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Pr.

Joary Jossué Carlesso | Joinville – 2016


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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

UNIDADE I

1 PROPÓSITOS BÍBLICOS: PRIORIDADES DE JESUS PARA SUA IGREJA


1.1 Os propósitos bíblicos de Cristo para sua igreja
1.2 Definindo os propósitos da igreja

2 INTEGRAÇÃO: CONDUZINDO PESSOAS AO DISCIPULADO


2.1 O discipulado começa na integração
2.2 Como integrar pessoas à igreja e conduzi-las ao discipulado

3 A LIDERANÇA E A ESPIRITUALIDADE DO JOVEM


3.1 O que é um discípulo?
3.2 O que Jesus define como discípulo?
3.3 O que é o discipulado?
3.4 Bases bíblicas para o discipulado
3.5 As etapas do discipulado
3.6 Porque a igreja deve discipular

UNIDADE II

1 O DISCIPULADO E A FORMAÇÃO ESPIRITUAL DA FAMÍLIA


1.1 O desafio de discipular famílias
1.2 Lançando os fundamentos da palavra
1.3 Disciplinas para o crescimento espiritual

2 PILARES PARA UM CASAMENTO ABENÇOADO


2.1 Pilares teológicos
2.2 Pilares psicológicos

3 GRUPOS FAMILIARES DE DISCIPULADO: FUNDAMENTAÇÃO E PRÁTICA


3.1 A igreja de duas asas
3.2 Grupo familiar de discipulado

4 O DISCIPULADO EM AÇÃO: O GRUPO FAMILIAR NA PRÁTICA


4.1 Abertura de grupos de discipulado nos lares
4.1.1 Sondagem
4.1.2 Implantação
4.1.3 Desenvolvimento
4.2 Desenvolvimento na prática

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4.2.1 Socialização
4.2.2 Oração
4.2.3 Quebra-Gelo
4.2.4 Uso da Bíblia
4.2.5 Exposição da Palavra
4.2.6 Tira-Dúvidas e Exercícios
4.2.7 Oração Final Específica
4.3 Observações importantes

5 DISCIPULADO EM AÇÃO: AS DIRETRIZES DO DISCIPULADO


5.1 Diretrizes para a prática do discipulado nas igrejas
5.2 Alternativas para aproximar o discipulado das pessoas

6 O DISCIPULADOR E A ÉTICA
6.1 Ética
6.2 Ética Cristã
6.3 O discipulador e a Ética
6.4 Ética ao Discipular em classes
6.5 Questões éticas para reflexão

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS

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APRESENTAÇÃO

Caro(a) aluno(a), nesta Apostila de Estudos você irá estudar sobre o Discipulado.
Essa disciplina é de grande importância porque se ocupa com o acompanhamento de
novos convertidos e, portanto, está diretamente ligada com o crescimento saudável da
Igreja.
Também queremos destacar que a Apostila pretende tratar os assuntos de maneira
prática e direta, de modo a ajudar todos e todas que já trabalham com o Discipulado, ou,
que desejam servir ao Senhor nesse importante departamento.
Abordaremos questões relacionadas diretamente com os propósitos bíblicos do
Discipulado, sua definição, discipulado de novos convertidos, dicas práticas, entre outros.
Prezado(a) aluno(a), é importante que você leia atentamente todo o material, faça
as atividades, discuta os assuntos com seus colegas e líderes. Portanto, procure não se
limitar à Apostila de Estudos no seu processo de aprendizado. Quando tiver perguntas
ou dúvidas, pode entrar em contato com a Equipe de Pesquisa da Faculdade Refidim.
Desejamos-lhe bom estudo e sucesso!

A paz do Senhor!

Equipe de Pesquisa
Faculdade Refidim

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Unidade I

1. PROPÓSITOS BÍBLICOS:
PRIORIDADES DE JESUS PARA SUA IGREJA

“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações,


batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que
eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco
todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”
(Mateus 28.19-20).
INTRODUÇÃO

A sabedoria nos diz que devemos sempre fazer primeiro aquilo que é prioritário. Até
porque, a vinda do Senhor está próxima (Rm. 13.11) e devemos remir o tempo (Ef. 5.16).
Prioridade é aquilo que tem anterioridade na ordem do tempo, ou seja, é tudo que tem
preferência e primazia. Para que possamos ter uma vida ministerial atual e atuante e uma
Igreja discipuladora devemos trabalhar nas prioridades. A questão a ser feita diante desse
desafio é: como descobrir quais são as prioridades no Reino de Deus? Descobriremos as
prioridades da Igreja na Bíblia Sagrada, visualizando os propósitos que o Senhor Jesus
deixou para sua Igreja.
Uma das possibilidades de entender a ideia de propósito é associar o conceito com
a ideia de deliberação, intenção, resolução, decisão, modo sisudo, prudência, juízo, tino,
relação. O uso do dia-a-dia define propósito como objetivo final a ser alcançado.
Usaremos para embasar nossa tese também a ideia de propósito no sentido de intenção,
resolução, objetivo e prioridade.

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1.1 OS PROPÓSITOS BÍBLICOS DE CRISTO PARA SUA IGREJA

Quando lemos a declaração de Jesus em Mateus 16.18, notamos que o Senhor, ao


falar da edificação de Sua Igreja, cita o sólido fundamento “sobre esta pedra”, (Gr. Petra
i.e. rocha) que é o próprio Cristo, a rocha bendita e eterna (Ef. 2.20 e 1 Co. 3.11).
Não obstante, o Senhor Jesus em Mateus 7.24-25, disse que “todo aquele, pois,
que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que
edificou a sua casa sobre a rocha; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram
ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha” .
Entendemos que a Igreja do Deus vivo, coluna e firmeza da verdade (1 Tm 3.15), está
firmada em Cristo: Sua Pessoa e Suas Palavras. O maior empreendimento da história (a
Igreja), não poderia existir sem propósitos (Rm. 8.28; Ef. 3.2-10). Portanto, os propósitos
bíblicos da Igreja, se baseiam nos ensinos e obras do Senhor Jesus Cristo.
Quais os propósitos (intenções, objetivos, prioridades) de Jesus ao
constituir a Sua Igreja?
Encontramos a resposta a esta pergunta em duas passagens áureas dos
Evangelhos: a Grande Comissão (Mt. 28.19-20) e o Grande Mandamento (Mt. 22.36-40).
Conforme Stanley Horton, escreve na obra Doutrinas Bíblicas: os fundamentos da nossa
fé, a Igreja existe para a “evangelização do mundo”, “ministrar a Deus” e “edificar um
corpo de santos (crentes dedicados)” (in Lições Bíblicas Mestre, 2º Trimestre de 2011, p.
31. CPAD). Vemos também que o pastor brasileiro Geremias do Couto, nas Lições Bíblicas
do 1º Semestre de 1996, discorrendo sobre as prioridades da Igreja, lista três propósitos
principais da Igreja de Cristo: evangelização, comunhão e adoração.
Concluímos assim que no círculo teológico pentecostal existe uma concordância na
interpretação com relação aos propósitos principais, e pequenas divergências nos
propósitos secundários. Mais completa a relação propósitos detalhados por Doug Fields,
no livro “Um Ministério com Propósitos”: comunhão, adoração, discipulado (crescimento
espiritual), evangelismo e serviço (ministério).
A partir da análise dos textos base para nosso estudo dos propósitos, Mt. 28.19-20
e Mt. 22.37-39, podemos extrair algumas definições ou conceitos que nos ajudam a
perceber os principais propósitos da Igreja:

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Evangelismo: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações”


Discipulado (crescimento espiritual): “batizando-os em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar”
Adoração: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento”
Comunhão: “E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo”.
Serviço (ministério): “todas as coisas que eu vos tenho mandado” “como a ti
mesmo”.

1.2 DEFININDO OS PROPÓSITOS DA IGREJA

A Igreja de Cristo na Terra deve caminhar rumo ao seu destino vindouro, que é a
glorificação por ocasião da volta do Senhor (1 Ts. 4.17), baseada em propósitos definidos.
Vemos na práxis da primeira Igreja (comumente chamada de Igreja Primitiva) o
cumprimento de todos os propósitos divinos no dia-a-dia da comunidade cristã (ler Atos
2. 40-47). Os propósitos não estão abaixo listados por ordem de importância, mas por
motivação didática.

1.2.1 Comunhão

A comunhão é a unidade de propósitos e interesses dos salvos. Segundo Champlin,


a palavra grega koinonia aparece 18 vezes na Bíblia, indicando o partilhar de alguma
coisa (2 Co. 8.23), participar com algo (2 Co. 9.13) e também indica a partilha (Atos
2.42). Comunhão é a unidade integral da Igreja que vive em amor. Não é simplesmente
a amizade ou uma integração cultural. Ela sobrepuja a dimensão humana e é
caracterizada pela unidade espiritual da Igreja como corpo de Cristo. Quando a Igreja
vive este propósito, a comunhão atrai os não crentes para Jesus, através do bom
testemunho dos salvos (Atos 2.44,47; Mt. 5.14) O agente de nossa comunhão é o próprio
Espírito Santo (Rm. 8.14-16; 1 Co. 12.12-13).

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1.2.2 Adoração

Adorar, na definição popular, significa prestar culto. Como crentes verdadeiros,


Deus é o objeto da nossa adoração (Sl. 94.95-100). Embora haja várias formas, locais e
posturas corporais para adorar a Deus, o que mais importa é a adoração que vem do
coração (Jr. 29.13) e feita “em espírito e em verdade” (Jo. 4. 24), não deixando de ser
um “culto racional” (Rm 12.1).
O mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas é expresso em sua plenitude
máxima através da verdadeira adoração. Porém, entendendo que o homem, criado para
adorar a Deus, foi estigmatizado pelo pecado, vemos que os não-salvos buscam sempre
uma “divindade” para ser adorada ou idolatrada, justamente pela necessidade intrínseca
de demonstrar sua adoração. Assim sendo, o pecador tenta preencher o vazio de sua
alma com a adoração vã e errônea, a falsa adoração, que nos tempos de Paulo chegou
ao ponto de os gregos construírem um altar ao deus desconhecido (Atos 17.23,27),
justamente por não conhecerem a verdadeira adoração. Portanto a Igreja tem o privilégio
e a responsabilidade de ser um agente promotor e orientador da verdadeira adoração a
Deus!

1.2.3 Serviço (ministério)

É importante termos uma visão do que significa biblicamente a palavra Serviço. No


NT grego a palavra mais relevante no contexto de serviço é sem dúvida diakonia. Ela
aparece cerca de 33 vezes e em três formas: Diakoneo = servir (verbo), Diakonia =
serviço (substantivo), Diakono = diácono (substantivo). Segundo diz Pr. Fred Bornschein,
em seu livro “Diaconia – um estilo de vida”:
Para a compreensão do substantivo diakonia (serviço) permanece no
Novo Testamento a idéia básica da comunhão à mesa com o seu serviço
peculiar (Atos 6.1). Podemos pensar no “partir do pão” nas casas, nos
ágapes, nos quais os irmãos mais abastados proviam para os irmãos
carentes (1Cor 11), nas igrejas nas casas, como, por exemplo, a casa de
Estéfanas que praticava a diaconia (“sabeis que a casa de Estéfanas são
as primícias da Acaia e que se consagraram ao serviço [diakonia] dos
santos” - 1Cor 16.15). Este serviço, no qual as forças e os bens são

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investidos a favor dos outros, se revela como o elemento fundamental


para a manutenção da comunhão (koinonia) [...] Este serviço que envolve
não apenas o dinheiro e os bens, mas, também, o corpo e a vida (2 Cor
8.5 - “E não somente fizeram como nós esperávamos, mas também
deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de
Deus”), se torna uma força que dinamiza todo o Corpo de Cristo (Ef 4.12
- “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu
serviço, para a edificação do corpo de Cristo”). Por isso Paulo chama as
funções carismáticas que são exercidas dentro da igreja de “serviços”
[diakonia] (1 Cor 12.5 - “E também há diversidade nos serviços [diakonia],
mas o Senhor é o mesmo”). Mas “diakonia” pode se referir, também, a
um único carisma (Rom 12.7 - “se ministério [diakonia] dediquemo-nos
ao ministério”). Paulo amplifica o conceito de diakonia ainda mais quando
ele se refere a toda a obra salvadora de Deus como a uma diakonia de
Deus em Cristo a favor de todos os homens. Já no Velho Testamento
havia uma diakonia de Deus, mas no sentido da lei e, por isso, da morte,
da condenação (2 Cor 3.7,9). Mas por meio de Jesus irrompeu o ministério
(diakonia) do Espírito, da justiça, da reconciliação (2Cor 3.8,9 - Como não
será de maior glória o ministério [diakonia] do Espírito? Porque se o
ministério [diakonia] da condenação tinha glória, muito mais excede em
glória o ministério [diakonia] da justiça”). Este ministério foi confiado ao
apóstolo que como embaixador de Cristo proclama: “Deixai-vos reconciliar
com Deus”. “Mas todas as coisas provem de Deus, que nos reconciliou
consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério [diakonia] da
reconciliação” - 2Cor 5.18-20). A palavra “diakonia”, de certa maneira, é,
portanto, uma palavra técnica para se referir ao trabalho evangelístico.

Para resumir a ideia, o serviço cristão ou ministério (diakonia) é o trabalho que


prestamos ao próximo (irmão na fé ou não) e, consequentemente ao Reino de Deus,
motivados pelo amor de Deus e baseados no exemplo do Senhor Jesus (Jo. 13), que não
veio para ser servido, mas para servir (Atos 10.45).

1.2.4 Evangelização

Evangelização ou evangelismo é o ato de proclamar o evangelho (At. 1.8; Mc. 16.15)


em cumprimento da Grande Comissão. Podemos dizer que este propósito é a missão
máxima da Igreja, pois sem a proclamação do evangelho ninguém pode ser salvo,
conforme lemos em Romanos 10.9-17.

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O propósito de Deus na Grande Comissão (Mt.28.19-20) é a Evangelização Total:


Ide TODO crente; Por TODO o mundo; Pregar TODO o Evangelho; A TODA a Criatura.
Todos os crentes são convocados a evangelizar. O local é todo o mundo (Atos 1.8).
O alvo da pregação é toda a humanidade. O conteúdo da evangelização é todo o
evangelho. Por evangelho entendemos as boas novas de Deus compreensíveis por todos
os homens. O resumo da mensagem evangélica encontra-se no conhecido versículo de
João 3.16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
A mensagem salvadora do evangelho deve ser pregada, a tempo e fora de tempo
(2 Tm. 4.2) e a Escola Dominical não deve perder o foco do evangelismo, pois sua origem
foi baseada na evangelização e sua missão é “evangelizar enquanto ensina”.

1.2.5 Discipulado (crescimento espiritual)

O discipulado não é apenas um dos desdobramentos da evangelização, mas é a


principal maneira de evangelizar. Evangelizamos enquanto discipulamos e discipulamos
enquanto evangelizamos. A definição atual diz que discipulado é o processo em que o
novo convertido recebe todas as instruções indispensáveis ao crescimento de sua fé, até
poder fazer outros discípulos.
Vemos na Grande Comissão que Jesus não deixou para a Igreja um Plano B para
salvar a humanidade. Existe apenas um plano: a multiplicação através de discípulos
fazendo discípulos (Mt. 28.19-20 / 2 Tm. 2.2). A igreja atual precisa retomar o modo que
Jesus usava para evangelizar e formar discípulos há quase dois mil anos: relacionamentos
pessoais e ministração da Palavra de Deus.

Concluímos que toda ação da Igreja, deve ser dirigida pelos propósitos da
Comunhão, Adoração, Discipulado, Evangelismo e Serviço. Rick Warren, em seu livro
Uma Igreja com Propósitos, levanta uma questão importante sobre a motivação da
Igreja: Qual é a força que direciona e motiva nossa Igreja?

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Igrejas dirigidas pela tradição: Igrejas dirigidas por eventos:


“Nós sempre fizemos isso desse jeito”. “A meta é manter o povo ocupado”.

Igrejas dirigidas por personalidades: Igrejas dirigidas por sem-Igrejas:


“O que o líder da Igreja quer?”. “O que os sem-Igrejas querem?”

Igrejas dirigidas pelas finanças: O modelo Bíblico:


“Quanto isto vai custar?” Uma Igreja dirigida por propósitos.

Igrejas dirigidas por programas: Igrejas dirigidas por construções:


“Devemos concentrar “Formamos os nossos prédios e
no que foi planejado”. depois o prédios nos formam”.

O segredo do crescimento da Igreja do NT é que a mesma era dirigida pelos


propósitos de Deus. É por essa razão que ela superava os obstáculos, e crescia: “Julgai
se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; pois nós não
podemos deixar de falar das cousas que vimos e ouvimos” (At 4.19-20).

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2. INTEGRAÇÃO: CONDUZINDO PESSOAS AO DISCIPULADO

“Qual de vocês que, possuindo cem ovelhas, e


perdendo uma, não deixa as noventa e nove no campo
e vai atrás da ovelha perdida, até encontrá-la? E
quando a encontra, coloca-a alegremente nos ombros
e vai para casa. Ao chegar, reúne seus amigos e
vizinhos e diz: ‘Alegrem-se comigo, pois encontrei
minha ovelha perdida’” (Lucas 15.4-6).

2.1 O DISCIPULADO COMEÇA NA INTEGRAÇÃO

As pessoas que são alvos das práticas do discipulado são:

a) Não-crentes
b) Novos Convertidos
c) Desviados (Distanciados)

Isto posto, vamos conhecer um pouco mais sobre as práticas integração destas
pessoas que são alvo das práticas do discipulado:

2.1.1 Integrar é o ato de incluir, juntar ou incorporar

Devemos nos envolver plenamente, com todas as estratégias o novo crente em sua
nova vida. (Ex.: Recepção do Filho Pródigo). Este processo começa antes mesmo de sua
conversão e se prolonga até que esteja integrado à Igreja e ao serviço cristão, conduzindo
outros aos pés do Senhor Jesus.

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2.1.2 É criar condições de chegada e permanência da ovelha perdida

O novo convertido é como um bebê, espiritualmente falando, e precisa de carinho.


Na vida natural, quando um bebê está para nascer, todas as atenções da família
convergem para ele.

2.1.3 É criar condições de chegada e permanência da ovelha perdida

Em relação à ovelha perdida, só um coração apaixonado fará de tudo para vê-la


integrada ao corpo de Cristo.

2.1.4 É o elo de confiança entre a ovelha perdida e a Igreja

A confiança acontece quando a pessoa vê sinceridade e amor no ambiente em que


se encontra. Uma atitude hostil, por menor que seja, pode afugentá-la. (por isso que em
todas as parábolas houve uma festa de recepção).

2.2 COMO INTEGRAR PESSOAS À IGREJA E CONDUZI-LAS AO DISCIPULADO

2.2.1 A integração começa com os recepcionistas

A primeira impressão é a que fica, diz o ditado popular. Sendo assim, o recepcionista
é o “relações públicas” da Igreja. As pessoas designadas para tão nobre tarefa, precisam
ter as seguintes características: espiritualidade, maturidade, acessibilidade, cordialidade,
e, sobretudo interesse pela conversão dos pecadores.

2.2.2 A integração continua no momento do apelo

No momento do apelo toda a Igreja deve estar orando, gemendo e clamando, como
uma mãe à luz a seu filho. A título de ilustração, no hospital, quando uma mulher vai dar
à luz, ela precisa da ajuda do médico e dos enfermeiros. E muitas vezes, na Igreja, o
visitante precisa de alguém que o conduza ao altar no momento em que o pastor está

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fazendo o apelo para nascer espiritualmente. No momento em que o pecador aceita a


Jesus ou reconcilia-se com o Senhor, todos os irmãos quando forem possíveis, devem
abraçá-lo e parabenizá-lo por esta maravilhosa decisão.

2.2.3 A integração depende também da ficha de decisão

Quando uma criança nasce, ela recebe um nome, e precisa ser identificada para
não ser perdida na maternidade. Assim, é de suma importância ser preenchida a ficha de
decisão.

2.2.4 Conduzindo o novo crente ao discipulado

De posse de todas as informações sobre o novo convertido, o grupo do


departamento de discipulado local deve acompanha-lo para que inicie o discipulado.
1. O líder responsável deve registrar os dados na “ficha de decisão”;
2. Dentro de 24 horas no máximo deve ser feito um telefonema de “boas vindas”
para inteirá-lo das atividades da Igreja, e marcando a primeira visita;
3. Preferencialmente a primeira visita deve ser feita em 48 horas após a decisão;
4. Se possível, enviar “carta de boas vindas”, um e-mail com este propósito ou dar
as boas-vindas pelas redes sociais;
5. Tendo as portas abertas, iniciar o discipulado na casa do novo convertido;
6. Dependendo da situação, buscá-lo para participar da Escola Dominical e dos
Cultos de Ensino;
7. Integrá-lo ao Grupo de Louvor de Novos Convertidos (Novo Viver), para que ele
possa desenvolver a comunhão com seu grupo de afinidade na Igreja;
8. Envolvê-lo nas atividades da Igreja, para que o discipulado não se resuma apenas
às reuniões domésticas.

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3. DISCIPULADO: ENSINO EFICAZ PARA NOVOS CONVERTIDOS

“E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste,


confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para
também ensinarem os outros” (2 Timóteo 2.2).

A Grande Comissão dada por ocasião da ascensão do Senhor Jesus é uma


ordenança multíplice. Sabendo disso, se a Igreja se dedicar a apenas uma faceta desta
importante tarefa, com certeza não cumprirá integralmente o intento original de Cristo.
Ao edificar a “sua Igreja” (Mt. 16.18) e confirmá-la (Atos 1.8 / Atos 2.1ss), Jesus tinha
em mente não só o anunciar o evangelho (gr. kerigma: proclamação), mas também a
formação de discípulos (gr. Mateteuo: fazer discípulos) e a educação cristã (Ef. 4.11-16).
Conforme leitura de Atos 5.42, na Igreja a Igreja do NT cumpria estes propósitos: E todos
os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo.

3.1 O QUE É UM DISCÍPULO?

Segundo o dicionário, discipulado é o “que recebe disciplina ou instrução de outro;


aluno. Pessoa que adota uma doutrina: ex.: discípulo de Platão. O que segue as ideias
ou imita os exemplos de outro: ex.: discípulo de Hegel”.
A palavra discípulo (gr. Mathetés) aparece 269 vezes nos Evangelhos e em Atos.
Significa “pessoa ensinada, treinada, aluno, aprendiz”. Gary W. Kuhne em seu livro “O
Discipulado Dinâmico”, define discípulo como “um crente que está crescendo em
conformidade com Cristo, está dando frutos no evangelismo, e fazendo o trabalho de
aconselhamento para conservação dos frutos”.
Não basta ser seguidor, é preciso ser Discípulo. Não basta para a Igreja evangelizar,
mas é preciso ensinar (Mt. 28.20). Não precisamos apenas de evangelizadores, mas

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também de mestres (Efésios 4.11). Pois, quando a Igreja exala discípulos preparados e
cheios de amor, ela incha novos convertidos.

3.2 O QUE JESUS DEFINE COMO DISCÍPULO?

a) João 8.31: É um crente que está continuamente envolvido com a Palavra de


Deus.
b) João 13.35: É aquele que ama sacrificialmente, sem medir esforços.
c) João 15.8: É aquele que permanece em união frutífera com Cristo diariamente.
d) Lucas 14.27: É aquele que assume a sua cruz e segue a Cristo.
e) Lucas 14.33: É aquele que renuncia a tudo quando tem.

3.3 O QUE É O DISCIPULADO?

É o processo em que o novo convertido recebe todas as instruções indispensáveis


ao crescimento de sua fé, até poder fazer outros discípulos. Segundo o dicionário,
Discipulado vem do latim Discipulatus, e significa “Conjunto dos alunos de uma escola.
Aprendizado. Estado de quem é discípulo”. Definição Bíblica: Fazer discípulos. Em Mateus
28.19-20: “Fazei discípulos” v.19 (gr. Mateteuo). “Ensinar” v. 20 (gr. Didasko). Vejamos
ainda algumas citações sobre o discipulado:
“O discipulado Cristão é um relacionamento de mestre e aluno, baseado no modelo
de Cristo e seus discípulos, no qual o mestre reproduz tão bem no aluno a plenitude da
vida que tem em Cristo, que o aluno é capaz de treinar outros para ensinarem a outros”.
(Keith Phillips).
“Não existe discipulado se aquele que chama ao discipulado. Não há discípulo sem
a fé em Deus como Àquele que chama e liberta para o discipulado. Não há discipulado
que não consista no ato de obediência desta fé em Deus e logo nele” (Karl Barth).

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“A salvação é de graça, mas o discipulado custa tudo o que temos.” (Billy Graham).
“Evangelismo é dar um copo com água. Discipulado é mostrar a fonte.” (Pr. Sergio
Melfior).
O crescimento através do discipulado acontece por meio da multiplicação, ao
contrário de onde não existe discipulado, que o crescimento ocorre por meio da adição.

3.4 BASES BÍBLICAS DO DISCIPULADO

3.4.1 No Antigo Testamento

O princípio do discipulado já existia no Antigo Testamento. As palavras discípulos e


fazer discípulos têm sua idéia original, como a raiz do grego indica, na prática da
antiguidade dos povos do Oriente, de um aprendiz seguir seu mestre e seu ensino.
No AT encontramos algumas referências desse relacionamento:
– Discípulos dos Profetas (2 Reis 4.1,38)
– Discípulos do Levitas – Músicos (1 Crônicas 25.8)
– Elias e Eliseu (1 Reis 19.15-21 / 2 Reis 2.1-6)
– Moises e Josué (Números 27.15-20 / Josué 1.1-2)
– Davi e os Desesperados (1 Sm. 22.1-2 / 1 Cr. 11.10 / 2 Sm. 23.13)

3.4.2 No Novo Testamento

Em o Novo Testamento temos como base para o discipulado:


– A ordem do Senhor Jesus Cristo (Mc 16.15 / Mt 28. 19-20)
– O exemplo de Jesus (Mc 3.14)
– O exemplo de Paulo (Gl 4.19)
– Os ensinos de Paulo (2 Tm 2.2 / 2 Tm 4.2)

Além disso temos alguns exemplos neotestamentários:


– Discípulos de Moisés (João 9.28)

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– Discípulos de João Batista (Mateus 9.14)


– Discípulos dos fariseus (Lucas 5.33)
– Discípulos de Jesus(Mateus 5.1)
– Discípulos de Paulo (Atos 9.25)

Algumas referências de Jesus ao discipulado:


– Mateus 10.24; Mateus 10.25; Lucas 6.40; Lucas 14.26; Lucas 14.27;
Lucas 14.33; João 8.31; João 13.35; João 15.8; Atos 6.7.

Referências dos próprios discípulos:


– João 21.24; Atos 9.10; Atos 9.26; Atos 16.1; Atos 21.16

3.5 AS ETAPAS DO DISCIPULADO

As etapas do discipulado se desenvolvem como a existência humana. Jesus sempre


comparou a vida física à vida espiritual (João 3.7). Nosso alvo no discipulado é levar o
neoconverso de João 3.16 até 1 João 3.16.

3.5.1 Gravidez (evangelismo)

No evangelismo é plantada a semente no coração da pessoa (Mateus 13.3-23).


Depois ela começa a germinar e a brotar. Isto é comparável ao parto. Toda mulher
quando está dando a luz, normalmente sente dores de parto. Ela grita, geme, até chora.
O mesmo deve suceder no seio da igreja (Gálatas 4.19). Na hora em que o pregador está
fazendo o apelo, muitas vezes não há por parte da igreja as dores de parto. Deve suceder
assim: o pregador fazendo o apelo e a igreja gemendo de dores de parto, ou seja orando
em espírito. Gemendo e até chorando. Aí o milagre do novo nascimento acontece.

3.5.2 Nascimento (conversão) (João 3.7)

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Nos hospitais as enfermeiras auxiliam os médicos no parto. Isto nos fala que na
hora do apelo o pregador carece de auxiliares, de alguém que vá ao pecador e
carinhosamente faça-lhe o convite do novo nascimento, estendendo-lhe a mão amiga.

3.5.3 Cuidados Especiais (sondagem e pré-discipulado)

O recém-nascido precisa de cuidados especiais. Ele precisa ser identificado (recebe


um nome) e recebe todas as condições necessárias (roupas, leite materno, remédio se
for o caso). Quanto ao novo convertido não é diferente. Devem ser recepcionados
imediatamente após a conversão e identificados, através da "Ficha de Decisão". Qual a
finalidade da identificação? 1) Ter como localizá-lo. 2) Conhecer a realidade dele.

Sondagem
Coleta de dados
Conhecimento da realidade
Diagnóstico
Estratégia de Trabalho

São totalmente dependentes espiritualmente. Só conseguem digerir os aspectos


mais simples das verdades espirituais. "Com leite vos criei e não com manjar, porque
ainda não podíeis, nem tão pouco ainda agora podeis" (1 Coríntios 3.1-3). Precisam ser
alimentadas por outrem. Um recém-nascido não pode alimentar-se com o mesmo
alimento de um adulto. Começa com Leite Materno, papinhas, verduras amassadas, e
assim por diante. Que lição tiramos daqui? Não podemos alimentar o novo convertido
com comida forte.
Não haverá crescimento espiritual independente da Palavra de Deus. "Desejai
afetuosamente, como meninos novamente nascidos o leite racional, não falsificado, para
que por ele vades crescendo" (1 Pe 2.2).
 Têm dificuldade em falar (de explicarem a razão da fé).

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 Falta-lhes um senso adequado de valores. Agarram-se a detalhes sem


importância, em vez de aprenderem o que tem realmente valor. Eles se
escandalizam facilmente.
 Cuidando da saúde do recém-nascido. Não o deixe descalço (Efésios 6.15).
Não o deixe com roupas espirituais sujas (Eclesiastes 9.8). Não o deixe com
fome (Mateus 14.16).

3.5.4 Crescimento (edificação)

Toda criança em fase de desenvolvimento manifesta sua vocação. O novo


convertido em fase de crescimento espiritual, também manifesta sua vocação ou talento,
entregue por Deus para o bom andamento da obra.
Ajude o novo convertido a descobrir sua vocação. Como ajudar? Dando-lhe
oportunidade para desenvolver o talento.

3.5.5 Fase adulta (maturidade cristã)

Mesmo na fase adulta os pais acompanham os filhos no seu trabalho, nos estudos
e no casamento, mais de longe, mas sempre orientando quando são procurados. Da
mesma forma, nesta fase o Cristão já está apto a assumir suas próprias
responsabilidades, mas o discipulador, o “pai na fé” será consultado sempre para orientar
em assuntos difíceis.

3.5.6 Reprodução (multiplicação de discípulos)

Esta fase é quando o filho passa a ser também pai, assumindo a responsabilidade
de cuidar de outra vida, assim como foi cuidado quando era criança. Assim o ciclo se
repete: o discípulo passa a ser um discipulador, ou seja, acontece aí a multiplicação.
Nossa sugestão é que você possa ler novamente 2 Timóteo 2.2.

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3.6 PORQUE A IGREJA DEVE DISCIPULAR

a) Discipular é uma das maneiras mais estratégicas de se ter um ministério


pessoal ilimitado.
b) Discipular é o mais flexível dos ministérios.
c) Discipular é a maneira mais rápida e segura de mobilizar todo o corpo de Cristo
para evangelizar.
d) Discipular tem um potencial de mais longo alcance para produzir frutos do que
qualquer outro ministério.
e) Discipular propicia à igreja local excelentes líderes.
f) Discipular é um antídoto contra as heresias.

“Quando a Igreja exala discípulos, incha novos convertidos”.

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