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1. CONCEITO
Art. 334 do Código Civil – trabalha com a expressão "coisa devida", por isso
permite a consignação não só de dinheiro como também de bens móveis ou imóveis.
Ex.: o credor, que se recusar a receber os móveis encomendados só porque não
está preparado para efetuar o pagamento convencionado dá ensejo ao marceneiro de
consigná-los judicialmente.
O aludido artigo prescreve, também, que o depósito pode se judicial ou
extrajudicial, este, feito em estabelecimento bancário oficial, onde houver, quando se tratar
de pagamento em dinheiro (vide art. 890 do Código de Processo Civil).
Portanto, se o credor, sem justa causa, recusa-se a receber o pagamento em
dinheiro, poderá o devedor optar pelo depósito extrajudicial ou pelo ajuizamento da ação de
consignação em pagamento. Esta é de natureza declaratória, podendo ser ajuizada também
quando houver dúvida sobre o exato valor da obrigação.
CUIDADO!!!! Não cabe a consignação, por sua natureza, nas obrigações de fazer e
de não fazer.
Vale ressaltar que a consignação é instituto de direito material e de direito
processual. O Código Civil menciona os fatos que autorizam a consignação. O modo de
fazê-lo é previsto no diploma processual (art. 890 a 900 do Código de Processo Civil).
2. NATUREZA JURÍDICA
O art. 335 do Código Civil apresenta um rol, não taxativo, dos casos que autorizam
a consignação. Outros são mencionados em artigos esparsos, como nos arts. 341 e 342,
bem como em leis avulsas (Decreto-lei n. 58/37, art. 17, parágrafo único; Lei n. 492/37, arts.
19 e 21, n. III etc.).
As hipóteses apresentadas pelo código são:
a) se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou
dar quitação na devida forma (inciso I). A norma exige que a recusa seja justa, mas a
constatação da veracidade de tal justiça somente pode ser verificada, em definitivo, pela via
judicial.
Ex.: A, locador de um imóvel a B, se recusa a receber o valor do aluguel ofertado
por este último, por considerar que deveria ser majorado por um determinado índice previsto
em lei, B poderá consignar o valor, se entender que o reajuste é indevido.
A hipótese acima apresentada é aplicável, também, para o caso de A aceitar
receber o valor, mas se recusar a dar quitação, que é direito do devedor.
b) se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição
devidos (inciso II). Trata-se de dívida quérable (quesível), em que o pagamento deve
efetuar-se no domicílio do devedor. Se o credor não comparecer ou mandar terceiro para
exigir a prestação, isso não afasta, por si só, o vencimento e a exigibilidade da dívida, pelo
contrário, pelo que se autoriza a consignação do valor devido.
Ex.: Se A acerta receber um pagamento de B no dia 21.04. 2008 e, chegando o dia
combinado, A não comparece, nem manda ninguém em seu lugar, a dívida vencerá no
pagamento. Para evitar as conseqüências jurídicas da mora, poderá B depositar o valor
devido à disposição de A, extinguindo-se a obrigação.
c) se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou
residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil (inciso III). O incapaz, em razão de
sua condição, não deve receber o pagamento. A exigência da lei é que o devedor pague ao
seu representante legal. Mas se, por algum motivo, o pagamento não puder ser efetuado a
este (por inexistência momentânea ou por ser desconhecido, ou se recusar a recebê-lo sem
justa causa, por exemplo), a solução será consigná-lo; Credor desconhecido, ocorre por
exemplo, se A deve a importância de R$1.000,00 a B e este vem a falecer, não se sabendo
quem são seus efetivos herdeiros, na data de vencimento da obrigação. Ausência é situação
fática, qualificada juridicamente como morte presumida (vide arts. 22 e 6º do Código Civil);
Lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil constitui também circunstância que enseja a
consignação, pois não se pode exigir que o devedor arrisque a vida para efetuar o
pagamento. Não será obrigado, por exemplo, o devedor, a dirigir-se ao domicílio do credor
para entregar a res(coisa) devida se o local foi declarado em calamidade pública, em face
de uma epidemia ou de uma inundação. É claro que nesta hipótese, nem mesmo a ação
poderá ser proposta no domicílio do credor.
d) se decorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do
pagamento (inciso IV). Se dois credores mostram-se interessados e receber o pagamento, e
havendo dúvida sobre quem tem direito a ele, deve o devedor consignar judicialmente o
valor devido, para que o juiz verifique quem é o legítimo credor ou qual a cota de cada um,
se entender ambos legitmimados. É o caso, por exemplo, de dois municípios que se julgam
credores de impostos devidos por determinada empresa, que tem estabelecimentos em
ambos.
Comparecendo mais de um pretendente ao crédito, o devedor é excluído do
processo, declarando-se extinta a obrigação. O processo prossegue entre credores. Se
comparecer apenas um pretendente, terá o crédito de levantar a quantia depositada. Não
comparecendo nenhum, converter-se-á o depósito em arrecadação de bens de ausentes
(Código de Processo Civil, art. 898).
e) se pender litígio sobre o objeto do pagamento (inciso V). Estando o credor e
terceiro disputando em juízo o objeto do pagamento, não deve o devedor antecipar-se ao
pronunciamento judicial e entregá-lo a um deles, assumindo o risco (CC, art. 344), mas sim
consigná-lo judicialmente, para ser levantado pelo que vencer a demanda.
Ex.: se A e B disputam, judicialmente, a titularidade de um imóvel locado, não deve
o locatário D fazer o pagamento direto, sem ter a certeza de quem é o legítimo dono.
4. REQUISITOS DE VALIDADE
Para que a consignação tenha força de pagamento, preceitua o art. 336 do Código
Civil, "será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os
requisitos sem os quais não é válido o pagamento".
Em relação às pessoas, deve ser feito pelo devedor e ao verdadeiro credor, sob
pena de não valer, salvo se ratificado por este ou se reverter em seu proveito (arts. 304 e
seguintes, 308 e 876).
Quanto ao objeto, exige-se a integralidade do depósito, porque o credor não é
obrigado a aceitar pagamento parcial. (vídeo parágrafo primeiro do art. 899 do CPC)
Quanto ao modo, não se admitirá modificação do estipulado, devendo a obrigação
ser cumprida da mesma maneira como foi concebida originalmente. Será o convencionado,
não se admitindo, por exemplo, pagamento em prestações quando estipulado que deve ser
à vista. Observar, também, as dívidas querable e portable.
Quanto ao tempo, deve ser também, o fixado no contrato, não podendo efetuar-se
antes de vencida a divida, se assim foi convencionado. A mora do devedor, por si só, não
impede a propositura da ação de consignação em pagamento, se ainda não provocou
conseqüências irreversíveis, pois tal ação pode ser utilizada tanto para prevenir como para
emendar a mora. Ex.: se, apesar do protesto de cambial representativa de prestação, a
credora não rescindiu o pacto e nem exerceu o débito, nada obsta que a alegada recusa das
prestações seguintes permita a utilização da consignatória.
Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo (coisa certa) que deva ser entregue no
mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob
pena de ser depositada (CC art. 341). Nos casos mencionados neste dispositivo, a
presunção é a de que o devedor não pode levar o bem a depósito, pois, sendo imóvel, não
se desloca de um lugar para outro sem perder suas características essenciais. É o caso dos
imóveis e dos outros bens que devem permanecer onde se encontram. A providência a ser
tomada para a consignação se restringirá a chamar o credor para recebê-la ou mandar
alguém fazê-lo, sob pena de considerar-se efetuado o depósito. Não é possível, em caso de
o credor não ir receber, depositar em outro lugar o bem. Assim sendo, considera-se feito o
depósito e o bem permanece onde se encontra.
Em se tratando de coisa indeterminada (incerta), faltando a escolha da qualidade e
se esta competir ao credor, o devedor não será obrigado a permanecer aguardando
indefinidamente que ela se realize, podendo citá-lo para esse fim, sob cominação de perder
o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha por este,
"proceder-se-á como no artigo antecedente" (art. 342).
Realizado o depósito com a finalidade de extinguir a obrigação, seu levantamento
dependerá do momento em que o devedor pretender realizar tal ato, buscando retornar as
coisas ao status quo ante.
Antes da aceitação ou impugnação do depósito: nesse momento, tem o devedor
total liberdade para levantar o depósito, uma vez que a importância ainda não saiu de seu
patrimônio jurídico. É uma faculdade, mas que acarreta o ônus de pagar as despesas
necessárias para o levantamento.
Depois da aceitação ou impugnação do débito pelo credor: não foi julgada a
procedência do depósito. A oferta já está caracterizada. O depósito poderá ser levantado
pelo devedor, mas, agora, somente com a anuência do credor, que perderá a preferência e
a garantia que lhe competia sobre a coisa consignada (ex.: preferência por hipoteca, no
concurso de credores), com liberação dos fiadores e co-devedores que não tenham anuído
(CC art. 340).
Julgado procedente o depósito: admitido em definitivo o depósito, o devedor já
não poderá levantá-lo, ainda que o credor consinta, senão de acordo com os outros
devedores e fiadores (CC art. 339). Obviamente, se estes concordarem com o levantamento
cai o impedimento criado pela lei, retornando tudo ao status quo ante por expressa
manifestação da autonomia da vontade.
O art. 892 do Código de Processo Civil permite, quando se trata de prestações
periódicas, a continuação dos depósitos no mesmo processo, depois de efetuado o da
primeira, desde que se realizem até cinco dias da data do vencimento. O parágrafo único do
art. 896 do mesmo diploma obriga o demandado que alegar insuficiência do depósito a
indicar o montante que entende devido.
CONCEITOS
NATUREZA JURÍDICA
SUB-ROGAÇÃO LEGAL
SUB-ROGAÇÃO CONVENCIONAL
EFEITOS DA SUB-ROGAÇÃO
"Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios
e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores".
O terceiro, ao efetuar o pagamento do débito do devedor da relação obrigacional
satisfaz a pretensão do credor. Contudo, a obrigação, em si, persiste nas figuras do terceiro
como novo credor da relação obrigacional e do devedor primitivo.
Assim, os efeitos que se operam são:
Satisfativo: porque satisfaz a pretensão do credor no recebimento de seu crédito;
Translativo: porque a sub-rogação não extingue a dívida para o devedor, ou seja, a
obrigação permanece para o devedor e o novo credor recebe todas as garantias e direitos
do credor original.
DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
DA DAÇÃO EM PAGAMENTO
CONCEITO
A essência da dação em pagamento é a entrega de uma coisa em pagamento de
outra que se devia. Assim, a dação em pagamento é um acordo de vontades entre credor e
devedor, por meio do qual o primeiro concorda em receber do segundo, para exonerá-lo da
dívida, prestação diversa da que lhe é devida.
É uma das formas consideradas como pagamento indireto visando a extinção de
obrigações.
Dessa forma, se o devedor obriga-se a pagar a quantia de R$1.000,00, poderá
solver a dívida por meio da dação, entregando um carro ou prestando um serviço, desde
que o credor consinta com a substituição das prestações.
A prestação da obrigação primitiva não precisa ser pecuniária. Tanto pode ser uma
obrigação de dar, de fazer ou de não fazer, o que importa é a natureza diversa da nova
prestação.
A dação em pagamento não se confunde com a obrigação alternativa, pois nesta, a
diversidade da prestação está prevista na própria obrigação, enquanto que, na dação em
pagamento, a entrega da prestação diversa se dá por estipulação entre devedor e credor. É
um acordo extintivo que ocorre depois de contraída a obrigação ou após o seu vencimento.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
O artigo 359 dispõe acerca dos efeitos da evicção sobre a dação realizada,
determinando que a obrigação volte ao statu quo ante.
Evicção: é a perda da coisa em virtude de sentença judicial, ou seja, quando
alguém perde a propriedade da coisa em virtude de decisão judicial que reconhece a outrem
direito anterior sobre essa coisa.
Se quem entregou a coisa diversa em pagamento não era o seu verdadeiro dono, o
que aceitou (credor) torna-se evicto. A quitação dada ficará sem efeito, o bem volta ao seu
legítimo dono e a obrigação volta ao statu quo ante, isto é, o débito continuará a existir na
forma inicialmente convencionada, com as garantias e acessórios.
Exemplo: O devedor oferece ao credor, com o consentimento deste, um carro em
substituição da dívida de R$20.000,00, a título de dação em pagamento. Ocorre que o
devedor não é o proprietário do automóvel e o verdadeiro proprietário exige, através de
ação, a devolução do carro. Assim, o credor perde o carro em favor do legítimo proprietário,
a quitação dada ao devedor fica sem efeito e a obrigação volta ao statu quo ante.
Os terceiros cujos direitos são ressalvados são aqueles que se encontram de boa-
fé, como manifestação do princípio de confiança.
DA NOVAÇÃO
CONCEITO E REQUISITOS
ESPÉCIES