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Teoria Bourdieu PDF
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EDUCAÇÃO
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Iluminismo.
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tradicionais, e de construção de uma nova sociedade, justa (meritocrática), moderna
(centrada na razão e nos conhecimentos científicos) e democrática (fundamentada
na autonomia individual). Supunha-se que por meio da escola “instituição neutra”,
pública e gratuita, todos teriam igualdade de oportunidades, logo as pessoas iriam
competir como iguais e os que se destacassem por seus dons pessoais seriam
levados “por uma questão de justiça” a posições superiores da hierarquia social
(NOGUEIRA, 2002).
Não se pode negar que esta visão da educação ainda permanece no senso
comum de grande parte da população brasileira, mas, segundo Bourdieu, esta
organização das hierarquias sociais, em hierarquias simbólicas, permitiria a
legitimação ou justificação das diferenças e da própria hierarquia, motivo pelo qual, o
indivíduo que ocupa posições elevadas entender-se-ia como merecedor desta
posição que ocupa e não como o resultado de uma dominação, vista a validação de
uma qualidade intrínseca cultural superior.
De outro lado, os sujeitos que constituem a posição dominada,
reconheceriam a superioridade dos dominantes, baseados na percepção de que são
incultos e/ou pouco inteligentes e por este motivo, individual, não alcançaram
posições superiores.
A sociologia de Pierre Bourdieu, através da sua perspectiva de análise
(teoria) compreende que na escola preserva-se muito da origem social sobre os
destinos escolares, desta forma, a escola funcionava, e funciona, como uma
produtora e/ou reprodutora dos padrões sociais, lingüísticos e comportamentais das
classes dominantes.
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econômicas, não são suficientes para designar as propriedades comuns
que fazem de um conjunto de indivíduos um grupo social relativamente
homogêneo. É preciso considerar ainda a posição nas relações de
produção cultural [...] (NOGUEIRA, 1997).
A classe social não se define somente por uma posição nas relações de
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produção, mas pelo habitus de classe que está normalmente associado a
essa posição (BOURDIEU, 1979 apud NOGUEIRA, 1997).
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“Os “sujeitos” são, de fato, agentes que atuam e que sabem, dotados de um senso prático [...], de
um sistema adquirido de preferências, de princípios de visão e de divisão (o que comumente
chamamos de gosto), de estruturas cognitivas duradouras (que são essencialmente produto da
incorporação de estruturas objetivas) e de esquemas de ação que orientam a percepção da situação
e a resposta adequada. O habitus é essa espécie de senso prático do que se deve fazer em dada
situação. (BOURDIEU, 1997, p.42).
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O conceito campo para Bourdieu é o conjunto de instituições sociais, indivíduos e discursos que se
sustentam mutuamente, a sociedade é composta por inúmeros campos que se sobrepõem – ex:
campos da educação, da religião, etc. Campo é um universo social com propriedades bem definidas
(NOGUEIRA; CATANI, 2008).
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Neste mesmo sentido, os indivíduos que produzissem e/ou usufruíssem
produções simbólicas tidas como inferiores, assumiriam uma posição subordinada
na sociedade.
Este autor também utiliza o conceito de violência simbólica: como
mecanismo que cria, legitima e reproduz a desigualdade social; pois, o uso da
violência simbólica é dirigido por um individuo, ou grupo, que controla o poder
simbólico sobre os outros, fabricando crenças no processo de socialização,
induzindo os dominados a enxergarem e a avaliarem o mundo de acordo com os
critérios e padrões definidos pelos dominantes.
Como por exemplo, a linguagem – e todas as suas definições: gramática,
ortografia, sotaque, vocabulários, etc. – está relacionada à posição social de quem
fala e à confirmação da ordem estabelecida. Para Bourdieu, todas essas
ferramentas de poder são essencialmente arbitrárias, mas isso normalmente não é
percebido. É necessário que os dominados as percebam como legítimas, justas e
dignas de serem utilizadas (NOGUEIRA, ____)
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Agentes são os sujeitos inseridos no processo educacional, isto é, professores, inspetores, diretores, etc.
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Passeron - A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino - no
sentido de se fazer, segundo alguns críticos, uma descrição da função reprodutiva
na escola, e desta forma como bem destaca Catani evidenciando algumas
discussões da época da maneira como era apreendida a obra do francês.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Jane Soares de; SOUZA, Rosa Fátima de; SAVIANI, Dermeval. O
Legado Educacional do Século XIX no Brasil. São Paulo: Editores Associados, 2004.
AZEVEDO, Mário Luiz Neves de. Espaço Social, Campo Social, Habitus e Conceito
de Classe Social em Pierre Bourdieu. Revista Espaço Acadêmico, Ano III, Nº 24,
Maio de 2003. Disponível em
<http://www.espacoacademico.com.br/024/24cneves.htm> acesso em 28/05/08.
BOURDIEU, Pierre. Esboço de uma teoria da prática. In: ORTIZ, Renato (org.).
Pierre Bourdieu: sociologia. São Paulo, Ática, 1983a.
_______. Gostos de classe e estilos de vida. In: ORTIZ, Renato (org.). Pierre
Bourdieu: sociologia. São Paulo, Ática, 1983b.
BOURDIEU, Pierre. Pierre Bourdieu entrevistado por Maria Andréa Loyola. Rio de
Janeiro: EDUERJ, 2002.