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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE

CONSIDERAÇÕES HISTOLÓGICAS DO
SISTEMA TEGUMENTAR

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE

CONSIDERAÇÕES HISTOLÓGICAS DO
SISTEMA TEGUMENTAR

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
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mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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SUMÁRIO

1 SISTEMA TEGUMENTAR
1.1 PELE
1.1.1 Epiderme
1.1.2 Derme
1.2 HIPODERME
1.3 ANEXOS CUTÂNEOS
2 PROCESSO DE REPARO TECIDUAL
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1 SISTEMA TEGUMENTAR

O sistema tegumentar (figura 01), também denominado tegumento, recobre


o organismo humano e exerce funções importantes na manutenção do equilíbrio
orgânico. Está organizado em camadas interdependentes: pele (que se subdivide
em epiderme e derme) e hipoderme. Entre estas camadas distribuem-se os anexos
cutâneos: pêlos, glândulas sebáceas e sudoríparas e unhas (Luna, 2010).

FIGURA 01 – SISTEMA TEGUMENTAR

FONTE: CEDERJ. Sistema tegumentar: pele e anexos. Disponível em:


<www.d.yimg.com/kq/groups/18803735/1895055385/name/Corpo>. Acesso em: 11 set. 2010.

O tegumento humano possui porções de tecido epitelial (epiderme), tecido


conjuntivo (derme) e tecido adiposo (hipoderme) (Sampaio e Rivitti, 2001):

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O tecido epitelial, encontrado na epiderme, é avascular, formado por
células intimamente unidas, podendo ser classificado em duas categorias: epitélio
de revestimento (figura 02A) (reveste as superfícies e cavidades do corpo) e
epitélio glandular (figura 02B) (produz e libera secreções) (Azulay e Azulay, 1999).

FIGURA 02 – TECIDO EPITELIAL


A – EPITÉLIO DE REVESTIMENTO

FONTE: PUC-RS. Atlas Virtual de Histologia: Epitélio de revestimento. Disponível em:


<http://www.pucrs.br/fabio/histologia/atlasvirtual/maxim/30a4peg.htm>. Acesso em: 13 set. 2010.

B – Epitélio glandular

FONTE: PUC-RS. Atlas Virtual de Histologia: Epitélio glandular. Disponível em:


<http://www.pucrs.br/fabio/histologia/atlasvirtual/maxim/tec-ep-rev-estr-pav-quer1.htm>. Acesso em:
13 set. 2010.

O tecido conjuntivo, encontrado na derme, é vascularizado e caracterizado


pela presença de muitos tipos celulares, separados por abundante material

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intercelular. Possui fibras especializadas que mantém a integridade estrutural de
muitos órgãos e tecidos. Este tipo de tecido também auxilia no processo de defesa
orgânica, por possuir células que combatem microorganismos invasores antes que
se disseminem pelo organismo (Beltramini, 2010).
O tecido conjuntivo propriamente dito pode ser classificado em duas
categorias: frouxo (figura 03A) (possui grande quantidade de substância intercelular
e poucas fibras, frouxamente distribuídas) e denso (figura 03B) (pobre em
substância intercelular e rico em fibras) (Azulay e Azulay, 1999).

FIGURA 03 – TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO


A – TECIDO CONJUNTIVO FROUXO

FONTE: SÓ BIOLOGIA. Tecido conjuntivo. Disponível em:


<http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Histologia/epitelio13.php>. Acesso em: 15 set. 2010.

B – Tecido conjuntivo denso

FONTE: SÓ BIOLOGIA. Tecido conjuntivo. Disponível em:


<http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Histologia/epitelio13.php>. Acesso em: 15 set. 2010.

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As fibras do tecido conjuntivo são proteínas polimerizadas que formam
estruturas alongadas presentes em quantidades variáveis em cada tipo de tecido
conjuntivo (Azulay e Azulay, 1999).

Podem ser classificadas em três tipos (Só Biologia, 2010):

 Colágenas: constituídas por colágeno. São as mais frequentes no


tecido conjuntivo. Possuem estriação longitudinal, são grossas e resistentes,
distendendo-se pouco quando tensionadas (figura 04A).

 Reticulares: constituídas por colágeno. São ramificadas e formam um


trançado firme que liga o tecido conjuntivo aos tecidos vizinhos. São formadas por
uma variação do colágeno (tipo III) e possuem elevado teor de glicídios. Formam o
arcabouço de certos órgãos hematopoiéticos (baço e linfonodos) e circundam
órgãos epiteliais (fígado e algumas glândulas endócrinas) (figura 04B).

 Elásticas: constituídas por elastina. Não apresentam estriações


longitudinais. Conferem elasticidade ao tecido conjuntivo frouxo, complementando a
resistência das fibras colágenas (figura 04C).

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FIGURA 04 – FIBRAS DO TECIDO CONJUNTIVO
A – Fibras colágenas

B – Fibras reticulares

C – Fibras elásticas

FONTE: SÓ BIOLOGIA. Tecido conjuntivo. Disponível em:


<http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Histologia/epitelio12.php>. Acesso em: 15 set. 2010.

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O tecido adiposo (figura 05), presente na hipoderme, é um tipo especial de
tecido conjuntivo, caracterizado pela presença de células especializadas em
armazenar lipídios (adipócitos). Os lipídios funcionam como reservas energéticas e
calóricas, sendo utilizadas paulatinamente entre as refeições. Além dessa
importante função, os adipócitos auxiliam na manutenção da temperatura corpórea,
na formação dos coxins adiposos, além de apresentarem distribuição diferenciada
no homem e na mulher, ligadas as características sexuais secundárias (FAG, 2010).

FIGURA 05 – TECIDO ADIPOSO

FONTE: VITOR HOME. Tecido adiposo. Disponível em:


<http://vitorhome.hpg.ig.com.br/tecido_epitelial.htm>. Acesso em: 15 set. 2010.

1.1 PELE

A pele é um grande órgão que forma um arcabouço protetor para o


organismo humano. Recobre e protege o organismo da perda excessiva de água, do
atrito e dos raios solares ultravioletas. Graças à arquitetura e às propriedades físico-
químicas e biológicas de suas estruturas, a pele, como membrana envolvente e

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isolante, é um órgão capacitado à execução de múltiplas funções (Sampaio e Rivitti,
2001):
 Proteção: constitui uma barreira de proteção para as estruturas internas
do organismo à ação de agentes externos de qualquer natureza e, ao mesmo
tempo, impede perdas de água, eletrólitos e outras substâncias do meio interno.

 Proteção imunológica: graças às células de defesa presentes na


derme, a pele é um órgão de grande atividade imunológica, onde atuam
intensamente os componentes de imunidade humoral e celular.

 Termorregulação: graças à sudorese, constrição e dilatação da rede


vascular cutânea, a pele processa o controle homeostático da temperatura orgânica.

 Percepção sensorial: por meio da complexa e especializada rede de


terminações nervosas presentes na pele, ela é capaz de perceber e interpretar
sensações de calor, frio, dor e tato.

 Secreção: a pele possui glândulas especializadas na produção de sebo


e suor. A secreção sebácea é importante para a manutenção do equilíbrio da pele,
particularmente da camada córnea, evitando a perda de água. Além disso, o sebo
possui propriedades antimicrobianas e contêm substâncias precursoras da vitamina
D. O suor é importante para regulação da temperatura orgânica.
Nas diferentes regiões do corpo, a pele pode variar em espessura, cor e
presença de anexos cutâneos, porém, todos os tipos de pele possuem a mesma
estrutura básica (figura 06). A pele é composta por duas camadas intimamente
relacionadas: a epiderme (camada mais superficial composta por tecido epitelial) e
a derme (camada mais profunda composta por tecido conjuntivo) (Sampaio e Rivitti,
2001).

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FIGURA 06 – DETALHE DE MICROGRAFIA DA ESTRUTURA DA PELE,
EVIDENCIADO TAMBÉM A HIPODERME

FONTE: UFGD. Histologia. Disponível em: <http://histologiaufgd.blogspot.com/2010/03/t2-pele-


espessa-com-epiderme-derme-e.html>. Acesso em: 17 set. 2010.

1.1.1 Epiderme

A epiderme (figura 07) é a camada mais superficial da pele. É composta por


tecido epitelial estratificado pavimentoso queratinizado e está em contato direto com
o exterior, constituindo a primeira barreira aos agentes externos. É avascular, sendo
nutrida a partir de difusão e osmose dos vasos sanguíneos da derme. Sua
espessura é variável de acordo com a região do corpo (Sampaio e Rivitti, 2001).

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São funções da epiderme (Cuce e Neto, 1980):

 Proteção contra traumas físicos e químicos;


 Resistência às forças de tensão a epiderme;
 Prevenção da desidratação e perda de eletrólitos;
 Proteção contra o encharcamento quando em contato com a água;
 Restrição da passagem de corrente elétrica;
 Proteção contra entrada de substâncias tóxicas;
 Proteção dos efeitos nocivos dos raios ultravioleta.

FIGURA 07 – DETALHE DA EPIDERME

FONTE: VITOR HOME. Tecido epitelial. Disponível em:


<http://vitorhome.hpg.ig.com.br/tecido_epitelial.htm>. Acesso em: 15 set. 2010.

A epiderme compõe-se por quatro camadas principais: córnea, granulosa,


espinhosa e basal (figura 08). Existe uma camada intermediária denominada
camada lúcida constituída por uma fina camada de células achatadas e núcleos

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degenerados que não está presente em todas as regiões do corpo, sendo mais
comum nas regiões palmoplantares (CEDERJ, 2010).

FIGURA 08 – CAMADAS DA EPIDERME

FONTE: DERMATO-INFO. L'ÉPIDERME. Disponível em: <http://dermato-


info.fr/La_peau_normale/Un_organe_multifonction/page2>. Acesso em: 26 ago. 2010.

A camada córnea da epiderme é a camada mais superficial da pele. É


constituída por células achatadas mortas, anucleadas, dispostas em lâminas que se
sobrepõem formando uma estrutura rígida e hidrófila. Exerce a função de proteção
contra agentes físicos, químicos e biológicos, além de impedir a evaporação de
água. Nesta camada ocorre desprendimento celular constante para proporcionar a
renovação da epiderme (Sampaio e Rivitti, 2001).
A camada granulosa da epiderme localiza-se logo abaixo da camada
córnea e é caracterizada pela presença de células, poligonais e achatadas com

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núcleo central e grânulos de queratina no citoplasma, responsáveis pela
conservação do conteúdo hídrico da pele (Sampaio e Rivitti, 2001).
A camada espinhosa da epiderme localiza-se logo abaixo da camada
granulosa, sendo formada por cerca de dez fileiras de células, cuboides ou
achatadas, com núcleo central e pequenas expansões citoplasmáticas que conferem
o aspecto espinhoso a esta região (Sampaio e Rivitti, 2001).
A camada basal da epiderme é a camada mais profunda, fazendo contato
direto com a derme. É formada por uma única fileira de células prismáticas. Nesta
camada ocorre intensa divisão celular para renovação da epiderme e substituição
das células que são perdidas na camada córnea. Nesse processo as células partem
da camada basal e vão sendo deslocadas até a camada córnea, num período
aproximado de 25 dias.
Abaixo da camada basal existe a membrana basal. Trata-se de uma fina
estrutura constituída por mucopolissacarídeos neutros, que exerce a função de
suporte mecânico da epiderme (Sampaio e Rivitti, 2001).
A epiderme de uma pessoa adulta possui três tipos básicos de células: os
queratinócitos, os melanócitos e as células de Langerhans (Azulay e Azulay,
1999; Sampaio e Rivitti, 2001):

 Queratinócitos (figura 09): células mais freqüentes da epiderme. São


produzidas na camada basal a partir de células cilíndricas que sofrem contínua
atividade mitótica. Uma vez formadas, são empurradas para as camadas mais
superficiais da epiderme. À medida que chegam às camadas superiores, os
queratinócitos sintetizam uma proteína denominada queratina, no seu citoplasma.
Quando os queratinócitos estão em fase inicial de desenvolvimento, ainda na
camada basal, são denominados de células germinativas. Quando atingem a
camada córnea, são denominados corneócitos.

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FIGURA 09 – QUERATINÓCITO

FONTE: DERMATO-INFO. L'ÉPIDERME. Disponível em: <http://dermato-


info.fr/La_peau_normale/Un_organe_multifonction/page2>. Acesso em: 26 ago. 2010.

 Melanócitos (figura 10): células arredondadas localizadas


principalmente na camada basal, responsáveis pela produção de melanina (um dos
pigmentos que determina à coloração da pele). A quantidade de melanócitos não
varia em relação às raças, portanto, as diferenças raciais de pigmentação não
dependem do número e sim da capacidade funcional dos melanócitos. Os
melanócitos existem na proporção de 1:10 em relação aos queratinócitos e ao
contrário desses, não se multiplicam.

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FIGURA 10 – MELANÓCITO

FONTE: DERMATO-INFO. L'ÉPIDERME. Obtido via internet. Disponível em: <http://dermato-


info.fr/La_peau_normale/Un_organe_multifonction/page2>. Acesso em: 26 ago. 2010.

 Células de Langerhans (figura 11): células dendríticas com função


imunológica que exercem um importante papel protetor na pele. Podem ser
encontradas em qualquer camada da epiderme, porém são mais frequentes na
camada espinhosa. Possuem grande capacidade fagocitária e ativação de linfócitos
T. Existem também na derme, nos linfonodos e no timo.

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FIGURA 11 – CÉLULAS DE LANGERHANS

FONTE: DERMATO-INFO. L'ÉPIDERME. Disponível em: <http://dermato-


info.fr/La_peau_normale/Un_organe_multifonction/page2>. Acesso em: 26 ago. 2010.

1.1.2 Derme

A derme (figura 12) é a camada da pele situada logo abaixo da epiderme. É


fundamentalmente constituída por tecido conjuntivo, sendo ricamente vascularizada
e inervada. Possui fibras colágenas, reticulares e elásticas. Contêm glândulas
especializadas e órgãos dos sentidos. Sua superfície externa é muito irregular e
varia de região para região (CEDERJ, 2010).

São funções da derme (Angélica, 2010):

 Promoção da flexibilidade tecidual.


 Proteção contra traumas mecânicos.
 Manutenção da homeostase orgânica.

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 Armazenamento de sangue para necessidades primárias do
organismo.
 Ruborização quando de respostas emocionais.
 É considerada a segunda linha de proteção contra micro-organismos.

FIGURA 12 – DETALHE DA DERME

FONTE: ANGÉLICA. Estética, higiene, saúde. Disponível em:


<http://www.angelicabeauty.blogspot.com>. Acesso em: 16 set. 2010.

A derme compõe-se por três camadas: camada papilar, camada reticular e


camada profunda (figura 13) (Dermato-info, 2010):
A camada papilar é a camada mais externa da derme e é assim
denominada porque possui papilas dérmicas que aumentam a zona de contato da
derme com a epiderme. É delgada e constituída por tecido conjuntivo frouxo. Esta
camada contém fibroblastos, macrófagos e outras células do tecido conjuntivo.
Possui também, muitos capilares que regulam a temperatura corporal e nutrem as
células da epiderme avascular (Guirro e Guirro, 2004).
A camada reticular é a camada intermediária da derme. É mais espessa e
constituída por tecido conjuntivo denso. É assim denominada porque os feixes de
fibras colágenas que a compõem entrelaçam-se como uma rede. As células são

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mais dispersas nesta camada do que na camada papilar. Elas incluem fibroblastos,
mastócitos, linfócitos e macrófagos (Junqueira e Carneiro, 2004).
A camada profunda da derme faz a transição com a hipoderme. A rede
fibrosa é mais solta e começa a haver células de gordura (adipócitos). É muito rica
em vasos sanguíneos (Dermato-info, 2010).

FIGURA 13 – CAMADAS DA EPIDERME

FONTE: DERMATO-INFO. LE DERME. Disponível em: <http://dermato-


info.fr/La_peau_normale/Un_organe_multifonction/page3>. Acesso em: 26 ago. 2010.

A derme possui algumas células típicas (Junqueira e Carneiro, 2004):

 Fibroblastos;
 Macrófagos;
 Linfócitos;

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 Melanócitos;
 Fibras colágenas, elásticas e reticulares.

Os fibroblastos (figura 14) são as células mais comuns do tecido


conjuntivo, responsáveis pela produção de fibras colágenas, elásticas, reticulares e
também de substância fundamental amorfa (Angélica, 2010).

FIGURA 14 – FIBROBLASTOS

FONTE: DERMATO-INFO. LE DERME. Disponível em: <http://dermato-


info.fr/La_peau_normale/Un_organe_multifonction/page3>. Acesso em: 26 ago. 2010.

A forma inativa do fibroblasto é denominada fibrócito (figura 15). Em


relação ao fibroblasto, o fibrócito possui citoplasma escasso, baixa atividade celular

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e cromatina condensada. Estudos atuais indicam que o fibrócito pode tornar-se
novamente ativo mediante estímulo inflamatório (Boer, 2010).

FIGURA 15 – FIBROBLASTOS X FIBRÓCITOS

FONTE: BOER, P. A. Tecido conjuntivo. Disponível em


<http://www.ibb.unesp.br/departamentos/Morfologia/material_didatico/Profa_Patricia/Aula_tecido_conj
untivoII_09.pdf>. Acesso em: 15 set. 2010.

Os macrófagos e linfócitos (figura 16) são células que exercem a função


de defesa da derme contra o ataque de micro-organismos ou presença de
substâncias estranhas ao organismo (Junqueira e Carneiro, 2004).

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FIGURA 16 – CÉLULAS DE DEFESA DA DERME

FONTE: DERMATO-INFO. LE DERME. Disponível em: <http://dermato-


info.fr/La_peau_normale/Un_organe_multifonction/page3>. Acesso em: 26 ago. 2010.

As fibras da derme são as colágenas, elásticas e reticulares (figura 17)


(Junqueira e Carneiro, 2004).

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FIGURA 17 – FIBRAS DA DERME

FONTE: DERMATO-INFO. LE DERME. Disponível em: <http://dermato-


info.fr/La_peau_normale/Un_organe_multifonction/page3>. Acesso em: 26 ago. 2010.

Existem receptores sensoriais na pele que detectam diferentes estímulos


que incidem sobre ela ou sobre órgãos internos. São compostos pelas extremidades
de uma fibra nervosa, que pode estar livre ou associada a células não neurais. Essa
formação permite que se recebam informações sobre as diferentes partes do corpo
em relação ao tato, frio, calor e sensibilidade dolorosa (figura 18) (CEDERJ, 2010).

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FIGURA 18 – RECEPTORES SENSORIAIS PRESENTES NA PELE

FONTE: DERMATO-INFO. LE DERME. Disponível em: <http://dermato-


info.fr/La_peau_normale/Un_organe_multifonction/page3>. Acesso em: 26 ago. 2010.

A vascularização da derme (figura 19) se dá por meio de três importantes


plexos intercomunicantes: o plexo subpapilar percorre dentro da parte papilar da
derme, paralela à epiderme, e fornece um rico suprimento de capilares, arteríolas
terminais e vênulas das papilas dérmicas. Os plexos profundos, ao redor dos
folículos pilosos e das glândulas écrinas, são compostos de vasos sanguíneos
maiores que os do plexo superficial (Arnold Jr, Odom e James, 1994).

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FIGURA 19 – VASCULARIZAÇÃO DA DERME

FONTE: DERMATO-INFO. LE DERME. Disponível em: <http://dermato-


info.fr/La_peau_normale/Un_organe_multifonction/page3>. Acesso em: 26 ago. 2010.

1.2 HIPODERME

A hipoderme, também denominada tela subcutânea (figura 20), está


situada logo abaixo da pele e é formada por tecido conjuntivo que varia do tipo
frouxo ao denso a depender do local do organismo. O tecido adiposo também está
presente na hipoderme em quantidade variável a depender do local analisado e do
estado nutricional do indivíduo. Embora não faça parte da pele, a hipoderme está
inter-relacionada a ela e a fixa às estruturas subjacentes (Sampaio e Rivitti, 2001).
Funcionalmente, além de depósito nutritivo de reserva, a hipoderme participa
no isolamento térmico e na proteção mecânica do organismo às pressões e

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traumatismos externos e facilita a mobilidade da pele em relação às estruturas
subjacentes (Sampaio e Rivitti, 2001).

FIGURA 20 – DETALHE DA HIPODERME

FONTE: FCV. Integumento. Disponível em:


<http://www.fcv.unl.edu.ar/atlashisto/atlasport/atlas13.htm>. Acesso em: 17 set. 2010.

A hipoderme compõe-se por duas camadas: areolar e lamelar (Azulay e


Azulay, 1999).
A camada areolar da hipoderme é composta por adipócitos globulares e
volumosos, em disposição vertical, onde os vasos sanguíneos são numerosos e
delicados. Abaixo da camada areolar existe uma lâmina fibrosa, de desenvolvimento
conforme a região, que é a fáscia superficial ou subcutânea. Esta fáscia separa a
camada areolar da camada lamelar (Sampaio e Rivitti, 2001).
A camada lamelar da hipoderme é onde ocorre aumento de espessura e
ganho de peso, com aumento de volume dos adipócitos, que invadem a fáscia
superficial (Sampaio e Rivitti, 2001).

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Os fibroblastos estão presentes na hipoderme, porém as células típicas
desta região são os adipócitos (figura 21), que são estruturas especializadas no
armazenamento de lipídios (Dermato-info, 2010).

FIGURA 21 – CÉLULAS PRESENTES NA HIPODERME

FONTE: DERMATO-INFO. L'HYPODERME. Disponível em: <http://dermato-


info.fr/La_peau_normale/Un_organe_multifonction/page4>. Acesso em: 26 ago. 2010.

1.3 ANEXOS CUTÂNEOS

As estruturas anexas da pele são os pelos, as unhas e as glândulas


sebáceas e sudoríparas (figura 22) (Azulay e Azulay, 1999):
O pelo é uma matéria semiviva originada de invaginações da epiderme.
Estão distribuídos por quase todo o corpo e em certas regiões, como nas aberturas

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naturais (nariz, orelha), exercem papel de proteção. Um pelo completo é formado
por três regiões com diferentes níveis de queratinização: a medula (porção mais
central e fracamente queratinizada) o córtex (região mais queratinizada que envolve
a medula) e a cutícula (região mais externa, fortemente queratinizada, que envolve o
córtex sob a forma de escamas) (CEDERJ, 2010).

FIGURA 22 – ANEXOS DA PELE (PELO E GLÂNDULAS SUDORÍPARAS E


SEBÁCEAS)

FONTE: CEDERJ. Sistema tegumentar: pele e anexos. Disponível em:


<www.d.yimg.com/kq/groups/18803735/1895055385/name/Corpo>. Acesso em: 11/09/2010.

As glândulas sebáceas (figura 22) são encontradas anexas aos pelos em


todas as regiões do corpo, sendo mais numerosas, mas de menor volume, nas
regiões onde os pelos são abundantes. Sua secreção é uma mistura de lipídios cuja
função é a lubrificação da pele, além da ação bactericida (CEDERJ, 2010).
As glândulas sudoríparas (figura 22) distribuem-se em quase todo o corpo.
Seu número varia em cada região e diminui com a idade. A estimulação dos nervos

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simpáticos faz com que estas glândulas secretem um fluido de cloreto de sódio,
ureia, sulfatos e fosfatos a depender de fatores como temperatura e umidade do
meio e atividade muscular (CEDERJ, 2010).
As unhas são lâminas córneas formadas pela camada córnea. Em sua
extremidade proximal uma estreita prega da epiderme se estende, formando o
eponíquo. Possuem coloração rosada e crescem cerca de 1 mm por semana
(CEDERJ, 2010).

2 PROCESSO DE REPARO TECIDUAL

O processo de reparo tecidual (cicatrização) é um fenômeno complexo que


visa restabelecer a integridade morfológica e funcional de um tecido lesado.
Consiste em uma perfeita e coordenada cascata de eventos celulares e moleculares
que interagem para que ocorra a reconstituição tecidual (figura 23) (Martin e
Leibovich, 2005).

FIGURA 23 – FORMAÇÃO DA CICATRIZ

FONTE: Adaptado de LOPES, L. A. Análise in vitro da proliferação celular de fibroblastos


de gengiva humana tratados com laser de baixa potência. [mestrado]. Instituto de Pesquisa e
Desenvolvimento da Universidade Vale do Paraíba, SP, 1999. Disponível em:
<http://www.forp.usp.br/restauradora/laser/Luciana/fibroblasto.html>. Acesso em: 18 set. 2010.

A cicatrização é dependente de muitos fatores, dentre eles o tipo de pele do


indivíduo, a localização anatômica do tecido a ser regenerado, a idade do indivíduo,

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estados de saúde geral e nutricional do indivíduo, tipo de ferida (cirúrgica ou
traumática), ressecamento ou não do leito da ferida durante a cicatrização, entre
outros (Mandelbaun et al., 2003).
Devido à extrema complexidade e interação de seus eventos, o processo
cicatricial pode ser didaticamente subdividido em três fases: inflamatória,
proliferativa e de remodelamento. Essas fases são interdependentes e ocorrem
simultaneamente (Mandelbaun et al., 2003).

 Fase Inflamatória: inicia-se no momento da lesão tecidual e dura entre


24 a 48 horas. Sua característica é a presença de calor, rubor, edema e dor,
podendo haver perda parcial ou total das funções celulares. Nesta fase ocorre a
limpeza da área lesada (figura 24) (Lopes, 1999).

FIGURA 24 – FASE INFLAMATÓRIA

FONTE: FARIAS, F. F. Patologia básica. Disponível em:


<http://patologiabyprofessor3f.blogspot.com/>. Acesso em: 17 set. 2010.

 Fase proliferativa: após a fase inflamatória, inicia-se a fase


proliferativa com o aparecimento dos tecidos de granulação. A duração dessa fase é
de três dias a três semanas e nela ocorre o preenchimento da lesão pelos
macrófagos, fibroblastos, novos vasos, tecido de granulação e células epiteliais.

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Ocorre a contração da ferida, que reduz em diâmetro. Neste período, o colágeno é
imaturo e tem pouca resistência (figura 25) (Lopes, 1999).

 Fase de remodelamento: maior fase do processo de cicatrização,


podendo durar anos. Caracteriza-se por um realinhamento das fibras de colágeno
que compõem o tecido cicatricial de acordo com as forças de tensão, às quais a
cicatriz é submetida. O tecido assume gradualmente aparência e função próximas
do normal (figura 25) (Lopes, 1999).

FIGURA 25 – FASES PROLIFERATIVA E DE REMODELAMENTO

FONTE: FARIAS, F. F. Patologia básica. Disponível em:


<http://patologiabyprofessor3f.blogspot.com/>. Acesso em: 17 set. 2010.

Os fibroblastos são as principais células envolvidas no processo de reparo


tecidual e sua função é a manutenção da integridade do tecido conjuntivo por meio
da síntese dos componentes da matriz extracelular. Eles estão sujeitos a mudanças
devido às forças mecânicas as quais são submetidos durante a cicatrização e,
assim, organizam as fibras colágenas e estão diretamente relacionados à formação
do tecido de granulação. Além de produzirem colágeno, os fibroblastos produzem

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elastina, fibronectina, glicosaminoglicanas e proteases, responsáveis pelo
desbridamento e remodelamento fisiológico da célula (Junqueira e Carneiro, 1999).
Os fibrócitos (fibroblastos inativos) também são considerados importantes no
processo cicatricial por contribuírem para o mecanismo de formação do granuloma,
na atividade antigênica, na produção de colágeno e na matriz proteica, além de
terem participação na remodelagem e na inflamação como fonte rica de citocinas.
Durante a cicatrização, os fibrócitos podem ser recrutados do tecido adjacente não
lesado revertendo-se para o estado de fibroblasto e reativando sua capacidade de
síntese. Os fibrócitos podem ser encontrados em vários tecidos, tanto em condições
fisiológicas quanto patológicas, como nas estrias (Mandelbaun et al., 2003).

--------FIM --------

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANGÉLICA. Estética, higiene, saúde. Disponível em:


<http://www.angelicabeauty.blogspot.com>. Acesso em: 16 set. 2010.

AZULAY, R. D.; AZULAY, D. R. Dermatologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 1999.

CUCÉ, L. C.; NETO, C. F. Manual de dermatologia. Rio de Janeiro: Atheneu, 1990.

GUIRRO, E. C. O.; GUIRRO, R. R. Fisioterapia dermatofuncional: recursos,


fundamentos, técnicas. 3. ed. São Paulo: Manole, 2004.

JUNQUEIRA, L. C, CARNEIRO, J. Histologia básica. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 1999.

LUNA, F. Anatomia da pele. Disponível em:


<http://drafabialuna.site.med.br/index.asp?PageName=Anatomia-20da-20Pele>.
Acesso em: 10 set. 2010.

MANDELBAUM, S. H. et al. Cicatrização: conceitos atuais e recursos auxiliares –


parte I. An Bras Dermatol, v. 78, n.4, p.393-410, 2003.

SAMPAIO, S. A. P.; RIVITTI, E. A. Dermatologia. 2. ed. Porto Alegre: Artes


Médicas; 2001.

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