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Alguns MD

A formação reativa expressa, acima de tudo, de maneira manifesta, o componente


defensivo do conflito. Enquanto, na formação do compromisso, as duas forças que se separaram
colidem novamente, na formação reativa é o processo de defesa que predomina em sua
sistemática oposição à emergência de movimentos instintivos reprimidos. Nesse sentido, a
formação reativa tem sua origem essencialmente no superego (Chamama, 1995).

As formações reativas podem ser muito localizadas e se manifestar por um


comportamento peculiar, ou generalizadas até o ponto de constituírem traços de caráter mais ou
menos integrados no conjunto da personalidade. Do ponto de vista clínico, as formações
reativas assumem um valor sintomático no que oferecem de rígido, de forçado, de compulsivo,
pelos seus fracassos acidentais, pelo fato de levarem, às vezes diretamente, a um resultado
oposto ao que é conscientemente visado (summum jus summa injuria) (La Planche, 2000).

Esse mecanismo de defesa é usado geralmente em estruturas neuróticas como a


neurótica obsessiva e histeria. Desde as primeiras descrições da neurose obsessiva, Freud põe
em evidência um mecanismo psíquico especial, que se traduz em lutar diretamente contra a
representação penosa substituindo-a por um “sintoma primário de defesa” ou “contra-sintoma”,
que consiste em traços da personalidade — escrúpulo, pudor, falta de confiança em si próprio
— que estão em contradição com a atividade sexual infantil a que o sujeito se tinha inicialmente
entregado durante um primeiro período chamado de “imoralidade infantil’. Trata-se então de
uma defesa bem-sucedida”, na medida em que os elementos que atuam no conflito, tanto a
representação sexual como a “recriminação” por ela suscitada, são globalmente excluídos da
consciência, em proveito de virtudes morais levadas ao extremo . Depois a psicanálise não
cessará de confirmar, no quadro clínico da neurose obsessiva, a importância dessas defesas cuja
denominaçào, ‘reativas”, vem sublinhar o fato de se oporem diretamente à realização do desejo,
tanto pelo seu significado como do ponto de vista econômico-dinâmico.

A formação reativa constitui um contra-investimento permanente. “O sujeito que


elabora formações reativa certos mecanismos de defesa para empregar diante da ameaça de um
perigo pulsional; mudou a estrutura da sua personalidade como se esse perigo estivesse sempre
presente, para estar pronto em qualquer momento em que surgir.” As formações reativas são
especialmente patentes no caráter anal”. O mecanismo da formação reativa não é específico da
estrutura obsessiva. Podemos encontrá-lo particularmente na histeria, mas ‘... é preciso
acentuar que, diferentemente do que acontece na neurose obsessiva, estas formações reativas
não apresentam [então] a generalidade de traços de caráter, antes limitam-se a relações
inteiramente eletivas (La planche, 2000).
A formação reativa é um mecanismo de defesa regressivo, de tal forma que comparado
à projeção, por exemplo, é um mecanismo de defesa ainda mais regressivo, de modo que os
impulsos e pensamentos indesejados não são reconhecidos. Tendo em vista também que a uma
recusa do desejo e um comportamento totalmente oposto deste.

Por exemplo, um histérico que está muito chateado com um amigo por alguma situação,
trata este de forma muito gentil, quando sua vontade inconsciente é de agir de forma hostil, seu
conflito é contra a sua própria hostilidade. Um sujeito que é em seus relacionamentos frio, diz
que não deseja se “apegar” em ninguém, nunca teve relacionamentos estáveis, no entanto ele
tem enorme carência, relacionada provavelmente frustrações do passado com seu objeto, a
talvez uma falta de afeto, afeto este que ele deseja muito inconscientemente.

Já a projeção é um termo utilizado por Sigmund Freud a partir de 1895, essencialmente


para definir o mecanismo da paranóia, porém mais tarde retomado por todas as escolas
psicanalíticas para designar um modo de defesa primário, comum à psicose, à neurose e à
perversão, pelo qual o sujeito projeta num outro sujeito ou num objeto desejos que provêm dele,
mas cuja origem ele desconhece, atribuindo-os a uma alteridade que lhe é externa (La planche,
2000).

Chamama (1995) designa a projeção como, uma operação pelo qual um sujeito se
coloca no mundo exterior, mas sem identificá-los como tais, pensamentos, afetos, concepções,
desejos, acreditando em sua existência externa, objetiva, como um aspecto do mundo.

Em um sentido mais estrito, a projeção constitui uma operação pelo qual um sujeito
expulsa e localiza em outra pessoa uma unidade que ele não pode aceitar em si mesmo. A
projeção, ao contrário da introjeção é uma operação essencialmente imaginária (Chamama,
1995).

Bergeret (2006) destaca que é preciso distinguir na projeção não uma forma de retorno
do recalcado, mas um retorno do que, após o recalcamento normal, deveria ter sido recalcado,
mas não o pôde ser. A projeção é uma maneira de tratar esse não-recalcado, que, tornando-se
incômodo, deve ser eliminado por procedimentos menos eficazes que o recalcamento, mas
também menos custosos em contra-investimento.

Esse mecanismo de defesa é geralmente usual nas psicoses, mas também pode ser
observados em neuróticos.

Freud invocou a projeção para explicar diferentes manifestações da psicologia normal


e patolôgica: 1) A projeção foi descoberta primeiro na paranóia. Freud consagra a esta afecção
já em 1895-96 dois curtos escritos e o capítulo III das suas Novas observações sobre as
psiconeuroses de defesa ( Weiiere Bemerkun gen überdie Abwehr-Neuropsychosen, 1896). A
projeção é descrita aqui como uma defesa primária, um mau uso de uni mecanismo normal
que consiste em procurar no exterior a origem de um desprazer. O paranóicu projeta as suas
representações intoleráveis que voltam a ele do exterior sob a forma de recriminações: “... o
conteúdo efetivo mantém-se intato, mas há uma mudaxça na localização do conjunto’ . Em
todas as ocasiões ulteriores em que Freud trata da paranóia, invoca a projeção, particular-
mente no estudo do Caso Sehreber. Mas note-se a forma como Freud limita então o papel da
projeção: ela é apenas uma parte do mecanismo da defesa paranóica e não está igualmente
presente em todas as formas da afecção.

2) Em 1915, Freud descreve o conjunto da construçãofóbica como uma verdadeira


‘projeção” no real do perigo pulsional: “O ego comporta-se como se o perigo de
desenvolvimento da angústia não proviesse de uma moção pulsional, mas de uma percepção,
e pode portanto reagir contra este perigo exterior pelas tentativas de fuga próprias aos
evitamentos fóbicos.”

3) Freud vê o funcionamento da projeção naquilo que denomina “ciúme projetivo” —


distinguindo-o tanto do ciúme normal quanto do delírio de ciúme paranóico (7): o sujeito
defende-se dos seus próprios desejos de ser infiel imputando a infidelidade ao cônjuge; assim,
desvia a sua atenção do seu próprio inconsciente, desloca-a para o inconsciente do outro, e
pode ganhar com isso tanta clarividência no que diz respeito ao outro como desconhecimento
no que diz respeito a ele mesmo. Portanto, às vezes é impossível, e sempre ineficaz, denunciar
a projeção como uma percepção errada.

4) Por diversas vezes, Freud insistiu no caráter normal do mecanismo da projeção. E


assim que ele vê na superstição, na mitologia, no ‘animismo”, uma projeção. “O obscuro
conhecimento (por assim dizer, a percepção endopsíquica) dos fatores psíquicos e das relações
que existem no inconsciente reflete-se [...] na construção de uma realidade supra-sensível que
deve ser retransformada pela ciência em psicologia do inconsciente.” (8) 5) Por fim, só em
raras ocasiões Freud invoca a projeção a propósito da situação analítica. Nunca designa a
transferência em geral como uma projeção, e usa este último termo apenas para exprimir um
fenômeno especial que se relaciona com ela: o sujeito atribui ao seu analista palavras ou
pensamentos que na realidade são dele (por exemplo: ‘você vai pensar que.. mas não é
verdade”) (La Planche, 2000).

Deste modo, a projeção, é um mecanismo de defesa regressivo, mas se comparado a


outros como a foraclusão ou formação reativa, é menos regressivo, tendo em vista que desejo
por exemplo é identificável, todavia em outro, havendo uma pequena distorção da realidade,
pois este desejo não é reconhecido como seu. Mas se comparado com a sublimação, que é um
MD mais elaborado, ele é mais regressivo.

Pode–se citar como exemplo, alguém que é intolerante com relação à crenças,
entretanto diz que outra pessoa de outra religião que é intolerante, ou alguém cuja acusa um
outro alguém de racista, quanto na verdade ele que tem comportamentos racistas.

Segundo Roudinesco (1998) o Deslocamento é um processo psíquico inconsciente,


teorizado por Sigmund Freud, sobretudo no contexto da análise do sonho. O deslocamento, por
meio de um deslizamento associativo, transforma elementos primordiais de um conteúdo latente
em detalhes secundários de um conteúdo manifesto. Freud utiliza o termo deslocamento desde
1894, num artigo dedicado às neuropsicoses de defesa, numa acepção que não mais se alteraria.
Trata-se, no fim desse artigo, de “alguma coisa”, um quantum de energia, “que é passível de
aumento, diminuição, deslocamento e descarga, e que se espalha pelos traços mnêmicos das
representações mais ou menos como uma carga elétrica sobre a superfície dos corpos”. Ou seja,
do mesmo modo, nos estados narcísicos, o investimento do ego aumenta proporcionalmente ao
desinvestimento dos objetos. Fato de a importância, o interesse, a intensidade de uma
representação ser suscetível se destacar dela para passar a outras representações originariamente
pouco intensas, ligadas à primeira por uma cadeia associativa. Esse fenãmeno, particularmente
visível na análise do sonho. encontra-se na formação dos sintomas psiconeuróticos e, de um
modo geral, em todas as formações do inconsciente. (La Planche, 2000).

Normalmente usado na estrutura neurótica, como a neurótica obsessiva.

Bergeret (2006) diz que o deslocamento trata-se de um mecanismo muito primitivo, e


bastante simples, ligado aos processos primários. O deslocamento opera habitualmente nas
fobias, diante do fracasso do recalcamento. O isolamento, nos obsessivos, e o deslocamento nas
fobias, são complementados pela evitação, destinada a poupar o sujeito a encontrar mesmo a
representação isolada ou deslocada.

Deste modo considera-se este MD bem regressivo em relação a maioria dos


mecanismos de defesa, embora ainda afaste o sujeito da realidade.

Um exemplo de Deslocamento é ao observar um individuo que agride sua esposa após


irritar-se em seu trabalho, ou um sujeito que fica com raiva de sua mãe por esta não lhe deixar
sair num dia de aula e na sala insulta a professora.

Segundo Chamama (2015), A Regressão é um processo de organização libidinal do


sujeito que, diante de frustrações intolerável, voltaria, para se proteger, aos estádios arcaicos de
sua vida libidinal, percebendo para eles em perspectiva para encontrar novamente uma
satisfação fantasmática.

Esse conceito é usado para descrever um retorno com freqüência transição para um
estágio de desenvolvimento superado, quando a passagem de um estágio para outro foi
experimentada como uma perturbação insuportável.

Pode-se notar, no entanto, que este termo está intimamente ligado para uma concepção
genética, elaborada de acordo com o modelo do teorias biológicas. Usado para descrever certos
efeitos da cura, é inconveniente, a menos que você veja apenas retorno dos significantes das
primeiras fases infantil.

Para La Planche (2000) regressão se trata de numerosos fenômenos em que há retorno


do processo secundário ao processo primário possam ser classificados sob esta denominação

(passagem do funcionamento segundo a identidade de pensamento para o funcionamento


segundo a identidade de percepção). Podemos aproximar aquilo a que Freud chama regressão
formal daquilo a que a psicologia da forma” e a neurofisiologia de inspiração jacksoniana
chamam desestruturação (de um comportamento, da consciência, etc). A ordem aqui
pressuposta não é a de uma sucessão de etapas efetivamente percorridas pelo indivíduo, mas a
de uma hierarquia das funções ou das estruturas. No quadro da regressão temporal, Freud
distingue, segundo diversas linhas genéticas, uma regressão quanto ao objeto, uma regressão
quanto à fase libidinal e uma regressão na evolução do ego. Essas distinções não correspondem
só a uma preocupação de classificar. Existe com efeito em certas estruturas normais ou
patológicas uma discrepáncia entre os diversos tipos de regressões; Freud nota por exemPIO
que “... na histeria existe na verdade uma regressão da libido aos objetos incestuosos primários,
e isto de modo absolutamente regular enquanto que não existe regressão a uma fase anterior da
organização sexual” . Freud insistiu muitas vezes no fato de que o passado infantil — do
indivíduo, e mesmo da humanidade — permanece sempre em nós: Os estados primitivos podem
sempre ser reinstaurados. O psíquico primitivo é, no seu pleno sentido, imperecível,” encontra
esta idéia de uma volta para trás nos domínios mais diversos: psicopatologia, sonhos, história
das civilizações, biologia, etc. A ressurgência do passado no presente é ainda marcada pela
noção de compulsão à repetição*. Aliás, esta idéia não se traduz apenas, na linguagem de Freud,
pelo termo Regression, mas por termos vizinhos como Ritckbildung, Rückwendung,
Rãckgreifen, etc. O conceito de regressão é, sobretudo um conceito descritivo, como o próprio
Freud notou. Não basta evidentemente invocá-lo para compreender sob que forma o sujeito
retorna ao seu passado.

Este MD é mais corriqueiro nas psicoses, como a esquizofrenia.


Certos estados psicopatológicos impressionantes incitam a entender a regressão de um modo
realista: o esquizofrênico, diz-se por vezes, voltaria a ser um lactente, o catatônico voltaria ao
estado fetal. Não é evidentemente no mesmo sentido que se pode dizer que o obsessivo retornou
à fase anal. E num sentido ainda mais limitado em relação ao conjunto do comportamento que
se pode falar de regressão na transferência. Note-se que as distinções freudianas, embora não
levem a fundamentar de forma teórica rigorosa a noção de regressão, têm pelo menos o interesse
de não permitirem que se conceba a regressão como um fenômeno maciço. Nesta direção,
repare-se também no fato de que a noção de regressão emparelha com a de fixação e que esta
não pode ser reduzida à montagem de um patteni de comportamento. Na medida em que a
fixação deva ser compreendida como uma “inscrição” representante.

A regressão é portanto um dos mecanismos de defesa mais regressivos, onde


mais pode se observar (dependendo do caso, da psicopatologia) uma distorção da realidade
relevante. A projeção é um MD geralmente mais “Psicótico”, tendo em vista que, habitualmente
em psicopatologia agrupam-se entre as defesas ditas “neuróticas” o recalque, o deslocamento, a
condensação, a simbolização, etc. e entre as defesas ditas “psicóticas”, a projeção, a recusa da
realidade, a duplicação do ego, a identificação projetiva, etc.

Um outro exemplo de regressão, um pouco mais neurótico do que os citados acima, é


um sujeito que quando se depara com alguma adversidade come compulsivamente, este está
regredindo a fase oral.

Entretanto encontra-se estruturas autenticamente psicóticas que se defendem contra a


decomposição graças à defesas de modalidade neurótica, mais particularmente obsessiva, por
exemplo. Há casos de estruturas autenticamente neuróticas que utilizam abundantemente a
projeção ou a identificação projetiva em virtude do fracasso parcial do recalque e diante do
retorno de fragmentos demasiado importantes ou inquietantes de antigos elementos recalcados,
cujos efeitos ansiogênicos devem ser apagados, de modo certamente mais arcaico e mais
custoso, e igualmente mais eficaz. É possível também encontrar angústias de despersonalização
em uma desestruturação mínima, de origem traumática (por exemplo), sem que tais fenômenos
possam ser atribuídos a qualquer estrutura específica.

Bergeret (1998) alerta em ter-se a prudência de falar apenas em defesas de modalidade


“neurótica” ou “psicótica”, sem fazer previsões acerca da autenticidade da estrutura subjacente.

REFERÊNCIAS:

ROUDINESCO, Elizabeth. Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.


LAPLANCHE, Jean; PONTALIS, Jean-Bertrand. Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins
Fontes, 2000.

ROUDINESCO, Elizabeth. Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

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