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Guia Nacional

De Coleta E
Preservação
De Amostras
Água, Sedimento,
Comunidades
Aquáticas E
Efluentes Líquidos
Guia Nacional De Coleta
E Preservação De Amostras
Água, Sedimento, Comunidades Aquáticas
E Efluentes Líquidos

introdução 1
República Federativa do Brasil
Dilma Vana Rousseff
Presidenta

Ministério do Meio Ambiente


Izabella Mônica Vieira Teixeira
Ministra

Agência Nacional de Águas


Diretoria Colegiada Superintendência de Gestão da Rede
Vicente Andreu Guillo (Diretor-Presidente) Hidrometeorológica (SGH)
Dalvino Troccoli França Valdemar Santos Guimarães
Paulo Lopes Varella Neto
João Gilberto Lotufo Conejo Superintendência de Gestão da
Paulo Rodrigues Vieira Informação (SGI)
Sérgio Augusto Barbosa
Secretaria-Geral (SGE)
Mayui Vieira Guimarães Scafuto Superintendência de Apoio à Gestão de
Recursos Hídricos (SAG )
Procuradoria-Geral (PGE) Rodrigo Flecha Ferreira Alves
Emiliano Ribeiro de Souza
Superintendência de Implementação de
Corregedoria (COR) Programas e Projetos (SIP)
Elmar Luis Kichel Ricardo Medeiros de Andrade

Auditoria Interna (AUD ) Superintendência de Regulação (SRE)


Edmar da Costa Barros Francisco Lopes Viana

Chefia de Gabinete (GAB) Superintendência de Usos Múltiplos e Eventos


Horácio da Silva Figueiredo Junior Críticos (SUM)
Joaquim Guedes Correa Gondim Filho
Coordenação de Articulação e
Comunicação (CAC ) Superintendência de Fiscalização (SFI)
Antônio Félix Domingues Flavia Gomes de Barros

Coordenação de Gestão Estratégica (CGE) Superintendência de Administração, Finanças


Bruno Pagnoccheschi e Gestão de Pessoas (SAF)
Luís André Muniz
Superintendência de Planejamento de Recursos
Hídricos (SPR)
Ney Maranhão

Governo do Estado de São Paulo


Geraldo Alckmin
Governador

Secretaria do Meio Ambiente


Bruno Covas
Secretário

Companhia Ambiental do Estado de São Paulo


Diretor-Presidente Diretor de Controle e
Otavio Okano Licenciamento Ambiental
Geraldo do Amaral Filho
Diretor Vice-Presidente
Nelson Roberto Bugalho Diretor de Engenharia e
Qualidade Ambiental
Diretor de Gestão Corporativa Carlos Roberto dos Santos
Sérgio Meirelles Carvalho
Diretora de Avaliação e Impacto Ambiental
Ana Cristina Pasini da Costa

2 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Companhia Ambiental do
Agência Nacional de Águas Estado de São Paulo
Ministério do Meio Ambiente Secretaria de Meio Ambiente
Governo do Estado de São Paulo

Guia Nacional De Coleta


E Preservação De Amostras
Água, Sedimento, Comunidades Aquáticas
E Efluentes Líquidos

Brasília-df
2011

introdução 3
© Agência Nacional de Águas – ANA, 2011 © Companhia Ambiental do Estado de São
Setor Policial Sul, Area 5, Quadra 3, Paulo – CETESB, 2011
Blocos B, L, M e T. Av. Professor Frederico Hermann Júnior,
CEP: 70.610-200, Brasília – DF. 345, térreo, Alto de Pinheiros
PABX: (61) 2109-5400 | (61) 2109-5252 CEP 05.459-900 São Paulo – SP
www.ana.gov.br www.cetesb.sp.gov.br

Equipe editorial

Supervisão de edição: Produção:


Superintendência de Implementação de Athalaia Gráfica e Editora.
Programas e Projetos - SIP/ANA.
Banco Interamericano de Projeto gráfico / Capa / Diagramação:
Desenvolvimento - BID. Eduardo Meneses
Companhia Ambiental do Estado de São
Paulo - CETESB. Fotografias:
Banco de imagens da CETESB.
Elaboração dos originais:
Companhia Ambiental do Estado de São Tiragem:
Paulo - CETESB. 2.000 exemplares

Revisão dos originais: Todos os direitos reservados.


Companhia Ambiental do Estado de São E permitida a reprodução de dados e de
Paulo - CETESB. informações contidos nesta
Superintendência de Implementação de publicação, desde que citada a fonte.
Programas e Projetos - SIP/ANA.

Catalogação na fonte: CEDOC/Biblioteca

C737g Companhia Ambiental do Estado de São Paulo.

Guia nacional de coleta e preservação de amostras: água, sedimento, comunidades aquáticas


e efluentes líquidos / Companhia Ambiental do Estado de São Paulo; Organizadores: Carlos Jesus
Brandão ... [et al.]. -- São Paulo: CETESB; Brasília: ANA, 2011.

326 p.: il.

ISBN –

1. Água, Monitoramento 2. Água, Coleta de amostras. 3. Água, Preservação de amostras.


I. Brandão, Carlos Jesus, org. II. Botelho, Marcia Janete Coelho, org. III. Sato, Maria Inês Zanoli, org.
IV. Lamparelli, Marta Condé, org. V. Título

CDU (2. ed.) 556.043(81)(058)

4 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB

Organizadores Mara Elisa Pereira Salvador*


Carlos Jesus Brandão Setor de Comunidades Aquáticas
Márcia Janete Coelho Botelho* Márcia Janete Coelho Botelho *
Maria Inês Zanoli Sato Setor de Comunidades Aquáticas
Marta Condé Lamparelli Maria do Carmo Carvalho
Setor de Comunidades Aquáticas
Autores Maria Inês Zanoli Sato
Adriana Castilho R. de Deus Departamento de Análises Ambientais
Setor de Comunidades Aquáticas Marta Condé Lamparelli
Cacilda J. Aiba*, Divisão de Análises Hidrobiológica
Divisão de Análises Físico-Químicas Mônica Luisa Kuhlmann
Carlos Jesus Brandão Setor de Comunidades Aquáticas
Setor de Amostragem Neusa Akemi N. Beserra
Carlos Ferreira Lopes Setor de Química Orgânica
Setor de Atendimento a Emergência Paulo Fernando Rodrigues
Carlos Roberto Fanchini Setor de Águas Subterrâneas e Solo
Agência Ambiental de Jundiai Paulo Sérgio Gonçalves Rocha
Déborah Arnsdorff Roubicek Setor de Amostragem
Setor de Toxicologia Humana Regis Nieto
e Saúde Ambiental Setor de Avaliação de Sistema
Elayse Maria Hachich de Saneamento
Setor de Microbiologia e Parasitologia Ricardo Minçon Filho*
Francisco J. Ferreira Setor de Amostragem
Setor de Química Inorgânica Rita Cerqueira Ribeiro de Souza*
Gilson Alves Quináglia Setor de Comunidades Aquáticas
Setor de Análises Toxicológicas Rogério Visquetti de Santana
Helena Mitiko Watanabe Setor de Amostragem
Setor de Comunidades Aquáticas Rosalina Pereira de A. Araújo
João Carlos Carvalho Milanelli Setor de Ecotoxicologia Aquática
Agência Ambiental de Ubatuba Valéria Aparecida Prósperi
José Eduardo Bevilacqua Setor de Ecotoxicologia Aquática
Diretoria de Avaliação de Venicio Pedro Ribeiro
Impacto Ambiental Setor de Amostragem
Júlio César Swartelé Rodrigues Vivian Baltazar
Setor de Avaliação de Sistema Setor de Amostragem
de Saneamento
Luis Altivo Carvalho Alvim
Setor de Hidrologia e
Interpretação de Dados
Colaboradores Nancy de Castro Stoppe*
Cesar Augusto Martins Roda* Setor de Microbiologia e Parasitologia
Setor de Amostragem Osvaldo Atanagildo da Silva
Fernando de Caires Setor de Amostragem
Setor de Amostragem Renato Pizzi Rossetti
Geraldo G. J. Eysink* Setor de Hidrologia e
Interpretação de Dados
Setor de Comunidades Aquáticas
Guiomar Johnscher Fornasaro
Setor de Comunidades Aquáticas
Marcelo Adriano de Oliveira
Setor de Amostragem
Meron Petro Zajac
Diretoria de Avaliação de *ex-funcionários da CETESB e
Impacto Ambiental suas áreas de origem

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA

Colaboração Técnica
Adriana de Araujo Maximiano
Ana Paula Montenegro Generino
Doralice Meloni Assirati
Maria Cristina de Sá Oliveira Matos Brito
Paulo Augusto Cunha Libânio

BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO - BID

Apoio
Fernanda Campello (consultora)
Irene Guimarães Altafin
Janaina Borges de Pádua Goulart
Rafael Porfírio Tavares (consultor)
Agradecimentos

A Agência Nacional de Águas agradece a todos que contribuíram para


este documento, em especial:

- à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), que com


conhecimento, experiência e dedicação elaborou e revisou essa obra,
e permitiu a ANA publicá-la para se tornar um documento técnico de
referência nacional em apoio às ações do Programa Nacional de Avalia-
ção de Qualidades das Águas (PNQA);

- ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) pelo apoio à


implementação do PNQA, por meio da Cooperação Técnica ATN/OC
11.888-BR;

- aos órgãos de meio ambiente e de recursos hídricos e às companhias


de saneamento estaduais e do Distrito Federal que se dedicaram a re-
visar esta obra e a contribuir com sugestões para seu aperfeiçoamento
durante a consulta técnica dirigida realizada pela ANA, em especial a:

• Alagoas: Instituto de Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA);


• Amapá: Instituto de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial do
Amapá (IMAP);
• Bahia: Empresa Baiana de Águas e Saneamento S/A – (Embasa);
• Ceará: Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE);
• Distrito Federal: Agência Reguladora de Águas e Saneamento do
Distrito Federal (ADASA) e Companhia de Saneamento Ambiental
do Distrito Federal (CAESB);
• Espírito Santo: Companhia Espírito Santense de Saneamento (CE-
SAN);
• Mato Grosso do Sul: Instituto do Meio Ambiente do Mato Grosso
do Sul (IMASUL);
• Minas Gerais: Instituto Mineiro de Gestão das Águas do Estado de
Minas Gerais (IGAM) e Companhia de Saneamento de Minas Ge-
rais (COPASA);
• Paraíba: Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos, do Meio Am-
biente e da Ciência e Tecnologia do Estado da Paraíba (SERHMACT);
• Paraná: Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e Secretaria de Estado de
Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Paraná (SEMA);
• Piauí: Águas e Esgotos do Piauí S/A (AGEPISA);
• Rio Grande do Norte: Instituto de Desenvolvimento Econômi-
co e Meio Ambiente (IDEMA) e o Instituto de Gestão das Águas
(IGARN);
• Santa Catarina: Companhia Catarinense de Águas e Saneamento
(CASAN);
• Sergipe: Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO).

Aos órgãos federais envolvidos, direta ou indiretamente, com ações


relacionadas à qualidade das águas que contribuíram para o aperfeiço-
amento dessa obra:

• Fundação Nacional de Saúde (FUNASA);


• Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA) do Ministé-
rio das Cidades; e
• Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde.

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo registra um especial


agradecimento:

• aos autores da publicação original do “Guia de Coleta e Preserva-


ção de Amostras Ambientais” editado em 1988 que lançaram a pedra
fundamental para construir o novo texto desse Guia de Coleta: Azor
Camargo Penteado Filho, Ben Hur Luttembarck Batalha, Denise
Navas Pereira, Edmundo Garcia Agudo, Eduardo Bertoletti, Ernesto
Werner Fredricksson, Guiomar Johnscher Fornasaro, Helcias Ber-
nardo de Padua, Helga Bernhard de Souza, Ivan Ronaldo Horcel, João
Ruocco Junior, José Guilherme Barreto Pires, José Leomax dos San-
tos, José Luiz de Guide, Maria Helena Roquetti Humayta, Maria Neu-
za Alves, Maria Therezinha Martins, Nilson Ney Scatigno, Paulo Tetuia
Hasegawa, Petra Sanchez Sanchez, Renato Amaral, Rosa Helena de
Oliveira Martins Freitas, Sebastião Gaglianone, Sergio Roberto e
Vanderlei Marujo Prado;
• à ANA que, com o apoio do BID, viabilizou a publicação deste Guia.
lista de figuras

Figura 1. Planejamento para a seleção de locais e posições de monitoramento 32

Figura 2. Etapas principais para o planejamento de programas de amostragem 34

Figura 3. Efeito da variabilidade temporal na estimativa quantitativa da concentração


de uma dada variável: (A) Variações aleatórias; (B) Variações aleatórias e cíclicas 37

Figura 4. Representação esquemática da mistura de um efluente com


o rio: Vista Superior – dispersão lateral do efluente; Corte Lateral – dispersão
vertical e lateral do efluente 41

Figura 5. Variação da qualidade de um corpo d’água considerando a distância do ponto


de lançamento de descarga: (A) Local de amostragem próximo à descarga; (B) Posição
intermediária do local de amostragem; (C) Local de amostragem distante da descarga 43

Figura 6. Dimensões do tecido de gaze para a confecção da mecha para coleta


de amostras para análise de patógenos 64

Figura 7. Mecha empregada na técnica de Moore: (a) Esquema; (b) foto da mecha
de gase com meio de transporte (Carry Blair) 64

Figura 8. Esquema de replicata para cálculo de incerteza da amostragem 79

Figura 9. Balde de aço inox 84

Figura 10. Coletor com braço retrátil: (A) Vista lateral do equipamento montado;
(B) Vista do balde e do braço retrátil desmontado; (C) Vista superior do balde coletor 84

Figura 11. Batiscafo: (A) Batiscafo fechado; (B) Esquema ilustrativo em corte do
equipamento; (C) Batiscafo aberto 85

Figura 12. Esquema de uma Garrafa de van Dorn 86

Figura 13. Garrafa de Niskin 86

Figura 14. Mensageiro: (A) Equipamento industrializado; (B) Mensageiro manufaturado 86

Figura 15. Garrafa de van Dorn de fluxo vertical: (A) Garrafa desmontada;
(B) Garrafa montada 87

Figura 16. Garrafa de van Dorn de fluxo horizontal: (A) Garrafa desmontada;
(B) Garrafa montada 87

Figura 17. Armadilha de Schindler-Patalas 88

Figura 18. Rede de plâncton: (A) Vista frontal da rede e copo coletor;
(B) Vista lateral da rede e copo coletor 89
Figura 19. Copo coletor de rede de plâncton: (A) Inox; (B) PVC 89

Figura 20. Fluxômetro 91

Figura 21. Pegador Ekman-Birge: (A) Equipamento desmontado; (B) Equipamento


montado 92

Figura 22. Pegador Ekman-Birge, modificado por Lenz: (A) Vista lateral
do equipamento montado; (B) Vista frontal do equipamento fechado com
fracionador de sedimento inserido 94

Figura 23. Pegador Petersen modificado 95

Figura 24. Pegador van Veen 96

Figura 25. Pegador Ponar Pequeno 97

Figura 26. Pegador Shipek - (A) Desmontado; (B) Montado 98

Figura 27. Testemunhador modelo Kajak-Brinkhurst (K-B corer) 99

Figura 28. Pegador Manual 100

Figura 29. Draga Retangular 101

Figura 30. Delimitador Surber 102

Figura 31. Delimitador Hess-Canton 102

Figura. 32. Detalhe do delimitador para estimativa da porcentagem de cobertura


de comunidades de costão rochoso 103

Figura 33. Dimensões do delimitador 103

Figura 34. Máquina fotográfica montada com lente “close-up”, suporte


com delimitador de enquadramento e flashes 104

Figura 35. Detalhe do delimitador para estimativa da estrutura espacial de


comunidades de costão rochoso, indicando suas respectivas dimensões em centímetros 105

Figura 36. Medidor de declive de praia 105

Figura 37. Rede Manual 106

Figura 38. Substrato artificial do tipo cesto preenchido com pedra de brita 108

Figura 39. Substrato artificial do tipo flutuador, com lâminas de vidro:


(A) Vista superior do flutuador; (B) Vista do flutuador instalado próximo à margem 109

Figura 40. Substrato artificial do tipo flutuador, com lâminas de vidro: Detalhe
do fio náilon de sustentação do flutuador 110

Figura 41. Perifitômetro com escova -VIS, 1997, modificado 111

Figura 42. Rede de espera de superfície 121


Figura 43. Rede de espera armada 122

Figura 44. Retirada da rede de espera 122

Figura 45. Rede de espera ancorada no fundo 123

Figura 46. Exemplos de espinhéis 124

Figura 47. Caniço ou vara de pesca 125

Figura 48. Curral 126

Figura 49. Cesto ou canastra 126

Figura 50. Cesto ou canastra 127

Figura 51. Diferentes armadilhas “Tipo Covo”: (A) Armadilha de forma cilíndrica;
(B) Armadilha para pesca da lagosta; (C) Armadilha para peixes de pequeno porte em rios 127

Figura 52. Rede de arrasto manual: (A) Foto da rede de arrasto manual
em operação; (B) Esquema da rede de arrasto manual 128

Figura 53. Rede de arrasto por embarcação 129

Figura 54. Rede de arrasto manual do tipo saco: A) Foto da rede de arrasto
manual tipo saco em operação; (B) Esquema do detalhe do saco 129

Figura 55. Tarrafa: (A) Tarrafa em uso; (B) Vista superior da tarrafa 130

Figura 56. Puçá: (A) Vista lateral (Foto: Adriana C. C. R. de Deus);


(B) Equipamento em uso 130

Figura 57. Pesca elétrica com aparelhagem do tipo móvel (mochila) 131

Figura 58. Localização genérica de pontos de coleta de água superficial


em grandes cursos de água 134

Figura 59. Coleta de amostras de água superficial: (A) Disposição dos frascos
com identificação; (B) Distribuição da amostra em todos os frascos; (C) Frascos
preechidos com amostra 137

Figura 60. Coleta de amostras de água superficial para análise de OD:


(A) Batiscafo; (B) Fechamento do frasco 137

Figura 61. Procedimento de preservação de amostra: (A) Adição de ácido


nítrico 1+1 para preservação de metais pesados; (B) Adição de acetato de zinco
para preservação de sulfeto 137

Figura 62. Coleta de amostra em profundidade com garrafa de van Dorn


de Fluxo Vertical 138

Figura 63. Filtração em campo de amostra para metais dissolvidos 140

Figura 64. Coleta de amostra com balde de aço inox para Teste de Ames 142
Figura 65. Coleta de amostra de água superficial para análise microbiológica:
(A) com balde de aço inox; (B) diretamente do corpo d’água 145

Figura 66. Acondicionamento e transporte de amostras para análises


microbiológicas em caixa térmica sob refrigeração 146

Figura 67. Coleta de amostra de água recreacional (mar) para análise microbiológica 149

Figura 68. Sistema Porta Filtro para Filtração de Amostras para Ensaio
de Clorofila a e Feofitina a em Laboratório 155

Figura 69. Sistema Porta Filtro para Filtração de Amostras para Ensaio
de Clorofila a e Feofitina a em Campo 155

Figura 70. Bomba de Vácuo Manual para campo 156

Figura 71. Bomba de Vácuo Elétrica para campo 156

Figura 72. Floração ou “Bloom” de Cianobactérias no Reservatório


Billings – São Paulo-SP: (A) Proliferação excessiva de algas e cianobactérias;
(B) Disco de Secchi recoberto por algas e cianobactérias 157

Figura 73. Seleção de substrato 164

Figura 74. Detalhe da seleção de ramos e folhas 165

Figura 75. Cortes dos ramos e folhas selecionadas 165

Figura 76. Seleção de ramos e folhas - Material coletado na bandeja


com o lado a ser raspado para cima 165

Figura 77. Raspagem do substrato com pincel macio 166

Figura 78. Desenho manual das folhas e ramos 166

Figura 79. Paquímetro utilizado para medida do comprimento e diâmetro


dos ramos e tamanho das folhas 167

Figura 80. Medida do diâmetro dos ramos 167

Figura 81. Coleta de amostras para Perifíton com perifitômetro com escova,
modificado por VIS: (A) Introdução do amostrador no local selecionado, (B) Retirada
do perifiton com a escova; (C) Bombeamento da água e perifiton raspado
e preenchimento do frasco 168

Figura 82. Coleta de amostras para Perifíton. (A) Flutuador de Lâminas de vidro;
(B) Retirada do Flutuador de Lâminas de vidro 170

Figura 83: Coleta de amostras de zooplâncton com armadilha


de Schindler-Patalas (A) Equipamento posicionado para descida;
(B) Equipamento içado após coleta, (C) Amostra sendo filtrada, (D) Desconexão
do copo coletor, (E) Transferência da amostra retida no copo coletor para o frasco,
(F) Lavagem externa do copo coletor para a retirada de material aderido nas paredes 176
Figura 84. Esquema de um sistema de produção e distribuição de água. – Fluxo
operacional: (1) Manancial de abastecimento; (2) Aplicação de produtos químicos;
(3) Sistema de Floculação; (4) Sistema de decantação; (5) Sistema de filtração;
(6) Aplicação de cloro, flúor e cal; (7) Reservatório da ETA; (8) Reservatório elevado;
(9) Rede de distribuição 209

Figura 85. Torneiras localizadas no laboratório da ETA para controle das etapas
do processo de tratamento 212

Figura 86. Coleta de amostra na torneira, após o hidrômetro 214

Figura 87. Coleta de amostra na torneira do jardim, após hidrômetro 214

Figura 88. Coleta de amostras em reservatório com balde e corda estéreis:


(A) Balde estéril, (B) Balde e corda estéril em procedimento de coleta 216

Figura 89. Vista interna do container de uma Estação Automática


de Monitoramento: (A) Em primeiro plano o amostrador automático refrigerado
e, ao fundo, o gabinete onde estão instalados o CLP e os medidores de pH, OD,
temperatura e condutividade elétrica; (B) Turbidímetro 254

Figura 90. Vista da Estação Automática de Monitoramento Rasgão, localizada


no rio Tietê em Pirapora do Bom Jesus – SP: (A) Vista da estrutura metálica
flutuante que suporta a bomba de recalque; (B) Container 254

Figura 91. Réguas Limnimétricas 259

Figura 92. Molinete Hidrométrico 262

Figura 93. Minimolinete Hidrométrico 262

Figura 94. Micromolinete Hidrométrico 263

Figura 95. Guincho Hidrométrico 264

Figura 96. Perfilador Acústico de Corrente por Efeito Doppler ou ADCP 265

Figura 97. Calha Parshall: (A) Vista superior em corte de uma calha Parshall;
(B) Vista lateral em corte longitudinal de uma calha Parshall 269

Figura 98. Vertedores de parede delgada: (A) Soleira delgada; (B) Soleira espessa 270

Figura 99. Vertedores de parede delgada: (A) Vertedouro retangular


e cálculo da vazão; (B) Vertedouro trapezoidal e cálculo da vazão; (C) Vetedouro
triangular ou em “V” e cálculo da vazão 270

Figura 100. Caixa de tranquilização com vertedor interno 271

Figura 101. Caixa de tranquilização – corte longitudinal 272

Figura 102. Medidor Venturi 272

Figura 103. Bocais e orifícios para medição de vazão 273

Figura 104. Tubo de Pitot 274


Figura 105. Medidor Magnético 275

Figura 106. Rotâmetro 276

Figura 107. Método das Coordenadas Geométricas do Jato: (A) Vista em corte
longitudinal do tubo; (B) Detalhe do corte frontal do tubo 277

Figura 108. Aplicação do Método das Coordenadas Geométricas do Jato


a canalizações inclinadas 278

Figura 109. Método Califórnia: (A) Detalhe do corte frontal do tubo;


(B) Vista em corte longitudinal do tubo 279

Figura 110. Método Califórnia para condutos inclinados 279

Figura 111. Método Califórnia Modificado: (A) Tubo horizontal; (B) Tubo inclinado 280
lista de tabelas

Tabela 1. Comparação entre recipientes de vidro (borossilicato) e polietileno,


polipropileno ou outro polímero inerte. 56

Tabela 2. Resumo dos controles de qualidade requeridos para amostragem 81

Tabela 3. Principais características de alguns amostradores de sedimento,


comunidades bentônicas e perifíticas 113

Tabela 4. Classificação do zooplâncton em função do tamanho dos organismos 172

Tabela 5. Recomendações para a seleção do equipamento de coleta de


zooplâncton em diferentes ambientes. 173

Tabela 6. Características principais dos estudos passivos e ativos e determinação


de biomassa de macrófitas aquáticas 183

Tabela 7. Metodologia de amostragem de declive e perfil de praias. 196

Tabela 8. Caracterização Típica para Efluentes Industriais 232

Tabela 9. Distância recomendada entre verticais 261

ANEXOS

Tabela A1. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios físico-químicos


inorgânicos - Água e Sedimento 291

Tabela A2. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios de compostos


químicos orgânicos – Água e Sedimento 295

Tabela A3. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios de


cianobactérias e cianotoxina 300

Tabela A4. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios


ecotoxicológicos com organismos aquáticos – Água e Sedimento 301

Tabela A5. Armazenamento e preservação de amostras para testes de toxicidade


aguda com bactérias luminescentes Vibrio fischeri (Microtox) – Água e Sedimento 303

Tabela A6. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios de


mutagenicidade (Salmonella/microssoma) – Água e Sedimento 304

Tabela A7. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios


microbiológicos - Água e Sedimento 305
Tabela A8. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios
de clorofila a e feofitina a – Água bruta 307

Tabela A9. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios de


fitoplâncton – Água 308

Tabela A10. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios de perifíton 309

Tabela A11. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios de zooplâncton 309

Tabela A12. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios com macrófitas 310

Tabela A13. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios com bentos 311

Tabela A14. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios de


nécton (peixes) 313
prefácio

Entre os desafios da área ambiental do País, o conhecimento sobre


a qualidade das águas está entre os mais relevantes e emblemáticos.
Informações esparsas ou inexistentes, ausência de redes de monito-
ramento adequadas em termos de frequência, parâmetros e repre-
sentatividade em número de pontos de amostragem dificultam um
diagnóstico mais preciso sobre a realidade da condição da qualidade
dos corpos hídricos brasileiros.

O Programa Nacional de Avaliação da Qualidade das Águas (PNQA)


surge da percepção de que a gestão integrada dos recursos hídricos re-
quer sistemático monitoramento tanto da quantidade quanto da quali-
dade das águas, para contribuir com os objetivos de uma economia em
base ambientalmente sustentável e socialmente justa.

O PNQA é um Programa de parcerias, que envolve, além da ANA,


outras instituições relacionadas ao monitoramento de qualidade das
águas, especialmente os órgãos estaduais de recursos hídricos e de
meio ambiente, as companhias de saneamento e as concessionárias de
empreendimentos hidrelétricos.

O objetivo central do PNQA é prover à sociedade um conhecimento


adequado sobre a qualidade das águas superficiais brasileiras, de forma
a subsidiar os tomadores de decisão, contribuindo, assim, com a gestão
sustentável dos recursos hídricos. Com isso, o PNQA pretende qualificar
a atuação dos estados e da ANA. Seus objetivos específicos são: eliminar
as lacunas geográficas e temporais no monitoramento de Qualidade de
Água no Brasil; aumentar a confiabilidade das informações geradas sobre
qualidade de água; tornar os dados e as informações de qualidade de água
comparáveis em âmbito nacional; e avaliar, divulgar e disponibilizar à so-
ciedade as informações de qualidade de água.

O PNQA está estruturado em quatro componentes: a) Elaboração e


Implementação de uma Rede Nacional de Monitoramento de Qua-
lidade das Águas; b) Padronização de Parâmetros e de Procedimen-
tos referentes à coleta, preservação e análise de qualidade de água;
c) Certificação e Aprimoramento de Laboratórios e Capacitação dos
Profissionais envolvidos no Monitoramento de Qualidade de Água; e d)
Avaliação e Divulgação das Informações sobre Qualidade de Água em
âmbito nacional, disponível a toda a sociedade em portal na internet.

A proposta desse Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amostras


de Água, Sedimento, Comunidades Aquáticas e Efluentes Líquidos se
insere no escopo da componente de “Padronização” do PNQA, inicia-
tiva essa concretizada por meio do Acordo de Cooperação Técnica nº
006/2010 celebrado entre a ANA e o Estado de São Paulo, por inter-
médio da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB),
e do apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) por
meio da Cooperação nº ATN OC-11.888-BR

Com a conclusão desse Guia, e a Resolução ANA nº 724, de 3 de ou-


tubro de 2011, publicada no Diário Oficial da União nº 201, em 19 de
outubro de 2011, esta Agência contribui para a qualificação técnica e
a harmonização dos procedimentos de coleta e preservação de amos-
tras de águas entre os diversos atores que operam no monitoramento
da qualidade dos recursos hídricos brasileiros, facilitando a compara-
ção e análise conjunta dos dados de monitoramento e o aprimoramen-
to dos diagnósticos de qualidade das águas superficiais no Brasil como
subsídio à gestão integrada de recursos hídricos.

VICENTE ANDREU GUILLO


Diretor Presidente
Agência Nacional de Águas
prefácio

Nos seus 50 anos de atividade, o Banco Interamericano de Desenvol-


vimento (BID) acumulou experiência valiosa em diversas áreas de atu-
ação, tanto no Brasil como nos demais países da Região.

O mandato do BID em apoio aos esforços de desenvolvimento dos pa-


íses da América Latina e Caribe é bastante amplo e sua estratégia se
baseia em dois pilares sobre os quais se constroi o desenvolvimento da
Região nas próximas décadas: a redução da pobreza e da desigualda-
de; e o crescimento econômico e social sustentado e ambientalmente
sustentável. A gestão adequada dos recursos hídricos e a garantia do
acesso à água à toda população são requisitos essenciais para que se
promova o desenvolvimento calcado nesses dois pilares.

No tema da Água, o BID tem se mostrado um parceiro importante do


Brasil, não só pelo seu caráter pioneiro na implantação de programas
de saneamento ambiental e de programas sociambientais integrados,
como também no apoio à implantação da legislação vigente na área do
abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana e
gestão de resíduos sólidos.

Com respeito à gestão dos recursos hídricos, o BID junta-se à Agên-


cia Nacional de Águas (ANA) em uma cooperação voltada ao apoio ao
Programa Nacional de Avaliação da Qualidade das Águas – PNQA, que irá
prover a sociedade brasileira do conhecimento sobre a qualidade das
águas superficiais e subsidiar os orgãos governamentais, nas diversas
esferas, na elaboração de políticas públicas.
A publicação do Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amostras de
Água, Sedimento, Comunidades Aquáticas e Efluentes Líquidos, elaborado
pela CETESB em conjunto com a ANA faz parte desta parceria, que in-
clui, também, a produção de um vídeo que demonstra os procedimen-
tos constantes no Manual e a elaboração do Panorama da Qualidade das
Águas Superficiais do Brasil – 2010.

O BID se orgulha em participar de uma iniciativa tão relevante para o


País no tema de recursos hídricos.

Fernando Carrillo-Flórez
Representante do BID no Brasil
apresentaçãO

O monitoramento e o diagnóstico da qualidade ambiental, bem como


as ações de fiscalização, envolvem a medida de uma ou mais variáveis,
cujos resultados serão utilizados para avaliar as condições de um am-
biente e dar subsídios para a tomada de medidas preventivas e corre-
tivas, com base na legislação existente. Nesse sentido, os objetivos do
trabalho, as estratégias de amostragem e os métodos de análises a se-
rem empregados, devem ser criteriosamente definidos para se obter
resultados robustos.

A etapa de amostragem é crucial nesse processo, pois o material cole-


tado deve representar de forma fidedigna o local amostrado. A seleção
criteriosa dos pontos de amostragem e a escolha de técnicas adequa-
das de coleta e preservação de amostras são primordiais para a confia-
bilidade e representatividade dos dados gerados.

A CETESB sempre esteve na vanguarda desse tema, atenta à impor-


tância dos programas e processos de amostragem dentro de suas ativi-
dades, de tal forma que em 1988 publicou o “Guia de Coleta e Preser-
vação de Amostras de Água”, o qual tem sido extensivamente utilizado,
não só no Estado de São Paulo, mas em todo o país, sendo ainda hoje
referência em nível nacional.

Considerando a necessidade de acompanhar a evolução analítica, com


técnicas de ponta e limites de quantificação cada vez menores que re-
querem a inovação também das técnicas de coleta e o avanço da utili-
zação de novas variáveis biológicas e toxicológicas na área ambiental,
os técnicos da CETESB sentiram a necessidade de trabalhar em um
novo Guia de Coleta no intuito de trazer para os profissionais das áre-
as de meio ambiente, saneamento, saúde, recursos hídricos e público
interessado a sua experiência e conhecimento adquiridos nesses nos
últimos 23 anos de atividades.
Nesse processo a CETESB encontrou a parceria da Agência Nacional
de Águas para a publicação desse Guia Nacional de Coleta de Amostras
de Água, Sedimento, Comunidades Aquáticas e Efluentes Industriais, o
qual engloba dez capítulos onde estão especificados os procedimentos
detalhados para a coleta de amostras de água superficial, sedimento,
comunidades aquáticas e efluentes industriais, para as mais diversas
variáveis, baseados em metodologias padronizadas e de referência na-
cional e internacional, mas também traduz a gestão do conhecimento
do corpo técnico da CETESB, adquirido na prática diária e no processo
de implantação de um Sistema de Qualidade dessas atividades. A edi-
ção deste Guia em conjunto com a ANA, torna acessível a experiência
da CETESB aos órgãos públicos e empresas privadas de todo o país ,
provendo protocolos consistentes de amostragem de campo.

Os três primeiros capítulos, assim como no Guia de Coleta de 1988,


trazem os conceitos básicos necessários ao planejameno de um pro-
grama de amostragem e organização do trabalho de campo. O capítulo
quatro traz os requisitos do controle de qualidade analítica no processo
de amostragem, essencial para a rastreabilidades dos resultados ana-
líticos. O capítulo cinco traz de forma detalhada as especificações dos
equipamentos requeridos para amostragem. Os capítulos seis, sete e
oito trazem os procedimentos para coleta de águas superficiais, água
de consumo humano, sedimento e efluentes industriais. O capítulo
nove destaca os procedimentos para os ensaios de campo, bem como
medidores e amostradores automáticos, cada vez mais importante nos
programas de monitoramento. O capítulo dez aborda os métodos de
medição de vazão, considerando a importância da interpretação con-
junta dos dados de quantidade (vazão) e qualidade ambiental. O último
capítulo traz a bibliografia consultada na elaboração desse Guia

O Guia apresenta também três Anexos, o primeiro (Anexo I) traz infor-


mações relativas às frascarias empregadas na coleta e os procedimen-
tos para armazenamento e preservação de amostras, detalhados por
ensaio, o segundo (Anexo II) apresenta um glossário com as terminologias
mais frequentemente empregadas na área e o terceiro (Anexo III) traz a
Resolução ANA nº 724/2011 que aprova este Guia como documento de
referência nacional para o monitoramento da qualidade das águas.
Apensado a esta obra encontra-se um DVD com vídeos que demons-
tram os procedimentos de coleta e preservação de amostras de água
destinadas à análise dos parâmetros que compõem a Rede Nacional de
Avaliação da Qualidade das Águas, integrante do Programa Nacional
de Avaliação da Qualidade das Águas – PNQA.

A adoção desse Guia pela Agência Nacional de Águas como referência


para os procedimentos de coleta dentro de seu campo de atuação de-
monstra a responsabilidade da CETESB na sua missão institucional de
transferência de tecnologia ambiental, colaborando para o desenvolvi-
mento científico e tecnológico do país.

Eng. OTÁVIO OKANO


Diretor Presidente da CETESB
sumário

1 INTRODUÇÃO 31

2 PLANEJAMENTO DE AMOSTRAGEM 35
2.1 Definição do Programa de Amostragem 35
2.1.1 Usos do Corpo d’Água 35
2.1.2 Natureza da Amostra 36
2.1.3 Parâmetros de Caracterização da Área de Estudo 36
2.1.4 Informações sobre a Área de Influência 39
2.1.5 Local e Pontos de Coleta 40
2.1.5.1 Água Bruta 40
2.1.5.2 Água Tratada 43
2.1.5.3 Sedimento 44
2.1.5.4 Efluentes Líquidos e Corpos Hídricos Receptores 46
2.1.6 Apoio Operacional 46
2.1.7 Capacidade Analítica Laboratorial 46
2.1.8 Recursos Financeiros e Humanos 47

3 ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHOS DE CAMPO 49


3.1 Planejamento das Atividades 49
3.2 Coleta e Preservação de Amostras 51
3.2.1 Coleta e Tipos de Amostras 51
3.2.2 Preservação de amostra 54
3.3 Acondicionamento, Transporte e Armazenamento de Amostras 56
3.3.1 Acondicionamento 56
3.3.1.1 Tipos de Recipientes 56
3.3.1.2 Limpeza e Preparo de Recipientes 58
3.3.2 Transporte e Armazenamento 65
3.4 Segurança nos Trabalhos de Campo 65
3.4.1 Transporte Rodoviário 66
3.4.2 Acesso aos Pontos de Amostragem 66
3.4.3 Embarcações 67
3.4.4 Manipulação de Reagentes e Soluções 68
3.4.5 Amostras de Efluentes (industriais e domésticos)
e Resíduos Sólidos 68
3.5 Preparo de Soluções e Reagentes 69
3.5.1 Formol Neutralizado 69
3.5.2 Formol Neutralizado, com Sacarose 69
3.5.3 Meio de Transporte Cary e Blair (Técnica de Moore) 69
3.5.4 Solução de Acetato de Zinco (Zn (C2H3O2)2) 2M 70
3.5.5 Solução de Ácido Clorídrico (HCl) 1+9 (10%) 70
3.5.6 Solução de Ácido Clorídrico (HCl) 1+1 (50%) 70
3.5.7 Solução de Ácido Nítrico (HNO3) 1+9 (10%) 70
3.5.8 Solução de Ácido Nítrico (HNO3) 1+1 (50%) 70
3.5.9 Solução de Ácido Sulfúrico (H2SO4) 1+1 (50%) 71
3.5.10 Solução de Ácido Sulfúrico (H2SO4) 1+9 (10%) 71
3.5.11 Solução de Ácido Sulfúrico (H2SO4) /
Ácido Nítrico (HNO3) 10% (6+1) 71
3.5.12 Solução Alcali-Iodeto-Azida 71
3.5.13 Solução de Álcool 70º GL 71
3.5.14 Solução de Carbonato de Magnésio (MgCO3) 1% 71
3.5.15 Solução de Cloreto de Cálcio Dihidratado (CaCl2.2H2O) 1% 72
3.5.16 Solução de Corante Rosa-de-bengala 0,1% 72
3.5.17 Solução de Detergente Alcalino 0,1 % 72
3.5.18 Solução de Detergente Enzimático 0,5 % 72
3.5.19 Solução de EDTA (C10H16N2O8) 15% 72
3.5.20 Solução de Formol 4% 72
3.5.21 Solução de Formol 5% 72
3.5.22 Solução de Formol 10% 72
3.5.23 Solução de Formol 20% 73
3.5.24 Solução de Fluoreto de Potássio 20% 73
3.5.25 Solução de Hidróxido de Sódio (NaOH) 10M 73
3.5.26 Solução de Amido 73
3.5.27 Solução de Lugol (iodo ressublimado e iodeto de potássio - KI) 73
3.5.28 Solução Metanol/Amônio (50+1 v/v) 73
3.5.29 Solução de Sulfato Manganoso 2,14 M 73
3.5.30 Solução de Tiossulfato de Sódio (Na2S2O3) 0,0125 N padronizada 74
3.5.31 Solução de Tiossulfato de Sódio (Na2S2O3) 3% 74
3.5.32 Solução de Tiossulfato de Sódio (Na2S2O3) 10% 74
3.5.33 Solução Transeau 74

4 CONTROLE DE QUALIDADE NA AMOSTRAGEM 75


4.1 Brancos 76
4.1.1 Branco de Campo e de Viagem 76
4.1.2 Branco de Equipamentos 76
4.1.3 Branco de Frascaria 77
4.1.4 Branco de Sistema de Filtração 77
4.2 Duplicata de Campo 78
4.3 Temperatura de Transporte e Armazenamento 78
4.4 Incerteza da Amostragem 79
5 EQUIPAMENTOS DE AMOSTRAGEM 83
5.1 Amostradores de Superfície 83
5.1.1 Balde de Aço Inox 83
5.1.2 Coletor com Braço Retrátil 84
5.1.3 Batiscafo 85
5.2 Amostradores de Profundidade (coluna d’água) 85
5.2.1 Garrafas de van Dorn e de Niskin 85
5.2.2 Armadilha de Schindler-Patalas (Trampa) 87
5.2.3 Bomba de Água 88
5.2.4 Redes de Plâncton 88
5.3 Amostradores de Fundo 91
5.3.1 Pegador de Ekman-Birge 91
5.3.2 Pegador Petersen e van Veen 94
5.3.3 Pegador Ponar 96
5.3.4 Pegador Shipek 97
5.3.5 Amostrador em Tubo ou Testemunhador 98
5.3.6 Draga Retangular 100
5.3.7 Delimitadores 101
5.3.8 Rede Manual 106
5.4 Substrato Artificial 107
5.4.1 Cestos com Pedras (Zoobentos) 107
5.4.2 Flutuador com Lâminas (Perifiton) 109
5.5 Substrato Natural 110
5.6 Amostradores de Nécton 120
5.6.1 Aparelhos de Pesca Passivos 120
5.6.2 Aparelhos de Pesca Ativos 128
5.6.3 Manutenção e Cuidados com os Equipamentos de Pesca 131

6 AMOSTRAGEM DE ÁGUA BRUTA E SEDIMENTOS 133


6.1 Coleta e Preservação de Amostras para Ensaios em Água Bruta 136
6.1.1 Químicos (exceto metais dissolvidos) 136
6.1.2 Metais Dissolvidos 139
6.1.3 Ecotoxicológicos 140
6.1.4 Mutagenicidade com Salmonella/Microssoma (Teste de Ames) 142
6.1.5 Microbiológicos 143
6.1.6 Balneabilidade de Praias 147
6.1.7 Comunidades Biológicas 149
6.1.7.1 Pigmentos Fotossintetizantes (Clorofila a e Feofitina a) 151
6.1.7.2 Comunidade Fitoplanctônica 157
6.1.7.3 Comunidade Perifítica 161
6.1.7.4 Comunidade Zooplanctônica 171
6.1.7.5 Macrófitas Aquáticas 180
6.1.7.6 Comunidade Bentônica de Água Doce 184
6.1.7.7 Comunidade Bentônica Marinha 189
6.1.7.8 Comunidade Nectônica 198
6.2 Ensaios de Contaminantes e Nutrientes em Sedimentos 204
7 AMOSTRAGEM DE ÁGUAS PARA ABASTECIMENTO PÚBLICO 209
7.1 Vigilância da qualidade da água para consumo humano 210
7.2 Coleta em Estação de Tratamento de Água (ETA) 211
7.3 Coleta em Sistemas de Distribuição 212
7.3.1 Procedimentos de coleta na rede de distribuição 214
7.3.2 Procedimentos de coleta em reservatório domiciliar 215
7.4 Procedimentos de Coleta em Soluções Alternativa Coletiva de
Abastecimento de Água 216
7.4.1 Poços Freáticos e Profundos Equipados com Bomba 216
7.4.2 Poços Freáticos Sem Bomba 216

8 AMOSTRAGEM DE EFLUENTES LÍQUIDOS 219


8.1 Características dos Efluentes Líquidos 220
8.1.1 Efluentes Industriais 220
8.1.2 Efluentes Mistos (Industriais e Domésticos) 225
8.1.3 Efluentes Gerados em Plantas de Incineração de Resíduos
Sólidos Industriais ou Hospitalares 225
8.1.4 Efluentes Percolados Gerados em Aterros Industriais
e Sanitários 226
8.2 Planejamento da Amostragem de Efluentes Líquidos 227
8.2.1 Local e Pontos de Amostragem 227
8.2.2 Tipos de Amostragem 228
8.2.3 Seleção dos Ensaios a Serem Realizados 231
8.2.4 Avaliação do Desempenho do STAR 238
8.2.5 Elaboração de Projeto de STAR 238
8.2.6 Atendimento aos Padrões da Legislação 239

9 ENSAIOS EM CAMPO 241


9.1 Cloro Residual - Método DPD 241
9.2 Oxigênio Dissolvido - Método Eletrométrico 242
9.3 Oxigênio Dissolvido - Método Winkler Modificado pela Azida Sódica 243
9.4 Condutividade e Salinidade 245
9.5 pH - Potencial Hidrogeniônico - Método Eletrométrico 246
9.6 Potencial Redox - Eh ou ORP - Método Eletrométrico 247
9.7 Temperatura da Água e Ar 248
9.8 Transparência 248
9.9 Turbidez - Método Nefelométrico 248
9.10 Sólidos Sedimentáveis - Cone Imhoff 249
9.11 Medidores e Amostradores Automáticos 250
9.11.1 Monitoramento Automático da Qualidade das Águas 251
10 MEDIÇÃO DE VAZÃO 257
10.1 Medição de Vazão em Canais Abertos 258
10.1.1 Método Volumétrico 259
10.1.2 Medição com Flutuadores 259
10.1.3 Método Convencional com Molinete Hidrométrico 260
10.1.4 Método Acústico 265
10.1.5 Método do Traçador 266
10.1.6 Medição com Dispositivos de Geometria Regular 268
10.2 Medição de Vazão com Dispositivos Instalados em Tubos 272
10.2.1 Medidor Venturi 272
10.2.2 Medição com Bocais e Orifícios 273
10.2.3 Tubo de Pitot 274
10.2.4 Medidor Magnético 275
10.2.5 Rotâmetro 276
10.3 Medição de Vazão em Tubos com Descarga Livre 277
10.3.1 Método das Coordenadas Geométricas do Jato 277
10.3.2 Método Califórnia 278

11 BIBLIOGRAFIA 281

Anexos

anexo 1 – PROCEDIMENTOS PARA O ARMAZENAMENTO


E PRESERVAÇÃO DE AMOSTRAS POR ENSAIO 289
anexo 2 – GLOSSÁRIO 315
Anexo 3 – resolução ana nº 724/2011 323
capítulo 1
1 INTRODUÇÃO

A presente publicação reúne o conhecimento técnico para realização


de coleta e preservação de amostras de águas brutas, tratadas,
residuárias, sedimentos e biota aquática, visando à fiscalização,
controle e a caracterização da qualidade ambiental.

A coleta e preservação de amostras infelizmente ainda são considera-


das como atividades simples, que não exigem qualquer critério ou co-
nhecimento cientifico. Essa percepção é completamente falha, porque
uma amostra, por definição, representa o próprio ambiente estudado
e, assim, a sua coleta exige profundo conhecimento técnico e científico,
o que significa contar com recursos humanos altamente treinados e ca-
pacitados para desenvolverem as atividades em campo.

A definição dos usos previstos para o corpo d’água, o conhecimento


dos riscos à saúde da população, os danos aos ecossistemas, a toxici-
dade das substâncias químicas, os processos industriais e as medi-
das de vazão, somam algumas das informações básicas necessárias
para se definirem as técnicas e as metodologias de coleta que serão
utilizadas, a definição dos locais de amostragem e a seleção de parâ-
metros que serão analisados. Sem isso, qualquer programa para avaliar
a qualidade ambiental pode gerar dados não representativos sobre a
área de estudo.

Na escolha do local adequado para o programa de amostragem é im-


portante considerar que a qualidade de um corpo d’água varia confor-
me o local (espacial) e o decorrer do tempo (temporal). Para garantir a
homogeneidade e representatividade do local de amostragem propos-
to, as ações a serem tomadas devem ser cuidadosamente planejadas,
como detalhado na Figura 1.

introdução 31
conhecer os objetivos do programa

lEvantar os dados existeNtes na área de


influência a ser estudada e proceder a um
reconhecimento da mesma

selecionar possíveis locaIs de amostragem,


examinando a HOMOGENEIDADE espacial e temporal

local HOMOGÊNEO local não homogÊnEo

selecionar locais
alternativos

não se obtendo locais


alternativos, definir
diferentes pontos de
coleta no mesmo local

verificar se o programa é
economicamente viável

Elaborar plano de amostragem

iniciar o programa de
amostragem e análises

Figura 1. Planejamento para a seleção de locais e posições de monitoramento

32 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Portanto, o objetivo da amostragem e dos ensaios não é a obtenção de
informações sobre alíquotas em si, geralmente constituídas de peque-
nas frações, mas a caracterização espacial e temporal do corpo d’água
amostrado.

Deve-se ter sempre presente que o tempo e os custos envolvidos se


elevam sensivelmente, à medida que se exijam informações mais deta-
lhadas que possam implicar no aumento do número de parâmetros de
avaliação, número de amostras, frequência de amostragem, ou utiliza-
ção de tecnologia mais avançada.

Para evitar que os custos da caracterização da água ultrapassem os


benefícios que dela advêm, deve-se planejar cuidadosamente todas
as etapas do programa de amostragem conforme mostra a Figura 2.

introdução 33
DEFINIÇÃO CLARA
DOS OBJETIVOS

SELEÇÃO DOS PARÂMETROS E LOCAIS


DE AMOSTRAGEM

SELEÇÃO DO NÚMERO DE AMOSTRAS


E TEMPO DE AMOSTRAGEM

SELEÇÃO DOS MÉTODOS ANALÍTICOS

SELEÇÃO DOS EQUIPAMENTOS E MÉTODOS DE


COLETA E PRESERVAÇÃO DE AMOSTRAS

PLANO DE AMOSTRAGEM

REAVALIAÇÃO DA METODOLOGIA
E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

Figura 2. Etapas principais para o planejamento de programas de amostragem.

Este guia traduz a experiência da CETESB na coleta e preservação de


amostras, apresentando critérios e metodologias internacionalmente
conhecidas para ensaios físico-químicos, microbiológicos, biológicos e
toxicológicos. Determinadas técnicas de hidrometria também foram
incluídas, pois permitem a determinação das cargas poluidoras e, por
isso, representam uma importante contribuição para o planejamento e
execução da amostragem ambiental.

34 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


capítulo 2
2 PLANEJAMENTO DE AMOSTRAGEM

A caracterização de um ecossistema aquático é uma tarefa complexa e


envolve grande número de variáveis, o que pode conduzir à elaboração
de programas de amostragem com extensão e recursos super dimen-
sionados e uma relação custo/beneficio inadequada.

Estabelecer um plano de amostragem é apenas uma das etapas neces-


sárias à caracterização do meio a ser estudado, mas dele dependem
todas as etapas subsequentes: ensaios laboratoriais, interpretação de
dados, elaboração de relatórios e tomada de decisões quanto à quali-
dade desses ambientes.

Os responsáveis pela programação, bem como os técnicos envolvidos


na execução dos trabalhos de coleta, devem estar totalmente familia-
rizados com os objetivos, metodologias e limitações dos programas de
amostragem, pois as observações e dados gerados em campo ajudam
a interpretar os resultados analíticos, esclarecendo eventualmente da-
dos não-conformes.

2.1 Definição do Programa de Amostragem


A definição do programa de coleta de amostras exige a consideração de
algumas variáveis, tais como: usos, natureza, área de influência e caracte-
rísticas da área de estudo, pois a definição da metodologia de coleta, pre-
servação de amostras e dos métodos analíticos depende desses fatores.

2.1.1 Usos do Corpo d’Água


A caracterização deve considerar o(s) uso(s) preponderante(s) do cor-
po d’água, como: (a) consumo humano, (b) preservação da vida aquáti-
ca; (c) irrigação e dessedentação de animais; (d) abastecimento indus-
trial; (e) recreação entre outros.

planejamento de amostragem 35
2.1.2 Natureza da Amostra
As amostras podem ser coletadas em águas classificadas como bruta,
tratada ou residuária; superficial ou subterrânea; interior ou costeira;
doce, salobra ou salina. A natureza do corpo d’água é determinante para o
planejamento e coleta da biota aquática e do sedimento de fundo.

2.1.3 Parâmetros de Caracterização da Área de Estudo


Atualmente dispõe-se de centenas de variáveis ou determinantes que
podem ser empregados para caracterizar um corpo de água, envolvendo
parâmetros físicos, químicos, microbiológicos, biológicos, toxicológicos e
radiológicos. Esses parâmetros devem ser definidos com o conhecimen-
to adequado do seu significado, abrangência, limitações, confiabilidade,
referências para comparações e custos para sua obtenção.

As combinações entre essas variáveis não permitem formular planos


padrões. Cada caso deve ser estudado individualmente, sendo que os
parâmetros e critérios mais empregados incluem os estabelecidos na
legislação vigente.

A formulação dos programas requer ainda definições relativas aos se-


guintes fatores:

• Variabilidade espacial: de maneira geral, os corpos de água super-


ficiais apresentam variações quanto às concentrações dos seus
constituintes nos diferentes pontos de uma seção transversal, bem
como ao longo do eixo longitudinal de deslocamento. Há ainda
uma variação no eixo vertical, a qual é mais pronunciada em corpos
d’água mais profundos.
• Variação temporal: A concentração dos constituintes de um corpo
d’água pode ainda variar ao longo do tempo, num mesmo ponto, de
forma aleatória ou cíclica em função das características das contri-
buições recebidas ou das variáveis meteorológicas. Em zonas estu-
arinas, por exemplo, a influência das marés provoca de forma cíclica
profundas alterações nas características dessas águas.

Para o estabelecimento do local, momento e frequência de coleta das


amostras, deve-se definir previamente se o estudo visa a obter uma ca-
racterística média, valores máximos ou mínimos, ou a caracterização
instantânea de um ponto do corpo receptor. A melhor solução técnica

36 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


seria o uso de monitores automáticos que registram continuamente as
alterações da qualidade do corpo de água (ver Capítulo 9). Na impos-
sibilidade de utilização dessa metodologia devido ao custo elevado e
não-aplicabilidade para todas as variáveis, deve-se definir a frequência
e o momento da coleta, com base em informações e dados disponíveis
ou, sempre que possível, com a realização de levantamento preliminar.

Os planos de amostragem baseados em considerações subjetivas, ou


simplesmente na capacidade de amostragem e analítica do laboratório,
poderão gerar resultados não representativos, por não considerarem
a variabilidade espacial e temporal.

Para ilustrar estas considerações, são apresentados dois gráficos hi-


potéticos, representando a variação temporal da concentração de um
dado parâmetro (Figura 3). O primeiro gráfico (A) representa uma va-
riação aleatória resultante, por exemplo, de lançamentos descontínuos
ou do efeito de lixiviação de escoamento superficial provocado por
chuvas. O segundo gráfico (B) simula uma variação cíclica resultante,
por exemplo, de lançamentos de esgotos domésticos, variações sazo-
nais de temperatura ou chuvas, variação diária de insolação ou tempe-
ratura, ou de lançamentos descontínuos, porém cíclicos.

Figura 3. Efeito da variabilidade temporal na estimativa quantitativa da concentração de uma


dada variável: (A) Variações aleatórias; (B) Variações aleatórias e cíclicas.
Legenda: (–) resultados obtidos por monitoramento automático continuo; (–) média dos resultados obtidos
com o monitoramento automático; (.) concentrações obtidas por coletas instantâneas.

A intensidade dessas variações pode ser reduzida, por exemplo, à me-


dida que o ponto de amostragem se afasta do ponto de lançamento.
Portanto, para o estabelecimento do instante e da frequência de co-
leta de amostras, deve-se conhecer a variabilidade temporal de cada
parâmetro, por local de amostragem. A partir do perfil dessa variabili-

planejamento de amostragem 37
dade é possível estabelecer o programa de amostragem e o número de
amostras que devem ser tomadas. Quanto maior o número de amos-
tras investigadas, melhor será o conhecimento da variabilidade e, con-
sequentemente, da estimativa do impacto ambiental.

O tamanho da amostra pode ser determinado com base em cálculos


estatísticos, supondo-se uma distribuição normal da variável de quali-
dade e amostras aleatórias e independentes. Nessas condições, pode-
-se aplicar a seguinte fórmula:

Equação 1

n = número de amostras a serem coletadas;


t = fator da distribuição t de Student para (n – 1) graus de liber-
dade e determinado limite de confiança, geralmente entre
90 e 99%. Para a primeira estimativa, usar o valor de t para

s = estimativa do desvio padrão da característica medida;
I = incerteza desejada.
α = nível de significância

Exemplo de aplicação:
Para se estimar a média anual de cloreto com uma incerteza de 5 mg/L Cl, com
95% de confiança, supondo-se s = 10 mg/L, já conhecido por meio de estudos
preliminares:

Para a primeira estimativa

Da tabela de distribuição t de Student temos:


t= 1,960
Portanto: n = (1,960 x 10/5)2 = 15,4 ou n = 16 amostras.
Recalculando para (n – 1) graus de liberdade
(n – 1) = 15

Da tabela temos: t = 2,131


Finalmente: n = (2,131 x 10/5)2 = 18,2 ou n = 19 amostras.

38 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Quando o objetivo de um programa é avaliar concentrações médias de
uma dada variável dentro de um dado período (geralmente 24 horas),
pode-se, em alguns casos, reduzir o número das amostras necessárias
ao ensaio, pela obtenção de amostras compostas, formadas pela mistu-
ra de alíquotas individuais apropriadas. Para a retirada dessas alíquotas
pode-se empregar amostradores automáticos programáveis. As amos-
tras compostas são úteis quando se deseja obter a qualidade média de
um corpo de água não homogêneo. Nesse caso, são retiradas alíquotas
em vários pontos e profundidades do corpo de água, reunindo-se todas
em uma única amostra. A desvantagem de se compor uma amostra é
que pode se perder a associação com as demais variáveis de caracteri-
zação do corpo d’água ou efluente, que foram coletadas pontualmente.

Para a tomada de amostras compostas, os seguintes cuidados devem


ser observados:

• Não podem ser empregadas para a determinação de variáveis que


se alterem durante a manipulação das alíquotas; é o caso do oxigê-
nio dissolvido, pH, dióxido de carbono livre, microrganismos, me-
tais dissolvidos, compostos voláteis e óleos e graxas.
• Deve-se obedecer às recomendações relativas ao prazo máximo
entre a retirada da alíquota e o início da análise no laboratório. No
caso da DBO, por exemplo, quando se quer formar uma amostra
composta de 24 horas, ao ser retirada a última alíquota o prazo já
expirou para as primeiras.
• É importante considerar a possibilidade de se tomarem alí-
quotas individuais proporcionais às vazões do corpo de água
no instante da coleta, quando se deseja estimar cargas polui-
doras, especialmente em escoamentos que apresentem va-
riações sensíveis de vazão ao longo do período de amostra-
gem, tanto para o ambiente aquático como para efluentes.

2.1.4 Informações sobre a Área de Influência


O planejamento adequado envolve a obtenção de informações prelimina-
res sobre a área de influência do corpo d’água a ser amostrado, como:

• Levantamento de estudos já realizados no local que contribuam


com informações sobre as características da área de estudo e as
principais atividades poluidoras na bacia, que podem influir na qua-

planejamento de amostragem 39
lidade das águas, tais como: indústria, agricultura, mineração, zonas
urbanas, etc., a fim de estabelecer os locais de amostragem;
• Elaboração de croqui com a localização dos possíveis pontos de
coleta;
• Visita à área de estudo para georreferenciamento dos locais de
coleta por meio de GPS (“Global Position System”), levantamento
fotográfico com as características locais e contato com as pessoas
do local a fim de se obter dados adicionais que confirmem ou es-
clareçam os dados preliminares levantados (lançamentos de lixo,
resíduos industriais ou domésticos no corpo de água ou nas suas
margens, e outras informações);
• Verificação das vias de acessos, bem como a situação das mes-
mas, tempo necessário para a realização dos trabalhos, dispo-
nibilidade de apoio local para armazenamento e transporte de
material de coleta e amostras, colocação da embarcação (como ma-
rinas, clubes etc.), avaliando possíveis limitações ou interferências.

2.1.5 Local e Pontos de Coleta


Muitas vezes os objetivos determinam os locais e pontos de coleta. Por
exemplo, quando se quer avaliar a eficiência de uma unidade de trata-
mento (industrial ou de esgoto), necessariamente é preciso amostrar
o afluente e o efluente dessa estação. Entretanto, quando os objetivos
estabelecidos apontam apenas para uma indicação geral, como o efei-
to de um efluente na qualidade de água de um rio ou a avaliação da
qualidade da água potável distribuída para a população, é necessário
selecionar cuidadosamente os locais de amostragem.

2.1.5.1 Água Bruta


É preciso considerar que todo corpo d’água é heterogêneo e que, seja
qual for o local de amostragem, este não é representativo de todo o
sistema1 em estudo.

Por esse motivo, devem ser selecionados locais adequados às necessi-


dades de informação de cada programa. Entre os fatores responsáveis
pela heterogeneidade de um corpo d’agua podemos citar:

1 A palavra sistema é usada para representar bacias hidrográficas, cursos de água, rios, lagos,
reservatórios, estações de tratamento e sistemas de distribuição, entre outros.

40 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


a) Estratificação térmica vertical, decorrente de variação da tempera-
tura ao longo da coluna d’água e do encontro de massa de água;
b) Zona de mistura, formada por dois ou mais tipos de águas que es-
tão em processo de mistura (rio logo a jusante da descarga de um
efluente ou tributário) (Figura 4), sendo que a coleta deve ser reali-
zada após a completa mistura (Fig. 4, trecho A-A);
c) Distribuição heterogênea de determinadas substâncias ou organis-
mos em um sistema hídrico homogêneo. Isso ocorre quando os ma-
teriais não dissolvidos, com densidade diferente da água, tendem
a ficar heterogeneamente distribuídos (por exemplo, o óleo tende
a flutuar na superfície da água, enquanto os sólidos em suspensão
tendem a se depositar) ou quando ocorrem reações químicas ou
biológicas na coluna d’água, como o crescimento de algas nas cama-
das superiores em função da penetração de luz, com as consequen-
tes mudanças no pH e concentração de oxigênio dissolvido.

Figura 4. Representação esquemática da mistura de um efluente com o rio: Vista Superior –


dispersão lateral do efluente; Corte Lateral – dispersão vertical e lateral do efluente.

planejamento de amostragem 41
Quando não se conhece detalhadamente um determinado sistema,
é recomendável realizar uma investigação preliminar, de preferência
com base em um planejamento estatístico, a fim de avaliar o seu grau
de heterogeneidade. Testes rápidos de campo, como condutividade
elétrica, temperatura e oxigênio dissolvido, podem ser úteis para
essa finalidade, bem como o uso de equipamentos que permitem
medição contínua. O uso de técnicas de traçadores, como corantes ou
materiais radioativos, tem se mostrado útil no estudo dos processos de
mistura nos corpos de água. Contudo, no planejamento desses testes
preliminares é necessário lembrar que o grau de heterogeneidade
pode depender do tipo de ensaio em questão; por isso, essa avaliação
deve ser feita com base em mais de um ensaio.
O grau de heterogeneidade deverá ser avaliado para se verificar como
as características de qualidade oscilam no espaço e no tempo.

Em geral não se deve retirar amostras próximas às margens de rios,


canais e no ponto de lançamento de despejos, exceto quando essas
regiões são de interesse específico, pois a qualidade, em tais pontos,
geralmente não é representativa de todo o corpo d’água. No caso da
contribuição dos tributários (afluentes), é importante acompanhar a
qualidade de suas águas, e como ela afeta o corpo principal, por meio
da coleta de amostras em ponto próximo da sua desembocadura (foz)
ou de acordo com o objetivo do trabalho.

Quando se deseja acompanhar a qualidade da água de um corpo hí-


drico, a longo prazo, o posicionamento do local de amostragem, deve
levar em consideração a existência de lançamentos de efluentes líqui-
dos industriais e/ou domésticos, bem como a presença de afluentes na
área de influência do ponto de amostragem, pois estes podem alterar a
qualidade da água do corpo.

Caso haja este tipo de situação, o local de monitoramento deve estar


situado após a mistura completa do referido lançamento, seja ele con-
tínuo ou intermitente (Fig. 5). Para isto deve-se conhecer as vazões do
lançamento e as do rio, e o regime de escoamento para determinar o
local onde a mistura é completa. Desse modo obtêm-se uma amostra
de água representativa daquele ponto do rio.

42 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Figura 5. Variação da qualidade de um corpo d’água considerando a distância do ponto
de lançamento de descarga: (A) Local de amostragem próximo à descarga; (B) Posição
intermediária do local de amostragem; (C) Local de amostragem distante da descarga.

Às vezes, os locais de amostragem podem ser escolhidos erroneamen-


te, mais pela conveniência do que por sua adaptação a uma amostra-
gem representativa. As pontes, por exemplo, são usadas para amostra-
gem em rios devido à sua acessibilidade, mas nem sempre são os locais
mais apropriados, pois sua presença pode interferir ou alterar fatores
básicos do corpo d’água. Entretanto, esta pode ser uma opção quando
o local adequado de amostragem for totalmente inviável.

2.1.5.2 Água Tratada


O princípio que orienta a amostragem é o de que as características da
água são modificadas em seu percurso nos sistemas e nas soluções al-
ternativas de abastecimento de água. Essas variações necessitam ser
conhecidas, pois fornecem importantes elementos para: (1) subsidiar a
avaliação do risco ao consumidor; (2) permitir a correção do problema
específico de contaminação, bem como os problemas operacionais ge-
radores da anomalia.

Para o controle de qualidade da água para consumo humano devem ser


considerados na definição dos pontos e locais de coleta: (i) o monitora-
mento operacional para avaliar o desempenho das medidas de controle
nas diversas etapas de tratamento, desde a captação no manancial até o
consumidor, e (ii) o monitoramento para garantir que o processo de tra-
tamento como um todo esteja operando de forma segura (verificação).

No estabelecimento da frequência de amostragem para um monitora-


mento mais global da água de consumo humano existe a necessidade
de se realizar um balanço dos benefícios e custos de se obter um nú-
mero maior de informações. O número de amostras e a frequência de
amostragem são geralmente baseados na população abastecida ou no
volume de água distribuído, para refletir o risco à população. A frequên-
cia de análises para os parâmetros individuais irá também depender da

planejamento de amostragem 43
variabilidade da qualidade. Requer-se uma maior frequência de aná-
lise dos parâmetros microbiológicos do que dos físico-químicos, isso
porque episódios curtos de contaminação microbiológica podem levar
facilmente a surtos de doenças gastrointestinais nos consumidores,
enquanto episódios de contaminação química, que poderiam constituir
um risco agudo à saúde, são raros (WHO, 2011).

No Capítulo 7 encontram-se detalhes sobre os procedimentos para o pla-


nejamento e execução de amostragem de águas de consumo humano.

2.1.5.3 Sedimento
A seleção dos pontos de coleta de sedimento deve considerar, além
do objetivo do estudo, os tipos de ambiente, os locais de lançamento
da carga de poluentes e os padrões de vazão, velocidade e sentido da
corrente. Muitos estudos de sedimento aplicam a abordagem que uti-
liza um ponto ou condições de referência dentro de uma determinada
região ou bacia hidrográfica. O ponto de referência corresponde a um
ambiente livre da ação antrópica ou o menos impactado dentro da área
de estudo. É fundamental que as características físicas, geológicas e
hidrológicas, entre os pontos a serem comparados sejam compatíveis.
Assim, dados como granulometria, teor de matéria orgânica e umida-
de do sedimento, tipo e grau de preservação da cobertura vegetal da
margem, tipo de hábitat amostrado e ordem do rio devem ser similares
entre o ponto de referência e os pontos a serem diagnosticados. São
definidas as condições consideradas ideais, estabelecendo-se valor ou
faixa de valor, para cada parâmetro, que seria esperado em um ambien-
te preservado.

Qualquer que seja o tipo de ambiente amostrado (rios, lagos, reserva-


tórios, estuários e oceanos), a coleta para avaliação da qualidade de se-
dimentos (biológica, física e química) geralmente ocorre nas áreas de
deposição de sedimentos finos (argila), já que normalmente são nesses
locais que os contaminantes são retidos e a comunidade bentônica é
mais desenvolvida. Em lagos, reservatórios e estuários o acúmulo de
partículas finas ocorre na região mais profunda; em rios, nas margens
deposicionais e nas áreas de remansos. A margem deposicional locali-
za-se no lado oposto ao da erosional, apresentando declive mais suave
e, muitas vezes, bancos de macrófitas enraizadas. Remansos ocorrem
em trechos meândricos e pantanosos.

44 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Em estudos de sedimentos são considerados essenciais a avaliação dos
seguintes parâmetros: pH (potencial hidrogeniônico), Eh (potencial
redox), conteúdo orgânico (carbono orgânico total - COT ou resíduos
voláteis), sulfetos volatilizáveis em ácido (SVA), granulometria, umidade
e teor de matéria orgânica. Em água de fundo, nitrogênio amoniacal
e oxigênio dissolvido são parâmetros importantes para acompanhar
ensaios ecotoxicológicos e de bentos (ver detalhes no Capítulo 6).

A variabilidade do sedimento em um ponto precisa ser considerada


na amostragem e decorre da heterogeneidade espacial, tanto vertical
quanto horizontal. A heterogeneidade vertical é, principalmente, con-
sequência da oscilação histórica da contaminação; a horizontal é for-
mada pela dinâmica de deposição das partículas (apresentando-se qui-
micamente em mosaicos) e pela distribuição agrupada das populações
bentônicas. O ideal é ter conhecimento desta variabilidade por meio da
tomada de réplicas.

O número de réplicas pode ser definido a partir de dados obtidos em


amostragem prévia, utilizando-se fórmulas que se baseiam em valores
de variância, desvio ou erro padrão, como exemplificado no item 2.1.3.
No entanto, o número resultante de réplicas algumas vezes é inviável e
opta-se por um número mínimo, considerando-se a capacidade analíti-
ca do laboratório. Em geral faz-se de 3 a 5 réplicas.

Se o custo do projeto e a capacidade analítica de um laboratório não


permitem a execução de réplicas, opta-se pela obtenção de amostras
compostas (desde que a variável em questão permita a sua composi-
ção), que teoricamente representam o valor médio dessa composição
sendo, portanto, uma opção mais adequada do que a tomada de uma só
amostra por ponto (maiores detalhes no Capítulo 6).

Em estudos de sedimento há de se considerar também a variabilidade


temporal, já que as variações sazonais podem influenciar a disponibi-
lidade de contaminantes. Em reservatórios, a dinâmica de circulação/
estratificação altera a relação de oxirredução das camadas profundas
de água e, em períodos de seca, a exposição do sedimento marginal.
Em rios, ocorre deposição de sedimentos finos no período da seca e
lavagem desse material nas chuvas. Para estudos de caracterização e
diagnóstico e programas de monitoramento da qualidade de sedimen-
tos, uma única coleta anual no período de seca pode ser adequada.

planejamento de amostragem 45
2.1.5.4 Efluentes Líquidos e Corpos Hídricos Receptores
Para definição dos locais de amostragem de efluentes líquidos (indus-
triais e domésticos) e dos corpos hídricos receptores, devem ser con-
siderados os objetivos envolvidos na amostragem, tais como: avaliação
do desempenho do sistema de tratamento, atendimento aos padrões
da legislação, obtenção de informações para elaboração de projeto de
sistemas de tratamento de águas residuárias (STAR), implantação de
medidas de prevenção à poluição, entre outros.

No capítulo 8 encontram-se detalhes sobre os procedimentos para o


planejamento e execução deste tipo de amostragem.

2.1.6 Apoio Operacional


Os veículos, embarcações, equipamentos, frascaria, material de
preservação e acondicionamento de amostras devem estar disponí-
veis em quantidade e qualidade adequadas, evitando-se adaptações
de última hora.

2.1.7 Capacidade Analítica Laboratorial


No planejamento da amostragem deve ser considerada a capacidade
analítica do(s) laboratório(s) quanto à quantidade de amostras que po-
dem ser processadas e os tipos de parâmetros a serem investigados,
limites de detecção, métodos de ensaio, disponibilidade de padrões
e cronograma de atendimento. É importante considerar os seguintes
conceitos nessa etapa:

• Concentração mínima de interesse do analito: é um dado funda-


mental para a seleção de métodos analíticos que devem ser empre-
gados em um planejamento. Normalmente é definida por legisla-
ção ou publicada como padrão internacional, e serve de orientação
para a definição das técnicas de coleta e dos limites de quantifica-
ção aceitáveis para os métodos analíticos que serão utilizados para
a tomada de decisão ambiental.
• Limite de detecção do Método (LDM): menor concentração de
uma substância que pode ser detectada, mas não necessariamente
quantificada, pelo método utilizado.
• Limite de quantificação: é a menor concentração de um analito que
pode ser determinada com um nível de aceitabilidade que garanta

46 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


sua representatividade. Após ter sido determinado, esse limite ser-
ve para orientar e avaliar se a precisão e a exatidão do método ana-
lítico escolhido atende aos objetivos do plano. Normalmente, para
embasar substancialmente as decisões ambientais, é recomendá-
vel que o limite de quantificação de um método seja pelo menos
50% menor do que a concentração mínima de interesse. Quando
não existirem métodos oficiais (USEPA, Standard Methods, ISO,
etc) que atendam à concentração mínima de interesse do analito
recomenda-se adotar o método dentre estes que melhor atenda a
esse limite.
• Incerteza de medição: caracteriza a dispersão de valores asso-
ciada ao resultado, que podem ser razoavelmente atribuídos ao
mensurando (amostras). É usada para avaliar a exatidão, precisão
e confiabilidade de um resultado analítico. A definição dos valores
máximos de incerteza dos resultados deve ser estabelecida jun-
tamente com a concentração mínima de interesse e deve ser usa-
da para auxiliar na escolha das metodologias analíticas adotadas.

2.1.8 Recursos Financeiros e Humanos


São os recursos necessários para realizar os trabalhos de campo, as
tarefas analíticas e as de interpretação de dados. Sob este aspecto,
convém planejar criteriosamente os parâmetros a serem avaliados, o
número de amostras a serem examinadas e a frequência de sua coleta,
adequando-os aos recursos disponíveis.

Tanto em programas de monitoramento, onde são avaliadas as tendên-


cias e a eficácia das medidas de controle da poluição, como em levanta-
mentos específicos, devem ser elaborados cronogramas de desenvol-
vimento dos trabalhos, considerando todas as atividades envolvidas, a
sazonalidade e a disponibilidade para alocação dos recursos humanos
e materiais.

planejamento de amostragem 47
Refrigeração de Amostras – Foto
Carlos Jesus Brandão/CETESB
capítulo 3
3 ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHOS DE CAMPO

Estabelecido o planejamento de amostragem, que inclui a definição


dos objetivos, dos locais e frequência de amostragem, dos parâmetros
selecionados, dos métodos analíticos e de amostragem adequados e o
cronograma de atividades, passa-se para as etapas de organização e
execução dos trabalhos de campo.

A síntese contendo as recomendações e orientações de como realizar o


armazenamento e a preservação de amostras, conforme o tipo de ensaio
(classe da amostra, tipo de recipiente para armazenamento, volume/quan-
tidade necessário de amostra, tipo de preservação e prazo máximo reco-
mendado entre coleta e início do ensaio), encontra-se no Anexo 1.

3.1 Planejamento das Atividades


O planejamento correto das atividades de campo é de importância fun-
damental para o sucesso dos trabalhos e deve envolver os seguintes
aspectos:

• Seleção de itinerários racionais, observando-se os acessos, o tem-


po para coleta e preservação das amostras e o prazo para seu en-
vio aos laboratórios, obedecendo-se o prazo de validade para o
ensaio de cada parâmetro, a capacidade analítica e o horário de
atendimento e funcionamento dos laboratórios envolvidos. Mui-
tos programas de amostragem necessitam de vários dias para serem
desenvolvidos, o que exige remeter amostras coletadas diariamente
aos laboratórios por despachos rodoviários ou aéreos. Nesses casos,
devem-se planejar coletas calculando-se a localização e os horários
das empresas transportadoras;
• Certificação de que a programação de coleta foi enviada aos labo-
ratórios envolvidos e de que os mesmos tenham condições de aten-
der ao programa;

organização dos trabalhos de campo 49


• Verificação da existência de eventuais características locais nos
pontos de coleta que exigem equipamentos ou cuidados especiais,
o que permitirá a sua adequada seleção e preparo. Isto vale espe-
cialmente para o caso de coletas com embarcações, coletas de sedi-
mentos, peixes e organismos bentônicos, coletas em locais de difícil
acesso, ou com alto risco de acidentes (rios caudalosos, mar, pontes
de tráfego intenso, amostragem em indústrias etc.);
• Preparação de tabelas contendo os equipamentos e materiais ne-
cessários aos trabalhos (fichas de coleta, frascos para as amostras,
preservantes químicos, caixas térmicas, equipamentos de coleta e
de medição, cordas, embarcações, motores de popa, equipamento
de segurança etc.). É conveniente levar frascos reserva para o caso
de amostragem adicional, perda ou quebra de frascos; e
• Verificação da disponibilidade e funcionamento adequado dos
equipamentos utilizados para amostragem e de apoio.

Convém assegurar-se de que os técnicos envolvidos nas atividades de


coleta estejam devidamente treinados e capacitados para utilizar as
técnicas específicas de coleta, preservação de amostras e as medidas
de segurança, manusear os equipamentos de campo e de medição, e
localizar precisamente os pontos de coleta. É fundamental que obser-
vem e anotem quaisquer fatos ou anormalidades que possam interferir
nas características das amostras (cor, odor ou aspecto estranho, pre-
sença de algas, óleos, corantes, material sobrenadante, peixes ou ou-
tros animais aquáticos mortos), nas determinações laboratoriais e na
interpretação dos dados. Devem ainda ter condições para estabelecer,
se necessário, pontos de amostragem alternativos e outros parâme-
tros complementares para uma melhor caracterização do ambiente em
estudo. Um técnico bem treinado, consciente e observador é de impor-
tância fundamental para a consecução dos objetivos dos programas de
avaliação dos ecossistemas aquáticos.

É importante destacar que as coletas de amostras biológicas depen-


dem de autorização prévia dos órgãos competentes, como o Institu-
to Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Essa
autorização, todavia, não é necessária para fins de monitoramento da
qualidade da água. Maiores informações podem ser obtidas no site do
Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO) do
Ministério do Meio Ambiente (http://www4.icmbio.gov.br/sisbio//)

50 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


3.2 Coleta e Preservação de Amostras
Neste tópico encontram-se orientações quanto à limpeza e ao prepa-
ro dos recipientes utilizados para o armazenamento de amostras. In-
formações sobre as técnicas de preservação para cada variável, o tipo
de recipiente, o volume de amostra necessário, o tipo de preservação
recomendada e o prazo para ensaios físico-químicos, microbiológicos,
biológicos e toxicológicos encontram-se no Anexo 1.

3.2.1 Coleta e Tipos de Amostras


A coleta de amostras é, provavelmente, o passo mais importante para
a avaliação da área de estudo; portanto, é essencial que a amostragem
seja realizada com precaução e técnica, para evitar todas as fontes pos-
síveis de contaminação e perdas e representar o corpo d’água amostra-
do e/ou a rede de distribuição de água tratada.

Para definir a natureza da amostra coletada, nesse Guia são adota-


dos códigos que se referem à classe da amostra: A - Amostras de água
tratada; B - Amostras de água bruta; C - Amostras de água residuária;
D - Amostras de solo, sedimento, lodo, material sólido de dragagem, resí-
duo sólido e semi-sólido em geral; E - Amostras de materiais biológicos. As
definições de cada uma delas encontram-se no Glossário (Anexo 2).

A técnica a ser adotada para a coleta de amostras depende da matriz


a ser amostrada (água superficial, em profundidade, subterrânea, tra-
tada, residuária, sedimento, biota aquática, entre outras), do tipo de
amostragem (amostra simples, composta ou integrada) e, também, dos
ensaios a serem solicitados (ensaios físico-químicos, microbiológicos,
biológicos e toxicológicos) e devem ser tomados os seguintes cuidados:

• Verificar a limpeza dos frascos e dos demais materiais e equipamentos


que serão utilizados para coleta (baldes, garrafas, pipetas etc.);
• Empregar somente os frascos e as preservações recomendadas
para cada tipo de determinação, verificando se os frascos e reagen-
tes para preservação estão adequados e dentro do prazo de valida-
de para uso (Anexo 1). Em caso de dúvida, substituí-los;
• Certificar-se que a parte interna dos frascos, assim como as tampas
e batoques, não sejam tocadas com a mão ou fiquem expostas ao pó,
fumaça e outras impurezas (gasolina, óleo e fumaça de exaustão de
veículos podem ser grandes fontes de contaminação de amostras).

organização dos trabalhos de campo 51


Cinzas e fumaça de cigarro podem contaminar as amostras com
metais pesados e fosfatos, entre outras substâncias. É importante,
portanto, que os técnicos responsáveis pela coleta de amostras não
fumem durante a coleta e utilizem uniformes e EPI adequados para
cada tipo de amostragem (avental, luva cirúrgica ou de borracha
de látex, óculos de proteção, entre outros), sempre observando e
obedecendo às orientações de cada local ou ambiente onde será
realizada a amostragem;
• Fazer a ambientação dos equipamentos de coleta com água do pró-
prio local, se necessário;
• Garantir que as amostras líquidas não contenham partículas grandes,
detritos, folhas ou outro tipo de material acidental durante a coleta;
• Coletar um volume suficiente de amostra para eventual necessida-
de de se repetir algum ensaio no laboratório;
• Fazer todas as determinações de campo em alíquotas de amos-
tra separadas das que serão enviadas ao laboratório, evitando-se
assim o risco de contaminação;
• Colocar as amostras ao abrigo da luz solar, imediatamente após a
coleta e preservação;
• Acondicionar em caixas térmicas com gelo as amostras que exigem
refrigeração para sua preservação (observar que as amostras para
ensaio de Oxigênio Dissolvido não devem ser mantidas sob refri-
geração);
• Manter registro de todas as informações de campo, preenchendo
uma ficha de coleta por amostra, ou conjunto de amostras da mes-
ma característica, contendo os seguintes dados:
a) Nome do programa de amostragem e do coordenador, com te-
lefone para contato;
b) Nome dos técnicos responsáveis pela coleta;
c) Número de identificação da amostra;
d) Identificação do ponto de amostragem: código do ponto, ende-
reço, georreferenciamento, etc.
e) Data e hora da coleta;
f) Natureza da amostra (água tratada, nascente, poço freático,
poço profundo, represa, rio, lago, efluente industrial, água sa-
lobra, água salina etc.);
g) Tipo de amostra (simples, composta ou integrada)
h) Medidas de campo (temperatura do ar e da água, pH, condu-
tividade, oxigênio dissolvido, transparência, coloração visual,
vazão, leitura de régua, etc.);

52 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


i) Eventuais observações de campo;
j) Condições meteorológicas nas últimas 24 horas que possam
interferir com a qualidade da água (chuvas);
k) Indicação dos parâmetros a serem analisados nos laboratórios
envolvidos;
l) Equipamento utilizado (nome, tamanho, malha, capacidade,
volume filtrado, e outras informações relevantes).

As amostras podem ser simples, compostas ou integradas. A amostra


simples (pontual ou instantânea) é aquela coletada em uma única toma-
da de amostra, num determinado instante, para a realização das deter-
minações e ensaios. O volume total da amostra irá depender dos parâ-
metros escolhidos. É indicada para os casos onde a vazão e a composição
do líquido (água ou efluente) não apresentam variações significativas.
É obrigatória para os parâmetros cujas características alteram-se rapi-
damente ou não admitem transferência de frasco (sulfetos, oxigênio dis-
solvido, solventes halogenados, óleos e graxas, microbiológicos).

A amostra composta é constituída por uma série de amostras simples,


coletadas durante um determinado período e misturadas para consti-
tuir uma única amostra homogeneizada. Este procedimento é adotado
para possibilitar a redução da quantidade de amostras a serem analisa-
das, especialmente quando ocorre uma grande variação de vazão e/ou
da composição do líquido. A amostragem pode ser realizada em função
(a) do tempo (temporal); (b) da vazão; (c) da profundidade do local a ser
amostrado; (d) da margem ou distância entre um ponto de amostragem
e outro (espacial). A composição de amostra é realizada de acordo com
o objetivo de cada trabalho e é definida pelo coordenador técnico no
momento da elaboração do projeto.

O período total da amostragem composta poderá ser subdividido, de


acordo com a capacidade de processamento do laboratório. Quando
o laboratório de ensaios se encontra em local distante dos pontos de
amostragens, recomenda-se que as amostras sejam compostas em pe-
ríodos menores que 24 horas, devido aos tempos máximos para a reali-
zação de ensaios de alguns parâmetros, de forma a não exceder o prazo
de validade da amostra.

A amostragem integrada é aquela realizada com amostradores que


permitem a coleta simultânea, ou em intervalos de tempo o mais

organização dos trabalhos de campo 53


próximo possível, de alíquotas que serão reunidas em uma única
amostra.

Para uma melhor representatividade do local amostrado, pode-se tam-


bém realizar a amostragem com réplicas (duplicata ou triplicata), quan-
do a amostra é coletada de modo sequencial e independente, em um
determinado período de tempo ou espaço.

A coleta de água varia também em função da profundidade em que foi


realizada, podendo ser superficial ou em diferentes distâncias abaixo
da superfície. A coleta de água superficial é a que ocorre entre 0 e 30
centímetros da lâmina d’água, enquanto que a em profundidade ocorre
abaixo de 30 centímetros da lâmina d’água e deve ser realizada obri-
gatoriamente com o auxílio de equipamento adequado, tomando-se o
cuidado de não provocar a suspensão do sedimento próximo ao fundo.
Os níveis de profundidade são definidos pelo coordenador técnico no
momento da elaboração do projeto, de acordo com o objetivo de cada
trabalho. A profundidade total do local de amostragem é verificada em
campo, com auxílio de uma corda metrada com um peso extra, tipo poi-
ta, ou com ecobatímetro da embarcação.

Toda vez que o procedimento de coleta for realizado com apoio de em-
barcação, assim que for confirmada sua ancoração no ponto onde será
realizada a coleta, a embarcação deve ser mantida na mesma posição, não
podendo ser ligada para reposicionamento até o final do procedimento.

3.2.2 Preservação de amostra


Independente da natureza da amostra, a estabilidade completa para
cada constituinte nunca pode ser obtida. As técnicas de preservação,
a seleção adequada dos frascos e a forma de armazenamento, têm por
objetivo retardar a ação biológica e a alteração dos compostos quími-
cos; reduzir a volatilidade ou precipitação dos constituintes e os efei-
tos de adsorção; e/ou preservar organismos, evitando ou minimizando
alterações morfológicas, fisiológicas e de densidades populacionais,
em todas as etapas da amostragem (coleta, acondicionamento, trans-
porte, armazenamento, até o momento do ensaio).

As alterações químicas que podem ocorrer na estrutura dos constituin-


tes acontecem, principalmente, em função das condições físico-quími-

54 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


cas da amostra. Assim, metais podem precipitar-se como hidróxidos, ou
formar complexos com outros constituintes; os cátions e ânions podem
mudar o estado de oxidação; íons podem ser adsorvidos na superfície
interna do frasco de coleta; e outros constituintes podem dissolver-se
ou volatilizar-se com o tempo.

As ações biológicas podem conduzir à alteração da valência de


elementos ou radicais. Os constituintes solúveis podem ser convertidos
em matéria orgânica e, com a ruptura das células, esses constituintes
podem ser liberados na solução. Os ciclos biogeoquímicos, como do
nitrogênio e do fósforo, são exemplos dessa influência biológica na
composição da amostra.

As técnicas de preservação de amostras mais empregadas são: adição


química, congelamento e refrigeração.

Adição química
O método de preservação mais conveniente é o químico, através do
qual o reagente é adicionado prévia (ensaios microbiológicos) ou ime-
diatamente após a tomada da amostra, promovendo a estabilização
dos constituintes de interesse por um período maior. Contudo, para
cada ensaio existe uma recomendação específica (Anexo 1). Geralmen-
te é realizada com o auxílio de um frasco dosador, frasco conta-gota,
pipeta, proveta, entre outros.

Congelamento
É uma técnica aceitável para alguns ensaios e serve para aumentar o
intervalo entre a coleta e o ensaio da amostra in natura, sem compro-
meter esta última.

É inadequada para as amostras cujas frações sólidas (filtráveis e não


filtráveis) alteram-se com o congelamento e posterior retorno à
temperatura ambiente, e para a maioria das determinações biológicas e
microbiológicas. Os ensaios que permitem esta técnica de preservação
constam no Anexo 1.

Refrigeração
Constitui uma técnica comum em trabalhos de campo e pode ser uti-
lizada para preservação de amostras mesmo após a adição química,
sendo empregada frequentemente na preservação de amostras para

organização dos trabalhos de campo 55


ensaios microbiológicos, físico-químicos orgânicos e inorgânicos, bio-
lógicos e toxicológicos. Os ensaios que permitem esta técnica de pre-
servação constam no Anexo 1.

3.3 Acondicionamento, Transporte e


Armazenamento de Amostras

3.3.1 Acondicionamento
Neste item encontram-se orientações para o acondicionamento de
amostras, quanto ao tipo, limpeza e preparo dos recipientes utilizados.

3.3.1.1 Tipos de Recipientes


Os tipos de recipientes mais utilizados para coleta e preservação de
amostras são os de plástico autoclavável de alta densidade (polietileno,
polipropileno, policarbonato ou outro polímero inerte) e os de vidro,
com boca larga (mais ou menos 4 cm de diâmetro) para facilitar a coleta
da amostra e a limpeza. Estes dois tipos de materiais apresentam van-
tagens e desvantagens (Tabela 1).

Tabela 1. Comparação entre recipientes de vidro (borossilicato) e polietileno,


polipropileno ou outro polímero inerte.
Material
Condições
Operacionais
Vidro (Borossilicato) Plástico (polímero inerte)

Indicado para todas as Indicado para a maioria dos


análises de compostos compostos inorgânicos,
Interferência orgânicos. Inerte a maioria dos biológicos e microbiológicos.
com a amostra constituintes, exceto a forte Pode contaminar amostras
alcalinidade. Adsorve metais com ftalatos.
em suas paredes.

Peso Pesado Leve

Resistência à Muito Frágil Durável


quebra

Alguma dificuldade na
Limpeza Fácil remoção de componentes
adsorvíveis

Apenas por técnicas de uso


pouco comum no Brasil, como
Esterilizável Sim óxido de etileno e radiação
gama. Alguns tipos são
autoclaváveis.

56 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Os recipientes de plástico apresentam maiores vantagens por serem
leves e resistentes à quebra, e são recomendados quando o plástico
é aceitável na coleta, devido ao baixo custo e à menor adsorção de
íons de metais. Recipientes de polietileno também podem ser usados,
porém são menos rígidos e, consequentemente, apresentam uma
menor resistência à autoclavação.

Os frascos podem ser de vidro neutro ou de borossilicato. A desvantagem


deste tipo de material é o seu peso e a possibilidade de quebra durante
o seu manuseio e transporte. O vidro de borossilicato é o recomendado
por ser inerte à maior parte dos materiais e é indicado para determinados
tipos de ensaios, como os microbiológicos, pesticidas e de óleos e graxas;
entretanto, possui um custo mais elevado.

Os recipientes podem ser também do tipo descartável ou reutilizável.


Os recipientes descartáveis são utilizados quando o custo da limpeza é
alto. Estes devem estar limpos, serem à prova de vazamento e, quando
necessário, estéreis. Os recipientes reutilizáveis são usados quando o
custo de limpeza é baixo em comparação com o custo de aquisição de
novos recipientes. Devem ser de fácil lavagem e, se necessário, resis-
tentes a temperaturas elevadas.

A capacidade dos recipientes varia em função do volume de amostra


necessário para os ensaios a serem efetuados. O frasco geralmente
precisa ter capacidade suficiente para conter a amostra e deixar um
espaço que permita uma boa homogeneização, a menos que o proce-
dimento recomende a coleta com o frasco totalmente cheio. Normal-
mente, empregam-se frascos de 250mL, 500mL, 1L e 5L. Todavia,
recipientes com capacidades menores ou maiores podem ser necessá-
rios, de acordo com as determinações a serem realizadas. No caso das
amostras de sedimento, podem ser acondicionadas em potes ou sacos
plásticos de polietileno, potes de vidro de cor âmbar ou papel alumínio
e sacos plásticos reforçados (APHA, 2005).

É fundamental que tanto o recipiente, como a tampa e o batoque


estejam livres do analito de interesse, especialmente quando os limites
de quantificação são baixos. No caso de ensaios orgânicos, não usar
frascos plásticos, exceto aqueles feitos de polímeros fluorinados, tal
como teflon (PTFE – politetraflúoretileno), pois alguns analitos da
amostra podem ser adsorvidos pela parede do recipiente plástico e/

organização dos trabalhos de campo 57


ou alguns contaminantes do recipiente plástico podem ser liberados
na amostra. Evitar recipientes plásticos sempre que possível, devido
ao seu potencial de contaminação, principalmente por ésteres de
ftalato. Considerando que alguns compostos orgânicos (como também
os pigmentos fotossintetizantes) são fotodegradáveis, é necessário
utilizar frascos de vidro de cor âmbar ou, na impossibilidade, envolver
os frascos transparentes em papel alumínio ou “kraft”. Para a análise de
metais, tomar cuidado para que a amostra não entre em contato com
batoques metálicos; para a realização de ensaios microbiológicos, os
recipientes devem ser esterilizados. Como regra geral, as tampas e os
batoques devem garantir uma boa vedação da amostra, especialmente
durante o transporte.

3.3.1.2 Limpeza e Preparo de Recipientes


A limpeza dos recipientes, tampas e batoques é de grande importância
para impedir a introdução de contaminantes nas amostras com o anali-
to de interesse. Um exemplo dessa contaminação é o uso de detergen-
tes comuns para lavar recipientes que serão empregados nos ensaios
de surfactantes e fosfatos. Portanto, deve-se garantir que os procedi-
mentos de lavagem sejam eficazes para a limpeza e não acrescentem
interferentes nos resultados analíticos (qualidade e composição dos
detergentes, pureza das soluções usadas, tempo de contato com os re-
agentes, controle da temperatura, dentre outros).

Os procedimentos manuais mais utilizados na limpeza e preparo de


frascaria são listados a seguir (limpeza básica e especial). Procedimen-
tos automáticos podem ser empregados utilizando-se máquina de la-
vagem de vidraria, escolhendo o programa apropriado para cada tipo
de frascaria.

a) Limpeza básica de frascaria


i. Deixar os frascos, tampas e batoques de molho em solução de de-
tergente alcalino 0,1% por tempo suficiente para facilitar a remo-
ção dos resíduos da amostra e possíveis etiquetas;
ii. Esfregar os frascos com gaspilhão até retirada total dos resíduos;
iii. Esfregar com esponja de aço e detergente neutro a parte externa
dos frascos;
iv. Enxaguar com água corrente para retirada do detergente (se
necessário, usar água quente);

58 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


v. Realizar enxague final com agua destilada ou deionizada;
vi. Colocar em estufa entre 70ºC e 100ºC, durante duas horas, para
secagem ou deixá-los secar com a boca para baixo sobre papel filtro
absorvente;
vii. Tampar e armazenar em local apropriado (livre de poeira).

No caso de recipientes novos descartáveis ou de vidro, enxaguar


cada frasco, tampa e batoque com água destilada ou deionizada.
Normalmente este procedimento é suficiente para garantir a limpeza
dos frascos. Entretanto é necessário realizar teste de branco de
frascaria para atestar a limpeza dos frascos.

b) Limpeza especial
Os procedimentos especiais de lavagem são adotados para a limpeza
dos recipientes para os ensaios de metais, fosfatos e fósforo total, com-
postos orgânicos (semivoláteis e voláteis), microbiológicos e mutageni-
cidade.

Ensaios de Metais

1. Imergir os frascos e suas tampas em solução de ácido nítrico 10%,


mantendo-os assim por no mínimo 48 horas;
2. Retirá-los da solução, escoando-os bem;
3. Enxaguá-los com água destilada ou deionizada;
4. Deixá-los secar com a boca para baixo sobre papel filtro absorvente;
5. Tampar e identificar o lote, que ficará aguardando o resultado do
ensaio do branco de lavagem (item 4.1.3. Branco de Frascaria);
6. Armazenar em local específico apropriado (livre de poeira);
7. Após o resultado satisfatório do ensaio de branco de frascaria,
identificar cada frasco com o número de lote.

Recomenda-se, para cada lote, a realização do ensaio de branco de la-


vagem para todos os metais de interesse, utilizando-se a mesma técni-
ca que será empregada na determinação.

Esta lavagem é empregada nos recipientes para os ensaios de cromo


hexavalente, metais, semimetais e metais dissolvidos (Anexo 1).

organização dos trabalhos de campo 59


Ensaios de fosfatos e fósforo total

1. Imergir os frascos e suas tampas em solução de ácido clorídrico


10%, mantendo-os assim por no mínimo 48 horas;
2. Retirá-los da solução, escoando-os bem;
3. Enxaguá-los com água desmineralizada.
4. Deixá-los secar com a boca para baixo sobre papel filtro absorvente;
5. Tampar e identificar o lote, que ficará aguardando o resultado do
ensaio do branco de lavagem (item 4.1.3. Branco de Frascaria);
6. Armazenar em local específico apropriado (livre de poeira);
7. Após o resultado satisfatório do ensaio de branco de frascaria,
identificar cada frasco com o número de lote.

Ensaios de Compostos Orgânicos Semivoláteis

1. Remover os resíduos dos frascos, com água corrente quente para


retirar a sujeira grosseira;
2. Lavar com detergente enzimático 0,5%, ou similar, com auxílio de
gaspilhão e esponja de limpeza;
3. Enxaguar abundantemente com água corrente quente (no mínimo 5
vezes) ou na máquina de lavar com água quente (no mínimo 2 vezes);
4. Enxaguar com água destilada;
5. Colocar os frascos em forno mufla (270ºC - 300ºC) por no mínimo
8 horas, para remover completamente qualquer composto orgâni-
co. Uma alternativa para a remoção desses compostos é a rinsagem
dos frascos com metanol ou isopropanol;
6. As tampas e os septos devem ser lavados pelo mesmo procedimen-
to, entretanto o processo de secagem deve ser realizado em estufa
em temperatura inferior 100oC.
7. Tampar e identificar o lote que ficará aguardando o resultado do
ensaio do branco de lavagem (item 4.1.3 Branco de Frascaria);
8. Armazenar em local protegido (livre de poeira);
9 Após o resultado satisfatório do ensaio do branco de frascaria,
identificar cada frasco com o número do lote.

Esta lavagem é empregada nos recipientes para os ensaios de


fenóis por cromatografia, herbicidas fenoxiácidos, PAH (Hidro-
carbonetos Policíclicos Aromáticos)/Benzo(a)Pireno, Pesticidas
organoclorados/PCB (Bifenilas policloradas) e Pesticidas organo-
fosforados (Anexo 1).

60 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Ensaio de Compostos Orgânicos Voláteis

1. Remover os resíduos dos frascos, com água corrente quente para


retirar a sujeira grosseira;
2. Lavar com detergente enzimático a 0,5% ou similar, com auxílio de
gaspilhão e esponja de limpeza;
3. Enxaguar com água corrente quente (no mínimo 5 vezes), ou enxa-
guar na máquina de lavar com água quente (no mínimo 2 vezes);
4. Enxaguar com água destilada e secar em estufa em temperatura
entre 100oC - 150ºC por no mínimo1 hora.
5. O mesmo procedimento deve ser aplicado ao septo de teflon (se
reutilizado) e a tampa, entretanto o processo de secagem deve ser
realizado em estufa em temperatura inferior 105oC.
6. Armazenar em local protegido (livre de poeira)

Esta lavagem é empregada nos recipientes do tipo V “Vial” (COV e


THM) (Anexo 1).

Ensaios Microbiológicos

• Limpeza dos recipientes


1. Lavar os frascos e tampas, interna e externamente, com uma solu-
ção de detergente alcalino 0,1% ou equivalente, com o auxílio de
um gaspilhão;
2. Enxaguar os frascos cerca de dez vezes em água corrente e uma
vez final com água destilada ou deionizada, enchendo e esvaziando
totalmente os frascos;
3. Acondicionar as tampas e os frascos em posição vertical e com o
bocal voltado para baixo para retirar o excesso de água.

Após a lavagem é necessária a adição de preservantes e a esterilização


dos frascos para garantir que estejam livres de contaminação micro-
biológica. Deve ser testada a eficiência do processo de autoclavação
com bioindicadores.

• Adição de Preservantes
Os frascos para a coleta de amostras destinadas a análises
microbiológicas de águas e efluentes clorados devem conter um

organização dos trabalhos de campo 61


agente neutralizador de cloro residual (tiossulfato de sódio) e um
agente quelante (EDTA – etileno diamino tetracetato de sódio), em
quantidades adequadas para neutralizar cloro e quelar metais pesados
que possam estar presentes nessas amostras.

Para análise de efluentes clorados, adicionar tiossulfato de sódio em


quantidades suficientes para obter-se uma concentração de 100mg/L
na amostra (por exemplo, 0,1mL de uma solução 10% para 120mL de
amostra), o que irá neutralizar até 15mg/L de cloro residual. Para cole-
ta de água tratada, a concentração de tiossulfato de sódio pode ser re-
duzida: 0,1mL de uma solução 3% para 120mL de amostra irão neutra-
lizar até 5mg/L de cloro residual. É necessário conhecer previamente
os teores de cloro residual de novos pontos de amostragem para que
os frascos de coleta possam ser preparados com as quantidades ade-
quadas de tiossulfato de sódio.

Um agente quelante deve ser adicionado, caso a amostra possa conter


metais pesados (cobre, níquel, zinco etc) em concentrações superiores
a 0,1 mg/L. Nessa situação provável, adicionar 0,3mL de uma solução
15% de EDTA para cada 120mL de amostra.

Essas soluções devem ser adicionadas aos frascos de coleta antes da


esterilização.

Após a adição dos agentes quelantes e neutralizadores de cloro livre,


o frasco é fechado e a tampa e o gargalo recobertos com papel alumí-
nio, de modo que fiquem protegidos da contaminação pelo manuseio,
durante todo o processo de coleta. É importante que a tampa esteja li-
geiramente frouxa para evitar a ruptura do frasco, facilitar a circulação
de vapor e eliminar o ar do seu interior no processo de esterilização.
Após o processo de esterilização, rosquear completamente a tampa do
frasco e fixar o papel alumínio com elástico.

Para a coleta de lodo de esgoto e sedimento não há necessidade


de adição de reagentes. Autoclavar os frascos e proteger a tampa e
gargalo com um pedaço de papel alumínio. Depois de autoclavado,
manusear o frasco sem a remoção do papel alumínio para evitar a
sua contaminação.

62 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


• Esterilização dos recipientes
Para a esterilização dos recipientes, devem ser observados os cuidados
necessários em função do tipo de recipiente, como descrito a seguir:

i. Recipientes de vidro neutro


Esterilizar em estufa à temperatura de 170oC a 180°C, durante duas horas.

ii. Recipientes de plástico autoclavável


Autoclavar a 121°C e 0,1 MPa (1 atm), durante 15 a 30 minutos.

Deve ser realizado teste de esterilidade dos frascos e teste de neutra-


lização do cloro residual livre, após a esterilização.

• Preparo e esterilização da mecha para ensaios de patógenos


(Técnica de Moore)
A mecha é confeccionada em tecido de crepe ou gaze esterilizada,
que deve ser dobrado cinco vezes, mantendo as dimensões de 23cm
de largura x 46cm de comprimento em cada dobra (Fig. 6). A partir da
base inferior de 23cm, cortam-se 5 tiras de 4,5cm de largura e 36cm de
comprimento, deixando-se 10cm livres na parte superior sem cortar,
onde será fixado o fio de náilon para servir de suporte para a mecha
(Fig. 7). A metragem do fio de náilon utilizada deverá ser determina-
da de acordo com a profundidade do ponto de coleta a ser amostrado,
garantindo que a mesma fique totalmente imersa. Para as coletas em
rios, represas ou córregos, as mechas deverão possuir em seu interior
um peso fixado, para facilitar a imersão da mesma. Embrulhar em papel
“kraft” e autoclavar a 121ºC durante 15 minutos.

organização dos trabalhos de campo 63


Figura 6. Dimensões do tecido de gaze para a confecção da mecha para coleta de amostras para
análise de patógenos.

(a) (b)

Figura 7. Mecha empregada na técnica de Moore: (a) Esquema; (b) foto da mecha de gase com
meio de transporte (Carry Blair) (Foto: Carlos Jesus Brandão/CETESB).

Ensaios de mutagenicidade (Teste Ames)

• Limpeza dos recipientes


1. Lavar os frascos e tampas de borossilicato, interna e externamente,
com uma solução de detergente tipo Extran alcalino 0,1%, com au-
xílio de um gaspilhão;
2. Enxaguar de oito a dez vezes com água corrente, até que visual-
mente não se perceba o resíduo do detergente;
3. Lavar com uma solução de ácido sulfúrico/ácido nítrico 10% (6+1);
4. Enxaguar de oito a dez vezes em água corrente e 1 vez em água
destilada ou deionizada;

64 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


5. Acondicionar as tampas e os frascos com a boca voltada para baixo,
para retirar o excesso de água;
6. Secar em estufa à temperatura acima de 50ºC;
7. Não é necessária a posterior esterilização dos recipientes.

• Fibras de “Blue Rayon”


1. Lavar as fibras de “Blue Rayon” (fibras de rayon ligadas covalente-
mente ao tiosulfato de cobre ftalocianina) em béquer com água deio-
nizada usando bastão de vidro por 5 minutos, por quatro vezes;
2. Remover o excesso de água com auxílio de papel filtro;
3. Imergir as fibras em solução metanol/amônio (50+1 v/v) e deixar
em agitador mecânico por 1 hora;
4. Após esse período, descartar a solução de solventes. Repetir essa
etapa por duas vezes;
5. Imergir o “Blue Rayon” em solução metanol/amônio (50+1 v/v) por
uma noite;
6. Lavar o “Blue Rayon” por imersão com metanol por 1 hora, agitando
ocasionalmente;
7. Retirar o “Blue Rayon” e secar em capela todo o solvente residual.
A solução de metanol deve ser concentrada em evaporador rota-
tório para posterior verificação da presença de possíveis resíduos
que possam interferir na análise (branco);
8. Armazenar o “Blue Rayon” em um béquer protegido da luz.

3.3.2 Transporte e Armazenamento


O transporte das amostras coletadas deve ser realizado sob refrigera-
ção, assim como a etapa de armazenamento até o momento de ensaio,
observando as exceções especificadas no Anexo 1.

3.4 Segurança nos Trabalhos de Campo


Os trabalhos de campo são realizados em condições e locais muito
variados, podendo resultar em acidentes. Para que os riscos de
acidentes possam ser reduzidos, deve-se alertar e treinar os técnicos
envolvidos, providenciando os equipamentos de proteção individuais
(aventais, botas, luvas, óculos de segurança, capa de chuva, protetor
solar) e coletivos adequados ao trabalho a ser realizado, bem como ter
disponível uma caixa de primeiros socorros.

organização dos trabalhos de campo 65


A seguir, são feitas considerações e recomendações para algumas das
atividades que oferecem maiores riscos de acidentes para os trabalhos
em campo.

3.4.1 Transporte Rodoviário


O próprio deslocamento do técnico e dos equipamentos ao local de
amostragem oferece grandes riscos. Não só os inerentes ao desloca-
mento, como os decorrentes do transporte concomitante do material
de coleta, principalmente quando houver embarcação, equipamentos
especiais, frascos de vidro e reagentes para a preservação de amostras.
Esses materiais não devem ser transportados junto aos passageiros.
Recomenda-se armazenar adequadamente os materiais, de preferên-
cia, no porta-malas ou na caçamba do veículo. A capacidade máxima de
peso e volume do veículo deve ser observada. É obrigatória a utilização
de cinto de segurança, mesmo em pequenos trajetos, conforme exige a
legislação vigente.

Os frascos que acondicionam os reagentes utilizados na preservação


de amostras devem ser preferencialmente de plástico e com batoques
de vedação para impedir vazamentos. No caso de serem de vidro, os
frascos devem ser calçados e protegidos adequadamente para não se
quebrarem durante o transporte.

3.4.2 Acesso aos Pontos de Amostragem


Locais de difícil acesso e próximos a pontes, estradas movimentadas e
locais de tráfego intenso de máquinas etc., podem aumentar a proba-
bilidade de acidentes, muitas vezes evitáveis. Uma ponte, por exemplo,
pode constituir-se em caminho mais fácil para se atingir o meio de um
rio e retirar a amostra. Na sua maioria, porém, esses locais são muito
movimentados, há estreitamento de pista e pequena faixa de seguran-
ça para pedestres, o que dificulta a parada do veículo e oferece riscos
aos técnicos que executam os trabalhos. Por isso, a coleta em pontes
deve ser precedida da colocação de dispositivo de sinalização adequa-
do, que proporcione proteção contra veículos em trânsito.

Regiões com muita vegetação, nas quais o acesso aos pontos de coleta
é realizado por meio de trilhas, oferecem maior risco de picadas de
insetos e mordeduras de cobras ou outros animais. Portanto, nesses

66 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


locais a atenção deve ser redobrada e deve-se usar vestimenta
adequada, como calças compridas, botas, perneira, chapéu etc.
Repelentes para insetos podem ser utilizados, desde que sejam usadas
luvas durante o manuseio das amostras para ensaios químicos, a fim de
evitar a contaminação das mesmas.

3.4.3 Embarcações
A utilização de embarcações para coleta de amostras em rios, represas,
reservatórios, áreas estuarinas e no mar é muito frequente. Por isso, a
verificação das condições gerais da embarcação, da carreta e dos seus
acessórios é importante para se evitar atrasos e acidentes durante o
trajeto e o percurso embarcado até o local de amostragem. Devem ser
verificadas as condições de funcionamento do conjunto de equipamen-
tos. São itens obrigatórios: motor, tanque e mangueira de combustível,
bateria, tampões de casco, remos, colete salva-vidas em número sufi-
ciente para toda a tripulação, âncora, extintor de incêndio, cordas, lu-
zes de sinalização noturna da embarcação e da carreta e estepe para
a carreta. Recomenda-se ainda outros acessórios, como bússola, eco-
batímetro, GPS, telefone celular, sistema de radiocomunicação, sinali-
zadores de fumaça colorida, além de peças de manutenção básica do
motor (velas, caixa de ferramentas, óleo 2 tempos para o motor etc.).
Toda documentação da embarcação e da carreta, bem como a habili-
tação náutica dos operadores das embarcações, deverão estar em or-
dem. Deve-se levar em consideração a compatibilidade da localização
dos pontos com a categoria da habilitação náutica do condutor.

Quando o trabalho exigir a operação da embarcação longe da costa


ou em áreas, rios ou reservatórios, sob jurisdição da Marinha do
Brasil é necessário estabelecer um ponto de apoio em terra (marinas,
barragens, clubes, Capitania dos Portos, Polícia Militar/Ambiental,
etc.), informando o plano de trabalho e a rota de navegação, um número
de celular ou a frequência do rádio para contato. Recomenda-se, ainda,
obter informações prévias sobre as condições meteorológicas da
região e ter em mãos mapas ou cartas náuticas e tábua de marés. No
caso de amostragem de longa duração, é importante ter a bordo água
potável e alimentação leve.

Recomenda-se que a equipe de trabalho tenha treinamento em nata-


ção básica e sobrevivência de náufragos.

organização dos trabalhos de campo 67


3.4.4 Manipulação de Reagentes e Soluções
A preservação de amostras com a utilização de reagentes químicos tem
provocado inúmeros acidentes. Deve-se evitar a manipulação inade-
quada e a técnica de pipetar o reagente com auxílio da boca, evitando-
-se com isso queimaduras nas mãos, corpo e nos pés, ataque ao esmalte
dos dentes e a ingestão acidental do reagente.

A quebra de frascos e pipetas de vidro poderá ser evitada com a utili-


zação de frascos plásticos, tipo conta gotas ou pissete dosadoras, os
quais permitem adicionar diretamente na amostra a quantidade neces-
sária de reagente, sem o emprego de pipetas.

3.4.5 Amostras de Efluentes (industriais e domésticos) e


Resíduos Sólidos
Quando os pontos de amostragens estão localizados dentro das indús-
trias, os técnicos envolvidos estarão expostos a todos os riscos de aci-
dentes inerentes àquela área. Portanto, devem receber treinamento
adequado para a sua permanência, bem como estar munidos de equi-
pamentos de segurança exigidos pela indústria.

Como os efluentes líquidos podem apresentar diversos compostos


químicos e/ou constituintes infecto-contagiosos, os técnicos devem
estar preparados para manuseá-los de forma segura, prevenindo-se
contra todos os tipos de acidentes, quer do ponto de vista tóxico ou
explosivo, quer do ponto de vista de contaminação e riscos biológicos.
Como exemplo, efluentes contendo cianeto e arsênio apresentam toxi-
cidade elevadas, mesmo em baixas concentrações; solventes, em geral,
apresentam risco de explosão; vários compostos químicos podem ser
carcinogênicos ou apresentar risco de queimadura; esgotos e resíduos
domésticos podem conter microrganismos patogênicos.

Portanto, os técnicos precisam ser treinados para as situações de


emergência que podem ocorrer nos locais das amostragens, como as
indústrias, as estações de tratamento de esgotos, os aterros sanitários
e industriais e as plantas de incineração de resíduos sólidos.

68 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


3.5 Preparo de Soluções e Reagentes

3.5.1 Formol Neutralizado


É importante destacar que existem diferenças entre as soluções
de formol (formalina) e de formaldeído. O formol contém em sua
composição em média 40% de formaldeído. Por esse motivo uma
solução de formol 10% (formalina 10%) equivale a uma solução de
formaldeído a 4%. Portanto, para fins de padronização no texto deste
Guia todas essas soluções foram expressas com base em formol.

a) Procedimento para o emprego em amostras de plâncton (fitoplânc-


ton e zooplâncton):
– Adicionar 5g de bicarbonato de sódio (ou 20g de tetraborato de
sódio) em 1L de formol P.A.

b) Procedimento para o emprego em amostras de bentos:


– Medir o pH do formol com fita indicadora de pH ou pHmetro;
– Acrescentar, aos poucos, quantidade suficiente de bicarbonato
de sódio (ou tetraborato de sódio) para que o pH torne-se 7.

3.5.2 Formol Neutralizado, com Sacarose


Diluir 40g de sacarose (açúcar) em 1L de formol P.A. previamente neu-
tralizado com bicarbonato de sódio ou tetraborato de sódio.

3.5.3 Meio de Transporte Cary e Blair (Técnica de Moore)


Fórmula: 1,5g de tioglicolato de sódio (C2H3NaO2S),1,1g de fosfato de
sódio dibásico anidro (Na2HPO4), 5g de cloreto de sódio (NaCl) e 5g
de agar.

• Pesar os ingredientes acima ou pesar meio desidratado (“Cary and


Blair Transport Medium”) na quantidade especificada pelo fabri-
cante e acrescentar 991mL de água destilada;
• Aquecer em banho-maria fervente, com agitação constante até
completa dissolução, mantendo o meio por mais 15 minutos, para
esterilizá-lo;
• Estabilizar o meio de cultura a uma temperatura de 50oC a 55ºC,
em banho-maria;
• Adicionar, assepticamente, 9mL de cloreto de cálcio (CaCl2)1%;
• Ajustar o pH final 8,4 ± 0,2;

organização dos trabalhos de campo 69


• Distribuir volumes de 300mL em sacos plásticos estéreis de 20L;
• Fechar os sacos e etiquetar com o nome do meio de cultura, nome
do responsável pelo preparo, datas de preparo e validade e o nú-
mero do lote;
• Armazenar em refrigerador de 2oC a 8ºC;
• Válido por 15 dias.

3.5.4 Solução de Acetato de Zinco (Zn (C2H3O2)2) 2M


• Pesar 220g de acetato de zinco em béquer de 1L;
• Adicionar cerca de 500mL de água destilada;
• Agitar até dissolução;
• Transferir para balão volumétrico de 1L;
• Completar o volume com água destilada.

3.5.5 Solução de Ácido Clorídrico (HCl) 1+9 (10%)


• Em balão volumétrico de 1L, adicionar aproximadamente 600mL
de água destilada;
• Acrescentar, vagarosamente, 100mL do ácido concentrado;
• Completar o volume para 1L com água destilada.

3.5.6 Solução de Ácido Clorídrico (HCl) 1+1 (50%)


• Em balão volumétrico de 1L, adicionar aproximadamente 400mL
de água destilada;
• Acrescentar, vagarosamente, 500mL do ácido concentrado;
• Completar o volume para 1L com água destilada.

3.5.7 Solução de Ácido Nítrico (HNO3) 1+9 (10%)


• Em balão volumétrico de 1L, adicionar aproximadamente 600mL
de água destilada;
• Acrescentar, vagarosamente, 100mL do ácido nítrico concentrado;
• Completar o volume para 1L com água destilada.

3.5.8 Solução de Ácido Nítrico (HNO3) 1+1 (50%)


• Em balão volumétrico de 1L, adicionar aproximadamente 400mL
de água destilada;
• Acrescentar, vagarosamente, 500mL do ácido nítrico concentrado;
• Completar o volume para 1L com água destilada.

70 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


3.5.9 Solução de Ácido Sulfúrico (H2SO4) 1+1 (50%)
• Em balão volumétrico de 1L, adicionar aproximadamente 400mL
de água destilada;
• Acrescentar, vagarosamente, 500mL do ácido sufúrico concentrado;
• Completar o volume para 1L com água destilada.

3.5.10 Solução de Ácido Sulfúrico (H2SO4) 1+9 (10%)


• Em balão volumétrico de 1L, adicionar aproximadamente 600 mL
de água destilada;
• Acrescentar, vagarosamente, 100mL de ácido sulfúrico;
• Completar o volume de água destilada para 1L.

3.5.11 Solução de Ácido Sulfúrico (H2SO4) / Ácido Nítrico


(HNO3) 10% (6+1)
• Misturar 6 partes da solução de ácido sulfúrico 10% e 1 parte da
solução de ácido nítrico 10%.

3.5.12 Solução Alcali-Iodeto-Azida


• Em balão volumétrico de 1L, dissolver 500g de hidróxido de sódio
(NaOH) P.A. e 150g de iodeto de potássio (KI) P.A. em água destila-
da (em banho de água fria ou gelo);
• Acrescentar 10g de azida sódica (NaN3), dissolvidos em 40mL de
água destilada;
• Completar o volume para 1L com água destilada.

NOTA: No caso de amostras de água do mar, não é necessária a adição


de azida sódica.

3.5.13 Solução de Álcool 70º GL


• Diluir o álcool comercial 96º GL em água destilada;
• Medir seu grau continuamente com um alcoômetro (segundo Gay-
Lussac), até que se atinja 70ºGL.

3.5.14 Solução de Carbonato de Magnésio (MgCO3) 1%


• Dissolver 1g de carbonato de magnésio finamente pulverizado em
100mL de água destilada.

organização dos trabalhos de campo 71


3.5.15 Solução de Cloreto de Cálcio Dihidratado
(CaCl2.2H2O) 1%
• Em um balão volumétrico de 100 mL dissolver 1g de cloreto de
cálcio dihidratado em 100mL de água destilada;
• Homogeneizar até a completa dissolução do sal.

3.5.16 Solução de Corante Rosa-de-bengala 0,1%


• Adicionar 1g do corante em 1L de solução de formol 10% ou etanol
70-95oGL.

3.5.17 Solução de Detergente Alcalino 0,1 %


• Em balão volumétrico de 1L, adicionar aproximadamente 900mL
de água destilada;
• Acrescentar 1mL do detergente;
• Completar o volume para 1L com água destilada.

3.5.18 Solução de Detergente Enzimático 0,5 %


• Em balão volumétrico de 1L, adicionar aproximadamente 900mL
de água destilada;
• Acrescentar 5mL do detergente;
• Completar o volume de água destilada para 1L.

3.5.19 Solução de EDTA (C10H16N2O8) 15%


• Em balão volumétrico de 1L, dissolver 150g de EDTA em água
destilada;
• Completar o volume para 1L com água destilada.

3.5.20 Solução de Formol 4%


• Em uma proveta, diluir 1 parte de formol P.A. em 24 partes de água
destilada.

3.5.21 Solução de Formol 5%


• Em uma proveta, diluir 1 parte de formol P.A. em 19 partes de água
destilada.

3.5.22 Solução de Formol 10%


• Em uma proveta, diluir 1 parte de formol P.A. em 9 partes de água
destilada.

72 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


3.5.23 Solução de Formol 20%
• Em uma proveta, diluir 1 parte de formol P.A. em 4 partes de água
destilada.

3.5.24 Solução de Fluoreto de Potássio 20%


• Em balão volumétrico de 1L dissolver 200g de fluoreto de potássio
(KF.2H20) P.A. em água destilada.
• Completar o volume para 1L com água destilada.

3.5.25 Solução de Hidróxido de Sódio (NaOH) 10M


• Dissolver 400g de hidróxido de sódio (NaOH) em 500mL de água
destilada;
• Transferir para um balão volumétrico de 1L;
• Completar o volume para 1L com água destilada.

3.5.26 Solução de Amido


• Pesar separadamente 2g de amido solúvel P.A. e 0,2 g de ácido sa-
licílico P.A.;
• Transferir para béquer de 200mL. Adicionar 10mL de água deioni-
zada e agitar até dissolução;
• Adicionar 95mL de água deionizada quente;
• Levar a aquecer até a fervura, durante 5 minutos;
• Deixar esfriar e acondicionar em frasco de polipropileno, ao abrigo
da luz.

3.5.27 Solução de Lugol (iodo ressublimado e iodeto de


potássio - KI)
• Adicionar 10g de iodo puro, 20g de iodeto de potássio e 20g de
ácido acético glacial, em 200mL de água destilada;
• Manter ao abrigo da luz.

3.5.28 Solução Metanol/Amônio (50+1 v/v)


• Acrescentar 20mL de hidróxido de amônia a 1L de metanol.

3.5.29 Solução de Sulfato Manganoso 2,14 M


• Dissolver 400 g de MnSO4.2H2O em água destilada;
• Filtrar e completar o volume com água destilada para 1L em balão
volumétrico.

organização dos trabalhos de campo 73


3.5.30 Solução de Tiossulfato de Sódio (Na2S2O3) 0,0125 N
padronizada
• Pesar 3,1025g de tiossulfato de sódio P.A. em béquer de 500mL;
• Adicionar cerca de 400mL de água deionizada e agitar até dissolução;
• Transferir para balão de 1000mL;
• Adicionar 1 g de Hidróxido de Sódio P.A. e agitar até dissolução;
• Completar o volume para 1L com água deionizada, homogeneizar e
guardar em frasco escuro.

3.5.31 Solução de Tiossulfato de Sódio (Na2S2O3) 3%


• Em balão volumétrico de 1L dissolver 30 g de tiossulfato de sódio
(Na2S2O3) em 100mL de água destilada;
• Completar o volume para 1L com água destilada.

3.5.32 Solução de Tiossulfato de Sódio (Na2S2O3) 10%


• Em balão volumétrico de 1L dissolver 100g de tiossulfato de sódio
(Na2S2O3) em 100mL de água destilada;
• Completar o volume para 1L com água destilada.

3.5.33 Solução Transeau


Acrescentar seis partes de água destilada, três partes de álcool etílico
95o GL e uma parte de formol P.A..

74 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


capítulo 4
4 CONTROLE DE QUALIDADE NA AMOSTRAGEM

A amostragem é considerada como um fator crítico em todo o processo


analítico; na verdade é frequentemente o ponto mais frágil do proces-
so e necessita de cuidado especial. A preocupação com a real influência
da coleta nos resultados tem sido cada vez maior, dentre outros mo-
tivos, em consequência dos processos de acreditação dos ensaios na
NBR ISO/IEC 17.025.

Vários órgãos internacionais têm proposto formas de garantir a quali-


dade dos procedimentos de coleta, como por exemplo, o EURACHEM
que, em 2007, publicou o documento “Medidas de incerteza de amostra-
gem – um guia de métodos e estratégias” (RAMSEY & ELLISON, 2007),
propondo uma metodologia para a estimativa da incerteza associada
aos procedimentos de coleta. Seguindo essa tendência o INMETRO
publicou, no final de 2009, os critérios para acreditação da amostra-
gem de águas e matrizes ambientais com o intuito de orientar os la-
boratórios que estão requerendo acreditação nessa área (INMETRO
– NIT-DICLA-057, 2009).

Os controles de qualidade do processo de amostragem devem ser


estabelecidos antecipadamente à atividade de coleta e ter seus critérios
de aceitação e de tomada de decisão definidos. A utilização destes
controles deve ser planejada considerando os analitos de interesse, as
características da amostragem e os custos envolvidos. Esse planejamento
é fundamental para garantia da integridade e representatividade da
amostra que é trazida ao laboratório para análise.

Para se estabelecer um sistema de qualidade da amostragem


consistente, vários aspectos devem ser considerados, uma vez que
influenciam direta e indiretamente na representatividade da amostra.
Esses aspectos dizem respeito à adoção de procedimentos que

controle de qualidade na amostragem 75


consigam detectar interferências que possam ocorrer no processo de
amostragem. Os principais controles de qualidade adotados durante a
amostragem são descritos a seguir.

4.1 Brancos
São controles realizados para avaliar a presença de contaminação em
partes específicas dos procedimentos de coleta. Normalmente é usada
água deionizada, com comprovada isenção dos compostos que serão
avaliados. Nesse tipo de controle, a presença de resultados positivos
para um analito específico pode indicar que ocorreu contaminação si-
milar nas demais amostras.

4.1.1 Branco de Campo e de Viagem


O branco de campo é usado para a verificação de contaminações am-
bientais que podem ser adicionadas às amostras durante os procedi-
mentos de coleta. O branco de viagem verifica a ocorrência de conta-
minação durante o transporte (laboratório – campo – laboratório).

São preparados no laboratório três frascos de branco (A, B, e C) com


água deionizada. O frasco A é encaminhado imediatamente para aná-
lise e os demais vão a campo. No ponto de coleta, o frasco B perma-
nece na caixa de transporte, enquanto o frasco C é retirado, aberto e
exposto ao ambiente durante todo o procedimento de coleta. Ao final,
o frasco C é fechado, armazenado na caixa de transporte juntamente
com as demais amostras coletadas e o frasco B, sendo todos subme-
tidos ao processo analítico requerido. Recomenda-se a realização de
pelo menos um controle (três frascos) para cada viagem realizada. Os
resultados de cada controle são obtidos conforme descrito a seguir:

(B – A) = Branco de viagem

(C – B – A) = Branco de Campo

4.1.2 Branco de Equipamentos


Os procedimentos de branco de equipamento podem ser usados tan-
to para avaliar a eficiência da lavagem dos equipamentos de coleta em
laboratório como em campo (“rinsagem”). No caso da realização em
campo, serve para verificar a eficiência da lavagem realizada nos equi-

76 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


pamentos entre os pontos de coleta, minimizando a possibilidade de
contaminação cruzada.

Para sua realização, utiliza-se água deionizada, que ao fim do proces-


so de lavagem é usada como ultima água de enxágue do equipamento,
devendo ser coletada e analisada para o(s) parâmetro(s) de interesse.
As amostras devem apresentar resultados abaixo do limite de quanti-
ficação do método.

4.1.3 Branco de Frascaria


É usado para verificar a possibilidade da contaminação da amostra pe-
los frascos de coleta. Podem ser usados para verificar a presença de
contaminação de frascos descartáveis ou para avaliar a eficiência da
lavagem de frascos reutilizáveis.

Após preservação dos frascos (quando pertinente ao método), os mes-


mos são encaminhados ao(s) laboratório(s), para realização dos en-
saios de interesse, devendo apresentar resultados abaixo do limite de
quantificação do método analítico.

No caso do ensaio de branco para compostos orgânicos semi-voláteis,


os frascos devem ser preenchidos com solvente (usualmente é o
diclorometano) e encaminhados para o laboratório para verificar
a ausência de contaminação, indicando assim a eficiência do
procedimento de lavagem.

4.1.4 Branco de Sistema de Filtração


Para análise de metais dissolvidos deve-se averiguar se a unidade
filtrante, a ser empregada na filtração das amostras em campo, está
isenta dos analitos de interesse.

Retira-se uma quantidade representativa de filtros do lote (aproxima-


damente 1% a 4% do total), que são pré-condicionados pela filtração
de 50mL de água deionizada, volume esse desprezado. Em seguida,
filtra-se 100mL de água deionizada, que deve ser coletada, preservada
e encaminhada ao laboratório para análise dos analitos de interesse.
O lote será aprovado se os resultados estiverem abaixo do limite de
quantificação.

controle de qualidade na amostragem 77


4.2 Duplicata de Campo
É usada para medir a precisão e repetitividade dos procedimentos de
coleta, através da comparação dos resultados da análise de duas amos-
tras coletadas de um mesmo local, que são encaminhadas ao laborató-
rio como amostras “cegas” (USEPA, 2005).

São retiradas duas amostras ao mesmo tempo de um local (R1 e R2), as


quais são encaminhadas ao laboratório e analisadas. A variação entre
os resultados das duplicatas (RPD) é calculada de acordo com a fórmu-
la a seguir (AUSTRALIA, 2007):


Equação 2

De um modo geral, são consideradas “normais” variações no resultado


na ordem de 20% (AUSTRALIA, 2007). Porém é possível – e em alguns
casos recomendável – definir outros critérios de avaliação, como por
exemplo, no caso de ensaios biológicos, onde devem ser avaliados e
estabelecidos, durante a validação, critérios adequados à realidade
do ensaio.

4.3 Temperatura de Transporte e Armazenamento


Na maioria dos casos, as amostras devem ser transportadas sob
refrigeração. Procedimentos de controle de temperatura devem
ser realizados para garantir que o sistema adotado é eficiente, tais
como: medida da temperatura de frasco controle (água deionizada
ou glicerina) ou utilização de datalog na caixa térmica, equipamentos
esses adequadamente calibrados. A temperatura das amostras deve
ser avaliada no momento de chegada ao laboratório pela medida
da temperatura do frasco controle ou registros do datalog e o valor
obtido deve ser relacionado à temperatura da água e do ambiente no
momento da coleta e ao tempo de armazenamento.

As amostras devem ser analisadas o mais rapidamente possível, quando


da sua chegada ao laboratório; entretanto, em determinadas situações,
as amostras que possuem prazo de validade mais longo podem ser
armazenadas em câmara fria ou geladeira até o momento do ensaio,
sendo que a temperatura desses equipamentos deve ser controlada
por termômetros calibrados e adequadamente registrados, para fins
de rastreabilidade.

78 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


4.4 Incerteza da Amostragem
O termo “incerteza da amostragem” é usado para expressar as variabi-
lidades temporal, espacial e inerente da amostra coletada. Para o cálcu-
lo de incerteza de amostragem, uma das metodologias aplicadas é a pu-
blicada pelo EURACHEM em 2007, a qual é baseada na replicação dos
procedimentos de amostragem ou partes deles (réplica de amostras),
conforme mostra a Figura 8. Esse método é o mais adequado para fins
ambientais, pois considera que os analitos investigados podem variar
em função do tempo e do espaço.

ponto de coleta

amostra 1 amostra 2

análise 1 análise 2 análise 3 análise 4

Figura 8. Esquema de replicata para cálculo de incerteza da amostragem.

• Cálculo da incerteza
A incerteza é obtida por meio do desvio padrão relativo (RSD), que é
calculado pela diferença relativa entre as duplicatas de cada etapa do
esquema proposto na Figura 8 (NORWAY, 2007, p. 18-19).

Cada duplicata produz os resultados xi1 e xi2.

O valor absoluto Di (da diferença entre cada duplicata é calculado para


cada etapa:

Di = | xi1 – xi2 | Equação 1

controle de qualidade na amostragem 79


A seguir calcula-se a média de cada duplicata:

Equação 2

A partir das equações 1 e 2, calcular a diferença relativa, di , através da
equação:

A seguir, calcular a média da diferença relativa, d, das n duplicatas rea-


lizadas

O desvio padrão relativo, RSD, é calculado usando a constante estatís-


tica de 1,128 (quando se analisa duplicatas):

A Tabela 2 resume os controles de qualidade requeridos no processo


de amostragem.

80 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Tabela 2. Resumo dos controles de qualidade requeridos para amostragem
Contaminação Ação no
Tipo de Controle Ação em campo Recomendação mínima
investigada laboratório

Branco de Campo: abrir o frasco de coleta


Contaminação e expô-lo ao ambiente pelo mesmo
ambiental período que a amostra. Fechar o frasco e
Preparo de transportá-lo ao laboratório para análise.
1 jogo (3 frascos) por
Branco de campo 3 frascos A, atividade ou a cada 10
e de viagem B e C (item Branco de Viagem: levar fechado a campo, amostras
4.1.1) em caixa térmica, juntamente com
Contaminação durante as demais amostras. Não retirar nem
o transporte manusear em campo. Transportar ao
laboratório para análise.

controle de qualidade na amostragem


Resíduos após lavagem Validação da 1 vez por ano (quando
dos equipamentos de lavagem – Não Aplicável utilizado 1 equipamento
Branco de coleta item 4.1.2 por ponto de coleta)
equipamentos
Lavagem entre pontos toda vez que o
Contaminação cruzada Não Aplicável de coleta – item 4.1.2 equipamento for usado

Contaminação nos
Branco de frascos e avaliação Item 4.1.3 Não Aplicável 1% a 4% do lote avaliado
frascaria dos procedimentos de
lavagem

Branco do Contaminação durante


sistema de o procedimento de Item 4.1.4 Não Aplicável 1% a 4% do lote avaliado
filtração filtração

Precisão e
Duplicata de repetitividade dos Não 1 para cada 20 amostras
Item 4.2
Campo procedimentos de Aplicável (5% do total)
coleta
(Fonte: EPA - Austrália, 2007 – adaptado)

81
Determinação de Sólidos Sedimentáveis
em campo - Cone Imhoff- Foto Carlos
Jesus Brandão/CETESB.
capítulo 5
5 EQUIPAMENTOS DE AMOSTRAGEM

Nesse capítulo são apresentados os diversos tipos de equipamentos


de amostragem, sendo que as metodologias de coleta e as peculiari-
dades estão detalhadas nos capítulos específicos de amostragem de
águas superficiais, sedimentos, águas tratadas, efluentes líquidos e
corpos hídricos receptores.

Os equipamentos empregados nas determinações em campo e na me-


dição de vazão serão tratados em capítulos específicos.

5.1 Amostradores de Superfície

5.1.1 Balde de Aço Inox


O balde normalmente utilizado para amostragem na superfície de
corpos d’água em geral, deve ser confeccionado em aço inox AISI 316L
polido, para evitar incrustações nas costuras de solda, e apresentar
volume adequado para a finalidade da amostragem (Fig. 9).

Deve ser autoclavado para as coletas microbiológicas (em poços


freáticos e reservatórios de água potável). Em amostragens onde não
é exigida a esterilidade do balde, o mesmo deverá ser ambientado com
água do próprio local, antes da coleta propriamente dita.

equipamentos de amostragem 83
Figura 9. Balde de aço inox (Foto: Carlos Jesus Brandão/CetesB).

5.1.2 coletor com Braço Retrátil


É utilizado em amostragem de águas superficiais, como em saídas
de efluentes, em locais de coleta de difícil acesso por meio de outros
equipamentos (Fig. 10). O braço retrátil permite que se alcance o local
desejado para coleta, mesmo permanecendo na margem. Dependen-
do dos ensaios a serem realizados, o copo coletor pode ser de plástico
(plástico inerte), acrílico ou aço inox AISI 316L, e deve ser liso ou polido
para evitar incrustrações.

(A)

(B) (c)

Figura 10. Coletor com braço retrátil: (a) vista lateral do equipamento montado; (B) vista do
balde e do braço retrátil desmontado; (C) vista superior do balde coletor (Fotos: Carlos Jesus
Brandão/CetesB).

84 guia naCional de Coleta e preservação de amostras


5.1.3 Batiscafo
Esse equipamento é empregado para coletar amostras que não podem
sofrer aeração, como aquelas destinadas aos ensaios de oxigênio dissolvido
e sulfetos, e permite coletar amostras superficiais ou subsuperficiais até
30 cm da lâmina d’água. Coletas abaixo desta profundidade devem ser
realizadas com amostradores de profundidade.

Consiste de um tubo cilíndrico, confeccionado em aço inox AISI 316L


polido (Fig. 11), em cujo interior coloca-se um frasco de vidro de boca
estreita e tampa esmerilhada de 300mL (frasco de DBO). A água a ser
amostrada entra por um tubo localizado na parte superior central da
tampa e atinge o interior do frasco, permitindo que o ar contido seja
expulso por um orifício lateral à medida que ele vai sendo preenchido
com água. O volume do batiscafo permite uma renovação da água den-
tro do frasco de DBO, removendo assim todo o ar que poderia alterar
os resultados.

(a) (b) (c)

Figura 11. Batiscafo: (A) Batiscafo fechado; (B) Esquema ilustrativo em corte do equipamento;
(C) Batiscafo aberto (Fotos: Carlos Jesus Brandão/CETESB).

5.2 Amostradores de Profundidade (coluna d’água)

5.2.1 Garrafas de van Dorn e de Niskin


Esses equipamentos permitem a coleta de amostras na superfície e em
diferentes profundidades. Os tipos mais empregados são van Dorn e
Niskin. Não são indicados para ensaios que requerem grandes volumes
de amostra e para coleta de organismos de maior mobilidade.

equipamentos de amostragem 85
As garrafas podem ser confeccionadas com tubo cilíndrico de PVC
rígido, acrílico ou de aço inox AISI 316L polido com capacidade variadas,
por exemplo de 2L, 6L e 10L (Fig. 12 e Fig. 13).

Figura 12. Esquema de uma Garrafa de van Figura 13. Garrafa de Niskin (Foto: Carlos J.
Dorn (Fonte: CETESB, 1988). Brandão /CETESB).

Mergulha-se a garrafa aberta em ambas as extremidades e, após atin-


gir a profundidade desejada, solta-se o mensageiro (Fig.14), que fecha
hermeticamente o amostrador. Essas garrafas podem ser utilizadas
para coleta tanto de fluxo vertical como horizontal, dependendo do sis-
tema de desarme (Fig.15 e Fig.16). Para estudos de microdistribuição,
devem ser empregadas as garrafas de fluxo horizontal, que podem ser
arranjadas em série.

(a)
(b)

Figura 14. Mensageiro: (A) Equipamento industrializado; (B) Mensageiro manufaturado


(Fotos:Carlos Jesus Brandão/CETESB).

86 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


(a) (b)

Figura 15. Garrafa de van Dorn de fluxo vertical: (A) Garrafa desmontada; (B) Garrafa montada
(Foto: Carlos Jesus Brandão/CETESB).

(a) (b)

Figura 16. Garrafa de van Dorn de fluxo horizontal: (A) Garrafa desmontada; (B) Garrafa
montada (Fotos: Carlos Jesus Brandão /CETESB).

5.2.2 Armadilha de Schindler-Patalas (Trampa)


É utilizada em estudos qualitativos e quantitativos da comunidade
planctônica. Confeccionada em acrílico transparente (Fig. 17), tem o
formato de cubo ou paralelepípedo e capacidades variáveis (geralmen-
te entre 5 e 30L). Apresenta uma rede de náilon em um de seus lados,
com diâmetro de poro conhecido, por onde a água do local é filtrada e
os organismos planctônicos ficam retidos. Pode ser utilizada para ob-
ter amostras pontuais ou integradas da coluna d’água, sendo a opera-
ção deste equipamento detalhada no Capítulo 6 (item 6.1.7.4 Comuni-
dade Zooplanctônica).

equipamentos de amostragem 87
Figura 17. Armadilha de Schindler-Patalas (Foto: Carlos Jesus Brandão/CETESB).

5.2.3 Bomba de Água


Apresenta a vantagem de se obter grandes volumes de água e em di-
ferentes profundidades e é muito empregada na coleta de organismos
zooplanctônicos. Para aplicação, submerge-se uma mangueira flexível
ligada a uma bomba de água até a profundidade desejada, deixando-se
passar água do local em abundância. Sua operação está descrita com
mais detalhes no Capítulo 6 (6.1.7.4 Comunidade Zooplanctônica).

5.2.4 Redes de Plâncton


Há vários tipos de redes de plâncton e, apesar de apresentarem
melhorias importantes ao longo do tempo, modelos simples ainda são
muito utilizados (Fig. 18).

A rede tem a forma de um cone e as costuras devem ser feitas com


cuidado, a fim de que os organismos não fiquem retidos nas dobras.
Na extremidade inferior encaixa-se um copo (Fig. 19), que pode
ser rosqueado e apresentar orifícios vedados com malha de náilon
adequada para a retenção dos organismos planctônicos em estudo e
para diminuir o acúmulo de água no interior do copo.

88 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


(a) (b)

Figura 18. Rede de plâncton: (A) Vista frontal da rede e copo coletor; (B) Vista lateral da rede
e copo coletor (Fotos: Carlos Jesus Brandão /CETESB).

(a) (b)

Figura 19. Copo coletor de rede de plâncton: (A) Inox; (B) PVC (Foto: Carlos Jesus Brandão /
CETESB).

As redes mais indicadas são aquelas confeccionadas com malha de


náilon monofilamento, que não são facilmente suscetíveis às alterações
e deformidades. Três cordéis são amarrados equidistantemente
na extremidade superior da rede (aro da boca de rede), aos quais se
prende uma corda, que deve ser graduada quando se quer conhecer

equipamentos de amostragem 89
a profundidade do arrasto. Redes pequenas podem apresentar uma
haste lateral de tamanho fixo, ou um braço retrátil, para estudos
qualitativos de organismos que vivem próximos às margens ou em
vegetação.

As características da rede (comprimento, largura, diâmetro da boca,


modelo, diâmetro do poro da malha etc.) e o tipo de arrasto (horizontal,
vertical, oblíquo ou estratificado) devem ser definidos de acordo com
o objetivo do estudo e com as características do local, especialmente o
tamanho da abertura da malha, que vai variar em função da classe de
organismos que se deseja avaliar. Deve-se lembrar que, por mais finas
que sejam as malhas, a capacidade da rede em reter os organismos está
limitada a uma fração do plâncton total, e não coleta toda a variedade
de organismos existentes na massa d’água.

Para estudos qualitativos, uma forma simples de coletar o plâncton


é mergulhar a rede na água, retirando-a e deixando escorrer a água
retida através da malha.

Para medida quantitativa do plâncton, é necessário medir a quantidade


de amostra a ser filtrada, o que pode ser feito por meio de uma proveta,
balde de inox AISI 316L polido ou de um recipiente qualquer de volu-
me aferido. O ideal é acoplar um fluxômetro calibrado (Fig. 20) entre o
centro e o aro da boca da rede, que medirá com maior precisão o volu-
me de água que passa pela rede.

A rede é amplamente empregada para estudos qualitativos do fito-


plâncton e quali-quantitativos do zooplâncton; informações quantitati-
vas do fitoplâncton geralmente são obtidas com amostras coletadas com
garrafas. Detalhes sobre a coleta com redes de plâncton encontram-se no
Capítulo 6 - Comunidades Fitoplanctônica e Zooplanctônica.

90 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Figura 20. Fluxômetro (Foto: César Augusto M. Roda/CETESB).

5.3 Amostradores de Fundo


Um bom amostrador de fundo (sedimentos) deve obter amostras
representativas do sedimento, sendo que a escolha do equipamento
mais apropriado depende das características do sedimento, volume e
eficiência necessários, e objetivos do estudo. Adequações no desenho
do equipamento, controle na velocidade de descida e conhecimento
prévio do local são procedimentos que podem auxiliar para um bom
trabalho de amostragem.

A amostragem de sedimentos pode ser realizada utilizando-se


pegadores ou testemunhadores (“core sampler” ou “corer”), que devem
ser preferencialmente usados sobre uma superfície de apoio (ex.:
barco ou plataforma). Em geral, pegadores são utilizados em estudos
da distribuição horizontal de variáveis físicas, químicas e biológicas dos
sedimentos, enquanto que os testemunhadores adequam-se a estudos
da distribuição vertical (em perfil) dessas mesmas variáveis. Redes,
delimitadores e substratos artificiais são amostradores exclusivos da
biota aquática associada aos substratos (bentos).

5.3.1 Pegador de Ekman-Birge


Este tipo de amostrador é um dos mais utilizados em reservatórios,
tanto pela facilidade de operação do equipamento, quanto por sua efi-
ciência, e é adequado para avaliação da contaminação de sedimentos
finos de ecossistemas aquáticos. Como se trata de um equipamento
muito leve, não é indicado para locais com correnteza moderada ou
forte e em substrato duro.

equipamentos de amostragem 91
O desenho original foi feito por Ekman em 1911, posteriormente
descrito por Birge em 1922 e modificado por Lenz em 1931 e 1932
(O’Sullivan e Reynolds, 2004).

O pegador Ekman-Birge (Fig.21) é constituído por uma caixa, confec-


cionada preferencialmente em aço inoxidável AISI 316L polido, onde
se prendem duas garras em forma de concha e cujo mecanismo de fe-
chamento funciona por meio do uso de mensageiro. No topo da caixa
estão inseridas, por meio de dobradiças, duas portinholas que se abrem
na descida do pegador, para que ele ganhe velocidade, tenha melhor
fixação no sedimento e previna a formação de ondas de choque. Essas
portinholas se fecham na subida, prevenindo a lavagem da superfície
do sedimento e o extravasamento do material coletado.

(a) (b)

Figura 21. Pegador Ekman-Birge: (A) Equipamento desmontado; (B) Equipamento montado
(Fotos: César Augusto M. Roda/CETESB).

O tamanho padrão possui as dimensões de 15cm de largura x 15cm de


comprimento x 15cm de altura, mas pode ser encontrado em versões
maiores (15cm x 15cm x 23cm, 23cm x 23cm x 23cm e 30cm x 30cm x
30cm). Versões com altura maior que a largura são aconselháveis para
coleta de sedimentos muito moles.

92 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Para armar o pegador, as garras devem ser puxadas para cima e um anel
terminal ligado ao cabo de aço atado às garras deve ser enganchado
em um pino localizado no topo do amostrador. O amostrador deve ser
imerso perpendicularmente ao barco (que deverá estar ancorado)
ou à plataforma fixa de onde for lançado. Uma vez no fundo, quando
a corda estiver perfeitamente reta e esticada, lançar o mensageiro
pela corda, que ativará o mecanismo de desarme, provocando o fe-
chamento das garras e a captura do sedimento. É preciso cuidado na
armação do pegador, pois não existem travas de segurança e o fecha-
mento se dá rapidamente.

O pegador Ekman-Birge necessita de pesos adicionais para sua per-


feita penetração em sedimentos mais grossos (arenosos), locais muito
profundos ou com correnteza. Em locais com sedimentos finos (silte e
argila, predominantemente), esse pegador tende a aprofundar-se de-
mais, sendo necessário lançar o mensageiro assim que este alcança o
fundo, a fim de evitar o transbordamento da amostra.

A versão modificada por Lenz (Fig. 22) permite o fracionamento da


amostra de sedimento. Apresenta fendas horizontais equidistantes
em um dos lados da caixa, onde é encaixada uma chapa inteiriça
verticalmente para impedir a perda do material coletado. Para o
fracionamento da amostra, essa chapa deve ser retirada e chapas
adicionais de aço inoxidável (de dimensões similares à secção
transversal do pegador) são inseridas horizontalmente nas
fendas laterais, de modo a isolar somente a camada de sedimento
de interesse (desprezando-se o restante).

equipamentos de amostragem 93
(a) (b)

Figura 22. Pegador Ekman-Birge, modificado por Lenz: (A) Vista lateral do equipamento montado;
(B) Vista frontal do equipamento fechado com fracionador de sedimento inserido (Fotos: César
Augusto M. Roda/CETESB).

5.3.2 Pegador Petersen e van Veen


Muito utilizados para amostragem de fundos de areia, cascalho e argila,
são capazes de escavar (“morder”) substratos grossos devido ao seu
peso elevado e sistema de alavanca. De acordo com a necessidade, como
a existência de uma forte correnteza no local, o peso do equipamento
pode ser aumentado pela adição de peças metálicas.

São construídos preferencialmente em aço inoxidável AISI 316L polido


e podem ser confeccionados em vários tamanhos. Geralmente são
manejados com o auxílio de um guincho fixo na borda da embarcação
ou outro ponto de apoio. Por não possuirem travas de segurança,
requerem cuidado no manuseio.

O pegador Petersen possui um sistema de braços armados em


pantógrafo que, quando tensionados, mantêm aberta a caçamba

94 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


por meio de uma trava. Quando o pegador chega ao fundo, a tensão
desaparece e libera a trava. O fechamento do pegador somente ocorre
quando o cabo é novamente tracionado para a retirada do pegador
da água, permitindo a coleta do sedimento. A versão modificada (Fig.
23) alterou o formato da secção transversal da caçamba, de circular
(formato original) para semicircular, e a posição dos braços.

Figura 23. Pegador Petersen modificado (Foto: César Augusto M. Roda).

O pegador van Veen difere do Petersen original por possuir um siste-


ma de fechamento formado por corda ou corrente, e caçamba em se-
micírculo (Fig. 24). A fixação dos braços na borda das garras fornece
maior estabilidade na descida e no fechamento deste pegador, com
relação ao pegador Petersen original. A presença de orifícios no topo
da caçamba minimiza a formação de ondas de choque na descida, evi-
tando a lavagem da camada superficial do sedimento e o afastamento
da epifauna, e permitindo maior velocidade de operação.

equipamentos de amostragem 95
Figura 24. Pegador van Veen (Foto: César Augusto M. Roda/CETESB).

5.3.3 Pegador Ponar


O pegador Ponar é considerado o melhor equipamento para a co-
leta qualitativa e quantitativa do bentos em substrato grosso (Bur-
ton,1992), e é o mais frequentemente usado, devido à redução na for-
mação de ondas de choque.

Pode ser encontrado em dois tamanhos: padrão (área de captura


aproximada: 0,052m2) e pequeno (0,023m2) (“petite Ponar”). O pri-
meiro requer guincho na operação e é aconselhado para ambientes
pristinos (maior diversidade biólogica), e o segundo é indicado para
ambientes poluídos.

Esse amostrador apresenta pino de segurança para manuseio e trans-


porte, e é formado por um par de garras que descem tensionadas por
meio de um pino com mola e que fecham quando apropriadamente po-
sicionadas no fundo. Possui placas laterais e uma tela no topo da ca-
çamba que previnem a perda de material no fechamento. Sobre a tela
há ainda uma placa de borracha que impede a lavagem e consequente
perda de material durante a subida (Fig. 25). Pesos adicionais podem
ser acoplados ao equipamento a fim de estabilizar a sua descida.

96 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Figura 25. Pegador Ponar Pequeno (Foto: Mônica L. Kuhlmann/CETESB).

5.3.4 Pegador Shipek


Este amostrador consiste em um cilindro de aço, semelhante a um
tambor cortado à metade (longitudinalmente), e montado em um
dispositivo provido de molas helicoidais de alta pressão (Fig. 26).
Quando as molas são acionadas, o cilindro gira rapidamente em 180°,
para dentro do sedimento, recolhendo a amostra superficial com um
mínimo de distúrbio. A amostra retirada fica bem protegida do efeito
de lavagem que poderia ocorrer na subida do sistema.

equipamentos de amostragem 97
(a) (b)

Figura 26. Pegador Shipek - (A) Desmontado; (B) Montado (Foto: CETESB).

5.3.5 Amostrador em Tubo ou Testemunhador


Apropriado para a coleta de sedimentos finos em água doce, estuá-
rios e mares, em baixas e altas profundidades. É considerado o mais
adequado a estudos de dinâmica e distribuição vertical dos elementos
químicos e biológicos nessa matriz, pois provoca baixa perturbação no
perfil do sedimento coletado e na interface sedimento-água. É mais
eficiente em substrato compactado, com menor teor de água, onde se
obtém amostras íntegras. Requer embarcação e guincho, embora algu-
mas versões menores possam ser operadas manualmente.

Esse equipamento consiste de um cilindro, geralmente de aço inoxidá-


vel AISI 316L polido, com tubo coletor interno de plástico resistente
e inerte (ex.: acrílico, politetrafluoretileno – teflon, cloreto de polivinil
- PVC e polietileno de alta densidade). Pode ser simples ou múltiplo (tu-
bos paralelamente acoplados); de diâmetro e comprimento variáveis;
gravitacionais ou manuais.

No modelo Kajak-Brinkhurst (K-B) (Fig. 27), encontra-se conectada


uma ponteira cônica de borda cortante na extremidade inferior do ci-
lindro de aço, onde se prende um retentor em forma de meia laranja.
O retentor, fabricado com material flexível, tem como função deixar
entrar a amostra e impedir a sua saída. Esse modelo é operado com
mensageiro, que o técnico lança ao sentir que o equipamento penetrou
adequadamente no sedimento. O mensageiro fecha uma válvula, ge-
rando um vácuo parcial dentro do tubo durante a retirada do amos-
trador do fundo, que ajuda a reter o sedimento. Para o funcionamento
apropriado do mensageiro, a corda que prende o testemunhador deve
estar esticada verticalmente à superfície da água.

98 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


O manuseio adequado normalmente requer dois técnicos para perfei-
ta estabilidade do equipamento, principalmente em locais com corren-
teza e mais profundos, e os modelos oceanográficos, de maior porte,
necessitam de guincho. Podem formar ondas de choque, minimizadas
com a diminuição da velocidade de descida do equipamento que, por
outro lado, pode provocar uma menor profundidade de penetração.
Em locais com correnteza ou profundos, recomenda-se que o mode-
lo tenha aletas (para proporcionar maior hidrodinamismo) e permita
a utilização de pesos adicionais (se possível no meio do equipamento),
para evitar a inclinação durante a sua descida e aumentar a penetração
no substrato, respectivamente.

Figura 27. Testemunhador modelo Kajak-Brinkhurst (K-B corer) (Foto: CETESB).

Maiores informações sobre os métodos de fracionamento de amostras


obtidas com testemunhadores podem ser obtidas em MUDROCH e
MACKNIGHT (1994).

Modelos manuais (Fig. 28) são utilizados em ambientes rasos ou por


megulhadores em locais profundos. Podem ser construídos com um
tubo de PVC rígido de 25cm de diâmetro e cerca de 50cm de compri-
mento, ou mais. Na extremidade inferior podem ser feitos recortes,
para facilitar sua penetração no sedimento, e próximo à extremidade
superior podem ser feitos dois recortes horizontais através dos quais
se acopla uma barra para facilitar seu manuseio.

equipamentos de amostragem 99
Figura 28. Pegador Manual (Fonte: CETESB, 1988).

5.3.6 Draga Retangular


A draga retangular é apropriada para amostragem por arrasto, geral-
mente no ambiente marinho. Devido ao seu tamanho, necessita de
guincho e embarcação apropriada, e é indicada para a coleta de orga-
nismos de maior porte, como crustáceos, equinodermos e macroalgas.

Consiste de uma armação metálica, de dimensões variadas, à qual se


prende uma rede resistente, com malhas de abertura selecionadas
conforme o material que se quer amostrar (Fig. 29). À frente da arma-
ção há duas hastes que são unidas a um cabo, por onde é feita a descida
e a subida do equipamento. O equipamento é lançado na água e arras-
tado com o barco em movimento, sendo recomendada a padronização
do tempo ou distância percorrida pelo arrasto para a comparação dos
resultados (semiquantitativos).

100 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Figura 29. Draga Retangular (Fonte: CETESB, 1988).

5.3.7 Delimitadores
Embora tenham sido concebidos para amostragem quantitativa de
bentos e macrófitas, os delimitadores são mais utilizados em estudos
qualitativos ou semiquantitativos de locais rasos de diversos ambientes
(de 30cm a 70cm de profundidade, em água doce, estuário e marinho),
costões rochosos e manguezais, por definirem uma área de coleta. No
caso desses equipamentos, a experiência do profissional é fundamental
para que uma boa amostragem seja realizada.

Consistem de uma armação de área definida, na qual pode estar aco-


plada uma rede. Quanto menor a malha da rede, maior será a resistên-
cia à correnteza, maior o refluxo e, consequentemente, maior a perda
de material. A malha de 0,25mm retém a maioria dos estádios larvais
de insetos aquáticos, mas malhas de 0,50mm a 0,90mm são as mais uti-
lizadas para evitar o refluxo.

O delimitador do tipo Surber (Fig. 30) consiste em uma rede que se


mantém aberta por uma moldura quadrada, perpendicular a outra
moldura de igual tamanho. Quando em operação, a moldura que
suporta a rede fica em posição vertical enquanto que a moldura
horizontal, que corresponde à área de amostragem, é pressionada
manualmente contra o fundo. É o mais usado e também o mais indicado
para a amostragem em locais de difícil acesso, pois é dobrável e mais
leve, o que facilita o seu transporte em terreno acidentado.

equipamentos de amostragem 101


Figura 30. Delimitador Surber (Foto: Lucy L. Ogura/CETESB).

O Hess-Canton (Fig. 31), outro tipo de delimitador, pode ser montado em


tubo de PVC ou acrílico, onde são feitas duas aberturas: uma a ser posicio-
nada para montante, protegida por uma rede, de forma a não permitir con-
taminação por material indesejado, e a outra, oposta à primeira, contém a
rede, em forma de saco em que os organismos são aprisionados. A área
interna do tubo corresponde à área de amostragem.

Figura 31. Delimitador Hess-Canton (Foto: Helena M. Watanabe/CETESB).

102 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Nos amostradores Surber e Hess-Canton, a correnteza é utilizada
como força motriz que conduz os organismos desalojados da área deli-
mitada, por raspagem com as mãos ou pás, para o fundo das redes. No
momento da coleta deve-se tomar cuidado para que não fiquem fres-
tas na base do equipamento e para que não se perturbe o substrato rio
acima. Para minimizar as perdas de organismos, recomenda-se acoplar
material flexível, como esponjas, à sua base.

O delimitador de bentos de substrato consolidado (costões rochosos)


para porcentagem de cobertura consiste em uma armação retangu-
lar de PVC, que pode ser de 22cm x 18cm (amostrando uma área de
396cm2), na qual são presos fios de náilon em intervalos regulares, tan-
to na direção horizontal, quanto na vertical (Fig. 32 e Fig. 33).

Figura. 32. Detalhe do delimitador Figura 33. Dimensões do delimitador (Fonte:


para estimativa da porcentagem de MILANELLI, 2003/CETESB).
cobertura de comunidades de costão
rochoso (Fonte: LOPES, 1997/CETESB).

Outro método utilizado para as avaliações de cobertura das populações


de substrato consolidado é o fotográfico. As fotografias são tomadas
com a utilização de uma câmera fotográfica com lente “close-up” (Fig.
34), que enquadra, por meio de um suporte com um delimitador, uma
área padronizada do substrato.

equipamentos de amostragem 103


Figura. 34. Máquina fotográfica montada com lente “close-up”, suporte com delimitador de
enquadramento e flashes (Foto: Guiomar J. Fornasaro/CETESB).

Para a determinação da estrutura espacial de comunidades de costão


podem ser utilizados vários tipos de amostradores, cujas dimensões
estão relacionadas à distribuição dos indivíduos no substrato, bem
como a presença de espécies menos comuns e mesmo raras. A figura
35 apresenta um delimitador para essa finalidade confeccionado em
madeira, com dimensão de 10cm x 50cm, dentro do qual corre um
menor, de 10cm x 10cm, subdividido em quadrículos de 1cm x 1cm
(Milanelli, 1994). Os delimitadores anteriormente mencionados nas
figuras 32 e 33 também podem ser empregados para amostragem da
porcentagem de cobertura (dimensão de 22cm x 18cm); a diferença
consiste no modo de amostragem devido às finalidades distintas
(Lopes, 1997 e Milanelli, 2003).

104 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Figura 35. Detalhe do delimitador para estimativa da estrutura espacial de comunidades de
costão rochoso, indicando suas respectivas dimensões em centímetros (Fonte: MILANELLI,
1994/CETESB).

A determinação do declive de costão rochoso é feita por meio de duas


réguas. Ambas são confeccionadas em madeira, com comprimento
de 200cm, marcada de 1cm em 1cm, com numerações a cada 10cm.
A largura da barra é variável, preferencialmente em torno de 5cm, com
espessura em torno de 1cm, o que a torna suficientemente resistente
e de fácil manuseio.

As definições do declive e do perfil da praia são feitas com um decliví-


metro, aparelho desenvolvido pela CETESB. É constituído por três bar-
ras cilíndricas de aço, com 1 metro de comprimento cada, e uma barra
horizontal que corre por duas barras verticais, uma delas graduada em
centímetros (Fig. 36).

Figura 36. Medidor de declive de praia (Fonte: Milanelli, 2003/CETESB).

equipamentos de amostragem 105


5.3.8 Rede Manual
Redes manuais servem à coleta qualitativa ou semiquantitativa da ma-
crofauna bentônica em ambientes rasos (lênticos e lóticos), de até 70
cm de profundidade, e da fauna associada a bancos de macrófitas (Fig.
37) em água doce. Na avaliação semiquantitativa, o esforço amostral
deve ser padronizado em termos temporais ou espaciais. Um método
bastante utilizado em biomonitoramento com macroinvertebrados
bentônicos em riachos é chamado “kick sampling”. Neste método, a
rede manual, geralmente de formato retangular, é posicionada trans-
versalmente ao curso do rio, de forma a ter sua abertura direcionada
para a nascente. O técnico coletor posiciona-se à frente da rede e lite-
ralmente chuta o substrato desde uma distância previamente padroni-
zada. Com este movimento, os organismos que colonizam este subs-
trato serão desalojados e capturados na rede.

Com abertura de forma triangular, retangular ou semicircular (Rede


D), a rede deve ter preferencialmente abertura de malha de 0,25mm a
0,90mm. Aberturas menores acarretam problema de refluxo de água,
podendo ocasionar perda de organismos.

Figura 37. Rede Manual (Foto: Helena M. Watanabe/CETESB).

106 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


5.4 Substrato Artificial
Existe uma variedade grande de tipos de substratos artificiais,
desenvolvidos para diferentes ambientes e objetivos de amostragem.
De uma forma geral, esses amostradores prestam-se à amostragem
qualitativa e semiquantitativa da macrofauna bentônica e do
perifíton, em ambientes lóticos pouco profundos ou lêntico litorâneo.
A amostragem com substrato artificial é não destrutiva e adequa-
se a: (a) estudos de biomonitoramento da qualidade das águas em
ambientes de acesso restrito; (b) inventário faunístico em áreas
de proteção ambiental; (c) atividades de educação ambiental; (d)
auxiliar no levantamento faunístico, somando-se a outras técnicas
de amostragem; (e) coleta em situações em que seja impraticável
o uso de outros amostradores, como em rios mais profundos (em
que as dimensões do substrato artificial sejam compatíveis com a
profundidade local, no período seco), de fundo pedregoso ou em laje.

As principais desvantagens em seu uso referem-se à: (a) necessidade


de duas viagens a campo (instalação e coleta); (b) suceptibilidade ao
vandalismo, o que acarreta perda ou má geração de dados; (c) limitação
do histórico do dado à extensão do período de exposição; (d) avalia-
ção da qualidade da água e não do sedimento natural; (e) necessidade
de definição prévia do tempo de exposição ideal (em que não há mais
aumento de riqueza no processo de colonização), que irá variar com o
tipo de substrato e ambiente de estudo.

Estudos com substratos artificiais devem ser evitados no verão, já que


enchentes podem aumentar a probabilidade de perda e causar distúr-
bios no processo de colonização.

5.4.1 Cestos com Pedras (Zoobentos)


Os cestos preenchidos com pedras desenvolvidos pela CETESB (Fig.
38) são retangulares, confeccionados em tela plástica resistente e com
abertura de malha de 1cm a 2cm (KUHLMANN et al, 2003). Exibem
uma alça superior para facilitar a manipulação, feita em tubo fino de
PVC. São preenchidos com pedra de brita de diâmetro aproximado de
4cm e seu peso final é, em média, entre 7kg e 8kg. O uso da pedra de
brita foi adotado tendo em vista sua rugosidade, que facilita a coloniza-
ção, e fácil obtenção.

equipamentos de amostragem 107


Figura 38. Substrato artificial do tipo cesto preenchido com pedra de brita (Foto: Monica L.
Kuhlmann/CETESB).

Na instalação, cada cesto deve ser preso pela alça a uma corda de nái-
lon, fixada em um ponto da margem pela outra extremidade. Como
ponto de fixação podem ser usadas árvores ou, quando essas não
ocorrerem, estacas de madeira. É importante camuflar (com barro
ou vegetação, por exemplo) tanto as estacas quanto as partes ex-
postas da corda. As réplicas de substrato devem ser colocadas em
pontos diferentes, selecionados de forma aleatória com distância mí-
nima de 2 metros, mas próximos à margem. A localização dos cestos
deve ser registrada em um croqui ou registro fotográfico do local de
coleta para facilitar seus resgates.

Como medida preventiva à perda de animais por lavagem pelo filme


de tensão superficial da água, pode-se (a) costurar um pedaço de tela
no fundo e nas laterais do cesto; (b) colocar uma rede manual sob o
cesto, antes de retirá-lo da água, lavando o material aprisionado na
rede no saco plástico, onde o cesto for acondicionado; (c) acondi-

108 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


cionar o cesto diretamento no saco plástico, ainda quando este estiver
sob a superfície da água.

5.4.2 Flutuador com Lâminas (Perifiton)


Flutuadores constituem uma opção, dentre os substratos artificiais uti-
lizados para o estudo e coleta de perifíton. Os flutuadores desenvolvi-
dos pela CETESB (Fig. 39) são retangulares, confeccionados com dois
tubos de PVC e comportam lâminas de vidro usadas em microscopia
comum, que são presas em encaixes existentes nas placas laterais de
acrílico. Em uma das extremidades de cada tubo de PVC, há um orifício
que permite amarrar uma corda de náilon e prender o flutuador em um
ponto fixo da margem, como uma árvore, por exemplo (Fig. 40).

(a) (b)

Figura 39. Substrato artificial do tipo flutuador, com lâminas de vidro: (A) Vista superior do
flutuador; (B) Vista do flutuador instalado próximo à margem (Foto: Rita Cerqueira Ribeiro de
Souza/CETESB).

A localização dos flutuadores deve ser registrada em um croqui ou


registro fotográfico do local de coleta, anotando-se pontos de
referência e coordenadas geográficas para facilitar o resgate dos
mesmos. É aconselhável a instalação dos flutuadores em locais
pouco frequentados e protegidos, para evitar a perda pelo manuseio
por estranhos e/ou roubo.

Existem flutuadores de diferentes modelos, como aqueles com tubos


ou placas múltiplas de diferentes materiais (por exemplo madeira,
acrílico) ao invés de lâminas. Perifitômetros podem ser comprados em
algumas lojas especializadas em material e equipamentos para estudos
limnológicos e podem ser usados em reservatórios ou rios/riachos.

equipamentos de amostragem 109


Figura 40. Substrato artificial do tipo flutuador, com lâminas de vidro: Detalhe do fio náilon de
sustentação do flutuador (Foto: Rita Cerqueira Ribeiro de Souza/CETESB).

5.5 Substrato Natural


• Perifitômetro com escova (VIS, 1997, modificado)
Perifitômetros com escovas são utilizados para coleta de perifíton em
substratos naturais consolidados (rochas) e podem ser usados para co-
leta em rios e riachos rasos, em rochas que não podem ser removidas.

O perifitômetro com escova adaptado pela CETESB (Fig. 41) consiste


em um tubo de acrílico ao qual são acoplados uma escova e uma pêra
de sucção. A escova é presa na parte superior do equipamento por
uma peça de borracha flexível, que permite movimentá-la em todas as
direções por meio de um cabo, externo. Um furo permite a passagem
de uma mangueira de borracha, à qual se prende uma pêra de sucção.
Do outro lado do tubo, uma mangueira mais fina serve para transferên-
cia da amostra do equipamento para o frasco de coleta.

110 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Figura 41. Perifitômetro com escova -VIS, 1997, modificado (Foto: Rita Cerqueira Ribeiro de
Souza/CETESB).

Na parte inferior do equipamento, que é aberta, uma borracha com


diâmetro de medida conhecida permite que o equipamento seja
encostado no substrato que se pretende amostrar, possibilitando uma
medida quantitativa, relativa à área do amostrador, dos organismos
coletados.

Na Tabela 3 estão relacionados os amostradores de substratos apre-


sentados nesse capítulo, trazendo as principais vantagens e desvanta-
gens das aplicações de seus usos.

equipamentos de amostragem 111


Tabela 3. Principais características de alguns amostradores de sedimento,
comunidades bentônicas e perifíticas

EQUIPAMENTO AMBIENTE USO

PEGADORES

Ponar • marinho e estuarino. • em substrato grosso e duro


• água doce – rios (arenoso à cascalho).
profundos e margens • para ensaios químicos,
de reservatórios. toxicológicos,
microbiológicos e de
comunidades bentônicas.
• a versão maior (523 cm2) é
mais indicada para ambientes
marinhos, estuarinos e
pristinos de água doce; a
menor (232 cm2) para locais
de água doce poluídos.
• serve para amostragem
quantitativa e qualitativa da
comunidade bentônica.

Petersen ou van • marinho e estuarino. • em substrato grosso e duro


Veen modificado • água doce – rios (arenoso à cascalho).
profundos e margens • para ensaios químicos,
de reservatórios. toxicológicos,
microbiológicos e de
comunidades bentônicas.
• a versão maior (588cm2 e
1000 cm2) é mais indicada
para ambientes marinhos
e estuarinos; a menor (390
cm2) para locais de água doce.
• serve para amostragem
quantitativa e qualitativa da
comunidade bentônica.

• estuarino. • em substrato fino e mole


Ekman-Birge • água doce – região (arenoso fino à argiloso).
profunda de • para ensaios químicos,
reservatórios e regiões toxicológicos,
de fraca correnteza microbiológicos e de
em rios. comunidades bentônicas.
• serve para amostragem
quantitativa e qualitativa da
comunidade bentônica.
• a modificação de Lenz
permite estratificação e
estudos ao longo do perfil
vertical do sedimento.

112 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


VANTAGENS DESVANTAGENS

PEGADORES

• apresenta vários tamanhos. • a amostra obtida não é tão íntegra quanto em


• é considerado o melhor amostragens com testemunhador (“corer”).
amostrador quantitativo • a versão maior é pesada e necessita de
em substrato duro para a guincho.
comunidade bentônica. • não é muito adequado para uso em substrato
• as placas laterais e telas mole, podendo haver perda de partículas
previnem a perda de finas por ondas de choque e não captura
amostra no fechamento adequadamente organismos que se enterram
e reduzem a formação de mais profundamente.
ondas de choque. • sua garras podem ser bloqueadas por pedras,
• possui pino de segurança. galhos ou outros detritos, acarretando perda
de amostra.
• é possível ocorrer contaminação da amostra
por metais que possam compor a estrutura do
pegador (verificar o material empregado na
confecção do equipamento).

• apresenta vários tamanhos. • a amostra obtida não é tão íntegra quanto em


• captura grande volume de amostragens com testemunhador (“corer”).
sedimento. • as versões média e maior são pesadas e
necessitam de guincho.
• não é muito adequado para uso em substrato
mole, havendo perda de partículas finas por
ondas de choque e de organismos que se
enterram mais profundamente
• suas garras são frequentemente bloqueadas
por pedras, galhos ou outros detritos,
acarretando perda de amostra.
• é possível ocorrer contaminação da amostra
por metais que possam compor a estrutura do
pegador (verificar o material empregado na
confecção do equipamento).

• é leve e de fácil operação. • a amostra obtida não é tão íntegra quanto em


• reduz as ondas de choque amostragens com testemunhador (“corer”).
pela existência de placas • é muito leve para ser usado em substrato
que se abrem no topo. duro ou sob correnteza moderada ou forte.
• a amostra é obtida quase • suas garras frequentemente não fecham
íntegra, permitindo totalmente por falha no mecanismo.
subamostragem. • é possível ocorrer contaminação da amostra
por metais que possam compor a estrutura do
pegador (verificar o material empregado na
confecção do equipamento).
• é possível a perda de material fino na subida
do amostrador.

Continua...

equipamentos de amostragem 113


Tabela 3. Principais características de alguns amostradores de sedimento,
comunidades bentônicas e perifíticas (continuação)

EQUIPAMENTO AMBIENTE USO

REDES e DELIMITADORES

• marinho e estuarino. • em substrato fino e mole


Simples ou • água doce – rios (arenoso fino à argiloso).
múltiplo profundos e região • para ensaios químicos,
profunda de toxicológicos,
reservatórios. microbiológicos e de
comunidades bentônicas.
• a versão maior (45,6cm2) é
mais indicada para ambientes
marinhos e estuarinos; a
menor (20,3 cm2) para locais
de água doce.
• serve para amostragem
quantitativa e qualitativa da
comunidade bentônica.

Manual • marinho, estuarino e • em substrato fino e mole


de água doce rasos. (arenoso fino à argiloso).
• para ensaios químicos,
toxicológicos,
microbiológicos e de
comunidades bentônicas.
• serve para amostragem
quantitativa e qualitativa da
comunidade bentônica.

114 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


VANTAGENS DESVANTAGENS

REDES e DELIMITADORES

• a amostra é obtida íntegra, • aqueles que operam por gravidade podem


permitindo estratificação e apresentar problemas de funcionamento e
estudos ao longo do perfil ocasionar perda da amostra.
vertical do sedimento. • a área de amostragem é limitada, requerendo
• a perturbação da interface repetição da operação e retirada de tubos.
sedimento-água é mínima. • devido a pequena área de amostragem, não
• é adequado para coleta permite precisão na estimativa da biomassa
de organismos que se bentônica e de densidade populacional de
enterram profundamente organismos bentônicos de maior porte.
em sedimento mole. • não retém areia.
• o pequeno tamanho amostral • muitos modelos requerem barco e guincho na
permite maior número de operação.
replicatas, com redução do • é necessário cuidado no manuseio para evitar
tempo de ensaio. perda de sedimento na retirada da amostra.
• existem vários modelos
(por ex.: fechamento por
gravidade ou mensageiro),
diâmetros e comprimentos.
• pode apresentar válvulas de
funcionamento automático
que previnem a perda da
amostra.
• baixo risco de contaminação
da amostra por metais que
possam compor a estrutura
do pegador devido ao uso de
material inerte na confecção
dos tubos removíveis.

• a amostra é obtida íntegra, • a área de amostragem é limitada, requerendo


permitindo estratificação e repetição da operação e retirada de tubos.
estudos ao longo do perfil • devido a pequena área de amostragem, não
vertical do sedimento. permite precisão na estimativa da biomassa
• a perturbação da interface bentônica e de densidade populacional de
sedimento-água é mínima. organismos bentônicos de maior porte.
• é adequado para coleta • não retém areia.
de organismos que se • é necessário cuidado no manuseio para evitar
enterram profundamente perda de sedimento na retirada da amostra .
em sedimento mole.
• o pequeno tamanho
amostral permite maior
número de replicatas, com
redução do tempo de ensaio.
• existem vários diâmetros e
comprimentos.
• baixo risco de contaminação
da amostra por metais que
possam compor a estrutura
do pegador devido ao uso de
material inerte na confecção
dos tubos removíveis.
Continua...

equipamentos de amostragem 115


Tabela 3. Principais características de alguns amostradores de sedimento,
comunidades bentônicas e perifíticas (continuação)

EQUIPAMENTO AMBIENTE USO

REDES e DELIMITADORES

Rede para • riachos rasos • em substrato grosso e duro


“kick sampling” (profundidade inferior (arenoso grosso, cascalho e
a 32 cm) de correnteza seixos).
moderada. • para ensaios de comunidades
bentônicas.
• serve para amostragem
semi-quantitativa e
qualitativa da comunidade
bentônica.

• riachos rasos • em substrato grosso e duro


Hess (profundidade inferior (arenoso grosso, cascalho e
a 32 cm) de correnteza seixos).
moderada. • para ensaios de comunidades
bentônicas.
• serve para amostragem
quantitativa e qualitativa da
comunidade bentônica.

• riachos rasos • substrato grosso e duro


Surber (profundidade inferior (arenoso grosso, cascalho e
a 32 cm) de correnteza seixos).
moderada. • para ensaios de comunidades
bentônicas.
• serve para amostragem
quantitativa e qualitativa da
comunidade bentônica.

• em substrato consolidado.
Perifitômetro • agua doce – rios rasos • serve para amostragem
com escova com rochas. quantitativa e qualitativa da
comunidade perifítica.

116 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


VANTAGENS DESVANTAGENS

REDES e DELIMITADORES

• a amostra é de fácil • necessita de experiência do coletor, que deve


processamento analítico. ser capaz de reconhecer os diferentes meso-
• é de fácil construção e habitats do local.
operação.
• equipamento de baixo
custo.
• pode ser usado em banco
de macrófitas.

• amostra uma unidade de • difícil de ser colocado sobre alguns


área definida e totalmente substratos, podendo ocorrer perda
cercada, o que impede de organismos pela parte inferior do
a perda lateral de equipamento. Adaptações com espuma
organismos. na base do equipamento melhoram a sua
• a amostra é de fácil aderência ao fundo, minimizando essa perda.
processamento analítico. • não pode ser usado eficientemente sob
• é de fácil construção e correnteza branda.
operação. • necessita de experiência do coletor, que deve
• equipamento de baixo custo. ser capaz de reconhecer os diferentes meso
habitats do local.
• é pesado e volumoso, o que dificulta o seu
transporte, principalmente em trilhas.

• amostra unidade de área • difícil de ser colocado sobre alguns


definida. substratos, podendo ocorrer perda
• a amostra é de fácil de organismos pela parte inferior do
processamento analítico. equipamento. Adaptações com espuma
• é de fácil construção e na base do equipamento melhoram a sua
operação. aderência ao fundo, minimizando essa perda.
• equipamento de baixo custo. • pode ocorrer perda de organismos pela
lateral da rede, devido a área de amostragem
não ser totalmente cercada.
• não pode ser usado eficientemente sob
correnteza branda.
• necessita de experiência do coletor, que deve
ser capaz de reconhecer os diferentes meso-
habitats do local.

• permite padronização da • tem uso limitado a determinados habitats:


área amostral. rios rasos, com rochas.
• é de fácil manipulação. • demanda cuidados especiais na limpeza da
• é um equipamento de escova, borrachas e mangueiras antes do uso
fácil confecção e custo entre diferentes locais de coleta.
relativamente baixo. • não há padronização do tipo de superfície do
substrato.
Continua...

equipamentos de amostragem 117


Tabela 3. Principais características de alguns amostradores de sedimento,
comunidades bentônicas e perifíticas (continuação)

EQUIPAMENTO AMBIENTE USO

SUBSTRATO ARTIFICIAL

Cesto com • rios, riachos e margens • em substrato grosso e duro


pedras de reservatórios. (arenoso a rochoso).
• para ensaios de comunidades
bentônicas (amostragem
semiquantitativa e
qualitativa).

Flutuador com • rios, riachos e margens • para coleta de perifíton.


lâminas de reservatórios. • amostragem quantitativa e
qualitativa da comunidade
perifítica.

118 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


VANTAGENS DESVANTAGENS

SUBSTRATO ARTIFICIAL

• padroniza o substrato de coleta. • o tempo de colonização dos organismos é


• permite amostragem em espacial e temporalmente variável.
locais duros demais para uso Por isso, exige um estudo prévio de tempo
de outros amostradores. de colonização dos organismos para cada
• a amostra é de fácil ambiente em que o equipamento for
processamento analítico. empregado.
• é de fácil construção e • exige duas viagens a campo (instalação e
operação. retirada).
• equipamento de baixo custo. • só reflete as condições do ambiente no
período de colonização.
• é seletivo para alguns organismos,
favorecendo a coleta de insetos.
Consequentemente, não retrata a estrutura
da comunidade bentônica do local de
amostragem.
• é frequente a perda de amostras por
vandalismo ou inundações no local.

• padroniza o substrato de • o tempo de colonização dos organismos


coleta. é espacial e temporalmente variável. Por
• a amostra é de fácil isso, exige um estudo prévio de tempo de
processamento analítico. colonização dos organismos para cada
• é de fácil construção e ambiente em que o equipamento for
operação. empregado.
• é um equipamento de baixo • exige duas viagens a campo (instalação e
custo. retirada).
• só reflete as condições do ambiente no
período de colonização.
• é seletivo para alguns organismos e
favorece o estudo de diatomáceas.
Consequentemente, não retrata a estrutura
da comunidade perifítica do local de
amostragem.
• é frequente a perda de amostras por
vandalismo ou inundações no local.

equipamentos de amostragem 119


5.6 Amostradores de Nécton
Existe uma variedade muito grande de amostradores de nécton para
fins científicos (estudos de comunidades, de taxonomia, bioacumula-
ção etc.) e a escolha do equipamento depende de diversos fatores, tais
como: características do ambiente (rio, reservatório etc.), objetivos
de estudo, estrutura da comunidade do local e época do ano. É uma
amostragem que envolve vários técnicos e geralmente se estende por
muitos dias, o que torna necessário um planejamento detalhado, con-
siderando a disponibilidade de pessoal, recursos materiais e financei-
ros. Desta forma, antes de definir os procedimentos de amostragem de
nécton, composto majoritariamente por peixes, é necessário consultar
o item 6.1.7.8 do Capítulo 6, Comunidade Nectônica.

Os amostradores de nécton podem ser passivos ou ativos. Amostrado-


res passivos são fixos ou estacionários, como anzol, espinhel, armadi-
lha, rede de espera etc. Amostradores ativos são móveis, como as re-
des de deriva (rede de lance) e de arrasto e tarrafas. A captura com os
amostradores passivos depende do movimento dos peixes em relação
ao aparelho, enquanto que nos ativos, os peixes são capturados a par-
tir do movimento do amostrador. Amostradores como anzol, espinhel
e armadilhas dependem não só do movimento como também do com-
portamento do peixe em relação à isca utilizada. Quando do uso de re-
des, a escolha do tamanho das malhas (abertura entre nós) dependerá
dos organismos e dos ambientes a que são destinadas.

Outros recursos podem ser utilizados na coleta de amostras ictiológi-


cas científicas, como por exemplo: drogas (como o timbó), arpões e apa-
relhos elétricos. A seguir são listados alguns dos equipamentos mais
utilizados na pesca científica para amostragem da comunidade nectô-
nica. É importante destacar a necessidade de atender a legislação es-
pecífica em vigor que rege esta atividade.

5.6.1 Aparelhos de Pesca Passivos


Rede de espera
A rede de espera sem o emprego de isca é muito utilizada para a
amostragem de peixes, pode ser empregada em diversos ambientes, e
sua disposição na massa liquida é no plano vertical. Também conhecida
como rede de poita, pode ser armada na superfície, meio e fundo.
Consiste basicamente de uma malha retangular, de comprimento e

120 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


altura variáveis, presa a um cordel superior no qual estão dispostas
as bóias a intervalos regulares (tralha de bóias) (Figs. 42, 43 e 44).
Na parte inferior há um cordel com pesos a intervalos regulares (tralha
de chumbo). Na rede de superfície, a tralha de bóias deve apresentar
poder de flutuação suficiente para sustentar o peso da panagem e a
tralha de chumbo (lastro de baixo peso) e a rede deve ser presa a uma
bóia ancorada, ou na margem.

Figura 42. Rede de espera de superfície (Fonte: CETESB, 1988).

equipamentos de amostragem 121


Figura 43. Rede de espera armada (Foto: Adriana C. C. R. de Deus/CETESB).

Figura 44. Retirada da rede de espera (Foto: Adriana C. C. R. de Deus/CETESB).

122 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Variações no peso e na tralha de chumbo permitem a disposição da
rede no meio da coluna d’água ou ancorada no fundo. Assim, a rede
de espera de fundo (Fig. 45) deve ter lastros mais pesados e bóias
menores. As extremidades dos cabos de bóia e da rede são presas na
margem ou a uma bóia demarcada na superfície da água, por meio de
um cabo suficientemente resistente para permitir a retirada da rede.
Há também redes de espera com duas ou mais panagens diferentes
sobrepostas, presas a um único cordel de bóias e de chumbada, como a
rede feiticeira (ou de tresmalho).

Figura 45. Rede de espera ancorada no fundo (Fonte: American Fisheries Society - Esquema
utilizado com permissão).

Espinhel ou linhada
Há uma grande variedade de espinhéis e, basicamente, são constituí-
dos de uma linha mestra ao longo da qual se aplicam linhas secundá-
rias com anzóis. A quantidade de linhas secundárias e o tipo de anzol
vão depender das espécies de peixes a serem capturadas. O espinhel
de superfície possui bóias ao longo da linha mestra, sendo suas extre-
midades presas a boías separadas e ancoradas ou presas em troncos,
pedras ou qualquer outro suporte; o espinhel de fundo não apresenta
bóias ao longo da linha mestra (Fig. 46).

equipamentos de amostragem 123


Figura 46. Exemplos de espinhéis (Fonte: American Fisheries Society - Esquema utilizado com
permissão).

Caniço ou vara de pesca


Esse mecanismo de pesca é constituído de uma vara de bambu e uma li-
nha de náilon resistente, com ou sem bóia, e anzol na extremidade com
isca viva ou artificial. Esse tipo de pesca pode ser realizado com uso de
embarcação ou não (Fig. 47).

124 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Figura 47. Caniço ou vara de pesca (Foto: Adriana C. C. R. de Deus/CETESB).

Curral (rede de estacas ou cerco)


Constitui-se de um cerco geralmente feito de taquaras trançadas,
fixado no substrato por meio de estacas, onde existe apenas uma
abertura que permite a entrada do peixe, mas não a sua saída. Por isso,
é importante garantir que a parede do curral tenha altura suficiente
para permanecer sempre acima do nível da água (para que possa ser
feita a vistoria e coleta dos organimos) e trama bem fechada (para
impedir a fuga dos peixes) (Fig. 48).

equipamentos de amostragem 125


Figura 48. Curral (Foto: CETESB).

Cesto ou canastra
Armadilha de forma variável, podendo ser cônica, côncava ou em fundo
de saco. Sua confecção também é variável, podendo ser de taquara
trançada, arame trançado ou aros de arame recobertos de malhagem
de algodão (Figs. 49 e 50).

Figura 49. Cesto ou canastra (Foto: Adriana C. C. R. de Deus/CETESB).

126 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Figura 50. Cesto ou canastra (Foto: CETESB).

Covo
Tipo de armadilha, de forma cilíndrica ou cônica, que permite a
entrada do peixe, mas não a saída, podendo ser usado com ou sem isca.
A entrada do covo é de forma cônica, com o vértice voltado para o
interior, sendo flexível de modo a permitir a entrada do peixe. Na
sua confecção emprega-se tela metálica, arame, taquara ou arame
revestido de malha de náilon, algodão etc. (Fig. 51).

(a)

(c)

(b)

Figura 51. Diferentes armadilhas “Tipo Covo”: (A) Armadilha de forma cilíndrica; (B) Armadilha
para pesca da lagosta; (C) Armadilha para peixes de pequeno porte em rios (Fonte: American
Fisheries Society – Esquema utilizado com permissão).

equipamentos de amostragem 127


5.6.2 Aparelhos de Pesca Ativos
Rede de lance
Empregada principalmente para amostragem de peixes em corredeiras
suaves e sem obstáculos, e em braços de estuário.

É também chamada de rede de deriva, pois é lançada no corpo d’água e


acompanhada pela embarcação. Semelhante à rede de espera, consta
de um único pano, mas o cordel inferior apresenta lastro de pesos
menores e não usa poita nem bóias ancoradas. Nas extremidades da
rede são colocados flutuadores que servem de guia e fazem com que
ela permaneça aberta durante o trajeto.

Rede de arrasto
Constituída de panagem inteira ou de duas partes. Na parte superior
são colocadas bóias e na inferior, as chumbadas. As extremidades supe-
riores e inferiores de cada lado da rede são amarradas a hastes laterais
de madeira. Em locais pouco profundos, o arrasto pode ser feito dire-
tamente pelas hastes, enquanto que em locais de maior profundidade
e correnteza, onde é necessária a utilização de embarcação, uma corda
de tração pode ser presa em cada uma das extremidades das hastes
(Figs. 52 e 53).

(a) (b)

Figura 52. Rede de arrasto manual: (A) Foto da rede de arrasto manual em operação; (B)
Esquema da rede de arrasto manual (Fonte: American Fisheries Society – Foto e esquema
utilizados com permissão).

128 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Figura 53. Rede de arrasto por embarcação (Fonte: American Fisheries Society – Esquema
utilizado com permissão).

Rede de saco
Consta de um pano de confecção semelhante a da rede de espera.
No seu centro forma-se um saco semelhante a um coador, com malha
de diâmetro maior que o das extremidades. A sua fixação se faz como a
da rede de espera (Fig. 54).

(a) (b)

Figura 54. Rede de arrasto manual do tipo saco: A) Foto da rede de arrasto manual tipo saco
em operação; (B) Esquema do detalhe do saco (Fonte: American Fisheries Society – Foto e
esquema utilizados com permissão).

Tarrafa
Empregada em locais de pouca profundidade, consta de uma rede de
forma cônica, presa pelo vértice a um cabo, e cuja base circular é provida
de tralha de chumbo, destinada ao fechamento do aparelho quando
o cabo é tracionado. O seu lançamento é feito de modo que possa
se abrir no ar, atingindo a superfície da água na maior área possível, e
afundando rapidamente em virtude da tralha de chumbo (Fig. 55).

equipamentos de amostragem 129


(a) (b)

Figura 55. Tarrafa: (A) Tarrafa em uso; (B) Vista superior da tarrafa (Fotos: CETESB e
Adriana C. C. R. de Deus).

Linha de arrasto (corrico)


Consta de uma linha resistente com anzol e isca artificial, usada com o
barco em movimento.

Puçá e coador
São aparelhos geralmente utilizados para recolhimento de espécimes
durante atividades de pesca ou em episódios de mortandade de orga-
nismos aquáticos. São constituídos de um círculo de metal ao qual se
prende uma rede afunilada de tamanho variado. O círculo de metal é
preso a um cabo de bambu, madeira ou a um cordel. Dependendo da
região, a malha da rede pode diferir (Figs. 56 e 57).

(a) (b)

Figura 56. Puçá: (A) Vista lateral (Foto: Adriana C. C. R. de Deus); (B) Equipamento em uso
(Fonte: American Fisheries Society – Foto utilizada com permissão).

130 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Pesca Elétrica
A pesca elétrica é um método de amostragem empregado para fins
científicos. Esse tipo de coleta é normalmente utilizado em ambientes
de águas rasas. A pesca elétrica pode ser empregada a partir de embar-
cação preparada para esse fim ou por meio de aparelhagem adaptada
para uso móvel, tipo mochila (Fig. 57). Independentemente do equipa-
mento a ser empregado, devem ser observadas as medidas de segu-
rança necessárias para coleta em campo, principalmente as relativas
aos riscos inerentes a descargas elétricas.

Figura 57. Pesca elétrica com aparelhagem do tipo móvel (mochila). Foto: American Fisheries
Society (usado com permissão)

5.6.3 Manutenção e Cuidados com os Equipamentos de Pesca


Esses equipamentos de pesca (redes, tarrafas, covos, cestos e puçás)
após sua utilização, devem ser lavados com água limpa em jatos fortes;
se necessário, utilizar uma solução suave de detergente neutro e
deixá-los secar a sombra, esticadas ao abrigo da luz e armazenados em
local adequado, longe de outros equipamentos que possam danificálos.
Durante o transporte devem ser acondicionados em embalagem
adequada, tipo caixa de madeira ou isopor. A parte mais delicada dos
equipamentos de pesca deve ser protegida como, por exemplo, em um
balde ou saco de polietileno.

equipamentos de amostragem 131


Filtração de amostra para
metais dissolvidos - Foto
Carlos Jesus Brandão/CETESB
capítulo 6
6 AMOSTRAGEM DE ÁGUA BRUTA E SEDIMENTOS

Em um estudo básico de avaliação da qualidade das águas e do sedi-


mento deve-se levar em consideração os seus usos preponderan-
tes. Para tanto, recomenda-se consultar o capítulo “Planejamento de
Amostragem”. De uma maneira geral, a amostragem em rios, riachos e
pequenos cursos d’água é feita a montante e a jusante das fontes po-
luidoras, quando essas existem. Dependendo do objetivo do estudo,
pode-se adicionar pontos de coleta para avaliar o grau de poluição ou
assimilação de carga orgânica ao longo do trecho avaliado, por exem-
plo. Convém evitar a coleta de amostras em áreas onde possa ocorrer
estagnação da água e em locais próximos à margem interna das curvas,
exceto para a coleta de sedimentos e organismos bentônicos.

Para cursos d’água maiores deve-se levar em consideração a existência


e o grau de mistura dos lançamentos (afluentes e efluentes) no corpo
receptor, tanto lateral (de uma margem à outra) como verticalmente
(da superfície ao fundo). A mistura na direção lateral muitas vezes
ocorre mais lentamente que a mistura na direção vertical. Por outro
lado, deve-se considerar que a água do corpo principal pode adentrar
o tributário pela superfície ou pelo fundo, devido à diferença de
densidade causada pela temperatura, sais dissolvidos ou turbidez.
Para se obter uma amostra representativa, essas possibilidades devem
ser avaliadas durante o período de caracterização ou monitoramento,
realizando coleta de amostras em pontos múltiplos ao longo do eixo
transversal (Fig. 58) ou vertical do corpo d’água quando não houver
certeza da completa mistura.

amostragem de água bruta de sedimentos 133


Figura 58. Localização genérica de pontos de coleta de água superficial em grandes cursos de
água (Fonte: CETESB, 1988).
Legenda: A - Controle na região superior da área em estudo (referência ou “background”); B -
Monitoramento de fontes poluidoras não pontuais (exemplo: poluição agrícola); C - Amostragem
de descargas poluidoras no ponto de seu lançamento no corpo receptor; D - Pontos múltiplos
a jusante dos lançamentos, para verificar a sua mistura no sentido lateral; E - Amostragem
em tributários, na área de sua desembocadura no corpo receptor em estudo (no esquema,
o monitoramento a montante do tributário é obtido por meio da amostragem em D); F -
Monitoramento a jusante do tributário, após sua mistura no corpo.

A não ser que sejam necessárias informações sobre a qualidade da


água durante período chuvoso, a amostragem poderá ser suspen-
sa durante ou logo após fortes chuvas, pois pode ocorrer aumento
significativo da vazão do curso d’água. No caso dos estudos que ne-
cessitem de informações sazonais, a amostragem deve ter continui-
dade e mesmo os dados obtidos no período de chuvas poderão ser
englobados aos demais.

134 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Em ambientes lênticos (lagos, reservatórios, açudes etc.), a pro-
gramação de amostragem depende não só dos seus usos (recrea-
ção, aquicultura, geração de energia, agricultura, indústria, esgota-
mento sanitário, drenagem pluvial e abastecimento público), como
também dos objetivos do estudo, tais como: taxa de sedimentação,
dispersão e degradação de poluentes orgânicos, distribuição e com-
portamento de metais e pesticidas, eutrofização e carga de nutrien-
tes, estudos ictiofaunísticos, entre outros. Cada caso requer uma
metodologia específica, tanto de coleta quanto de ensaios e inter-
pretação de dados.

Para definição dos ensaios a serem realizados nas águas superficiais


(bruta) e sedimento e o enquadramento das classes e usos, é
fundamental manter-se atualizado, consultando a legislação vigente
nos “sites” das instituições responsáveis pela sua elaboração e/ou
homologação, como ANA (Agência Nacional de Águas), ANVISA
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária), CONAMA (Conselho
Nacional do Meio Ambiente), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente), SMA (Secretaria do Meio Ambiente) de cada estado, e
critérios internacionais adotados pela OMS (Organização Mundial de
Saúde), USEPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos),
Environment Canada, Comunidade Européia, entre outros.

Nas coletas de água bruta e sedimento de uma forma geral recomen-


da-se que:

1. a coleta de água seja realizada antes da coleta de sedimentos;


2. os primeiros frascos a serem preenchidos de água do local devem
ser direcionados aos ensaios microbiológicos, biológicos e aos que
não podem sofrer aeração, e
3. a água superficial seja coletada antes da amostra em profundidade.

É importante lembrar que, neste guia, é considerado como água


superficial os primeiros 30cm da lâmina d’água, e água em profundidade
aquela coletada na coluna d’água abaixo dos 30cm superficiais e acima
de 1m do fundo.

Para que sejam evitados problemas de contaminação cruzada duran-


te a amostragem, deve-se utilizar materiais de coleta diferentes para
cada amostra, como por exemplo, um balde e uma corda em cada ponto

amostragem de água bruta de sedimentos 135


amostrado. Caso isto não seja possível, esses materiais devem ser la-
vados em campo com água destilada ou deionizada e ambientados, ou
seja, enxaguados com água do local a ser amostrado.

A seguir, serão considerados os procedimentos para a coleta de amos-


tras em água bruta (camada superficial e em profundidade) e em se-
dimento para os diversos ensaios. A preservação, tipo de recipiente,
volume requerido e prazo de validade da amostra estão descritos no
Anexo 1.

6.1 Coleta e Preservação de Amostras


para Ensaios em Água Bruta

6.1.1 Químicos (exceto metais dissolvidos)

Procedimentos de coleta em águas superficiais:

• Encher o balde de aço inox ou a garrafa de van Dorn de fluxo horizontal e


distribuir seu volume proporcionalmente nos diversos frascos destinados
aos ensaios químicos, como forma de garantir a homogeneidade da amos-
tra; (Fig. 59);
• Repetir o procedimento até que todos os frascos estejam com o volume de
água necessário para os ensaios, tomando o cuidado de manter um espaço
vazio no frasco para sua posterior homogeneização;
• No caso de amostras que não podem sofrer aeração (oxigênio dissolvido,
sulfeto, compostos orgânicos voláteis e fenóis), a garrafa de van Dorn de
fluxo horizontal ou o batiscafo deverão ser empregados (Fig. 60). No caso da
utilização da garrafa de van Dorn, a mangueira deve ser introduzida estran-
gulada até o fundo do recipiente, liberando-se lentamente o regulador de
fluxo da mangueira e deixando-se extravasar duas vezes, ou mais, o volume
do frasco, não deixando espaço vazio;
• Efetuar as preservações requeridas (ver Anexo 1) (Fig. 61);
• Acondicionar a amostra em caixa térmica, sob refrigeração, para transporte.

136 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


(a) (b) (c)

Figura 59. Coleta de amostras de água superficial: (A) Disposição dos frascos com identificação;
(B) Distribuição da amostra em todos os frascos; (C) Frascos preechidos com amostra (Fotos:
Carlos Jesus Brandão/CETESB).

(a) (b)

Figura 60. Coleta de amostras de água superficial para análise de OD: (A) Batiscafo; (B)
Fechamento do frasco (Fotos: Carlos Jesus Brandão/CETESB).

(a) (b)

Figura 61. Procedimento de preservação de amostra: (A) Adição de ácido nítrico 1+1 para
preservação de metais pesados; (B) Adição de acetato de zinco para preservação de sulfeto
(Fotos: Carlos Jesus Brandão/CETESB).

amostragem de água bruta de sedimentos 137


Procedimento de coleta em águas de profundidade:

• Coletar com garrafa de profundidade (ex.: garrafa de van Dorn de fluxo ver-
tical) no estrato de interesse. É importante que o equipamento não promo-
va a suspensão do sedimento; para tanto, recomenda-se a coleta de água até
1m acima do fundo, exceto quando o estrato abaixo de 1m for de interesse
(Fig. 62);
• Desconectar a mangueira da garrafa e desprezar a água contida na man-
gueira;
• Distribuir seu volume proporcionalmente nos diversos frascos destinados aos
ensaios químicos, como forma de garantir a homogeneidade da amostra;
• Repetir o procedimento até que todos os frascos estejam com o volume de
água necessário, tomando o cuidado de manter um espaço vazio para sua
posterior homogeneização. No caso de amostras que não podem sofrer ae-
ração (oxigênio dissolvido, sulfeto, compostos orgânicos voláteis e fenóis),
a mangueira deve ser introduzida estrangulada até o fundo do recipien-
te, liberando-se lentamente o regulador de fluxo da mangueira e deixan-
do-se extravasar duas vezes ou mais, o volume do frasco, não deixando
espaço vazio;
• Efetuar as preservações requeridas (ver Anexo 1);
• Acondicionar a amostra em caixa térmica, sob refrigeração, para transporte.

Figura 62. Coleta de amostra em profundidade com garrafa de van Dorn de Fluxo Vertical
(Foto: Carlos Jesus Brandão/CETESB).

138 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


6.1.2 Metais Dissolvidos
Para o ensaio de metais dissolvidos, a água do local deverá ser filtra-
da em campo. A água filtrada é a que será encaminhada para o ensaio.
A unidade filtrante deve passar por um pré-condicionamento antes da
filtragem, como forma de prepará-la para receber a amostra. Podem
ser utilizadas seringa e unidade filtrante descartáveis para cada ponto
de coleta, que devem ser recolhidas para descarte apropriado. A filtra-
gem da amostra também pode ser realizada por meio de bomba de vá-
cuo manual ou movida a gerador de eletricidade.

Procedimento para o pré condicionamento da unidade filtrante:

• Encher uma seringa estéril com água deionizada;


• Conectar uma unidade filtrante de 0,45μm na seringa;
• Passar um volume de 50mL de água deionizada pelo filtro.

Procedimento de coleta de amostra para metais dissolvidos em águas su-


perficiais:

• Coletar a amostra de água do local com auxílio de um balde confeccionado


em aço inox (AISI 316L), ou de uma garrafa de van Dorn horizontal;
• Encher a seringa, preenchendo todo o seu volume;
• Conectar o filtro precondicionado à ponta da seringa;
• Pressionar o êmbolo da seringa e recolher a amostra filtrada em frasco de
coleta apropriado (Fig. 63);
• Repetir o procedimento até obter o volume necessário para o ensaio;
• Caso ocorra saturação do filtro, substituí-lo por outro novo já pré-condicio-
nado, e completar o volume necessário para o ensaio;
• Efetuar as preservações requeridas (ver Anexo 1);
• Acondicionar a amostra em caixa térmica, sob refrigeração, para transporte.
• Guardar o(s) filtro(s) e seringa(s) para descarte, conforme procedimento de
cada laboratório.

Procedimento de coleta de amostra para metais dissolvidos em águas de


profundidade:

• Coletar a amostra de água de profundidade com garrafa de van Dorn vertical;


• Desconectar a mangueira da garrafa e desprezar a água contida na man-
gueira;
• Preencher um frasco descartável de 1L e retirar uma alíquota com a seringa,
preenchendo todo o seu volume;
• Conectar o filtro precondicionado à ponta da seringa e proceder conforme
protocolo para água superficial.

amostragem de água bruta de sedimentos 139


Figura 63. Filtração em campo de amostra para metais dissolvidos (Foto: Carlos Jesus Brandão/
CETESB).

6.1.3 Ecotoxicológicos
Serão abordados os procedimentos de coleta e preservação de amos-
tras para ensaios ecotoxicológicos com organismos aquáticos e de toxi-
cidade aguda com bactéria luminescente Vibrio fischeri (Teste Microtox).

Ensaios ecotoxicológicos são procedimentos nos quais as respostas de


organismos aquáticos são usadas para detectar ou avaliar, a presença
ou efeito, de uma ou mais substâncias, despejos líquidos ou fatores
ambientais, considerados isoladamente ou em conjunto. Esses en-
saios podem ser realizados em condições controladas de laboratório
ou em campo.

Neste guia são abordados apenas os procedimentos de coleta para


realização de ensaios ecotoxicológicos em condições controladas de
laboratório.

Nesses ensaios os organismos teste são expostos à amostra bruta


(água superficial ou sedimento) ou a várias concentrações da amostra
em solução (efluente), por um determinado período. Após o período de

140 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


teste verifica-se os efeitos da amostra em relação à alguns parâmetros
biológicos, como mortalidade, crescimento e reprodução, dentre
outros. Os organismos de água doce e marinha mais comumente
empregados constam da Tabela A4 do Anexo 1.

Outro ensaio frequentemente empregado para a triagem de toxicidade


aguda em amostras de água e sedimento (água intersticial) é o ensaio
com a bactéria Vibrio fischeri também conhecido como teste Microtox.
A bactéria marinha Vibrio fischeri emite luz naturalmente em ambientes
aquáticos favoráveis e na presença de substâncias tóxicas à bactéria,
a luminescência diminui, sendo esta diminuição de intensidade de luz
proporcional à toxicidade da amostra.

A escolha dos ensaios dependerá do objetivo do estudo. No caso de


atendimento à legislação recomenda-se utilizar métodos padroniza-
dos elaborados pela ABNT ou órgão internacional de padronização.

Procedimentos para coleta de amostras para ensaios ecotoxicológicos com


organismos aquáticos e Microtox em águas superficiais:

• Preencher todo o volume do frasco sem deixar volume morto, de maneira a


evitar a presença de ar;
• Tampar o frasco, deixá-lo em repouso por alguns minutos e verificar se não
existem bolhas de ar no seu interior. Caso haja presença de bolhas, bater
levemente nas laterais do frasco, visando o desprendimento das bolhas;
• Completar o volume do frasco, se necessário;
• Identificar a amostra;
• Acondicionar a amostra em caixa térmica, sob refrigeração, para transporte.

Procedimentos para coleta de amostras para ensaios ecotoxicológicos com


organismos aquáticos e Microtox em águas de profundidade:

• Após a coleta com garrafa de van Dorn, desconectar a mangueira de látex da


garrafa;
• Desprezar a água contida na mangueira de látex e encher o frasco,
preenchendo todo o volume do frasco sem deixar volume morto, de maneira
a evitar a presença de ar;
• Tampar o frasco e seguir os procedimentos descritos no item anterior.

amostragem de água bruta de sedimentos 141


6.1.4 Mutagenicidade com Salmonella/Microssoma (Teste de
Ames)
O teste de Salmonella/Microssoma tem por objetivo detectar a presen-
ça de substâncias que possam produzir danos genéticos nos organis-
mos expostos. No caso de amostras ambientais, o objetivo é detectar
a presença destes compostos no meio e não avaliar diretamente o seu
efeito neste ou naquele indivíduo ou população. O ensaio utiliza dife-
rentes linhagens de Salmonella typhimurium, na presença e na ausên-
cia de ativação metabólica, capazes de detectar compostos que atuam
por meio de mecanismos de ação diferentes. O teste foi desenvolvido
especificamente para detecção de mutagênese induzida quimicamen-
te e pode ser realizado tanto em amostras líquidas, após esterilização,
quanto em extratos orgânicos. Podem ser avaliadas amostras de águas,
efluentes, solos, sedimentos, lodos e material particulado. O procedi-
mento adotado para a coleta de águas superficiais e de profundidade
empregando balde e amostradores específicos é o mesmo empregado
para análises químicas (item 6.1.1) (Fig. 64).

Figura 64. Coleta de amostra com balde de aço inox para Teste de Ames (Foto: Carlos Jesus
Brandão/CETESB).

142 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


As amostras de água podem também ser coletadas empregando-se o
método denominado Blue rayon in situ (Sakamoto & Hayatsu, 1990).
As mechas de Blue rayon (ver preparo Capítulo 3) são acondicionadas
em redes de náilon, com um peso no fundo, e estas são conectadas a
uma bóia. O conjunto é colocado no ponto de amostragem e as fibras
permanecem imersas por 24 horas. Após este período o conjunto é re-
movido e as mechas de Blue rayon levadas ao laboratório.

Maiores informações relativas a tipos de frascos empregados, arma-


zenamento e preservação das amostras estão detalhadas na Tabela A6
do Anexo 1.

6.1.5 Microbiológicos
A contaminação das águas por excretas de origem humana ou animal
pode torná-las um veículo na transmissão de agentes de doenças
infecciosas. Dessa forma, a vigilância da qualidade microbiológica
da água é essencial, sendo requerida pelas legislações aplicadas
nos mais diversos usos da água. Embora sejam disponíveis métodos
para determinação dos microrganismos patogênicos responsáveis
pelas doenças de veiculação hídrica, essas análises são complexas,
demoradas e dispendiosas. Além disso, somente pessoas e animais
infectados eliminam esses microganismos, que podem estar em
concentrações extremamente baixas nas amostras de água e requerem
métodos específicos de concentração. Por esse motivo, a pesquisa de
patógenos é realizada somente em condições específicas, por exemplo,
na ocorrência de surtos, em estudos de vigilância epidemiológica
ambiental de patógenos, estudos de avaliação de risco microbiológico,
entre outras. Na rotina para monitoramento da água e atendimento
das regulamentações de sua qualidade são realizadas as análises dos
microrganismos indicadores de poluição fecal, os quais podem indicar
o risco da presença de microrganismos enteropatogênicos.

A análise de indicadores microbianos na água é um método bastante


sensível e específico para detecção de poluição de origem fecal, não
sendo adequada a análise química para esse objetivo. As análises de-
vem ser realizadas com regularidade e frequência, uma vez que a polui-
ção fecal é intermitente e poucas amostragens podem não ser suficien-
tes para detectá-la. Deve-se, portanto, dar preferência a um método
simples, ao invés de vários métodos ou um método complexo, embora

amostragem de água bruta de sedimentos 143


nem sempre os resultados apresentem uma relação direta com pató-
genos mais persistentes no ambiente.

Além de fornecer informações sobre a presença de contaminação fecal


na água, as análises microbiológicas são úteis para se avaliar a eficácia
de métodos de tratamento para determinados grupos de microrganis-
mos. Por exemplo, a presença de bacteriófagos pode indicar que os ví-
rus não foram removidos, e a presença de clostrídios sulfito-redutores
pode estar demonstrando a presença de microrganismos mais persis-
tentes. A contagem de bactérias heterotróficas aeróbicas pode for-
necer informações sobre a disponibilidade de nutrientes na água que
propiciam o crescimento bacteriano, o que pode resultar em proble-
mas estéticos, ou na presença de microrganismos patogênicos opor-
tunistas, tais como Pseudomonas aeruginosa, Legionella sp e Aeromonas
sp. Para esses, existem técnicas específicas de detecção, que não são
utilizadas rotineiramente, mas somente quando necessário para resol-
ver problemas relacionados à sua presença.

A coleta de amostras de água para exame microbiológico apresenta


técnica diferenciada em água bruta e tratada e deve ser realizada sem-
pre antes da coleta de qualquer outro tipo de ensaio ou determinação
de campo, a fim de se evitar o risco de contaminação do local de amos-
tragem com frascos ou amostradores não estéreis.

O frasco deve ser preparado previamente no laboratório, estéril e


conter (a) EDTA em quantidade necessária para complexar metais
pesados que possam estar presentes na amostra (por exemplo, cobre),
e (b) tiossulfato de sódio, se houver a suspeita da presença de cloro
livre (Capítulo 3 - Ensaios Microbiológicos). Este frasco não deve ser
ambientado e a coleta deve ser pontual, ou seja, a amostra para ensaio
microbiológico não deve ser composta.

144 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Procedimentos de coleta de amostras para ensaio microbiológico em
águas superficiais

• As amostras para análises microbiológicas devem, preferencialmente, ser


recolhidas diretamente nos frascos esterilizados que serão enviadas para
análise; ou em baldes esterilizados.
• Remover a tampa do frasco, juntamente com o papel alumínio protetor,
tomando cuidado para evitar a contaminação da amostra pelos dedos das
luvas ou outro material;
• Manter a tampa sobre o frasco no momento da coleta a uma distância de
aproximadamente 10 centímetros, para evitar a contaminação da parte in-
terna da tampa ou queda de qualquer material no interior do frasco;
• Encher o frasco com a amostra até aproximadamente ¾ (três quartos) do
seu volume, para possibilitar sua homogeneização durante o processo de
ensaio no laboratório (Fig. 65);
• Fechar imediatamente o frasco, fixando muito bem o papel alumínio prote-
tor em volta da tampa;
• Identificar a amostra;
• Acondicionar a amostra em caixa térmica, sob refrigeração, para transporte.

(a) (b)

Figura 65. Coleta de amostra de água superficial para análise microbiológica: (A) com balde de
aço inox; (B) diretamente do corpo d’água (Foto: Carlos Jesus Brandão/CETESB).

amostragem de água bruta de sedimentos 145


Procedimentos de coleta de amostras para ensaio microbiológico em águas
de profundidade

• Após a coleta da amostra do local com garrafa de van Dorn, desconectar a


mangueira de látex;
• Desprezar a água contida na mangueira de látex da garrafa de van Dorn;
• Remover a tampa do frasco, juntamente com o papel alumínio protetor,
tomando cuidado para evitar sua contaminação pelos dedos das luvas ou
outro material;
• Encher o frasco através da mangueira de látex, até aproximadamente ¾
(três quartos) do seu volume, para possibilitar sua homogeneização durante
o processo de ensaio no laboratório:
• Manter a tampa sobre o frasco no momento da coleta a uma distância de
aproximadamente 10 centímetros, para evitar a contaminação da parte in-
terna da tampa ou queda de qualquer material no interior do frasco;
• Fechar imediatamente o frasco, fixando muito bem o papel alumínio prote-
tor em volta da tampa;
• Identificar a amostra;
• Acondicionar e transportar a amostra em caixa térmica, sob refrigeração
(Fig. 66).

Figura 66. Acondicionamento e transporte de amostras para análises microbiológicas em caixa


térmica sob refrigeração (Foto: Carlos Jesus Brandão/CETESB).

146 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


As amostras para ensaios de bactérias patogênicas podem ser obtidas
de duas formas distintas: coleta de água do local (observando o prepa-
ro da frascaria na coleta para ensaios microbiológicos), ou instalação
de uma mecha que, após ser retirada do local, deve ser transportada
em meio de transporte Cary e Blair. Orientações para a confecção da
mecha e preparo do meio de transporte Cary e Blair encontram-se no
Capítulo 3 (Ensaios Microbiológicos).

Procedimento de coleta com mecha (Bactérias patogênicas)

• Imergir a mecha no ponto de coleta, amarrando previamente o seu fio de


náilon em local seguro;
• Deixar a mecha no local por um período de 48h ou mais, de acordo com a
finalidade do estudo;
• Retirar a mecha, colocando-a em saco plástico esterilizado contendo meio
de transporte Cary e Blair;
• Identificar a amostra;
• Acondicionar e transportar a amostra em caixa térmica, sob refrigeração.

6.1.6 Balneabilidade de Praias


As praias a serem monitoradas e seus pontos de coleta devem ser
definidos considerando os diversos fatores que influem na sua
balneabilidade. Esses pontos são selecionados em função da frequência
de banhistas, da fisiografia da praia e dos riscos de poluição que possam
existir e devem ser revistos periodicamente.

As amostras de água para balneabilidade são coletadas no local con-


siderado mais representativo, na região de profundidade aproximada
de 1 metro, que representa a seção no corpo de água mais utilizada para a
recreação. Deve-se também observar certa distância da área de influência
de cursos d’água eventualmente contaminados, para que as amostragens
sejam representativas das condições de balneabilidade da praia.

As condições de amostragem têm um importante papel no resultado


do monitoramento de balneabilidade e devem ser aquelas conside-
radas as mais críticas. As amostragens devem ser realizadas nos dias
de maior afluência do público às praias, geralmente aos domingos,
e preferencialmente na maré vazante no caso de águas marinhas,
na qual, em princípio, observa-se maior contribuição e menor diluição
dos efluentes.

amostragem de água bruta de sedimentos 147


Recomenda-se que a periodicidade de amostragem das praias seja es-
tabelecida em função da época do ano, frequência de banhistas e do
índice de ocupação residencial das regiões próximas à sua orla. Assim,
as praias mais frequentadas devem ser monitoradas semanalmente.
As praias menos frequentadas, mas que já passam por um processo de
urbanização em suas imediações, podem ser avaliadas por meio de mo-
nitoramento mensal sem, no entanto, serem classificadas conforme as
categorias preconizadas pela Resolução Conama relativa ao controle
da qualidade da água para balneabilidade (CONAMA nº 274/00). O
acompanhamento da evolução da qualidade destas praias deve ser rea-
lizado em caráter preventivo e, se forem constatados índices indicadores
de contaminação fecal em quantidades significativas, o monitoramento
deve ser conduzido semanalmente. Na época de temporada (meses do
verão e das férias escolares), deve ser prevista a intensificação do mo-
nitoramento para as praias com maiores índices de contaminação.

No Estado de São Paulo informações adicionais sobre a balneabilidade


das praias podem ser obtidas na pagina oficial da CETESB (www.
cetesb.sp.gov.br), especialmente nos Relatórios Anuais “Qualidade das
Águas Litorâneas do Estado de São Paulo”, e na página da Secretaria
do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br).

Procedimentos de coleta de amostras para ensaios microbiológicos, para


avaliação de balneabilidade das praias interiores e litorâneas

• A coleta deve ser realizada em local com maior frequência de banhistas;


• O técnico deve adentrar na água até à linha de cintura do banhista;
• Remover a tampa do frasco, juntamente com o papel alumínio protetor,
tomando cuidado para evitar sua contaminação pelos dedos das luvas ou
outro material (Fig. 67);
• Manter a tampa sobre o frasco no momento da coleta a uma distância de
aproximadamente 10 centímetros, para evitar a contaminação da parte in-
terna da tampa ou queda de qualquer outro material no interior do frasco;
• Encher o frasco com a amostra até aproximadamente ¾ (três quartos) do
seu volume, para possibilitar sua homogeneização durante o ensaio no labo-
ratório;
• Fechar imediatamente o frasco, fixando muito bem o papel alumínio prote-
tor em volta da tampa;
• Identificar a amostra;
• Acondicionar a amostra em caixa térmica, sob refrigeração, para transporte.

148 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Figura 67. Coleta de amostra de água recreacional (mar) para análise microbiológica (Fonte:
Foto Carlos Jesus Brandão/CETESB).

6.1.7 Comunidades Biológicas


As comunidades biológicas fornecem a melhor base para a avaliação da
integridade ecológica dos ecossistemas aquáticos. Uma vez que o dado
biológico é gerado a partir da coleta de organismos vivos, que podem
escapar à captura ou apresentar comportamento migratório ou distri-
buição espacial heterogênea no local de investigação, o programa de
amostragem biológica deve ser cuidadosamente planejado para que os
resultados tenham aplicabilidade e reflitam com fidelidade a qualidade
do hábitat.

Sempre que for possível, as estações para monitoramento biológico


(biomonitoramento), ou caracterização ecológica, devem ser as mes-
mas que aquelas estabelecidas para o levantamento químico, físico e
bacteriológico, de forma que todas as coletas sejam concomitantes.
Para efeito de comparação, os pontos de coleta devem ter condições
ecológicas similares dentro do mesmo projeto ou programa de moni-
toramento; por exemplo, devem estar localizados na mesma região em
lagos e reservatórios (litorânea, limnética e profunda), ou serem em
rios de ordens similares (1ª, 2ª, 3ª, 4ª ordens).

É importante que sejam levantados, ao mesmo tempo, dados relativos


ao meio físico como, por exemplo, granulometria do sedimento,
transparência e cor da água, velocidade e vazão da corrente, largura

amostragem de água bruta de sedimentos 149


e profundidade do leito, tipos de hábitat presentes no local (por
exemplo, proximidade de corredeiras, remansos, várzeas, presença
de macrófitas e cobertura vegetal das margens). Devem também ser
observadas condições do local, tais como uso e ocupação do solo,
presença de despejos industriais e urbanos, extração de areia ou
outra atividade de mineração.

Para se comparar diferentes pontos de coleta é essencial também que


todos sejam amostrados aproximadamente ao mesmo tempo. A perio-
dicidade de amostragem depende da comunidade a ser analisada, mas
se alguma situação atípica ocorrer, como descarga ou derramamento
de substâncias químicas, as amostragens devem ser realizadas a inter-
valos de tempo menores, de modo a acompanhar a recuperação das
comunidades.

A seleção do tamanho da estação de amostragem é influenciada pelos


grupos taxonômicos a serem estudados e pela natureza do problema
a ser investigado. Para fitoplâncton e macroinvertebrados, um local
adequado de amostragem pode cobrir pequenas áreas ou volumes,
enquanto que para peixes uma estação pode se estender de 100m2
a 1000m2, dependendo da densidade das populações e do território
usual da espécie sob investigação.

A amostragem de comunidades biológicas pode ser dividida basicamente


em três tipos, conforme o objetivo do trabalho ou projeto: qualitativa,
semiquantitativa e quantitativa. O tipo da amostragem define os
equipamentos e o esforço da coleta, necessários. A amostragem
qualitativa serve a estudos de comparação espacial e/ou temporal,
baseados na composição faunística e/ou florística. Neste caso, não há
transformação dos dados em unidade de área ou volume. Amostras
semiquantitativas podem ser obtidas de duas formas: a) o esforço
amostral (tempo) é medido no emprego de métodos qualitativos de
coleta, ou b) amostradores quantitativos são usados em coleta não
aleatória e sem réplicas. A amostragem mais exigente é, sem dúvida, a
quantitativa, em que são amostradas unidades de área ou volume bem
definidos. Preferencialmente são realizadas réplicas (ou unidades
de amostragem), tomando-se cuidados relativos ao tamanho e
distribuição das unidades de amostragem na área de estudo.
Os dados da coleta quantitativa se prestarão a objetivos mais
amplos, fornecendo a possibilidade de se estimar densidades ou

150 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


biomassas das populações de organismos, além das informações
obtidas pelos outros dois tipos de amostragem.

Existem vários estudos definindo o número de réplicas necessário em


relação à confiabilidade estatística que se deseja obter na amostra-
gem quantitativa. Em geral, são aplicadas fórmulas onde se empregam
dados (média, desvio ou erro padrão, variância) provenientes de uma
campanha de amostragem preliminar. Os dados obtidos serão tan-
to mais confiáveis quanto mais cuidadosamente definidos o local de
amostragem e o número de réplicas (para maiores informações reco-
menda-se a consulta à Elliott,1977 e Merritt & Cummins, 1996).

O plano de amostragem depende dos objetivos do projeto ou do pro-


grama de monitoramento. Cada caso requer uma metodologia especí-
fica, tanto de coleta, quanto de ensaios e interpretação de dados.

6.1.7.1 Pigmentos Fotossintetizantes (Clorofila a e Feofitina a)


Há diversos métodos para se avaliar a biomassa vegetal de um
ecossistema aquático. Além da estimativa do standing-stock por meio
da contagem do número de organismos num dado volume de água
(determinação do fitoplâncton, seja de água doce ou marinha), pode-se
efetuar a estimativa pela determinação da concentração de pigmentos,
sobretudo de clorofila a. A clorofila a que é um pigmento comum a todos
os vegetais, representa de 0,1% a 9,7% do peso do material orgânico
em todas as algas planctônicas, sendo por isso, o indicador preferido
para estimar a biomassa algal.

Entretanto, as moléculas de clorofila não são estáveis; dependendo


das condições do meio, tais como mudanças do pH, temperatura, ou
luminosidade excessiva, elas podem sofrer degradação, originando
produtos conhecidos como feopigmentos. A feofitina a é um produto
da degradação da clorofila a, que pode interferir grandemente nas me-
didas deste pigmento, por absorver luz na mesma região do espectro
que a clorofila a. A relação entre clorofila a e feofitina a em ambientes
aquáticos tem grande importância na indicação do estado fisiológico
da comunidade fitoplanctônica.

A determinação quantitativa da clorofila a propicia a avaliação do grau


de trofia do ambiente, ou seja o grau de enriquecimento por nutrien-

amostragem de água bruta de sedimentos 151


tes, podendo ainda ser utilizada para uma estimativa da biomassa algal,
bem como da produção primária.

Procedimentos de coleta
As amostras para determinação das concentrações de clorofila a e
feofitina a devem ser obtidas preferencialmente em replicata, por ponto
de coleta. A distância entre as réplicas é determinada aleatoriamente.
Estas réplicas são coletadas na superfície, até 30cm de profundidade.
Deve-se sempre enxaguar o frasco com água do local antes de introdu-
zir a alíquota que servirá de amostra para exame. O frasco não deve ser
totalmente preenchido, a fim de facilitar a homogeneização da amostra
antes da filtragem.

Os recipientes utilizados para o armazenamento de amostras para a


determinação de clorofila devem ser de vidro neutro, devido à sensi-
bilidade de algumas algas ao meio alcalino. Utilizar preferencialmente
vidros escuros (frasco âmbar de 1L) com tampa rosqueada. No caso
de se utilizar outro tipo de frasco de vidro neutro, este deve ser pro-
tegido por folha de papel alumínio, para que não haja penetração de
luz, evitando o metabolismo fotossintético, bem como a degradação da
molécula de clorofila. Os frascos plásticos devem ser evitados, pois o
material tende a aderir nas paredes, resultando em perdas nas deter-
minações.

A amostra deve ser filtrada em campo, imediatamente após a coleta;


caso isto não seja possível, deve ser mantida refrigerada até a chegada
ao laboratório, o que deverá ocorrer em um prazo máximo de 48 horas
(ver detalhes no Anexo 1). Quando o pH da amostra for inferior a 6, ou
se considerado necessário, a amostra pode ser preservada com carbo-
nato de magnésio 1%.

152 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Procedimentos para coleta de amostras para ensaio de clorofila a e feofitina
a em águas superficiais:

• Antes da amostragem, deve-se verificar se há análises correlatas como, por


exemplo, nutrientes, fitoplâncton e teste de toxicidade, para se ter o cuidado
de distribuir alíquotas da mesma amostragem nos diferentes frascos;
• Realizar a coleta a aproximadamente 30cm abaixo da lâmina d’água. Esta
coleta pode ser feita manualmente (submergindo o frasco de coleta), com
um balde de aço inox polido AISI 316L ou garrafa de amostragem;
• Preencher o frasco de coleta de forma que fique um espaço que possibilite a
homogeneização da amostra.
• Caso a filtração não possa ser realizada no local, a amostra deve ser imedia-
tamente armazenada ao abrigo da luz e transportada em caixa térmica com
gelo, nunca excedendo o prazo de 48 horas após a coleta para a filtração.

Procedimentos para coleta de amostras para ensaio de clorofila a e feofiti-


na a em amostras de profundidade:

• Antes da amostragem, deve-se verificar se há análises correlatas como, por


exemplo, nutrientes, fitoplâncton e teste de toxicidade, para se ter o cuidado
de distribuir alíquotas da mesma amostragem nos diferentes frascos;
• Após a coleta com garrafa de van Dorn, desconectar a mangueira de látex da
garrafa;
• Desprezar a água contida na mangueira de látex, e transferir para um frasco
de vidro, sendo que este não deve ser totalmente preenchido para que pos-
sa ser feita a homogeneização de seu conteúdo no laboratório;
• Caso a filtração não possa ser realizada no local, a amostra deve ser imedia-
tamente armazenada ao abrigo da luz e transportada em caixa térmica com
gelo, nunca excedendo o prazo de 48 horas após a coleta, para ser filtrada.

amostragem de água bruta de sedimentos 153


Procedimentos para filtração das amostras para ensaios de clorofila a e fe-
ofitina a em campo:

Materiais:
• Membrana filtrante (47mm de diâmetro) de fibra de vidro ou membrana
filtrante de celulose hidrofílica com porosidade entre 0,45mm e 1,0mm.;
• Conjunto para filtração a vácuo para membranas de 47mm de diâmetro
(Figs. 68 e 69);
• Pinça de ponta reta, de aço inoxidável, borda plana;
• Envelope de papel pardo do tipo “kraft”, para armazenar o filtro com o con-
teúdo filtrado;
• Proveta de 500mL a 1L;
• Pisseta com água destilada;
• Bomba de vácuo, para filtragem sob pressão (Figs. 70 e 71);
• Frasco envolvido em papel alumínio ou dessecador, contendo sílica gel,
onde os envelopes com as amostras são armazenados e mantidos sob
refrigeração.

Procedimentos:
• Homogeneizar a amostra por cerca de dez vezes antes de iniciar a filtração.
O volume de água a ser filtrado pode variar de 0,05L a 1L, dependendo
da concentração de organismos ou partículas em suspensão existentes na
amostra. Filtrar a maior quantidade possível, preferencialmente todo o vo-
lume coletado, e anotar esta informação (volume filtrado);
• Filtrar em membrana (47mm de diâmetro) de fibra de vidro ou membrana
filtrante de celulose hidrofílica com porosidade entre 0,45mm e 1,0mm.;
• Este processo não deve exceder 10 minutos e a amostra deve permanecer
protegida da luz;
• Após o término da filtragem, lavar o funil internamente com água destilada;
• Com o auxílio da pinça, dobrar o filtro contendo o material nele retido, uma
única vez ao meio, sem que haja contato manual;
• Guardar o filtro em envelope contendo indicações do volume filtrado, iden-
tificação de amostras, ponto de amostragem, data e outras informações que
sejam necessárias;
• Colocar o envelope imediatamente em frasco escuro, ou envolvido em papel
alumínio, contendo sílica gel;
• Devido ao fato de que, à temperatura ambiente e sob a ação da luz, as
moléculas de clorofila degradam-se muito rapidamente, o frasco contendo
as amostras filtradas deve ser colocado, imediatamente após a filtragem,
sob refrigeração até o momento de sua chegada ao laboratório;
• Transportar o frasco para o laboratório de destino, sob refrigeração, em
caixa térmica com gelo. Se a amostra for demorar mais de 48 horas para
ser entregue no laboratório, este frasco deve ser mantido congelado até a
ocasião do transporte.

154 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Figura 68. Sistema Porta Filtro para Filtração de Amostras para Ensaio de Clorofila a e Feofitina
a em Laboratório (Foto: Carlos Jesus Brandão/CETESB).

Figura 69. Sistema Porta Filtro para Filtração de Amostras para Ensaio de Clorofila a e Feofitina
a em Campo (Foto: Carlos Jesus Brandão/CETESB).

amostragem de água bruta de sedimentos 155


Figura 70. Bomba de Vácuo Manual para campo (Foto: Carlos Jesus Brandão/CETESB).

Figura 71. Bomba de Vácuo Elétrica para campo (Foto: Carlos Jesus Brandão/CETESB).

156 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


6.1.7.2 Comunidade Fitoplanctônica
O termo fitoplâncton refere-se à comunidade de organismos
microscópicos fotossintetizantes que vivem em suspensão nas diversas
camadas de água. Em ambientes de água doce, o fitoplâncton é constituído
principalmente por algas (clorofíceas, diatomáceas, euglenofíceas,
crisofíceas, dinofíceas e xantofíceas) e cianobactérias.

A distribuição vertical está predominantemente associada à zona eu-


fótica onde, devido à presença de energia luminosa, realizam a fotos-
síntese. Constituem parte da comunidade responsável pela produção
primária de um ecossistema aquático sendo, portanto, a base da cadeia
alimentar tanto de ambientes marinhos como de água doce.

A comunidade fitoplanctônica, de uma forma geral, é pouco abundante


em ambientes pobres em nutrientes (oligotróficos). Entretanto, pode
estar bem representada por organismos de vários grupos. Já em
ambientes ricos em nutrientes (eutróficos), a comunidade geralmente
é abundante com presença de espécies pertencentes a um único grupo.
Como principal consequência da eutrofização destaca-se a proliferação
excessiva de algas e cianobactérias, fenômeno conhecido como floração
ou “bloom”, sendo as cianobactérias os organismos mais frequentes em
florações de águas continentais (Fig.72). Esses microrganismos podem
produzir toxinas altamente potentes, conhecidas como cianotoxinas,
as quais podem apresentar efeitos neurotóxicos, hepatotóxicos ou
dermatotóxicos.

(a) (b)

Figura 72. Floração ou “Bloom” de Cianobactérias no Reservatório Billings – São Paulo-SP:


(A) Proliferação excessiva de algas e cianobactérias; (B) Disco de Secchi recoberto por algas e
cianobactérias (Foto: Carlos Jesus Brandão/CETESB).

amostragem de água bruta de sedimentos 157


Outros fatores influenciam a composição e distribuição da comunidade
de fitoplâncton, além da quantidade de nutrientes da água, tais como:
vento, correnteza, estratificação, circulação, hora do dia, profundidade
de penetração da luz, intensidade luminosa, estação do ano e presença
de material tóxico, entre outros.

O desequilíbrio da comunidade fitoplanctônica pode trazer vários pro-


blemas à qualidade da água, como: gosto e odor, coloração acentuada,
variação na concentracão de oxigênio dissolvido, além de que algumas
espécies apresentam potencial para produzir toxinas. Estes problemas
se agravam principalmente quando o uso da água está direcionado
para abastecimento público.

O ensaio de fitoplâncton, sua identificação e quantificação, são de


grande interesse para avaliar as condições ecológicas de um ecossis-
tema aquático, prevenir ou controlar situações indesejáveis ou incom-
patíveis com a finalidade de utilização de um determinado manancial.

Procedimentos de Coleta do Fitoplâncton


A amostragem para ensaio de fitoplâncton pode ser feita de várias
maneiras, dependendo do objetivo do estudo. Na água superficial pode
ser realizada em uma única tomada, de uma forma integrada (quando
várias coletas da água superficial são reunidas em uma amostra), ou
em réplicas (duas ou mais, que serão analisadas individualmente). Na
coluna d’água, pode ser feita em várias profundidades e compostas
em uma única amostra ou analisadas individualmente (réplicas).
É recomendável que em amostragens de rotina para programas de
monitoramento a coleta seja realizada, se possível, no mesmo período
do dia. É importante ressaltar que dentro do grupo das cianobactérias
existem espécies que possuem aerótopos as quais podem migrar na
coluna d’água de acordo com a intensidade luminosa. Esta característica
é importante principalmente nas amostragens em águas captadas para
consumo humano, nas quais a altura da tomada da água, bem como a
integração de dados de toda coluna d’água, devem ser considerados.

158 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Procedimentos para coleta manual de amostras, para ensaio fitoplâncton,
em águas superficiais:

• A coleta manual pode ser realizada com o balde de inox ou, na falta deste,
com o próprio frasco. Para tanto, deve-se submergir o frasco de 1 L (âmbar,
de boca larga) na camada superficial (até 30cm) ou preenchê-lo com ajuda de
um balde de aço inox AISI 316L, tomando-se o cuidado de não preenchê-lo
completamente para facilitar a homogeneização em laboratório;
• Antes da amostragem, deve-se verificar se há análises correlatas como, por
exemplo, nutrientes, clorofila a e teste de toxicidade, para se ter o cuidado
de distribuir alíquotas da mesma amostragem nos diferentes frascos;
• Manter a amostra refrigerada e ao abrigo da luz. Se necessário, adicionar
ainda em campo, formol até uma concentração final de 5%, ou lugol, procu-
rando manter uma alíquota, em um frasco menor (100mL), refrigerada para
observação do material vivo.

OBS - Procedimentos para a coleta manual de amostras de florações de cia-


nobactérias: Quando há formação de “nata” superficial no ponto de coleta,
proceder como descrito acima, tomando o cuidado ao se colocar o balde ou
o frasco na água, para não movimentar muito a massa flutuante. Distribuir
alíquotas da mesma amostragem nos diferentes frascos.

Procedimentos para coleta de amostras para ensaio de fitoplâncton, com


auxílio de equipamento:

Coleta com garrafas de profundidade van Dorn horizontal e vertical

A coleta com garrafa pode ser utilizada para amostragem superficial e de


profundidade.
• Após a coleta com a garrafa na profundidade desejada, desconectar a man-
gueira de látex;
• Desprezar a água contida na mangueira de látex e distribuir a amostra para
o(s) frasco(s) o mais rápido possível tomando-se o cuidado de não preenchê-
-lo(s) completamente, para facilitar a homogeneização no laboratório. Neste
caso também deve ser observado se há análises correlatas como clorofila a
e teste de toxicidade para que as alíquotas distribuídas nos diferentes fras-
cos sejam provenientes de uma mesma amostragem;
• Manter a amostra refrigerada e ao abrigo da luz. Se necessário, adicionar
ainda em campo, formol até uma concentração final de 5%, ou lugol, procu-
rando manter uma alíquota, em um frasco menor (100mL), refrigerada para
observação do material vivo.

amostragem de água bruta de sedimentos 159


A coleta com redes de plâncton geralmente é empregada em estudos
qualitativos e pode ser feita por meio de arrasto horizontal e vertical,
principalmente. Há vários tipos de redes disponíveis, sendo as mais in-
dicadas para o estudo do fitoplâncton as de malha de náilon com aber-
tura de 20µm a 45µm. Recomendam-se as redes longas e de boca larga,
que possibilitam maior área de filtração. É importante destacar que a
coleta com rede não permite a quantificação precisa do fitoplâncton.
Além disso, algumas espécies muito pequenas (nanoplâncton) não são
retidas no copo, impossibilitando o conhecimento da comunidade to-
tal. Para ambientes com muito material em suspensão, como alguns
rios, recomenda-se a coleta com redes de até 60µm, pois as de malhas
menores entopem e inviabilizam a filtragem do material.

Procedimentos de coleta horizontal do fitoplâncton com rede:

• Amarrar uma corda na extremidade da rede;


• Em seguida, mergulha-se a rede na água a uma profundidade até 30cm;
• Com auxílio de uma embarcação é realizado um arrasto na superfície por
tempo determinado, tomando-se o cuidado de evitar a zona de turbulência
provocada pelo deslocamento da embarcação;
• A amostra retida no copo da rede é transferida para um frasco. Com auxílio
de uma pisseta de água destilada, efetuar a lavagem, de fora para dentro do
copo, como forma de retirar o material aderido ao mesmo;
• Manter a amostra refrigerada e ao abrigo da luz. Se necessário, adicionar
ainda em campo, formol até uma concentração final de 5%, ou lugol ou solu-
ção Transeau.

Procedimentos de coleta vertical do fitoplâncton com rede:

• Mergulhar a rede na água até a profundidade desejada;


• Suspender a rede lentamente até a superfície;
• A amostra retida no copo da rede é transferida para um frasco. Com auxílio
de uma pisseta de água destilada, efetuar a lavagem de fora para dentro do
copo, como forma de retirar o material aderido ao mesmo;
• Caso haja necessidade de uma quantidade maior de organismos
fitoplanctônicos, repetir o procedimento descrito nos itens anteriores;
• Manter a amostra refrigerada e ao abrigo da luz. Se necessário, adicionar
ainda em campo, formol até uma concentração final de 5%, ou lugol ou solu-
ção Transeau.

160 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Procedimentos de Coleta para Determinação de Cianotoxinas:

• A amostragem deve ser realizada na superfície da água, coletando-se apenas


a “nata” superficial, diretamente com frasco ou balde de inox;
• Armazenar em frasco de polietileno de 5 litros sob refrigeração.

Obs.: Quando não houver presença de “nata”, pode-se realizar arrastos


(vertical e/ou horizontal) com rede procurando concentrar o maior número de
organismos; armazenar em frasco adequado sob refrigeração.

6.1.7.3 Comunidade Perifítica


O perifíton, segundo Wetzel (1983) constitui uma complexa comuni-
dade de microrganismos (algas, bactérias, fungos e animais) aderidos a
substratos orgânicos (vivos ou mortos) ou inorgânicos.

Os primeiros amostradores artificiais de perifíton foram desenvolvidos


por Moebius em 1883 para coleta de animais em ambientes marinhos,
utilizando lâminas de microscópio (SCHWARTZBOLD, 1990). A maio-
ria dos estudos sobre a comunidade perifítica tem como foco as ciano-
bactérias e algas, remetendo-se à raiz nomenclatural do termo (fíton).

O perifíton tem papel importante no metabolismo dos ecossistemas


aquáticos continentais, sendo considerado um dos produtores primá-
rios mais significativos tanto em ambientes lênticos como em ambien-
tes lóticos. Em muitos ecossistemas, o perifiton pode contribuir com
cerca de 70 - 80% de matéria orgânica para a produtividade total. Além
disso, destaca-se como regulador do fluxo de nutrientes.

Organismos perifíticos colonizam muitos habitats de rios e lagos e têm


sido utilizados como indicadores bióticos de características do ambien-
te e para biomonitoramento.

Dentre as características que tornam esta comunidade boa indicadora


da qualidade da água incluem-se:

• Sendo sésseis, estão sempre submetidos às condições do local e


isso os torna até melhores indicadores de grau de trofia do que o
fitoplâncton;

amostragem de água bruta de sedimentos 161


• Apresentam a relação volume/superfície grande, o que favorece
o acúmulo de certas substâncias químicas e contaminantes como
DDT, Dieldrin, 32P, 65Zn, etc.;
• Tem ampla ocorrência e distribuição;
• Há dados disponíveis sobre sua autoecologia e limites de tolerância;
• Por seu ciclo de vida curto e alta taxa de reprodução, respondem
rapidamente a mudanças ambientais e tem requerimentos am-
bientais específicos (sensibilidade a fatores impactantes), o que os
torna excelentes indicadores de qualidade da água. Esta comunida-
de tem sido utilizada para monitoramento e avaliação da qualidade,
tanto em água doce, como no meio marinho.

Estudos de perifíton de águas continentais podem incluir toda a comu-


nidade ou partes desta, tais como diatomáceas. Com essa perspectiva,
os equipamentos e aparelhos desenhados para coleta de perifíton tam-
bém foram caracterizados para amostragem de toda a comunidade ou
para a coleta de assembléias como as diatomáceas.

Uma revisão sobre metodologias de coleta utilizando substratos ar-


tificiais foi feita por SLÁDECKOVÁ (1962). PANITZ (1980) testou
substratos artificiais variados para amostragem de perifíton em reser-
vatórios e SCHWARTZBOLD (1990) fez uma comparação entre me-
todologias de amostragem de perifíton tanto em substratos artificiais
como naturais.

Métodos comumente utilizados para coleta de perifíton de água doce


Os métodos de coleta de perifíton podem ser classificados como:

• coleta manual de substratos naturais – captura total ou de parte de


substratos naturais (folhas, ramos, pedras);
• coleta com delimitador – captura em área determinada do substra-
to natural, mediante perturbação manual do substrato (como por
exemplo com o perifitômetro com escova); e
• coleta com substrato artificial - captura, como substrato de colo-
nização, sem destruir ou perturbar o ambiente em amostragem
(como o flutuador com lâminas de vidro).

Quaisquer destes métodos podem ser utilizados para amostragens


quantitativas, no entanto a comparação entre pontos só pode ser feita
quando os habitats investigados forem similares. No caso de utilização

162 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


de substratos artificiais, é necessária também a padronização do tem-
po de exposição.

• Cuidados e preparação da coleta


A avaliação dos substratos naturais disponíveis no ambiente em estu-
do, comparando facilidade de coleta, constância de ocorrência em todos
os pontos amostrais e possibilidade de uso, bem como a avaliação da pos-
sibilidade de uso do mesmo equipamento/aparelho para coleta, seja em
substratos naturais ou artificiais, é parte da preparação da coleta.

Os substratos naturais devem ser padronizados, dentro do possível,


quanto ao tamanho das pedras, o tipo de folhas (forma, rugosidade e
desenvolvimento – maduras, mas não senescentes) e ramos (quanto à
espessura, formato e rugosidade).

No caso de uso de substratos artificiais, estes devem ser instalados no


local previamente à coleta propriamente dita, para teste do tempo de
colonização.

Um procedimento comum em qualquer metodologia de coleta


de perifíton é o cálculo de área raspada/coletada, que possibilita
a expressão dos resultados posteriores em organismos por área.
A exatidão dos resultados depende diretamente dessas medidas que
precisam, portanto, ter a maior acurácia possível.

Outro cuidado que deve ser comum a qualquer metodologia é a limpe-


za de acessórios, aparelhos e equipamentos entre coleta de réplicas e
principalmente entre pontos. Esta limpeza deve ser feita com água do
local (entre réplicas) e com água potável (“de torneira”) entre um ponto
de coleta e outro.

A seguir são descritos procedimentos de coleta de perifíton em


substratos naturais (folhas, ramos e pedras) e artificiais (flutuador com
lâminas de vidro).

• Procedimentos de coleta
Pode-se amostrar a comunidade perifítica de substratos naturais
orgânicos (folhas, ramos), inorgânicos (pedras) ou utilizar substratos
artificiais. Substratos naturais podem ser amostrados em rios/riachos
e margens de reservatórios.

amostragem de água bruta de sedimentos 163


A escolha dos substratos depende de sua disponibilidade no local, do
tempo e orçamento disponíveis.

Procedimentos para coleta de perifíton em substratos naturais (folhas, ra-


mos, pedras pequenas):

• Vistoriar o local em busca das melhores plantas, ramos e/ou pedras. A sele-
ção deve levar em conta submersão, evitando-se substratos expostos, e pa-
dronização de réplicas, optando-se por substratos o mais semelhantes em
textura e tamanho. Devem ser coletadas pelo menos três réplicas de cada
substrato (Figs. 73 e 74);
• Cortar ramos e folhas selecionados com auxílio de tesoura, que deve ser la-
vada com água do local depois da coleta de cada réplica. Colocar o material
coletado em bandeja, com o lado a ser raspado para cima (Figs. 75 e 76);
• Raspar cada um dos substratos com pincel macio, “lavando” o material ras-
pado para o frasco de amostra com água destilada, com auxílio de pisseta.
A água deve ter um volume conhecido (neste caso, 150mL). No caso das pe-
dras e das folhas, raspar apenas a parte superior (Fig. 77);
• Homogeneizar as amostras e dividir em 2 frascos, sendo 80mL para análise
de clorofila a e 70mL para análise da comunidade;
• Preservar a amostra para estudo da comunidade com 6mL de formol 4%, 3
gotas de lugol ou solução Transeau (1:1). Manter a amostra para análise de
clorofila a refrigerada;
• Medir comprimento e diâmetro dos ramos, com auxílio de régua e paquíme-
tro. Desenhar com lápis o contorno das folhas e pedras raspadas, em papel
vegetal. Os desenhos serão usados posteriormente para medida da área,
com medidor de área foliar. A área dos ramos é calculada por aproximação
da figura geométrica mais próxima (cilindro). As medidas de área permitem
a expressão dos resultados em organismos/cm2 (Figs. 78, 79 e 80).

Figura 73. Seleção de substrato (Foto: Rita Cerqueira Ribeiro de Souza/CETESB).

164 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Figura 74. Detalhe da seleção de ramos e folhas (Foto: Rita Cerqueira Ribeiro de Souza/
CETESB).

Figura 75. Cortes dos ramos e folhas selecionadas (Foto: Márcia Janete Coelho Botelho/
CETESB).

Figura 76. Seleção de ramos e folhas - Material coletado na bandeja com o lado a ser raspado
para cima (Foto: Rita Cerqueira Ribeiro de Souza/CETESB).

amostragem de água bruta de sedimentos 165


Figura 77. Raspagem do substrato com pincel macio (Foto: Rita Cerqueira Ribeiro de Souza/
CETESB).

Figura 78. Desenho manual das folhas e ramos (Foto: Rita Cerqueira Ribeiro de Souza/CETESB).

166 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Figura 79. Paquímetro utilizado para medida do comprimento e diâmetro dos ramos e tamanho
das folhas (Foto: Rita Cerqueira Ribeiro de Souza/CETESB).

Figura 80. Medida do diâmetro dos ramos (Foto: Helena Mitiko Watanabe/CETESB).

amostragem de água bruta de sedimentos 167


Em rios/riachos rasos onde ocorram pedras grandes que não possam
ser removidas, a coleta do perifíton pode ser realizada com o perifitô-
metro com escova, modificado de Vis (VIS, 1997; VIS et al, 1998).

Procedimentos para coleta de perifíton em substrato natural consolidado (pe-


dras grandes demais para serem deslocadas) com perifitômetro com escova:

• Selecionar as pedras a serem amostradas;


• Encostar a borracha da parte inferior do equipamento na pedra, no local
mais plano possível evitando que água entre ou saia de dentro do tubo (Fig.
81 A);
• Escovar toda a superfície delimitada pelo equipamento, tentando retirar
todo o perifíton sem usar muita força (Fig. 81 B);
• Colocar a extremidade com a mangueira livre no frasco de coleta. Levantar a
mangueira com a pêra na extremidade e bombear até que toda a água e pe-
rifíton raspado tenham sido transferidos do interior do equipamento para o
frasco de amostra (Fig.81, C);
• Preservar a amostra com lugol, formol 4% ou solução Transeau (1:1).

(a) (b)

(C)

Figura 81. Coleta de amostras para Perifíton com perifitômetro com escova, modificado
por VIS: (A) Introdução do amostrador no local selecionado, (B) Retirada do perifiton com a
escova; (C) Bombeamento da água e perifiton raspado e preenchimento do frasco (Fotos: Rita
Cerqueira Ribeiro de Souza/CETESB).

168 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Substratos artificiais, como flutuadores com lâminas de vidro podem
ser usados em rios/riachos ou reservatórios onde haja razoável prote-
ção contra vandalismo (locais mais distantes, com margens florestadas,
propriedades privadas).

Os tubos de vidro cilíndricos e lâminas de microscópio são considera-


dos excelentes substratos artificiais por seu baixo custo, boa aderência
e colonização do perifíton, facilidade de remoção do biofilme aderido e
fácil delimitação de área e volume.

Procedimentos para coleta de perifíton em substrato artificial com flutua-


dor de lâminas de vidro:

• Selecionar o local para instalação do flutuador, evitando a exposição e


acesso a estranhos, e determinar ponto de fixação na margem;
• Prender o flutuador ao ponto fixo. Desenhar um croqui do local, anotar
coordenadas geográficas e registrar fotograficamente, de modo a
possibilitar o resgate do equipamento;
• Deixar o flutuador no local pelo tempo pré-determinado, usualmente, 15
dias (Fig. 82 A);
• Depois do tempo pré-determinado, voltar ao local e retirar o equipamento
da água, colocando-o em bandeja (Fig. 82 B);
• Abrir o flutuador soltando dois dos parafusos das extremidades;
• Retirar uma lâmina de cada vez, raspar o perifíton com pincel macio no
frasco de amostra, lavando com pisseta e água. Preservar as amostras com
lugol, formol 4% ou solução Transeau (1:1);
• Pode-se optar por analisar a amostra completa em laboratório. Nesse caso,
a lâmina deverá ser colocada sem raspagem, diretamente no frasco de cole-
ta e preservada.

amostragem de água bruta de sedimentos 169


(a) (b)

Figura 82. Coleta de amostras para Perifíton. (A) Flutuador de Lâminas de vidro; (B) Retirada
do Flutuador de Lâminas de vidro (Fotos: Rita Cerqueira Ribeiro de Souza).

Fixação e preservação de amostras de perifíton


Para a fixação e conservação do perifíton existem vários processos e
produtos citados na literatura:

• Congelamento - é uma forma de preservação utilizada para análise


de biomassa, composição de diatomáceas e abundância semiquan-
titativa de táxons como clorofíceas e cianobactérias. Este é o único
método prático para preservação de grandes amostras para análise
de biomassa;
• Solução Transeau – a desvantagem deste preservante é a grande
quantidade de solução necessária, o que torna o custo elevado e
inviabiliza o seu uso em excursões de coletas de maior duração ou
com grande número de amostras;
• Solução de formol 4 a 10% neutralizado – pode ser usada para
preservação de amostras pequenas ou subamostras, para análise
quantitativa e composição taxonômica;
• Lugol acético 5% – pode ser usado para amostras pequenas ou
subamostras, para análise quantitativa e composição taxonômica.

A solução de Lugol facilita a sedimentação (particularmente de peque-


nas diatomáceas) e mantém estruturas celulares frágeis. Entretan-
to, este preservante só se mantém ativo por 1-2 anos, e as amostras
devem ser armazenadas no escuro e em frascos âmbar.

Tanto o formol como o Lugol mantém as formas das algas sem carapa-
ças. Formol é o preservante usado mais comumente porque não de-
grada as estruturas das organelas ou coloração de algas sem carapaça.
Este preservante permanece ativo indefinidamente.

170 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


6.1.7.4 Comunidade Zooplanctônica
Os organismos zooplanctônicos são aqueles que vivem em suspensão
devido à sua limitada capacidade de locomoção; podem ocupar toda a
coluna de água, desde a superfície até grandes profundidades. A maio-
ria dos invertebrados está representada no zooplâncton, seja como
adultos, larvas, ou ambos, assim como os ovos e larvas de peixes (verte-
brados), e podem ocupar diferentes níveis tróficos. Alguns dos organis-
mos permanecem no ambiente planctônico durante todo o seu ciclo de
vida (holoplâncton), outros, só parte dele (meroplâncton), como larvas
de diversos grupos (poliquetos, crustáceos, insetos e peixes). São en-
contrados em praticamente todos os ambientes aquáticos, como lagos,
charcos, lagoas, estuários, oceanos e em muitos rios.

Apesar de apresentarem capacidade limitada de deslocamento hori-


zontal, demonstram uma excepcional capacidade de migração vertical.
Por isso, além de uma distribuição horizontal heterogênea, apresen-
tam movimentos verticais diferenciados em resposta a diversos estí-
mulos, como alimento, reprodução, luminosidade, correntes etc. Essa
migração vertical pode ser dividida basicamente em dois tipos:

• sazonal: associada à reprodução ou a fatores físico-químicos.


Animais que vivem em águas profundas podem deslocar-se para
a superfície numa determinada época do ano para se reproduzir,
por exemplo, e animais que vivem na superfície no inverno podem
mover-se para águas mais profundas e frias no verão, e vice-versa;
• diária: associada principalmente à intensidade luminosa. Cada
espécie tem preferência por determinada intensidade de luz,
movendo-se mais para a superfície ou mais para o fundo, à medida
que o sol se eleva ou se põe durante o dia, sendo que a nebulosidade
também pode influenciar esse movimento.

A concentração máxima do zooplâncton ocorre, em geral, nas camadas


superficiais onde há, entre outros fatores, concentrações mais eleva-
das de alimento. Contudo, a quantidade de zooplâncton de um local
depende da resposta a estímulos promovidos por diversos outros fato-
res, como período do dia, estação do ano, concentração de nutrientes,
presença de substâncias tóxicas na água, entre outros. O tamanho dos
organismos zooplanctônicos geralmente varia de poucos micrômetros
até mais de 20mm e incluem flagelados, ciliados, rotíferos, copépodes,
cladóceros e outros invertebrados (Tab. 4).

amostragem de água bruta de sedimentos 171


Tabela 4. Classificação do zooplâncton em função do tamanho dos organismos
Grupo Limites de tamanho Principais organismos

Ultrananoplâncton ou < 2µm Bactérias livres


Picoplâncton

Pequenos flagelados, ciliados e


Nanoplâncton 2µm - 20µm alguns rotíferos

Foraminíferos, ciliados, flagelados,


Microplâncton 20µm - 200µm
rotíferos, cladóceros e copépodes

Cladóceros, copépodes,
Mesoplâncton 200µm - 2mm quetognatos e larváceos

Pterópodos, copépodes,
Macroplâncton 2mm - 20mm eufausiáceos e quetognatos

Cefalópodes, eufausiáceos,
Micronecton 20mm - 200mm sergestídeos e mictofídeos

Megaloplâncton > 200mm Cifozoários, Taliáceos


Fonte: OMORI & IKEDA, 1984, modificado.

A comunidade zooplanctônica responde rapidamente às alterações am-


bientais devido ao curto ciclo de vida dos organismos, fazendo com que
possam ser empregados como indicadores da qualidade da água. Ape-
sar disto, a natureza transitória e a distribuição frequentemente agru-
pada muitas vezes tornam necessária a interpretação de seus resulta-
dos conjuntamente com outros dados biológicos, físicos e químicos,
coletados simultaneamente. Além disso, o ambiente planctônico conta
com a presença comum, ainda que normalmente em baixas densidades,
de organismos bentônicos que fazem incursões na massa d’água ou são
ressuspensos na coluna d’água em função de turbulência e mistura de
água, como na zona de influência de rios, ocorrência de chuvas e ventos
fortes, especialmente em locais rasos (<20m).

Muitos aparelhos de coleta foram desenvolvidos para essa comuni-


dade em função, principalmente, da variabilidade na distribuição do
zooplâncton, da diversidade de ambientes e da capacidade de fuga e
de escape dos zooplanctontes e, por isso, não há um método que cole-
te toda a variedade de organismos. Na tabela 5 encontram-se algumas a
recomendações para a escolha do aparelho de coleta.

172 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Tabela 5. Recomendações para a seleção do equipamento de coleta de zoo-
plâncton em diferentes ambientes.
Amostras integradas
Amostras verticalmente
Amostras
Amostras integradas
Equipamento em
pontuais horizontal- Águas Águas vegetação
mente pelágicas ou litorâneas
profundas ou rasas

Garrafas + - - + ++

Armadilhas ++ + - ++ ++

Bombas ++ + + ++ ++

Redes - ++ ++ + -

Legenda: (-) Pouco recomendado; (+) Recomendado; (++) Muito recomendado.

Como a distribuição do zooplâncton geralmente é agregada e durante


a coleta ocorre fuga e escape dos organismos, torna-se necessário
aumentar o volume coletado por amostra ou adicionar réplicas (ou
ambos). Apesar de não existir definição quanto ao volume mínimo a
ser amostrado, pois depende da finalidade da investigação, sabe-se
que, em ambientes oligotróficos, estuarinos e costeiros, é necessário
coletar um volume muito maior (geralmente centenas de litros) do
que em ambientes eutróficos; já nesses últimos a concentração de
zooplâncton frequentemente é alta. Recomenda-se coletar um volume
mínimo, por réplica, de 100L para o zooplâncton de água doce e de 5m3
para o costeiro/estuarino e a obtenção de pelo menos duas réplicas em
cada ponto de amostragem. Uma vez estabelecido o procedimento
e o equipamento de coleta, é muito importante que estes não sejam
alterados ao longo do estudo, a fim de possibilitar a comparação
dos resultados. Na necessidade de informações adicionais, deve-se
complementar com mais outro tipo de amostragem.

A seguir serão descritos os procedimentos para as coletas mais roti-


neiramente empregadas, sem mencionar técnicas bioacústicas e de
observação “in situ”. Maiores detalhes sobre coleta de zooplâncton
poderão ser encontrados em APHA (2005), BOLTOVSKOY (1981),
De BERNARDI (1984), OMORI & IKEDA (1984), PINTO-COELHO
(2004) e UNESCO (1968).

amostragem de água bruta de sedimentos 173


i - Procedimentos de coleta com garrafas e armadilhas
A garrafa do tipo van Dorn é a mais utilizada, porém há diversos outros
tipos de garrafas que podem ser empregados na coleta de zooplâncton.
É bastante eficiente para capturar organismos pequenos, que
apresentam baixa capacidade de locomoção e fuga, como protozoários
e rotíferos. Por coletarem um volume pequeno (2L a 30L), quase
sempre necessitam de vários lances para capturar as formas raras ou
de maior mobilidade. Por isso, não são recomendadas para ambientes
oligotróficos ou profundos. Para organismos maiores (cladóceros e
copépodes), são preferidas bombas, armadilhas e redes. A armadilha
(ou trampa) é uma associação de uma garrafa de maior capacidade e
uma rede.

As amostras obtidas com garrafas van Dorn ou com armadilha de


Schindler-Patalas são geralmente filtradas em redes de náilon de
malha conhecida. Podem ser utilizadas para ensaio qualitativo ou
quantitativo, em estudos para o conhecimento da distribuição vertical
do zooplâncton, sendo estes equipamentos mais práticos para ambien-
tes aquáticos pequenos, como lagoas rasas ou pequenos lagos.

As principais vantagens que as garrafas e armadilhas exibem são a pos-


sibilidade de coleta em qualquer profundidade e o conhecimento do
volume preciso de água em que os organismos foram capturados. Am-
bas podem ser empregadas satisfatoriamente em ambientes eutrófi-
cos, onde a abundância de zooplâncton e matéria orgânica em suspen-
são podem reduzir a eficiência de outros equipamentos, em estudos de
microdistribuição e da zona litorânea. Recomenda-se que a garrafa e a
armadilha sejam transparentes e sem partes brilhantes, a fim de redu-
zir a fuga de organismos mais velozes.

Estes equipamentos podem ser empregados para obter amostras pon-


tuais ou integradas. A amostra pontual é obtida simplesmente lançan-
do-se em um determinado local, uma única vez, o equipamento de co-
leta. Já a amostra integrada é o resultado de diversos lances realizados
no mesmo intervalo de tempo e reunidos em uma única amostra.

174 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Coleta de amostras para ensaio de zooplâncton com garrafa van Dorn:

• Lançar a garrafa de van Dorn e coletar na profundidade desejada, quantas


vezes forem necessárias;
• A cada lance efetuado, filtrar o seu conteúdo em rede de plâncton (a seleção
da malha depende de que classe de tamanho ou grupo de organismos se
deseja avaliar);
• Remover o copo da rede, vertendo a amostra para o frasco de coleta;
• Limpar o copo da rede, vertendo seu conteúdo para o frasco de coleta quan-
tas vezes forem necessárias para a completa remoção dos organismos;
• Adicionar formol e completar com água filtrada (zooplâncton de água doce)
ou com água do local (zooplâncton marinho) até obter uma solução de
formol 10% neutralizado. Em amostras de água doce, adicionar previa-
mente ao formol, 100mL de água gasosa e esperar por 15 minutos, apro-
ximadamente;
• Sempre que possível, adicionar de 5mL a 10mL de solução do corante
rosa de bengala 0,1%;
• Fechar bem o frasco coletor e mantê-lo ao abrigo da luz.

A coleta integrada de zooplâncton ao longo da coluna d’água com gar-


rafa ou armadilha deve ser realizada de forma homogênea (a mesma
quantidade de lances) em cada estrato, desde a superfície até próximo
do fundo (geralmente de 0,5m a 1m do fundo).

Coleta de amostras para ensaio de zooplâncton com armadilha de


Schindler-Patalas

• Lançar a armadilha e coletar na profundidade desejada;


• Retirar a armadilha da água;
• Remover o copo, vertendo a amostra para o frasco de coleta;
• Limpar o copo da rede, vertendo seu conteúdo para o frasco de coleta
quantas vezes forem necessárias para a completa remoção dos organismos
(figs. 83 A, B, C, D, E, e F);
• Ao final de todos os lances, adicionar formol ao frasco de coleta e completar
com água filtrada (zooplâncton de água doce) ou com água do local
(zooplâncton marinho), até obter uma solução de formol 10% neutralizado.
Em amostras de água doce, adicionar previamente ao formol, 100mL de
água gasosa e esperar por 15 minutos, aproximadamente;
• Sempre que possível, adicionar de 5mL a 10mL de solução do corante rosa
de bengala 0,1%;
• Fechar bem o frasco coletor e mantê-lo ao abrigo da luz.

amostragem de água bruta de sedimentos 175


(a) (b) (c)

(d) (e) (f)

Figura 83: Coleta de amostras de zooplâncton com armadilha de Schindler-Patalas (A)


Equipamento posicionado para descida; (B) Equipamento içado após coleta, (C) Amostra sendo
filtrada, (D) Desconexão do copo coletor, (E) Transferência da amostra retida no copo coletor
para o frasco, (F) Lavagem externa do copo coletor para a retirada de material aderido nas
paredes (Fotos: José Jorge Neto/CETESB).
ii - Procedimentos de coleta com bombas
As bombas podem ser usadas em estudos qualitativos e quantitativos
do zooplâncton. Contam com a facilidade de manejo, precisão da pro-
fundidade de coleta e facilidade de cálculo do volume de água coletado.
Contudo, deve-se selecionar uma bomba cujas engrenagens não frag-
mentem os organismos, que precisam permanecer intactos para iden-
tificação.

As bombas contam com a limitação da profundidade em que podem


operar e do diâmetro relativamente pequeno do tubo de entrada,
que dificulta a captura de organismos maiores, mais ativos e que
podem evitar facilmente a sucção na entrada do tubo. Para evitar
esse problema, um funil pode ser colocado no bocal para diminuir
a velocidade de entrada da água e aumentar a área de ação do

176 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


equipamento, principalmente em ambientes pouco turbulentos, nos
quais podem ocorrer erros maiores de amostragem.

iii - Procedimentos de coleta com redes de plâncton


As redes de plâncton são a aparelhagem mais empregada no estudo do
zooplâncton geral. Apesar disto, há um considerável número de erros
associados à amostragem com redes, desde aqueles decorrentes do
arrasto propriamente dito (volume, fuga, escape, seletividade, estrato
amostrado, contaminação, colmatagem, distribuição agrupada, eficiên-
cia de filtração, etc) até aqueles associados à perda de organismos, que
ficam aderidos à malhagem, durante a transferência do material para
o frasco de coleta. No entanto, as redes de plâncton são preferíveis às
garrafas e armadilhas para amostragem em ambientes oligotróficos,
onde o zooplâncton é menos abundante ou onde elevada quantidade
de biomassa é necessária para as análises.

De uma forma geral, deve-se utilizar redes cujos poros sejam, pelo
menos, 25% menores que a largura dos organismos desejados
(BOLTOVSKOY, 1981). Para o estudo do zooplâncton geral de água
doce recomenda-se usar malha com porosidade de 60µm a 75µm e
para o zooplâncton marinho entre 150µm e 250µm.

A fuga de organismos, um dos principais problemas relacionados à


amostragem com rede, pode ser reduzida pelo uso de redes maiores,
de cores discretas, sem partes brilhantes, velocidades aumentadas
(entre 0,5m/s e 1,0m/s), e remoção de acessórios da frente da rede.

Se o objetivo for um estudo quantitativo, deve-se equipar as redes com


fluxômetro calibrado entre o centro e a borda da boca da rede, para
estimar o volume de água filtrado pelo arrasto. O procedimento para
a calibração do fluxômetro está descrito em Hubold (1979). Quando
não se dispõe de fluxômetro, pode-se estimar o volume filtrado (m3)
durante o arrasto vertical por meio da fórmula:

volume de água filtrado (m3) = área da boca da rede (m2) x profundidade


de coleta (m).

Esse procedimento, contudo, não é recomendado por levar a uma es-


timativa pouco precisa do volume filtrado, devido ao erro introduzido
pela colmatagem.

amostragem de água bruta de sedimentos 177


Os arrastos mais empregados na coleta de zooplâncton são o horizontal
e o vertical.

(a) Arrasto horizontal


Dá-se preferência à amostragem por arrastos horizontais em deter-
minados estratos, em lugares rasos, próximos às margens, ou onde é
grande a influência de fatores físicos, como o vento e correntezas. Este
tipo de coleta tem a finalidade de estimar a distribuição e abundância
do zooplâncton dentro de uma camada de água em particular. Deve-se
fixar um flutuador junto à boca da rede para mantê-la na profundidade
desejada.

Procedimentos de coleta por meio de arrasto horizontal:

• Lançar a rede na água, tomando-se o cuidado de anotar a leitura inicial do


fluxômetro;
• Estando a rede na profundidade desejada, iniciar lentamente o seu desloca-
mento de forma que a rede fique longe da zona de turbulência causada pelo
motor da embarcação;
• A velocidade do arrasto não deve ser superior a 0,5m/s;
• Depois de decorrido o tempo determinado de arrasto, puxar lentamente o
cabo no qual a rede está amarrada e retirar a rede da água lentamente;
• Imediatamente após a saída da boca da rede da água, anotar a leitura final
do fluxômetro;
• Remover o copo da rede com o zooplâncton concentrado, vertendo a amos-
tra para o frasco de coleta;
• Limpar o copo da rede, vertendo seu conteúdo para o frasco coletor, quan-
tas vezes forem necessárias para a completa remoção dos organismos;
• Adicionar formol neutralizado até uma concentração final de 10% (propor-
ção de 1 parte de formol para 9 partes de amostra) e completar o frasco co-
letor com água filtrada (no caso de zooplâncton de água doce) ou com água
do local (no caso de zooplâncton marinho);
• Sempre que possível, adicionar de 5mL a 10mL de solução do corante rosa
de bengala 0,1%;
• Fechar bem o frasco coletor e mantê-lo ao abrigo da luz.

(b) Arrasto vertical


A coleta por meio de arrasto vertical é, em geral, mais apropriada do
que o arrasto horizontal pois o zooplâncton pode apresentar-se ver-
ticalmente descontínuo, com tendência a se concentrar nas camadas
mais profundas durante o dia, por exemplo. Entretanto, esse tipo de

178 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


amostragem deve ser realizado em regiões onde os fatores físicos,
como correntezas, interferem pouco na coleta da amostra.

Procedimentos de coleta por meio de arrasto vertical:

• Lançar a rede na água lentamente, tomando-se o cuidado de anotar a leitura


inicial do fluxômetro;
• Descer a rede até 0,5m-1,0 m do fundo. É importante evitar que a rede não
bata no fundo, o que ressuspenderia o sedimento e contaminaria a amostra;
• Subir lentamente a rede e, imediatamente após a saída da boca da rede da
água, anotar a leitura final do fluxômetro. A velocidade do arrasto deve ser
de 0,5m/s, aproximadamente;
• Retirar a rede da água. No caso da rede subir com muito material aderido à
malha, é recomendável submergí-la (deixando a boca da rede fora d’água) a
fim de que a água do local empurre, de fora para dentro, os organismos que
ficaram aderidos;
• Remover o copo da rede com o zooplâncton concentrado, vertendo a amos-
tra para o frasco de coleta;
• Limpar o copo da rede com a água da pisseta, vertendo o conteúdo do copo
para o frasco coletor quantas vezes forem necessárias para a completa re-
moção dos organismos, principalmente das malhas laterais;
• Adicionar formol neutralizado até uma concentração final de 10% (propor-
ção de 1 parte de formol para 9 partes de amostra) e completar o frasco co-
letor com água filtrada (no caso de zooplâncton de água doce) ou com água
do local (no caso de zooplâncton marinho);
• Sempre que possível, adicionar de 5mL a 10mL de solução do corante rosa
de bengala 0,1%;
• Fechar bem o frasco coletor e mantê-lo ao abrigo da luz.

(c) Cuidados a serem tomados na coleta de zooplâncton com redes:


• a coleta com rede deve ser realizada com o maior cuidado possível,
evitando-se sacudidas e golpes contra o casco da embarcação para
evitar fuga dos organismos;
• os arrastos com redes finas devem ser suficientemente breves para
não permitir o entupimento da malha (colmatagem);
• as redes devem ser inspecionadas entre uma coleta e outra, a fim
de verificar a existência de furos ou outro tipo de dano à malha, o
que exigiria correção imediata;
• é importante limpar a rede entre dois pontos de coleta com água do
local; esse procedimento ajuda na desobstrução dos poros do cone
filtrante (caso estejam um pouco entupidos) e evita a contaminação
pela presença de organismos de outro local.

amostragem de água bruta de sedimentos 179


iv - Fixação e preservação de amostras de zooplâncton
Existem vários produtos empregados na fixação e conservação do
zooplâncton, sendo o formol (5 a 10%) neutralizado e o etanol (70 a
95ºGL) os mais amplamente utilizados. Recomenda-se a adição da so-
lução de formol neutralizado com sacarose (item 3.5.2.) para prevenir
a distorção da carapaça e a perda de ovos em cladóceros de água doce
e a adição da solução corante rosa-de-bengala 0,1% (10mL, dentro de
24 horas após a coleta), tanto como forma de destacar organismos em
ambientes túrbidos, como para controlar a perda de organismos du-
rante a manipulação para o ensaio.

A fixação do zooplâncton deve ser realizada imediatamente após a coleta


(de 5 a 10 minutos), para evitar a deterioração e reduzir a predação ainda
no frasco. Contudo, alguns grupos zooplanctônicos contraem o corpo com
a aplicação do fixador, como alguns rotíferos, dificultando a identificação
posterior. Para reduzir esta contração, pode-se refrigerar rapidamente
a amostra viva, ou adicionar um pouco de água quente ou água gasosa
(100mL, aproximadamente) logo após a coleta da amostra. Esperar 5 a
10 minutos e preencher o frasco completamente com a solução fixado-
ra (para reduzir as perdas do zooplâncton que fica aderido às paredes do
frasco), sendo recomendada a proporção mínima de 2/3 desta solução.

Amostras de zooplâncton conservam-se por longos períodos, desde


que estejam armazenadas em locais abrigados de luz, com temperatu-
ras entre 5oC e 20ºC, e o nível da solução conservadora seja periodica-
mente verificado.

6.1.7.5 Macrófitas Aquáticas


O termo macrófitas aquáticas refere-se a plantas superiores de
tamanho macroscópico que habitam os ambientes aquáticos. Este grupo
apresenta uma grande heterogeneidade filogenética e taxonômica,
podendo incluir desde macroalgas, pteridófitas até angiospermas.
Alguns dos gêneros mais conhecidos são os aguapés (Eichhornia),
alface-d’água (Pistia), vitória-régia (Victoria) e taboa (Typha). Sua
presença é mais notada na região litorânea dos ambientes aquáticos,
incluindo ambientes de água doce, estuarinos e marinhos, sendo
possível classificá-las em cinco grupos distintos, conforme seu biótipo.
Elas podem ser plantas enraizadas, emersas, com folhas flutuantes
ou submersas. Outros grupos são as plantas livres submersas ou

180 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


flutuantes. A sua distribuição espacial no ambiente depende do grupo
a que pertencem. Plantas enraizadas com folhas emersas ou flutuantes
estão condicionadas à profundidade, já que seus pecíolos têm um limite
físico de comprimento, sobretudo no que diz respeito às trocas gasosas.
As plantas submersas enraizadas são limitadas pela transparência da água.
Já as plantas flutuantes e as submersas livres têm outras limitações como
nutrientes, vento e correnteza, por isso não são frequentes em ambiente
lóticos, mas sim em reservatórios, podendo inclusive se transformar em
um problema para o abastecimento, geração de energia e navegação.
A contribuição das macrófitas aquáticas na produtividade de um
ecossistema e na criação de habitats para o desenvolvimento de outras
espécies justifica a sua importância.

As metodologias de utilização de macrófitas aquáticas como


instrumento de monitoramento de ambientes aquáticos podem ser
divididas em duas linhas básicas: a primeira que utiliza as alterações
na composição das comunidades como indicadoras de um impacto
(estudos fitossociológicos) e a segunda que utiliza ensaios químicos
do material vegetal para determinar a eventual bioacumulação de
contaminantes (estudos de bioacumulação).

Macrófitas aquáticas são amplamente utilizadas como bioindicadoras


da qualidade da água de ambientes lênticos e lóticos. Entretanto torna-
-se necessário que haja o conhecimento prévio das suas característi-
cas, bem como das condições que limitam sua ocorrência e crescimen-
to; da proliferação e manejo da espécie utilizada.

i - Estudos fitossociológicos
Esses estudos pressupõem um levantamento detalhado da composi-
ção específica dos diferentes ecossistemas e levam em consideração
tanto as variações de habitats como as variações sazonais. Alguns arti-
gos apresentam a listagem de espécies encontradas em diferentes re-
giões do Brasil (Irgang; Gastal Júnior, 2003), mas muitas delas
são consideradas semicosmopolitas. Para a identificação até nível de
espécie, algumas vezes é necessário recorrer às partes reprodutivas,
apesar de existirem chaves mais direcionadas às partes vegetativas
(Cook,1996; Hoehne, 1979).

Existem algumas metodologias para levantamentos qualitativos e


quantitativos, sendo mais utilizados para ambientes aquáticos os

amostragem de água bruta de sedimentos 181


métodos de parcelas, por meio de amostragem aleatória, ou em
transectos. Em Pott e Pott (2003) são apresentados métodos
de levantamento em transectos com diagrama de distribuição de
espécies em relação à profundidade e distância da borda. Pode-se
ainda, a partir destes levantamentos, calcular a porcentagem de
cobertura ou de abundância/dominância das diferentes espécies.
Em APHA (2005), são apresentados métodos de mapeamento,
incluindo o sensoriamento remoto, métodos de levantamento
das populações de macrófitas aquáticas, metodologias de
coleta e abordagens quantitativas, bem como métodos para a
avaliação de produtividade. Para avaliações de biomassa deve-se
considerar que a biomassa de plantas enraizadas está em grande parte
enterrada.

Técnicas de levantamento utilizadas:

• Imagens de satélite (Landsat)


• Imagens de satélite de alta resolução (Ikonos)
• Fotografias aéreas georreferenciadas
• Levantamentos em campo (GPS e SIGs)
• Videografia digital
• Ecobatimetria tridimensional

Determinação da biomassa de macrófitas


A biomassa de macrófitas é o peso do material vegetal contido acima e
abaixo da lâmina d’água, inclusive do material presente no interior do
sedimento, expresso por unidade de área.

Por intermédio de um amostrador de área conhecida, um quadro ou


parcela introduzida no local selecionado do banco de macrófitas aquá-
ticas, coleta-se em sacos plásticos todo o material vegetal vivo e morto
contido em seu interior. Posteriormente, o material é seco e pesado
e o resultado final é expresso por unidade de área (maiores detalhes
encontram-se descritos em POMPÊO & MOSCHINI-CARLOS, 2003).

ii - Estudos de bioacumulação
Os estudos de bioconcentração por macrófitas objetivavam, inicialmente,
a redução da concentração de nutrientes no ambiente, por meio das plan-
tas. No entanto, um trabalho realizado por Seidel (1966) demonstrou
que Scirpus lacustri também era capaz de absorver grandes quantidades de

182 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


compostos orgânicos, como pentaclorofenol e Edward (1975) demons-
trou a sua utilidade em estudos com pesticidas (DDT) e PCBs.

Mauri et al. (1988) fizeram estudos de absorção de mercúrio com


Elodea densa e determinaram que a absorção podia ocorrer tanto pelas
raízes como pelas folhas das macrófitas aquáticas. Também estudaram
o processo de descontaminação, que consiste na eliminação dos
contaminantes para a água, podendo ainda ocorrer a translocação
desses contaminantes do tecido velho para o jovem, ou vice-versa.

Os estudos podem ser passivos (Tab. 6), quando se coleta o material


em determinado ambiente para ensaio posterior, ou ativos, quando
introduz-se material não contaminado no meio, para ser recolhido e
analisado posteriormente.

Tabela 6. Características principais dos estudos passivos e ativos e determina-


ção de biomassa de macrófitas aquáticas

TIPO DE COLETA DEFINIÇÃO VANTAGENS DESVANTAGENS

Bioacumulação Coleta de Utiliza-se Em estudos


Passiva macrófitas espécimes que sazonais, ou com
aquáticas ocorrem nos locais comparações
presentes no a serem estudados; temporais algumas
ambiente Leva em espécies podem
consideração “desaparecer” do
um possível ambiente;
desenvolvimento
de resistência
(genético) das
populações dos
diferentes locais.

Ativa (ou Consiste em Padronização Deve-se


Método de introduzir material da idade e realizar ensaios
Transplante) - não contaminado, material vegetal preliminares dos
Bioacumulação no meio, que será transplantado. contaminantes nas
ativa. posteriormente Podem ser amostras.
recolhido e realizadas As amostras
analisado. comparações em introduzidas
qualquer época devem ser
do ano, e para marcadas e fixadas
qualquer período para poderem ser
de exposição. recolhidas.

Coleta de Utiliza-se Método destrutivo


Determinação macrófitas espécimes que que elimina
da biomassa aquáticas ocorrem nos material de uma
presentes no locais a serem área determinada.
ambiente estudados.

amostragem de água bruta de sedimentos 183


6.1.7.6 Comunidade Bentônica de Água Doce
Em projetos que integrem ensaios químicos, físicos, biológicos e eco-
toxicológicos dos sedimentos, a coleta de amostras para ensaio da
comunidade bentônica deve anteceder as dos demais parâmetros,
minimizando-se assim o efeito da perturbação do sedimento pelo
equipamento de coleta, que pode provocar a fuga ou a “lavagem” dos
organismos.

A escolha do amostrador a ser empregado na coleta da fauna bentô-


nica depende do objetivo do trabalho, do tipo de ambiente a ser estu-
dado e do substrato encontrado no local de coleta. Os amostradores
podem ser classificados em:

• Pegador - captura, em área, uma porção do sedimento do ambiente


em amostragem;
• Corer - captura, em profundidade, uma porção do sedimento do
ambiente em amostragem;
• Rede e Delimitador - capturam, em área, mediante perturbação
manual do substrato; e
• Substrato artificial - captura, como armadilha de colonização, sem
destruir ou perturbar o ambiente em amostragem.

Amostragens qualitativas e semiquantitativas de bentos de água


doce podem ser obtidas com o uso de qualquer tipo de amos-
trador, mas no segundo caso, o esforço amostral, em geral me-
dido como tempo de coleta para redes ou número de unidades
amostrais para pegadores, corer, delimitadores e substratos ar-
tificiais, deverá ser padronizado. Amostragens deste tipo em ge-
ral se destinam a um levantamento faunístico completo, em que
todos os tipos de habitat do ponto de coleta devem ser investiga-
dos, mesmo que para isso seja necessária a utilização de mais de
um método e/ou equipamento. Comparações entre pontos de co-
leta diferentes só serão válidas quando habitats similares forem
considerados. Embora este tipo de coleta consuma menos tempo,
a experiência e habilidade do operador tornam-se fundamentais,
pois é necessário que se defina, em campo, todos os diferentes ti-
pos de habitat a serem amostrados.

No ensaio de bentos a pegada total é considerada, inclusive a água que


acompanha a amostra e o material orgânico e inorgânico grosseiro.

184 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Nem todo tipo de amostrador se presta para amostragens quantitativas,
já que é necessária a existência de uma área amostral definida, como
em pegadores, corers e delimitadores. Embora o número de réplicas
necessário para tais amostragens seja calculável a partir de dados
obtidos em estudos piloto, frequentemente estabelece-se como
três a quantidade mínima de unidades amostrais, considerando-
se o tempo de processamento das análises e a necessidade de
fornecimento rápido dos dados. Entretanto, a obtenção de cinco
réplicas aumentaria a precisão e a exatidão estatística do dado e,
portanto, seria ideal.

Ao se realizar amostragem de organismos bentônicos ou de


sedimento para ensaio físico-químico, é desaconselhável a coleta
sobre pontes; uma vez que o sedimento sob ponte não é o natural
do curso do rio.

Muitos pegadores, ao descer, formam ondas de choque na coluna


d´água que promovem uma lavagem na superfície a ser coletada e, con-
sequentemente, subestimam as populações bentônicas amostradas.
O controle da velocidade de descida minimiza esse problema, mas o
ideal é adotar aparelhos que apresentem mecanismos ou estruturas
que evitem essa perturbação do substrato.

O pegador Ekman-Birge solucionou satisfatoriamente esse problema


ao apresentar portinholas duplas em sua face superior, que se abrem na
sua descida e se fecham na subida. Sua eficiência na coleta de amostras da
zona profunda de lagos e reservatórios, onde predominam sedimentos
finos, tem sido demonstrada em uma série de trabalhos comparativos
e, de fato, esse é o equipamento mais empregado em estudos de bentos
destes locais. O corer múltiplo pode ser também uma boa opção,
principalmente na amostragem de populações de menor tamanho e
que se enterram profundamente, como de vermes Oligochaeta. Já o
corer simples, que possui área amostral restrita, requererá um maior
número de réplicas para estimativas populacionais confiáveis. Em
ambos os casos, a amostragem de organismos de maior porte, como os
grandes bivalves sul-americanos, é comprometida pela pequena área
de captura deste tipo de equipamento. A Ekman modificada por Lenz e
os equipamentos do tipo corer permitem fracionamento da amostra de
sedimento e, consequentemente, estudos da distribuição vertical das
populações bentônicas.

amostragem de água bruta de sedimentos 185


Na zona marginal de lagos e reservatórios e em rios, onde o substrato
tende a ser mais grosso e duro, o pegador do tipo Ponar é o que tem
sido considerado o melhor equipamento para amostragens quantita-
tivas de bentos, sendo, por essa razão, o mais frequentemente usado.
Sua versão maior (523cm2) tem sido recomendada para ambientes pre-
servados, enquanto que, para ambientes poluídos, tem se considerado
suficiente a área de pegada da versão menor (232cm2). Os pegadores
Petersen e van Veen, assim como o modelo modificado que funde es-
ses dois aparelhos, também têm sido utilizados, embora não apresen-
tem soluções eficientes ao problema da formação de ondas de choque.

Em riachos rasos (profundidade inferior a 30cm) a rede “D” para cole-


ta com o método “kick sampling” e os delimitadores, que apresentam
áreas de amostragem definida, são ideais para a coleta de organismos
bentônicos. No caso do “kick sampling”, onde o coletor perturba o fun-
do com os pés, deslocando os organismos para dentro da rede, é fun-
damental padronizar e anotar o tempo de amostragem. A abertura de
malha da rede pode variar (de 0,35 a 0,6mm) e, embora as malhas mais
finas retenham populações de menor tamanho e indivíduos em está-
gios iniciais de desenvolvimento, essas promovem maior perda de ma-
terial por refluxo. Na amostragem com equipamentos do tipo Surber
ou Hess, em que o substrato é perturbado com as mãos, é recomen-
dado o uso de luvas grossas para proteção contra objetos cortantes.
Nas coletas com redes e delimitadores, organismos de maior porte, vi-
sualizados no momento da coleta, podem ser retirados manualmente
da área de coleta e colocados em frasco, sem serem jogados na rede.
Com este cuidado preserva-se sua integridade estrutural, facilitando
sua identificação.

A amostragem com substrato artificial tem como maiores vantagens


não ser destrutiva e padronizar o substrato de coleta. Porém, é preciso
que se tenha em mente que as comunidades que colonizam os substra-
tos frequentemente diferem daquela encontrada no substrato natural.
Na instalação desses equipamentos é preciso se preocupar em mini-
mizar perdas por vandalismo e inundações e a recuperação deve ser
realizada ao mesmo tempo, de forma a que todos tenham sido teorica-
mente submetidos ao mesmo processo de colonização.

Assim como o método, o local de amostragem variará também com o


objetivo do trabalho. Por exemplo, em estudos que se destinem à ava-

186 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


liação da qualidade de sedimento, a coleta da fauna bentônica deve-
rá ser realizada na zona de deposição de sedimentos finos, ou seja, na
margem deposicional ou remansos em rios e na região profunda em
reservatórios e lagos. Neste caso, é adequado o uso de pegadores ou
corer. Por outro lado, amostragens do bentos da zona sublitoral ser-
vem aos estudos de gradientes ambientais dentro de um reservatório.
Já a aplicação de índices bióticos em riachos pede uma amostragem
exaustiva, ou seja, de todos os tipos de habitat existente no ponto de
coleta, devendo, dependendo do índice a ser aplicado, ser qualitativa
ou semiquantitativa.

Alguns dados físicos e químicos devem acompanhar a amostragem de


bentos para facilitar a discussão posterior dos resultados. A listagem
completa de variáveis dependerá do local e do objetivo do projeto, mas
pode-se considerar como medidas mínimas a serem tomadas: profun-
didade, área do amostrador ou tempo de colonização, granulometria,
teor de matéria orgânica e de umidade no sedimento, transparência
da água, velocidade da corrente, tipo de ambiente coletado (canal ou
margem/corredeira ou remanso para rios e riachos; litoral, sublitoral
ou profunda para reservatórios e lagos) e oxigênio de fundo.

Cuidados na coleta
Alguns cuidados para prevenir erros de amostragem ou contaminação
da amostra por organismos que não pertençam ao local devem ser to-
mados na coleta. Essas ações dependerão do tipo de amostrador usado
e estão apontadas a seguir.

amostragem de água bruta de sedimentos 187


Pegadores e Testemunhadores:

• Desconsiderar amostras quando o pegador ou corer não tiver fechado


corretamente;
• Amostras ideais devem ter volume correspondente a cerca de 2/3 da capa-
cidade total do amostrador;
• Lavar o amostrador entre dois pontos de coleta;
• Cada amostra corresponderá ao volume de uma pegada.

Substrato artificial (cesto com pedras)

• Retirar rapidamente o cesto;


• Inserir o cesto em sacos plásticos etiquetados ou rede antes de passar pelo
filme de tensão superficial, de forma a evitar a lavagem dos organismos;
• Cada amostra corresponderá ao conteúdo de um cesto.

Redes e Delimitadores

• Amostrar todo tipo de habitat (p.ex.: canal, margens, vegetação, remansos)


existente no ponto de coleta;
• Não perturbar o ambiente a montante do amostrador, ou seja, processar a
amostragem de jusante para montante;
• Evitar o escape de material pelas laterais da rede e pela face inferior dos
delimitadores;
• Concentrar no fundo da rede o conteúdo aprisionado lavando-a com água
de torneira e despejar o concentrado em frasco de coleta etiquetado;
• Cada amostra corresponderá ao conteúdo de um esforço amostral (tempo
para a rede e unidade de área para os delimitadores).

Quando a coleta for realizada em local muito distante, envolvendo um


período de amostragem prolongado, é adequado que as lavagens de
amostras coletadas com pegador ou corer sejam efetuadas em campo
para facilitar o transporte. Para tanto é necessário levar para campo
a rede ou peneira de lavagem, cuja malhagem será definida de acordo
com o objetivo do estudo. A lavagem deverá ser feita sob água corrente
e o material retido armazenado em potes plásticos devidamente
etiquetados e fixados em formol em concentração final na amostra de
10% ou álcool 70º GL.

188 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


6.1.7.7 Comunidade Bentônica Marinha
Esta comunidade abrange organismos sésseis, cavadores ou que se lo-
comovem ou se arrastam sobre o substrato. Seus representantes ocu-
pam toda a área desde o nível da maré alta até profundidades abissais,
compreendendo diversos tipos:

• formas sésseis: animais tais como esponjas, cracas, mexilhões, poli-


quetas, algas macroscópicas e muitas diatomáceas;
• formas que se locomovem ou arrastam: caranguejos, lagostas,
copépodes, anfípodes, outros crustáceos, protozoários, bivalvos,
gastrópodos e alguns peixes;
• formas cavadoras: maioria dos bivalvos e poliquetos, alguns crustá-
ceos e equinodermos.

De acordo com o tamanho, os organismos do bentos são geralmente


classificados em:

• Macrofauna ou macrobentos: compreende os organismos retidos


pela peneira com malha de 0,5mm (equivalente à ABNT n.º 35). En-
quadram-se nesta categoria a maioria dos organismos cavadores ou
perfuradores de sedimentos não compactados, e os organismos que
se locomovem sobre sedimentos duros, incluindo os mais ativos;
• Meiofauna ou meiobentos: inclui a maioria dos menores metazoá-
rios, que passam através da malha de 0,5mm (ABNT n.º 35), e se
subdivide em:
– Meiofauna temporária: composta pelos representantes jovens
pertencentes a qualquer grupo da macrofauna que possuem
estágios juvenis bentônicos; podem ser muito abundantes em
certos locais de amostragem;
– Meiofauna permanente: composta por animais adultos de pe-
quenas dimensões, tais como: rotíferos, gastrotríqueos, tardí-
grados, ostrácodos, nemátodos, alguns poliquetas, gastrópo-
dos, holoturóides, tunicados etc.;
• Microfauna: organismos que necessitam de técnicas microscópicas
especiais para serem examinados. Incluem protozoários e outros
seres de dimensão semelhante.
Sob certos aspectos, o estudo da fauna bêntica que habita a região en-
tre as marés é mais fácil (por ser mais acessível) do que nas áreas loca-
lizadas abaixo delas, mas como o hábitat está sujeito tanto a condições
aquáticas como aéreas, os fatores que influenciam sua distribuição são

amostragem de água bruta de sedimentos 189


mais complexos. Deve-se assinalar que uma determinada comunidade
bentônica vive em um determinado tipo de substrato, o qual, por sua
vez, representa um certo conjunto de condições físico-químicas do lo-
cal de coleta.

Outros aspectos gerais influenciam a distribuição da comunidade


bentônica:

• Profundidade: A densidade e a diversidade dos organismos tende a


decrescer com o aumento da profundidade das estações de amos-
tragem; quanto maior a profundidade, mais superficialmente serão
encontrados os organismos cavadores;
• Latitude: A densidade e a variedade de organismos aumentam da
região polar em direção ao equador;
• Sedimento: O número e a diversidade de organismos diminuem
com o substrato mais grosso e aumentam com o mais fino; em ge-
ral, locais de sedimentos mais finos não estão tão sujeitos às ações
de ondas ou correntes e estão localizados perto de estuários ou
desembocadura de rios, onde há maior taxa de precipitação de
partículas orgânicas e certa oscilação na salinidade. Em sedimen-
tos arenosos há grande quantidade de organismos cavadores, e em
fundos mais finos e moles a fauna cavadora é menos abundante.

i - Costão rochoso
Costões rochosos compreendem formações de rochas cristalinas
basálticas ou graníticas, presentes entre a terra e o mar, podendo
apresentar diferentes configurações como falésias (substratos ín-
gremes e elevados), costões amplos com superfície homogênea ou
recortada, ou campos de matacões de diferentes formas, tamanhos
e grau de agregação.

A superfície rochosa favorece a colonização e o desenvolvimento de


uma comunidade biológica muito rica, a qual se encontra adaptada tan-
to a se aderir / fixar nesse tipo de substrato, como a suportar as adver-
sidades ambientais ocorrentes principalmente nos limites da zona da
oscilação das marés (zona entre-marés).

Na zona entre-marés as algas e animais estão sujeitos a níveis variáveis


de dessecação, temperatura, salinidade, hidrodinamismo etc, e cada
espécie encontra-se adaptada a exigências ambientais específicas.

190 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Dessa forma a comunidade biológica desses ambientes apresenta uma
estrutura espacial em estratos (zonação) ao longo do gradiente vertical
do substrato. As flutuações abióticas e bióticas alteram marcadamente
a composição da comunidade em diferentes locais e ao longo das esta-
ções do ano (variações espaço/temporais).

Tendo em vista essas particularidades, para o estudo dessas


comunidades é fundamental estabelecer um protocolo de coleta e
amostragem que atenda os objetivos do pesquisador, cujas principais
abordagens estão contempladas a seguir. Ressalta-se que para esse
tipo de coleta, as mesmas devem ser realizadas durante baixamares
de sizígia, com consulta prévia à Tábua das Marés editada pela DHN
(Diretoria de Hidrografia e Navegação).

a) Coleta para determinação da porcentagem de cobertura por es-


pécies sésseis dominantes (amostragem quantitativa)

Contagem “in loco”:

• Selecionar uma área no costão, cuja largura deve estar relacionada ao grau
de homogeneidade da superfície. Superfícies mais heterogêneas devem ter
largura maior (a ordem de grandeza das áreas de amostragem é de algumas
dezenas de metros);
• Em caso de locais formados por matacões, estabelecer subáreas similares
quanto à inclinação, orientação geográfica e hidrodinamismo;
• Demarcar a largura da área de amostragem por meio de dois pinos de aço
cravados à rocha, acima da zona ocupada pela comunidade biológica. Os pi-
nos além de marcar a área, servem como encaixe para parafusos utilizados
na amarração das cordas e como sustentação ao pesquisador (EPI);
• Unir os dois pinos por meio de uma corda graduada a intervalos regulares
de 22cm,o qual está associado à largura do delimitador de campo utilizado
que apresenta 22cm x 18cm de área;
• Sortear, previamente em laboratório, as marcas da corda que irão orien-
tar a colocação do delimitador sobre a área de ocupação da espécie a ser
amostrada;
• Em campo, posicionar o delimitador (ver Capítulo 5) na direção da marcação
sorteada, sobre a população a ser amostrada, em sua área mais densa de
ocupação, e contar as interseções sob as quais os indivíduos dessa popula-
ção ocorrem;
• Anotar o resultado em uma ficha de campo contendo local, data, horário do
registro, espécie, denominação do ponto de amostragem e do número da
réplica.

amostragem de água bruta de sedimentos 191


Coleta pelo método fotográfico:

• Consiste na utilização de uma câmera fotográfica subaquática, com


lente“close-up” que enquadra a fotografia por meio de um suporte com um
delimitador e “flashes” estroboscópicos. Para realizar a coleta pelo método
fotográfico, deve-se:
• Selecionar uma área no costão, cuja largura deve estar relacionada ao grau
de homogeneidade da superfície. Superfícies mais heterogêneas devem ter
largura maior;
• Em caso de locais formados por matacões, estabelecer subáreas similares
quanto à inclinação, orientação geográfica e hidrodinamismo;
• Demarcar a largura da área de amostragem por meio de dois pinos de aço
cravados à rocha, acima da zona ocupada pela comunidade biológica;
• Unir os dois pinos por meio de uma corda graduada. A graduação da corda
apresenta intervalos regulares, os quais são da mesma largura da área pa-
dronizada pelo delimitador da máquina. Sortear, em laboratório, as marcas
da corda que irão orientar a colocação do delimitador sobre a população da
espécie a ser amostrada;
• Em campo, posicionar o delimitador da câmera fotográfica na direção da
marcação sorteada, sobre a população a ser amostrada, e tirar a fotografia.
Devido à presença dos flashes, as fotos podem ser tiradas durante a noite
desde que observados os EPIs adequados;
• Em laboratório, as fotos são analisadas no computador, por meio de editores
de fotos, sendo subdividida em 100 pontos de interseção homogeneamente
distribuídos. Este procedimento pode ser feito também com o auxílio de um
projetor de “slides” ou projetor multimídia, sendo as fotos projetadas contra
uma cartolina branca subdividida da mesma forma;
• São contados os pontos de interseção sob os quais indivíduos da população
estão presentes.

192 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


b) Coleta para determinação da estrutura espacial (zonação)

Contagem “in loco”:

• Estabelecer um transecto vertical no costão, com 50cm de largura.


A delimitação do transecto é feita com a utilização de dois pinos de aço
cravados à rocha acima da comunidade biológica, distanciados em 50cm. Dois
pinos também podem ser cravados na rocha no limite inferior da zona entre-
marés, para que assim a área de amostragem esteja perfeitamente fixada;
• Deve-se unir os pinos com uma corda que desce em ambos os lados do tran-
secto até a base da rocha ou linha d’água, formando um trilho que vai orien-
tar a colocação do delimitador (ver Cap. 5) de forma correta ao longo do
transecto;
• A corda é previamente marcada com lápis dermatográfico ou tinta indelével
a intervalos de 10cm, para auxiliar o posicionamento do delimitador nos
diferentes níveis do costão;
• Posiciona-se o delimitador próximo à linha d’água ou base da rocha,
conforme o caso, e conta-se o total de quadrículas no interior das quais
determinada espécie encontra-se presente;
• Organismos (animais e vegetais) com identificação duvidosa devem ser
coletados para confirmação taxonômica em laboratório ou para envio a
especialistas;
• Os organismos devem ser coletados vivos e acondicionados em frascos
com tamanho proporcional ao tamanho dos indivíduos e com tampa de boa
qualidade. Os vidros devem ser etiquetados, com identificação do local e
data de coleta, nível do transecto, quando for o caso. É importante que além
das etiquetas externas, sejam feitas etiquetas internas, em papel vegetal,
escritas a lápis, pois as externas podem borrar ou ser perdidas;
• Repete-se o procedimento paulatinamente, nível a nível no costão,
obedecendo-se as marcações da corda, até o limite superior de distribuição
da comunidade;
• Sugere-se a realização de, pelo menos, 10 réplicas para as amostragens
quantitativas e três transectos para a amostragem estratificada.

amostragem de água bruta de sedimentos 193


Coleta pelo método fotográfico:

• Estabelecer um transecto vertical no costão. A delimitação do transecto é feita


com a utilização de dois pinos de aço cravados à rocha, um acima dos limites da
comunidade biológica, e outro próximo à linha d’água ou base da rocha;
• Os pinos são unidos por uma corda com marcações feitas a intervalos de
18cm, constituindo um transecto perpendicular à linha d’água;
• São tiradas fotografias digitais contíguas, desde o nível superior até o nível
próximo à base da rocha ou linha d’água;
• Em laboratório, as fotos são analisadas no computador, por meio de edito-
res de fotos, sendo subdividida em 100 pontos de interseção homogenea-
mente distribuídos. Este procedimento pode ser feito também com o auxílio
de um projetor de “slides” ou projetor multimídia, sendo as fotos projetadas
contra uma cartolina branca subdividida da mesma forma;
• São contados os pontos de interseção sob os quais indivíduos das diferentes
populações estão presentes;
• Sugere-se a realização de, pelo menos, 10 réplicas para as amostragens
quantitativas e três transectos para a amostragem estratificada.

c) Coleta para amostragem qualitativa

• Estabelecer uma área padrão de amostragem, representativa do costão de es-


tudo, a qual comporte a estrutura fisiográfica dominante da área de interesse;
• Deve-se padronizar, tanto quanto possível, o tamanho da área amostral, o
tempo de coleta (esforço amostral) e o nível de detalhamento em coletas
sucessivas e entre pontos de coleta;
• As observações devem ser feitas minuciosamente, sendo as ocorrências dos
organismos registradas em ficha de campo. As identificações devem ser rea-
lizadas de acordo com o conhecimento do técnico coletor;
• Organismos (animais e vegetais) com identificação duvidosa devem ser co-
letados para confirmação taxonômica em laboratório ou para envio a espe-
cialistas.
• Os organismos devem ser coletados vivos e acondicionados em vidros com
tamanho proporcional ao tamanho dos indivíduos e com tampa de boa qua-
lidade. Os vidros devem ser etiquetados, com identificação do local e data
de coleta, nível do transecto, quando for o caso. É importante que além das
etiquetas externas, sejam feitas etiquetas internas, em papel vegetal, escri-
tas a lápis, pois as externas podem borrar ou ser perdidas.
• Os invertebrados e as algas devem ser fixados com formol neutralizado, di-
luído a 10%. Animais pequenos podem ser alternativamente preservados
com álcool 70ºGL.
• Estocar as amostras em local escuro até o ensaio.

194 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


ii - Praias
As praias são ambientes costeiros compostos basicamente de material
inconsolidado mineral, mais frequentemente areias, podendo conter
também lodo (silte, argila), cascalhos, pedras roladas, seixos, calhaus,
conchas de moluscos, restos de corais, algas calcárias etc.

Estes ambientes se estendem, perpendicularmente à linha da cos-


ta, desde o nível de baixa-mar até a zona de vegetação permanente,
restingas, dunas e falésias, sendo divididos em porções denominadas
ante-praia e pós-praia. A ante-praia representa a zona entre-marés
propriamente dita, a qual recebe os efeitos das ondas, enquanto que a
pós-praia só é atingida pelos borrifos das ondas, ou ocasionalmente em
marés vivas excepcionais.

As praias são ambientes costeiros extremamente importantes


ecologicamente, seja pela sua própria riqueza biológica, seja
pelo importante papel que desempenham em relação aos outros
ecossistemas costeiros. A riqueza e composição biológica são
extremamente variáveis, dependendo do tipo e localização da praia.
A riqueza em espécies de uma praia pode chegar a várias dezenas
de espécies, principalmente pertencentes aos grupos dos moluscos,
anelídeos - poliquetos e crustáceos. Vários outros grupos estão
presentes, mas em menor abundância e variedade de espécies.

Da mesma forma que em costões rochosos, as praias são ambientes


bastante complexos, com grande variedade de fauna, ocupando os di-
ferentes microhabitats disponíveis. A caracterização das comunidades
de praias baseia-se em sua composição de espécies, riqueza, densidade
das populações, distribuição espacial das comunidades (zonação hori-
zontal e vertical), variações temporais (sazonais, anuais, bianuais etc.),
entre muitos outros fatores.

Comumente, para avaliação dessa variável, utilizam-se amostradores ou


delimitadores (cilíndricos ou em forma de caixa) com tamanhos variáveis,
aplicados em transectos contínuos ou não, perpendiculares à linha d’água,
também com largura e número de réplicas definidas pelo pesquisador.

Para a coleta, os delimitadores são introduzidos no sedimento até


a profundidade de objetivo do estudo (10cm ou mais) sendo o material
coletado com o próprio delimitador ou com o auxílio de uma pequena pá.

amostragem de água bruta de sedimentos 195


As amostras devem ser lavadas preferencialmente com água do pró-
prio local, logo após a amostragem, para evitar choque osmótico.

Considerando que durante a preservação muitos organismos se con-


traem, dificultando a observação de estruturas importantes para a sua
identificação, alguns taxonomistas solicitam que os organismos se-
jam “anestesiados” antes da fixação com formol ou com álcool. Deste
modo, é importante que se contate os especialistas que colaborarão
com os trabalhos de identificação, que indicarão, se ou qual, anestésico
deverá ser utilizado.

Procedimentos detalhados a respeito dessas metodologias podem ser


encontrados em Amaral et al. (1994a; 1994b; 1988; 1995a; 1995b;
1991;1990), Belúcio et al. (1989; 1995), Leite et al (1988; 1992), Lo-
pes (1993); Lopes et al (1989); Monteiro (1980), Morgado et al (1994),
Pardo et al (1993; 1994), Reis et al. (1994), Rodrigues et al (1986), Ro-
drigues et al (1988), Salvador et al (1995), Shimizu (1990; 1992; 1994).

No que diz respeito às praias, as principais variáveis ambientais deter-


minantes da estrutura das comunidades biológicas são o declive e a
topografia (perfil), as características granulométricas do sedimento e
o hidrodinamismo. A metodologia de amostragem de declive e perfil de
praias encontra-se na Tabela 7, a seguir.

Tabela 7. Metodologia de amostragem de declive e perfil de praias.

Equipamento Declivímetro, metros dobráveis.

Forma de amostragem
Ao longo do transecto, perpendicular à linha d’água,
em medidas lineares contíguas.

Área de amostragem Limitada pelas franjas do infralitoral e supralitoral.

Depende do objetivo do trabalho. Coletas nos can-


Réplicas
tos das praias possibilitam uma melhor caracteriza-
ção. Se for viável apenas uma réplica em cada ponto,
devem-se padronizar as coletas no meio das praias.

196 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


iii - Infralitoral

Bentos marinho infralitoral é composto pelos organismos que habitam


os sedimentos permanentemente submersos. Segundo sua posição no
substrato, os organismos bentônicos podem ser classificados como:

• epifauna - vivem sobre o substrato;


• infauna - vivem no interior de tubos e galerias no sedimento e
• fauna intersticial - vivem nos interstícios dos grãos.

a) Coleta para amostragem no infralitoral

• Coleta quantitativa
Em regiões estuarinas ou costeiras, de um modo geral, as coletas são
realizadas com o auxílio de um pegador de fundo, do tipo Petersen
modificado, que amostra uma área correspondente a 1/17m2. Em casos
onde a profundidade é grande, é preferível lançar mão de pegadores
mais pesados, para favorecer a coleta do sedimento. Em ambiente
marinho o pegador mais utilizado é o tipo van Veen, com capacidade
de 1/10m2.

Procedimento de coleta:
Após “agarrar” o fundo, o pegador é puxado à bordo (com auxílio de
guincho elétrico ou manual, preferencialmente com o auxílio de um
“pau de carga”) e aberto no interior de uma cuba de polietileno de ta-
manho adequado. Se o volume de sedimento amostrado não for repre-
sentativo em relação ao volume interno do pegador, deve-se desprezar
a amostra e repetir o procedimento. Para isso, deve-se orientar a em-
barcação para outra posição no local. Para uma boa caracterização da
comunidade biológica, deve-se trabalhar com replicações, cujo número
(n) deve ser estabelecido por ocasião de amostragens preliminares.

É importante que se considere cada local de amostragem não como um


ponto mas como uma área, e que as réplicas sejam obtidas nessa área
e não exatamente no mesmo local, para que a variabilidade natural seja
explorada. Esse aspecto é de fundamental importância para minimizar
conclusões equivocadas sobre o ambiente. Recomenda-se, portanto,
que se alterne as coletas nas bordas da embarcação e que se derive um
pouco entre as coletas das amostras.

amostragem de água bruta de sedimentos 197


As amostras devem ser transferidas para o interior de sacos plásticos
reforçados ou lavadas em campo, onde são empregadas peneiras de
malha 0,5mm (no caso de triagem de macrobentos) e água do local.

Muitos organismos se contraem durante a preservação dificultando


a observação de estruturas importantes para a sua identificação, sen-
do recomendado por alguns taxonomistas que os organismos sejam
“anestesiados” antes da fixação com formol ou com álcool. É importan-
te que esses especialistas, que colaborarão com os trabalhos de iden-
tificação, sejam contatados para indicar se ou qual o anestésico deverá
ser utilizado.

Os sacos plásticos de amostra e os frascos de material preservado de-


vem ser etiquetados por dentro (com etiqueta vegetal) e por fora (com
etiqueta a caneta, ou lapis dermatográfico), contendo informações tais
como o número da amostra, o número do ponto de coleta e da réplica,
nome do projeto, data de coleta.

• Coleta qualitativa
Pegadores amostram uma área definida, podendo-se então a partir
daí calcular a densidade populacional da comunidade bentônica em
estudo sendo, portanto, uma amostragem quantitativa. Dependendo
do objetivo do estudo, uma amostragem qualitativa apenas, oferece
informações suficientes. Nesse caso o que se obtém é uma estimativa
da riqueza em espécies da comunidade em questão, sem, no entanto,
saber o número de indivíduos presentes de cada espécie.

Nesse tipo de coleta, utiliza-se uma draga que opera por arrasto hori-
zontal. Como uma grande área é amostrada, esse tipo de coleta permi-
te avaliar de modo eficiente a riqueza em espécies da comunidade de
determinado sítio, principalmente se o tempo de arrasto for elevado.
Após coletado o sedimento, o mesmo deve ser lavado e estocado con-
forme descrito no item acima.

6.1.7.8 Comunidade Nectônica


O nécton é constituído pelos organismos capazes de nadar ativamen-
te contra as correntes. Fazem parte deste grupo a grande maioria dos
peixes, mamíferos aquáticos (baleia, peixe-boi, por exemplo), crustáce-
os (como o camarão), e moluscos cefalópodes (como as lulas).

198 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


O maior grupo dentre os organismos nectônicos é constituído pelos
peixes, e são eles que normalmente são estudados com mais intensida-
de no ambiente aquático. Esses organismos distribuem-se em cerca de
20 mil espécies, das quais mais de 8 mil são comerciáveis e comestíveis,
sendo cerca de 41% em água doce e 58% nos oceanos.

Os peixes são vertebrados aquáticos, pecilotérmicos cujos corpos podem


apresentar diferentes formas e tamanhos, podendo ainda ser ou não reco-
bertos por escamas. Movimentam-se por meio de nadadeiras e, geralmen-
te, possuem brânquias para absorver o oxigênio dissolvido na água.

A coleta de nécton exercida unicamente com fins de pesquisas por ins-


tituições ou pessoas devidamente habilitadas é denominada “pesca
científica”. Antes de realizar um procedimento de amostragem de néc-
ton é fundamental consultar a legislação de aquicultura e pesca vigente
no Brasil.

De acordo com o Código de Pesca (Decreto-Lei nº 221, de 28 de fevereiro


de 1967 - Código de Pesca - Dispõe sobre a Proteção e Estímulos à Pesca e dá
outras providências), é necessária autorização pelos órgãos competentes
para expedição científica cujo programa se estenda à pesca, que
dependerá de prévia anuência. O Instituto Chico Mendes (ICMBio)
mantém em sua página na Internet uma seção destinada a serviços
on-line, onde é possível o acesso ao Sisbio (Sistema de Autorização e
Informação em Biodiversidade), inclusive para obter “Autorizações e
Licenças para Fins Científicos e Didáticos”. O Sisbio é um serviço de
atendimento à distância que permitirá aos pesquisadores, por meio
do preenchimento e envio de formulários eletrônicos pela Internet,
solicitar autorizações, licenças e incluir coleções científicas, didáticas e
particulares no Cadastro Nacional de Coleções Científicas.

Diversos Estados possuem legislações específicas de pesca que devem


ser consultadas. No caso do Estado de São Paulo, o Código de Pesca
Estadual (Lei Estadual (São Paulo) nº 11.165, de 27 de junho de 2002 -
Código de Aquicultura e Pesca do Estado de São Paulo) estabelece que nas
investigações relacionadas à pesca, com coleta de seres vivos, as ins-
tituições e pessoas devidamente habilitadas deverão ser autorizadas
pelo órgão estadual competente, que decidirá sobre a manutenção da
execução dos projetos e avaliará os relatórios que lhe serão obrigato-
riamente encaminhados.

amostragem de água bruta de sedimentos 199


Os tipos de estudo com a comunidade nectônica mais frequentemente
realizados são:

• Ensaio da contaminação dos organismos (peixes, crustáceos, mo-


luscos etc).
• Ensaio para determinação de metais, micronúcleo e cometa em
sangue de peixe
• Ensaio de episódios de mortandades de peixes e/ou outros organis-
mos nectônicos.
• Ensaio da estrutura da comunidade de peixes.

i - Contaminação dos organismos


Os organismos para ensaio de contaminantes podem ser coletados
de qualquer uma das formas descritas no item “ensaio da estrutura da
comunidade de peixes”, podendo, inclusive, ser adquiridos de pesca-
dores locais, desde que estejam em boas condições (não podem estar
em decomposição). Caranguejos e siris também podem ser adquiridos
de coletores locais. Quando o material for adquirido dos pescadores,
deve-se ter a certeza do local onde foram coletados.

Devido aos baixos limites de detecção de várias substâncias, os


procedimentos laboratoriais e de campo para ensaio de contaminantes
em organismos aquáticos são especialmente importantes, pois uma
contaminação das amostras pode ocorrer durante qualquer estágio da
coleta, manuseio, armazenamento ou ensaio.

200 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Procedimentos de coleta:

• Lavar os organismos coletados na água do ambiente logo após a coleta para


remover qualquer material estranho da superfície externa;
• Os peixes e ou outros organismos aquáticos nectônicos devem ser envia-
dos ou trazidos para o laboratório, em gelo, dentro de um prazo de 24 horas
após a coleta. O material coletado deve ficar coberto por uma camada de
gelo durante o transporte;
• Reduzir ao máximo a manipulação das amostras em campo e evitar contato com
fontes de contaminação (fumaça do motor do barco, graxas, poeira) e o gelo;
• Evitar a contaminação pelo gelo usado para refrigerar as amostras. Os mo-
luscos com concha, os crustáceos e os peixes inteiros devem ser embrulha-
dos individualmente em papel alumínio ou pelo menos por espécie e coloca-
dos em sacos plásticos limpos que evitem a entrada da água e devidamente
etiquetados com a data, ponto de coleta e espécie;
• As amostras devem ser colocadas no gelo o mais rapidamente possível após
a coleta. Se o tempo de trânsito das amostras até o laboratório for maior que
24 horas, é preferível o uso de gelo seco;
• Amostras para ensaio microbiológico devem chegar no laboratório em um
prazo máximo de 24 h e NÃO devem ser congeladas, apenas refrigeradas;
• Caso o objetivo do trabalho seja o ensaio de contaminantes orgânicos e/ou
inorgânicos, os organismos, após o devido acondicionamento, poderão ser
congelados diretamente no freezer;
• O estudo de metais em sangue de peixes tem o seu procedimento descrito a
seguir.

ii - Determinação de metais, micronúcleo e cometa em sangue


Para complementar os estudos de monitoramento ambiental, o biomo-
nitoramento tem sido amplamente usado para avaliar a exposição de
um sistema biológico a substâncias xenobióticas.

O uso de biomarcadores, como os de exposição e efeito, pode fornecer


informações relevantes, como a real exposição dos organismos a
contaminantes presentes no meio, o que pode levar a ações imediatas
de prevenção e controle. A determinação de metais em sangue pode
ser utilizada para refletir a exposição recente dos organismos a essas
substâncias químicas. Pode-se avaliar também a atividade genotóxica
de xenobióticos pelo aumento na frequência de micronúcleos nas
células sanguíneas de peixes expostos ou pela avaliação de quebras na
molécula de DNA nestas mesmas células no ensaio cometa.

amostragem de água bruta de sedimentos 201


Procedimentos de coleta:

• Realizar punção caudal, ou outra técnica adequada à espécie em estudo,


com seringas previamente heparinizadas ou com EDTA;
• Para os testes de cometa e micronúcleo, o sangue deve ser coletado no indi-
víduo vivo;
• Transferir as amostras de sangue para microtubos contendo aproximada-
mente 50 µL de heparina ou EDTA, a fim de evitar sua coagulação;
• Homogeneizar os microtubos imediatamente por inversão, de oito a dez vezes;
• Manter os microtubos sob refrigeração e ao abrigo de luz para posterior
processamento laboratorial.

iii - Mortandades de peixes e/ou outros organismos nectônicos


Para que se consiga determinar a(s) causa(s) de uma mortandade de
peixes, a preocupação principal é que o atendimento seja feito o mais
rápido possível.

As coletas das amostras de água (e sedimento, caso seja necessário),


devem ser definidas conforme as suspeitas de possíveis causas e pre-
servadas conforme as metodologias descritas neste guia.

A escolha das variáveis físicas e químicas a serem determinadas depen-


de de vários fatores, tais como: características de ocupação do solo na
região, presença de despejos de indústrias ou de esgotos domésticos
etc. Os ensaios biológicos incluem fitoplâncton (em casos de florações
de algas), coliformes (em casos de contaminação pelo lançamento de
esgotos) e teste de toxicidade.

É essencial que seja coletada uma amostra de água à montante e no


próprio local onde está ocorrendo a mortandade e, caso se julgue
necessário, uma amostra à jusante.

202 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Procedimentos de coleta:

• Coletar água e sedimento para os ensaios considerados necessários, con-


forme orientações descritas neste guia;
• Coletar, pelo menos, 5 peixes moribundos ou que acabaram de morrer, de
cada espécie;
• Envolver os peixes em papel alumínio colocá-los num saco plástico, guardar
numa caixa térmica com gelo e encaminhá-los ao laboratório para ensaio;
• NÃO coletar peixes mortos há algum tempo e que já estão em decomposição;
• Observar o comportamento dos peixes que estão morrendo (se vêm à
superfície abocanhar o ar, se apresentam movimento descoordenado, etc.);
• Observar alteração no aspecto externo dos peixes, como: presença de
fungos, manchas, coloração das brânquias, etc.;
• Todos os dados observados em campo devem ser sistematicamente anota-
dos em ficha específica e, sempre que possível, os peixes e o local de coleta
devem ser fotografados.

iv - Estrutura da Comunidade de Peixes


Em estudos quantitativos, os equipamentos de captura devem
ser colocados por um tempo padronizado (normalmente 4 horas),
como as redes de espera. Estudos qualitativos não envolvem coleta
padronizada, mas sim a utilização de vários tipos de equipamentos,
uma vez que todas são seletivas.

A escolha de aparelhos de coleta (redes de espera de diversas malha-


gens, cercos, etc.), depende das características físicas do meio aquáti-
co, como presença ou não de rochas, pedras, águas paradas, vegetação
aquática, entre outras.

Deve-se coletar nos locais mais adequados para obtenção da maior


diversidade possível de espécies. Estes locais devem ser escolhidos
levando-se em consideração principalmente as informações de pesca-
dores da região a ser estudada. Deve-se considerar também a época do
ano, tendo em vista que algumas espécies são migratórias, o que signi-
fica que só é possível capturá-las em períodos muito específicos.

amostragem de água bruta de sedimentos 203


Procedimentos de coleta:

• Capturar alguns exemplares das espécies presentes no local e colocar em


sacos plásticos, refrigerar e enviar para o laboratório, onde podem ser con-
gelados;
• Colocar, adicionalmente, alguns exemplares de cada espécie em frascos ou
sacos plásticos reforçados, contendo uma solução neutra de formol (10% a
20%) para identificação taxonômica. Esses exemplares devem permanecer
nesta solução por, pelo menos, 1 a 2 semanas, pois a fixação pode levar de
poucos dias (para espécimes pequenos) a uma semana (para os espécimes
maiores). Pode-se inclusive aplicar a solução com auxílio de uma seringa;
• Se possível, fotografe em campo um exemplar de cada espécie. Para tanto,
seleciona-se um exemplar recém tirado da água, quando ainda apresenta
todas as tonalidades das cores, e que esteja inteiro (principalmente a nada-
deira caudal);
• Recomenda-se a colocação de uma etiqueta numerada no exemplar fotogra-
fado, para a confirmação posterior da identificação, e de uma régua, para se
ter noção do tamanho do exemplar.

6.2 Ensaios de Contaminantes e Nutrientes em Sedimentos


Sedimento é todo material originado da destruição (decomposição) de
qualquer tipo de rocha ou material de origem biológica, transportado e
depositado (alóctone) ou apenas depositado (autóctone) na superfície
terrestre. Os sedimentos compõem-se de partículas de diferentes ta-
manhos, formas e composição química.

Um diagnóstico ambiental abrangente deve integrar informações dos


compartimentos água e sedimento. As concentrações de poluentes na
água indicam a carga que o ambiente recebe no momento da coleta, en-
quanto que o sedimento reflete a contaminação ocorrida e acumulada
no sistema ao longo de um período de tempo.

Contaminantes e nutrientes adsorvidos nos sedimentos podem ser


disponibilizados à coluna d’água e à biota por meio de processos físi-
cos, químicos e biológicos, servindo como fonte interna e contínua de
poluentes.

Por essas razões, o uso do sedimento como instrumento de avaliação


da qualidade dos ecossistemas aquáticos, vem ganhando crescente
atenção da comunidade científica mundial desde a década de 80.

204 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Deve ser salientado que o ensaio do sedimento auxilia a tomada de de-
cisões sobre as medidas que devem ser adotadas no estabelecimento
de programas de controle, mitigação e recuperação do ambiente como,
por exemplo, na avaliação do processo de dragagem e disposição de se-
dimentos em canais de navegação. O gerenciamento ambiental deve
ser subsidiado por uma classificação da qualidade do sedimento, que
preferencialmente integre as características físicas, químicas, biológi-
cas e ecotoxicológicas deste compartimento.

Considerando outros objetivos, o sedimento pode ser também


classificado segundo, por exemplo, sua granulometria, teor de matéria
orgânica, teor de água, textura, cor e origem geológica.

Devido à complexidade do ensaio do sedimento, a sua coleta deve ser


realizada de acordo com procedimentos específicos, estabelecidos de
acordo com o objetivo do estudo.

Como procedimento geral, a água que cobre o sedimento deve ser reti-
rada por sifonamento ou vertendo o equipamento de coleta. O material
orgânico deve ser mantido no ensaio de teor orgânico (COT e resídu-
os), enquanto que o inorgânico (por exemplo, pedras e cascalhos) deve
ser mantido no ensaio de granulometria. Para os outros parâmetros,
pode-se efetuar uma catação do material grosseiro antes de se arma-
zenar as amostras nos recipientes.

Cuidados devem ser tomados para que as condições de oxirredução do


sedimento amostrado sejam mantidas, já que os sedimentos oxidam-se
rapidamente quando em contato com o ar, alterando a disponibilidade
de contaminantes. Para tanto, a amostra deve ser o mínimo exposta ao
ar e o recipiente de coleta preenchido até à boca.

Para coleta de amostra composta é necessário que exatamente o mes-


mo volume seja tomado de cada réplica e que a homogeneização seja
bem executada. Para evitar a oxidação, os volumes das réplicas a serem
misturados devem ser mantidos, até o momento da homogeneização,
em saco plástico ou bandeja de aço inox ou qualquer outro recipiente,
de acordo com os ensaios a serem realizados.

Durante a coleta, deve-se evitar alguns efeitos negativos, tais como:


ondas de pressão na descendência do equipamento, resistência e

amostragem de água bruta de sedimentos 205


inclinação na penetração do sedimento, lavagem durante a retirada
e transbordamento. Uma descida muito rápida, por exemplo, pode
provocar ondas de choque e mau funcionamento do equipamento.

Todos os procedimentos de coleta acarretam um certo grau de distúr-


bio na integridade da coluna de sedimento. Em estudos geocronológi-
cos, paleolimnológicos, de biorrevolvimento e de trocas químicas na in-
terface sedimento-água, por exemplo, torna-se necessário a obtenção
de amostras mais íntegras possíveis. Nestes casos é indicado o uso de
amostradores em tubo (corer) que também permitem o fracionamento
da amostra, fundamental para estudos do perfil do sedimento.

Na amostragem do depósito recente (camada superficial de sedimen-


to de 2cm a 6cm) devem ser usados pegadores que possibilitam o fra-
cionamento da amostra (Ekman-Birge modificada por Lenz e tubo).
Nesses casos, muitas vezes não se consegue volume suficiente em
uma só pegada, sendo necessário compor várias pegadas numa mesma
réplica antes de distribuir o material nos recipientes de amostragem.
Do mesmo volume devem ser retiradas amostras para ensaios quími-
cos e ensaios ecotoxicológicos.

O volume de coleta para ensaio ecotoxicológico com sedimento depen-


de do tipo e número de testes que serão realizados por amostra e da
distribuição para os diferentes laboratórios. O ideal é coletar um reci-
piente para cada tipo de teste e uma amostra de sedimento controle,
obtida em local não degradado.

Amostras efetuadas com “corer” e destinadas a ensaios químicos do


perfil vertical do sedimento devem ser manuseadas cuidadosamente,
de forma a evitar mistura dos estratos, e podem ser congelados em
campo, com nitrogênio líquido, para posteriores fracionamentos.

Conforme os ensaios a serem realizados no sedimento, deve-se


utilizar frascos e equipamentos adequados as atividades de coleta de
amostras, bem como materiais de apoio, como por exemplo colheres
de aço inox ou polietileno inerte, bandejas de aço inox ou polietileno
inerte, caixas térmicas, etc. Podemos citar como exemplo os compostos
orgânicos que podem ser absorvidos em plásticos (exceto teflon)
ou degradados em vidro alcalino. Nestes casos é necessário utilizar
frascos de borossilicato, de cor âmbar com tampa rosqueável e septo

206 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


de teflon. No caso de metais, como sódio, lítio e potássio, recomenda-
se que as amostras sejam acondicionadas em frascos de polietileno ou
polipropileno, pois os mesmos podem ser adsorvidos em superfícies de
vidro ou aumentar sua concentração por absorção. Os ensaios, tipos
de frascos, prazo de análises, encontram-se no Anexo 1.

amostragem de água bruta de sedimentos 207


Coleta de sedimento com Pegador
Petersen modificado - Foto Carlos
Jesus Brandão/CETESB
capítulo 7
7 AMOSTRAGEM DE ÁGUAS PARA ABASTECIMENTO
PÚBLICO

A água tratada deve ser coletada em locais que foram submetidos a algum
tipo de tratamento (convencional ou simplificado), como sistemas de pro-
dução (Estação de Tratamento de Água - ETA), de reservação, rede de dis-
tribuição e soluções alternativas coletivas de abastecimento de água.

Para definição dos locais de amostragem e ensaios a serem analisados


em um sistema de tratamento de água para consumo humano é neces-
sário o conhecimento das etapas da produção desde a retirada da água
do manancial, passando pela adução, tratamento, reservação e distri-
buição, até a entrega ao consumidor final, levando-se em conta ainda
as características específicas de cada unidade de produção (Fig. 84),
trabalhando em consonância com o Plano de Segurança da Água (PSA),
conforme orientação da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2011)
e com as legislações de água de consumo humano vigentes.

Figura 84. Esquema de um sistema de produção e distribuição de água. – Fluxo operacional: (1)
Manancial de abastecimento; (2) Aplicação de produtos químicos; (3) Sistema de Floculação;
(4) Sistema de decantação; (5) Sistema de filtração; (6) Aplicação de cloro, flúor e cal; (7)
Reservatório da ETA; (8) Reservatório elevado; (9) Rede de distribuição (Fonte: CETESB, 2009).

amostragem de águaS para abastecimento público 209


Os procedimentos operacionais que devem ser adotados nesse
contexto dependem de fatores como: tipo de manancial de
abastecimento (rio, lago, represa, subsolo, chuva etc.); qualidade
inicial da água (composição química e biológica); distâncias
percorridas; fatores climáticos, topográficos e ambientais; aplicação
de produtos químicos durante o processo e tempo de contato
necessário para as respectivas reações químicas e biológicas; tipo
de tratamento requerido etc.

A frequência, o número mínimo de amostras, os locais, os parâmetros


a serem analisados e os valores máximos permitidos são definidos
pela legislação vigente sobre qualidade da água para consumo huma-
no. Além disso, os responsáveis pelo abastecimento de água devem
manter avaliação sistemática do sistema ou solução alternativa
coletiva de abastecimento de água, sob a perspectiva dos riscos à
saúde, com base na ocupação da bacia contribuinte ao manancial,
no histórico das características de suas águas, nas características
físicas do sistema, nas práticas operacionais e na quantidade da
água distribuída, conforme os princípios dos Planos de Segurança
da Água (PSA) recomendados pela Organização Mundial de Saúde ou
definidos em diretrizes vigentes no país.

7.1 Vigilância da qualidade da água para consumo humano


O monitoramento da qualidade da água pode ser entendido como uma
atividade de vigilância ou de investigação e consiste em avaliar, conti-
nuamente, a qualidade da água consumida pela população, permitindo
a identificação de fatores de riscos e a definição de estratégias de me-
lhoria da situação existente, além do acompanhamento dos impactos
resultantes das medidas implementadas.

Considerando que o objetivo do controle da qualidade é comprovar a


potabilidade da água fornecida para consumo humano, verificar pontos
críticos do sistema e fornecer subsídios para a área operacional, corri-
gindo de imediato as possíveis anomalias detectadas, é natural que seu
plano de amostragem seja o mais abrangente possível.

Os pontos de coleta de amostras podem ser selecionados por uma


composição entre os pontos críticos e não críticos, endereços fixos
e variáveis. A escolha deve objetivar a obtenção de informações do

210 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


abastecimento e consumo de água no município. A representatividade
desejada pode ser composta por critérios de distribuição geográfica e
identificação de situações de riscos.

Os critérios a serem observados na definição dos pontos de amostragem


do monitoramento de vigilância da qualidade da água devem incluir:

• Distribuição geográfica: saída do tratamento ou entrada no siste-


ma de distribuição; saída de reservatórios de distribuição; pontos
na rede de distribuição; áreas mais densamente povoadas; pontos
não monitorados pelo controle (soluções alternativas, fontes indi-
viduais no meio urbano, escolas na zona rural, etc.).
• Locais estratégicos: áreas com populações em situação sanitária
precária; consumidores mais vulneráveis (hospitais, escolas, cre-
ches, etc.); áreas próximas a pontos de poluição (indústrias, lixões,
pontos de lançamento de esgoto, cemitérios, etc.); áreas sujeitas
à pressão negativa na rede de distribuição; pontos em que os re-
sultados do controle indiquem problemas recorrentes; soluções
alternativas desprovidas de tratamento ou de rede de distribuição;
veículo transportador e áreas que, do ponto de vista epidemiológi-
co, justifiquem atenção.

7.2 Coleta em Estação de Tratamento de Água (ETA)


Os locais de amostragem para o controle das condições de
operacionalidade da estação e consequente caracterização da
qualidade da água produzida, devem ser escolhidos no decorrer
do processo (entrada da ETA, floculação, decantação, filtração,
desinfecção/fluoretação/saída da ETA), cujos pontos de tomada de
amostras geralmente estão disponíveis no laboratório da estação
(Fig. 85). Recomenda-se não alterar a vazão das torneiras, pois haverá
alteração significativa nas características da água, comprometendo o
controle de qualidade realizado pelo operador.

amostragem de águaS para abastecimento público 211


Figura 85. Torneiras localizadas no laboratório da ETA para controle das etapas do processo de
tratamento (Foto: Carlos Jesus Brandão/CETESB).

Parâmetros operacionais importantes para serem monitorados na


água captada (fonte) incluem turbidez, tempo de vazão e retenção, cor,
condutividade, condições meteorológicas, absorbância em UV, algas; e
no processo de tratamento deve-se controlar a concentração do de-
sinfetante e tempo de contato, pH, turbidez e cor entre outros, depen-
dendo do tipo de tratamento a ser aplicado.

7.3 Coleta em Sistemas de Distribuição


A proteção do sistema de distribuição é essencial para assegurar a qua-
lidade da água de consumo humano. Os sistemas de distribuição por
incluírem longas extensões de tubulações, reservatórios de estoca-
gem, interconexões e por estarem sujeitos a adulteração e vandalismo,
são vulneráveis à contaminação química e microbiológica.

Quando o suprimento de água é intermitente, a baixa pressão de água


resultante possibilita o ingresso de água contaminada no sistema atra-
vés de fraturas, fendas, juntas e furos presentes na tubulação. Apesar
de não desejável, a intermitência no suprimento de água é muito co-
mum e o controle de água nessa situação é um desafio, uma vez que os
riscos de infiltração e refluxo aumentam significativamente.

212 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Os microrganismos naturalmente presentes na água (amebas de
vida livre, bactérias heterotróficas, fungos), sob condições favoráveis
podem colonizar o sistema de distribuição formando biofilmes. Não
há evidência que os microrganismos normalmente presentes nos
biofilmes constituam risco para a saúde da população em geral, com
algumas exceções como é o caso da Legionella que coloniza tubulações
de edifícios, bem como a população de indivíduos seriamente
imunocomprometidos (WHO, 2003).

A água que entra no sistema de distribuição deve ser microbiologica-


mente segura e biologicamente estável. O sistema de distribuição por
si só deve fornecer uma barreira segura para evitar a contaminação da
água no sistema de distribuição durante o transporte até o consumi-
dor. É importante manter um residual de desinfetante no sistema de
distribuição para proteger contra a contaminação e limitar problemas
de crescimento bacteriano (WHO, 2011).

Fenômenos naturais, como enchentes, seca e movimentos sismológicos,


e atividades antrópicas como tráfego pesado e obras civis podem afetar
significativamente as tubulações de água dos sistemas de distribuição
e levar ao aparecimento de epidemias. Medidas específicas e imediatas
devem ser tomadas para prevenir a saúde da população incluindo o
aumento da frequência de amostragem.

O monitoramento operacional de sistemas de distribuição canalizados


deve incluir parâmetros como: cloro residual, indicadores bacterianos
de contaminação fecal (E.coli, coliformes termotolerantes), coliformes
totais, bactérias heterotróficas, pH, fluoreto, cor e turbidez.
A escolha dos pontos de amostragem dependerá de cada sistema de
abastecimento. As amostragens para análises microbiológicas e seus
parâmetros associados como cloro residual são realizadas em maiores
frequências e em pontos de coleta dispersos. Atenção especial deve ser
dada também aos pontos de coleta e frequência de amostragem para
constituintes químicos provenientes de tubulações e soldas e que não
são controlados diretamente pela legislação e por constituintes que
podem ser formados no sistema de distribuição como trihalometanos
(THMs).

amostragem de águaS para abastecimento público 213


O uso de amostragem estratificada randomizada para os sistemas de
distribuição tem se mostrada efetiva (WHO, 2011).

7.3.1 Procedimentos de coleta na rede de distribuição


A retirada de amostra para ensaio da água contida na rede de distri-
buição geralmente é feita em uma torneira próxima ao hidrômetro da
residência ou outra que receba água diretamente da rede de abasteci-
mento público (Figs. 86 e 87).

Figura 86. Coleta de amostra na torneira, após o hidrômetro (Foto: Venício Pedro Ribeiro/
CETESB).

Figura 87. Coleta de amostra na torneira do jardim, após hidrômetro (Foto: Venício Pedro
Ribeiro/CETESB).

214 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Abrir a torneira e deixar escoar por dois a três minutos ou o tempo
suficiente para eliminar a água estagnada na tubulação. A torneira não
deverá ter aeradores ou filtros, nem apresentar vazamento.

É necessário ter certeza que a água seja proveniente da rede de


distribuição e não de caixas ou reservatórios internos, por meio do
teste de cavalete. Esse teste consiste em fechar o registro de entrada
de água da rede de distribuição e abrir a torneira indicada para a coleta;
se não houver escoamento de água pela torneira, conclui-se que
realmente a água é proveniente da rede de distribuição.

Se necessário a torneira pode ser desinfetada com aplicação de uma


solução de hipoclorito de sódio 100mg/L. Neste caso, o excesso de hi-
poclorito de sódio deve ser removido antes da coleta. A desinfecção da
torneira ou o uso de balde e cordas estéreis somente é necessário para
coleta de ensaio microbiológico.

Abrir a torneira a meia secção, para que o fluxo seja pequeno e não haja
respingos, deixar escoar por aproximadamente um a dois minutos. Po-
sicionar o frasco de maneira que não tenha contato com a torneira para
evitar possíveis contaminações. No momento da coleta deve ser reali-
zada a determinação de cloro residual livre.

7.3.2 Procedimentos de coleta em reservatório domiciliar


A coleta de amostra pode ser realizada na torneira de saída de água
do reservatório, na saída do registro de controle ou diretamente
do reservatório com auxílio de balde de aço inox e cordas estéreis
(Fig. 88). No momento da coleta deve ser realizada a determinação de
cloro residual livre.

amostragem de águaS para abastecimento público 215


(a) (b)

Figura 88. Coleta de amostras em reservatório com balde e corda estéreis: (A) Balde estéril,
(B) Balde e corda estéril em procedimento de coleta (Foto: Venício Pedro Ribeiro/CETESB).

7.4 Procedimentos de Coleta em Soluções


Alternativa Coletiva de Abastecimento de Água
Solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo
humano é toda modalidade de abastecimento coletivo, destinada a for-
necer água potável, com captação subterrânea ou superficial, com ou sem
canalização e sem rede de distribuição incluindo as indústrias, fontes, poço
comunitário, distribuição por veículo transportador, entre outras.

Os procedimentos para coleta de amostra devem levar em considera-


ção as características individuais de cada unidade que, de forma geral,
encontram-se mencionados neste capítulo.

7.4.1 Poços Freáticos e Profundos Equipados com Bomba


A água do poço deve ser bombeada por tempo suficiente para eliminar
a água estagnada na tubulação. A coleta deve ser realizada em uma
torneira próxima da saída do poço ou na entrada do reservatório.
Se necessário, a torneira pode ser desinfetada com aplicação de uma
solução de hipoclorito de sódio 100mg/L. Neste caso, o excesso de
hipoclorito de sódio deve ser removido antes da coleta. Realizar a
determinação de cloro residual livre se o poço for clorado.

7.4.2 Poços Freáticos Sem Bomba


A coleta deve ser realizada com auxílio de balde de aço inox e corda es-
téril. O conjunto balde e corda só deve ser desembalado no momento
da coleta, para evitar contaminação.

216 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Utilizar um conjunto para cada ponto de amostragem, para evitar
a contaminação cruzada de um ponto de coleta para outro e, conse-
quentemente, da própria amostra. Descer o balde até que afunde na
água evitando-se o contato com as paredes do poço e da corda com a
água. Após enchimento, retirá-lo com os mesmos cuidados. Realizar a
determinação de cloro residual livre se o poço for clorado. Para coleta
de amostras em veículo transportador de água, pode ser adotado esse
mesmo procedimento.

Procedimento de coleta em ETA, rede de distribuição, reservatórios ou so-


luções alternativas de abastecimento público

• Encher todos os frascos diretamente da torneira ou com auxílio de equipa-


mentos;
• Para o ensaio microbiológico1, remover a tampa do frasco juntamente com o
papel alumínio protetor, mantendo-a a uma distância de aproximadamente
10 centímetros, para evitar contaminação;
• Encher o frasco com a amostra até aproximadamente ¾ (três quartos) do
seu volume, para possibilitar sua homogeneização;
• Fechar imediatamente o frasco, fixando o papel alumínio protetor em volta
da tampa;
• Para os demais ensaios, repetir o item 1 acima, até que todos os frascos
estejam com o volume necessário para os ensaios. No caso de compostos
orgânicos voláteis, não deverá haver espaço vazio;
• Preservar as amostras conforme “Anexo e acondicioná-las em caixa térmica,
sob refrigeração para transporte.

1
O frasco para ensaio microbiológico não deve ser ambientado. A coleta deve
ser realizada sempre antes de qualquer outro procedimento e a amostra não
pode ser composta.

Para pesquisa de microrganismos patogênicos em água tratada grandes


volumes devem ser analisados considerando a baixa concentração
desses microrganismos nessas águas. Nesse caso volumes de 400L
a 1000L devem ser concentrados na própria ETA ou nos pontos da
rede de interesse, empregando sistemas específicos de filtração, com
cartuchos e membranas filtrantes variáveis de acordo com o patógeno
a ser pesquisado (APHA, 2005).

amostragem de águaS para abastecimento público 217


Determinação de pH em
sedimento - Foto Carlos
Jesus Brandão/CETESB
capítulo 8
8 AMOSTRAGEM DE EFLUENTES LÍQUIDOS

Ao se retirar uma amostra de qualquer efluente pretende-se que esta


reproduza dados sobre as condições reais das águas residuárias ge-
radas pelo processo, sendo o mais representativa possível. Para asse-
gurar tais condições, o técnico deve conhecer todo o processamento
industrial e o funcionamento das unidades geradoras de efluentes que
possam interferir nas características dos despejos.

A confiabilidade e a representatividade de qualquer programa de


amostragem para a avaliação dos efluentes líquidos e dos corpos
hídricos receptores dependem fundamentalmente da seleção
criteriosa dos parâmetros a serem analisados, dos pontos de coleta de
amostras e da utilização correta das técnicas de coleta e preservação
de amostras, pois os efluentes líquidos variam em sua composição
qualitativa e quantitativa, frequência e tipo de emissão, de acordo com
as atividades desenvolvidas.

A importância da análise dos efluentes líquidos tem aumentado de-


vido a necessidade de avaliar o possível impacto de seu lançamento
em cursos de água e na rede pública coletora de esgotos, o que exi-
ge das fontes de poluição compilar e manter os registros e controle
de todas as atividades de monitoramento, para que possam ser im-
plantadas medidas preventivas e/ou corretivas para controle de quali-
dade ambiental.

Um programa de caracterização de efluentes líquidos tem como


objetivos principais:

• Avaliar a eficiência e o funcionamento de sistemas de tratamento


de águas residuárias, de maneira global ou de determinadas unida-
des, visando à otimização da sua operação e do seu desempenho;

amostragem de efluentes líquidos 219


• Avaliar os efluentes líquidos gerados pelas indústrias, estações de
tratamento de esgotos domésticos, aterros sanitários e industriais
e plantas de incineração de resíduos, bem como as possíveis alte-
rações na qualidade do corpo receptor causadas pelo lançamento
desses efluentes, visando a verificação do atendimento às condi-
ções e aos padrões de qualidade do corpo receptor e de emissão/
lançamento de efluentes líquidos estabelecidos na legislação esta-
dual e federal vigente;
• Obter dados e informações para fornecer subsídios a elaboração
de projetos de sistemas de tratamento de águas residuárias de em-
preendimentos em implantação;
• Verificar a ocorrência de perdas de matérias-primas, produtos au-
xiliares ou acabados do processo industrial e que são agregados ao
efluente líquido e, desta maneira, avaliar a possibilidade de recircu-
lação ou reutilização de efluentes líquidos industriais no processo
industrial, dentro de um programa de prevenção à poluição;
• Determinar as cargas poluidoras potenciais e/ou remanescentes
de empresas, em programas de controle de poluição de uma região
ou de determinada bacia hidrográfica;
• Determinar concentrações e cargas poluidoras de efluentes líqui-
dos de empresas, lançados na rede pública de esgotos, para fins de
cobrança por parte da empresa gerenciadora do sistema público de
esgotos e de minimização de impactos sobre os mesmos;
• Avaliar a contaminação do solo e das águas superficiais, provocada
pelos aterros sanitários e industriais e áreas contaminadas.

8.1 Características dos Efluentes Líquidos


Para um melhor entendimento das diferentes características dos
efluentes líquidos, os mesmos podem ser classificados de acordo com
sua origem em: (1) efluentes industriais, (2) efluentes industriais em
esgotos domésticos, (3) efluentes de plantas de incineração de resídu-
os sólidos e (4) efluentes percolados gerados em aterros sanitários e
industriais.

8.1.1 Efluentes Industriais


Os efluentes líquidos em uma indústria, além dos esgotos domésticos,
podem ser compostos por: efluentes do processo produtivo, água de
refrigeração, água de condensação, água de lavagem de equipamentos,

220 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


efluentes de equipamentos de controle de poluição do ar (lavador de
gases de chaminé ou de cabine de pintura) e pelos efluentes não pon-
tuais, como as águas pluviais contaminadas, lavagem de pisos externos
e derramamentos em áreas externas à área industrial.

O tipo da indústria e o completo entendimento do processo produ-


tivo permitirão o conhecimento da origem dos efluentes líquidos in-
dustriais, bem como os materiais poluentes neles contidos. O tipo da
indústria e o completo entendimento do processo produtivo permiti-
rão o conhecimento da origem dos efluentes líquidos industriais, bem
como dos materiais poluentes neles contidos.

Uma indústria, independentemente de sua atividade, sempre apresen-


ta a geração de esgotos domésticos, que corresponde aos descartes
de banheiros e de refeitórios. A sua carga orgânica média per capita
é praticamente a mesma, qualquer que seja o ramo industrial; porém,
verifica-se que sua concentração varia com a hora do dia, com o dia da
semana e com a condição climática.

Outro fator que influencia as características qualitativas e quantitati-


vas dos esgotos domésticos nas indústrias é a existência, ou não, de
refeitórios e de chuveiros para os funcionários tomarem banho. As va-
zões de pico, nestes casos, ocorrem nos horários das refeições e nos
términos de turnos.

Uma parcela preponderante da água utilizada pelas indústrias em seus


processos produtivos, na maioria dos casos, é descartada na forma de
efluentes líquidos, que, em função das substâncias neles contidas, po-
dem causar poluição ao serem lançados nos corpos de água. Portanto,
os efluentes líquidos gerados devem ser submetidos a um Sistema de
Tratamento de Águas Residuárias (STAR), corretamente dimensionado
e operado, para possibilitar seu lançamento em um corpo hídrico ou em
um sistema público de esgotos.

É preciso, portanto, realizar o levantamento industrial, processo que


envolve o conhecimento do(a): período de funcionamento da indústria;
número de empregados; fluxograma do processo industrial; planta
da fábrica; matérias primas; produção; uso da água; efluente gerado;
sistema de tratamento dos efluentes; condições de funcionamento dos
equipamentos industriais; e, condições de gerenciamento da indústria.

amostragem de efluentes líquidos 221


a) Período de funcionamento da indústria
As indústrias trabalham normalmente em turnos de oito horas; algu-
mas funcionam em três turnos, totalizando 24 horas por dia. Geral-
mente, o funcionamento é de segunda a sexta-feira, mas algumas são
ininterruptas.

Além do horário de funcionamento da produção, é necessário verificar


se o regime produtivo é contínuo ou não, e se os processos são
cíclicos. É preciso também verificar se a geração de despejos ocorre
principalmente durante o período de funcionamento da fabricação
ou nos outros períodos (como no final da jornada diária, nos períodos
noturnos, nos finais de semana etc.), geralmente decorrente de
lavagens e limpezas.

b) Número de empregados
O número de empregados indicará o volume e a carga orgânica dos
esgotos domésticos gerados. A existência ou não de refeitórios também
irá influenciar nas características do despejo.

Neste item deverão ser incluídos todos os funcionários existentes no


local em estudo (funcionários próprios e terceirizados), tanto das áreas
produtivas como das áreas administrativas e de apoio.

c) Fluxograma do processo industrial


O conhecimento do processo industrial é de fundamental importância
em qualquer trabalho de caracterização pois, para cada tipo de proces-
samento haverá diferentes particularidades, tais como produtos auxi-
liares ou catalisadores que poderão proporcionar diferentes caracte-
rísticas aos despejos gerados, tanto nos seus constituintes quanto nas
suas concentrações e vazões.

O fluxograma do processo industrial permitirá ao técnico visualizar a


necessidade, ou não, da segregação dos despejos e, dessa forma, defi-
nir quantos serão os pontos de amostragem para a caracterização dos
efluentes de uma indústria.

d) Planta da fábrica
A planta da fábrica, juntamente com a indicação dos sistemas de distri-
buição de água e das redes de coleta de efluentes líquidos, irão facilitar
não só o entendimento do fluxo do processo industrial como também

222 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


a visualização da possibilidade da implantação de medidas de contro-
le interno, como a recuperação de matéria prima ou outros produtos
derramados no piso e que serão arrastados nos efluentes líquidos. Per-
mitirá também verificar a possibilidade de recirculação de efluentes
líquidos antes ou após sofrerem um tratamento específico, assim como
a existência, ou não, de uma adequada segregação de despejos.

O conhecimento da rede de coleta de efluentes, da localização da esta-


ção de tratamento e dos locais de disposição de resíduos sólidos (caso
haja), irá possibilitar a escolha dos melhores pontos de amostragem,
para que a caracterização seja representativa. Também é importante
a indicação do sistema de coleta de esgotos domésticos na planta do
empreendimento, para os casos de indústrias em que haja incompatibi-
lidade de tratamento conjunto dos mesmos.

É necessário também que a rede de águas pluviais seja indicada na


planta do empreendimento, uma vez que, quando contaminadas, são
consideradas efluentes líquidos e, como tais, devem ser tratadas ade-
quadamente antes de sua disposição final. Ressalta-se que a prática de
reunir as águas pluviais não contaminadas aos efluentes é proibida por
lei, caracterizando-se como uma diluição e, portanto, não é aceita pelos
órgãos de controle ambiental.

e) Informações sobre matérias primas


A relação de matérias primas e dos produtos auxiliares irá contribuir
para a definição do tipo de amostras a serem coletadas e dos parâme-
tros a serem analisados. Para isto, é necessário conhecer o princípio
ativo de cada substância e não somente o seu nome fantasia.

Além desta relação, deve-se ter conhecimento das quantidades


utilizadas, dos métodos de armazenamento e das condições de
segurança quanto aos derramamentos, que poderão representar
fontes potenciais de poluição.

f) Informações sobre a produção


A relação dos produtos fabricados, as quantidades e a frequência de
fabricação dos mesmos, os tipos de embalagens utilizadas, os locais de
armazenamento e a porcentagem da água incorporada ao produto, se-
rão muito importantes num trabalho de caracterização de um despejo
industrial.

amostragem de efluentes líquidos 223


Por meio destes dados é possível fazer a comparação entre indústrias
similares com relação aos fatores de emissão, representados pelas
vazões específicas do efluente (por exemplo, m3 de água utilizada por
tonelada de produto) e cargas poluidoras específicas (por exemplo, kg
de poluente por tonelada de produto), para estabelecer exigências de
redução destes valores, se necessário.

g) Informações sobre o uso da água


Um balanço hídrico completo, contendo a indicação de todas as
informações sobre o uso da água, é de extrema importância. Para isso,
deve-se dispor de dados de fluxo de água industrial (água de processo,
água incorporada ao produto e água liberada pela matéria prima), água
de refrigeração, água resultante de lavagens de pisos e equipamentos,
água utilizada nos equipamentos de controle de poluição do ar e água
para consumo humano (ingestão, lavatório, descarga sanitária, preparo
de alimentos).

h) Informações sobre o efluente gerado


As peculiaridades na geração do efluente líquido (tais como: período e
frequência de cada descarte), a possibilidade de medir a vazão por
linha de descarte, as redes de coleta e as condições de acesso aos
locais de amostragem são fatores primordiais para a definição de
qualquer campanha de amostragem de efluentes líquidos. Quando
necessário, é importante o conhecimento da existência, ou não, de se-
gregação de despejos.

i) Sistema de tratamento de efluentes


O prévio conhecimento da descrição do sistema de tratamento de
efluentes, assim como o seu fluxograma, proporcionará ao responsável
pela amostragem uma visão global. Permitirá, também, uma precisa de-
finição dos pontos de amostragem e dos parâmetros a serem analisa-
dos, principalmente nos casos de avaliação de desempenho do sistema
de tratamento.

j) Condições de funcionamento dos equipamentos industriais


As condições de conservação dos equipamentos e dos maquinários in-
dicam a probabilidade de quebra e, por isso, podem significar perda de
matéria prima ou de subprodutos com consequente aumento na gera-
ção de efluentes líquidos.

224 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


l) Condições de gerenciamento da indústria
As condições de gerenciamento de uma indústria dão uma idéia de
como os assuntos relacionados ao controle da poluição são tratados.
Quando existe a preocupação da implantação de programas de treina-
mento para os funcionários, tanto no campo produtivo como na parte
ambiental, com certeza as características de seus efluentes serão dife-
rentes daquelas indústrias onde esta política não existe.

Para realização de um levantamento industrial confiável é fundamen-


tal que os itens anteriormente citados sejam verificados com precisão.
Além dos dados fornecidos pela indústria, as observações efetuadas
no processo produtivo e nos pontos geradores de efluentes líquidos
irão possibilitar uma melhor definição do plano de amostragem, com a
escolha precisa da frequência e tempo de amostragem, com uma des-
crição detalhada das condições físicas do ponto de coleta e medição de
vazão, e a correta escolha dos parâmetros a serem analisados.

Além da checagem das informações anteriormente citadas, deverá


ser verificada a existência de interligações indevidas, tais como:
águas de refrigeração com efluentes industriais, águas pluviais e/ou
de refrigeração, existência de by pass no efluente bruto, entre outras.
Portanto, torna-se indispensável uma criteriosa inspeção na indústria
por parte do responsável pela amostragem, para a seleção adequada
dos equipamentos a serem utilizados na campanha de amostragem e
para o dimensionamento da equipe que realizará os trabalhos.

8.1.2 Efluentes Mistos (Industriais e Domésticos)


A presença de efluentes industriais misturados ao esgoto doméstico
em sistemas públicos de tratamento de esgotos normalmente resul-
ta em despejos com características diferentes daquelas onde somen-
te existe esgoto doméstico. Portanto, cuidados especiais deverão ser
adotados na seleção dos parâmetros a serem analisados.

8.1.3 Efluentes Gerados em Plantas de Incineração de


Resíduos Sólidos Industriais ou Hospitalares
Embora guarde pontos em comum com efluentes industriais, este tipo
particular de efluente não doméstico apresenta particularidades no

amostragem de efluentes líquidos 225


plano de amostragem que devem ser observadas para que os resulta-
dos da avaliação sejam representativos.

Os pontos principais de geração de efluentes numa planta de incinera-


ção de resíduos são:

1. Quench (resfriamento brusco de gases), quando efetuado por equi-


pamentos via úmida, tais como: lavador Venturi, torre de “spray” e
torre de enchimento;
2. Equipamentos de controle de poluição do ar por via úmida;
3. Efluentes provenientes da manutenção de equipamentos;
4. Águas de lavagens de pisos da planta de incineração;
5. Águas de drenagem de resfriamento de escória de resíduo indus-
trial incinerado, e;
6. Águas de lavagem de baías de armazenamento de resíduo hospitalar.

A maior contribuição de vazão é, sem dúvida, proveniente dos equipa-
mentos de controle de poluição do ar via úmida.

Deve-se conhecer a quantidade e a composição do resíduo introduzi-


do no incinerador, a quantidade e o tipo de combustível utilizado e os
equipamentos que geram efluentes. É também importante a avaliação
da rede de coleta de efluentes e de águas pluviais, pois em caso de der-
ramamento e posterior lavagem decorrente do manuseio, transbordo
e transporte de grandes quantidades de resíduos (algumas vezes peri-
gosos), estes se caracterizam em efluentes e, portanto, devem ser tra-
tados adequadamente.

8.1.4 Efluentes Percolados Gerados em Aterros Industriais e


Sanitários
A disposição de resíduos sólidos em aterros industriais e sanitários
gera líquidos percolados, conhecidos como chorume, que podem infil-
trar e contaminar o lençol freático e, portanto, devem ser coletados e
adequadamente caracterizados.

É importante ressaltar que este efluente apresenta uma composição


química que varia de acordo com a idade do aterro, condições climáti-
cas, etc.; fatores estes que dificultam a determinação de sua caracteri-
zação qualitativa e quantitativa.

226 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


8.2 Planejamento da Amostragem de Efluentes Líquidos
A elaboração de um plano de amostragem de efluentes líquidos deve
considerar vários aspectos, tais como: objetivo da avaliação, localiza-
ção do empreendimento, tempo da amostragem, pontos de retirada
de amostras, dimensionamento da equipe técnica, material necessário
para realização dos trabalhos, conhecimento do levantamento indus-
trial, vistoria prévia no local, conhecimento da atividade industrial, de
seu processo de fabricação e da hidrografia da região (quando o efluen-
te é descartado em rios) e parâmetros a serem analisados no efluente
para avaliação do atendimento a legislação ambiental de controle de
poluição das águas.

Os técnicos precisam observar e anotar todas as condições de funcio-


namento da unidade geradora dos efluentes no dia da avaliação e/ou
caracterização, que possam interferir nas características do despejo a
ser amostrado.

8.2.1 Local e Pontos de Amostragem


Na escolha dos locais de amostragem deve-se considerar que:

• As vazões afluente e efluente do sistema são de fundamental


importância para o cálculo da carga poluidora, e consequente
avaliação da eficiência do sistema de tratamento, bem como para a
coleta de amostras compostas;
• O ponto da amostragem deve ser representativo e com
turbulência, de modo a se obter uma boa mistura. Devem ser
evitados locais situados a montante de vertedores devido à
sedimentação de sólidos;
• As amostras devem ser tomadas no centro do canal, onde a
velocidade é mais alta e a sedimentação de sólidos é mínima;
• O local deve ser de fácil acesso.

Para definição dos pontos de amostragem, devem ser considerados os


objetivos envolvidos na campanha de amostragem, tais como: avalia-
ção do desempenho do sistema de tratamento, verificação do aten-
dimento aos padrões de legislação, obtenção de informações para
elaboração de um projeto de um STAR e implantação de medidas de
prevenção à poluição.

amostragem de efluentes líquidos 227


8.2.2 Tipos de Amostragem
Após a seleção dos pontos de amostragens e dos parâmetros a serem anali-
sados, deve-se definir o tipo da amostra, a frequência e o período da amostra-
gem para, finalmente, detalhar a organização e a execução dos trabalhos.

A coleta pode ser realizada manualmente ou com auxílio de amostra-


dor automático e as amostras podem ser simples ou compostas.

A amostra simples é indicada para os casos onde a vazão e a composi-


ção do líquido não apresentam variações (qualitativas e quantitativas)
significativas e todas as informações que se deseja podem ser obtidas
por meio de uma única amostra.

A amostra composta é adotada para possibilitar a minimização do


número de amostras a serem analisadas e, principalmente, quando
há uma grande variação do volume da vazão e/ou da composição
do efluente. Tanto a amostragem simples como a composta foram
descritas de uma forma mais abrangente e com mais detalhes no
capítulo 3 “Organização dos Trabalhos de Campo”.

O tempo e a vazão podem ser utilizados como base para a composição


das amostras compostas. Quando o tempo é a base da composição, um
volume fixo de amostra é retirada do fluxo de efluentes, em intervalos
fixos de tempos.

Este tipo de composição é recomendado para os casos onde a variação


da frequência da vazão é conhecida e o intervalo entre as vazões seja
o menor possível.

Nestes casos, para cálculo do volume de cada alíquota a ser coletada,


utiliza-se a fórmula:

onde:

Val : volume de cada alíquota


Vam : volume total da amostra
n: número de alíquotas

228 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Quando a vazão é a base da composição da amostra, os volumes das
alíquotas serão proporcionais as variações das vazões instantâneas do
efluente. Para o cálculo do volume de cada alíquota, a fórmula utilizada é:

onde:

Val: volume da alíquota


Qi : vazão instantânea
Qm: vazão média
Vam: volume total da amostra
n: número total de alíquotas

Como a vazão instantânea Qi varia a cada momento, o volume de cada


alíquota também irá variar proporcionalmente. O volume da amostra
Vam é função dos parâmetros a serem analisados no laboratório e a
vazão média Qm corresponde à média obtida durante o período da
referida amostra.

O período de tempo no qual a amostra deverá ser composta irá


depender dos objetivos do programa. Sugere-se que para um processo
produtivo contínuo (24 h/dia), o período mínimo de amostragem seja de
uma jornada diária de trabalho, de forma a obter uma correlação com
as características da produção. Neste caso sugere-se que seja realizada
uma campanha constituída de 4 amostras, cada uma delas coletadas num
período de 6 horas, com alíquotas coletadas a cada 30 ou 60 minutos.

Para alguns parâmetros não é possível realizar composição de amostras,


sendo exigida a coleta de amostra simples. Fazem parte desse grupo
de parâmetros os óleos e graxas, sulfeto, oxigênio dissolvido, solventes
halogenados, indicadores microbiológicos, entre outros, que podem ser
alterados (transferência de frascos, volatilização, oxidação e redução,
perda de viabilidade, etc) durante o processo de composição ou pelo
prazo requerido para análise. Para esses casos, a amostra simples é
normalmente coletada na penúltima alíquota da amostra composta.

amostragem de efluentes líquidos 229


Coleta com
garrafa de van
Dorn - Fluxo
Horizontal - Foto
Carlos Jesus
Brandão/CETESB
8.2.3 Seleção dos Ensaios a Serem Realizados
A escolha dos parâmetros dependerá, além dos objetivos do programa
citados anteriormente, do tipo de efluente industrial e da classe
dos corpos hídricos receptores. Para tanto, é fundamental manter-
se atualizado, consultando a legislação vigente nos “sites” das
instituições responsáveis pela sua elaboração e/ou homologação,
como ANA (Agência Nacional de Águas), Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária), Conama (Conselho Nacional do Meio
Ambiente), Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, OMS
(Organização Mundial de Saúde), SMA (Secretaria do Meio Ambiente)
de cada estado, entre outros.

Para a avaliação dos efluentes visando à implementação de sistemas de


reúso de água, os parâmetros a serem analisados dependerão do pro-
cesso produtivo e de quais contaminantes serão tolerados no reúso.

Na tabela 8 estão indicados os parâmetros pertinentes a diversas


atividades industriais; contudo, esta tabela deve ser utilizada apenas
como referência, devendo o técnico acrescentar ou não outros parâ-
metros, com base no levantamento industrial e na vistoria realizada
na indústria.

amostragem de efluentes líquidos 231


232
Tabela 8. Caracterização Típica para Efluentes Industriais (parte 1)
TIPOS DE INDÚSTRIA

ENSAIOS
Cereais

Bebidas

Baterias

Amianto
Borrachas

Automóvel

Frigoríficos
Alimentícia
Componentes

Abatedouros e
Açúcar e Álcool
Celulose e Papel
Elétro-eletrônico

Alumínio
Amônia x x x
Arsênio x
Bário
Boro
Cádmio x x x
Chumbo x x x x
Cianeto x
Cobre x x x
Coliformes termotolerantes x
Coliformes Totais x
Cromo Hexavalente x x
Cromo Total x x x x x
DBO x x x x x x x x x x x
DQO x x x x x x x x x x x
Estanho x x
Fenóis x x
Ferro Solúvel x x x

Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Fluoretos x
Fosfatos x x x x x x
Manganês
Mercúrio
Níquel x x
Nitrogênio amoniacal x x x x x
Nitrogênio Nitrato x x x x x
Nitrogênio Nitrito x x x x x
Nitrogênio Orgânico x x x x x
Nitrogênio Total x x x x x
Óleos e Graxas x x x x x x x x x x x

amostragem de efluentes líquidos


pH x x x x x x x x x x x
Prata
Resíduo Sedimentável x x x x x x x x x x x
Selênio x
Série de Resíduos x x x x x x x x x x x
Solventes Aromáticos x x x x x
Solventes Halogenados x x x x x
Sulfatos x x x x x
Sulfetos x x x
Surfactantes x x x x x x x
Temperatura x x x x x x x x x x x
Zinco x x x x
Continua...

233
234
Tabela 8. Caracterização Típica para Efluentes Industriais (parte 2) (continuação)
TIPOS DE INDÚSTRIA

ENSAIOS

ferro

Gesso
Esgotos
Madeira

Laticínios

Concreto,
Curtumes
Sintéticos

Estação de
Materias
Mineração
Móveis de

Fundição de
Plásticos e

Fertilizantes
Metalúrgicas

Cimento, Cal e
Tratamento de
Galvanoplastia
Alumínio x x x
Amônia x x
Arsênio x x
Bário x
Boro x
Cádmio x x x x
Chumbo x x x x x
Cianeto x x x x
Cobre x x x
Coliformes x x x
termotolerantes
Coliformes Totais x x x
Cromo Hexavalente x x x
Cromo Total x x x x x x x x
DBO x x x x x x x x x x
DQO x x x x x x x x x
Estanho x x
Fenóis x x x x x
Ferro Solúvel x x x x x x

Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Fluoretos x x
Fosfatos x x x x x x x
Manganês x x x
Mercúrio x x x x
Níquel x x x x
Nitrogênio amoniacal x x x x x
Nitrogênio Nitrato x x x x x
Nitrogênio Nitrito x x x x x
Nitrogênio Orgânico x x x x x
Nitrogênio Total x x x x x
Óleos e Graxas x x x x x x x x x x

amostragem de efluentes líquidos


pH x x x x x x x x x x x
Prata x x x
Resíduo Sedimentável x x x x x x x x x x x
Selênio
Série de Resíduos x x x x x x x x x x x
Solventes Aromáticos x x x x x x
Solventes Halogenados x x x x x x
Sulfatos x x x x x x
Sulfetos x x x x x
Surfactantes x x x x
Temperatura x x x x x x x x x x
Zinco x x x x x x x
Continua...

235
236
Tabela 8. Caracterização Típica para Efluentes Industriais (parte 3) (continuação)
TIPOS DE INDÚSTRIA

ENSAIOS

Têxteis
Vidros e
Resíduos

de Cobre

Refinaria
Produtos
Produtos
Produtos
Enlatadas

Porcelana
Orgânicos
Siderurgia
Cerâmicas
Planta de

de alumínio
Inorgânicos

Produção de
Incineração de

Farmacêuticos

Óleos Vegetais

Petroquímica e
Processamento
Processamento
Vegetais e Frutas

Alumínio x
Amônia x x x x x
Arsênio x x x
Bário
Boro x
Cádmio x x x x x x
Chumbo x x x x x x x x x
Cianeto x x x x x x x
Cobre x x x x x x x
Coliformes termotolerantes
Coliformes Totais
Cromo Hexavalente
Cromo Total x x x x x x x x x x
DBO x x x x x x x x x x x x x
DQO x x x x x x x x x x x x x
Estanho x x x x x x
Fenóis x x x x x x x
Ferro Solúvel x x x x x x x x x x

Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Fluoretos x x x x x
Fosfatos x x x x x x x
Manganês x x x x
Mercúrio x x x x
Níquel x x x x x
Nitrogênio amoniacal x x x x x x x
Nitrogênio Nitrato x x x x x x x
Nitrogênio Nitrito x x x x x x x
Nitrogênio Orgânico x x x x x x x
Nitrogênio Total x x x x x x x
Óleos e Graxas x x x x x x x x x x x x

amostragem de efluentes líquidos


pH x x x x x x x x x x x x x
Prata x x
Resíduo Sedimentável x x x x x x x x x x x x x
Selênio
Série de Resíduos x x x x x x x x x x x x x
Solventes Aromáticos x x x x x x
Solventes Halogenados x x x x x x
Sulfatos x x x x x x x
Sulfetos x x x x x
Surfactantes x x
Temperatura x x x x x x x x x x x x x
Zinco x x x x x x x x x

237
8.2.4 Avaliação do Desempenho do STAR
Quando se deseja efetuar apenas a avaliação do desempenho de um
STAR como um todo, os pontos de amostragem a serem escolhidos são
a entrada e a saída do sistema; porém, se avaliação em estudo é al-
guma unidade do STAR, os locais escolhidos deverão ser a entrada
e a saída da unidade. Por exemplo: para um tratamento biológico
realizado através de um sistema de lodos ativados, muitas vezes
é necessário avaliar a operação do tanque de aeração; para isto, é
necessário que a amostra seja coletada dentro desta unidade e no
retorno de lodo. Portanto, para cada caso é necessário o conhecimento
dos parâmetros de operação de cada unidade ou do sistema de trata-
mento, para escolher os locais adequados de amostragem para a ava-
liação de seu desempenho.

A avaliação de um desempenho no sistema de tratamento levará em


conta:

• Aspectos quantitativos relativos à vazão e à capacidade hidráulica


do sistema de tratamento; e,
• Aspectos qualitativos relativos às características físicas, químicas e
biológicas do efluente bruto e tratado.

No caso de sistemas biológicos com baixa eficiência no seu funciona-


mento, onde todas as condições físico-químicas e hidráulicas encon-
tram-se de acordo com os valores recomendados, é necessário verifi-
car os possíveis compostos tóxicos ao sistema e, neste caso, os ensaios
a serem realizados deverão ser extensamente pesquisados na relação
de todos os produtos químicos utilizados, independente da quantidade
e da finalidade de seu uso.

8.2.5 Elaboração de Projeto de STAR


A obtenção de informações para dimensionamento de um projeto de
sistema de tratamento, em muitos casos, necessita de uma amostra-
gem prévia em diferentes pontos, para verificar se há necessidade de
segregação de linhas geradoras de efluentes.

Os pontos de amostragem devem ser selecionados de forma a


representar as características dos efluentes a serem tratados. Caso
os efluentes sejam lançados em várias linhas e unificados antes da

238 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


entrada do STAR, a amostragem deverá ser feita após a unificação
das linhas. Caso não seja possível esta reunião, a amostragem deverá
ser feita em cada linha, caracterizando o efluente a ser tratado.
É imprescindível que a amostragem de efluentes seja representativa, ou
seja, a sua caracterização deve ser realizada por meio de amostragem
composta por alíquotas coletadas, preferencialmente, com o volume
proporcional a vazão no efluente bruto durante, pelo menos, o período
diário de produção da empresa.

8.2.6 Atendimento aos Padrões da Legislação


Para a avaliação dos efluentes líquidos de uma indústria, quanto
ao atendimento às condições e padrões de emissão (lançamento),
deve-se selecionar os ensaios pertinentes àquele tipo de atividade
industrial, e outros específicos àquela empresa, levando-se em conta
suas particularidades, observadas no roteiro de informações descritas,
não necessitando analisar todos os parâmetros listados na legislação
estadual e/ou federal.

Quando a indústria apresenta em sua relação de matéria prima muitos


compostos químicos de grande complexidade, como defensivos
agrícolas, e o laboratório não possui todos os padrões analíticos
para sua determinação, deve-se escolher outros ensaios que possam
indicar a presença de tais compostos químicos no efluente ou no corpo
receptor, para possibilitar a sua melhor caracterização.

No caso de estação de tratamento de esgotos domésticos, a escolha


dos ensaios irá depender, além das suas características (que são
bastante conhecidas), dos possíveis tipos de indústrias existentes na
região e cujos efluentes drenam para esta estação.

Para as análises dos efluentes de plantas de incineradores, ou do


líquido percolado em aterros industriais, deve-se verificar os possíveis
constituintes existentes nos materiais incinerados ou nos resíduos
dispostos, para possibilitar a seleção dos ensaios adequados.

No caso da legislação do Estado de São Paulo, além da amostragem no


efluente final, é necessário amostrar o efluente bruto, para a verifica-
ção da eficiência na remoção de carga poluidora em termos de DBO5
dias, 20ºC, a qual normalmente é expressa em kg DBO/dia.

amostragem de efluentes líquidos 239


Para a verificação quanto ao atendimento às condições e padrões de
qualidade do corpo receptor, deve-se escolher os ensaios indicados
na legislação que estão relacionados com a atividade industrial em
questão, em que estes possam ser alterados pelo lançamento do
efluente líquido, sendo necessário realizar a amostragem no corpo
receptor, a montante e a jusante dos lançamentos da indústria ou da
unidade geradora de efluentes líquidos.

Deve-se sempre certificar que no local escolhido a jusante, o efluente


descartado esteja completamente misturado à massa líquida do corpo
receptor, de tal forma que somente este lançamento seja o causador
das possíveis alterações na sua qualidade.

As indústrias que apresentam algum tipo de disposição de resíduos


sólidos ou de líquidos no solo deverão realizar amostragem no
aquífero, por meio de poços de monitoramento, para verificar possível
contaminação das águas subterrâneas.

Para o atendimento aos padrões da legislação é importante incluir


os ensaios toxicológicos. Apesar de não constar a obrigatoriedade
do ensaio de Ames na legislação vigente, este tem se tornado uma
informação importante no diagnóstico ambiental e no monitoramento
da qualidade dos corpos d’água receptores.

240 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


capítulo 9
9 ENSAIOS EM CAMPO

Neste capítulo serão abordados os ensaios frequentemente condu-


zidos em campo devido ao curto prazo requerido pela análise, o que
implica em cuidados específicos para sua realização. Para evitar a con-
taminação do local de coleta, todos os resíduos dos ensaios realizados
em campo devem ser recolhidos.

9.1 Cloro Residual - Método DPD


Existem três tipos de determinação de cloro residual na água tratada
(livre, total e combinado). O cloro residual livre é aquele presente na
forma elementar dissolvida (Cl2), ou como ácido hipocloroso (HClO),
ou como íon hipoclorito (ClO–). O cloro residual total é a soma do cloro
residual livre com o cloro residual combinado. O cloro residual combi-
nado é a subtração do cloro residual livre do cloro residual total.

Devido à instabilidade e degradação rápida do cloro residual livre, a sua


determinação deve ser realizada em campo, antes da coleta das demais
amostras, podendo-se utilizar um “kit” comparador colorimétrico -
método DPD (N, N-dietil-p-fenilenediamina) ou um fotômetro de
campo do tipo “pocket”. O cloro livre faz a oxidação do DPD, formando
uma substância de coloração rosa que tem sua intensidade diretamente
proporcional à concentração de cloro residual.

A determinação do cloro residual livre é a mais comum nos trabalhos


que envolvem redes de distribuição de água para consumo humano,
pois é empregado na desinfecção da água. Em todas as amostras
coletadas para análises microbiológicas deve ser efetuada, no
momento da coleta, medição de cloro residual livre ou de outro
composto residual ativo, caso o agente desinfetante utilizado
não seja o cloro. Conforme a Portaria n° 518/2004 do Ministério
da Saúde, art. 13, após a desinfecção, a água deve conter um teor

ensaios em campo 241


mínimo de cloro residual livre de 0,5mg/L, sendo obrigatória a
manutenção de, no mínimo, 0,2mg/L em qualquer ponto da rede de
distribuição e um teor máximo de cloro residual livre, em qualquer
ponto do sistema de abastecimento, de 2,0mg/L.

Procedimentos para ensaio de cloro residual livre

• Abrir a torneira e deixar a água escorrer por dois ou três minutos;


• Lavar as cubetas (do “kit” ou “pocket”) com a amostra;
• Encher as cubetas, até o menisco de marcação, com a amostra a ser analisada
(água da torneira);
• Adicionar os reagentes e realizar a determinação conforme orientação do
fabricante;
• Anotar os resultados, que serão expressos em mg/L de cloro residual livre.

9.2 Oxigênio Dissolvido - Método Eletrométrico


Existem três métodos eletrométricos para a determinação de oxigênio
dissolvido em corpos d’água:

• Polarográfico - Ideal para águas que não apresentam concentra-


ções de oxigênio dissolvido próximo ao zero e presença de sulfeto
elevada. O sistema trabalha por pulso elétrico e não necessita de
agitação.
• Galvânico – O sistema é constituído de uma célula galvânica que,
pela difusão do oxigênio dissolvido através da membrana, realiza a
determinação. Necessita de agitação e é ideal para determinação
de oxigênio dissolvido em todos os tipos de água.
• Ótico – O sistema realiza a determinação por luminescência, não
necessita de agitação, e é ideal para a determinação de oxigênio
dissolvido em todos os tipos de água.

A determinação pode ser realizada diretamente no corpo d’água ou no


recipiente coletor de amostras com a utilização de um oxímetro e son-
da acoplada, onde o comprimento do cabo dependerá da profundidade
do local a ser amostrado. Os procedimentos de ajustes dos equipamen-
tos eletrométricos devem ser realizados de acordo com as recomenda-
ções e especificações técnicas do fabricante.

242 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Para a determinação do oxigênio dissolvido em área estuarina ou mari-
nha, deve-se efetuar a correção da salinidade antes do ensaio.

Anotar os resultados, que serão expressos em mg/L de oxigênio dissolvido.l

9.3 Oxigênio Dissolvido - Método Winkler Modificado


pela Azida Sódica
O método de Winkler (modificado pela azida sódica) ainda é o método
mais empregado para a determinação do oxigênio dissolvido.

Pode ser empregado para a determinação do oxigênio dissolvido em


corpos d’água em geral, águas de abastecimento, águas residuárias e
águas do mar. Aplica-se para as concentrações de oxigênio dissolvido
superiores a 0,1mg/L, sendo que o método não se aplica a amostras
que contenham interferentes, como: sulfito, tiossulfato, politionato,
cloro livre e hipoclorito. Nesses casos, podem ser empregadas outras
modificações do método de Winkler ou o método eletrométrico.

A coleta de amostra é realizada com a utilização de equipamentos


apropriados, que não permitem a aeração da amostra, como batiscafo
para coleta de amostras superficiais ou garrafa de van Dorn (fluxo
vertical ou horizontal) para coleta em profundidade.

ensaios em campo 243


Procedimentos para coleta de oxigênio dissolvido - método Winkler, modi-
ficado pela azida sódica

• Coletar a amostra com auxílio de batiscafo, na superfície, ou com garrafa de


van Dorn, enchendo o frasco de DBO;
• Adicionar imediatamente 2mL de solução de sulfato manganoso e, em se-
guida, 2mL de solução reagente alcali-iodeto azida, tendo o cuidado de ver-
ter lentamente os reagentes na borda do frasco e não trocar a ordem dos
reagentes;
• O sulfato manganoso reage com o hidróxido de sódio para produzir um
precipitado flocoso de hidróxido manganoso, que pode variar de branco até
marrom, dependendo da concentração de oxigênio dissolvido;
• Fechar bem o frasco de DBO, sem deixar bolhas de ar no interior;
• Agitar bem o frasco fechado para dispersar o precipitado de hidróxido man-
ganoso uniformemente na amostra;
• Deixar o precipitado sedimentar até aproximadamente a metade do volume
do frasco. No caso de água do mar, o tempo de contato da amostra com o
precipitado deve ser de, pelo menos, dois minutos;
• Agitar novamente muito bem, para que a reação seja completa;
• Encaminhar a amostra para ensaio no laboratório.

244 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Procedimentos para ensaio de oxigênio dissolvido em campo ou no labora-
tório - método Winkler, modificado pela azida sódica

Materiais e reagentes necessários para titulação:

• Base, haste, garra, Erlenmeyer de 250mL, bureta de 10mL classe A, pipe-


ta volumétrica de 100mL classe A ou tubo de Nessler de 100mL graduado,
pêra de laboratório;
• Ácido sulfúrico 1+1; solução de fluoreto de potássio; solução de tiossulfato
de sódio 0,0125N e solução indicadora de amido.

Procedimento:

• Depois de realizado o procedimento acima para coleta e preservação da


amostra, acrescentar 2mL de solução de fluoreto de potássio (no caso de
amostra de água estuarina ou marinha não se acrescenta essa solução);
• Acrescentar em seguida 4mL de solução de ácido sulfúrico 1:1, com cuida-
do, fechar o frasco e agitar muito bem para dissolver completamente o ma-
terial precipitado;
• Transferir imediatamente 100mL para um Erlenmeyer, com auxílio de um
tubo de Nessler graduado ou pipeta volumétrica de 100mL;
• Titular a amostra com a solução de tiossulfato de sódio 0,0125N até a de-
tecção de cor amarelo palha, usando a solução de amido como indicadora;
• O ponto final da titulação é dado pelo primeiro desaparecimento da cor azul
característica;
• Expressão do resultado:
A concentração de oxigênio dissolvido é dada por:
V1 x 2 x Fc = mg/L OD
V1 = Volume gasto na bureta
Fc = fator de correção do tiossulfato de sódio;
Os resultados serão expressos em mg/L de oxigênio dissolvido.

9.4 Condutividade e Salinidade


A capacidade da água em conduzir a corrente elétrica pode ser expres-
sa numericamente pela condutividade/salinidade, que está relacionada
diretamente com as concentrações iônicas e temperatura. A condutivi-
dade indica a quantidade de sais presentes na água, fornecendo uma
medida indireta da concentração de poluentes e uma indicação das
modificações na composição do corpo d’água. Concentrações acima de
100µS/cm (micro Siemens/cm) geralmente indicam ambientes impac-
tados; valores altos podem também indicar características corrosivas
da água. Em ambientes salobros, estuarinos e no mar, a expressão do
resultado de condutividade é mS/cm (mili Siemens/cm).

ensaios em campo 245


A salinidade absoluta é a concentração de todos os íons dissolvidos na
água e, na prática, não pode ser medida diretamente, sendo necessária
a determinação da salinidade prática (S). É uma grandeza adimensio-
nal, sendo o termo 0/00 substituído por Sx10-3. A salinidade prática pode
ser determinada por métodos indiretos relacionados com medições de
propriedades físicas como condutividade, densidade, índice de refra-
ção (refratômetro), entre outros.

Esses dois tipos de ensaios (condutividade e salinidade) são realizados


preferencialmente em campo, diretamente no corpo d’água, ou por
meio de amostra coletada com equipamentos apropriados, como balde
de aço inox (na superfície) ou garrafa de van Dorn. No caso do emprego
de equipamento, a amostra é acondicionada em um frasco descartável
e a determinação pode ser realizada imediatamente após a coleta ou
encaminhada ao laboratório, caso não tenha o equipamento disponível
no momento da coleta.

A determinação da condutividade e salinidade é realizada com um con-


dutivímetro/salinômetro acoplado a uma sonda ou sensor (ou refratô-
metro para a salinidade), sendo que os procedimentos de ajustes dos
equipamentos eletrométricos devem ser realizados de acordo com as
recomendações e especificações técnicas do fabricante.

9.5 pH - Potencial Hidrogeniônico - Método Eletrométrico


O potencial hidrogeniônico (pH) é o cologaritimo da concentração de
íons hidrogênio em uma amostra, expresso em mol/L. Seu valor varia
de 0 a 14, onde água com pH menor que 7 é considerada ácida; com
valor acima de 7 é considerada básica ou alcalina; e, com valor igual a 7
é considerada como uma água neutra.

Quanto menor for o valor do pH de uma substância, maior é a concen-


tração de íons hidrônio (H3O+) e menor a concentração de íons OH-; o
inverso é verdadeiro para água básica ou alcalina.

A membrana do eletrodo separa dois meios de concentrações de pH


diferentes (faixa ácida e alcalina). Desenvolve-se entre os dois lados da
membrana uma diferença de potencial, que é proporcional à diferença
de pH entre os meios, sendo esta diferença medida pelo eletrodo de
medição contra uma referência.

246 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


A determinação de pH é realizada preferencialmente direto no corpo
d’água, quando possível, ou em uma amostra coletada com equipamen-
to apropriado, como balde de aço inox (superfície) ou com auxílio de
uma garrafa de van Dorn em profundidade.

É importante ressaltar que a determinação de pH deve ser realizada


com eletrodos específicos. Os procedimentos de ajustes dos
equipamentos eletrométricos devem ser realizados de acordo com as
recomendações e especificações técnicas do fabricante.

Procedimentos para ensaio de pH - método eletrométrico

• Coletar a amostra com auxílio de batiscafo na superfície ou com garrafa de


van Dorn, enchendo um frasco descartável;
• Ligar o phmetro (potenciômetro) e aguardar até que os valores se estabili-
zem, ou seja, não fiquem variando;
• Lavar os eletrodos com água deionizada e enxugá-los delicadamente com
papel absorvente;
• Calibrar o equipamento com as soluções padrão de pH, conforme orienta-
ção do fabricante;
• Retirar os eletrodos da solução padrão, lavá-los com água deionizada e
enxugá-los;
• Inserir os eletrodos na amostra coletada;
• Esperar os valores se estabilizarem e fazer a leitura do resultado;
• Retirar os eletrodos da amostra, lavá-los e deixá-los imersos em solução de
acordo com o manual do fabricante;
• Desligar o equipamento.
• Prazo máximo para este ensaio é de 15 minutos a partir do momento da
coleta de amostra.

9.6 Potencial Redox - Eh ou ORP - Método Eletrométrico


O potencial de oxidação e redução (ORP, do inglês “Oxidation Reduction
Potential”), é também conhecido como potencial Redox (Eh) e serve
para avaliar as reações químicas de um meio, através do equilíbrio
entre as reações de oxidação e redução.

A determinação do ORP é realizada com eletrodo específico, utili-


zando-se um medidor de pH (pHmetro), ajustado em mV (mili Volts).
Os procedimentos de ajustes devem ser realizados de acordo com as
recomendações e especificações técnicas do fabricante.

ensaios em campo 247


9.7 Temperatura da Água e Ar
A medição da temperatura da água na superfície pode ser realizada com
termômetro de imersão parcial, submergindo-o diretamente no corpo
d’água ou através dos sensores de temperatura dos equipamentos eletro-
métricos utilizados para os ensaios de pH, condutividade e oxigênio dissol-
vido ou termistores específicos disponíveis no mercado. Na impossibilida-
de de medir a temperatura diretamente no corpo d’água, realizar a medida
em um balde de aço inox com volume de 5 litros a 10 litros de amostra ou
frasco descartável imediatamente após a coleta.

Para a determinação da temperatura em profundidade, utilizar um dos


equipamentos eletrométricos citados acima, com sonda de profundi-
dade e sensor de temperatura, utilizando como resultado da medição o
valor expresso no display do equipamento.

A determinação de temperatura do ar pode ser realizada com os sen-


sores acima, mantendo o termômetro ou sensor na posição vertical,
evitando incidência direta da luz solar.

9.8 Transparência
A transparência da água é obtida com auxílio do disco de Secchi. Para
tanto, é necessário observar as seguintes condições, sempre que pos-
sível: o operador deve se posicionar de tal maneira que sua visão fique
vertical ao eixo central do disco; realizar a determinação em condições
de céu claro, preferencialmente à sombra, e selecionar um local com
pouca agitação ou ondas.

O disco é submerso no local onde será realizada a determinação até


seu desaparecimento do campo visual. Repetir a operação para certifi-
cação de que o disco está no seu limite de visualização e efetuar a me-
dição deste limite no cabo graduado de apoio do equipamento. Anotar
os resultados na ficha de coleta.

9.9 Turbidez - Método Nefelométrico


Turbidez é a redução da transparência de uma amostra aquosa devido
à presença de material em suspensão. O método utilizado para leitura
da turbidez é o nefelométrico que é um método secundário, indireto.
Baseia-se na determinação da intensidade de luz dispersa pela amos-
tra num ângulo de 90° em relação à direção da luz incidente, compara-
da com a intensidade de luz dispersa por uma suspensão-padrão.

248 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


A determinação da turbidez pode ser realizada em campo com o auxílio
de um turbidímetro e seus procedimentos de ajustes devem ser reali-
zados de acordo com as recomendações e especificações técnicas do
fabricante, ou encaminhada ao laboratório, caso não tenha o equipa-
mento disponível no momento da coleta. Anotar os resultados na ficha
de coleta.

9.10 Sólidos Sedimentáveis - Cone Imhoff


É todo material sólido que sedimenta por ação da gravidade em uma
amostra aquosa. A amostra para o ensaio de sólidos sedimentáveis não
requer preservação química e pode ser analisada em campo (ensaio
imediato) ou no laboratório em até, no máximo, 24 horas após a coleta.

Princípio do método
O método consiste na sedimentação, por ação da gravidade, dos sólidos
de densidade superior ao da água presentes na amostra.

ensaios em campo 249


Procedimentos para ensaio de sólidos sedimentáveis em campo ou
laboratório - método do cone Imhoff

Materiais:

• Cone Imhoff, de 1L, de vidro ou de plástico, com graduação;


• Bastão de vidro;
• Suporte com argola com Ø 80mm;
• Cronômetro;
• Interferentes:
– Amostras apresentando coloração muito intensa podem impedir a visua-
lização do sólido sedimentável;
– Amostras com alto teor de sólidos podem não apresentar sedimentação
visível no cone Imhoff.

Nota: Caso a fase sedimentada apresente heterogeneidade no momento da


leitura, cancelar a determinação e efetuar novo ensaio.

Determinação:

• Acondicionar o cone Imhoff no suporte;


• Homogeneizar e transferir aos poucos 1L da amostra para o cone Imhoff,
homogeneizando durante todo o processo de transferência;
• Deixar em repouso por 45 minutos;
• Com um bastão de vidro, deslocar delicadamente as partículas aderidas à
parede do cone com movimentos circulares, para que as mesmas possam
sedimentar;
• Deixar sedimentar por mais 15 minutos;
• Verificar o volume sedimentado, em mL/L.

Expressão dos resultados:

0,1mL/L a 2,0mL/L – uma unidade decimal


2,0mL/L a 10mL/L – múltiplos de 0,5
11mL/L a 40mL/L – números inteiros
42mL/L a 100mL/L – números inteiros pares
150mL/L a 1000mL/L – múltiplos de 50.

9.11 Medidores e Amostradores Automáticos


Nos primeiros projetos de monitoramento automático dos cursos d’água,
as medições eram realizadas por instrumentos mecânicos e os registros
efetuados em papel. Esses instrumentos, destinados à medição de grande-
zas hidrometeorológicas, determinavam as chuvas e as variações de nível

250 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


dos rios e reservatórios por meio de bóias e balanças que moviam peque-
nas engrenagens e deslocavam uma caneta registradora sobre um rolo de
papel contínuo. Os registros, em forma de gráfico, representavam as
variações do parâmetro medido, em função do tempo. Essa onerosa
forma de registro implicava necessidade de manutenção constante dos
equipamentos de medição, acionamento frequente dos mecanismos
por corda do relógio e reposição também frequente dos rolos de papel
e da tinta da caneta. Por fim, a transformação dos anagramas em dados
numéricos era realizada por leitura manual dos gráficos, com emprego
de réguas específicas, o que demandava uma carga de trabalho considerá-
vel para se dispor dos resultados necessários às análises dos dados.

O grande desenvolvimento tecnológico do monitoramento automático


foi determinado pela evolução dos processos eletroeletrônicos,
que possibilitaram a substituição dos movimentos mecânicos dos
sensores por impulsos elétricos. Os mecanismos de relojoaria deram
lugar a motores elétricos sincronizados, alimentados por baterias. Mais
recentemente, os progressos na área da informática propiciaram a
transformação dos impulsos elétricos em códigos digitais que podiam ser
gravados em dispositivos magnéticos com capacidade de armazenamento
gigantesca. Registradores virtuais de tempo sincronizados às leituras dos
dados dispensaram os sensores mecânicos, permitindo informar, para
cada dado coletado, a hora correspondente.

Atualmente, a telemetria dos dados gerados em campo às centrais de


gerenciamento por meio da transmissão por celular, satélite e rede
ethernet tem permitido acompanhamento operacional ininterrupto
das estações e postos de medição e a disponibilização quase que
imediata dos dados gerados ao público usuário.

9.11.1 Monitoramento Automático da Qualidade das Águas


Denomina-se automático o monitoramento que é realizado por
dispositivos capazes de determinar os parâmetros de interesse,
registrar, processar e, em sistemas mais sofisticados, interpretar os
dados de forma automática e sistemática, sem a necessidade constante
de supervisão por parte de um operador.

Como o monitoramento é constante e ininterrupto, permite detalhar


com mais precisão a evolução da qualidade da água ao longo de

ensaios em campo 251


períodos de interesse, com a identificação de eventos cíclicos ou
pontuais como, por exemplo, descargas de efluentes clandestinas, mau
funcionamento de estações de tratamento de efluentes, contribuições
difusas durante episódios de chuvas, etc. Esses eventos manifestam-
se em curtos intervalos de tempo e dificilmente seriam detectados em
monitoramentos convencionais nos quais a coleta de amostras dá-se
de forma manual.

Quando dotada de computador lógico programável (CLP) e modem,


uma estação de monitoramento automático pode transmitir os dados
gerados em tempo real, agregando uma série de recursos ao monito-
ramento e, no caso da estação possuir amostrador automático, coletar
amostras de água a qualquer momento.

Estações de monitoramento automático podem também integrar


sistemas de alerta, emitindo sinais de alarme para fax, celular (SMS)
ou computador na sala de controle à distância quando da ocorrência
de eventos críticos de qualidade da água. Esse sinal de alarme pode,
ainda, ser combinado ao acionamento automático de um amostrador
que passa a coletar amostras durante o evento.

Um software instalado no CLP comanda as operações da estação e mo-


nitora o próprio sistema, informando mau funcionamento ou defeito
nos dispositivos, permitindo realizar ajustes a distância.

Todo esse aparato tecnológico tem viabilizado a disseminação de


estações de monitoramento automático de qualidade das águas. As
determinações físicas, químicas e até biológicas são realizadas em
campo por equipamentos eletrométricos e sensores que geram sinais
elétricos, os quais são enviados a dispositivos dotados de memória
eletrônica. Esses dispositivos, conhecidos como data-loggers, são hoje
fundamentais para as estações de monitoramento, sendo capazes
de armazenar dados coletados durante semanas ou mesmo meses,
dependendo de sua capacidade e do intervalo de tempo entre medições.

Sensores específicos para cada ensaio são conectados aos diversos


canais de registro dos data-loggers. Cada um dos sensores fornece
uma determinada resposta eletrônica ao estímulo recebido durante
o contato com a água. As respostas são registradas periodicamente
para que, após a coleta dos dados armazenados com auxílio de um

252 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


extrator de dados ou computador portátil, haja a conversão em valores
numéricos.

Os ensaios medidos durante o monitoramento automático geralmen-


te incluem: pH, oxigênio dissolvido, potencial redox, temperatura, sa-
linidade, condutividade elétrica, turbidez, e nutrientes como amônia,
nitrato e cloreto. Sensores de ficocianina, ficoeritrina e clorofila foram
disponibilizados recentemente no mercado. As determinações de fós-
foro, nitrogênio, toxicidade, demanda bioquímica de oxigênio (DBO),
demanda química de oxigênio (DQO) e carbono orgânico total (COT)
compõem a lista de ensaios que necessitam de equipamentos e es-
tações mais sofisticadas tecnicamente. A determinação de outros
parâmetros em laboratório para complementar o monitoramento
é possível mediante a coleta de amostras por amostradores auto-
máticos. Esses amostradores são constituídos de: a) interface di-
gital para programação da amostragem; b) dispositivo de coleta de
amostras e bico dosador e c) compartimento refrigerado onde as
amostras ficam acondicionadas em frascos cuja quantidade é bastante
variável, dependendo do modelo do equipamento e da estratégia ope-
racional adotada. A amostragem pode ser programada para ocorrer de
forma simples ou composta em cada frasco, além de se estabelecer o
intervalo de tempo entre amostragens. Dessa forma, a amostra colhida
em cada frasco estará associada a uma data e hora inicial e final. Após
o preenchimento, os frascos são encaminhados ao laboratório para as
análises de interesse.

Um exemplo de monitoramento automático é o realizado pela Com-


panhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) em algumas regi-
ões dentro do seu Monitoramento de Qualidade das Águas. Os dados
são registrados a cada minuto e enviados por telemetria baseada em
celular a uma Central de Gerenciamento localizada em sua sede na
capital paulista, permitindo o acompanhamento online da qualidade
das águas nos corpos monitorados. Essas estações funcionam como
minilaboratórios, onde a aparelhagem analítica para a determina-
ção de pH, temperatura, oxigênio dissolvido, condutividade elétrica
e turbidez fica abrigada em um container (Fig. 89). A água é amos-
trada continuamente por uma bomba de recalque instalada submersa
em uma estrutura metálica flutuante que acompanha as variações de
nível d´água e permite que a amostragem ocorra sempre a uma mesma
profundidade (Fig. 90).

ensaios em campo 253


(a) (b)

Figura 89. Vista interna do container de uma Estação Automática de Monitoramento: (A)
Em primeiro plano o amostrador automático refrigerado e, ao fundo, o gabinete onde estão
instalados o CLP e os medidores de pH, OD, temperatura e condutividade elétrica; (B)
Turbidímetro (Foto: Luis Altivo Carvalho Alvim/CETESB).

(b)

(a)

Figura 90. Vista da Estação Automática de Monitoramento Rasgão, localizada no rio Tietê em
Pirapora do Bom Jesus – SP: (A) Vista da estrutura metálica flutuante que suporta a bomba de
recalque; (B) Container (Foto: Luis Altivo Carvalho Alvim/CETESB).

254 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


As estações contam, ainda, com linígrafos que registram a variação do
nível d´água e amostradores automáticos refrigerados para aciona-
mento por alarme ou pelo operador mediante programação in loco.

Os dados transmitidos à Central de Gerenciamento são inseridos em


banco de dados e validados antes de serem disponibilizados aos públi-
cos interno e externo.

As estações automáticas exigem visitas de manutenção com frequência


pré-determinada, variando de semanal a mensal, durante as quais é
realizada a verificação de todos os equipamentos (válvulas, medidores,
módulos de lavagem automática, amostrador), limpeza das células e
sensores, calibração e aferição dos medidores, extração de dados do
CLP, além da lavagem do conjunto flutuante-bomba e tubulação de
recalque para garantir a fidelidade da água amostrada.

Mais recentemente, as sondas multiparâmétricas têm sido utilizadas


para o monitoramento automático contínuo ou temporário de corpos
d’água. Essas sondas têm formato cilíndrico da ordem de 10 cm de
diâmetro e 50 cm de altura e exigem para sua instalação somente um
suporte do tipo mão-francesa dotado de roldana com corda ou cabo de
aço para ajuste da profundidade de imersão da mesma, devidamente
apoiado na margem do corpo d’água ou instalado na extremidade de
um pier. No caso de reservatórios ou represas, as sondas podem ser
instaladas em estruturas flutuantes apoitadas. A alimentação elétrica
da sonda é garantida por baterias internas suficientes para períodos
extensos de medição, dependendo da frequência de determinação
e registro programada. A telemetria dos dados pode ser realizada de
forma análoga à de uma estação convencional. Esse tipo de equipamento
tem experimentado rápida evolução tecnológica nos últimos anos,
podendo-se encontrar no mercado sensores para determinação de
quase todos os parâmetros citados anteriormente.

O uso de sondas multiparâmetro constitui, dessa forma, alternativa inte-


ressante a ser considerada no projeto de redes de monitoramento automá-
tico da qualidade de corpos d’água. Esses equipamentos são tecnicamente
confiáveis e exigem infra-estrutura mais simples para a sua instalação em
comparação às estações automáticas convencionais, compostas de con-
tainer e sistema de bombeamento, o que implica custos menores tanto na
implantação quanto na manutenção ao longo de sua vida útil.

ensaios em campo 255


Determinação de Cloro
residual - Foto - Carlos
Jesus Brandão
capítulo 10
10 MEDIÇÃO DE VAZÃO

Cada vez mais se tem reconhecido a importância da interpretação con-


junta dos dados de quantidade (vazão) e qualidade. A informação de
vazão de um corpo d´água ou despejo de efluentes, aliada aos dados
de qualidade, possibilita o cálculo das cargas poluidoras, expressas em
quantidade no tempo, geralmente kg/dia ou t/ano. Em se tratando de
um processo industrial, a vazão permite determinar o balanço de mas-
sa no sistema para determinado elemento.

Para a medição de vazão é necessária equipe técnica treinada e apta a


fazer uso de vários métodos e dispositivos, dependendo de uma série
de fatores, tais como: objetivo da medição; porte do curso de água;
tipo, variabilidade e regime do escoamento; acessibilidade ao local;
recursos técnicos, humanos e econômicos e tempo, disponíveis.

A vistoria prévia do local é imprescindível e indicará o método de me-


dição mais adequado. Nessa etapa, pode ser necessário que o técnico
de campo estime a vazão por métodos simples, como o volumétrico ou
com uso de flutuadores.

Saliente-se que embora a determinação da vazão não seja atividade


do coletor de amostras, o mesmo pode contribuir de forma simples
e rápida para a sua determinação. Nos locais de amostragem pró-
ximos de um posto fluviométrico dotado de réguas limnimétricas,
basta ao coletor realizar a leitura da régua e registrá-la em sua ficha
de coleta. Mediante parceria com a entidade responsável pelo pos-
to, essa leitura pode ser facilmente transformada no valor da vazão
do momento da coleta.

medição de vazão 257


10.1 Medição de Vazão em Canais Abertos
Rios, córregos e ribeirões constituem canais abertos cujas vazões
podem ser determinadas por vários métodos, podendo-se citar como
os principais:

• volumétrico;
• com flutuadores;
• convencional com molinete hidrométrico;
• acústico;
• traçador;
• com dispositivos de geometria regular.

A medição de vazão em canais abertos considera parâmetros caracte-


rísticos da seção de interesse, relacionados:

• à geometria da seção: área molhada, largura superficial, profundi-


dade, dentre outros;
• ao escoamento: distribuição de velocidades da massa líquida na seção.

Esses parâmetros variam com o nível d´água, cuja leitura é realizada


com a instalação de réguas limnimétricas na seção (Fig. 91), e podem
ser definidos como:

• Área molhada: área da seção transversal ocupada por água e


expressa em metros quadrados;
• Largura superficial: comprimento da linha horizontal da área
molhada, expressa em metros;
• Profundidade: distância da superfície livre de água ao leito, podendo
ser dada em termos da média, máxima e em determinada vertical.

258 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Figura 91. Réguas Limnimétricas (Foto: Luis Altivo Carvalho Alvim/CETESB).

10.1.1 Método Volumétrico


O método volumétrico consiste em se medir o tempo necessário para
o enchimento de um reservatório de volume conhecido. Um balde ou
tambor pode ser usado no caso de pequenas vazões, mas o conceito
pode ser ampliado para o reservatório de uma usina hidrelétrica.

Quando aplicável, o método será tão mais preciso quanto forem o volu-
me do reservatório e o tempo medido para completá-lo. Em função do
tempo de reação inerente ao ser humano na cronometragem, não de-
vem ser escolhidos recipientes que impliquem tempos de enchimento
muito curtos, recomendando-se, no mínimo, 100 segundos.

A vazão será obtida pela divisão do volume coletado pelo tempo medido.

10.1.2 Medição com Flutuadores


A estimativa da velocidade com o uso de flutuadores é uma alternativa
simples e rápida, mas com precisão limitada. Recomenda-se escolher
um trecho de curso d´água retilíneo que apresente margens paralelas,
declividade do leito constante e profundidade uniforme no sentido
longitudinal.

medição de vazão 259


Esse método é aceitável somente nos seguintes casos:

• Ocorrência de cheias com velocidades e profundidades impediti-


vas ao uso de embarcação para medição com molinete;
• Escoamentos com velocidades extremamente baixas em que o uso
de molinete seja inviável.

O flutuador é posicionado no meio do rio ou canal, permitindo-se que


ele percorra um pequeno trecho antes de se iniciar a cronometragem.
Dessa forma, o objeto adquirirá, praticamente, a mesma velocidade da
água que o circunda. A velocidade superficial é obtida dividindo-se a
distância percorrida pelo tempo medido. A velocidade média na seção
é estimada multiplicando-se a velocidade superficial pelo fator 0,85.

Estimando-se a área da seção transversal de escoamento, a vazão será


calculada como o produto dessa área pela velocidade média de escoa-
mento.

10.1.3 Método Convencional com Molinete Hidrométrico


O método convencional de medição de vazões com molinete hidromé-
trico é bastante utilizado e serve de referência aos demais métodos,
consistindo em se determinar a área molhada e a velocidade média na
seção transversal de interesse, obtendo-se a vazão como o produto
dessas duas grandezas.

Para que sejam consideradas as variações da geometria do leito e a


distribuição de velocidades da massa líquida, a seção é dividida em um
número significativo de subseções delimitadas por verticais - linhas
imaginárias contidas no plano da seção transversal e perpendiculares à
superfície livre de água. A distância entre verticais depende da largura
do rio. O extinto Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica
– DNAEE, hoje Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, reco-
mendava as distâncias entre verticais relacionadas na tabela 09.

260 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Tabela 9. Distância recomendada entre verticais

Largura do rio (m) Distância entre verticais (m)

≤3 0,30

3-6 0,50

6 – 15 1,00

15 – 30 2,00

30 – 50 3,00

50 – 80 4,00

80 – 150 6,00

150 – 250 8,00

≥ 250 12,00

Fonte: DNAEE, 1967 apud Santos et al, 2001.

É importante tomar nota do nível d´água ao início e final dos trabalhos,


sendo desejável que o mesmo não se altere excessivamente durante a
medição, aceitando-se uma variação de até 6cm.

Em cada vertical, é realizada a medição da profundidade (p). Calculan-


do-se a profundidade média de cada subseção e multiplicando pela sua
largura, tem-se a área. A soma dessas áreas constituirá a área molhada
da seção.

Concomitantemente, são medidas as velocidades com molinete


hidrométrico (Fig. 92) em diferentes profundidades de cada vertical,
de forma se obter a velocidade média. No Brasil, normalmente
é empregado o método simplificado ou dos dois pontos para a
determinação da velocidade média:

• se p < 0,60m, a velocidade é medida em um ponto da vertical a 0,6p;


• se p ≥ 0,60m, a velocidade é medida em dois pontos a 0,2 e 0,8p.

medição de vazão 261


Figura 92. Molinete Hidrométrico (Foto: Luis Altivo Carvalho Alvim/CETESB).

O molinete hidrométrico é constituído de um eixo ao qual é acoplada


uma hélice calibrada e um contato elétrico que aciona um contador de
rotações. O número de rotações por segundo dessa hélice correlacio-
na-se à velocidade da massa líquida por meio de uma equação forneci-
da pelo fabricante do equipamento.

É importante observar que cada hélice apresenta medidas válidas


para determinada faixa de velocidades. No caso de velocidades muito
baixas, deve-se fazer uso de mini e micromolinetes (Figs. 93 e 94).

Figura 93. Minimolinete Hidrométrico (Foto: Luis Altivo Carvalho Alvim/CETESB).

262 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Figura 94. Micromolinete Hidrométrico (Foto: Luis Altivo Carvalho Alvim/CETESB).

O procedimento mais utilizado no Brasil para o cálculo da vazão é o da


Meia Seção, segundo o qual vazões parciais são calculadas para cada
subseção com uma vertical ao centro e delimitada pelas semidistân-
cias às verticais adjacentes. Dessa forma, a área de cada subseção será
dada pelo produto da soma das semi-distâncias pela profundidade da
vertical. Multiplicando-se essa área pela velocidade média na vertical,
tem-se a vazão parcial nessa subseção. A soma dessas vazões parciais
resultará na vazão total da seção.

A seção de medição deve ser escolhida com critério, de forma a que os


seguintes requisitos sejam atendidos:

• Deve situar-se em trecho retilíneo do rio;


• Deve ser a mais regular possível, sem obstáculos - blocos de pedra,
bancos de areia, dentre outros - no fundo e nas margens;
• Não devem ser observadas zonas de estagnação ou de remanso,
bem como de deflexão da corrente.

Uma seção com as características citadas apresenta uma desejável dis-


tribuição paralela de velocidades. Não há necessidade de coincidência
com a seção de réguas limnimétricas, desde que inexista contribuição
importante entre elas, sejam afluentes naturais ou despejos.

A medição de vazão em pequenos cursos d´água onde a profundidade


é inferior a 1 metro requer poucos equipamentos: molinete, haste
graduada de fixação, contador de rotações e trena ou cabo de aço
graduado. Nesse caso, a medição pode ser feita a vau - o operador

medição de vazão 263


posiciona-se dentro do leito d´água - ou a partir de pequenas pontes.
A seção é demarcada com cabo de aço graduado ou trena esticada de
margem a margem para servir de referência ao posicionamento do
molinete nas verticais.

Em se tratando de rios maiores, com profundidades acima de 1m e/


ou largura superior a 10m, a medição é normalmente realizada com
embarcação a partir da qual o molinete é lançado. Um cabo de aço graduado
é esticado de uma margem a outra e servirá de suporte para o deslocamento
do barco e para o posicionamento das verticais. Para garantir a verticalidade
do molinete, é utilizado abaixo do mesmo um lastro com forma hidrodinâmica
e com peso proporcional à velocidade da água, podendo variar de 10 a 150kg.
O conjunto molinete-lastro é suportado por cabo de aço especial - possui no
centro um fio que envia os impulsos correspondentes às rotações da hélice
do molinete - preso a um guincho hidrométrico (Fig. 95). Esse guincho é
firmemente fixado à embarcação e é constituído de tambor dotado de
manivela com engrenagem e trava de segurança.

Figura 95. Guincho Hidrométrico (Foto: Luis Altivo Carvalho Alvim/CETESB).

A escolha da embarcação adequada é um item importante a ser con-


siderado devido à sua relação direta com a segurança do pessoal e de
todo o equipamento. A análise deve contemplar a estabilidade, borda
livre e potência do motor. Entretanto, quanto maior a embarcação,
maiores serão o espaço necessário para manobra e as dificuldades para
transporte por via terrestre e colocação na água.

264 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


10.1.4 Método Acústico
O método acústico utiliza os equipamentos denominados perfiladores
acústicos de corrente por efeito doppler ou, em inglês, acoustic doppler
current profiler, mais conhecidos pela sigla ADCP (Fig. 96). A aplicação
desse método teve início nos EUA na década de 1980 e, já na década
de 1990, chegou ao Brasil, onde vem se difundindo nas instituições que
desenvolvem trabalhos de hidrometria.

Figura 96. Perfilador Acústico de Corrente por Efeito Doppler ou ADCP (Foto: Luis Altivo
Carvalho Alvim/CETESB).

Esse tipo de equipamento emite pulsos de ultrasom que são refletidos


pelas partículas sólidas em suspensão na massa líquida e pelo fundo.
Na prática, o aparelho é afixado na lateral da embarcação e conectado
a um notebook onde é instalado o software fornecido pelo fabrican-
te. Então, são realizadas, no mínimo, duas travessias da seção do rio,
quando são registrados, simultaneamente: perfil de fundo ou batime-
tria; perfis e direções de velocidade e a trajetória descrita pelo barco.
O próprio software encarrega-se de registrar e processar as informa-
ções colhidas e calcular a vazão total na seção.

medição de vazão 265


O ADCP é um equipamento que apresenta inúmeras vantagens em
relação ao molinete, dentre as quais:

• Medição de vazão em grandes profundidades, podendo chegar a


mais de 200m;
• Uso em oceanografia, onde a velocidade e direção das correntes
variam consideravelmente;
• Maior precisão na determinação das velocidades e profundidades;
• Medições mais rápidas, com menos equipamentos embarcados,
dispensando-se o uso de cabo de aço na seção e lastro;
• Obtenção da vazão imediatamente ao final das travessias.

Por outro lado, podem ser apontadas como desvantagens ou limita-


ções do ADCP:

• Necessidade de capacitação técnica dos operadores em informáti-


ca para a operação do equipamento em campo e interpretação dos
dados fornecidos pelo software em tempo real;
• Custo relativamente elevado de aquisição;
• Inadequação para medição de vazão em águas cristalinas ou com
turbidez muito baixa;
• Como a medição é realizada com o aparelho parcialmente
submerso e tem início e fim a certa distância das margens, na
camada superficial e nas duas extremidades da seção a vazão não é
medida, sendo apenas estimadas as velocidades;
• Como a medição é realizada com o aparelho parcialmente submer-
so, corpos d´água muito rasos não admitem o método.

Estudos comparativos entre dados de vazão obtidos pelos métodos


convencional e acústico têm demonstrado uma correlação bastante
elevada, sem tendência de um método apresentar resultados sistema-
ticamente superiores ou inferiores a outro.

10.1.5 Método do Traçador


Denomina-se método do traçador à injeção, em determinado ponto do
rio, de uma solução de produto químico de concentração conhecida e
relativamente elevada. A medição da concentração na água será reali-
zada com um salinômetro ou condutivímetro.

266 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


De forma análoga, pode-se utilizar como traçador material fluorescen-
te (normalmente fluoresceína ou rodamina) ou radioisótopo em solu-
ção. Para a determinação da fluorescência, utiliza-se um equipamento
denominado fluorímetro e no caso de se optar pelo uso de radioisó-
topos em solução, a atividade radioativa será medida diretamente em
campo com um detector cintilador.

(a) Injeção contínua


O procedimento de injeção contínua de uma vazão constante baseia-
se no princípio de que a diluição sofrida pela solução injetada será
diretamente proporcional à vazão do corpo d´água. Dessa forma, a uma
distância a jusante suficiente para que a mistura solução-água do rio
esteja completa, será medida a concentração do traçador adicionado
na água.

A vazão do corpo d´água será dada por:

onde:

Q = vazão do rio (m3/s)


q = vazão injetada de solução (L/s)
Cs = concentração da solução (g/L)
Cr = concentração na água do rio (mg/L)
A escolha do traçador deve levar em consideração diversos aspectos,
dentre os quais:

• custo;
• alta solubilidade em água;
• baixa corrosividade e toxicidade;
• ausência na água do rio;
• decaimento da atividade ao longo do tempo do estudo, no caso de
material radioativo.

(b) Integração
O procedimento de integração ou injeção instantânea ocorre quando
um volume conhecido de solução é despejado em determinado ponto do
rio e, numa seção a jusante onde a mistura completa já tenha ocorrido,
amostras são tomadas durante todo o tempo de passagem da solução.

medição de vazão 267


A vazão será dada pela equação seguinte, onde a concentração do tra-
çador das amostras é integrada no tempo:

onde:

Q = vazão do rio (m3/s)


V = volume de solução despejado (L)
Cs = concentração da solução (g/L)
Cr = concentração variável do traçador na água do rio (mg/L)
T = tempo de passagem da solução pela seção de amostragem (s).
Nessa variante do método do traçador, é importante que nenhuma
parcela da solução despejada seja retida em pontos de remanso ou de
água parada.

10.1.6 Medição com Dispositivos de Geometria Regular


Os dispositivos de geometria regular, como as calhas Parshall e
os vertedores, são utilizados para medição de vazão devido ao
fato de as relações cota-vazão serem conhecidas. Uma vez que as
dimensões desses dispositivos são padronizadas, elas podem ser
facilmente reproduzidas em campo, mantendo-se as equações
determinadas em laboratório.

Esses dispositivos aplicam-se à medição de pequenas vazões, no máxi-


mo 5m3/s.

(a) Calha Parshall


A calha Parshall (Fig. 97) é um exemplo de canal de controle utilizado
para medições contínuas de descarga e não requer caixa de tranquili-
zação a montante.

Suas principais desvantagens são a maior complexidade construtiva e


o custo elevado. Por outro lado, apresenta as seguintes vantagens em
relação aos vertedores:

• não altera significativamente as condições naturais do corpo d´água,


como a circulação de sedimentos, nutrientes e vida aquática;
• uma única estrutura permite medir uma ampla faixa de vazões.

268 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


(a)

(b)

Figura 97. Calha Parshall: (A) Vista superior em corte de uma calha Parshall; (B) Vista lateral
em corte longitudinal de uma calha Parshall (Fonte: CETESB, 1988).

A vazão é dada por:

Q = 2,2 . W . Ha 3/2 onde:

Q = vazão (m3/s)
W = largura da garganta (m)
Ha = carga na seção convergente (m)

O coeficiente de descarga adimensional 2,2 é válido para 0,30 < W < 2,45.

Os símbolos utilizados pelas disposições construtivas são interrelacionados


e estão contidos nos manuais de Hidráulica. A largura da garganta é o
tamanho nominal do Parshall e as demais dimensões dependem desse
valor. A equação mostrada somente pode ser aplicada se a calha apresentar
a veia de jusante - medida por Hb – com escoamento livre.

(b) Vertedores de soleira delgada


Um vertedor de soleira delgada consiste em uma placa fina que inter-
cepta transversalmente o fluxo d´água, provocando uma elevação a
montante e vertendo para jusante. Os vertedores de parede delgada

medição de vazão 269


(Fig. 98) distinguem-se dos de soleira espessa pela largura da soleira.
Se for possível observar paralelismo dos filetes na soleira, o vertedor é
dito de soleira espessa.

(a) (b)

Figura 98. Vertedores de parede delgada: (A) Soleira delgada; (B) Soleira espessa (Fonte:
CETESB, 1988).

O formato do recorte na placa por onde a água escoa - triangular,


retangular, trapezoidal e outros - determina o tipo de vertedor e a
formulação estabelecida para o cálculo da vazão, conforme mostrado
na Figura 99.

(a)
Q = 1,84 . L . H3/2 onde:
Q = vazão (m3/s)
L = largura da crista (m)
H = carga (m)

(B)
Q = 1,84 . L . H3/2 onde os símbolos
têm significado idêntico ao acima

(C)

Q = 1,4 . H5/2 se o angulo for de 90°;


os demais símbolos idênticos aos
acima

Figura 99. Vertedores de parede delgada: (A) Vertedouro retangular e cálculo da vazão; (B)
Vertedouro trapezoidal e cálculo da vazão; (C) Vetedouro triangular ou em “V” e cálculo da
vazão (Fonte: CETESB, 1988).

270 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Os coeficientes de vazão (1,84; 1,86; 1,4) variam em função do
vertedor. Os valores de L e X são dados em função de Hmax , que é a
altura máxima da lâmina d’água em metros, descontado o bordo livre,
isto é: L é pelo menos 3 Hmax , X é pelo menos 2 Hmax.
Como forma de tornar o escoamento a montante do vertedor o mais
regular possível, pode-se instalar uma caixa de tranquilização (Fig.
100 e 101). As dimensões da caixa podem variar para se adaptar às
condições reinantes em cada local, desde que resultem em escoamento
tranquilo. Adicionalmente, podem ser instaladas chicanas antes da
lâmina do vertedor.

Figura 100. Caixa de tranquilização com vertedor interno (Fonte: CETESB, 1988).

medição de vazão 271


Figura 101. Caixa de tranquilização – corte longitudinal (Fonte: CETESB, 1988).

10.2 Medição de Vazão com Dispositivos Instalados


em Tubos
A seguir são apresentados os dispositivos medidores de vazão instalados
em tubos, com seus desenhos esquemáticos e formulação básica. São
eles: Medidor Venturi (Fig. 102), bocais e orifícios (Fig. 103), tubo de Pitot
(Fig. 104), medidor magnético (Fig. 105) e rotâmetro (Fig. 106).

10.2.1 Medidor Venturi

Figura 102. Medidor Venturi (Fonte: CETESB,1988).

272 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


, onde:

Q = vazão (m3/s)
A = área da garganta (m2)
H = carga diferencial de pressão (m)

d1 = diâmetro do tubo (m)


d2 = diâmetro da garganta (m)
g = aceleração da gravidade (9,81m/s2)
Obs.: O coeficiente 0,98 já considera o fato de haver mercúrio no
manômetro.

10.2.2 Medição com Bocais e Orifícios

Figura 103. Bocais e orifícios para medição de vazão (Fonte: CETESB, 1988).

medição de vazão 273


onde:

A = área da seção (m2)


Q = vazão (m3/s)
C = coeficiente de vazão adimensional para cada tipo de orifício ou bocal
K = 4,42
H = H1 – H2 , carga hidráulica (mca)

Os bocais distinguem-se dos orifícios e dos tubos a partir da relação


entre comprimento e diâmetro (d). Esta relação também influi nos coe-
ficientes de vazão e na velocidade do escoamento, se o orifício estiver
instalado em uma canalização.

10.2.3 Tubo de Pitot

Figura 104. Tubo de Pitot (Fonte: CETESB, 1988).

Q = S . V, onde:
Q = vazão (m3/s)
S = área da seção (m2)
V = velocidade média na seção (m/s)
onde:
g = aceleração da gravidade (9,81m/s2)
H = P2 – P1 (mca)

274 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


A velocidade média na seção é obtida variando-se a posição do bocal.
Genericamente, a velocidade média oscila entre 0,5 e 0,8 da velocidade
no eixo.

10.2.4 Medidor Magnético

Figura 105. Medidor Magnético (Fonte: CETESB, 1988).

Q = Vv . VT . B, onde:
Q = vazão
Vv = voltagem induzida e proporcional a Vm
Vm = velocidade média
VT = a voltagem Vv amplificada é levada a um compensador, a corrente
alternada é transformada em contínua e levada ao multiplicador e
conduzida ao acumulador cuja leitura indica VT.

B = característica da seção transversal do conduto (diâmetro)

A formulação é equivalente a Q = Vm.F, que pode ser obtida por leitura


direta do equipamento calibrado.

medição de vazão 275


O medidor magnético pode ser instalado externamente a uma
canalização, embora os eletrodos entrem em contato com o líquido.

10.2.5 Rotâmetro

Figura 106. Rotâmetro (Fonte: CETESB, 1988).

onde:

Q = vazão
K = coeficiente de descarga (fluidos teóricos e reais)
= relação entre diâmetro do tubo medidor e do flutuador
Df = diâmetro do flutuador
F = força que atua no flutuador, dependendo da diferença de densida-
de entre flutuador e líquido
φ = densidade do líquido

276 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


O rotâmetro é utilizado em líquidos claros e limpos. É um equipamento
preciso e de baixo custo, sendao a vazão obtida por leitura direta no
tubomedidor, já graduado de forma conveniente.

10.3 Medição de Vazão em Tubos com Descarga Livre


A vazão em tubos com descarga livre pode ser obtida a partir do
método das coordenadas geométricas do jato (Figs. 107 e 108) e
método Califórnia (Figs. 109, 110 e 111).

10.3.1 Método das Coordenadas Geométricas do Jato

Figura 107. Método dasCoordenadas Geométricas do Jato: (A)Vista em corte longitudinal do tubo;
(B) Detalhe do corte frontal do tubo (Fonte: CETESB, 1988).

onde:

Q = vazão (m3/s)
A = área da seção molhada (m2)
X = distância na horizontal (m)
Y = distância na vertical (m)

medição de vazão 277


Y = c + b (m)
c = profundidade na canalização (m)
b = distância do fundo do conduto até a superfície do líquido que escoa (m)

O coeficiente 2,21 é obtido a partir do equacionamento hidráulico,


considerando a veia fluída em escoamento sob ação da gravidade.

Para conduto ou canalização inclinada (Fig. 108), o dispositivo deve


ser ajustado à inclinação do conduto e calibrado, podendo então ser
acoplado à extremidade do conduto. Recomendase sua utilização para
ângulos de inclinação pequenos.

Figura 108. Aplicação do Método das Coordenadas Geométricas do Jato a canalizações


inclinadas (Fonte: CETESB, 1988).

10.3.2 Método Califórnia


O Método Califórnia é indicado para condutos horizontais (Fig. 109).
No caso de condutos inclinados, estes devem ser ligados a um compri-
mento de tubo horizontal por meio de uma mangueira, como ilustrado
na Figura 110.

278 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


(a) (b)

Figura 109. Método Califórnia: (A) Detalhe do corte frontal do tubo; (B) Vista em corte
longitudinal do tubo (Fonte: CETESB, 1988).

Q = K . h1,88, onde:

Q = vazão (L/s)
K = coeficiente de descarga que depende das características do conduto (m)
K = 0,057 + 0,01522 d (cm)
d = diâmetro do conduto (cm)
h = altura da lâmina d’água (cm)
h = d – a (m)
a = altura do conduto não tomada pelo líquido (cm)

Figura 110. Método Califórnia para condutos inclinados (Fonte: CETESB, 1988).

Existe também o Método Califórnia Modificado, que é uma adaptação


aos tubos cheios horizontais ou inclinados (Fig. 111). O ângulo pode
variar, mas o valor de Y é fixo e igual a 0,25m. O valor 12,5 é obtido

medição de vazão 279


algebricamente a partir do equacionamento, considerando escoamento
sob ação da gravidade.

(A)

(b)

Figura 111. Método Califórnia Modificado: (A) Tubo horizontal; (B) Tubo inclinado (Fonte:
cetesB, 1988).

Q = 12,5 . X . D2, onde:

Q = vazão (L/h)
X = L = comprimento na horizontal (cm)
D = diâmetro interno do tubo (cm)
Y = distância na vertical (m)

280 Guia NacioNal de coleta e Preservação de amostras


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288 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


anexos

anexo 1 - PROCEDIMENTOS PARA O ARMAZENAMENTO E


PRESERVAÇÃO DE AMOSTRAS POR ENSAIO

A seguir, encontram-se listadas as recomendações e orientações de


como realizar o acondicionamento, preservação e armazenamento das
amostras por ensaio e demais cuidados que devem ser tomados por
ocasião da coleta. Informações mais detalhadas sobre procedimentos
específicos podem ser obtidas nos Capítulos 6 a 10.

Nas tabelas a seguir apresentamos:

• a classe da amostra (A - amostra de água tratada; B - amostra de


água bruta; C - amostra de água residuária; D - amostras de solo,
sedimento, lodo, material sólido de dragagem, resíduo sólido e
semi-sólido em geral; E - amostra de material biológico);
• o tipo do recipiente que deve ser utilizado para conter a amostra
coletada;
• a quantidade de amostra;
• o volume ou massa suficiente para a realização do ensaio;
• a preservação e os cuidados necessários para garantir a estabilida-
de dos constituintes da amostra;
• o armazenamento;
• o procedimento que deve ser seguido para garantir a validade até o
momento do ensaio;
• o prazo de validade, e
• o tempo máximo de estocagem permitido para a realização do
ensaio a partir do momento da coleta.

Os ensaios que utilizam o mesmo tipo de preservação podem ser enca-


minhados para o laboratório de análise em um único recipiente e estão
agrupados na mesma linha nas tabelas a seguir. Por exemplo: cloreto,
fluoreto, nitrato, nitrito e sulfato.

bibliografia 289
É importante destacar a necessidade de manter-se atualizado sobre
os procedimentos para coleta dos diferentes ensaios, consultando
periodicamente a bibliografia recente e os responsáveis técnicos
dos laboratórios. Informações adicionais sobre armazenamento e
preservação de amostras podem ser obtidas no “Standard Methods for
the Examination of Water and Wastewater” (APHA), e em publicações
da U. S. Environmental Protection Agency”(USEPA), entre outros.

Os prazos de validade estabelecidos para as análises físico-químicas


nas tabelas a seguir (exceto para sulfeto) são os prazos mais restritivos
citados nas bibliografias acima para garantir a integridade da amostra.

290 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Tabela A1. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios físico-químicos inorgânicos - Água e Sedimento

anexos
Classe da Recipiente Quantidade Prazo de
Ensaio Preservação Armazenamento
Amostra (1) de Amostra Validade (2)

Resfriamento Refrigeração a
Acidez A, B P, VB 250mL 24h
(em gelo) 4ºC ± 2ºC

Resfriamento Refrigeração a
Alcalinidade A, B P, V 250mL 24h
(em gelo) 4ºC ± 2ºC

NaOH 10 M até pH>12 Refrigeração a


Cianeto total e Resfriamento (em gelo) 4ºC ± 2ºC
A, B, C P, V 250mL 24h
Cianeto livre Manter ao abrigo
da luz Manter ao abrigo da luz

PP 250g Resfriamento Refrigeração a


Cianeto D 7 dias
(500mL) (aproximadamente) (em gelo) 4ºC ± 2ºC

Cloreto, Cloreto, Fluoreto e


Resfriamento
Fluoreto, Refrigeração a Sulfato - 28 dias
A, B, C P 250mL (em gelo)
Nitrato, Nitrito, 4ºC ± 2ºC Nitrato e
Sulfato Nitrito – 48h

Cloro residual
total e livre (em A - - - - Ensaio imediato
campo)

Resfriamento Refrigeração a
Condutividade A, B, C P, V 250mL 28 dias
(em gelo) 4ºC ± 2ºC

Condutividade
A, B, C - - - - Ensaio imediato
(em campo)

Continua...

291
292
Tabela A1. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios físico-químicos inorgânicos - Água e Sedimento (continuação)
Classe da Recipiente Quantidade Prazo de
Ensaio Preservação Armazenamento
Amostra (1) de Amostra Validade (2)

Cor, Resfriamento Refrigeração a


A, B P, V 250mL 48h
Turbidez (em gelo) 4ºC ± 2ºC

Cromo Resfriamento Refrigeração a


A, B, C P LE, V LE 250mL 24h
hexavalente (em gelo) 4ºC ± 2ºC

Eh (em
B, C, D - - - - Ensaio imediato
campo)

PP 700g Temperatura ambiente


Granulometria D Não requerida 6 meses
(700mL) (aproximadamente) Manter ao abrigo da luz

Adicionar HNO3 1+1


Metais Metais, Arsênio,
até pH<2
(exceto cromo Selênio, Antimônio
Refrigeração a
hexavalente), A, B, C P LE, V LE 250mL e Dureza - 6 meses
Resfriamento 4ºC ± 2ºC
Semimetais e Boro e
(em gelo)
Dureza Mercúrio - 28 dias

Metais e PP LE 250g Resfriamento Refrigeração a


D 6 meses
semimetais (500 mL) (aproximadamente) (em gelo) 4ºC ± 2ºC

Metais
Refrigeração a
dissolvidos A, B, C P LE, V LE 100mL (3) Resfriamento (em gelo) 6 meses
4oC ± 2ºC
(solúveis)

(4)
Ortofosfato A, B, C P, V 250mL Resfriamento Refrigeração a 48 h
(em gelo) 4ºC ± 2ºC

Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Oxigênio
1mL de sulfato mangano-
dissolvido

anexos
A, B, C VDBO 300mL so + 1mL de azida sódica Não requerido 8h
(Método de
Sem resfriamento
Winkler)

Oxigênio
dissolvido A, B, C - - - - Ensaio imediato
(em campo)

Nitrogênio
amoniacal,
H SO 1+1 até pH < 2
Nitrogênio 2 4 Nitrogênio - 7 dias;
Refrigeração a
orgânico, A, B, C P, V 250mL Fósforo total -
Resfriamento 4ºC ± 2ºC
Nitrogênio 28 dias
(em gelo)
Kjeldahl,
Fósforo total

Fósforo total, PP 250g Resfriamento Refrigeração a


D 6 meses
Nitrogênio total (500mL) (aproximadamente) (em gelo) 4ºC ± 2ºC

Resfriamento Refrigeração a
Odor A, B VDBO 300mL 24h
(em gelo) 4ºC ± 2ºC

pH (em campo) A, B, C, D - - - - Ensaio imediato

Resfriamento Refrigeração a
Salinidade A, B, C VDBO 300mL 6 meses
(em gelo) 4ºC ± 2ºC

Salinidade
B - - - - Ensaio imediato
(em campo)

Continua...

293
294
Tabela A1. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios físico-químicos inorgânicos - Água e Sedimento (continuação)
Classe da Recipiente Quantidade Prazo de
Ensaio Preservação Armazenamento
Amostra (1) de Amostra Validade (2)

Sólidos totais,
Resfriamento Refrigeração a
Sólidos fixos, A, B, C P, V 500mL 7 dias
(em gelo) 4ºC ± 2ºC
Sólidos voláteis

Sólidos totais,
250g
Sólidos fixos, PP Resfriamento Refrigeração a
D (aproximada- 7 dias
Sólidos voláteis, (500mL) (em gelo) 4ºC ± 2ºC
mente)
Umidade

Sólidos Resfriamento Refrigeração a


A, B, C P, V 1,5L 24h
sedimentáveis (em gelo) 4ºC ± 2ºC

Resfriamento Refrigeração a
Sulfeto A, B, C VDBO 300mL 7 dias
(em gelo) (5) 4ºC ± 2ºC

Turbidez (em
A, B, C - - - - Ensaio imediato
campo)

Legenda: (1) Recipientes: V = Frasco de vidro neutro; VDBO = Frasco do tipo DBO (300mL), com tampa esmerilhada; LE = Limpeza especial (ver Capítulo
3); P = Frasco plástico descartável (de polímero inerte); PP = Frasco plástico descartável (de polímero inerte) do tipo pote; (2) A partir do momento da
coleta das amostras; (3) Filtrar em campo em membrana 0,45mm e adicionar HNO3 (1+1) até pH<2; (4) Filtrar em campo em membrana 0,45mm (5)
Adicionar 4 gotas de solução 2N de acetato de zinco/100 mL da amostra, aguardar 15 minutos e adicionar NaOH até pH entre 9 e 10.

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Tabela A2. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios de compostos químicos orgânicos – Água e Sedimento

anexos
Prazo de
Classe da Recipiente Quantidade de
Ensaio Preservação Armazenamento Validade
Amostra (1) Amostra (2)

H2SO4 1+1 até pH≤2


(água doce)
Resfriamento
Carbono orgânico (em gelo)
total (COT) / Refrigeração a 7 dias
A, B, C VDBO 300mL
Carbono orgânico HCl 1+1 até pH≤2 4ºC ± 2ºC 28 dias (6)
dissolvido (COD) (água salobra e marinha)
(somente Classe B, C)
Resfriamento
(em gelo)

PVA 100g Resfriamento Refrigeração a 7 dias


COT D
(3) (aproximadamente) (em gelo) 4ºC ± 2ºC 28 dias (6)

Compostos
Na2S2O3 (9) Refrigeração a
orgânicos voláteis V “Vial” LE 40mL
A Resfriamento 4ºC ± 2ºC 14 dias
(COV) aromáticos (4)
(em gelo)
(BTEXE)

COV aromáticos V “Vial” LE Resfriamento Refrigeração a


B, C 40mL 14 dias
(BTEXE) (4) (em gelo) 4ºC ± 2ºC

COV aromáticos PVA (3) 100g Resfriamento Refrigeração a


D 14 dias
(BTEXE) (4) (aproximadamente) (em gelo) 4ºC ± 2ºC

Na2S2O3(9)
COV halogenados V “Vial” LE Refrigeração a
A 40mL Resfriamento 14 dias
(SH) (4) 4ºC ± 2ºC
(em gelo)

Continua...

295
296
Tabela A2. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios de compostos químicos orgânicos – Água e Sedimento (continuação)
Prazo de
Classe da Recipiente Quantidade de
Ensaio Preservação Armazenamento Validade
Amostra (1) Amostra (2)

COV halogenados V “Vial” LE 40mL Resfriamento Refrigeração a


B, C 14 dias
(SH) (4) (em gelo) 4ºC ± 2ºC

PVA (3)
COV halogenados 100g Resfriamento Refrigeração a
D (100mL) 14 dias
(SH) (aproximadamente) (em gelo) 4ºC ± 2ºC
(4)

COV V “Vial” LE Resfriamento Refrigeração a


A 40mL 14 dias
varredura (4) (em gelo) 4ºC ± 2ºC

COV V “Vial” LE Resfriamento Refrigeração a


B, C 40mL 14 dias
varredura (4) (em gelo) 4ºC ± 2ºC

PVA (3)
100g Resfriamento Refrigeração a
COV varredura D (100mL) 14 dias
(aproximadamente) (em gelo) 4ºC ± 2ºC
(4)

DBO (demanda
2 frascos Resfriamento Refrigeração a 24h
bioquímica de A, B, C P, V
de 1L (em gelo) 4ºC ± 2ºC 48h (6)
oxigênio)

DQO (demanda H2SO4 1+1 até pH≤2


Refrigeração a 7 dias
química de A, B, C P, V 250mL Resfriamento
4ºC ± 2ºC 28 dias (6)
oxigênio) (em gelo)

Fenóis por
Na2S2O3 (9)
cromatografia VA LE Refrigeração a
A 1L Resfriamento 7 dias
(Pentaclorofenol / (5) 4ºC ± 2ºC
(em gelo)

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2,4,6-Triclorofenol)
Fenóis por
cromatografia Resfriamento Refrigeração a
B, C VA LE (5) 1L 7 dias

anexos
(Pentaclorofenol / (em gelo) 4ºC ± 2ºC
2,4,6-Triclorofenol)

Fenóis por
PVA (5)
cromatografia 100g Resfriamento Refrigeração a
D (100mL) 14 dias
(Pentaclorofenol / (aproximadamente) (em gelo) 4ºC ± 2ºC
2,4,6-Triclorofenol)

H2SO4 1+1 até pH≤2


Fenóis totais Refrigeração a (7)
A, B, C VA BE 1L Resfriamento
(índice de fenóis) 4ºC ± 2ºC 28 dias (6)
(em gelo)

Fenóis totais 100g Resfriamento Refrigeração a


D PVA 28 dias
(índice de fenóis) (aproximadamente) (em gelo) 4ºC ± 2ºC

Herbicidas Na2S2O3 (9)


Refrigeração a
fenóxiácidos A VA LE (5) 1L Resfriamento 7 dias
4ºC ± 2ºC
clorados (2,4-D) (em gelo)

Herbicidas
fenóxiácidos Resfriamento Refrigeração a
B, C VA LE (5) 1L 7 dias
clorados (2,4-D; (em gelo) 4ºC ± 2ºC
2,4,5-T; 2,4,5-TP)

HCl 1+1 até pH≤2


Óleos e VA BL Refrigeração a
A, B, C 1L Resfriamento 28 dias
Graxas totais (3) 4ºC ± 2ºC
(em gelo)

Óleos e 100g Resfriamento Refrigeração a


D PVA 28 dias
Graxas totais (aproximadamente) (em gelo) 4ºC ± 2ºC

Continua...

297
298
Tabela A2. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios de compostos químicos orgânicos – Água e Sedimento (continuação)
Prazo de
Classe da Recipiente Quantidade de
Ensaio Preservação Armazenamento Validade
Amostra (1) Amostra (2)

HAP
(Hidrocarbonetos Na2S2O3 (9)
Refrigeração a
Policíclicos A VA LE (5) 1L Resfriamento 7 dias
4ºC ± 2ºC
Aromáticos) / (em gelo)
Benzo(a)Pireno

HAP / Benzo(a) Resfriamento Refrigeração a


B, C VA LE (5) 1L 7 dias
Pireno (em gelo) 4ºC ± 2ºC

HAP / Benzo(a) 100 g Resfriamento Refrigeração a


D PVA (5) 14 dias
Pireno (aproximadamente) (em gelo) 4ºC ± 2ºC

Pesticidas
Na2S2O3 (9)
organoclorados Refrigeração a
A VA LE (5) 1L Resfriamento 7 dias
/ PCB (Bifenilas 4ºC ± 2ºC
(em gelo)
policloradas)

Pesticidas
Resfriamento Refrigeração a
organoclorados / B, C VA LE (5) 1L 7 dias
(em gelo) 4ºC ± 2ºC
PCB

Pesticidas
100g Resfriamento Refrigeração a
organoclorados / D PVA (5) 14 dias
(aproximadamente) (em gelo) 4ºC ± 2ºC
PCB

Na2S2O3 (9)
Pesticidas Refrigeração a
A VA LE (5) 1L Resfriamento 7 dias
organofosforados 4ºC ± 2ºC
(em gelo)

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Pesticidas Resfriamento Refrigeração a
B, C VA LE (5) 1L 7 dias
organofosforados (em gelo) 4ºC ± 2ºC

anexos
Surfactantes Resfriamento Refrigeração a
A, B P 250mL 48h
aniônicos (em gelo) 4ºC ± 2ºC

THMFP
3 frascos Resfriamento Refrigeração a
(potencial de B VA BE (7)
de 1L (em gelo) 4ºC ± 2ºC
formação de THM)

Na2S2O3 (9)
Trihalometanos V “Vial” LE 40mL Refrigeração a
A Resfriamento 14 dias
(THM) (4) (8) 4ºC ± 2ºC
(em gelo)

Trihalometanos V “Vial” LE 40mL Resfriamento Refrigeração a


B 14 dias
(THM) (4) (8) (em gelo) 4ºC ± 2ºC

Legenda: (1) Recipientes: VDBO = Frasco do tipo DBO (300mL), com tampa esmerilhada; BE = Boca estreita; BL = Boca larga; LE = Limpeza especial (ver
Capítulo 3); P = Frasco plástico descartável (de polímero inerte); PVA = Frasco de vidro âmbar do tipo pote; THM = Lavagem especial para uso em análise
de THMFP (potencial de formação de THM); VA = Frasco de vidro de cor âmbar; V “Vial” = Frasco de vidro de cor âmbar, de borossilicato, com capacida-
de de 40mL (tipo “Vial”), com tampa rosqueável com septo de teflon; (2) A partir do momento da coleta das amostras; (3) Com tampa de rosca com septo
de teflon; (4) Os frascos devem estar totalmente preenchidos com a amostra, de maneira a evitar a presença de ar; (5) Com tampa de rosca com septo de
teflon ou folha de alumínio entre o frasco e a tampa; (6) Prazo máximo regulatório segundo o Standard Methods, 21ª ed., 2005; (7) Analisar o mais breve
possível; (8) Coletar 2 (dois) frascos; (9) 50mg de Na2S2O3 para 1L de amostra e 3mg em 60mL para análises deTHMFP.

299
300
Tabela A3. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios de cianobactérias e cianotoxina

Classe da Recipiente Quantidade


Ensaio Preservação (2) Armazenamento Prazo de Validade (3)
Amostra (1) de Amostra

1 mês a 1 ano
Cianobactérias Formol/lugol Armazenar em
B VA 1L dependendo da
(qualitativa) ou Transeau temperatura ambiente
preservação.

Armazenar em 1 mês a 1 ano


Cianobactérias Lugol (ideal) Formol
B VA 1L temperatura ambiente, dependendo da
(quantitativa) ou Transeau
protegido da luz preservação.

Microcistinas Resfriamento Refrigerar (4°C a 8 °C) e


A, B VA 1L 24h5
(ELISA)(4) (em gelo) manter protegido da luz

Cianotoxinas VA (boca Resfriamento Refrigerar (4°C a 8 °C) e


A, B 1L 48h
(LC-MS/MS)(6) larga) (em gelo) manter protegido da luz

Legenda: (1) Recipiente: VA = Frasco de vidro de cor âmbar; (2) A preservação química necessária é adicionada no recipiente no momento de sua
preparação (ver capítulo 3); (3) A partir do momento da coleta das amostras; (4) Enzyme linked immuno assay; (5) A amostra pode ser mantida a -20oC por
tempo não definido na literatura, nesse caso somente as microcistinas totais serão determinadas, devido a ruptura das células; (6) Cromatografia líquida
de alta eficiência acoplada a espectrometria de massas.

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Tabela A4. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios ecotoxicológicos com organismos aquáticos – Água e Sedimento

anexos
Quantidade Prazo de
Tipo de ensaio/ Classe da Recipiente de Preservação Armazenamento validade
Organismo-teste amostra (1) amostra (2)
Água Doce
Resfriamento (em gelo) 12h
B P 1L (3)
Agudo (estático)/ Resfriamento
Refrigeração < 10ºC, sem congelamento 48h
Daphnia similis (em gelo)
C P 2L (3)
Congelamento a < -10ºC até 48h após a coleta 60 dias
Resfriamento (em gelo) 12h
Agudo (estático)/ B P 10L (3)
Resfriamento
Danio rerio ou Refrigeração < 10ºC, sem congelamento 48h
(em gelo)
Pimephales promelas
C P 5L Congelamento a < -10ºC até 48h após a coleta 60 dias

B P 30L (3) Resfriamento (em gelo) 12h


Agudo (semi-estático)/
Resfriamento
Danio rerio ou Refrigeração < 10ºC, sem congelamento 48h
(em gelo)
Pimephales promelas
C P 15L (3) Congelamento a < -10ºC até 48h após a coleta 60 dias

B P 1L (3) Resfriamento (em gelo) 12h


Crônico (semi-estático)/ Resfriamento
Refrigeração < 10ºC, sem congelamento 48h
Ceriodaphnia dúbia (em gelo)
C P 2L (3) Congelamento a < -10ºC até 48h após a coleta 60 dias

10 dias (semi-estático)/ PP Resfriamento


D 2Kg (3) Refrigeração < 10ºC, sem congelamento 60 dias
Hyalella azteca (700mL) (em gelo)

Continua...

301
302
Tabela A4. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios ecotoxicológicos com organismos aquáticos – Água e Sedimento
(continuação)
Quantidade Prazo de
Tipo de ensaio/ Classe da Recipiente
Organismo-teste amostra (1) de Preservação Armazenamento validade
amostra (2)
Água Marinha

Resfriamento (em gelo) 12h


B P 1L (3)
Agudo (estático) / Resfriamento
Refrigeração < 10ºC, sem congelamento 48h
Mysidopsis juniae (em gelo)
C P 2L (3) Congelamento a < -10ºC até 48h após a coleta 60 dias

Resfriamento (em gelo) 12h


B P 1L (3)
Crônico (estático)/ Resfriamento
Refrigeração < 10ºC, sem congelamento 48h
Lytechinus variegatus (em gelo)
C P 2L (3)
Congelamento a < -10ºC até 48h após a coleta 60 dias

Crônico (estático)/ Resfriamento


D PP (700mL) 2Kg (3) Refrigeração < 10ºC, sem congelamento 60 dias
Lytechinus variegatus (em gelo)

10 dias (estático)/ Resfriamento


D PP (700mL) 2Kg (3) Refrigeração < 10ºC, sem congelamento 60 dias
Leptocheirus plumulosus (em gelo)

Legenda: (1) Recipientes: P = Frasco plástico descartável (de polímero inerte); PP = Frasco plástico descartável (de polímero inerte), do tipo pote; (2) A
partir do momento da coleta das amostras; (3) Os frascos devem ser totalmente preenchidos de maneira a evitar a presença de ar.

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Tabela A5. Armazenamento e preservação de amostras para testes de toxicidade aguda com bactérias luminescentes Vibrio
fischeri (Microtox) – Água e Sedimento

anexos
Recipiente Quantidade de Prazo de
Ensaio / Organismo Classe da Amostra Preservação Armazenamento
(1) Amostra Validade (2)

Refrigeração de
48h
Resfriamento 2ºC a 5ºC
Toxicidade aguda / P PIP 30mL
A, B, C (em gelo)
Vibrio fischeri (3)
Congelamento a
60 dias
-15ºC a -25ºC

PP
Toxicidade aguda / 500g Resfriamento Refrigeração de
D (500mL) 60 dias
Vibrio fischeri (aproximadamente) (em gelo) 2ºC a 5ºC
(3)

Legenda: (1) Recipientes: P PIP = Frasco plástico descartável (de polímero inerte), com sistema de fechamento com trava e lacre; PP = Frasco plástico
descartável (de polímero inerte) do tipo pote; (2) A partir do momento da coleta das amostras; (3) Os frascos devem estar totalmente preenchidos com a
amostra, de maneira a evitar a presença de ar.

303
304
Tabela A6. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios de mutagenicidade (Salmonella/microssoma) – Água e Sedimento
Prazo de
Classe da Recipiente Quantidade de
Ensaio Preservação Armazenamento Validade
Amostra (1) Amostra (2)

VA LE Resfriamento Refrigeração entre


Mutagenicidade A, B, C (3) 14 dias
(4L) (em gelo) 2ºC e 8ºC

Refrigeração entre
Mutagenicidade A, B Blue Rayon (4) 7 dias
2ºC e 8ºC

>100g
PP Resfriamento Refrigeração entre
Mutagenicidade D (aproximada- 28 dias
(500mL) (em gelo) 2ºC e 8ºC
mente)

Legenda: (1) Recipientes: LE = Limpeza especial (ver Capítulo 3); PP = Frasco plástico descartável (de polímero inerte) do tipo pote; VA = Frasco de vidro
de cor âmbar; (2) A partir do momento da coleta das amostras; (3) 4L a 20L para água bruta, 50L a 100L para água tratada e 1L a 5L para água residuária
(efluentes líquidos/ efluentes domésticos ou mistura de ambos); (4) Amostragem in situ.

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Tabela A7. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios microbiológicos - Água e Sedimento

anexos
Quantidade de Prazo de
Classe da Recipiente Preservação
Ensaio Amostra Armazenamento Validade
Amostra (1) (3)
(2) (4)

A, B (água de
30h (R)
consumo P, V, SP LE 100mL
24h (AC)
humano)

Refrigeração entre 2 8h (R)


Indicadores B P, V, SP LE 100mL
Resfriamento ºC e 8ºC e proteger 24h (AC)
bacterianos
(em gelo) da luz. Não congelar
(5)
C P, V, SP LE 100mL 24h (R, AC)

200g
D PP,SP LE 24h
(aproximadamente)

A, B, C P, V, SP LE 100mL
Indicadores Refrigeração entre 2
Resfriamento
virais ºC e 8ºC e proteger 48h
(em gelo)
(6) 200g da luz. Não congelar
D PP, SP LE
(aproximadamente)

A, B, C P, V, SP LE 100mL
Refrigeração entre 2
Fungos – bolores Resfriamento
ºC e 8ºC e proteger 24h
e leveduras (em gelo)
200g da luz. Não congelar
D PP, SP LE
(aproximadamente)

Continua...

305
306
Tabela A7. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios microbiológicos - Água e Sedimento (continuação)
Quantidade de Prazo de
Classe da Recipiente Preservação
Ensaio Amostra Armazenamento Validade
Amostra (1) (3)
(2) (4)

Microrganismos 1 a 1000L
A, B, C P, V, SP LE
patogênicos (8) (9) Resfriamento Refrigeração entre 2
24h
(bactérias, vírus, (em gelo) ºC e 8ºC e proteger
(10)
protozoários e 200g da luz. Não congelar
helmintos) (7) D PP, SP, LE
(8)

P, V, SP LE
A, B, C 100mL
Bactérias (11) Resfriamento Refrigeração entre 2
dos ciclos (em gelo) ºC e 8ºC e proteger 24h
biogeoquímicos 200g da luz. Não congelar
D PP, SP LE
(aproximadamente)

Legenda: (1) Recipiente: LE = Limpeza e preparo especial (ver Capítulo 3); P = Frasco plástico descartável (de polímero inerte); PP = Frasco plástico
descartável (de polímero inerte) do tipo pote; V = Frasco de vidro neutro; SP = sacos plásticos estéreis; (2) Coletar volumes (ou massas) suficientes de
amostra para as análises a serem realizadas; (3) A preservação química necessária para as amostras das classes A, B e C é adicionada no recipiente no
momento de sua preparação (ver capítulo 3); (4) A partir do momento da coleta das amostras (R = prazo regulatório, AC = análise para controle); (5) Coli-
formes totais, Coliformes termotolerantes, E.coli, Enterococos, Clostridium perfringens e Pseudomonas aeruginosa; bactérias heterotróficas - somente para
água de consumo humano; (6) Bacteriófagos somáticos e bacteriófagos F-específicos; (7) Em amostras de água de classe B e C, pode-se realizar o ensaio
de bactérias patogênicas com mecha (técnica de Moore), em meio de transporte Cary e Blair (ver capítulo 3), sendo o prazo de validade de 96 horas; (8)
Coletar volumes (ou massas) compatíveis com a contaminação da amostra, ou seja, quanto melhor a qualidade da matriz, maiores devem ser os volumes
ou massas coletados; (9) Volumes elevados devem ser concentrados em campo; (10) Para Giardia sp. e Cryptosporidium sp. o prazo de validade é de 72
horas; (11) Para os microrganismos anaeróbios estritos os frascos devem estar totalmente preenchidos com a amostra, de maneira a evitar a presença de
ar (anaerobiose requerida)

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Tabela A8. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios de clorofila a e feofitina a – Água bruta

anexos
Prazo de
Classe da Recipiente Quantidade
Ensaio Preservação Armazenamento Validade
Amostra (1) de Amostra (2)

Clorofila a e
Refrigeração entre
Feofitina a Resfriamento
B VA BL 1L (3) 4ºC e 10ºC e manter 48h
(Filtrada no (em gelo) e proteger da luz
ao abrigo da luz
laboratório)

Clorofila a e
Resfriamento
Feofitina a
B VA BL 1L (3) (em gelo) e proteger da luz (4) 28 dias
(Filtrada em
até o momento da filtração
campo)

Legenda: (1) Recipientes: BL = Boca larga; VA = Frasco de vidro de cor âmbar; (2) A partir do momento da coleta das amostras; (3) O frasco não deve ser
totalmente preenchido e quando solicitado as amostras devem ser coletadas em réplicas; (4) Após a filtração, a membrana filtrante deve ser colocada em
um envelope de papel do tipo “kraft”, devidamente identificado. O envelope deve ser acondicionado em frasco (ou dessecador) contendo sílica gel, sendo o
frasco envolvido em papel alumínio, para proteger da luz. O frasco deve ser enviado ao laboratório sob refrigeração e protegido da luz no prazo de 24 ho-
ras. Na impossibilidade de cumprimento deste prazo, o frasco contendo as amostras filtradas deve ser mantido no freezer e encaminhado posteriormente
sob refrigeração ao laboratório.

307
308
Tabela A9. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios de fitoplâncton – Água
Prazo de
Classe da Recipiente Quantidade de
Ensaio Preservação Armazenamento Validade
Amostra (1) Amostra (2)

Resfriamento (em Refrigeração entre 4ºC e


Fitoplâncton
B VA BL 1L (4) gelo) (5) e 10ºC (5) e 24h
vivo
proteger da luz manter ao abrigo da luz

Formol (6) ou
Fitoplâncton B V (3), VA 100mL Lugol (7) Manter ao abrigo da luz 3 meses
fixado (8)

Legenda: (1) Recipientes: BL = Boca larga; V = Frasco de vidro neutro; VA = Frasco de vidro de cor âmbar; (2) A partir do momento da coleta das amos-
tras; (3) Para amostras fixadas em formol; (4) O frasco não deve ser totalmente preenchido; (5) Evitar o contato do frasco com o gelo, pois algumas ciano-
bactérias são danificadas em temperaturas baixas como, por exemplo, as do gênero Cylindrospermopsis; (6) Formol neutralizado, até concentração final de
5% (= formaldeído 2%); (7) Adicionar lugol até obter uma coloração de conhaque (0,3mL a 0,5mL / 100mL e em casos de floração 0,5mL a 1,0mL/100mL);
(8) As amostras preservadas com formol ou lugol devem ser acondicionadas e transportadas em caixa térmica separadas dos demais ensaios.

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Tabela A10. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios de perifíton

anexos
Prazo de
Classe da Recipiente Quantidade de
Ensaio Preservação Armazenamento Validade
Amostra (1) Amostra (2)

Refrigeração entre
Resfriamento e
Perifíton vivo 4ºC e 10°C e manter 24h
proteger da luz
ao abrigo da luz
B V 150mL (3)
Formol (4) ou Manter ao abrigo
Perifíton fixado Indeterminado
Lugol (5) da luz

Legenda: (1) Recipiente: V = Frasco de vidro neutro; (2) A partir do momento da coleta das amostras; (3) O frasco não deve ser totalmente preenchido;
(4) Concentração final do formol neutralizado a 4% ou 3mL a 5mL de Lugol para 1 L de amostra; (5) As amostras preservadas com formol ou lugol devem
ser acondicionadas e transportadas em caixa térmica separadas dos demais ensaios.

Tabela A11. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios de zooplâncton

Prazo de
Classe da Recipiente Quantidade
Ensaio Preservação Armazenamento Validade
Amostra (1) de Amostra (2)

Zooplâncton Resfriamento Refrigeração entre


vivo (em gelo) 4ºC e 10ºC
24h
B
P, V 100L
(250 mL)
Zooplâncton Formol ou Etanol 70 Manter ao abrigo
Indeterminado
fixado a 95º GL (3) (4) da luz (5)

Legenda: (1) Recipientes: P = Frasco plástico descartável (de polímero inerte); V = Frasco de vidro neutro; (2) A partir do momento da coleta das amos-
tras; (3) Em formol neutralizado e diluído a 10%; (4) Para o zooplâncton de água doce, adicionar cerca de 100 mL de água mineral gasosa, esperar 15 mi-
nutos e fixar com o formol neutralizado, com sacarose (concentração final 10%)); (5) As amostras preservadas devem ser acondicionadas e transportadas
em caixa térmica, separadas dos demais ensaios.

309
310
Tabela A12. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios com macrófitas
Prazo de
Classe da Recipiente Quantidade
Ensaio Preservação Armazenamento Validade
Amostra (1) de Amostra (2)

Resfriamento Refrigeração entre Amostras frescas:


em gelo; 4ºC e 10°C (2) 7 dias
Macrófitas: 300g por fração a
E SP
Bioacumulação ser analisada
Manter ao abrigo Manter ao abrigo Amostras secas e
da luz da luz maceradas: 3 meses

Legenda: (1) Recipiente: SP – Sacos plásticos reforçados descartáveis (de polímero inerte); (2) A partir do momento da coleta das amostras.

Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Tabela A13. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios com bentos

anexos
Prazo de
Classe da Recipiente Quantidade
Ensaio Preservação Armazenamento Validade
Amostra (1) (2) de Amostra (3)

Até a lavagem: 24 h.
Resfriamento
Refrigeração entre
(em gelo)
4ºC e 10ºC e manter Após a lavagem e
Manter ao abrigo
ao abrigo da luz preservação (7) (9):
Bentos de água da luz
doce (pegador Indeterminado
D, E SP (4) (5)
ou substrato
artificial) Até a lavagem: 48 h
Manter ao abrigo
Formol (7) (9) Após a lavagem e
da luz
preservação (7) (9):
Indeterminado

Bentos de
água doce Formol (7) (9) Manter ao abrigo
D, E PP (5) Indeterminado
(delimitador ou ou Álcool 70ºC da luz
rede manual)

Bentos marinho:
Formol Manter ao abrigo
Costões D, E V, PP Variável (6) Indeterminado
(8) (9) da luz
rochosos
Continua...

311
312
Tabela A13. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios com bentos (continuação)

Prazo de
Classe da Recipiente Quantidade
Ensaio Preservação Armazenamento Validade
Amostra (1) (2) de Amostra (3)

Resfriamento Até a lavagem:


(em gelo) 24 h.
Refrigeração entre 4ºC e
Volume de 1 Após a lavagem e
10ºC
Bentos marinho: SP (4), V, delimitador Manter ao abrigo preservação (8) (9):
D, E Manter ao abrigo da luz
Praia PP (500 mL) para cada da luz Indeterminado
nível
Formol
Manter ao abrigo da luz Indeterminado
(8) (9)

Resfriamento Até lavagem: 24 h.


(em gelo) Refrigeração entre 4ºC e Após lavagem e
Manter ao abrigo 10ºC e manter ao abrigo preservação (8) (9):
Bentos marinho: da luz da luz Indeterminado
SP (4), V,
Infralitoral Volume de 1
PP
D, E pegada ou 1
draga Formol Indeterminado
Manter ao abrigo da luz
(8) (9)

Legenda: (1) Recipientes: PP = Frasco plástico descartável (de polímero inerte) do tipo pote; SP - Sacos plásticos reforçados descartáveis (de polímero
inerte); V = Frasco de vidro neutro; (2) As amostras não lavadas em campo devem ser transferidas diretamente para dois sacos plásticos reforçados, um
dentro do outro, e as bocas devem ser firmemente fechadas, de modo independente; para acondicionar as amostras lavadas em campo, os recipientes
mais apropriados são os recipientes de polietileno, tipo “pote”; para acondicionar os organismos retidos nas peneiras e triados, utilizar recipientes de vidro
com capacidades inferiores e variáveis (10mL a 70 mL); (3) A partir do momento da coleta das amostras; (4) Manter o saco plástico em balde ou caixa até
o momento da lavagem da amostra; (5) Volume de 1 pegada ou 1 delimitador ou 1 substrato ou 1 período de passagem da rede; (6) Depende do número
de níveis do transecto e da necessidade de confirmação de identificações; (7) Formol neutralizado, até a concentração final de 5 a 10%; (8) Formol neu-
tralizado, até a concentração final de 10%; (9) As amostras preservadas com formol ou lugol devem ser acondicionadas e transportadas em caixa térmica
separadas dos demais ensaios.

Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Tabela A14. Armazenamento e preservação de amostras para ensaios de nécton (peixes)

anexos
Prazo de
Classe da Recipiente Quantidade
Ensaio Preservação Armazenamento Validade
Amostra (1) de Amostra (2)

Refrigeração entre
Comunidades SP, PA (3) 24 horas
4ºC e 10°C (5)
Resfriamento
10 a 20 indivíduos de
(em gelo)
cada espécie, depen-
Manter ao abrigo
Metais SP, PP LE dendo do tamanho. Congelamento Indeterminado
da luz
E
Refrigeração entre
Orgânicos PA (3) Indeterminado
2ºC e 8ºC

1mL de sangue Heparina ou EDTA Refrigeração entre


Micronúcleos Indeterminado
(aproximadamente) Resfriamento 2ºC e 8ºC
Microtubo
(em gelo)
cônico (4)
Manter ao abrigo Refrigeração entre
Cometas 500µL de sangue 24 horas
da luz 2ºC e 8ºC (5)

Legenda: (1) Recipientes: LE = Limpeza especial (ver Capítulo 3); Microtubo cônico = Microtubo plástico descartável (de polímero inerte), graduado,
com tampa e volume aproximado de 1,5 mL; PA = Papel alumínio para envolver as amostras de peixes; PP = Frasco plástico descartável (de polímero
inerte), do tipo pote; SP = Saco plástico reforçado descartável (de polímero inerte) para o acondicionamento das amostras de peixes para avaliação de
comunidades nectônicas, ensaios de metais pesados, ensaios biométricos e necroscópicos; (2) A partir do momento da coleta das amostras; (3) Somente
para ensaios orgânicos; (4) Para ensaios com sangue; (5) Em eventos de mortandade, nunca congelar os peixes, apenas resfriá-los em gelo.

313
Anexo 2 – GLOSSÁRIO

ADSORÇÃO - Aderência de moléculas sobre uma superfície mineral


ou de partículas sólidas por meios físicos, sem comportar interação
química.

ÁGUA BRUTA – Água que não passou por nenhum tipo de tratamento
simplificado ou convencional (“in natura”), proveniente de rio, represa, lago,
poço freático, nascente, estuário, mar etc.

ÁGUA INDUSTRIAL – Água utilizada exclusivamente em processamento


industrial, como matéria-prima ou parte do sistema de produção.

ÁGUA PLUVIAL – Água proveniente da precipitação atmosférica. O mesmo


que água meteórica e água de chuva.

ÁGUA RESIDUÁRIA – Despejo ou resíduo líquido proveniente de atividades


domésticas (efluentes domésticos), industriais (efluentes industriais),
comerciais, agrícolas e outras, bem como a de sistemas de tratamento de
disposição de resíduos sólidos.

ÁGUA SUBTERRÂNEA – Água de subsolo que ocupa a zona saturada; num


sentido geral, toda a água situada abaixo da superfície do solo.

ÁGUA TRATADA – Água destinada ao consumo humano, submetida a


algum tipo de tratamento convencional (ETA - Estação de Tratamento
de Água) ou simplificado (filtração, cloração, fluoretação etc.).

ALÓCTONE - O que não é originário da região.

AMOSTRA – Uma ou mais porções, com volume ou massa definida,


coletadas em corpos receptores, efluentes industriais, rede de abas-
tecimento público, estações de tratamento de água e esgotos, rios, re-
presas e outros, com o fim de inferir as características físicas, químicas,
físico-quimicas e biológicas do ambiente de onde foi retirada.

AMOSTRA SIMPLES/PONTUAL - Amostra coletada uma única vez,


em um determinado instante, constituída por uma única porção.

anexos 315
AMOSTRA COMPOSTA - Amostra que pode ser coletada por: (a)
amostragens em função de tempo (temporal); (b) amostragens em fun-
ção da vazão; (c) amostragens em função da profundidade do local a
ser amostrado; (d) amostragens em função da margem ou distância
entre um ponto de amostragem e outro (espacial). Quando o objetivo
de um programa é avaliar concentrações médias de uma dada variável
pode-se, em alguns casos, reduzir o número das amostras necessárias
ao ensaio, pela obtenção de amostra composta, formada pela mistura
de alíquotas individuais apropriadas. Após a composição das alíquotas
tem-se como produto final uma única amostra.

AMOSTRAGEM – Atividade que consiste em retirar uma fração repre-


sentativa (amostra) de uma região (água, solo, efluentes, entre outros)
para fins de ensaio ou medição.

AMOSTRAGEM EM REPLICATA - Procedimento no qual duas ou mais


amostras são tomadas no mesmo ponto, de modo independente.

AMOSTRAGEM PROPORCIONAL À VAZÃO – Técnica destinada à


obtenção de uma amostra, na qual a frequência da coleta ou o volume
da amostra é diretamente proporcional à vazão da água ou do efluente
bruto.

AQUÍFERO – Toda formação geológica capaz de armazenar e transmi-


tir água em quantidades apreciáveis.

ATERRO SANITÁRIO – Método de disposição final de resíduos sólidos


(lixo) no solo, sem causar danos ao ambiente ou à saúde pública.

AUTÓCTONE - O que é originado no próprio local onde ocorre.

BALANÇO HÍDRICO DE UNIDADE INDUSTRIAL – Relação entre as


entradas e saídas de água e efluentes de cada unidade de processo in-
dustrial, indicando as fontes de abastecimento, usos internos, perdas
por evaporação ou incorporação ao processo produtivo, lavagens de
pisos e equipamentos, e efluentes gerados por qualquer fonte indus-
trial ou doméstica.

316 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


BIOMASSA – Somatório da massa orgânica viva existente num deter-
minado espaço, num dado instante. Pode ser expressa em peso úmido
ou seco, por unidade de área ou volume.

BIOTA – Conjunto de vegetais, animais e microorganismos de uma de-


terminada região, província ou área geográfica.

CARGA POLUIDORA – Quantidade de poluente transportado ou lan-


çado em um corpo receptor.

COLETA DE ÁGUA SUPERFICIAL – É a amostra coletada entre 0 e 30


cm da lâmina d’água. Pode ser coletada com o auxílio de um balde de
aço inox, batiscafo e garrafas, ou diretamente do corpo d’água.

COLETA DE ÁGUA EM PROFUNDIDADE - É a amostra coletada em


profundidade superior a 30cm da lâmina d’água, até 1m acima do fun-
do. Esta amostra deve ser coletada obrigatoriamente com o auxílio de
equipamento, tipo Garrafa de van Dorn.

DEPOSICIONAL – Zona de baixa dinâmica em ambientes de água cor-


rente, onde se deposita e acumula material não consolidado.

DRAGAGEM - Remoção de material sólido do fundo de um ambiente


aquático.

EFLUENTE INDUSTRIAL – Resíduo líquido proveniente de processos


industriais. Em geral, contém poluentes de diversas formas, como por
exemplo, de natureza química, que podem apresentar perigo à saúde
humana, prejuízos à fauna e a flora, comprometimento do lazer, e ou-
tros. O mesmo que resíduo líquido industrial, despejo industrial e es-
goto industrial.

ESCOAMENTO SUPERFICIAL – Parte da precipitação que escoa em


direção a um curso d’ água pela superfície do solo.

ESGOTO DOMÉSTICO – Resíduo líquido doméstico, decorrente do


uso da água em cozinha, sanitário, chuveiro, lavatório e lavanderia do-
méstica. O mesmo que resíduo líquido doméstico e despejo doméstico.

anexos 317
ESGOTO MISTO – Mistura de resíduos líquidos domésticos com re-
síduo líquido proveniente de processos industriais, ou de lavagem de
pisos e equipamentos pertencentes à área industrial.

ESPÉCIE-CHAVE – Aquela que controla a estrutura da comunidade.

ETA – Estação de Tratamento de Água.

EUTROFIZAÇÃO – processo de enriquecimento por nutrientes,


principalmente nitrogênio e fósforo, que tem como consequência o
aumento da biomassa vegetal (fitoplâncton e plantas aquáticas). A eu-
trofização das águas continentais pode ser um processo natural, po-
rém, o descarte de efluentes domésticos e/ou industriais e lavagem de
solos agrícolas contendo muitos nutrientes (matéria orgânica) acelera
o processo, causando a chamada eutrofização artificial ou antrópica.
Ambientes enriquecidos são denominados ambientes eutróficos.

EXATIDÃO – Grau de concordância entre um valor medido e um valor


verdadeiro (referência) de um mensurando.

FLORAÇÃO – Multiplicação excessiva, geralmente de curta duração,


de uma ou algumas espécies fitoplanctônicas, frequentemente produ-
zindo coloração visível nos corpos d’água.

FLUXOGRAMA – Diagrama demonstrativo dos estágios de um pro-


cesso e suas interrelações.

FRASCO DOSADOR – Pissete de polietileno com ponteira dosadora


utilizada para armazenar e dosar soluções preservantes adicionadas às
amostras durante as coletas em campo.

GASPILHÃO – Escova com cerdas e ponta pincel, própria para limpeza


de vidraria; o mesmo que escova “rabo de gato”.

GRANULOMETRIA - Proporções relativas entre partículas de dife-


rentes dimensões que entram na composição de solos, sedimentos e
agregados.

318 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


HÁBITAT – Ambiente onde um organismo normalmente vive e que
oferece um conjunto de condições (bióticas e abióticas) adequadas à
sua sobrevivência.

JUSANTE – A partir de um ponto de referência, direção para onde vão


as águas, em um curso d’água. Por exemplo, local do rio, posterior ao
lançamento do efluente, levando-se em consideração a direção para
onde correm as águas (rio abaixo).

LÊNTICO – Ambiente aquático em que o fluxo da massa de água é len-


to, como em tanques, lagos ou reservatórios.

LITORAL (zona) – Pelo sistema limnológico, região de um lago que se


estende da linha litorânea até o limite superior de ação de ondas.

LÓTICO – Ambiente aquático em que a massa d’água tem movimento,


como em rios e corredeiras.

MATERIAL BIOLÓGICO - Materiais ou líquidos de origem biológica,


como peixes (inteiros ou suas partes), moluscos, sangue, urina, plantas,
invertebrados, ossos e alimentos.

MATERIAL ORGÂNICO GROSSEIRO – Fração orgânica visível, incluin-


do pedaços de madeira, folhas, fibras vegetais, restos de animais etc.

MENISCO – superfície curva de um líquido contido em um tubo estreito.

MITIGAÇÃO – Atenuação de um impacto.

MONTANTE – Posição relativa de um lugar acima de outro. Num curso


de água, com relação à corrente fluvial, a “montante” significa rio aci-
ma; por exemplo, um local do rio anterior ao lançamento do efluente,
levando-se em consideração a direção para onde correm as águas.

PECILOTÉRMICOS – organismos que não têm mecanismos internos


que regulem a temperatura do seu corpo.

anexos 319
PRESERVAÇÃO DE AMOSTRAS - Adoção de medidas desde o mo-
mento da coleta e transporte até seu armazenamento, com o intuito de
diminuir a reatividade ou inibir a atividade dos organismos, mantendo
o máximo possível das características da amostra no momento da cole-
ta. As formas de preservação de amostras são a refrigeração, congela-
mento e adição de produtos químicos quando aplicável.

PRESERVAÇÃO QUÍMICA - A adição de solução ou produto químico


com o objetivo de minimizar a reatividade dos compostos químicos e
complexos, reduzir a volatilidade ou precipitação dos constituintes e os
efeitos da adsorção ou preservar organismos, evitando ou minimizan-
do alterações morfológicas ou fisiológicas.

PROFUNDA (zona) – Área do fundo de um corpo hídrico (lago, reser-


vatório). Pelo sistema limnológico, região de um lago que se estende do
limite inferior da termoclina até sua maior profundidade.

SEDIMENTO - Material originado da decomposição de qualquer tipo


de rocha, material de origem biológica em decomposição ou resíduos
provenientes da ação humana que são transportados e depositados no
fundo dos corpos d’água.

SIZÍGIA (maré) – Maré de grande amplitude que ocorre quando o sol e


a lua estão em sizígia, isto é, quando a atração gravitacional do sol e da
lua se somam. Ocorre por ocasião da lua cheia e da lua nova.

STAR (Sistema de Tratamento de Águas Residuárias) - Conjunto de


estruturas, dispositivos, instalações, equipamentos e aparelhos diver-
sos, de maior ou menor complexidade, utilizados para o tratamento e
disposição de águas residuárias e do lodo resultante deste tratamento.
Semelhante à ETE (Estações de Tratamento de Esgotos).

SUBLITORAL (zona) – Região que tem como limite superior o nível al-
cançado pela baixa-mar normal e como limite inferior aquele compatí-
vel com a vida das fanerógamas marinhas e das algas fotófilas; pelo sis-
tema limnológico, região de um lago que se estende do limite inferior
da ação de ondas ao limite superior da termoclina; região de fundo de
um lago permanentemente coberta por vegetação.

320 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


SUBSTRATO – Aquilo que serve para fixação para organismos (planta
ou animal). . Ex. o substrato de uma alga epífita pode ser outra alga.;

TERMOCLINA – camada intermediária de um lago estratificado, em


que se verifica uma brusca diferença de temperatura.

TRIPLICATA DA AMOSTRAS – Três amostras coletadas de modo se-


quencial e independente, em um determinado período de tempo ou es-
paço, visando uma melhor representatividade do local amostrado.

VAZÃO – Volume de fluido que passa em uma seção transversal de um


escoamento, por unidade de tempo.

ZONA FÓTICA (EUFÓTICA) – Porção superior iluminada da massa


d’água, com luz suficiente para promover a fotossíntese pelos vegetais
e microorganismos aquáticos.

ZONAÇÃO – Distribuição dos organismos em áreas, camadas ou zo-


nas distintas.

anexos 321
Anexo 3 – resolução ana nº 724/2011

RESOLUÇÃO Nº 724, DE 3 DE OUTUBRO DE 2011

Estabelece procedimentos padronizados para


a coleta e preservação de amostras de águas
superficiais para fins de monitoramento da
qualidade dos recursos hídricos, no âmbito do
Programa Nacional de Avaliação da Qualida-
de das Águas (PNQA).

O DIRETOR-PRESIDENTE DA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS -


ANA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 13, III, da Lei n.º 9.984,
de 17 de julho de 2000, torna público que a DIRETORIA COLEGIADA,
em sua 420ª Reunião Ordinária, realizada em 3 de outubro de 2011,
com fundamento no art. 12, II, da Lei n.º 9.984, de 17 de julho de 2000;

considerando que a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dis-


sociação dos aspectos de quantidade e qualidade é um dos instrumen-
tos da Política dos Recursos Hídricos, conforme disposto no art. 3º da
Lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997;

considerando que a ANA tem competência para disciplinar, em caráter


normativo, a implementação, a operacionalização, o controle e a avalia-
ção dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, con-
forme disposto no disposto no art. 4º da Lei nº 9.984/2000;

considerando que o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, por meio


do disposto na Resolução nº 58, de 30 de janeiro de 2006, instituiu a
necessidade de elaboração de um relatório anual de conjuntura dos re-
cursos hídricos, do qual o panorama de qualidade das águas do país é
elemento fundamental;

considerando o Acordo de Cooperação Técnica ACT nº 006/2010 cele-


brado entre a ANA e o Estado de São Paulo, por intermédio da Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), em 28 de maio de 2010;

anexos 323
considerando o Termo de Cessão de Uso do “Guia de Coleta e Pre-
servação de Amostras de Água, Sedimento, Comunidades Aquáticas
e Efluentes Líquidos”, celebrado em 16 de fevereiro de 2011, tendo
como cedente a CETESB e como cessionária a ANA;

considerando os objetivos do Programa Nacional de Avaliação da


Qualidade das Águas (PNQA) e seus componentes, formalizado na
278ª Reunião Ordinária da Diretoria Colegiada da ANA, realizada em
14/04/2008;

considerando que a padronização de procedimentos de coleta e pre-


servação de amostras de águas superficiais é um dos requisitos para
a obtenção de dados de monitoramento representativos do meio am-
biente estudado e passíveis de serem analisados em conjunto com da-
dos de outros corpos d’água do país;

RESOLVE:

Art. 1º Estabelecer os procedimentos a serem observados pelos ope-


radores das estações de monitoramento de qualidade das águas su-
perficiais, para fins de coleta e preservação de amostras, no âmbito do
Programa Nacional de Avaliação da Qualidade das Águas (PNQA).

Art. 2º O monitoramento de qualidade das águas compreende o con-


junto de ações e equipamentos destinados ao levantamento de dados
de parâmetros indicadores de qualidade das águas superficiais.

Art. 3º Aprovar o “Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amostras


de Água, Sedimento, Comunidades Aquáticas e Efluentes Líquidos”,
na forma do Anexo desta Resolução, como documento de referência
técnica para disciplinar os procedimentos de coleta e preservação de
amostras de águas superficiais destinadas ao monitoramento de quali-
dade dos recursos hídricos em todo território nacional.

Parágrafo único – os dados de monitoramento da qualidade das águas


para serem inseridos no Banco de Dados Hidro e comporem a rede na-
cional de monitoramento da qualidade das águas da ANA deverão se-
guir, obrigatoriamente, as orientações e procedimentos dispostos no
Anexo desta Resolução.

324 Guia Nacional De Coleta E Preservação De Amostras


Art. 4º Fica estabelecido o prazo de 1 (um) ano, contados a partir da
data de publicação desta Resolução, para que as instituições ou órgãos
aos quais esta norma se aplica, promovam as adequações necessárias
a seu cumprimento.

Art. 5º É de responsabilidade da União, dos Estados, dos Municípios e


do Distrito Federal a adoção das medidas necessárias para o fiel cum-
primento do disposto nesta Resolução.

Art. 6º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

VICENTE ANDREU GUILLO


Diretor-Presidente

anexos 325
Apoio e Patrocínio

Apoio e Patrocínio Apoio e Patrocínio


Apoio e PatrocínioApoio e Patrocínio

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