Você está na página 1de 6

CONCEITO

“É a relação entre Motricidade e Inteligência permitindo relacionar o movimento ao afeto, à emoção, ao


ambiente e os hábitos da criança”. (Wallon).
“É uma terapia que, agindo por intermédio do corpo sobre as funções mentais perturbadas, considera a pessoa
na sua totalidade, melhorando as qualidades de atenção, representação e relacionamento visando, pelo movimento,
uma organização mental cada vez maior.” (Victor Fonseca).
“É a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu
mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições
cognitivas, afetivas e orgânicas...” (SBP).
LINHAS DE ATUAÇÃO:
1.CORPORAL - trabalha desarmonia tônico - emocional, instabilidade postural e perturbações nas habilidades
psicomotoras.
2.COGNITIVA - trabalha as funções cognitivas, organização perceptivas , simbólicas e conceituais.
3.EDUCATIVA - trabalha com as aprendizagens escolares.
4.RELACIONAL - trabalha dificuldades de comunicação, inibição, hiperatividade, agressividade e outros.
“Psicomotricidade é uma neurociência que transforma o pensamento em ato motor harmônico. É a sintonia
fina que coordena e organiza as ações gerenciadas pelo cérebro e as manifesta em conhecimento e aprendizado.
Psicomotricidade é a manifestação corporal do invisível de maneira visível.
É uma ciência terapêutica adotada na Europa há mais de 60 anos, principalmente na França, que instituiu o
primeiro curso universitário de Psicomotricidade em 1963 (ISPE-GAE, 2007).
A ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu
mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo
mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e
orgânicas. (S.B.P.1999)
Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e
integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua
linguagem e sua socialização” (SBP, 2003).
“A Psicomotricidade se conceitua como ciência da Saúde e da Educação, pois indiferente das diversas escolas,
psicológicas, condutistas, evolutistas, genéticas, etc. ela visa a representação e a expressão motora, através da
utilização psíquica e mental do indivíduo (AJURIAGUERRA apud ISPE-GAE, 2007).
Psicomotricidade é a ciência de síntese, que com a pluralidade de seus enfoques, procura elucidar os
problemas, que afetam as interrelações harmônicas, que constituem a unidade do ser humano e sua convivência com
os demais (COSTALLAT apud ISPE-GAE, 2007).
A Psicomotricidade é a otimização corporal dos potenciais neuro, psico-cognitivo funcionais, sujeitos as leis
de desenvolvimento e maturação, manifestados pela dimensão simbólica corporal própria, original e especial do ser
humano” (LOUREIRO apud ISPE-GAE, 2007).

PSICOMOTRICIDADE COM UMA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR


De acordo com Neto, na atualidade, existe um grande número de profissionais de áreas diversas que utilizam a
motricidade ou a psicomotricidade em diferentes contextos e em diferentes faixas etárias, como em escolas, clínicas de
reabilitação, academias, hospitais e outros (NETO, 2002). Segundo ele:
“profissionais de medicina (pediatria, psiquiatria, neurologia e reabilitação infantil); psicologia (psicologia
evolutiva, do esporte e especial); educação física e pedagogia (ensino regular e fundamental); fisioterapia e
fonoaudiologia. A análise dessa realidade leva à busca de critérios claros que justifiquem tal situação de
heterogeneidade – tanto no âmbito da interpretação de aspectos teóricos fundamentais como nas decisões relativas à
sua aplicação.” (ibidem, 2002, p. 12).
Tamanha diversificação profissional, áreas e sub-áreas não muito bem delimitadas, assim como, competências
que acabam por invadir determinadas intervenções, podem causar conflitos em áreas de intervenção profissional. A
clientela atendida pelo psicomotricista, como veremos, também é diversificada. Segundo a SBP, esta clientela é a
seguinte:
“Crianças em fase de desenvolvimento; bebês de alto risco; crianças com dificuldades/atrasos no desenvolvimento
global; pessoas portadoras de necessidades especiais: deficiências sensoriais, motoras, mentais e psíquicas; pessoas
que apresentam distúrbios sensoriais, perceptivos, motores e relacionais em conseqüência de lesões neurológicas;
família e a 3ª idade.” (SBP, 2003).
E o mercado de trabalho do psicomotricista, o qual mais uma vez podemos caracterizar amplo e diversificado,
segundo a SBP consiste em creches; escolas; escolas especiais; clínicas multidisciplinares; consultórios; clínicas
geriátricas; postos de saúde; hospitais; empresas (ibidem, 2003). Como observamos, a atuação do psicomotricista,
profissão não regulamentada, cujo alguns entendem estar englobada pela área da Educação Física, quando se trata de
atuar no âmbito das atividades físicas, certas vezes pode, portanto, adentrar também no âmbito da reabilitação, área
característica da Fisioterapia e em certos casos da Fonoaudiologia e da Medicina e Psicologia.

CONTRIBUIÇÕES DE WALLON SOBRE A PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE


ALFABETIZAÇÃO
Henri Paul Hyacinthe Wallon nasceu em Paris, França, no dia 15 de junho de 1879 e morreu em 1 de
dezembro de 1962, tendo atuado como médico, psicólogo, político e filósofo. Foi contemporâneo das duas grandes
guerras mundiais, sendo o médico responsável pelas crianças vítimas dessas catástrofes e atuante político de
posicionamento marxista tendo sido filiado ao partido socialista e posteriormente ao Partido Comunista Francês,
sendo durante a segunda guerra, perseguido pela Gestapo.
Segundo Fonseca (2008), Wallon teve grande participação social, extensa produção intelectual e juntamente
com Langevin, elaborou o projeto educacional Langevin-Wallon, no qual integraram de forma original conceitos de
psicomotricidade.
É conhecido por seu trabalho sobre a Psicologia do Desenvolvimento, de postura interacionista, pois o homem
seria formado não somente por influência fisiológica, mas também por influência social. Entre o indivíduo e o seu
meio há uma unidade indivisível, a sociedade seria uma necessidade orgânica que determina seu desenvolvimento e
consequentemente sua inteligência (FONSECA, 2008, p.15).
Nesse sentido, Nascimento (2004, p. 47) explica:

Tomando a dialética como fundamento epistemológico, Wallon buscou compreender o desenvolvimento


infantil por meio das relações estabelecidas entre a criança e seu ambiente, privilegiando a pessoa em sua totalidade,
nas suas expressões singulares e na relação com os outros. Dessa maneira, não propôs um sistema linear e
organizado de etapas de evolução psíquica, mas desenvolveu sua teoria buscando compreender os objetivos da
criança e os meios que ela utiliza para realizá-los, estudando cada uma das suas manifestações no conjunto de suas
possibilidades. Sua teoria expõe a evolução psíquica passando de um campo a outro da atividade infantil, em textos
entremeados por termos médicos e neurológicos.

A construção da pessoa acontece na medida em que a criança, opondo-se ao outro, distancia-se do meio onde
está envolvida. A sucessão de elementos de ordem afetiva e cognitiva se alternam no processo de desenvolvimento,
sublinhando os aspectos subjetivos e objetivos na construção do “eu” e do mundo. O recorte corporal permite uma
objetivação da imagem e, portanto, a consciência de um “eu” subjetivo, que o espelho reflete.

A questão da motricidade é muito forte na teoria walloniana, compreendida como um instrumento privilegiado de
comunicação da vida psíquica. A criança, que ainda não possui a linguagem verbal, exprime por meio da motricidade suas mais
diversas necessidades, traduzidas, portanto, de uma forma não verbal e com aspectos afetivos de expressão de bem ou mal estar.
Nesse sentido Fonseca (2008, p.15) esclarece:

A motricidade contém, portanto, uma dimensão psíquica, e é um deslocamento no espaço de uma totalidade motora,
afetiva e cognitiva, que se apresenta em termos evolutivos segundo Wallon sob três formas essenciais: deslocamentos passivos ou
exógenos, deslocamentos ativos ou autógenos e deslocamentos práxicos.
O movimento não é um puro deslocamento no espaço nem uma adição pura e simples
de contrações musculares; o movimento tem um significado de relação e de interação afetiva com o mundo exterior, pois é a
expressão material, concreta e corporal de uma dialética subjetivo-afetiva que projeta a criança no contexto da sociogênese.

PSICOMOTRICIDADE - IDÉIAS DE PIAGET


Foi um célebre biólogo suíço nascido em 1896 e que veio a falecer em 1980. Inicialmente dedicou seus
estudos a área da biologia, mas interessava-se também por estudos nas áreas de filosofia, religião sociologia e
psicologia, e mais tarde dedicou-se a Epistemologia Genética (do desenvolvimento e conhecimento do ser humano).
Piaget é reconhecido pelo seu trabalho de organizar o desenvolvimento cognitivo em estágios; seu estudo fora feito
por meio da observação de crianças, dentre elas seus 3 filhos.
Sua teoria era de que o conhecimento é construído por cada sujeito na interação com seu ambiente. Dessa
forma, procurou identificar como o homem constrói seu conhecimento, como ele o procura, organiza e assimila a seu
estado anterior de conhecimento, ou seja, a gênese do conhecimento, defendendo então que as pessoas passariam por
estágios de desenvolvimento.
Para Piaget, o desenvolvimento do conhecimento é um processo espontâneo, ligado ao processo total da
embriogênese e ao desenvolvimento do corpo, do sistema nervoso, das funções mentais e da totalidade das estruturas
do conhecimento (PIAGET, 1976). Também está ligado à interação dos fatores cognitivos e afetivos (PIAGET, 1981;
PIAGET E INHELDER, 1993). Piaget, através de sua teoria dos estágios de desenvolvimento psicogenético, tornou
possível avaliar as estruturas das quais o sujeito já dispõe, para compreender e assimilar certos conceitos, inclusive os
escolares, e verificar também as estruturas que o sujeito ainda não construiu ou está em fase de construção e que o
impedem de assimilar e compreender outros conceitos.
São quatro os principais fatores responsáveis pelo desenvolvimento mental ressaltados por PIAGET .
O primeiro é o crescimento orgânico, o crescimento biológico das estruturas orgânicas hereditárias, a
maturação; é ela que fornece as estruturas necessárias e as condições suficientes para que o organismo responda ao
meio; representa um potencial para acomodar novas estruturas e novas informações a partir das primeiras. Tem papel
indispensável na sucessão de estágios que caracterizam o desenvolvimento, mas não consegue explicá-lo totalmente.
O segundo fator é a experiência; um mínimo de experiência é necessário para que o sujeito construa o
conhecimento. Há dois tipos de experiências: a física, da qual resulta o conhecimento físico, e a lógico-matemática.
Ao agir sobre os objetos, o sujeito retira informações do mesmo, abstraindo suas propriedades (peso, cor, etc.). Esse
tipo de experiência que resulta do conhecimento físico serve de base para a estruturação do conhecimento lógico-
matemático, que é abstraído das ações do próprio sujeito, e não dos objetos, pois agindo sobre os objetos, o sujeito
constrói relações lógicas entre e dentre eles, criando relações que não existem nos objetos e sim na ação (ordenar,
reunir, classificar, etc.).
Outro fator fundamental é a transmissão social, que pode ser lingüística ou educacional; é importante lembrar
que a socialização é uma estruturação, e que nela o indivíduo fornece tanto quanto recebe (operações e cooperação).
Em sua obra “Estudos Sociológicos”, PIAGET (1973) descreve dois tipos de relações interindividuais ou
sociais. Uma delas é a cooperação, que implica trocas entre indivíduos quando há igualdade de direitos ou autonomia.
Esse tipo de relação é capaz de socializar o sujeito, tornando-o menos egocêntrico. O outro tipo de relação social é a
coação, que implica um elemento de respeito unilateral que pode ser de submissão, autoridade, etc, e que conduz à
heteronomia.
Mesmo antes do aparecimento da linguagem, o social intervém no desenvolvimento por intermédio dos
adestramentos sensório-motores, como a imitação, embora não modifique a essência da inteligência pré-verbal.
Percebe-se, portanto, que a sociogênese intervém na psicogênese desde os estágios mais elementares do
desenvolvimento.
Ao analisar a evolução do pensamento, nota-se que, nos primeiros estágios de desenvolvimento, este é
egocêntrico e subjetivo; com o desenvolvimento progressivo, através da diferenciação entre o “eu” e o mundo, torna-
se descentralizado e objetivo, nos estágios finais. PIAGET (1973) faz a correspondência do desenvolvimento social
com as etapas de desenvolvimento das operações lógicas.
Vê-se então, que os três fatores descritos não conseguem explicar sozinho o desenvolvimento cognitivo. A
maturação, porque desconhece as condições que possibilitam a construção de grandes estruturas operatórias, uma vez
que fornece as condições necessárias, mas não suficientes para o aparecimento das mesmas, e porque, quanto mais as
novas aquisições se afastam das origens sensório-motoras, mais varia sua ordem cronológica de aparecimento. A
experiência, apesar de essencial, depende das coordenações das ações realizadas pelo sujeito. E a transmissão social,
porque o sujeito necessita de instrumentos operatórios para assimilá-la.
O quarto e mais importante fator que explica o desenvolvimento cognitivo é a equilibração, que regula e
equilibra os outros três. A equilibração ocorre porque, para conhecer, o sujeito tem de agir, e quando ele se depara
com uma incongruência, reage através de compensações ativas de regulagem retroativa ou proativa para compensar o
distúrbio e retornar ao equilíbrio. É pelo processo central de equilibração que PIAGET (1976) explica o
desenvolvimento e a formação do conhecimento.
A inteligência, sob o enfoque piagetiano, caracteriza-se pela capacidade de adaptação do sujeito ao meio. O
surgimento de novas estruturas é possível pela assimilação recíproca, que cria um esquema novo e melhor a partir da
assimilação das já existentes. Os outros três tipos de assimilação, funcional, generalizadora e diferenciadora, apenas
conservam as estruturas já existentes. Outro responsável pelo surgimento de novas estruturas é a acomodação, que
ocorre quando o organismo se adapta às características específicas do objeto, modificando as estruturas antigas. A
mudança nas estruturas já existentes apenas é possível porque os esquemas têm como característica, além de se
conservarem, modificarem-se individualmente e formarem relações cada vez mais complexas, interligando-se a outros
esquemas. O sistema cognitivo forma-se, portanto, através de um conjunto de estruturas, que são, por sua vez,
formadas por um conjunto de esquemas.
Não se pode deixar de salientar a importância da ação na teoria construtivista, pois se não houvesse ação,
tampouco haveria pensamento ou desenvolvimento. Isso ocorre porque o conhecimento não está nem no sujeito nem
no objeto, e sim na interação entre ambos, e a ação é a ferramenta que possibilita essa interação.
De acordo com a teoria piagetiana, o ser humano associa-se a um processo de interação. A qualidade dessas
associações produz a chamada atmosfera para o grupo, e é nas interações sociais que é determinado o papel de cada
sujeito; isso ocorre tanto em salas de aula como em outros grupos sociais.
TEORIA DE JEAN LE BOULCH
Introdução • O francês Jean Le Boulch, educador físico, médico e psicólogo criou em 1966 o Método da
Psicocinética que propõe uma ciência do movimento humano aplicada ao desenvolvimento humano. • Sua proposta
é de uma educação pelo movimento no contexto das ciências da educação. • Defendeu uma Educação Física
científica com objetivos e métodos claramente definidos (propostos na França em 1947).
Os objetivos e seus métodos
1. Método Médico: com a ginástica corretiva, a postura adequada e o desenvolvimento das crianças.
2. Método Natural: baseado nos costumes dos gestos naturais.
3. Método Desportivo: iniciação desportiva.

Aplicabilidade do Método Psicocinético • Enquanto Ciência do Movimento Humano o Método da


Psicocinética é aplicável tanto na Educação Física quanto na Fisioterapia. • Parte da hipótese de que o movimento é
fundamental para o desenvolvimento das pessoas. • Le Boulch concordava com Cagigal ao defender que as ciências
do movimento humano deveriam estar epistemologicamente situada nas ciências humanas.

Nas palavras de Le Boulch... • “A concepção de aprendizagem, na Psicocinética, permite propor uma


metodologia que baseia as aprendizagens motoras em um desenvolvimento metódico das aptidões psicomotoras;
seu coroamento se manifesta por uma disponibilidade corporal, a tradução objetiva do corpo operatório.” • Na fase
operatória o corpo da criança já está pronto para viver sua motricidade em consonância com suas representações
mentais.

• Aprender a escrever, ler e falar requer alta capacidade de coordenação fina, daí a importância de
possibilitar um vasto repertório de vivências motora às crianças em todas as fases da infância.
• Está base Psicocinética é vital para todo o processo de desenvolvimento da pessoa para além do físico,
mas também do cognitivo, social e afetivo.

Você também pode gostar