento, uma vez que sua efi- a única forma de técnica cinesioterapêutica citada. Estes
cácia foi observada somente quando aplicado a outros exercícios consistem na contração voluntária da muscu-
recursos, sem qualquer confirmação de que sua aplicação latura pubococcígea com o objetivo de impedir a IU,
na forma isolada possa gerar evidências no tratamento da pois melhoram a força muscular do assoalho pélvico,
UrI na EM. Este achado corrobora com a revisão sistemá- ajudam na resistência uretral e na pressão de fechamen-
tica que avaliou o efeito da fisioterapia como tratamento to uretral34. A reabilitação do assoalho pélvico, por meio
de primeira escolha na HD e concluiu que há fraca evi- destes exercícios tem sido comumente relatada como
dência da eficácia do biofeedback associado aos exercícios abordagem terapêutica para UrI no tratamento da HD
de assoalho pélvico comparado com os exercícios isolada- de indivíduos com EM sem espasticidade da musculatura
mente a partir de testes clínicos aleatorizados38. pélvica26. Utilizados como único procedimento fisiotera-
Em relação à terapia manual como abordagem fi- pêutico25, os exercícios de Kegel apresentaram associação
sioterapêutica da HD na EM, sua atuação específica nesta altamente significante para a melhora do quadro de UrI
condição é realizada por meio de manobras miofasciais (p < 0,001). Em sua forma combinada15,26,27, os exercícios
que utilizam alongamentos e compressão dos pontos de de Kegel também apresentaram associação significativa à
gatilhos “trigger points” realizada na região do assoalho melhora do quadro de HD, além do que, em um estudo26
pélvico com o propósito de regularização do sistema ner- com dois protocolos, um grupo de indivíduos submetido
voso autônomo no tratamento da IU24,39. Apesar de haver à perineometria vaginal e exercícios de Kegel e outro à
apenas um estudo24 selecionado que aborda esta técnica aplicação exclusiva de perineometria, foi verificado que
deve-se considerar que foi realizado por um delineamen- a aplicação dos exercícios de Kegel era o diferencial na
to de estudo coorte bem delimitado e com acompanha- abordagem da UrI (p ≤ 0,001). Este achado permite in-
mento. Portanto, mesmo em uma amostra reduzida (28 dicar, nesta revisão, que os exercícios de Kegel são proce-
indivíduos), os efeitos satisfatórios e significantes nos vo- dimentos confiáveis no manejo da HD na EM e está em
lumes urinários e UrI devem ser considerados como pro- consenso com estudos9,40 que apresentam estes exercícios
posta a outras formas de abordagem na terapia manual como primeira linha do tratamento da UrI.
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Ainda sobre exercícios de Kegel, um aspecto que ciente proporciona maior conscientização quanto à im-
deve ser considerado quando exercícios físicos são utiliza- portância das estratégias preventivas. Esta técnica pode
dos como forma de tratamento diz respeito ao seu modo ser efetiva quando o paciente é orientado e motivado com
de aplicação. Apesar dos resultados expressivos, os estu- expectativas reais a serem atingidas9. A educação do pa-
dos analisados não apresentaram um consenso sobre a ciente baseia-se no controle cortical da micção. Conhe-
frequência e tempo de duração das contrações destes exer- cimento, habilidade motora e intervalo miccional para a
cícios, havendo uma variação de 4 a 10 contrações a cada aderência ao programa de modificação comportamental
20 a 30 segundos15,26,27. Seria interessante a realização de são documentados como agindo no controle do desejo
pesquisas que estabelecessem protocolos mais detalhados miccional44.
dos exercícios de Kegel, assim como os efeitos comparati- Dentre os estudos selecionados, 2 artigos15,27 cita-
vos dos protocolos quanto a esta forma de aplicação com ram o uso combinado de exercícios de Kegel, eletroesti-
abordagem específica em EM. mulação e BEmG com evidências de melhora em reduzir
Outro aspecto que deve ser também ressaltado so- os sintomas urinários de UrI. Estes achados estão de acor-
bre a aplicação dos exercícios em indivíduos com EM é do com a relação entre a associação e a manutenção dos
a condição de fadiga. Segundo Nogueira e colaboradores resultados de melhora da UrI na EM2.
(2009)43, a fadiga é o sintoma mais frequente e incapa- Os procedimentos citados com poder estatístico
citante acometendo entre 70 a 90% dos casos de EM. comprovado, viáveis como forma de tratamento para a
Considerando que o exercício físico pode aumentar ainda condição de HD e UrI, são os exercícios de Kegel, a te-
mais a fadiga de uma pessoa com EM, na aplicação dos rapia crâniossacral, eletroestimulação nas formas de pe-
exercícios de reabilitação do assoalho pélvico deveriam ser rineometria vaginal e eletroestimulação do nervo tibial
preconizados cuidados de prevenção desta condição. En- posterior, BEmG e abordagem por meio de orientações
tretanto, entre os estudos analisados, nenhum considerou sobre a importância da realização de exercícios de Kegel
este fator limitante para o manejo da UrI. Assim, mais em ambiente domiciliar. Em relação ao tempo de dura-
uma vez, ressalta-se a importância do estabelecimento ção, os estudos apresentaram abordagens de 4 semanas
de um consenso, entre os protocolos de tratamento da a 6 meses e não se pode estabelecer nenhuma correlação
HD na EM, que utilizam os exercícios de Kegel, quanto entre tempo de tratamento e efetividade da abordagem
a frequência, repetições e velocidade de contrações mus- com esses dados, uma vez que todos apresentaram resul-
culares, enfatizando também a prevenção da fadiga em tados significativos.
indivíduos com EM e que apresentam HD. Apesar dos estudos apresentarem evidências estatís-
Este estudo apresentou um artigo que demonstra ticas da aplicabilidade de suas abordagens para HD/ UrI na
evidências significantes para a abordagem por meio da EM é preciso considerar suas limitações. As amostras eram
orientação no tratamento da UrI28. Não se pretende, mes- heterogêneas com grupos variando de 14 a 80 indivíduos,
mo diante de um resultado significativo segundo enfoque algumas técnicas, quando aplicadas isoladamente, não fo-
estatístico, excluir o benefício da abordagem por meio da ram utilizadas associadas a outras e vice-versa para verificar
orientação para o tratamento da HD na EM, uma vez se o seu efeito não estaria oculto ou se potencializaria o
que ela é comprovada em outros casos44. Entretanto, não efeito de outras técnicas. Em alguns casos, havia previsão
se pode hipervalorizar este procedimento uma vez que já de achado estatisticamente significativo devido a erros no
era presumível este resultado significativo. A orientação delineamento dos estudos. Nenhum estudo analisou a
foi realizada em um grupo o qual foi aplicado um progra- resposta aos procedimentos fisioterapêuticos por gênero.
ma de exercícios do assoalho pélvico e eletroestimulação Assim, observa-se que os níveis de evidência e os delinea-
enquanto que o grupo controle não recebeu nenhuma mentos escolhidos são insuficientes para demonstrar se os
forma de intervenção. procedimentos fisioterapêuticos demonstrados neste estu-
A terapia comportamental envolve mudança do do apresentam resultados aplicáveis clinicamente.
comportamento miccional. Assim, a orientação do pa- Os estudos selecionados não contemplam todos
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devem ser pesquisadas nesta disfunção em pacientes com http://dx.doi.org/10.1056/NEJMra032662
EM. Sugere-se a realização de mais estudos, preferencial- 9.Mesquita LA, César PM, Monteiro MVC, Silva Filho AL. Terapia com-
portamental na abordagem primária da hiperatividade do detrusor. Femina
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e sua orientação como atividade domiciliar, eletroestimu- trical stimulation for bladder dysfunction in people with multiple sclerosis: a
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