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SERAFIM - ASSESSORIA & CONSULTORIA JURÍDICA

MARCELO SERAFIM DE SOUZA - OAB/ES 18.472


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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO __ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DA


SERRA/ES

URGENTE – RÉU PRESO

Lembrai-vos dos presos,


como se estivésseis presos com eles,
e dos maltratados,
como sendo-o vós mesmos
também no corpo.
(Hebreus 13:3)

Ação Penal nº 0010955-54.2017.8.08.0048

ROGERIO BENTO GOMES, brasileiro, solteiro, atualmente recolhido no CTV – Centro de Triagem
de Viana/ES, por seu advogado signatário, com escritório descrito no rodapé da página, onde
recebe as intimações e notificações de praxe, vêm com todo o acato e respeito à honrada
presença de Vossa Excelência, para manifestar e requerer:

L I B E R D A D E P R O V I S Ó R I A

com supedâneo no inciso III do artigo 310 do Código de Processo Penal e razões adiante
ventiladas.

As circunstâncias que circundam o fato, pelo qual foi incurso o Acusado, bem como a vida
pregressa e ordeira que este vive, requerem como medida da mais lídima e cristalina justiça, a

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concessão do benefício da liberdade provisória, para que enfim possa o aguardar em liberdade
a tramitação processual, com fundamento no Inciso II do Artigo 310 do Código de Processo
Penal, pelo que expõem e ao final requer o seguinte:

Consta dos autos da Ação Penal suso, que o ora requerente fora preso em flagrante delito, pois
supostamente teria infringido o caput do artigo 157 do CPB. Haja vista, conforme depoimentos
constantes do APFD, o acusado foi abordado no interior de um ônibus, após ter roubado o
celular da vítima constante dos autos de propalado APFD, com emprego de violência e grave
ameaça, tendo sido posteriormente reconhecido pela vítima. Registra-se por fim que o celular
da vítima foi encontrado em poder deste. Sendo que por conta disso, encontra-se o mesmo
preso e recolhido no CTV – CENTRO DE TRIAGEM DE VIANA, à disposição deste R. Juízo.

Em que pese, neste azo, não trata de mérito, apenas, observa-se técnica e processualmente o
procedimento apurado. Deseja o acusado manifestar, afirmando que é pessoa trabalhadora,
humilde, responsável, cumpridora de suas obrigações, possuindo residência fixa (doc. em
anexo), vivendo de atividade lícita.

Portanto, ao ver não justifica claramente os elementos ensejadores para a decretação da


medida cautelar preventiva.

Insta frisar que, o acusado ostenta plenas condições sociais para que seja agraciado com o
benefício que lhes faculta a Lei Penal1, ou seja, os requisitos necessários para a concessão do

1
Se a prisão não for necessária para a garantia da ordem pública, da instrução criminal ou da aplicação da pena,
não se justificando seja mantida e o juiz deve conceder a liberdade ao acusado. (Hélio Tornachi – Curso de Direito
Penal – pág.43). O subjetivismo do julgador não contribui fundamentação para tirar a liberdade do acusado,
primário e de bons antecedentes, antes da decisão final e definitiva da ação penal em que lhe foi imputada. (rt –
589/411).

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benefício da Liberdade Provisória, ostentando residência fixa com ânimo definitivo, conforme
afirmado alhures, podendo ser encontrado facilmente no endereço colacionado aos autos da
presente peça preambular.

O festejado artigo 310 do Código de Processo Penal, que dispõe sobre a liberdade provisória,
concedida sob certos pressupostos e condições a presos custodiados, deixa claro que não se
trata de favor que se possa outorgar ao preso que está nessa circunstância como requerente,
mas sim um direito a que este faz jus.

Permissa venia, mm. Juiz, sendo o requerente ostentador de plenas condições sociais para ser
agraciado com o benefício que lhe faculta a Lei Penal2, sendo possuidor de residência fixa, com
ânimo definitivo, bem como, cumpre destacar que, não se havendo notícias de mandado de
prisão em aberto contra o acusado, demonstrando ser pessoa que não tem por costume a
prática de atos delituosos, a Liberdade Provisória deste, é medida salutar que se impõe.

Nesta toada, impende ressaltar que, sua liberdade não atentará contra a ordem pública, não
perturbará o rito especial da ação criminal e não prejudicarão a aplicação da Lei Penal não
havendo assim, razão para não continuar no distrito da culpa, conseguintemente podendo este
comparecer perante este douto Juízo, sempre que solicitado.

O contexto probatório contribui para que o Acusado seja agraciado com o benefício que lhe

2
“Tanto a vítima quanto o acusado representam no processo penal interesses públicos, porque o Estado tem
tanto interesse na punição de um culpado quanto na absolvição de inocente e tutela de igual modo a segurança
pública e a liberdade individual”. (H. B. Tornachi, a Relação Processual Penal, p. 84, Ed. A Noite, 1944). “Outra
teoria afirma que a finalidade da jurisdição é a tutela dos direitos subjetivos (ROCCO) [...], esta, porém, só se
exerce na medida em que o próprio direito objetivo protege e ampara o direito subjetivo”. (LASCANO). PG. 202,
(H.B. Tornachi, p.74 Ed. A Noite, 1944). “Se o Juiz não dá de si, para dizer o direito em face da diversidade de cada
caso, a sua Justiça será a do leito de procusto”, [...].

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faculta o Diploma Legal, tendo ainda em vista, inúmeras provas no mérito e mais que se deve
levar em conta que ostenta o presente pedido, há provas sólidas no sentido de que o
beneficiário ostenta meios de sobrevivência por atividade lícita, tratando-se de pessoa de bem,
não levando à conclusão de que representa risco à sociedade ou que irá se furtar à aplicação da
ação da justiça.

A cautela no processamento judicial é regra e medida extremada, para que se evite causar dano
maior ao seio social, mesmo ao se saber em que a aplicabilidade esteja sob o escudo da
legalidade, a reparação de constrangimento no cerceamento do direito de ir e vir não se repara
na tentativa da marca da prisão cravada na vida do imputado.

Mutatis mutandis, conforme afirmado alhures, não há previsão legal à antecipação da tutela
penal e, in casu, não se vislumbra a ocorrência dos requisitos legais autorizadores da prisão
preventiva (art. 312 do CPP).

Aliás, no Brasil a prisão é a ultima ratio, sendo exceção e não regra. Quiçá pelos malefícios
causados àqueles que adentram o Sistema Prisional.

Neste diapasão a Segunda Turma do Pretório Excelso, ao enfrentar a questão acerca da


excepcionalidade da prisão como ultima ratio em nossa legislação, em sede de HC, assim
brilhantemente decidiu, verbis:
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.
OPERAÇÃO "LAVA JATO". PRISÃO PREVENTIVA. ALEGAÇÃO DE
INIDONEIDADE DA FUNDAMENTAÇÃO DO DECRETO PRISIONAL.
SEGREGAÇÃO CAUTELAR FUNDAMENTADA NA GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. RECURSO DESPROVIDO.

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[...] A prisão cautelar deve ser considerada exceção, e só se justifica caso


demonstrada sua real indispensabilidade para assegurar a ordem
pública, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal, ex vi do artigo
312 do Código de Processo Penal.
A prisão preventiva, enquanto medida de natureza cautelar, não pode
ser utilizada como instrumento de punição antecipada do indiciado ou
do réu, nem permite complementação de sua fundamentação pelas
instâncias superiores3... (sem grifos no original)

Perfilhando este mesmo entendimento, o Superior Tribunal de Justiça assim decidiu:


A simples alegação judicial da gravidade genérica do delito, de
natureza hedionda, praticado pelo paciente não é fundamento
suficiente a ensejar a manutenção de sua custódia cautelar, devendo o
juiz discorrer sobre os requisitos previstos no art. 312 do Código de
Processo Penal. Sendo a prisão preventiva uma medida extrema e
excepcional, que implica em sacrifício à liberdade individual, é
imprescindível a demonstração dos elementos objetivos, indicativos
dos motivos concretos autorizadores da medida constritiva4. (grifei)

Quadra registrar que outro não tem sido o entendimento de nosso Egrégio Tribunal de Justiça
Capixaba. Como exemplo citamos o seguinte aresto, de relatoria do eminente desembargador
WILLIAN SILVA verbis:

3
HC 137728. Relator: Min. EDSON FACHIN. Julgado em 21/02/2017. Publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
036 DIVULG 22/02/2017. PUBLIC 23/02/2017
4
STJ - 5.ª T. - HC 33.578 - rel. Laurita Vaz - j. 03.08.2004 - DJU 30.0802004. p. 313; STJ - 5ª T - HC 31.444 - rel.
Laurita Vaz - j. 1612.2003 - DJU 16.02.2004, p. 283
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HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. POSSE ILEGAL DE ARMA


DE FOGO. PORTE DE DROGA PARA CONSUMO PESSOAL. PRISÃO
PREVENTIVA. REQUISITOS. AUSÊNCIA. CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM.
A prisão cautelar deve ser considerada exceção, já que, por meio desta
medida, priva-se o réu de seu jus libertatis antes do pronunciamento
condenatório definitivo, consubstanciado na sentença transitada em
julgado.
A custódia cautelar é medida excepcional, reservada para os casos de
absoluta imprescindibilidade e deve respeitar os princípios da
homogeneidade, proporcionalidade e adequação.
[...] Ordem parcialmente concedida para substituir a prisão por medida
cautelar diversa (CPP, art. 319)5

Ademais, os efeitos deletérios das penas só levam para a reincidência. Sobretudo quando se
trata de réu primário que não ostenta maus antecedentes, pois, segundo Baumann, apud, Cezar
Roberto Bitencourt, "a liberdade é um bem extremamente valioso para ser sacrificado
desnecessariamente6",

DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


Isto posto, provado o “Quantum Satis”, os requisitos e os pressupostos exigidos pela Lei Penal,
na melhor forma de direito, vem requerer a Vossa Excelência que digne-se de acolher ao
presente feito, julgá-lo procedente para que o acusado responda ao Processo em liberdade.
Determinar a Revogação de qualquer Medida de Prisão Temporária ou Preventiva, caso haja, e

5
HABEAS CORPUS 0002163-61.2017.8.08.0000. Relator: WILLIAN SILVA. Órgão Julgador: PRIMEIRA CÂMARA
CRIMINAL. Data do Julgamento: 10/05/2017.
6
Baumann, apud, Cezar Roberto Bitencourt. Tratado de Direito Penal - Parte Geral. Vol. I. 3º ed. São Paulo: Ed.
Saraiva. 2003.
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a Concessão da Liberdade Provisória. Que seja expedido o competente Contra Mandado e o


Alvará de Soltura, para defender-se solto da imputação que lhe é atribuída. Desde já
comprometendo-se a comparecer a todos os atos da Justiça que lhe for determinado. Assim
procedendo este R. Juízo, certamente estará aplicando a lídima Justiça.

Termos em que,
Pede e espera deferimento.

Vitória/ ES, 29 de maio de 2017.

_________________________
MARCELO SERAFIM DE SOUZA
ADVOGADO - OAB/ES 18.472

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