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Resumo Abstract
This paper aims to discuss identity and gender within
O artigo objetiva debater sobre identidade e gênero
the migration issue. The analysis regarding the Jewish
dentro da temática migratória. A análise da atuação do
cultural community performance in the gaucho
grupo cultural judaico no território gaúcho foi
territory was fundamental to achieve this scientific
fundamental para a realização desta pesquisa
research. A special attention was given for the Jewish
científica. Um destaque especial foi destinado à
woman, who is recognized as the guardian of Jewish
mulher judia que é reconhecida como guardiã da
memory. In this sense, the study of their performance
memória judaica. Neste sentido, o estudo da sua
at Colônia Philippson (Itaara/RS) led us to understand
atuação na Colônia Philippson (Itaara/RS) propiciou
the importance of the female figure in Judaism. The
compreender a importância da figura feminina para o
construction of social identity is always dynamic,
judaísmo. A construção da identidade social é sempre
although it shows an apparent stability. When
dinâmica, embora tenha uma aparente estabilidade. Ao
immigrants reterritorialize, they bring with themselves
reterritorializaremse os imigrantes trazem consigo
signs and representations. On the other hand, they are
signos e representações, por outro lado acabam sendo
influenced by new values and habits that are present in
influenciados pelos novos valores e hábitos que estão
the new spatial reality.
presentes na nova realidade espacial.
Keywords: identity; gender; jewish community; jewish
Palavraschave: identidade; gênero; comunidade
woman.
judaica, mulher judia.
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 3, n. 2, p. 106-115, ago. / dez. 2012.
Reflexões sobre identidade judaica e gênero no
seu processo de (re)territorialização no Rio Grande
do Sul
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patriarcado foram criticadas, pois eram generalistas por que se estabelece à descendência judaica. Essa tese têm
desconsiderar contextos históricos e espaciais. Silva força e raio de ação maiores por ser adotada pelo
(2009, p. 35) diz que esta foi enriquecida pela adoção Estado de Israel, além de grande parte das
do conceito de gênero, que possibilitou tanto avanços comunidades ao redor do mundo. Onde reconhece
teóricos e como metodológicos: como determinante apenas a descendência na linha
materna e desconhece a linha paterna. Nesse sentido,
[...] já que o espaço passou a ser um Immanuel (1987, p. 18) nos diz que:
importante elemento para a compreensão
das relações de gênero. Cada organização O status da mãe biológica (exclusivamente)
espacial é produto e condição das relações determina o status da criança. Se a mãe
de gênero instituídas socialmente, contudo, biológica é judia, então não importa qual
hierarquizada, com primazia dos homens em seja o seu pai biológico, todos os seus filhos
relação às mulheres. são judeus. Se ela não for judia, é
indiferente quem ou o que o pai é, todos os
É importante esclarecer que para entendermos filhos também não são judeus.
como foi realizado o processo de construção das
espacialidades do universo feminino pelas judias no No caso de um casamento misto (mãe judia e pai
Estado do Rio Grande do Sul será necessário adentrar não judeu), os filhos nascem judeus. Se, por outro lado,
também no aspecto masculino. Pois, para compreender somente o pai é judeu, “os filhos desse casamento não
o universo representado pelas mulheres judias, tanto na são judeus e, se quiserem tornarse, terão de passar
esfera material como imaterial, temse que reconhecer pela conversão religiosa, da mesma maneira que
o seu anteposto. qualquer outro gentio” (ASHERI, 1987, p. 3). Para
Unterman (1992, p. 140) a tradição judaica define
O objeto de estudo: judeus/judias e judeu:
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ausência de preconceitos antissemitas. A ‘Jewish possibilita tanto alterações que afetam o migrante na
Colonization Association’ (ICA)6 foi a responsável esfera material como imaterial.
pela idealização do projeto de colonização para os Primeiramente, ao adentrarem no território
judeus neste Estado brasileiro. A mesma, financiou e desconhecido, os grupos sociais fazem um esforço
organizou as colônias judaicas de Philippson (1904), para a construção de um ambiente material e
em Santa Maria, e Quatro Irmãos (1909), em Erechim, simbólico semelhante ao que estavam inseridos
cuja proposta estava assentada no direcionamento de anteriormente. O significado da permanência cultural
um desenvolvimento territorial rural, na exploração é caracterizado como o enraizamento cultural ou falta
agrícola por parte dos colonos judeus. de plasticidade. Nesta visão, La Blache (1913 apud
No entanto, a partir da segunda década do século CLAVAL, 1999, p. 90) comenta que:
XX, os judeus migraram das colônias agrícolas de
Philippson e de Quatro Irmãos para centros urbanos A força do hábito tornase tão forte que o
maiores, sendo Porto Alegre eleita como o núcleo grupo humano perde sua plasticidade. Ao
urbano favorável para a formação de uma comunidade invés de se adaptar ao meio, ele procura
judaica. É importante ressaltar que esta aglutinação modificálo para permanecer com seus
espacial teve a contribuição de imigrantes das colônias hábitos. Um exemplo é as migrações, aonde
agrícolas fracassadas, bem como a vinda individual, os recémchegados em um país fazem de
migração espontânea, de judeus de outros países. tudo para viver como estes o faziam no país
Em 2004, Ceres Maltz7 homenageou os judeus com de origem.
uma mensagem dedicada aos cem anos da chegada
organizada dos primeiros imigrantes judeus no Estado Embora, inicialmente estes grupos permaneçam
gaúcho. Maltz (2004, p. 15) nos diz o seguinte: fiéis a alguns laços culturais, também ocorre um
processo de assimilação cultural. Convém ressaltar,
Em uma terra desconhecida, esses judeus que os traços culturais são processos dinâmicos,
começaram uma nova etapa de suas vidas, portanto, modificamse no decorrer do tempo e no
longe de um passado difícil. Poucos traziam contexto histórico. Isto pode ser observado quando
objetos e bagagens, mas todos carregavam, algumas verdades antes contestadas são esquecidas e
no coração, a esperança de uma nova vida. retomadas por outras, ocasionando assimilações de
O objetivo agora era a sobrevivência. Uma alguns costumes e tradições. Assim, o aspecto cultural
preocupação, contudo, sempre permanecia também passa por transformações de uma geração
viva dentro deles: a preservação das para outra. Claval (1999a, p. 135) comenta a respeito
tradições, dos costumes e da cultura judaica, ao processo de aculturação:
as quais revelam um conjunto de valores e
um estilo humano de existência. A cultura muda mesmo quando a população
que ela pertence acreditam que esteja
Essa fala é esclarecedora na medida em que revela congelada. Isto por que os homens são
o estilo humano de existência judaica, através de suas inventivos. Eles reagem a novos desafios
principais preocupações, frente à nova realidade que são impostos pelo meio físico ou pela
espacial. A judia relata que as apreensões eram vida social, melhorando suas técnicas.
referentes à preservação das tradições, dos costumes e Enfrentando as dificuldades que nascem das
da cultura judaica. Estas premissas foram essenciais, transformações do ambiente social,
pois serviram como suporte para o desenvolvimento modificando suas práticas, criticando os
deste trabalho. velhos valores e adotando novos.
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visualizar como esse processo de trocas culturais associados à casa dos avôs e à figura da avó como
ocorre entre grupos distintos (Esquema 1). centralizadora da união familiar através das festas”. A
imagem, a seguir, demonstra quatro gerações de
pioneiras representadas pela mãe, filha, neta e
bisnetos, em frente à casa da família na Colônia
(Figura 1).
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autor exemplifica a importância da prática humana executa para efetuar sua função:
afirmando que: “uma religião, por exemplo, ou um
credo político só pode sobreviver se as pessoas os A mulher ou menina acende as velas e
praticarem” (COSGROVE, 2004, p. 101102). estende as mãos sobre elas num movimento
A judia Pinheiro destaca quais eram as ações circular em direção a si mesma por três
cultuadas pela sua mãe durante os rituais religiosos, vezes para indicar a aceitação da santidade
além de desempenhar a tarefa de cozinhar pratos do Shabat. Em seguida, cobre os olhos com
típicos para a família. Pinheiro (2000, p. 6) relata que: as mãos, recita a benção abaixo e então
descobre os olhos para fitar as luzes.
Baruch atá adonai elohênu mêlech hao
É a mãe que coloca aquele véu na cabeça e lam, asher kideshánu bemitsvotav,
reunia toda a família e era ela que preparava vetsivánu lehadlic ner shel shabat côdesh11.
tudo e as rezas todas, não é! Com todas as
comidas tradicionais! [...] comidas típicas Neste dia é celebrado um ritual em que são
sefaradis. empregados utensílios como velas e outros. Os
instrumentos também têm importância nos atos
Os colonos de Philippson também comemoravam o culturais. Isto fica bem demonstrado nas falas do
Pessach onde havia a preparação do pão para essa escritor Moacir Scliar (1990, p. 24) que salienta os
cerimônia cultural. O trabalho para a constituição do seguintes utensílios como: “A louça e os talheres para
mesmo era realizado em equipe e as tarefas eram o Shabat e para os dias festivos, candelabros para as
divididas de acordo com o gênero. Também havia a velas, o livro de orações: a milenar tradição era
divisão dos mantimentos que eram necessários para retomada, a ancestral corrente era refeita”. A foto, a
sua fabricação. A qual era fácil pelo fato da exigência seguir, expõe um candelabro a Ménora utilizado pelas
de ingredientes básicos, bem como os mínimos judias (Figura 2).
recursos utilizados para a produção, sendo disponíveis
em todas as dispensas dos colonos (SOIBELMANN,
1984).
O casamento era outra solenidade que os judeus
realizavam em Philippson. Uma celebração bastante
relacionada com outro código: a gastronomia. Neste
sentido, as mulheres eram as responsáveis pela
preparação dos alimentos nessa festa. Eizirik (1984, p.
32), comenta que as mulheres preparavam os seguintes
pratos: “guefilte fish (peixe recheado), guebrutene iner
(galinhas assadas), leikach (pão de ló) e shtrudel (doce
folhado). As vizinhanças colaboravam e tudo era feito
nas casas”.
O Shabat (dia de descanso dos judeus) estendese Figura 2 Ménora. Fonte: Trabalho de campo. Porto Alegre,
do anoitecer de sextafeira à noite de sábado. Destaca RS (2011).
se o papel da mãe que tem a função de acender as
velas na noite de sextafeira, cuja finalidade é trazer
mais luz para o lar. Henrique Ratnner (1977, p. 19) Em uma entrevista realizada com Beatriz
explica que isto acontecia: Faermann (1992, p. 27) foi feita a seguinte indagação:
‘Como que vocês se preocuparam em repassar os
[...] no lar, ao anoitecer da sextafeira, a mãe valores do judaísmo para as meninas?’. A mesma
acendia as velas, dando com isto inicio às deixou explícito o significado do shabat e como este
celebrações do dia santificado. Esta é uma dia era cultuado no seu seio familiar:
obrigação dedicada exclusivamente às
mulheres judias. Nós fazíamos o “Shabat”, sextafeira aqui
em casa, era “Shabat”. Eu acendia as velas
A pesquisadora Gill (2001, p. 130) comenta que a e nós fazíamos Shabat pras meninas.
única oração realizada pela mulher é a que acontece no Sextasfeiras nós fazíamos questão de todo
momento em que se acendem as velas no shabat. mundo jantar junto, não dava comida antes
Assim, a mesma, expõe todos os passos que a judia pra elas, elas sentavam na mesa, o pai, eu,
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né. Sentávamos, fazíamos “Shabat”, nós geral) e saiam a cavalo. Com essa
cinco, né. mercadoria percorriam as estâncias e
colônias próximas a Philippson, vendendo e
Na colônia Philippson houve ampla utilização da trazendo algum dinheiro para melhorar a
mão de obra familiar nas lides agropecuárias. A este situação aflitiva dos pais.
respeito Soibelmann (1984, p. 42) comenta como era
realizada a distribuição de tarefas entre homens e Entre os imigrantes da colônia existiram alguns
mulheres: que possuíam funções específicas tal como: o
shoiched, o ‘circuncisador’, o childer, o felcher e o
Todos trabalhavam. Lembrome como as melamed. Estes profissionais foram essenciais para a
minhas irmãs capinavam a lavoura, partindo manutenção da qualidade de vida, da saúde e da
de casa pela manhã, voltando para o almoço educação dos judeus. Deste modo, Alexandre (1967, p.
e retornado em seguida para o trabalho. 3031) aborda algumas figuras que representaram à
Enquanto isso meu pai e minha mãe iam cultura judaica em Philippson:
para a mangueira tirar leite das vacas.
Shteinbruck era o shoiched aquele que mata
O cultivo do fumo proporcionou safras produtivas as galinhas e abate o gado do modo judaico
a ponto de um colono judeu chamado de Filschtiner e também foi incumbido da função de
implantar uma pequena indústria de cigarros. A fim de ‘circuncisador’. Foi construído um grande
suprir a demanda de mão de obra, o autor Schweidson matadouro e no centro um grande cepo
(1985, p. 164) comenta da utilização do trabalho onde o childer executaria o serviço, sendo
feminino na indústria de cigarros: que somente um único dia o açougue
funcionava. Boris Wladimersky era o
A produção do fumo era toda, vendida a felcher, ou seja, uma espécie de médico e
Chaim Jossel Filschtiner, que em 1908 ou farmacêutico, em Filipson. Já Leão Back
1909 montou uma pequena indústria de era o professor, quer dizer, o melamed de
cigarros. Seu grupinho de graciosas português que viera de uma universidade
operárias compunhase das próprias filhas, europeia para ensinar na escolinha rural.
sendo que uma delas, a Raquel, assombrava
com a incrível rapidez no manuseio dos Analisando outro contexto territorial (São Paulo),
cigarros. Henrique Rattner (1977, p. 28) salienta que a judia
possuía atribuições que atingiam tanto o aspecto
Por outro lado as atividades de mascateamento econômico como cultural. Da seguinte maneira: “[...]
foram atuações atreladas à figura masculina. Contudo, prover alimentação e proteção aos descendentes, e de
antes mesmo da emigração total dos colonos de manter a casa em geral”. Podemos dizer que o papel
Philippson os seus filhos já desempenhavam da mulher na cultura judaica é fundamental. Esta
atividades de mascateamento. Citase como exemplo o possui algumas atribuições que lhe são peculiares,
jovem judeu Schweidson que precocemente se tornou principalmente, no que se refere à manutenção e
um mascate. Schweidson (1985, p. 221) conta que para preservação da cultura judaica.
se afastar parcialmente dos estudos: “falei do meu
plano [...] com Margarida [...] a princípio achou graça.
Não concebia o esdrúxulo propósito de me tornar
Considerações
mascate, com doze anos [...] acabaram concordando”. Em 1904, o Estado do Rio Grande do Sul recebeu
Isso foi reflexo dos escassos resultados obtidos o primeiro projeto de imigração agrícola proposto ao
com a agricultura. Os filhos homens buscaram atuar grupo cultural judaico. Estes homens judeus e
como mascates com o intuito de ajudar na subsistência mulheres judias carregavam suas próprias histórias de
da família. Diante dessa perspectiva, Soibelmann vida, porém agora poderiam atuar com maior
(1984, p. 49) discorre sobre o que os mascates judeus autonomia. Primeiramente, eles tiveram de organizar e
vendiam, bem como o meio de locomoção que construir suas casas e cultivar a terra visando o seu
utilizavam e a abrangência da área na qual atuavam: sustento. As atividades agropecuárias foram
desempenhadas tanto pelos judeus como pelas judias.
Alguns se tornaram mascates, isto é Nesse espaço, era possível visualizar elementos
compravam mercadorias variadas (fazendas, identificadores da cultura judaica, nas quais foram
utensílios de casas, roupas e miudezas em construídos socialmente pelos seus membros. Depois
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de organizados eles direcionaram suas energias para a Itaara desmembrouse territorialmente de Santa Maria
construção de elementos que consideravam como em 28 de dezembro de 1995 pela Lei nº 10.643.
primordiais para o sustentáculo da sua cultura. Frente a Atualmente, a localização da área compõe a
isso, destacase a construção da sinagoga, escola e Microrregião Geográfica de Santa Maria (018) e
cemitério. encontrase inserida na Mesorregião Geográfica
Havia atribuições distintas que eram incumbidas Centro Ocidental RioGrandense (03).
aos judeus e outras às judias. Entre as tarefas 3 Segundo Unterman (1992, p. 112) este termo em
destinadas aos homens residia a realização de hebraico significa: ‘caminho’ ou ‘trilha’; tradição
atividades culturais como a leitura da Torá; o abate de legalística do judaísmo, que se defronta geralmente
animais de modo judaico e realização da circuncisão com a teologia, a ética e o folclore da AGADÁ.
eram feitos pelo shoiched; o melamed era encarregado Decisões haláchicas determinam a prática normativa, e
de ensinar na colônia e por fim havia a atividade do onde há divergência, tais decisões, ao menos em
felcher, que era designado a cuidar da saúde dos teoria, seguem a opinião da maioria dos rabinos [... ].
colonos. 4 Termo usado para referirse às comunidades
Já as mulheres judias tinham a finalidade de manter judias fora da terra de Israel. À diáspora começou ao
a família coesa, principalmente, pelos preceitos do fim do período do Segundo Templo, quando surgiram
judaísmo. Cabendo ao universo feminino a realização grandes centros judaicos em Babilônia, Alexandria,
de rituais específicos a mulher como o ato de acender Roma e em todo o mundo gregoromano.
velas e orar no Shabat. O aspecto gastronômico 5 Foi uma das fundadoras da Entidade Sionista
repassado de geração em geração, sendo algo muito Kolonizatsye Gezelshaft, em iídiche (ICA) é
valioso para as matriarcas da família. E a mulher judia, conhecida como a mais poderosa das instituições de
para a grande parte das ramificações do judaísmo, amparo aos imigrantes judeus. Esta agência foi
considera a mulher como a grande responsável pela fundada por Maurice de Hirsch, em 1891.
manutenção do judaísmo através da hereditariedade, 7 Presidente da Entidade Sionista Feminina
onde é desconsiderado o filho que nasce de pai judeu. Na`amat Pioneiras de Porto Alegre/RS.
Estes, consideram judeu quem nasce de mãe judia ou 8 No Modelo Básico de Aculturação de Keesing os
através de uma conversão judaica. dois sistemas culturais previamente isolados (posição
No decorrer do tempo, este grupo realizou outra 1), entram em contato (posição 2). Cada um pode ser
reterritorialização no território gaúcho, desta vez dado como um processo de aculturação, designação
visando o espaço urbano. Esta mobilidade que se aplica também ao todo.
populacional demonstra o aspecto da dinâmica que 9 Hoje conhecida como um pequeno país Moldova,
caracteriza os seres humanos. As diásporas judaicas localizada na porção oriental da Europa. Banhada pelo
são reconhecidas como movimentos populacionais mar negro, estando inserida entre a Ucrânia e
étnicos, que ocorreram em diversas partes do mundo. Romênia.
A materialização cultural, deste movimento 10 COSGROVE, Denis (2004). A Geografia está
migratório, no Rio Grande do Sul, pode ser visualizada em toda parte: cultura e simbolismo nas paisagens
no município de Santa Maria e em Itaara, nos quais a humanas, original de 1989.
presença dos judeus exerceu, em determinado tempo, 11 Tradução: Bendito és Tu, Adonai, nosso Deus,
influência na sua organização territorial. Rei do Universo, que nos santificou com seus
Mandamentos e nos ordenou a acender a vela do santo
Shabat. Retirado por Gill do Folheto publicado por
__________________________ Beit Chabat do Brasil, São Paulo, 2000.
1 É conveniente salientar que a dissertação
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 3, n. 2, p. 114-115, ago. / dez. 2012.
Reflexões sobre identidade judaica e gênero no
seu processo de (re)territorialização no Rio Grande
do Sul
CLAVAL. Paul. Geografia cultural: o estado da arte. PINHEIRO, Geni. Porto Alegre: ICJMCPOA, 2000.
In: CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny Entrevista n°035. Concedida do Instituto Cultural
(Orgs.). Manifestações da cultura no espaço. Rio de Judaico Marc Chagall/Departamento de Memória.
Janeiro: Ed. da UERJ, 1999. p. 5997. ICJMC POA.
GRITTI, Rosa Isabel. A imigração judaica para o SIMINOVICH, Berta. Entrevista com Berta
Rio Grande do Sul: a Jewish Colonization Siminovich: uma das fundadoras da Na’amat
Association e a colonization de Quatro Irmãos. 1992. Pioneiras. Na’amat Pioneiras Brasil, n 45, Bazar,
Dissertação (Pós Graduação em História) Pontifícia 2004. p. 79.
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre. SOIBELMANN, Guilherme. Memórias de
Philippson. São Paulo: Canopus, 1984.
HAESBAERT, Rogério. Territórios Alternativos.
Niterói: Ed. da UFF; São Paulo: Contexto, 2002. UNTERMAN, Alan. Dicionário Judaico de lendas e
tradições. Rio de Janeiro: Zahar, 1992.
______. Desterritorialização e identidade: a rede
“gaúcha” no nordeste. Niterói: EDFF, 1997.
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 3, n. 2, p. 115-115, ago. / dez. 2012.