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Personagens:
Carcereira (Leticia): Evelyn
Policial (Daniela): Bruna
Repórteres (Juliana e Carolina): Maisa e Damily
Maria Isabel: Talita
Maria Luiza: Ariane
Maria Alicia: Emily
Maria Vitória: Gabriele
Maria José: Lana
Policial: Vocês duas saibam que a sala tem câmeras, não tentem dar uma de espertinhas. Leticia leve as
moças até a sala de entrevista.
Carcereira: Ok, podem me seguir.
Enquanto as duas repórteres estão na sala, a policial e a carcereira vão até a cela e tiram a primeira
detenta.
Policial: Não vai dar tempo de levar você para sala 21, então vê se não fala nada, lá tem câmeras e o seu
castigo pode vim depois.
Maria Luiza: Pode ficar tranquila.
Leticia leva Maria Luiza para a entrevista, enquanto a policial tira Maria Isabel e leva para a sala 21.
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casar bem, então casei com um deputado estadual, passei a morar no metro quadrado mais rico dessa
cidade, engravidei dele pra segurar o casamento e assim eu ia levando.
Juliana: E como você veio parar aqui?
Maria Luiza: Ué, não ficou sabendo não, eu matei o deputado mais votado do estado. Peguei 18 anos de
cadeia.
Juliana: Mas porque você fez isso?
Maria Luiza: O filho da puta me batia todo dia, e eu aguentava, ele era o meu âmbar financeiro. Aquele foi
direto pro inferno, roubava dinheiro público que nem biscate rouba marido. Um dia ele chegou bêbado me
bateu tanto na frente da nossa filha, e quando eu vi ele indo na direção dela, eu corri pro quarto, peguei o
revolver que ele tinha do pai dele, e voltei pra sala, quando ele me viu solto o pescoço da minha menina,
daí eu mandei ela ir pro quarto, e antes que ele desse alguma desculpa eu atirei três vezes bem no peito
dele, nem quis me livrar do corpo, apenas fui até o quarto da Renata, abracei ela bem forte e esperei a
polícia chegar.
Carolina: E como é a sua vida aqui?
Maria Luiza: A minha vida aqui, bom, aqui é um presídio, é basicamente sela, banho e descaço.
Carolina: E sonhos, você tem algum?
Maria Luiza: Eu tenho mais dezesseis anos aqui, né. Mas já tô feliz por a minha filha estar sendo criada pela
minha tia e não pela vadia da minha mãe. Sabe, culpo a minha mãe por tudo isso, pois ela que me ensinou
a ganância e me fez casar com aquele cafajeste. Acho que é isso que eu quero fazer da minha vida, sabe,
ser professora, talvez, mas dos pequenos, pra ensinar as meninas a crescer na vida com a sua própria luta r
garra, e não do jeito mais fácil.
Juliana: Obrigada pelo seu depoimento.
Carolina: Muito Obrigada.
Maria Luiza: Até.
Leticia leva Maria Luiza até a sela, e pega Maria Isabel, que está na sala 21, e leva para a sala de entrevista.
Depois pega Maria Alicia e a leva até o policial.
Maria Isabel entra na sala.
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garoto que eu nem sabia o nome. Mas como quem deve não teme dei a minha mala para os policiais
revistarem e lá estava a chave, eu não sei como isso aconteceu. Só sei que peguei seis anos de cadeia.
Juliana: E vocês são bem tratadas aqui?
Maria Isabel: Sim, na medida do possível.
Carolina: E qual é os seus planos quando sair daqui cinco anos?
Maria Isabel: Eu vou terminar minha faculdade, e mostrar a minha mãe que a sua educação que ela me
deu não foi jogada fora. Sabe medicina é mais que um curso, é a paixão da minha vida.
Juliana: Muito obrigada.
(Maria Isabel aperta a mão das duas)
Carolina: Olá meu nome é Carolina, nós somos estudantes de jornalismo, e precisamos de algumas
respostas para um documentário que estamos fazendo.
Maria José: Olá, tudo bem.
Juliana: Olá, meu nome é Juliana, e você pode começar falando seus dados pessoais.
Maria José: Meu nome é Maria José de Jesus, eu tenho quarenta e um anos, e vim de Caraçá na Bahia, mas
sai de lá faz tanto tempo que nem me alembro mais.
Carolina: E sua vida como era lá?
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Maria José: Ah...A vida lá sempre um foi difícil né, meu pai sempre foi um pé de cana, mas era trabalhador,
a gente plantava milho, dava pouco, mas nós sobrevivia.
Juliane: E como você foi presa?
Maria José: A primeira vez que eu fui presa, foi uma estupidez né. Quando eu fiz dezoito anos, minha
mainha que Deus a tenha, me disse a seguinte frase, eu nunca mais vou esquecer: “Minha menina, não se
assuste, mas para o mundo menos de julgar, o teu cabelo tem que cobrir-te e tuas unhas começar a
arranhar”. E me deu uns trocados que tinha sobrado do plantio, me pediu pra comprar um vestido e ir pro
forró e sair dessa vida de sertão. Então eu fui, e já no primeiro baile, conheci o cafajeste do Xico Luís, ele
era bonito, sempre tinha dinheiro e eu burrinha que era, cai fácil na dele. Um dia ele me ligou, falou que
tava em Brasília, e que nos ia morar lá, sempre vi aquela cidade na Tv, a única coisa que eu precisava era
engolir uns saquinhos. Eu fui uma tonga mesmo, nem cheguei a ver o avião, peguei seis anos de cadeia.
Quando eu sai, meu pai e minha mãe já tinham morrido, também fiquei sabendo que Xico tinha morrido,
aquele foi direto pro inferno.
Carolina: Mas não é por isso que você está aqui, né?
Maria José: A senhora tá certa, não é por isso que eu tô aqui não, depois que eu sai, vendi a casa dos meus
pais porque queria vir pra São Paulo tentar a vida, mas o dinheiro só dava pra passagem, então peguei a
pexeira do meu pai, e assaltei um casal de turista, fim meio fugida pra cá. Consegui um emprego como
empregada domestica, fiquei lá por quatorze anos, mas um dia descobri que o filho da minha patroa era
um drogadinho, peguei ele no flagra, ele tento me comprar, mas eu burra que nem da primeira vez não
aceitei, e eu contei pra mãe dele, dai ele colocou uma planta na minha bolça e chamou a polícia, falando
que era eu que vendia aquilo pra ele, e como eu já tinha passagem, peguei mais quatro anos.
Juliana: E sonhos, a senhora tem?
Maria José: Sonhos? Esperança eu posso perder as vezes, mas sonhos?! Meu painho dizia que a alma que
não sonha é porque nunca conheceu o amor. Um dia eu vou sair daqui, só tenho mais dois anos, então vou
arranjar um emprego, conseguir dinheiro honesto, porque já conheci a justiça do tempo, e vou lá pra
Brasília cantar nas praça as músicas da minha lá da terra, sei toca gaita que é uma beleza. Sabe repórter
quando eu fui presa pela primeira vez eu chorei tanto, mas não por medo não, porque percebi que trai o
verdadeiro amor da minha vida, a música.
Carolina: Muito obrigada, boa sorte na vida.
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Juliana: E sonhos tem?
Maria Vitoria: Tenho sonho de sair daqui só isso.
Carolina: Ok, obrigada pelo seu tempo.
Maria Vitoria: Nada.
Eles apertam as mãos e as jornalistas saem. A policial resmunga para a carcereira. E Fim!