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05o.secagem Madeira PDF
05o.secagem Madeira PDF
Os dados abaixo, para o mogno, dão uma idéia do comportamento dessa curva.
UR = 0% => UE = 0%
UR = 12% => UE = 3%
UR = 25% => UE = 5%
UR = 37% => UE = 7%
UR = 50% => UE = 9%
Observando os dados acima vemos que uma madeira estocada numa região em que a UR
média seja de 87% vai servir para construir casas, mas que precisamos estocá-la numa região
com UR média de 37% se quisermos fabricar instrumentos musicais. Esse é o ponto: poucas
regiões no país atendem ao segundo requisito - só certas regiões do cerrado. Em São Paulo, por
ex. a UR média fica em torno de 75% e a UE mínima atingível é algo como 14% - muito alta
para construir instrumentos musicais.
A madeira atinge a UE, dependendo da espécie e das condições iniciais de umidade, em
prazos que variam de 15 dias a no máximo um ano. Não adianta deixar a madeira mais tempo
"secando": ao atingir a UE ela não baixa mais e apenas varia em torno desse valor,
acompanhando as variações da UR. Para se atingir os níveis especificados de UE para
instrumentos musicais é necessária a secagem em estufa - a natureza não ajudará em nada nesse
caso.
Construa uma caixa que seja o mais hermética possível e que tenha uns 50cm do fundo
impermeável. Ela não pode ser MUITO grande mas algo com volume interno de até 2m³
funciona - e a caixa deve ser larga e baixa para que a relação Volume/Área da Base seja
pequena. Também deverá ter uma porta de acesso e prateleiras construídas de uma maneira que
o ar possa circular livremente por elas.
Compre uma boa bomba de aquário, daquelas que fazem borbulhas para aerar a água dos
peixes, e a monte de uma maneira que a tomada de ar fique na parte de cima da caixa (mas
pegando o ar interno) e a saída - onde deverá haver um difusor (um tubo com muitos furos
serve) - fique no fundo da caixa. Note que essa bomba somente fará o AR INTERNO circular -
vai tomar o ar em cima e jogá-lo para baixo.
Encha o fundo com 20cm - 30cm de água, cobrindo o difusor, e dilua um dos sais
recomendados na tabela abaixo - classificados de acordo com a UE desejada - até conseguir
uma solução saturada com muita folga - quando o sal não diluir mais (saturação), acrescente um
pouco mais dele para ficar como quando a gente põe muito açúcar no café ou no suco.
Coloque suas madeiras lá dentro e vá dormir sossegado!
Essa técnica é muito usada em museus quando os objetos expostos devem ficar sob
umidade controlada. Ela funciona porque a solução impede que muitas moléculas de água
escapem da superfície líquida, assim valores baixos de UR podem ser conseguidos. Como sais
diferentes têm solubilidades diferentes, umidades diferentes podem ser conseguidas.
Esquema da câmara para secagem :
PSF
Para visualizar como é a estrutura da madeira e sua relação com a água, imaginem uma
esponja (daquelas que crescem no mar não as Scotch Brite... hehehe...) imediatamente após ser
retirada de um balde de água. Nessa situação a esponja é similar à madeira já que as "paredes
celulares" estão totalmente saturadas e inchadas e as "cavidades celulares" estão parcialmente
ou completamente preenchidas com água. De maneira similar, a água nas cavidades celulares da
madeira, chamada de água livre, pode ser espremida para fora delas . Se você pegar um pedaço
de madeira verde e prensá-la nas garras de uma morsa por exemplo, você até poderá ver a água
pingando para fora da madeira. Dá pra encher um copinho...
Imagine agora que esta esponja seja bem espremida, a ponto de não sobrar mais nenhum
vestígio de água. Ela estará ainda do mesmo tamanho, flexível e levemente úmida ao toque. Na
madeira, a condição equivalente é conhecida como Ponto de Saturação das Fibras (PSF).
Nesse estado, as cavidades celulares estão vazias da água livre mas as paredes celulares ainda
estão saturadas de água e então no seu estado de menor resistência mecânica. Esta água que
satura as paredes é chamada de água de ligação. Ao contrário da água livre, que está ali só
preenchendo um espaço vazio, essa água está na madeira devido a forças de atração molecular
dentro das paredes celulares.
A maior ou menor facilidade de perda da água livre depende do tipo de célula que contrói
a espécie - que define seu grau de capilaridade - mas essa perda não interfere nas características
físicas da madeira.
INTRODUÇÃO
Uma vista geral do secador solar do INPA está mostrada na Figura 2. Os detalhes da sua
construção serão descritos a seguir. Um manual completo sobre a construção e operação do
secador foi preparado em português, espanhol e inglês [1], e o protótipo está patenteado desde
1993.
DESIGN E CONSTRUCÄO DO SECADOR
O coletor solar é do tipo simples e plano, usando a laje da câmara de secagem como
superfície coletora de calor. A cobertura consiste de placas de vidro plano, com uma área total
de 16 m², que serve ao mesmo tempo de telhado. Dutos de ar, tipo chaminés, nas paredes
laterais fazem a conexão entre o coletor solar e a câmara de secagem. Aberturas de 20 cm de
diâmetro também localizadas nas paredes laterais fazem a renovação do ar, e podem ser abertas
ou fechadas manualmente.
O princípio de funcionamento do secador é mostrado na Figura 4. O ar aquecido no
coletor solar é conduzido pelos ventiladores através das pilhas de madeira, retirando assim a
umidade das tábuas.
O controle da temperatura e umidade é feito por meio das aberturas laterais ('dumpers').
No início da secagem, com umidade elevada no interior da câmara, essas aberturas ficam
completamente abertas para remover o ar saturado, por tempo determinado, de acordo com o
programa de secagem específico para cada espécie madeireira.
EFICIÊNCIA DO SECADOR
Na Figura 4 são apresentadas as curvas para perda de umidade de uma carga de copaíba,
como também para a energia solar captada durante a secagem.
Nessas curvas, pode-se perceber que a carga atingiu um teor de umidade de 14% após 19
dias, baixando até 10% após 26 dias, que foi o final da secagem. Isto pode ser considerado um
bom resultado, levando em conta que o teste ocorreu num período de pouca oferta de energia
solar.
A distribuição da energia solar que chegou ao sistema ilustra que as flutuações ocorridas
não influenciaram substancialmente a curva de secagem, sugerindo que a capacidade de
armazenamento de calor do secador é alta.
Como mostrado na Tabela 1, madeiras mais pesadas podem ser secas até 12% de umidade
em aproximadamente 30 dias, enquanto que madeiras leves necessitam de cerca de 20 dias para
alcançarem o mesmo teor de umidade. É importante ressaltar que o tempo de secagem depende
do tipo de madeira e da época do ano em que o processo de secagem é realizado.
A eficiência energética total do secador foi estimada em 20% para secar uma carga de 2
m³ de mandioqueira (Qualea paraensis), sendo essa eficiência definida como a integral da
energia necessária para secar uma carga de 78% a 10% de teor de umidade, dividida pela
integral da energia captada no coletor solar mais a energia utilizada para mover os ventiladores
durante a secagem [2].
O modelo do secador solar desenvolvido pelo INPA já está sendo utilizado pela indústria.
Unidades demonstrativas foram construídas em Manaus/AM, Macapá/AP, Ariquemes/RO,
Vilhena/RO, Ouro Preto/RO, Santarém/PA, Belém/PA, Boa vista/RR e Araguacema/TO. Até o
presente, um total de 20 unidades foram instaladas no Brasil e em outros países, incluindo Peru,
Costa Rica e Malásia, mas as pesquisas continuam para otimizar ainda mais a eficiência do
secador. A mais recente inovação é a utilização de Células Fotovoltaicas para mover os
ventiladores, de forma que o secador se tornará totalmente independente de energia elétrica
convencional, podendo assim ser instalado em locais remotos, que não estejam conectados à
rede elétrica. Testes relacionados com a ligação direta dos ventiladores aos painéis fotovoltaicos
(sem o uso de baterias) já foram realizados e os resultados demonstraram que o processo de
secagem não é prejudicado pelo caráter intermitente do suprimento de energia elétrica [3].
Atualmente, a pesquisa se concentra na otimização dos ventiladores, com a finalidade de
diminuir a quantidade de painéis solares necessários para suprir a potência dos mesmos.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O secador solar para madeira descrito neste trabalho é eficiente e de custo acessível,
adequando-se perfeitamente às pequenas e micro empresas de regiões tropicais. O custo do
secador depende obviamente da procedência dos materiais utilizados na sua construção, porém,
baseando-se nos preços de mercado na cidade de Manaus, pode-se afirmar que o investimento
não excederá o valor de US$ 5,000.
As investigações com o protótipo e as experiências na indústria mostraram que a
utilização do secador solar do INPA resulta numa redução significativa do tempo de secagem
em comparação com a secagem ao ar livre, e permite o aumento da qualidade do produto final.
Entre os aspectos mais importantes dessa tecnologia, pode-se destacar:
• O custo de energia para mover os ventiladores durante a secagem de uma carga (720
kWh) foi estimado em US$ 100, para a cidade de Manaus.