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1961. Foi um psiquiatra, filósofo e ensaísta marxista. Seu pensamento filosófico, de origem
basicamente humanista, inspirou outros estudiosos e pensadores da diáspora africana,
teoria política e social, teoria da literatura, estudos culturais e, principalmente, estudos
sobre o colonialismo e o pós-colonialismo. Ao todo, escreveu quatro livros, sendo os dois
mais importantes lançados em português: Os condenados da terra e Pele Negra,
Máscaras Brancas. E tais livros foram de grande influência no pensamento político e
social, na literatura e na filosofia. Um grande exemplo influenciado pelas ideias de Fanon,
é Paulo Freire; podemos perceber isso em sua obra “Pedagogia do Oprimido”.
1) INTRODUÇÃO:
Em “Pele negra, máscaras brancas”, Frantz Fanon faz fortes críticas à violência colonial,
mostrando a colonização como um processo econômico, social e psíquico. Nas primeiras
páginas do livro, o autor diz sobre a necessidade de uma mudança, de uma libertação do
negro desse local em que a colonização o colocou, no entanto, deixando claro que isso
não pode ser feito de qualquer forma e sim que tal desalienação se daria de forma
planejada e menos explosiva.
A colonização não se da apenas na economia mas também no psicológico, na destruição
da identidade e do espírito do povo oprimido, que limita tal povo à falta de ser. Então
podemos perceber que a sociedade colonial existe de forma maniqueísta, onde para os
brancos foi privilegiado a zona do ser e ao indivíduo negro, restou a zona do não ser.
Sem uma identidade o negro tenta se fazer branco negando a si mesmo em busca do
privilegio da existência social, da individualização e da fala.
Antes de começar a resenha desta obra, é importante dizer que Fanon limita sua pesquisa
aos negros colonizados das Antilhas, podendo haver semelhanças e diferenças com os
negros colonizados de outros lugares do mundo.
No primeiro capítulo, o autor traça um paralelo entre o homem negro e a linguagem, isto é,
tendo em vista que quando se domina uma língua, se domina todo o universo que esta
linguagem representa, incluindo sua cultura. E quando se fala em um povo colonizado,
onde houve um sepultamento de sua originalidade e, consequentemente, um complexo de
inferioridade, a linguagem da nação civilizadora se torna um degrau a ser galgado por tal
povo. A língua crioula nasceu desse processo de aculturamento. Um negro que quer ser
respeitado deve falar o francês e abolir expressões crioulas ou sotaques que reverberem a
língua. Assim, também, a língua torna-se um importante mecanismo de manutenção de
opressões, pois uma pessoa branca para se referir a uma pessoa negra antilhana usa a
língua crioula, em que o negro se encontra numa posição abaixo, não podendo falar como
sendo um igual.
“Nas Antilhas não há nada igual. A língua oficialmente falada é o francês. Os professores
vigiam de perto as crianças para que a língua crioula não seja utilizada. Deixemos de lado
as razões evocadas. Aparentemente o problema poderia ser o seguinte: nas Antilhas como
na Bretanha há um dialeto e há a língua francesa. Mas a situação não é a mesma pois os
bretões não se consideram inferiores aos franceses. Os bretões não foram civilizados pelo
branco.” (p.42)
No segundo capítulo, Fanon fala da relação entre a mulher negra e o homem branco, em
como o sentimento de inferioridade do negro influencia nessas relações. O autor descreve
como a mulher negra idealiza o homem branco, e enxerga nele a possibilidade de
embranquecer-se, como também a seus descendentes. A mulher negra se sente inferior,
por isso aspira ser admitida no mundo branco.
“O problema é saber se é possível ao negro superar seu sentimento de inferioridade,
expulsar de sua vida o caráter compulsivo, tão semelhante ao comportamento fóbico. No
negro existe uma exacerbação afetiva, uma raiva em se sentir pequeno, uma incapacidade
de qualquer comunhão que o confina em um isolamento intolerável.” (p.59)