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Açafrão Artigo Cientifico PDF
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Resumo
Na Índia, Moçambique e para os povos da África Oriental “o açafrão” é o açafrão da Índia ou curcuma (Curcuma
longa, sin. C. domestica - Zingiberaceae) que confere o amarelo vivo e o sabor picante aos apreciados pratos de
caril. Foi trazido da Índia para o mundo através dos percursos dos mercadores árabes ou das caravelas quinhentistas
dos Portugueses. O valor medicinal desta planta não é tão conhecido no Ocidente como na Ásia. Em medicina
Chinesa é um remédio tradicional contra a icterícea e nas ultimas décadas o uso corrente do açafrão no tratamento de
problemas digestivos e hepáticos tem sido confirmado pela investigação A planta tem sido tradicionalmente usada
como fluidificante do sangue e na redução dos níveis de colesterol.
A curcumina, componente principal do caril, particularmente utilizado na alimentação Indiana, tem sido considerada
responsável pela baixa incidência de Alzheimer na Índia. Para além da sua forte actividade antioxidante, a
curcumina tem sido intensivamente estudada como agente anticancerígeno. Recentemente, foi verificado o seu papel
na indução da apoptose e como quimioprotector na inibição da formação de metastases em cancros da mama..
No Alentejo e Algarve “o açafrão” utilizado para a confecção do famoso arroz amarelo é o Açafrão-Bastardo ou
Cártamo, Carthamus tinctorius (Asteraceae). Esta planta foi, originalmente, trazida por missionários da Índia para o
Alentejo. É nativa do Irão, noroeste da Índia e África e as suas flores, semente e óleo têm várias aplicações
medicinais. Investigações recentes efectuadas na China indicam que podem reduzir a doença coronária, diminuir o
colesterol e ainda estimular o sistema imunitário. O óleo de cártamo, rico em ácido linoleico conjugado (CLA), tem
reconhecida acção na redução da gordura corporal e aumento da tonicidade muscular, pelo que tem particular
interesse comercial a nível alimentar e como suplemento.
Nos países ocidentais “o açafrão” é o Crocus sativus (Iridaceae) nativo da Índia, Balcãs e Mediterrâneo Oriental e
cultivado hoje em Espanha, França, Itália, Índia e Médio Oriente, pelo valor comercial elevado do condimento a que
dá origem. O seu pigmento, de sabor e aroma inconfundíveis, é muito valorizado em culinária e na indústria
alimentar pelo que atinge preços elevados no mercado. O rendimento deste pigmento é muito baixo por ser extraído
dos 3 finos estigmas e estiletes da for da planta do açafrão. As suas utilizações medicinais muito em voga na Idade
Média caíram em desuso embora em fitoterapia chinesa continuem a ser usadas para aliviar dores abdominais e
espasmos brônquicos. Vários dos seus constituintes sido investigados pelas suas actividades antioxidantes,
antitumorais, protectoras contra a agentes carcinogénicos, e ainda na redução do colesterol. Foi verificada em ratos
actividade neuroprotectora e efeito sobre o sistema nervoso central do safranal.
INTRODUÇÃO
As plantas e os produtos naturais delas derivados têm sido utilizados ao longo da História
e no mundo com variados fins. A medicina com base em plantas desempenhou um papel
fundamental na sobrevivência de várias civilizações. Em algumas, como é o caso da medicina
chinesa ou da medicinal tradicional indiana ayurvédica, o seu papel primordial como agente
curativo permaneceu até aos nossos dias. Na medicina ocidental cerca de 25% dos produtos
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A Verdade sobre o Açafrão
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farmacêuticos contêm na sua composição compostos provenientes ou derivados de moléculas
vegetais.
A expansão quinhentista de Portugal contribuiu intensamente para a divulgação de muitas
plantas medicinais desconhecidas até então pelos europeus e provenientes das regiões tropicais
visitadas na África, Índia, China ou Japão. Algumas plantas medicinais já eram conhecidas mas
chegavam à Europa através das vias terrestres dos mercadores árabes e o seu efeito terapêutico
ou culinário eram esquecidos ou adulterados nestes percursos. No âmbito da epopeia portuguesa
as plantas medicinais orientais foram transportadas e divulgadas no Brasil e aí foi descoberta
uma nova e até hoje inesgotável fonte de novas plantas com diferentes efeitos medicinais.
Algumas foram trazidas e cultivadas em climas similares das colónias africanas como Angola, S.
Tomé e Príncipe ou Moçambique. Uma das plantas mais apelativas e valorizadas da época era o
açafrão.
O açafrão é uma especiaria conhecida, cultivada e apreciada desde a antiguidade em toda
a bacia mediterrânica, como matéria corante, aromatizante e medicinal. Os egípcios usaram-na
para pintar múmias, foi o primeiro corante a ser usado em Histologia, em 1714, por Van
Leeuwenhoek, foi usada em vários países para tingir tecidos, dar cor aos alimentos ou como
calmante para a dentição infantil. O seu preço sempre foi elevado, por ser proveniente de uma
pequena parte da planta, por isso outras plantas trazidas pelas caravelas portuguesas com aspecto
semelhante começaram a ser designadas por açafrão. Estas confusões e falsificações chegaram
até aos nossos dias. A utilização das especiarias provenientes destas diferentes plantas são
conducentes a diferentes resultados gastronómicos e o seu uso terapêutico na forma de pós ou
formulações galénicas poderá ser ineficaz ou eventualmente perigoso. Pretende-se neste artigo de
pesquisa reconhecer as diferentes plantas designadas por “açafrão”, analisar a influência dos
portugueses na sua disseminação, distinguir os seus diferentes usos e os seus efeitos medicinais.
São descritas as actividades medicinais dos fármacos obtidos destas plantas evidenciadas por
estudos etnobotânicos ou pelos usos tradicionais relacionados com estes fármacos. São
apresentadas as suas propriedades, verificadas por ensaios in vitro em modelos animais e
humanos e in vivo, em modelos animais dos extractos e das suas moléculas activas, os seus
mecanismos de acção e a sua eventual toxicidade.
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Esta planta é nativa da Índia e Ásia Meridional. Foi trazida para o resto do mundo
através dos percursos dos mercadores árabes ou das caravelas quinhentistas dos Portugueses. A
Curcuma Ionga, hoje é muito cultivada, sobretudo nos países orientais.
No Colóquio dos Simples , Garcia d`Orta, médico do Vice-rei da Índia já referia esta
planta distinguindo-a do “ nosso açafrão”: “O Açafrão-da-Índia: Nasce no Malabar, em
Calecute...também se dá aqui em Goa mas em pequena quantidade...Avicena parece fazer
menção dele..” “Vulgarmente utilizam-se desta raiz para tingir e adubar os alimentos, tanto
aqui como entre os Árabes e Persas, pelo motivo de ser comprado mais barato que o nosso
açafrão, que também se dá na terra deles; também se aplica em medicina, principalmente em
medicamentos de olhos e para a sarna...” (Garcia d`Orta, 1563).
Em termos botânicos, a planta está classificada como Curcuma longa L. (sin. C.
domestica) pertencente à família das Zingiberaceae. As partes utilizadas são os rizomas (radix
curcuma), raízes tuberculosas (longa ou rotonda), aromáticas, cerosas e amareladas por fora e
alararanjadas por dentro. A sua designação comum é Açafrão-da-Índia mas também se aparece
designada por açafrão da terra, açafroa, gengibre amarelo, curcuma ou turmérico do nome
comum inglês “turmeric”. Neste idioma também é conhecida como French saffron, Indian
saffron, long turmeric ou yellow ginger e em francês como curcuma ou safran des Indes. A
palavra curcuma é derivada de «kurkum», designação persa para açafrão. Existem 5 variedades
comerciais de Curcuma: China, Bengala, Madras, Malabar e Bombaim.
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moídas até se obter um pó fino.
O valor medicinal desta planta não é tão conhecido no ocidente como na Ásia. Em
medicina chinesa é um remédio tradicional contra a icterícia e nas últimas décadas o uso corrente
do Açafrão no tratamento de problemas digestivos e hepáticos tem sido confirmado pela
investigação. A planta tem sido tradicionalmente usada como fluidificante do sangue e na
redução dos níveis de colesterol (Tab.1).
A curcumina, componente principal do caril, particularmente utilizado na alimentação
Indiana, tem sido considerada responsável pela baixa incidência de Alzheimer na Índia (Tab.1).
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Actividade hipolipidémica
Anti-diabético
Raíz
Actividade Antioxidante sobre
Curcumina Curcumina Reduz o açúcar no sangue de
certos ácidos gordos poli insaturados
(mais activa) ratos albinos diabéticos
Actividade antimutagénica
Curcumina inibindo as mutações induzidas por Curcumina Actividade antibiótica
UV
Para além da sua forte actividade antioxidante, a curcumina tem sido intensivamente
estudada como agente anticancerígeno. Recentemente, foi verificado o seu papel na indução da
apoptose e como quimioprotector na inibição da formação de metastases em cancros da mama
(Bachmeier et al. , 2008) .
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Existem muitos estudos relacionados com a farmacologia e actividade medicinais da
curcumina (Tab. 2) estando muitos desses estudos vocacionados para a actividade antitumoral da
molécula (Tab.3). Na pesquisa efectuada sobre a curcumina foram encontrados mil e
quatrocentos artigos científicos, onze estudos etnobotânicos, setenta e sete estudos de actividade
em animais, dezanove ensaios clínicos de eficácia em humanos, doze ensaios clínicos fase I e II a
decorrer no EUA, Japão e Israel, dez estudos de segurança sobre toxicidade e efeitos adversos
(PubMed, Agosto 2008).
A pesquisa intensiva de quem tem sido alvo nos últimos 50 anos indica que a curcumina
pode ser um agente importante quer na prevenção como no tratamento do cancro.
Cancro, cólon,
Aggarwal, B.B.
Indução da apoptose de pulmão, próstata,
(2008)
células cancerígenas e como etc
Curcumina
quimioprotector na inibição
da formação de metastases Carcinoma da Bachmeier,B.E. et
mama al. (2008)
Actividade
Curcumina Antiproliferativa e pro- Melanoma maligno Pisano,M. (2007)
apoptotica
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O modo de acção da curcumina parece incluir diferentes mecanismos. Para além de ser
um potente agente antioxidante, apresenta a capacidade de suprimir a proliferação de uma
variedade de células tumorais, a iniciação tumoral e a metástase. Actua como inibidor de
activação de factores de transcrição que regulam a expressão de genes relacionados com a
tumorogénese. Influencia a regulação da expressão de várias moléculas associadas a cancros
(COX2, LOX, NOS, MMP-9, uPA, TNF, citoquinas, moléculas de adesão superficial e a ciclina
D1) e a regulação de receptores de factores de crescimento (EGFR e HER2). Foi também
demonstrada a inibição da actividade de várias enzimas que contribuem para o desenvolvimento
de tumores e metastização (Aggarwal, et al.. 2003).
Toxicidade da curcumina
A curcumina apresenta baixa toxicidade. Os ensaios clínicos em humanos indicam que
não existe toxicidade em doses até 10 g.dia-1. Nos USA, o consumo de Curcumina é considerado
seguro quando se emprega como aditivo alimentar. Contudo, a Curcuma terá induzido alguns
efeitos teratogénicos. A dose diária admissível (OMS), quando utilizada como corante, é de 0,1
-1
mg.kg . A utilização de Curcumina aumenta as contracções biliares em pacientes sãos pelo
que para pessoas com doenças neste órgão a utilização de Curcumina deve ser restringida.
Foram observadas hepatotoxicidade (induzida em ratos com 0,2 a 1% de extracto etanólico de
curcuma, durante 14 dias) e dermatites de contacto causadas pela curcumina (Ruiz, 2006).
Em termos de interacções farmacológicas, entre outras, a Curcumina inibe a agregação
das plaquetas, pelo que a administração do composto, aumenta o risco de hemorragias em
pessoas medicadas com anticoagulantes ou antiplaquetários (Ruiz, 2006).
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Hipercolesterolemias e prevenção
ateroesclerose
Óleo Obstipação, reumatismo e dores Topicamente em micoses
Purgante
Antifúngico
Sementes Tumores Especialmente do fígado
Como emenagogo, laxante, sedativo,
Flores
cicatrização feridas
Medicina Chinesa
Pigmentos mucilagens Acção cicatrizante e suavizante da
e flavonóides pele
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Óleo de cártamo,
Reduzir a gordura
rico em ácido
corporal e aumentar a In vivo Vários estudos
linoleico conjugado
tonicidade muscular
(CLA)
Antifúngicas
Pigmentos Antivirais In vitro Ekin, 2005
Anti-inflamatórias
Yadava &
Saponinas Anti-inflamatórias In vitro
Chakravarti, 2008
Reduzir a doença
Pigmentos Coelhos
coronária
Carthamus Ensaios
tinctorius Produção de insulina campo Nykiforuk C.L. et
geneticamente humana em larga escala al. , 2006
modificado
Índia
O óleo de cártamo, rico em ácido linoleico conjugado (CLA), tem reconhecida acção na
redução da gordura corporal e aumento da tonicidade muscular, pelo que tem particular interesse
comercial a nível alimentar e como suplemento.
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A planta pertence à família Iridaceae. As partes utilizadas são os três estigmas e as partes
finais dos estiletes (Stigmata Croci) .
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Existem referências ao açafrão desde 2300 A.C. Os Assírios utilizavam-no com fins
medicinais. Foi a especiaria mais valorizada pelos Gregos, Egípcios e Romanos devido ao seu
aroma, cor e propriedades afrodisíacas. Hipócrates e Dióscorides utilizavam o Crocus sativus
como planta terapêutica. São variadas e diversas as referências sobre o seu uso em ritos e
cerimónias religiosas, em medicina e em gastronomia.
As utilizações medicinais do Crocus, muito em voga na idade média, caíram em desuso,
embora em fitoterapia chinesa continuem a ser usadas para aliviar dores abdominais e espasmos
brônquicos. Nos países ocidentais tem sido utilizado sobretudo pela sua acção sedativa e em
xaropes para a dentição infantil (Tab. 6).
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Aumentar a actividade
Crocina e crocetina cerebral, a aprendizagem e Ratos Abe et al., 2000
memorização
Vários dos constituintes do Açafrão tem sido investigados pelas suas actividades
antioxidantes, antitumorais, protectoras contra a agentes carcinogénicos, e ainda na redução do
colesterol. (Tab.7).
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Toxicidade do Açafrão
Em doses elevadas é considerado abortivo, hemorrágico e pode provocar vertigens. O seu
uso como abortivo tem levado a intoxicações graves. A dose letal para o adulto é considerada
entre 12 a 20g. Contudo, em estudos recentes com voluntários não se registaram efeitos
-1
negativos até 200 mg.dia de açafrão, durante uma semana, pelo que é considerado um produto
seguro (Modaghegh et al., 2008).
CONCLUSÃO
O historial das três plantas descritas esteve e está intimamente ligado com a nossa cultura
e vivência no Mundo assim como com a das civilizações com quem temos interagido. A tão
característica flexibilidade e capacidade de absorção portuguesa de outras formas de viver levou-
nos a receber uma influência muito marcada de outros povos e a transmiti-la de várias formas.
Seria interessante analisar esta influência e observar o paradigma descrito com “os açafrões”
num universo maior de condimentos e plantas medicinais.
Os estudos recentemente efectuados sobre as três plantas pesquisadas confirmam o seu
interesse como plantas medicinais importantes, nomeadamente ao nível da actividade
antitumoral, o que as torna recursos importantes para a obtenção de fitoquímicos para a indústria
farmacêutica.
As diferenças encontradas entre as plantas, habitualmente designadas como açafrão, não
são apenas morfológicas e organolépticas mas, também se verificam ao nível das suas
actividades biológicas e toxicidade, pelo que a sua clara designação e reconhecimento são de
toda a importância. Existem ainda outras espécies (Tab. 8) que poderiam ser objecto de confusão
ou falsificação, facto que pode apresentar risco em aplicações medicinais ou gastronómicas.
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Estames amarelos das flores de Crocus Qualidades inferiores de açafrão Sem sabor próprio
O açafrão deve ser
Adição de gorduras e óleos ao pó de
Aumento do peso dos estigmas comprado inteiro e não
açafrão
em pó
Substituído pelos pós e/ou flores de Confusão mais crítica
Menos aromáticos e de sabores
Curcuma longa ou de Carthamus em aplicações
diferentes
tinctorius medicinais
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