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Amber Ferrel - Surpreendida Pela Graça PDF
Amber Ferrel - Surpreendida Pela Graça PDF
Amber Terrell
SilentHeart Press
Ojai, California
Amber Terrell
TRADUÇÃO EM PORTUGUÊS
CARLA SHERMAN
SILENTHEART PRESS
Ojai, California
Traduzido a partir da 1a edição americana, publicada em 1997 pela True Light Pub
lishing. Esta tradução é publicada e vendida com permissão da True Light Publishing,
detentora de todos os direitos de publicação e venda da obra original. Nenhuma parte
deste livro pode ser reproduzida ou usada sob qualquer forma ou meio, sem consentimen
to por escrito por parte do Editor.
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PO Box 1566
Ojai, California 93024
Estados Unidos da América
Tel. +1 (805) 646-0994
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Rio
de
Graça
Prólogo: A busca 1
1 Encontre o buscador 6
2 O cajado do iogue 18
4 Romance da alma 48
10 As rosas 137
11 A espada 161
14 Aprofundamento 232
PRÓLOGO: A BUSCA
PRÓLOGO: A BUSCA
PRÓLOGO: A BUSCA
luta. Quando tudo com que uma pessoa se identificava como “si
mesma” está sendo dissolvido, uma espécie de morte é vivenciada.
Esta morte não tem nada a ver com a morte física. É a morte do
“pessoal”, a morte da separação. É a morte espiritual de que falam
todas as tradições místicas do mundo, de São João da Cruz aos hi-
nos védicos da Índia e à poesia extática dos sufis. É uma verdadeira
morte, uma morte definitiva: a morte da identificação com tudo
que nasce e tudo que morre. É um despertar para a eternidade.
Que choque foi para mim descobrir que a iluminação não tem
nada a ver com auto-aperfeiçoamento, nada a ver com a realização
de uma lista de desejos pessoais. A iluminação não é absolutamente
pessoal. Ironicamente, é a preocupação com o pessoal, o apego à
mente e à personalidade como sendo quem somos, que obscurecem a
Verdade inacreditável: a iluminação já está aqui; ela já é quem somos!
A todos aqueles que estão exaustos desta busca, que sentem
um anseio que queima no fundo de seus corações; um anseio
que jamais poderá ser satisfeito através dos habituais caminhos
da carreira, do relacionamento ou da aquisição; aos que conti
nuam insatisfeitos, após anos de estudos e práticas espirituais,
ofereço esta história sobre um encontro com a Graça, a dissolu
ção da identificação com a mente, o fim da busca e da buscadora.
ENCONTRE O BUSCADOR
C
“ omo uma lamparina que não tremula, em um lugar sem ven
to.”* Assim o Bhagavad Gita descreve a mente de um ser iluminado.
Liberada das angústias da raiva, do medo e da inveja, esta alma
permanece em paz em meio ao mundo, indiferente às intermináveis
polaridades dos “pares de opostos”*, tais como prazer/dor, ganho/
perda, arrogância/falta de valor, aceitação/rejeição, felicidade/triste
za e assim por diante.
Toda esta filosofia, eu entendia muito bem. Mas, finalmente,
havia compreendido que a filosfia e o entendimento não podiam
me dar a liberdade.
Sentei-me no salão da Igreja Unitária de Boulder, no Colorado,
em meio a centenas de pessoas, esperando que o “satsang” come
çasse, perguntando-me por que tinha vindo. Com certeza, quando
uma amiga me telefonara para me convidar, naquela manhã, eu ti
nha hesitado. “Satsang significa ‘associação com a Verdade’”, minha
amiga explicara.
Senti resistência. Parecia indiano. Tinha desistido da sabedoria
da Índia. Por mais bela que parecesse em teoria, eu tinha deixado
de acreditar que suas mensagens e práticas pudessem trazer um real
benefício para a vida de uma buscadora no Ocidente, no final do
século XX.
Minha amiga prosseguiu, dizendo que satsang estava sendo ofe
recido por uma mulher chamada “Gangaji”. Aquele nome também
parecia indiano. Mais resistência. Ela depois explicou que Gangaji é
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SURPREENDIDA PELA GRAÇA
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ENCONTRE O BUSCADOR
desaparecer. Você fica com uma saúde perfeita, não? Todo o mau
karma é dissolvido. O que ela quer dizer com ‘já somos perfeitos’?
Como podemos ser perfeitos quando tantos aspectos de nossas vi
das permanecem imperfeitos?” Mas estas vozes interiores logo que
daram silenciosas. Naqueles últimos anos do meu desânimo, tinha
começado a me questionar se realmente entendia o que a ilumina
ção significava. Sendo assim, escutei.
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Isto é muito bom. Estou feliz por você ter buscado isto.
E agora, PARE! [risadas] Encontre o buscador. Você verá
que esta é apenas uma imagem, apenas uma idéia, base
ada em outra idéia equivocada, a de que você não é Isso
que já é inteiro, completo, perfeito e ilimitado.
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O CAJADO DO IOGUE
O CAJADO DO IOGUE
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Não me lembro muito do que Gangaji disse naquela noite, exceto isto:
O CAJADO DO IOGUE
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Foi durante esta discussão sobre o tigre que alguma coisa veio à
superfície. Eu vi o que não tinha visto antes. Em todos os meus anos
de prática espiritual, nunca tinha estado realmente disposta a me
entregar, a abrir mão da “pessoa” que estava praticando. Tinha gasto
a minha vida, até mesmo a minha busca espiritual, defendendo,
protegendo, aperfeiçoando cuidadosamente esta entidade chamada
“eu”. Tinha medo de ser devorada, medo de abrir mão do pessoal.
Medo de ser vista pelo tigre que me devoraria. Isto me atingiu como
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um raio: é isto que ela quer dizer com “disposto a morrer”. Esta é a
peça que faltava!
Experiências de meditações sublimes inundaram a minha me
mória, nas quais uma expansão vasta, ilimitada, havia se aberto
diante de mim e, mesmo assim, eu havia recuado, todas as vezes,
do mesmo modo como estava evitando olhar nos olhos de Gangaji
agora. O caminho que havia percorrido durante tantos anos tinha
muitas vezes me levado às portas de Brahma*, mas eu não fora capaz
de atravessá-las. Nesse momento, um profundo medo aflorou, um
medo que tinha me mantido empoleirada na soleira do Infinito du
rante mais de um quarto de século. Era o medo do aniquilamento
pessoal. Era uma falta de disposição para morrer. A emoção tomou
conta de mim e senti-me à beira das lágrimas novamente.
Uma mulher chamada Barbara fez uma pergunta sobre devo
ção e Gangaji passou muito tempo conversando com ela. Barbara
chorou quase o tempo todo, e ela estava sentada bem lá na frente.
Fiquei impressionada e senti-me encorajada pelo modo como aque
la mulher conseguia se abrir na frente de cento e sessenta pessoas,
na frente de Gangaji.
O tempo todo em que Gangaji estava falando com ela, pensei
em fazer uma pergunta sobre este medo de ser devorado. Porém,
até mesmo pensar em erguer a minha mão fazia o meu coração
disparar incontrolavelmente. Talvez escrever uma carta fosse mais
fácil; quem sabe depois do retiro, assim ela não seria lida durante o
satsang.
Quando ela terminou de responder a Barbara, houve uma cal
maria no salão, um momento de intenso silêncio. Ninguém levan
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Fiquei ali de pé, hesitante, sem ter certeza de que Gangaji real-
mente queria que eu fosse até a frente (talvez ela estivesse só brin
cando), até que ela novamente acenou para eu ir. Ainda agarrando
o microfone sem fio, comecei a abrir caminho por entre as pessoas
sentadas bem perto umas das outras no chão acarpetado, e que me
separavam do sofá onde Gangaji estava sentada. Algumas pessoas
ainda estavam rindo, enquanto eu passava aos tropeços por entre
elas. Quando estava na metade do caminho, Gangaji disse:
Ela me puxou para perto de si. Senti-me como uma idiota, como
uma criança amedrontada. Cento e sessenta pessoas estavam olhan
do para mim, rindo, gargalhando. Meu corpo estava tremendo.
Minha boca estava seca. Ela deslizou seu braço suavemente sob o
meu e segurou minha mão úmida de suor.
Não estava certa de que queria ser vista, conhecida tão profun
damente. Sentia-me nua. Mas era tarde demais. Ela já estava me
vendo, já estava me conhecendo. Estava fora do meu controle. E,
estranhamente, havia um certo alívio nisto.
Estava com os olhos baixos, olhando para os meus joelhos. Ela se
inclinou na minha direção e me observou atentamente.
paz invadindo o meu ser, uma paz que raramente havia sentido em
minha vida.
Quando me virei para agradecer, ela capturou meus olhos nova-
mente, e não pude desviar o olhar durante o que me pareceu uma
eternidade. Desta vez, quando olhei em seus olhos, alguma coisa
deu uma virada. Eu vi por trás dos olhos dela, e uma imensa vasti
dão se descortinou. Era espantoso, e indescritível com palavras. No
mesmo instante em que isto aconteceu, Gangaji disse:
Não tinha idéia do que ela queria dizer com isso; nenhuma idéia
do que tinha visto. Estava apenas consciente desta vastidão, e de
que estava completamente calma e quieta na frente de todas aquelas
pessoas. Isto, por si só, era suficiente para me espantar e me deixar
admirada.
Ela permaneceu quieta por um tempo, olhando para o grupo.
Quando estava começando a me perguntar se já tinha terminado,
ela falou novamente:
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A PEÇA QUE FALTAVA
Hal!
Ela atirou a carta no ar, e esta caiu atrás dela, no encosto do sofá.
Todo mundo riu.
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ROMANCE DA ALMA
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ROMANCE DA ALMA
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Eu conhecia esta porta tão bem. Ela não é nada fortuita! É a por
ta que eu temi a minha vida inteira. Aos oito anos, tivera uma expe
riência que, agora compreendo, me atirara de volta para o meu ver
dadeiro Ser. Acontecera a partir de uma pequena meditação que eu
tinha inventado. Eu me sentava em meu quarto e olhava fixamente
para duas maçanetas pretas, que se destacavam contra um fundo
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4 de maio de 1995
Querida Gangaji:
Com gratidão,
Amber Terrell
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Cara Maitri,
Nunca estive em um destes retiros antes. Conheço Gangaji
há apenas alguns dias. Não consigo dormir há quatro noites, e
estou ficando preocupada. Alguma sugestão?
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ROMANCE DA ALMA
cado meu coração e minha alma naquela carta, tinha-os deitado aos
pés dela. De repente, senti-me como uma criança pequena, desajei
tada, insegura e mortalmente vulnerável. Pensei: “Talvez não deves
se ter escrito aquela carta; talvez tenha sido estúpido pedir-lhe para
ser minha mestra daquele jeito, e contar-lhe sobre minhas preces
secretas.”
Voltando para o meu quarto naquela tarde, sentei para meditar
antes do jantar. Conforme a consciência se aprofundou e a respi
ração tornou-se mais suave, senti a bem-aventurança do samadhi*
começando a aparecer. Conforme o meu hábito, percebi que estava
tentando “alcançá-lo”. Eu o desejava. Queria conservá-lo de algum
modo, pois sabia como podia ser fugaz. Sempre fora fugaz.
Então ouvi a voz de Gangaji, como um nítido sino na minha
cabeça. Não tente alcançá-lo. Deixe ele tomar conta de você.
Nunca tinha pensado nisso. Deixar ELE tomar conta de MIM.
Alguma coisa pareceu se abrir no meu cérebro e tornei-me cons
ciente de um repentino relaxamento e uma profunda entrega. E,
para meu espanto, a bem-aventurança tomou conta de mim. Assim
mesmo. Senti-me tão estúpida; todos aqueles anos tentando “alcan
çar” a bem-aventurança. Agora, de repente ficava claro que, com
este impulso para alcançá-la, eu a estava repelindo.
Um intenso tremor de energia de kundalini* na coluna me ti
rou daquele estado profundo. Como sempre, minha consciência foi
atraída para aquela forte sensação. Eu tivera estas sensações durante
muitos anos. Elas sempre atraíam a minha atenção, e me afastavam
da consciência, trazendo-me de volta ao corpo. Sempre tivera a im
pressão de que primeiro tinha que lidar com a sensação, para poder
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como ela era linda, e como estava contente por você tê-la escrito.”
Um alívio indescritível me inundou. Gangaji tinha gostado da
carta! Achei que isso significava que ela me aceitava como aluna. E
isso confirmou outra coisa que eu sentira duas horas antes, e que
fora tão incomum, tão monumental, que não ousara interpretar
nem pensar sobre ela.
Pouco antes do jantar, estava fazendo algumas posturas de ioga
no chão do quarto. De repente, senti uma intensa onda de amor
vindo de Gangaji, ou pode ter sido por ela, ou ambos; era difícil
perceber a diferença. Então senti toda a minha alma entrar no que
eu só posso descrever como “entrega”. Minha vida estava aos pés
dela. Assim mesmo, sem tomar uma decisão sobre isto nem mesmo
saber que isto tinha acontecido. “Meu Deus!” lembro que pensei,
“Ela é o meu guru!” Senti uma conexão muito profunda com ela,
uma conexão como jamais sentira com outro ser humano. Eu sabia
o que era isto, porque o mestre indiano que seguira durante muitos
anos tinha falado algumas vezes de sua relação com seu mestre. Não
existe outra relação na terra que se compare a esta em intensidade,
intimidade, profundidade, implacabilidade e amor. Sempre que ele
falava sobre este relacionamento, eu ansiava por ele mais do que
qualquer outra coisa na terra, mas sabia que isto de que falava não
era exatamente o que eu vivia com ele. Agora eu reconhecia que
tudo sobre o que ele falara era exatamente o que eu estava vivendo
com Gangaji e, mais ainda, de que não dava para falar. O espantoso
é que esta entrega tinha me tomado completamente de surpresa.
Eu não tinha decidido me entregar, nem decidido que ela era o
meu guru. Tinha simplesmente acontecido. Em um piscar de olhos.
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Ela sorriu. “Talvez esta seja a conexão profunda” ela disse, jun
tando as palmas das mãos para simbolizar “conexão”. E me contou
que, nos primeiros tempos com Gangaji, ela não conseguia dormir
sempre que Gangaji estava para vir à cidade. Então sugeriu que eu
bebesse um chá de ervas antes de ir para a cama. E perguntou se eu
estava bebendo café ou algo assim.
Eu disse: “Não. Cafeína e eu não nos misturamos.”
Ela riu: “É, você não parece ser o tipo cafeína.”
Agradeci e voltei para o salão do satsang. Naquela tarde, não ía
mos ter satsang. Um filme documentário sobre Gangaji fora concluído
recentemente e assistiríamos a uma prévia, em vez do satsang habitual.
Enquanto estava sentada, esperando que Gangaji chegasse, con
templando a importância do que estava acontecendo, percebi que
estava aliviada por não haver satsang formal naquela tarde. Não sa
bia se poderia agüentar a intensidade do satsang naquele momento.
Estava tremendo por dentro; um estremecimento extático, que me
lembrava dos poemas de Rumi ou de São João da Cruz, sobre o
intimidante poder do Amor Divino que a alma vivencia quando é
reunida a seu Bem-Amado; poemas sobre o Ser como a noiva espi
ritual na noite de núpcias.
Como poderia ter imaginado uma mestra tão perfeita? Alguém
que fica “acordada comigo à noite”. Alguém que tão amorosamente
vigia as minhas meditações, corrigindo quaisquer erros, orientando
me a todo momento. De alguma maneira misteriosa, Gangaji tinha
me encontrado, a partir da prece que eu lançara ao universo. Ela era
a pessoa que eu tinha pedido, por quem ansiara, por quem espera
ra, durante séculos. Eu estava aterrorizada, derrubada, paralisada, e
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desesperadamente apaixonada.
Quando Gangaji entrou no salão, meu coração deu pulos. Ela esta
va radiante, linda, gigantesca. Era como se as visões sutis e a experiência
que tinha dela através dos sentidos estivessem finalmente se fundindo.
Fechamos os olhos durante vinte minutos de silêncio. Era um
puro êxtase divino apenas sentar com ela em silêncio daquela ma
neira. Depois do silêncio, Gangaji apresentou Harp, o homem que
tinha produzido o filme que iríamos ver. Harp contou algumas his
tórias sobre a viagem com Gangaji pela Índia, onde a maior parte
das seqüências foram filmadas, e sobre como ele tinha tido dúvidas
durante a produção sobre se poderia mesmo realizar o filme, se era
mesmo a pessoa certa para produzi-lo. Ele tinha enviado um fax
para Gangaji em um dado momento, dizendo-lhe tudo isso, e ela
mandara um fax de volta: “Ora, talvez você não seja a pessoa certa.”
Ele admitiu que esta não era exatamente a resposta que esperava ou
desejava, e contou como ela o tinha sacudido de sua dúvida para
que pudesse completar o filme.
Surpreendentemente, senti uma ponta de ciúmes porque ele es
tava sentado no sofá, perto de Gangaji, e parte do tempo ela mante
ve seu braço em torno dele. Imediatamente, senti-me estúpida por
sentir uma emoção tão infantil. Mesmo assim, a emoção estava ali,
aparecendo em mim.
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Gangaji
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Gangaji. Fiquei com inveja. Como ansiava poder dizer-lhe algo as
sim naquele momento. Mas não conseguia.
Gangaji respondeu:
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NUA, EXPOSTA E DISPOSTA A MORRER
Não entendi o que ela queria dizer com aquilo: nem pessoal nem
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a sua voz, tão clara como se ela estivesse sentada ao meu lado: Teria
pensado que você não estava sendo sincera se não tivesse sentido medo.
Isso não fazia qualquer sentido para mim, mentalmente, mas
tinha o tom de verdade que suas palavras sempre evocavam. Tentei
pensar nisto, analisar, mas minha mente não estava muito clara e,
em pouco tempo, desisti.
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Gangaji disse:
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“Sim.”
tamente desinteressante.
Naquela tarde, enquanto escutava os músicos oferecendo suas
lindas canções e cânticos, senti um efeito reconfortante em meu
corpo, mente e emoções sitiados. A música sempre tivera este má
gico efeito transformador sobre mim. Tinha sido uma compositora
amadora desde os dez anos, quando começara a pegar os hinos da
igreja e reescrevê-los com outras palavras, mais significativas para
mim. Naquela tarde, entretanto, embora estivesse consciente de seu
efeito reconfortante, fiquei sentada sentindo-me estranhamente en
torpecida diante daquelas lindas melodias. Não estava pronta para
o fim do retiro. Eu não tinha terminado. Ainda estava me esqui
vando dos olhos de Gangaji quando ela olhava em minha direção.
Ainda estava vacilando em relação a se todas as coisas maravilhosas
e terríveis que vivenciara no retiro eram reais ou imaginárias; estava
questionando o que tudo aquilo significaria em minha vida.
Perto do fim do satsang, um grupo, incluindo Gangaji, cantou
Amazing Grace (Graça Extraordinária). Esta é uma das minhas mú
sicas favoritas. Quando comecei a cantar, e me abrir para a beleza
desta canção, percebi como a Graça inundara a minha vida, surpre
endente e poderosamente, neste encontro com Gangaji. Percebi,
enquanto cantava, que tudo que acontecera durante o retiro, por
mais terrivelmente doloroso que tivesse sido, por mais inacreditável,
era apenas isso: Graça.
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para Cape Cod, em meados de junho, para irmos visitar sua família.
Fiquei olhando para ele com uma expressão de surpresa. Cape Cod e
a viagem que ele propunha pareciam ainda mais irreais do que tudo
mais. Não tinha qualquer desejo de ir. Não conseguia me imaginar
tendo que me relacionar com a família dele na minha condição atu
al. Além disso, acabara de conhecer a mestra de minhas preces. Ela
iria a Santa Fé dentro de alguns dias, e depois voltaria a Boulder em
meados de junho, para oferecer satsangs públicos quatro vezes por
semana, durante quase todo o verão. Eu não tinha qualquer inten
ção de estar em outro lugar, a não ser a seus pés.
Toby ficou chocado, desapontado e zangado. Sempre fora com
ele nestas visitas de verão à sua família, e eles estariam me esperan
do. Mas sabia, dentro do meu coração, que nada poderia me arras-
tar para longe de Boulder naquele verão. Esperara por esta mestra
durante um tempo incontável e não perderia esta oportunidade.
Embora sentisse seu desapontamento e tristeza, não havia nada que
pudesse fazer. Eu não poderia ir.
Esta recusa em viajar com ele para Cape Cod foi o começo de
um teste para nosso relacionamento, o qual se intensificou durante
o verão. Ele via que eu tinha “desaparecido”, que não estava dispo
nível para ele. Algumas vezes dizia: “Quero minha mulher de vol
ta.” Mas eu não podia trazê-la de volta. Nem mesmo me lembrava
como ela era! Havia tantos cataclismos ocorrrendo dentro de mim
que, durante algum tempo, não podia lidar com as expectativas e
necessidades de mais ninguém.
Naquela noite, subi para meu quarto, acima da sala de estar, e
deitei no futon. Uma foto de Ramana Maharshi aos dezesseis ou de
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AFOGANDO-ME NO RIO GANGA
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Em um fluxo interminável
Despertam de um sonho
De um oceano ao outro.
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por Gangaji e ela me assegurava que estava bem ali. Em certo pon
to, perguntei-lhe se já tinha sido devorada por Brahma. Ela riu.
Devorada? Você está sendo digerida!
Então eu também ri; ri deste humor maravilhoso que estava co
meçando a reconhecer como seu. Gangaji então falou com Ramana
sobre mim. Disse a ele que podia conectar-se comigo profunda-
mente, por causa de alguma ressonância entre nossas formas. Eu
não conseguia distinguir o que estavam dizendo mas, em determi
nado ponto, parecia que Ramana estava confirmando que eu fora
aceita. Eu poderia servir a esta linhagem.
Estava impressionada. Mal podia acreditar no que estava aconte
cendo. Lembro que surgiu o pensamento: “Isto deve ser uma ‘ego
trip’ gigantesca ou algo assim.”
A voz de Gangaji soou com força: Você consegue achar algum ego
aqui?
Procurei um “ego” e não encontrei. De fato, não conseguia en
contrar nada do que costumava chamar de “eu”. Tudo estava tão ex
pandido e imenso, afogado no Rio Ganga. E o Ganga parecia maior
que o universo inteiro; era aquilo em que o universo aparece.
Depois de completada a iniciação, Gangaji disse que começaria a
me treinar. Perguntei: “Quando?” Ela disse: Começaremos amanhã.
Então a visão desapareceu, e permaneci algum tempo em um
silêncio atordoado e agradecido. Finalmente, deitei e dormi longa e
profundamente, pela primeira vez em quase dez dias.
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AFOGANDO-ME NO RIO GANGA
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Logo depois de ter enviado a fita e a carta para Santa Fé, mi
nha amiga Moksha ligou da Flórida. Ficara sabendo que eu tinha
entrado em contato com a linhagem de Ramana Maharshi e, como
recentemente havia descoberto um vídeo sobre a vida e os ensina
mentos de Ramana, chamado The Sage of Arunachala (O Sábio de
Arunachala), iria enviá-lo para mim. Pensou que eu gostaria dele,
porque sabia como adoro animais, e Ramana, como São Francisco
de Assis, tinha uma misteriosa relação com eles. Ele até fora capaz
de conduzir sua vaca de estimação a um estado de total liberação
durante os últimos momentos de sua vida. Isto me interessava mui
tíssimo, porque muitas vezes me questionara sobre a possibilidade
de um animal alcançar a liberação espiritual. Durante toda a minha
vida, tivera relações muito próximas com animais e, algumas vezes,
sentira que os animais estavam muito mais em contato com a pre
sença universal do que os humanos.
O vídeo chegou em poucos dias e, sem perda de tempo, comecei
a vê-lo. O narrador começava com a história de Ramana quando
ainda menino. Ele não era o melhor dos alunos, pois tinha pouco
interesse por livros e pelo estudo. Adorava nadar no rio, visitar
templos e ler histórias sobre santos. Aos dezesseis anos, ele tomou
consciência de um poderoso medo da morte. Pela descrição dada,
parecia muito com o que eu experimentara aos dez anos: um gigan
tesco nada, ameaçando me devorar. Mas, ao contrário de mim, que
tinha resistido e tentado evitá-lo, Ramana simplesmente se deitara no
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Cortesia de Sri Ramanashramam, Tiruvanamalai, Índia
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Bhagavan Sri Ramana Maharshi
SURPREENDIDA PELA GRAÇA
Quem sou eu
Quem sou eu
Quem sou eu
Absolutamente nada?
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A pessoa pergunta: “Se eu não sou nada disso, então quem sou
eu?” Ramana responde:
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Bem-vindos ao satsang.
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era ela. Nem sabia o que isso significava. Só sabia que queria o que
via na minha frente, nela, como ela, através dela, vindo dela. A pre
sença que ela irradiava era o que eu queria, mais do que qualquer
coisa que já tivesse querido.
Toby olhou para mim; parecia preocupado. Este era o seu segun
do satsang e eu queria saber como estava se sentindo. Mas teríamos
que conversar mais tarde. Cada palavra que Gangaji dizia era como
um néctar, como um sutra* perfeito, e eu não queria perder nenhu
ma delas.
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O QUE VOCÊ QUER REALMENTE?
Ah, obrigada.
Muito bom.
Enquanto ela falava, comecei a sentir que, talvez, não fosse tão
especial afinal de contas. Parecia que aquele homem também tinha
se afogado no rio Ganga. Isto foi confirmado em seguida, quando
ele disse: “Ouço a sua voz aonde quer que eu vá.”
Gangaji riu.
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O MITO DA ILUMINAÇÃO
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O MITO DA ILUMINAÇÃO
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Querida Gangaji,
Amber Terrell
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O MITO DA ILUMINAÇÃO
Meu encontro com ela era esta percepção, este instante fora do
tempo. A gratidão brotou e inundou meu coração. Neste momento,
Toby olhou para mim. Ela estava abordando questões sobre as quais
tínhamos conversado muito nos últimos dois anos, entre nós e com
outros amigos buscadores: “O que é iluminação? Por que, após to-
dos estes anos de prática, ninguém que conhecemos ganhou qual
quer coisa remotamente parecida com iluminação ou liberdade?”
As palavras seguintes de Gangaji responderam a tudo.
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O MITO DA ILUMINAÇÃO
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O MITO DA ILUMINAÇÃO
3 de junho de 1995
Querida Gangaji,
P.S. Sei que enviei três cartas em três semanas, e espero que
não seja demais. Tanta coisa é revelada a cada dia, a cada mo
mento, e escrever-lhe me ajuda a verificar.
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AS ROSAS
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H.H.L. Poonja (Papaji)
AS ROSAS
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AS ROSAS
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SURPREENDIDA PELA GRAÇA
Querida Gangaji:
Como não sei se vou erguer minha mão para lhe fazer um
relato, gostaria de escrevê-lo. Sou muito grata por você estar
aqui em Santa Fé, e por nosso tempo, todo o nosso tempo
juntas. Estou aprendendo tanto, mas não é um aprendizado
com a cabeça. Parte do que estou aprendendo é envolvimento.
No início, quando vinha aos satsangs, eu só aparecia se fosse
conveniente, e ficava na periferia. Que analogia com a minha
vida!
Conforme cresceu meu compromisso em estar aqui, tam
bém cresceu meu compromisso com o ser, esta doce e admi
rável vastidão que eu sou. E também se trata de uma entrega
contínua, não é?
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Excelente!
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Sim, Gayatri?
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AS ROSAS
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AS ROSAS
Oi.
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Isso mesmo!
“Obrigada por esta benção eterna, esta eterna Graça. Que gran
de sorte, estar nesta vida e ter isto: ter satsang com você. Você tem
toda a minha gratidão.”
tificação com “eu sou isto que nasce”, portanto “eu sou isto
que está sujeito à morte” é cortada. Naturalmente. Não
porque você pega um facão psíquico e a corta fora. Ela é
cortada porque é apenas um pensamento. E um pensa
mento não é nada. É ilusão. Claro que este pensamento
pode causar uma enorme experiência de sofrimento. Mas,
quando esta experiência de sofrimento é vivenciada, o
próprio sofrimento também revela não ser nada. Nada!
Esta é a natureza da investigação direta, da “Auto
investigação”. Isto é Auto-investigação: ver a si mesmo
em toda parte, em todas as formas, em todos os estados,
em todos os graus. E este mistério da revelação naquilo
que é eternamente revelado é a dança da vida. Esta é a
promessa, o potencial desta experiência de encarnação. E
é isso que nós celebramos. Que mistério! Que casamento!
Esta experiência de encarnação casada com aquilo que
nunca nasce. Verdadeiro casamento. Verdadeiro Amor.
Verdadeiro Ser.
Que relato! Isto é satsang! Quando você fala assim, está
declarando a Verdade. Você não se satisfaz em declarar
repetidamente a mentira, a esperança da verdade ou a
crença na verdade. Você simplesmente pára de dizer a
mentira.
Então a Verdade é dita. Você nem precisa falar. Você
apenas fica quieta. A Verdade vai usar suas cordas vocais,
vai usar as suas experiências, o seu intelecto, a sua forma,
a sua mão; ela vai usar a sua caneta e a sua vida para
dizer a Si mesma.
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AS ROSAS
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A ESPADA
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vezes por semana. Alguma coisa dentro de mim disse: “Espera aí!
Isso não é o bastante! Quatro vezes por semana não é suficiente.”
Meu desejo de estar perto dela não podia ser satisfeito sentando
em satsang apenas quatro vezes por semana. Queria estar perto
dela a cada momento que fosse possível. A decisão de tentar ar
ranjar um emprego como sua faxineira, jardineira ou qualquer
outra coisa, começou a se formar em minha mente. Já havia dito
às pessoas da Fundação que estava disposta a fazer qualquer coisa.
Olhei para as minhas rosas. Elas enchiam o carro com seu aro
ma celestial. A meio caminho de Boulder, uma coisa incomum em
relação às rosas começou a se revelar para mim. De repente, parecia
que elas não eram exatamente o que o meu ser pessoal queria que
fossem. Tinha a sensação de que o que parecia estar acontecendo no
presentear das rosas não era realmente o que estava acontecendo.
Em um nível, as rosas significavam que Gangaji havia me atraído
mais para perto de si e que eu havia me aberto mais profundamen
te. Sentia-me abraçada por ela novamente, envolvida pelo Ser mais
uma vez, como me sentira em Estes Park. Entretanto, a tendência
da mente era tentar aprisionar tudo aquilo na memória e projetar
um significado pessoal. Mas estava claro que havia algo que não
podia ser capturado daquela maneira, alguma coisa não localizá
vel, inimaginável, incompreensível. Um assustador “saber” dentro
de mim, um presságio, alertava-me de que algo mais estava aconte
cendo, algo que eu ainda não percebera. As rosas significavam mais
do que um abraço e um beijo da mestra. Significavam algo imenso
e vasto, calculado para me aniquilar ainda mais completamente.
Quando cheguei em casa, nossos dois gatos ficaram felizes em
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A ESPADA
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A ESPADA
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A ESPADA
mais sete ou oito consultas, durante todo o verão, para ser termina
do. Fiquei surpresa ao ver que não havia mais a ansiedade habitual na
cadeira do dentista. Pois isso também, só existe na mente. Embora
a forte experiência de “ausência da mente” só tivesse durado alguns
dias depois da volta a Boulder, uma vez que a mente havia sido mes
mo parada, ela nunca mais teria o mesmo poder. Mais tarde, ouvi al
guém perguntar a Gangaji se o “eu” ainda surgia nela. Ela respondeu:
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A ESPADA
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Na quinta-feira à noite,
dia 22 de junho, começa
ram os satsangs públicos em
Boulder. Cheguei cedo e
consegui um lugar na frente.
Trouxera comigo uma carta
para Gangaji, escrita naque
le dia, na qual contava-lhe
sobre a experiência de can-
tar em Santa Fé, como não
houvera esforço algum e
também sobre a experiência
de “ausência da mente” que
Amber, Toby e Starlight
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A ESPADA
Bem-vindos ao satsang.
Podia dizer de imediato que ela estava falando com este grupo
de maneira diferente do modo como falara em Santa Fé. Naquela
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A ESPADA
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A ESPADA
A ESPADA
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SEM BUSCAR NEM FUGIR
Ergui minha mão. Ela olhou para mim com uma espressão zan
gada, de brincadeira, examinou-me por um instante e disse: Muito
bem. E então começou a ler meu bilhete.
Querida Gangaji,
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Gangaji fez questão de dar um grande sorriso para cada uma das
pessoas sentadas no semicírculo, exceto para mim. Na verdade, ela
nem mesmo olhou para mim. Seus olhos passavam por mim sem
me ver, todas as vezes. Um sentimento de rejeição começou a surgir
dentro de mim. Então, o impulso tão familiar de evitar a rejeição
surgiu rapidamente, para contrabalançar. “Eu não ligo. Não preciso
que ela olhe para mim.” Este era um padrão de minha personalida
de que se manifestara durante toda a minha vida, em todos os meus
relacionamentos. “Se machucar, dê o fora. Você não precisa disso.”
A primeira vez que lembro na qual este padrão apareceu foi com
minha mãe, quando tinha cinco anos. Acidentalmente, quebrei uma
garrafa de leite no alpendre de nossa casa. Ela ficou muito zangada e
gritou comigo. É a primeira vez que me lembro dela ter ficado real-
mente furiosa comigo. Contendo minhas lágrimas, fui para o meu
quarto. Sentimentos de rejeição estavam surgindo, e eu não estava
disposta a senti-los. Então surgiu a defesa: “Eu não preciso disso.
Vou dar o fora daqui.” Coloquei meu pijama e um urso de pelúcia
em minha malinha e saí de casa silenciosamente.
Andei uns quatro quilômetros, atravessando um campo aberto
e um bosque, até a casa de minha avó, onde passei a noite. Só mais
tarde percebi que mamãe tinha mandado meu irmão mais velho me
seguir, para ver se eu chegava lá a salvo, e minha avó também tinha
ligado em segredo para meus pais, dizendo que eu estava bem e que
podia passar a noite com ela. O incidente foi esquecido no dia se
guinte, quando vovó me levou para casa, mas aquele padrão perma
neceu durante toda a minha vida: fugir de sentimentos desconfortá
veis, de pessoas desarmoniosas ou de circunstâncias desagradáveis.
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Já nos conhecemos?
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Querida Gangaji,
Eu disse: “Muito. Tive muitos sucessos.” Mas acho que ela não
me ouviu, porque houve uma explosão de gargalhadas no salão na
quele momento.
Isso mesmo.
... eles revelam não ser nada, revelam-se como o Ser e a men
tira pára. Portanto, eu estou decidida a parar. Parar de fugir.
(Toda vez que penso que parei, um novo “nível” de parada é
revelado).
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SURPREENDIDA PELA GRAÇA
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SEM BUSCAR NEM FUGIR
esta frase. “Ah, não acabei ainda, ainda não... Ainda não
estou totalmente...”
Li um artigo interessante outro dia, sobre esta questão
da iluminação, e sobre ser “plenamente” iluminado. A
pessoa entrevistada disse uma coisa muito bonita: dizer
“plenamente” iluminado é, na verdade, mentir, porque
ninguém ainda indicou, mencionou ou revelou um fim
para isso que é iluminado.
Esta plenitude não tem fim. Não existe um receptáculo
que possa contê-la e que, então, se possa considerar cheio.
Você entende? Isso é interminável.
Nós ouvimos a expressão “plenamente iluminado” com
uma idéia de alguma coisa “terminada”. O que termina é
a idéia de alguma coisa terminada. [risos] E, quando esta
idéia termina, há a revelação do que é permanentemente,
absolutamente, mais e mais pleno. Mais e MAIS.
Você só precisa parar de imaginar que poderá acumular
uma certa quantidade e que, então, poderá dizer: “Está
bem, tenho o bastante para passar” ou “Tenho o bastante
para tirar nota 10”. Você já é Aquilo, imediatamente e
sempre. E aquilo que você é é interminável. Não há nada
que possa contê-lo. É pleno, para além de toda medida. E
é MAIS E MAIS pleno.
Portanto, desista desta idéia de uma medida finita ou
de um medidor finito, e seja plenamente AQUILO que
você é, PLENAMENTE! Você é PLENAMENTE Aqui
lo! Mais e mais plenamente! PLENAMENTE!
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SEM BUSCAR NEM FUGIR
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Sinto-me cada vez mais grata pela Graça que me trouxe até
você e que flui de você em um rio interminável. Obrigada por
me acolher plenamente, implacavelmente, mais e mais profun
damente.
Ouvindo cada vez com mais atenção,
Amber
Ela relatou uma história que Papaji conta sobre um violento sa
murai que encontra seu mestre e sente resistência, a ponto de querer
matá-lo; então, finalmente, percebe que ele era o seu maior amigo e
aliado, e prostra-se a seus pés, totalmente entregue. Quando termi
nou a história, ela olhou para mim mais uma vez:
Estou feliz por saber que você parou. Isto é tudo que
é preciso. Nenhuma credencial. Apenas a disposição para
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SEM BUSCAR NEM FUGIR
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APEGO AO MESTRE
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APEGO AO MESTRE
transferir tudo aquilo para ela. Mas, além do fato de não ter escolha,
já que tudo acontecera espontaneamente, mais tarde vi como isto
era perfeito. Gangaji aparecera em minha consciência como o fogo
da Verdade, como o meu próprio e puro Ser. Que perfeição que
todos os desejos insatisfeitos fossem atirados neste fogo!
Meu marido via tudo isto e sentia-se deixado de lado. Ele via a
entrega com que eu, em minha independência característica, nunca
me havia dado a ele, ir toda para Gangaji. Isto trazia à tona todas
as suas questões relacionadas a insegurança e respeito. E houve pe
ríodos em que falamos em nos separar. Eu não tinha nenhum de
sejo de me separar, nem tinha qualquer desejo de permanecermos
juntos. No meio do verão, tinha uma profunda sensação de reali
zação pessoal que não se relacionava com coisa alguma em minhas
circunstâncias exteriores. Sabia que agora pertencia a esta Verdade,
que minha vida fora de algum modo dedicada a ela. Minha vida não
era mais minha e não pertencia a Toby. Disse a ele que, se estivesse
sentindo-se desconfortável demais, estava disposta a deixá-lo ir, por
amor. Eu queria a sua felicidade. As circunstâncias exteriores de mi
nha vida não me pareciam muito importantes.
Apesar do desconforto, Toby persistiu durante todo o verão e
foi a todos os satsangs. Gradualmente, ele começou a ver, a abrir
mão de seu apego à imagem que tinha de nossa relação, e a per
ceber a beleza e o mistério de tudo que estava acontecendo. Foi
realmente impressionante. Isso revela a verdadeira profundidade de
seu compromisso com a Verdade, pois não deve ter sido fácil viver
comigo durante aquele período. Meu corpo ainda estava passando
por mudanças tremendas. Muitas vezes, eu chorava a noite toda; a
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Meu Amigo
Que não existe no tempo
Você sempre me vê
Com olhos divinos
E você
Revela a alegria
Que faz vibrar minha alma
E reside para além do que os sentidos conhecem.
Pois você
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APEGO AO MESTRE
E você
É a porta para além
Do sol ardente
Onde as danças das sombras jamais aparecem.
Meu amigo
Que nunca dorme
Nas noites de tempestade
Sua vigília permanece
Ah, é por você
Que o coração se expande
E entrega esta vida
Em suas mãos atemporais.
Meu amigo
Que você é eu
A revelação continua
Sempre sem fim
A revelação continua
Queria cantar esta música para ela no satsang mas, toda vez que
pensava nisso, sentia uma timidez insuportável e me sentia tão ex
posta, que todo o meu corpo ficava tenso e quente, e meu coração
começava a bater como louco. Eu sentia que esta era a música mais
íntima que jamais escrevera, uma música de amor ao Verdadeiro Ser,
a Gangaji, e isto fazia a minha resistência à intimidade vir à tona.
Mesmo assim, um dia levei meu violão para o satsang, incentiva
da por Toby. Ele disse: “Se você levar o violão, talvez sinta vontade
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APEGO AO MESTRE
tra o meu coração. Mas Maitri não precisava que eu dissesse nada.
Ela sabia. De repente, percebi que não importava se eu cantasse
a música ou não. Todo este julgamento sobre mim mesma estava
apenas na mente. O presente de Gangaji tinha derrubado a mente,
mais uma vez, para que eu pudesse ver isto. A personalidade pros
trara-se diante do Ser e da perfeição com que o Ser estava se mani
festando em minha vida.
Outro exemplo desta inacreditável perfeição ocorreu na primei
ra vez em que levei comida para Gangaji. Na verdade, eu não prepa
rara a refeição. Terry havia cozinhado naquele dia e, como tinha que
levar seu namorado ao aeroporto naquela tarde, decidiu me deixar
entregar a comida. Desta maneira, disse ela, eu me acostumaria a
levar comida para Gangaji e a arrumá-la na cozinha.
Eu conhecia bem a casa, porque vinha fazendo a limpeza toda
semana. Já tinha visto Terry arrumar a comida, quando ela vinha
entregá-la enquanto estávamos fazendo a faxina. Terry me instruiu
em como arrumar tudo: o que devia ser colocado na panela, o que
ia para a geladeira e o que ficava na pia. Mas, porque eu ainda me
sentia tímida perto de Gangaji, perguntei nervosa: “E se Gangaji
estiver lá?”
“Não preste atenção a ela,” disse Terry, que então acrescentou:
“Ela provavelmente não estará em casa. E, se estiver, estará em outra
parte da casa. Estou lhe dizendo, quase nunca a vejo, e levo comida
para ela todos os dias.”
Gangaji ainda estava na casa de Shivaya Ma naquela época e,
portanto, perto das cinco e meia da tarde, levei a comida que ti
nha pego com Terry. Quando desci os degraus em direção à casa,
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APEGO AO MESTRE
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que Gangaji tinha me pedido; mas não disse que iria cantar.
“Quer que eu cante agora?” Perguntei a Gangaji, quando me
recuperei do choque desta atenção inesperada.
Ela disse:
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Isso mesmo! Você precisa olhar para trás, para ver como.
Percebi então que ela sabia quem era o “ninguém” que escrevera
aquela carta.
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Estas foram as palavras mais belas que ela já dirigira a mim até
então. Barreiras que ainda estavam espreitando ao redor do meu
coração se despedaçaram, quando ela me abraçou com o olhar mais
amoroso. Naquele momento, mais uma vez, não senti qualquer se
paração. Ela continuou lendo:
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Cantei o verso a capella, sem violão, depois de ter dito a ela duas
semanas antes que jamais poderia fazê-lo. Eu não estava nervosa.
Tinha a sensação de que tudo era imenso e uno, sem separação. Eu
estava, mais uma vez, me afogando no Rio Ganga. Ela me fez cantar
o verso três vezes. Na terceira vez, olhei diretamente em seus olhos
enquanto cantava, algo que jamais fora capaz de fazer. Então, ela leu
em voz alta a tradução:
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APROFUNDAMENTO
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APROFUNDAMENTO
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seda azul. Percebi que estava admirando a roupa, e muito. Isto era
incomum, pois normalmente não penso muito sobre roupas , sejam
as minhas, as dela ou de qualquer outra pessoa. Na realidade, fiquei
levemente irritada comigo mesma, porque não conseguia parar de
pensar naquele belo conjunto.
No início do satsang, Gangaji pegou minha carta debaixo de todas
as outras na pilha (para isso serviu a minha tática) e começou a ler:
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APROFUNDAMENTO
Querida Gangaji,
Não sei quem eu sou, o que estou fazendo, nem aonde es
tou indo. A maior parte do tempo penso que sei todo tipo de
coisas. E que sou capaz de fazer muitos tipos de coisas. Mas,
na verdade, não sei nada. Não posso nem mesmo fazer a coisa
mais simples, que é ficar em silêncio, ficar quieto. Às vezes,
anseio por me desnudar, abrir mão completamente de todas as
ilusões às quais me agarro e ser livre finalmente. É possível fazer
isso quando não tenho cem por cento de disposição?
Gangaji olhou para nós com uma seriedade que abalou algo bem
no fundo de mim mesma.
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SURPREENDIDA PELA GRAÇA
Perca tudo cem por cento e então veja: o que foi per-
dido? Você nunca pode ver isto, nunca pode saber isto, de
verdade, com convicção, até que tenha perdido tudo; até
que tenha, conscientemente, perdido tudo. É claro que
você perde tudo todas as noites, quando cai em um sono
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APROFUNDAMENTO
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APROFUNDAMENTO
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APROFUNDAMENTO
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O FILHOTE DE ÁGUIA
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O FILHOTE DE ÁGUIA
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O FILHOTE DE ÁGUIA
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O FILHOTE DE ÁGUIA
Eli nos pediu para abrir os olhos e então perguntou qual fora
a nossa experiência. Imediatamente, comecei a rir. Ele olhou para
mim e pediu-me para relatar a minha experiência. Eu disse: “Eu era
o filhote de águia. Gangaji era a mamãe águia.” Com uma expressão
amuada no rosto, acrescentei: “Ela vai voltar para a Califórnia, e
está me atirando para fora do ninho!”
A sala toda explodiu em gargalhadas. Provavelmente, todos pen
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O FILHOTE DE ÁGUIA
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Vejo que você não foi a parte alguma. Você está bem aqui,
mais presente do que nunca, mais próxima do que nunca. Sua
presença é tão forte que, às vezes, durante a noite, embora meu
corpo esteja adormecido, minha consciência permanece des
perta; desperta nesta Presença de você. Que ridículo que eu
tenha podido duvidar disto, considerando-se as experiências
dos últimos cinco meses. Acho que estava apenas apavorada
porque, desde que a conheci, nunca estive fisicamente separada
de você por mais de alguns dias de cada vez. Obrigada por
me permitir passar por aquela terrível saudade enquanto você
ainda estava presente fisicamente. Na terça-feira, quando sua
forma partiu de Boulder, não senti qualquer separação.
Nesta carta também lhe contei, pela primeira vez, sobre algu
mas visões que haviam ocorrido durante o retiro em Estes Park, e
desde então. Não sei porque não conseguira contar-lhe antes. Acho
que ainda estava tentando manter uma certa distância, uma certa
privacidade. Mas agora vejo que não há espaço para me esconder
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nesta relação. Com a mestra que apareceu como o seu próprio Ser, a
intimidade é absolutamente desconhecida em sua profundidade. É
uma proximidade que se aprofunda sempre, que não pode ser com
preendida por nenhum conceito mental, pessoal ou humano. Esta é
a revelação de Ser para Ser.
Portanto, disse-lhe tudo naquela carta. Como parte dos eventos
já foram descritos nas páginas precedentes, não reproduzirei aqui a
carta inteira. Os últimos parágrafos eram assim:
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SURPREENDIDA PELA GRAÇA
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Nos últimos dez dias tem acontecido uma coisa que é difícil
de descrever com palavras. Trata-se de uma espécie de virada
na consciência. A ação não parece vir mais do mesmo lugar.
Não há mais a mesma necessidade de compreender as coisas;
ao invés dela, há a profunda confiança de que o próximo mo
mento revelará o passo seguinte. É como caminhar sobre um
caminho de pedras que nem mesmo existem, antes que seja dado
o passo seguinte. E há menos necessidade de tomar decisões com
a mente.
Cada momento é acolhido com frescor, livremente, sem
nenhuma “programação” originada na mente. Isto dá a cada
momento uma qualidade de ausência de esforço e de precio
sidade.
Às vezes, há uma sensação de ausência de movimento, em-
bora o corpo esteja se movendo, e também há a sensação de não
estar tão fortemente identificada com esta forma em particular;
é como se minha consciência não estivesse localizada apenas
nesta forma.
Às vezes, surgem pensamentos ansiosos, tais como: “Como
posso conservar isso?” ou “Será que isso vai durar?”
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tudo isto é uma dança do Ser. Todas as coisas, todos os seres são
um reflexo do nosso próprio Ser. Mas, a primeira vez em que se vê
isso tão poderosamente, o primeiro reflexo completo de si mesmo
em outro ser é honrado como o mestre. Assim como um patinho
ao nascer, o que quer que ele veja primeiro, quer seja um ser huma
no, um cachorro ou a mamãe pata, aquela imagem fica gravada e é
aquilo que o patinho segue daí em diante. Para mim, uma espécie
de marca, misteriosa e divina, ocorrera em meu primeiro encontro
com Gangaji. Uma vez escrevi a ela:
Talvez para uns seja uma montanha, para outros uma visão ou
um sonho. Para mim, tinha que ser uma ocidental, alguém que es
tivesse vivendo o infinito e que fosse igual a mim. Quem pode dizer
como isso acontece para outra pessoa?
Antes que minha irmã voltasse para Portland, disse-lhe que me
sentia honrada com a sua escolha, e garanti-lhe que sempre estaria à
sua disposição, como o seu próprio Ser.
Um dia depois do satsang, fiquei surpresa ao ver meus amigos de
Santa Fé, Steven e Tanya. Eles tinham acabado de voltar de uma via-
gem à Índia, aonde tinham ido visitar Papaji, em Lucknow, e estavam
de passagem por São Francisco, a caminho de casa. Entusiasmada,
perguntei-lhes: “Como foi a Índia?” Enquanto respondiam, podia
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ver que seus rostos estavam cansados, e tudo dentro deles parecia
despedaçado. Eles me informaram que não tinham gostado nem
um pouco da Índia, e que a viagem inteira fora um puro inferno.
Papaji e Lucknow não tinham sido nem remotamente o que eles
esperavam ou desejavam. Papaji passou quase o tempo todo lendo
um livro em voz alta, enquanto eles estavam lá. Ele estava lendo
sobre pecados e os níveis do inferno. Alguns dos devotos de Papaji
disseram coisas desrespeitosas a respeito de Gangaji.
Enquanto conversava com eles e ouvia os detalhes macabros de
sua viagem, uma coisa estranha aconteceu. Parte do inferno que eles
viveram foi transmitido a mim. Eu podia sentir vividamente o que
eles tinham passado. Senti a raiva surgindo dentro de mim, o medo,
a confusão, a desesperança e o julgamento; como se cada coisa hor
rível que ainda estava pairando na profundeza de minha consciência
estivesse sendo escavada durante a conversa com eles. Então, uma
coisa totalmente inesperada aconteceu. Foi como se todo esse in
ferno que estava sendo vivenciado não tivesse nenhum lugar onde
se instalar. As palavras de meus amigos penetraram fundo em meu
cérebro, fizeram todas essas coisas da mente surgirem, e então co
meçaram a despedaçar tudo. Senti um calor intenso, que queimava
terrivelmente; não apenas fisicamente, mas também mentalmente,
como se estivesse incinerando hábitos sutis da mente armazenados
nas próprias células do meu cérebro e do meu corpo. Vi surgir a
tendência habitual de tentar me refugiar na mente, analisar, avaliar
esta informação, e compará-la com outras coisas que tinha ouvido
antes, outras opiniões, etc. Mas não havia nada a que pudesse se
apegar. Nenhum lugar onde pudesse pousar. Tudo que surgia na
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... Você sabe aquele tipo de veneno de barata que gruda nas
patas delas, e elas o levam de volta para o ninho, matando assim
todas as outras baratas? Foi isso que aconteceu com aquelas
palavras vindas de Lucknow. Elas simplesmente penetraram
em minha mente e a despedaçaram; cada camada de realidade
foi despedaçada. Percebi que o medo e a confusão surgiram
inicialmente. Em seguida, assisti à incineração dos mesmos, e
um profundo relaxamento aconteceu; então, houve uma de
sintegração da mente ainda mais profunda do que antes. Em
seguida, não havia lugar algum no qual me acomodar, lugar
algum.
As pessoas que me trouxeram estas palavras de Lucknow não
tinham idéia alguma do efeito que estavam tendo em mim.
(Elas nem mesmo gostaram de Lucknow, e foram embora de
pois de dois dias). Então vi como você, como Satguru, tinha
tomado a circunstância destas palavras ditas em uma conversa
breve, e as havia utilizado para me conduzir a um nível mais
profundo, para despedaçar algumas camadas de identificação
que ainda restavam, e às quais minha mente ainda estava se
apegando inconscientemente. Ao ver isso, a entrega e a con
fiança se aprofundaram novamente.
Portanto, eu me curvo diante destas pessoas que me trouxe
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NÃO SE ACOMODAR EM LUGAR ALGUM DA MENTE
ANSEIO DIVINO
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Gangaji mas, pelo que ela sabia, ninguém tinha conseguido ainda.
Durante o retiro em Crestone no verão anterior, eu tinha brincado
um pouco com a melodia, e as seguintes palavras tinham surgido.
Elas pareciam se encaixar perfeitamente com os outros versos da
música:
O silêncio de Ramana
Sobre mim,
Deixando-me ver
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Amado Satguru:
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ANSEIO DIVINO
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PARA ALÉM DOS PARES DE OPOSTOS
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não está doente, Amber. Ramana pegou você.” Mais tarde, ela me
deu uns pacotinhos de eletrólitos, para serem dissolvidos em água
antes de beber. E me disse que isso tinha ajudado muito quando
ela estava viajando com Gangaji na Índia, e passando pela mesma
experiência de queimação.
Quando eles finalmente nos deixaram entrar na sala do pequeno
satsang, acabei sentando bem na frente, perto de Gangaji. Ela sorriu
para mim, e me disse como estava feliz com os relatos que vinha re
cebendo. Sentada ali, olhando dentro de seus olhos radiantes, tudo
que pude dizer foi: “Estou me sentindo tão quente.”
Ela olhou para mim seriamente durante um momento e disse:
“Bom.” Então, começou a dizer que tinha recebido mais uma carta
relatando o despertar de outra pessoa com quem eu falara. Tentei
imaginar de quem poderia ser, mas Gangaji não se lembrava de seu
nome. Enquanto as outras pessoas enchiam a sala, Gangaji disse que
gostaria de conversar comigo sobre outra coisa, mas que faria isso
depois.
Após o satsang, quando Gangaji se levantou e partiu, uma breve
luta se desenrolou dentro de mim sobre se deveria segui-la ou não.
Todos nós tínhamos sido instruídos, como sempre, a ficar sentados
em silêncio até que ela tivesse saído da sala. Mas ela tinha dito que
queria falar comigo. Portanto, apesar do regulamento, finalmente
me levantei e segui-a até o estacionamento. Ela se voltou quando
viu que eu a estava seguindo e, segurando minha mão com firmeza,
caminhou comigo até o carro, onde seu marido a aguardava.
Disse-me que gostara do poema que eu havia deixado em sua es
crivaninha, e também da nova música que tinha enviado de Boulder,
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PARA ALÉM DOS PARES DE OPOSTOS
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so”, disse, “você deveria ter mais privacidade para conversar com seu
marido.” Ela se queixou de que, se fosse para a sala para conversar,
perturbaria John, cujo quarto ficava bem ao lado da sala. Mas o te
lefone era sem fio, por isso sugeri que ela fosse falar na varanda.
“Eu já estou quase acabando”, ela respondeu. “Não estou conse
guindo nada com ele, de qualquer maneira.”
Voltei para o meu quarto. Ela continuou a discutir com o marido
durante pelo menos mais uns cinco minutos. Quando finalmente
desligou, ouvi batidas à minha porta. Era Ariel. Ela entrou no meu
quarto e sentou-se na beira do meu futon. Tinha me visto chorando
e queria se desculpar novamente por ter me perturbado. Contou
me sobre a situação com seu marido, e como ele não estava aberto à
busca espiritual que estava se revelando para ela. Conversamos du
rante algum tempo, e demos satsang uma à outra. Durante aquela
conversa, algo que Ariel disse me deu um estalo, e percebi que toda
aquela coisa mental que surgira no satsang daquele dia não era um
erro. Era um presente. O presente do satsang.
Vi que estava desejando ter uma música assim para cantar para
ela, mas não tinha. Ela então me pediu para cantar alguma coisa,
portanto cantei a música sobre Ramana aos dezesseis anos, que es
crevera para a celebração do seu aniversário. Gangaji nunca a tinha
escutado. Ela pareceu satisfeita e muitas pessoas ficaram com lágri
mas nos olhos.
Depois do satsang, durante a refeição dos voluntários daque
la noite, sentei-me com Lee, o homem que fora o motorista de
Gangaji em Santa Fé, cuja bagagem eu trouxera de Boulder. Lee
disse que eu parecia diferente, mais aberta. Disse-lhe que ele parecia
diferente também; seu rosto estava radiante e alegre, sem a energia
perturbada que eu captara em Santa Fé. Ele me disse que estava la
vando o carro de Gangaji outro dia, e que encontrara uma fita com
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PARA ALÉM DOS PARES DE OPOSTOS
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lutei contra ela algumas vezes. Mas agora estou relaxada, depois
deste esmagamento.
Alguns dias depois desta percepção, acordei no meio da noi
te (ou melhor, a consciência acordou, enquanto o corpo ainda
dormia) e surgiu uma clara visão de como o mundo inteiro
é esta mesma miragem, como ele não é nada além da mente,
em um interminável ciclo de polaridades: prazer/dor, arrogân
cia/falta de valor, aceitação/rejeição, exposição/ocultação, su
cesso/fracasso; e a quantidade de sofrimento imaginário que
isto causa. A imagem que me veio naquele momento foi a de
um “terreno baldio mental”. Foi uma rude percepção, de certa
maneira chocante. E veio um impulso inicial de não acreditar
nela, mas também havia um saber profundo de que esta é a
Verdade. E, ao me render a este saber, uma gargalhada surgiu
bem dentro de mim, e um profundo relaxamento que não pode
ser descrito com palavras.
301
302
fita. Sentia surgir o desejo de sair correndo, mas também havia uma
sensação de que esta não era mais uma opção. Não havia maneira
de fugir.
Uma banda de rock estava tocando no parque naquele dia, do
lado de fora da igreja. Começaram a cantar uma música dos anos 70,
“Nenhum lugar para onde fugir, nenhum lugar onde se esconder...”
Que perfeição! Nenhum lugar para onde fugir. Não podia mais me
esconder. Eu estava na presença do Satguru. Esta exposição precisa
va ser acolhida. Novamente, meu corpo se sentiu inflamado com a
queimação. Em um certo ponto, ergui minha mão com a idéia de
perguntar a Gangaji sobre este sentimento de estar sendo exposta,
para expor a exposição. Ela viu a minha mão, mas não me chamou.
Esperei por uma oportunidade de erguer minha mão mais uma vez,
mas depois de responder a mais algumas perguntas, Gangaji juntou
as palmas das mãos, disse Om Shanti e encerrou o satsang. A quei
mação então se intensificou, por ter sido ignorada por ela.
Depois do satsang, saí caminhando pelo estacionamento, sen
tindo-me entorpecida e muito quente. Um dos voluntários de Maui
aproximou-se de mim e perguntou, em um tom acusador: “Como
é que a sua fita está à venda? Temos grandes músicos aqui em Maui
e nenhum deles tem uma fita à venda na livraria.” Queria explicar a
ele que era apenas parte da Leela. Por ironia, eu era provavelmente
a única compositora presente que não queria ter uma fita à venda
na livraria naquele momento. Mas não disse nada e apenas encolhi
os ombros.
Vi Eli de pé no estacionamento, esperando que o pequeno sat-
sang terminasse para poder levar Gangaji para casa. Trouxera uma
306
fita para Eli naquele dia, porque alguns alunos dele tinham me
dito que ele havia tocado minhas músicas durante seus retiros e
workshops sobre o Eneagrama. A gravação que ele tinha era uma
versão anterior, feita antes da mixagem definitiva estar completa, e
eu queria que tivesse uma cópia boa. Enquanto ele conversava com
alguém, de pé com as mãos entrelaçadas atrás de si, aproximei-me
dele por trás e coloquei a fita em suas mãos. Quando a sentiu em
suas mãos, ele se virou, olhou para a fita por um instante, então me
deu um caloroso abraço de agradecimento. Confessei-lhe que me
sentia exposta pela fita estar à venda. Ele apenas sorriu e me abra
çou mais apertado. Embora houvesse um sentimento de amizade
profunda com Eli, ele raramente me dizia qualquer coisa. Nossa
comunicação parecia ocorrer mais em silêncio.
Gangaji saiu do pequeno satsang e desceu a escada até o estacio
namento. Eli me soltou e imediatamente colocou-se ao lado dela,
para guia-la até o carro, através do monte de gente que a cercava.
Sem querer, eu estava de pé bem no caminho entre ela e o carro.
Quando percebi que ela estava vindo em minha direção, juntei as
palmas das mãos em um namastê. Ela passou por mim, parecendo
não ter me visto. Esta era uma situação que, alguns dias antes, po
deria ter causado o surgimento de um sentimento de rejeição. Mas
havia tanto fogo queimando dentro de mim que, se alguma coisa
mais surgiu, passou despercebida e provavelmente foi consumida de
imediato, junto com tudo mais. Então, a uns três metros de distân
cia, Gangaji virou-se para trás e olhou para mim. Ela disse: “Você
queria falar no satsang?”
Ergui os ombros e disse: “Não era importante.”
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312
PARA ALÉM DOS PARES DE OPOSTOS
folhas de uma árvore. Às vezes, podia ver como até mesmo o tempo
e o espaço são criados pela mente, e como nos identificamos com
eles. Finalmente, pude vivenciar diretamente a verdade das palavras
de Ramana, no livrinho intitulado Who Am I? (Quem sou eu?), que
não tinham feito nenhum sentido para mim alguns meses antes:
A firme convicção
De que se é Existência-Consciência-Bem-aventurança
É o final do Ensinamento.
E seguido sagradamente.*
318
319
Ao olhar para trás, teria que dizer que, quando me iniciei na bus
ca espiritual, não estava realmente buscando a iluminação. Estava
buscando desenvolvimento pessoal, realização pessoal; queria aper
feiçoar minha mente, minha personalidade, meu corpo, minhas
circunstâncias e cumprir o destino pessoal desta vida. Em minha
busca, fui conduzida a maneiras muito poderosas e profundas de se
fazer isto. Mas o verdadeiro anseio, o anseio pelo Ser eterno, o an
seio pela liberdade real, permaneceram não realizados, até que este
“eu” que estava ansiando foi deixado para trás.
Esta é a ironia, a grande piada cósmica, o grande segredo da
“iluminação”. Somente quando a pessoa que busca a iluminação se
dissolve, o objeto da busca é revelado, após ter sido obscurecido o
320
diferentes formas.
Finalmente, ninguém se ilumina, ninguém desperta. Quem você
realmente é sempre esteve desperto. Aquele que busca é percebido
como sendo uma ilusão, criada pela identificação equivocada com
a mente, como sendo quem se é. Conforme a mente se rende à sua
Fonte, a ilusão da pessoa, a ilusão da jornada, a ilusão da separação,
se desintegram no Ser. Então a Autodescoberta revela-se intermi
navelmente.
A porta para o Infinito que se abriu em meu encontro com
Gangaji continua se abrindo, se aprofundando, revelando aberturas
cada vez mais profundas e sutis. Ainda não descobri onde termina.
Gangaji diz que ainda não descobriu onde termina. Papaji diz que
também ainda não descobriu onde termina. A partir de minha pró
pria experiência, tenho que dizer que este encontro com o Satguru
em forma é o encontro mais poderoso, mais sutil, mais implacável,
mais sagrado de uma vida. Ele é um segredo e um mistério. Eu me
curvo diante deste mistério. Eu sirvo este mistério, o mistério desta
graça, o mistério deste encontro, que não tem começo nem fim.
323
NOTAS E REFERÊNCIAS
Página 1:
Siddhis são poderes extrasensoriais, tais como são descritos
no capítulo 2 dos Yoga Sutras de Patanjali. Estes poderes são al
cançados através de certas práticas. Eles incluem os poderes da
invisibilidade, levitação, clarividência, clariaudição, habilidade
de compreender todas as línguas, habilidade de aquietar a fome
e a sede, e outros. Muitos mestres espirituais os consideram
armadilhas, pois desviam o aspirante da verdadeira liberdade,
fazendo-o retornar à mente e ao ego. Os Yoga Sutras de Patan
jali foram traduzidos em português de Swami Hariharananda
Aranya.
Página 2:
Ser é tradução do inglês Self, que por sua vez é a tradução
do sânscrito Atman. A palavra Self, traduzida geralmente em
português como Ser, se refere à fonte de toda existência, a eter
na presença que é a origem de tudo. Neste contexto, a palavra
“Ser” se refere àquilo que existe antes, durante e depois de toda
manifestação. Isso que está mais perto de você que a sua pró
pria respiração. Esta sensação comum de “si mesmo”, uma certa
experiência interior, simples e comum, que faz com que seja
impossível negar que “eu existo”. Por ser permanente, isso que
você é (a paz, a vasta e eterna Presença que é a fonte de tudo
que existe) geralmente passa despercebido.
Página 6:
Do capítulo VI, verso 19 do Bhagavad Gita: “Uma lâmpada
num lugar protegido pelo Ser, do vento dos desejos, não tremu
324
NOTAS E REFERÊNCIAS
Página 12:
“Satsang com Gangaji”, fita cassete, (Gangaji Foundation),
Boulder, Colorado, 26 de abril de 1995.
Página 16:
Em 1997, A Satsang Foundation & Press mudou seu nome
para Gangaji Foundation. Em 1998, a fundação se mudou de
Boulder, no Colorado, para Novato, na Califórnia. Em 2005,
a Gangaji Foundation foi transferida para a cidade de Ashland,
no Oregon, onde se encontra atualmente.
Página 28:
“Satsang com Gangaji”, fita cassete, (Gangaji Foundation).
Retiro em Estes Park, 1 de maio de 1995, manhã.
Página 29:
H.L. Poonja, Wake Up and Roar (Desperte e ruja), volume 2
(Maui, Pacific Center Press, 1993), p.2 ISBN: 0-9632194-1-3
Página 34:
Samsara é um conceito usado no Hinduísmo, no Budis
mo e no Jainismo, entre outras religiões. Refere-se às idéias de
reencarnação e renascimento das antigas tradições filosóficas
hindus. Samsara significa “Ciclo de Renascimentos”. É a per
pétua repetição do nascimento e morte, desde o passado até o
325
Página 37:
Brahma é o primeiro Deus da Trimurti, a tríade hindu, jun
tamente com Vishnu e Shiva. Brahma é considerado pelos hin
dus a representação da força criadora ativa no universo.
Página 44:
Namastê é uma forma de saudação tradicional na Índia, na
qual se junta as palmas das mãos, inclinando-se a cabeça para
frente, e que significa: “O Deus em mim saúda o Deus em ti.”
Página 45:
“Love is all that matters” (Só o amor importa). Satsang
com Gangaji, fita cassete, (The Gangaji Foundation). Retiro
em Estes Park, 2 de maio de 1995, manhã.
Página 46:
Upanishads são parte das escrituras Shruti hindus, que dis
cutem principalmente meditação e filosofia, e são consideradas
pela maioria das escolas do hinduísmo como instruções religio
sas. Contêm também transcrições de vários debates espirituais.
Página 52:
Shiva, o Destruidor, é um Deus (Deva) hindu, participante
da Trimurti juntamente com Brahma, o Criador, e Vishnu, o
Preservador. Uma das duas principais linhas gerais do Hinduís
mo é chamada de Shivaísmo, em referência a Shiva. As cobras
que Shiva usa como colares e braceletes simbolizam o seu triun
fo sobre a morte, a sua imortalidade.
326
NOTAS E REFERÊNCIAS
Página 55:
Mahakali (Grande Kali) é uma das divindades mais impor
tantes da Índia. Deusa da morte e da sexualidade, Kali, cujo
nome, em sânscrito, significa “negra”, é a parceira favorita de
Shiva para seus jogos eróticos. É representada como uma mu
lher exuberante, de pele escura, que traz um colar de crânios
em volta do pescoço, expressando, assim, a implacabilidade da
morte. Mas Kali não é uma deusa do Mal; na verdade, seu pa-
pel de ceifadora de vidas é absolutamente indispensável para a
manutenção do mundo. Seus devotos são recompensados com
poderes paranormais e com uma morte sem sofrimentos.
Página 59:
“Satsang com Gangaji”, fita cassete (The Gangaji Founda
tion) Retiro em Estes Park, 3 de maio de 1995, tarde.
Página 65:
Samadhi é um estado de profunda absorção interior na
bem-aventurança da pura consciência, sem pensamentos ou
qualquer outro objeto de percepção.
Página 66:
Kundalini é a energia sutil que percorre o centro da coluna
vertebral, de baixo para cima. Kundalini deriva de uma palavra
em sânscrito que significa, literalmente, “enroscar-se como uma
cobra”. As tradições orientais geralmente descrevem a kundali
ni como uma serpente que permanece adormecida, enrolada na
base da coluna. Diz-se que a serpente é despertada pela prática
espiritual, e então percorre o canal nervoso sutil existente no
centro da coluna vertebral, de baixo para cima, estimulando os
sete centros espirituais (chakras), durante a sua ascensão.
327
Página 73:
Árvore da Iluminação: Sidharta Gautama sentou-se na pos
tura de lotus sob uma gigantesca figueira (a árvore Bodhi ou a
árvore da Iluminação) para meditar, com os votos de só sair dali
quando tivesse alcançado a suprema sabedoria. Após enfrentar
as filhas e os exércitos de Mara (o demônio da ilusão), ele al
cançou a iluminação. A partir deste momento, passou a ser um
Buda, que é a denominação dada a um ser iluminado.
Página 84:
“Satsang com Gangaji”, fita cassete, (The Gangaji Founda
tion) Retiro em Estes Park, 6 de maio de 1995, manhã.
Página 94:
“Satsang with Gangaji”, (Satsang com Gangaji) jornal,
março de 1995 (The Gangaji Foundation), pp. 14-15.
Página 98:
Na postura de meio-lótus, a pessoa senta-se no chão, de per
nas cruzadas, com um pé apoiado na coxa oposta e o outro no
chão. Na postura de lótus completa, os dois pés repousam sobre
as coxas opostas, respectivamente.
Página 109:
Who Am I? The Teachings of Bhagavan Sri Ramana Maharshi,
7ª ed. Tiruvannamalai, Índia: Sri Ramanasramam, 1995, p. 6.
Uma tradução deste livro em português foi publicada no Bra
328
NOTAS E REFERÊNCIAS
Página 114:
Sutra é uma expressão potente e sucinta da Verdade, um
aforismo. No Budismo, o termo “sutra” se refere de forma geral
às escrituras canônicas que são tratadas como registros dos en
sinamentos orais de Gautama Buda.
Página 116:
“What Do You Really Want?” (O que você quer realmente?)
Satsang com Gangaji, fita cassete (The Gangaji Foundation),
Santa Fé, 20 de maio de 1995.
Página 136:
“The Myth of Enlightenment” (O Mito da Iluminação),
satsang com Gangaji, fita cassete, (The Gangaji Foundation).
Santa Fé, 28 de maio de 1995.
Página 138:
Leela é uma palavra em sânscrito que significa “teatro di
vino”. Gangaji disse uma vez que, quando alguém está iden
tificado com a mente, o mundo é vivido como Maya (palavra
em sânscrito que significa “ilusão e sofrimento”); quando esta
identificação é cortada, Maya torna-se Leela, uma encenação
plena de alegria.
Página 147:
A esta altura, começava a me perguntar de onde tinham vin
do todos estes nomes indianos, pois não tinha qualquer desejo
de substituir “Amber” por algum epíteto em sânscrito. Pouco
depois, fiquei aliviada ao saber que Gangaji não dava nomes
indianos. Os nomes haviam sido dados às pessoas por Papaji,
geralmente a pedido delas, ou por algum outro mestre.
329
SURPREENDIDA PELA GRAÇA
Página 164:
Discussão sobre o desaparecimento do japa de Papaji, pa
rafraseado a partir de Papaji: Interviews (Papaji: Entrevistas),
editado por David Godman (Avadhuta Foundation, Boulder,
Colorado, 1993), pp. 37-40. ISBN: 0-9638022-0-8
Página 167:
“At Her Master’s Feet” (Aos pés de seu Mestre), Satsang com
Gangaji, vídeo (The Gangaji Foundation) Lucknow, Índia, 31
de janeiro de 1993.
Página 179:
“A True Marriage with Truth” (Um verdadeiro casamento
com a Verdade) Satsang com Gangaji, fita cassete (The Gangaji
Foundation) Boulder, 22 de junho de 1995.
Página 185:
“Satsang com Gangaji”, fita cassete, (The Gangaji Founda
tion), Boulder, 25 de junho de 1995
Página 201:
“Surrender to Stillness” (Renda-se à quietude). Satsang com
Gangaji, fita cassete. (The Gangaji Foundation). Boulder, 9 de
julho de 1995.
Página 205:
Esta foi a resposta de Gangaji a uma revista sueca que lhe
pediu para escrever sobre a relação entre guru e discípulo.
Página 215:
“Invitation to Truth” (Convite à verdade) Satsang com
Gangaji, fita cassete. (The Gangaji Foundation). Boulder, 23
de julho de 1995
Página 225:
“Let Yourself In” (Deixe-se entrar) Satsang com Gangaji, fita
330
NOTAS E REFERÊNCIAS
Página 231:
“At Her Master’s Feet” (Aos pés de seu Mestre). Satsang com
Gangaji, vídeo. (The Gangaji Foundation). Lucknow, Índia,
31 de janeiro de 1993.
Página 243:
“One Hundred Percent Willingness” (Cem por cento de
disposição), Satsang com Gangaji, fita cassete, (Gangaji Foun
dation). Retiro em Crestone, setembro de 1995, tarde.
Página 249:
Eli Jaxon-Bear, Healing the Heart of Suffering: The Ennea
gram and Spiritual Growth (Curando o cerne do sofrimento:
o Eneagrama e o crescimento espiritual), p. 14. Volume enca
dernado em espiral à venda na Leela Foundation; publicado em
alemão com o título Die Neuen Zahlen des Lebens, (Munique:
Droemer Knauer, 1989).
Página 253:
“A História do Filhote de Águia” (parafraseada de memória),
tal como foi contada por Eli Jaxon-Bear, durante seu workshop
sobre o Eneagrama em Boulder, no Colorado, em setembro de
1995.
Página 255:
“Zen Daughter” (Filha Zen), Satsang com Gangaji, video,
(The Gangaji Foundation) San Diego, 8 de agosto de 1994
Página 269:
Quando descobri que o Infinito tinha realmente assumido
a personalidade de minha mestra, perguntei a Gangaji, em um
satsang pequeno: “O Infinito sempre será você para mim, in
finitamente?” Ela respondeu que isso é profundo demais, que
331
não pode ser discutido. “Mas,” disse ela, apontando para mim,
“você pode conhecer isso. E você realmente conhece.”
Página 270:
Gangaji, You are THAT! (Você é AQUILO!) Volume 1. (The
Gangaji Foundation, 1995) p.13 ISBN: 0-9632194-3-X
Página 280:
Gangaji, You are THAT! (Você é AQUILO!) Volume 1. (The
Gangaji Foundation, 1995) p. 18. ISBN: 0-9632194-3-X
Página 282:
Gangaji, You are THAT! (Você é AQUILO!) Volume 1. (The
Gangaji Foundation, 1995) p. 87 ISBN: 0-9632194-3-X
Página 285:
“Are You Your Brother’s Keeper?” (Você é o guardador do
seu irmão?) Satsang com Gangaji, fita cassete (The Gangaji
Foundation) Maui, 13 de janeiro de 1996
Página 299:
Holodeck é a sala de jogos tridimensionais usada para treina
mento e recreação, no seriado de televisão Jornada nas Estrelas.
Página 301:
Samsara (Ciclo de Renascimentos) é um conceito usado
no Hinduísmo, Budismo e Jainismo, entre outras religiões.
Refere-se às idéias de reencarnação e renascimento das antigas
tradições filosóficas hindus.
Página 310:
Sri Nisargadatta Maharaj, I Am That, Talks with Sri Nisar
gadatta Maharaj (Eu sou Aquilo, Conversas com Sri Nisarga
datta Maharaj) Traduzido para o inglês por Maurice Frydman.
Durham, NC: The Acorn Press, 9ª ed. 1996), p. 343. ISBN:
0-89385-022-0. Uma tradução em português deste livro foi
332
NOTAS E REFERÊNCIAS
Página 315:
Sri Ramana Maharshi, Who Am I? The Teachings of Baghavan
Sri Ramana Maharshi (Quem sou eu? Os ensinamentos de Ba
ghavan Sri Ramana Maharshi) 7ª ed. (Tiruvannamalai, Índia:
Sri Ramanasramam, 1995), pp. 7-8. Uma tradução deste livro
em português foi publicada no Brasil pela editora Pensamen
to-Cultrix como Ramana Maharshi: Ensinamentos Espirituais,
com introdução de Carl Jung. ISBN: 85-316-0152-5
Página 316:
“Beyond Obedience and Rebellion” (Para além da obedi
ência e da rebelião) Satsang com Gangaji, fita cassete, (The
Gangaji Foundation) Marin County, 4 de julho de 1994
Página 317:
H.L. Poonja, The Truth Is (A Verdade é), (Satsangs em Lu
cknow, editados por Yudhishtara, 1995), p. 498 Publicado por
Satsang Bhavan, Lucknow, Índia.
Página 320:
“Surrender to Stillness” (Renda-se à quietude) Satsang com
Gangaji, fita cassete (The Gangaji Foundation) Boulder, 9 de
julho de 1995.
Página 321:
“The Three Manisfestations of Mind” (As três manifesta
ções da mente) Satsang com Gangaji, fita cassete (The Gangaji
Foundation) Boulder, 6 de setembro de 1996
333
SURPREENDIDA PELA GRAÇA
Página 322:
“Love is All That Matters” (Só o amor importa), Satsang
com Gangaji, fita cassete, (The Gangaji Foundation) Retiro em
Estes Park, 2 de maio de 1995, manhã.
334
SOBRE A AUTORA
Seu livro, Surprised by Grace, foi lançado pela True Light Publishing em
1997 e já vendeu 6.000 exemplares. O livro também foi gravado em áudio pela
própria autora, e lançado como audiolivro em 2005. O audiolivro, que tem
o mesmo título do livro impresso, inclui gravações originais de satsangs com
Gangaji, assim como Amber cantando suas próprias músicas.
Mais informações sobre eventos com Amber, sua música e seu livro
podem ser encontradas em seu website:
http://www.truelightpub.com
335
SOBRE A TRADUTORA
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Que choque foi para mim descobrir que a iluminação não tem nada a ver
com auto-aperfeiçoamento, nada a ver com a realização de uma lista de
desejos pessoais. A iluminação não é absolutamente
pessoal. Ironicamente, é a preocupação com o pessoal
e o apego à mente e à personalidade como sendo quem
somos que obscurecem a Verdade inacreditável: a ilu
minação já está aqui; ela já é quem somos.
SilentHeart Press
PO Box 1566
Ojai, California EUA
ISBN 978-0-9718246-3-8