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SUMÁRIO Pág
1.1. INTRODUÇÃO 03
1.1. INTRODUÇÃO
Por ser o solo um material natural, cujo processo de formação não depende de
forma direta da intervenção humana, o seu estudo e o entendimento de seu
comportamento depende de uma série de conceitos desenvolvidos em ramos afins de
conhecimento. A mecânica dos solos é o estudo do comportamento de engenharia do
solo quando este é usado ou como material de construção ou como material de
fundação. Ela é uma disciplina relativamente jovem da engenharia civil, somente
sistematizada e aceita como ciência em 1925, após trabalho publicado por Terzaghi
(Terzaghi, 1925), que é conhecido, com todos os méritos, como o pai da mecânica dos
solos.
Sendo um material de origem natural, o processo de formação do solo, o qual é
estudado pela geologia, irá influenciar em muito no seu comportamento. O solo é um
material trifásico, composto basicamente de ar, água e partículas sólidas. A parte fluida
do solo (ar e água) pode se apresentar em repouso ou pode se movimentar pelos seus
vazios mediante a existência de determinadas forças. O movimento da fase fluida do
solo é estudado com base em conceitos desenvolvidos pela mecânica dos fluidos.
Podem-se citar ainda algumas disciplinas, como a física dos solos, ministrada em cursos
de agronomia, como de grande importância no estudo de uma mecânica dos solos mais
avançada, denominada de mecânica dos solos não saturados. Além disto, o estudo e o
desenvolvimento da mecânica dos solos são fortemente amparados em bases
experimentais, a partir de ensaios de campo e laboratório.
A aplicação dos princípios da mecânica dos solos para o projeto e construção de
fundações é denominada de "Engenharia de Fundações". A Engenharia Geotécnica (ou
Geotecnia) pode ser considerada como a junção da mecânica dos solos, da engenharia
de fundações, da mecânica das rochas, da geologia de engenharia e mais recentemente
da geotecnia ambiental, que trata de problemas como transporte de contaminantes pelo
solo, avaliação de locais impactados, proposição de medidas de remediação para áreas
impactadas, projetos de sistemas de proteção em aterros sanitários, etc.
As aplicações de campo da mecânica dos solos são as seguintes:
Tabela 1.1. Limites das frações de solo pelo tamanho dos grãos segundo a ABNT
(PINTO, 2000)
Fração Limites
Matacão de 25 cm a 1 m
Pedra de 7,6 cm a 25 cm
Pedregulho de 4,8 mm a 7,6 cm
Areia grossa de 2,0 mm a 4,8 mm
Areia média de 0,42 mm a 2,00 mm
Areia fina de 0,05 mm a 0,42 mm
Silte de 0,005 mm a 0,05 mm
Argila inferior a 0,005 mm
Constituição Mineralógica
Figura 1.3. Estrutura de uma camada de caulinita (a) atômica (b) simbólica (PINTO,
2000)
Figura 1.4. Estrutura simbólica de minerais com camadas 2:1; (a) esmectita com duas
camadas de moléculas de água (b) ilita (PINTO, 2000)
Nesses minerais, as ligações entre camadas são feitas por íons O2- e O2+ dos
arranjos tetraédricos, que são mais fracos do que as ligações entre camadas de caulinita
onde íons O2+ da estrutura tetraédrica se ligam a OH- da estrutura octaédrica. As
camadas ficam livres e as camadas, no caso das esmectitas, ficam com a espessura da
própria camada estrutural, que é de 10 Å. Sua dimensão longitudinal também é
reduzida, ficando com cerca de 1000 Å, pois as placas se quebram por flexão. As
partículas de esmectitas apresentam um volume de 10-4 vezes menor do que as de
caulinita e uma área 10-2 vezes menor. Isto significa que para igual volume ou massa, a
superfície das partículas de esmectitas é 100 vezes maior do que das partículas de
caulinita. A superfície específica (superfície total de um conjunto de partículas dividida
pelo seu peso) das caulinitas é da ordem de 10 m2/g, enquanto que a das esmectitas é de
Mecânica dos Solos – Volume I 11
Sistema Solo-água
por moléculas de água. No caso das esmectitas, a água penetra entre as partículas,
formando estruturas como a da Figura (1.4a) em que duas camadas de moléculas de
água se apresentam entre as camadas estruturais, elevando a distância basal a 14 Å.
Uma maior umidade provoca o aumento desta distância basal, até a completa liberdade
das camadas. As ilitas, que apresentam estruturas semelhantes às das esmectitas, não
absorvem água entre as camadas, pela presença de íons de potássio provocando uma
ligação mais firme entre elas, como ilustrado na Figura (1.4b). Portanto, seu
comportamento perante a água será intermediário entre o da caulinita e o da esmectita.
Com a elevação do teor de água, forma-se no entorno das partículas a conhecida
camada dupla. É a camada em torno das partículas na qual as moléculas de água estão
atraídas a íons do solo e ambos à superfície das partículas. As características da camada
dupla dependem da valência dos íons presentes na água, da concentração eletrolítica, da
temperatura e da constante dielétrica do meio. Devido às forças eletroquímicas, as
primeiras camadas de moléculas de água em torno das partículas do solo estão
firmemente aderidas. A água, nestas condições, apresenta comportamento bem distinto
da água livre, sendo este estado referido como de água sólida, pois não existe entre as
moléculas a mobilidade das moléculas dos fluidos. Os contatos entre as partículas
podem ser feitos pelas moléculas de água a elas aderidas. As deformações e a
resistência dos solos quando solicitados por forças externas dependem, portanto, destes
contatos (PINTO, 2000; MACHADO, 2002).
emáx − enat
CR = (1.1)
emáx − emín
No caso dos solos finos, devido à presença das forças de superfície, arranjos
estruturais bem mais elaborados são possíveis. A Figura (1.5) ilustra algumas estruturas
típicas de solos grossos e finos.
Quando duas partículas de argila estão muito próximas, entre elas ocorrem
forças de atração e de repulsão. As forças de repulsão devem-se às cargas líquidas
negativas que elas possuem e que ocorrem desde que as camadas duplas estejam em
contato. As forças de atração decorrem de forças de Van der Waals e de ligações
secundárias que atraem materiais adjacentes. Da combinação das forças de atração e de
repulsão entre as partículas resulta a estrutura dos solos, que se refere à disposição das
partículas na massa de solo e as forças entre elas. O Professor Lambe (1969) identificou
dois tipos básicos de estrutura do solo, denominando-os de estrutura floculada, quando
os contatos se fazem entre faces e arestas das partículas sólidas, ainda que através da
água adsorvida, e de estrutura dispersa quando as partículas se posicionam
paralelamente, face a face.
Figura 1.5. Alguns arranjos estruturais presentes em solos grossos e finos e fotografias
obtidas a partir da técnica de Microscopia Eletrônica de Varredura (MACHADO, 2002)
umidade. Isso pode acarretar sérios problemas nas construções (aterros ou edificações)
assentes sobre estes solos (MACHADO, 2002).
As Figuras (1.7) e (1.8) abaixo ilustram alguns tipos de solos. A Figura (1.9)
apresenta um exemplo de microscopia eletrônica de um solo residual compactado de
gnaisse aumentado em até 20.000 vezes.
Mecânica dos Solos – Volume I 18
a) Teste visual e táctil: após misturar-se uma pequena quantidade de solo com
água, nota-se que as areias são ásperas ao tacto, apresentam partículas visuais a
olho nu e permitem muitas vezes o reconhecimento de minerais; o silte é menos
áspero que a areia, mas perceptível ao tacto; as argilas quando misturadas com
água e trabalhadas entre os dedos, apresentam uma semelhança com pasta de
sabão escorregadia e, quando secas, os grãos finos das argilas proporcionam
uma sensação de farinha ao tacto.
b) Teste de sujar as mãos: após se fazer uma pasta (solo + água) na palma da mão,
coloca-se esta sob água corrente observando a lavagem do solo. O solo arenoso
lava-se facilmente escorrendo rapidamente da mão. O solo siltoso só se limpa
depois de um certo fluxo de água necessitando também de certa fricção para a
limpeza total. Finalmente, as argilas apresentam uma certa dificuldade de se
soltarem das mãos apresentando características de um barro. Nesse tipo de teste
é possível se detectar a presença de areia (quartzo) pela sensação dos dedos com
a pasta formada e pelo brilho que exibem. No entanto, o material fino (silte +
argila) pode aglomerar-se formando concreções que passam a falsa idéia de
material granular.
c) Teste de desagregação do solo submerso: colocando-se um torrão de solo
parcialmente imerso em recipiente com água, verifica-se a desagregação da
amostra. Essa desagregação é rápida quando os solos são siltosos e lenta quando
os solos são argilosos.
d) Teste de resistência dos solos secos: Um torrão de solo seco pode apresentar
certa resistência quando se tenta desfazê-lo com a pressão dos dedos. As argilas
apresentam grande resistência enquanto que os siltes e areias apresentam baixa
resistência.
e) Teste de dispersão em água: colocando-se uma pequena quantidade de solo
numa proveta com água e agitando-se a mistura, procura-se verificar o tempo
para a deposição das partículas conforme o tipo de solo. Os solos arenosos
depositam rapidamente (30 a 60 segundos); os solos siltosos levam entre 15 a 60
minutos e, os solos argilosos, podem levar horas em suspensão.
1
µ z2
Di = 0,005530. ⋅ (1.2)
( ρ S − ρ W ) t
ρS
⋅ [r ( H ) − rW ( H )]
100
⋅ P ( < Di ) = (1.3)
M S ρ S − 1,00
P(<Di) = Percentagem de partículas com diâmetros menores que Di;
r (H) = leitura na suspensão a uma temperatura T e,
rW (H) = leitura na solução (água destilada + defloculante) à mesma temperatura T
Peneiras (ASTM)
270 200 140 100 60 40 20 10 4
100 0
90 10
80 20
Porcentagem que passa
70 30
Porcentagem retida
60 40
50 Composição: 50
40 Pedregulho 0%
Areia grossa 2% 60
30 Areia média 9% 70
Areia fina 49 %
20
Silte 18 % 80
10 Argila 22 %
Sedimentação Peneiramento 90
0 100
56 7 8 9 2 34 5 6 78 9 2 3 4 5 67 89 2 3 4 5 6 78 9 2 3 4 5 678 9 2 3 4 5
0,001 0,01 0,1 1 10
Diâmetro dos grãos (mm)
Class. Areia Areia
ABNT Argila Silte Areia fina média grossa Pedregulho
D60
CNU = (1.4)
D10
2
D30
CC = (1.5)
D10 ⋅ D60
onde D10 (Diâmetro efetivo) = abertura da peneira para a qual temos 10% das
partículas passando (10% das partículas são mais finas que o diâmetro efetivo).
D30 e D60 – O mesmo que o diâmetro efetivo, para as percentagens de 30 e 60%,
respectivamente.
Quanto maior é o valor de CNU mais bem graduado é o solo. Solos que
apresentam CNU = 1 possuem uma curva granulométrica em pé (solo mal graduado –
curva granulométrica c – Figura 1.12). Solos bem graduados apresentarão CC entre 1 e
3. Se o valor de CC for menor que 1, a curva será descontínua com ausência de grãos
(curva granulométrica b – Figura 1.12). Dificilmente ocorrem areias com valores de CC
fora do intervalo de 1 a 3. Daí, a pouca importância que se dá a esse coeficiente.
Índices de Consistência
(semi-sólido). No estado sólido, não ocorrem mais variações volumétricas pela secagem
do solo.
Os teores de umidade correspondentes às mudanças de estado são denominados
de Limite de Liquidez (LL), Limite de Plasticidade (LP), e Limite de Contração (LC). O
LL é o teor de umidade que delimita a fronteira entre o estado líquido e plástico. O LP
delimita o estado plástico do semi-sólido e, o LC, o estado semi-sólido do sólido. Os
valores de LL e LP são de uso mais corriqueiro na engenharia geotécnica.
O ensaio do Limite de Liquidez é padronizado pela ABNT (NBR 6459).
Empregando-se umidades crescentes, geralmente, coloca-se uma certa quantidade de
solo na concha do aparelho de Casagrande. Com um cinzel padronizado faz-se uma
ranhura na pasta de solo. Então, conta-se o número de golpes necessários para que esta
ranhura se feche numa extensão em torno de 1 cm (Figura 1.15). Com os valores de
umidade (no eixo das ordenadas) versus o número de golpes obtidos (eixo das
abscissas), traça-se uma reta em um gráfico semilog. O valor do LL será aquele
correspondente a 25 golpes (Figura 1.16).
IP = LL – LP (1.6)
IP = 0 → Não Plástico
1 < IP < 7 → Pouco Plástico
7 < IP < 15 → Plasticidade Média
IP > 15 → Muito Plástico
Dentro desse contexto, quanto maior for o valor de IP, tanto mais plástico será o
solo. Contudo, VARGAS (1978) adverte que somente o IP não é suficiente para julgar a
plasticidade dos solos e que há a necessidade de se conhecer os valores de LL e IP. Para
tanto, o gráfico idealizado por Casagrande serve de referência para a classificação da
plasticidade do solo. Este gráfico, apresentado na Figura (1.18), utiliza os valores de IP
e de LL e está dividido em quatro regiões delimitadas pelas linhas A e B e pela linha U,
que constitui o limite superior para o qual não ocorrem valores de IP e LL. Se o ponto
obtido com os valores de LL e IP cair na região acima da linha A, o solo será muito
plástico e, abaixo, pouco plástico. Valores de LL acima de 50% (à direita da linha B)
definem um solo muito compressível enquanto que valores de LL abaixo de 50% (à
esquerda da linha B) definem um solo pouco compressível.
Tabela 1.3. Valores de LL e IP para alguns solos típicos brasileiros (PINTO, 2000)
Solos LL (%) IP (%)
Residuais de arenito (arenosos finos) 29-44 11-20
Residual de gnaisse 45-55 20-25
Residual de basalto 45-70 20-30
Residual de granito 45-55 14-18
Argilas orgânicas de várzeas quaternárias 70 30
Argilas orgânicas de baixadas litorâneas 120 80
Argila porosa vermelha de São Paulo 65 a 85 25 a 40
Argilas variegadas de São Paulo 40 a 80 15 a 45
Areias argilosas variegadas de São Paulo 20 a 40 5 a 15
Argilas duras, cinzas, de São Paulo 64 42
Conceitos Importantes
Rc
St = (1.7)
R 'c
Segundo Skempton:
IP
A= (1.8)
% < 0,002mm
0,002mm) presente nos mesmos. Da equação (1.8) percebe-se que a atividade do argilo-
mineral corresponde ao coeficiente angular das áreas hachuradas apresentadas na
Figura. Na mesma Figura apresentam-se valores típicos de atividade para os três
principais grupos de argilo-minerais.
Figura 1.19. Variação do IP em função da fração argila para solos com diferentes argilo-
minerais
Os solos formados por esse grupo poderão ser MH, ML, CH, CL, OH e OL.
Solos Grossos:
G = Pedregulho; S = Areia
Solos Finos:
ainda a linha U (de equação IP = 0,9.(LL – 8)). Deste modo, para a classificação dos
solos finos, basta a utilização dos pares LL e IP na carta de plasticidade. Quando o
ponto cair dentro de uma região fronteiriça das linhas A ou B, ou sobre o trecho com IP
de 4 a 7, considera-se um caso intermediário e se admite para o solo nomenclatura dupla
(por ex., CL-ML, CH-CL, SC-SM, etc).
Observações:
a). Quando trabalhando com os grupos A-2-6 e A-2-7, o IG deve ser determinado
utilizando-se somente o IP;
b). Se IG < 0 deve-se adotar um IG nulo;
c). Aproximar o valor de IG para o inteiro mais próximo;
Volumes Massas
VS Sólidos MS
VV VV VW
n= e= Sr =
VT VS VV
Esses três índices físicos não são obtidos experimentalmente, mas sim através de
outros índices físicos. A porosidade expressa a mesma idéia do índice de vazios.
Quando seco, o valor de Sr é nulo e, quando saturado, esse valor é de 100%.
Mecânica dos Solos – Volume I 43
Os demais índices físicos são expressos por suas relações de massa e volume. A
única exceção é para a umidade (w) que expressa a massa de água (MW) presente no
solo em função de sua massa de sólidos (MS).
As relações mais usuais entre massa e volume são: a massa específica natural do
solo (ρ), a massa específica dos sólidos (ρS) e a massa específica da água (ρW). Esses
índices físicos estão apresentados logo abaixo.
MW MT MS MW
w= ρ= ρS = ρW =
MS VT VS VW
PT PS PW
γ= γS = γW =
VT VS VW
Volumes Massas
Quando Vs =1
tem-se: Var Ar Mar (zero)
e
e =VV;
Vw = Sr.e
1+e Sr.e Água Sr.e.ρW ρS + Sr.e.ρW
1 Sólidos ρS
M W S r .e.ρ W VV e ρ S + S r .e.ρ W
w= = (1.10); n= = (1..11); ρ= (1.12)
MS ρS VT 1 + e 1+ e
ρ S + S r .e.ρ W
ρ Sat = (1.13) Massa específica saturada (Sr =100%)
1+ e
ρS
ρd = (1.14) Massa específica seca (Sr =0)
1+ e
Volumes Massas
Quando VT =1
tem-se: Var Ar Mar (zero)
n =VV; n
1 Sr.n Água Sr.n.ρW (1-n).ρS + Sr.n.ρW
Vw = Sr.n
1-n Sólidos (1- n).ρS
VV n MW S .n.ρ w
e= = (1.16); w= = r (1.17);
VS 1 − n M S (1 − n )ρ S
MT
ρ= = (1 − n )ρ S + S r .n.ρ W (1.18)
VT
A massa específica dos sólidos (ρS) possui valor que varia de 2,67 a 2,69 g/cm3
para solos arenosos (correspondente ao quartzo) e de 2,75 a 2,90 g/cm3 para solos
argilosos. Argilas lateríticas apresentam valores de até 3,0 g/cm3. Argilas orgânicas
moles podem apresentar valores abaixo de 2,5 g/cm3. Quando não se dispõe do valor da
massa específica dos sólidos, é comum adotar-se um valor para o solo em análise.
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Campus de Bauru
P
x
r0 r2
r1
α2
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σV
σx
x A
SUMÁRIO Pág
Pelo fato do solo possuir três fases, quando tensões normais se desenvolvem em
qualquer plano, estando o solo saturado, parte dessa tensão será suportada pelo
esqueleto sólido do solo e parte será suportada pela água presente nos vazios. A pressão
que atua na água intersticial é denominada de pressão neutra e é denominada pela letra
u. A pressão que atua nos contatos interpartículas é chamada de tensão efetiva (σ’)
sendo a que responde por todas as características de resistência e de deformabilidade do
solo. Observando esses fatos, Terzaghi notou que a tensão normal total num plano
qualquer deve ser a soma da parcela de pressão neutra e de tensão efetiva:
σ = σ’ + u (2.1)
a) σ’ = σ – u;
b) qualquer acréscimo de resistência do solo só pode ser justificado em termos
de tensões efetivas (σ’).
Esforços Geostáticos
σ, σ’, u
z1 Solo 1 - γ1 σ
Nível d’água (NA)
z2 Solo 2 - γ2 (sat)
σ’
z3 Solo 3 - γ3 (sat)
u
Quando o solo estiver saturado, a tensão efetiva poderá ser calculada diretamente
utilizando-se o peso específico submerso (γ’ ou γsub). Como a diferença de pressões total
e neutra fornece a tensão efetiva, tem-se que:
σh = k . σv (k = coeficiente de empuxo)
µ
k0 = onde µ = coeficiente de Poisson (Teoria da elasticidade)
1− µ
k 0 = (1 − senφ ' ).( RSA) senφ ' (Fórmula de Jaki estendida para argilas sobre-adensadas)
RSA é a razão de sobre-adensamento do solo
Como φ ' é sempre próximo a 30º, a equação anterior pode ser reescrita:
k 0 = 0,5( RSA) 0,5 (para RSA = 4, k0 se aproxima da unidade; para RSA > 4, k0 torna-se
maior do que um)
x
A
P P
r A
r
y
(a) z (b)
σv σv
−5
3P r 2
2
σv = 1 + (2.2)
2πz 2 z
0,48 P
σv = (2.2) (modificada)
z2
P P P
1,0P
0,8P
0,6P
z
(a) (b) (c)
Figura 2.3. Limites de propagação de tensões (a), (b) e bulbo de tensões (c)
b) A solução de Westergard
Essa solução foi utilizada por Westergard para simular condição de anisotropia
que acontece em depósitos sedimentares que contêm camadas entremeadas de material
fino e areia. Para esses depósitos, que apresentam grande capacidade de resistência
lateral, a solução de Boussinesq não é aplicável. Baseado na solução de Boussinesq
(Figura 2.2b), Westergard propôs então um modelo no qual as deformações laterais são
totalmente restringidas:
1 − 2µ
P 2 − 2µ
σv = ⋅ (2.3)
2πz 2 3
1 − 2 µ r 2
2
+
2 − 2 µ z
µ = coeficiente de Poisson
x
z x
σV
• m = x/z
n = y/z
z
Figura 2.4. Placa retangular uniformemente carregada
Mecânica dos Solos – Volume II 8
Observou-se que a solução era a mesma para soluções em que as relações entre
os lados da área retangular e a profundidade fossem as mesmas. Dessa forma, definiu os
parâmetros m e n para uma placa retangular com lados a e b (Figura 2.4).
A solução de Newmark pode ser escrita pela seguinte equação:
1
2
2mn(m + n + 1) 2 (m + n + 2)
2 2 2 1
P 2mn(m 2 + n 2 + 1) 2
σv = + arctg 2 (2.4)
4π (m 2 + n 2 + 1 + m 2 n 2 )(m 2 + n 2 + 1) m + n2 + 1 − m2n2
σ v = P.Iσ (2.5)
Tabela 2.1. Fatores de influência para uma placa carregada (MACHADO, 2002)
A B C
σR = P. IσR
P IσR = IσACGR –IσBCHR – IσDFGR + IσEFHR
D F
E
•R
G H
Figura 2.6. Esquema para cálculo de Iσ no ponto R (BUENO & VILAR, 1998)
Quando uma das dimensões de uma placa retangular for muito superior à outra
(comprimento superior a duas vezes a largura), os valores de tensão resultantes no
maciço de solo podem ser obtidos por formulação desenvolvida por Carothers &
Terzaghi. O esquema apresentado a seguir ilustra uma placa carregada uniformemente
com carga P e o ponto A onde atuam as tensões.
Mecânica dos Solos – Volume II 10
L
B
P x
α/2 α
β
σV
x
A σx
z
P
σv = (α + sen α cos 2 β ) (2.6)
π
P
σx = (α − sen α cos 2 β ) (2.7)
π
Os valores de tensão provocados por uma placa circular, na vertical que passa
pelo centro desta, podem ser calculados por meio de integração da equação de
Boussinesq para toda a placa. Essa integração foi feita por Love e para uma determinada
profundidade z, abaixo do centro da placa de raio r, as tensões podem ser calculadas de
acordo com a seguinte equação:
3
2
σ v = P.1 − 1 (2.8)
1 + r
2
z
Mecânica dos Solos – Volume II 11
Isolando-se o termo entre as chaves, tem-se o fator de influência Iσ. O valor desse fator
depende da relação z/r e x/r (Figura 2.8). Nessa figura tem-se a profundidade z, o raio
da placa carregada r e a distância horizontal x que vai do centro da placa ao ponto onde
se deseja calcular o acréscimo de tensão. Os fatores de influência são expressos em
porcentagem no gráfico. Os valores de Iσ, para pontos quaisquer do terreno, também
podem ser calculados pela Tabela (2.2).
Tabela 2.2. Valores de x/r e z/r para cálculo de Iσ para placa circular carregada
x/r
z/r 0 0,25 0,05 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
0,25 0,986 0,983 0,964 0,46 0,015 0,002 0 0 0 0
0,5 0,911 0,895 0,84 0,418 0,06 0,01 0,003 0 0 0
0,75 0,784 0,765 0,691 0,374 0,105 0,025 0,01 0,002 0 0
1 0,646 0,625 0,56 0,335 0,125 0,043 0,016 0,007 0,003 0
1,25 0,524 0,508 0,455 0,295 0,135 0,057 0,023 0,01 0,005 0,001
1,5 0,424 0,413 0,374 0,256 0,137 0,064 0,029 0,013 0,007 0,002
1,75 0,346 0,336 0,309 0,223 0,135 0,071 0,037 0,018 0,009 0,004
2 0,284 0,277 0,258 0,194 0,127 0,073 0,041 0,022 0,012 0,006
2,5 0,2 0,196 0,186 0,15 0,109 0,073 0,044 0,028 0,017 0,011
3 0,146 0,143 0,137 0,117 0,091 0,066 0,045 0,031 0,022 0,015
4 0,087 0,086 0,083 0,076 0,061 0,052 0,041 0,031 0,024 0,018
5 0,057 0,057 0,056 0,052 0,045 0,039 0,033 0,027 0,022 0,018
7 0,03 0,03 0,029 0,028 0,026 0,024 0,021 0,019 0,016 0,015
10 0,015 0,015 0,014 0,014 0,013 0,013 0,013 0,012 0,012 0,011
b b
P
x
r0 r2
r1
α2
α1 z
σV
σx
x A
P
α 1 + α 2 + (α 1 − α 2 )
x
σv = (2.9)
π b
P 2 z r1 r2
α 1 + α 2 + (α 1 − α 2 ) − ln 2
x
σx = (2.10)
π b b r0
b
a
x P
r0 r1
r2
α
β z
σV
σx
Figura 2.10. Carregamento em forma de trapézio retângulo de
comprimento infinito A
x
z
Mecânica dos Solos – Volume II 13
P
β + α − 2 (x − b )
x z
σv = (2.11)
π a r2
P 2 z r0
ln + 2 (x − b )
x z
σx = β + α + (2.12)
π a a r1 r2
a b (b/a).P
= - (b/a)
P P
α1 α2 α1+α2 α2
A A A
a b b
Note-se que nas equações anteriores, o valor da tensão pode ser expresso da
seguinte forma:
σ v = P.I σ (2.13)
g) A solução de Newmark
teremos um círculo com um raio maior. No entanto, a coroa circular obtida com a
primeira circunferência também possuirá um valor de σv = 0,1P (ou seja, 0,2P-0,1P) e,
conseqüentemente, um valor de I = 0,005P.
3
2
σ v 1 =I
= 1 − 2
(2.14) (equação de Love reescrita)
P r
σ
1 + z
σv = P.I.N (2.15)
(a)
(b)
Figura 2.13. Ábaco de Newmark (a) Exemplo de aplicação do ábaco de Newmark (b)
(PINTO, 2000)
Mecânica dos Solos – Volume II 17
Ensaio de Compactação
Curva de Compactação
nos vazios do solo, todas as curvas de compactação (mesmo que para diferentes
energias) se situam à esquerda da curva de saturação. Pode-se mostrar que curvas de
igual valor de saturação do solo (70, 80, 90 e 100%, por exemplo) podem ser
representadas pela equação (2.16) que expressa γd em função de Sr.
γ w .Sr
γd = (2.16)
γ
w + w ⋅ Sr
γs
Energia de Compactação
P.h.N .n
E= (2.17)
V
resistência do solo. Pode-se fazer então a seguinte indagação: Porque os solos não são
compactados em campo em valores de umidade inferiores ao valor ótimo? A resposta a
esta pergunta se encontra na palavra estável. Não basta que o solo adquira boas
propriedades de resistência e deformação, elas devem permanecer durante todo o tempo
de vida útil da obra.
Figura 2.19. Variação da resistência dos solos com o teor de umidade de compactação
(VARGAS, 1979)
Conforme se pode notar, caso o solo fosse compactado no teor de umidade w1,
ele iria apresentar uma resistência bastante superior àquela obtida quando da
compactação no teor de umidade ótimo. Conforme também apresentado na Figura
anterior, contudo, este solo poderia vir a se saturar em campo (em virtude de um
período de fortes chuvas, por exemplo), vindo a alcançar o valor de umidade w2, para o
qual o valor de resistência apresentado pelo solo é praticamente nulo. No caso de o solo
ser compactado na umidade ótima, o valor de sua resistência cairia somente de R para r,
estando o mesmo ainda a apresentar características de resistência razoáveis.
Equipamentos de Campo
Soquetes:
Trata-se de um cilindro oco de aço, podendo ser preenchido por areia úmida ou
água, a fim de que seja aumentada a pressão aplicada. São usados em bases de estradas,
em capeamentos e são indicados para solos arenosos, pedregulhos e pedra britada,
lançados em espessuras inferiores a 15cm. Este tipo de rolo compacta bem camadas
finas de 5 a 15cm com 4 a 5 passadas. Os rolos lisos possuem pesos de 1 a 20t e
freqüentemente são utilizados para o acabamento superficial das camadas compactadas.
Para a compactação de solos finos utilizam-se rolos com três rodas com pesos em torno
de 10t, para materiais de baixa plasticidade e 7t, para materiais de alta plasticidade. A
Figura (2.21) ilustra rolos compactadores do tipo liso.
Rolos Vibratórios
Controle da Compactação
• Tipo de solo
• Espessura da camada
• Entrosamento entre as camadas
• Número de passadas
• Tipo de equipamento
• Umidade do solo
• Grau de compactação alcançado
1) A espessura da camada lançada não deve exceder a 30cm, sendo que a espessura
da camada compactada deverá ser menor que 20cm.
2) Deve-se realizar a manutenção da umidade do solo o mais próximo possível da
umidade ótima.
3) Deve-se garantir a homogeneização do solo a ser lançado, tanto no que se refere
à umidade quanto ao material.
95% ≤ GC ≤ 103%
• Caso estas especificações não sejam atendidas, o solo terá de ser revolvido e,
uma nova compactação deverá ser efetuada.
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Campus de Bauru
σ’1
PPM = Plano Principal Maior
ppm = plano principal menor
σ’3 PPM
τ
Plano de
Ruptura φ’
ppm
ppm
φ'
θ cr = 45 +
2
P
c' θcr PPM
σ’3 σ’1 σ, σ’
(σ1-σ3) (σ1-σ3)máx
τ
(σ1-σ3)Estado crítico
(a) (b)
s = c + σ.tgφ
(σ1-σ3)Residual φ
σ3=cte
c
ε (%) σ, σ’
Resistência ao Cisalhamento dos Solos 2
SUMÁRIO Pág
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO 03
Ensaios para a Determinação da Resistência ao Cisalhamento 06
Ensaio de Cisalhamento Direto 07
Ensaio de Compressão Triaxial 08
Ensaio de Compressão Simples 10
Resistência das Areias 11
Resistência das Argilas 12
Aplicação dos Resultados de Ensaios a Casos Práticos 15
Os Parâmetros de Pressão Neutra 19
Trajetória de Tensões 20
Parâmetros Elásticos do Solo 23
Exercícios resolvidos 28
Sinopse 32
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
Devido à sua natureza atritiva, a resistência dos solos é caracterizada pela resistência
ao cisalhamento. Isso ocorre porque os movimentos relativos entre as partículas do solo, no
interior de um maciço, são decorrentes da ação das forças cisalhantes. Quando essas forças e a
tensão normal atuantes atingem um valor crítico, em determinados planos, diz-se que ocorre a
ruptura do solo. Esses planos são chamados de planos de ruptura. Simplificadamente, pode-se
dizer que a resistência ao cisalhamento do solo corresponde à máxima tensão de
cisalhamento que o solo pode suportar sem sofrer ruptura ou a tensão cisalhante no plano em
que a ruptura estiver ocorrendo.
No entanto, o conceito de ruptura não é tão simples quando se trata dos solos, pois
envolve ruptura propriamente dita e deformação excessiva. As curvas de tensão versus
deformação para os solos apresentam características diferenciadas. Certos tipos de solos
podem apresentar curvas com valores crescentes de tensão até um valor característico (tensão
de cedência) e, em seguida, apresentarem deformações crescentes sem acréscimo de carga.
Esse tipo de ruptura é denominada de ruptura plástica (por deformação excessiva) e pode ser
caracterizada pela tensão de cedência uma vez que quando esta for atingida, as deformações
aumentam sem cessar podendo inviabilizar qualquer tipo de obra que utilize esse solo. Outro
tipo de comportamento dos solos fica caracterizado pelo surgimento de uma tensão de pico
que em seguida decresce até atingir um valor constante (resistência residual). Nesse caso, a
ruptura pode ser representada tanto pelo valor de pico (mais comum) quanto pelo valor
residual (casos específicos). Existem ainda materiais que apresentam comportamento do tipo
work-hardening (endurecimento ou encruamento). Esses apresentam valores crescentes de
tensão com os aumentos de deformação. Sem critérios para especificar a ruptura, esta pode ser
arbitrada em função das deformações. Normalmente, tem sido utilizada a faixa de 15 a 20%
para os solos. Note-se que em qualquer situação, a ruptura poderá ser arbitrada em função da
deformação que se deseja obter.
A resistência dos solos é avaliada por intermédio de critérios de ruptura. Esses
critérios expressam matematicamente uma envoltória de ruptura que delimita os estados de
tensão possíveis para um solo. No âmbito da Mecânica dos Solos, constata-se que o critério
de ruptura de Mohr-Coulomb consegue reproduzir com boa fidelidade o comportamento
resistente dos solos. O critério de Mohr admite a resistência (s) como sendo função da tensão
normal (σ), ou seja, s = f(σ). A ruptura irá ocorrer para uma combinação crítica da tensão
cisalhante e normal num plano qualquer. Os estados de tensão são representados por círculos
denominados círculos de Mohr. Quando um corpo de prova (cp) é ensaiado, este será
solicitado até que aconteça a ruptura do mesmo. Nesse instante, o estado de tensão é
determinado por um círculo máximo. Alterando-se as condições de solicitação, para o mesmo
material, outros círculos podem ser obtidos. Dessa forma, traçando-se uma tangente aos
círculos, obtém-se uma curva denominada de envoltória de resistência do solo. O ponto de
tangência da envoltória nos círculos representa os pontos de ruptura dos mesmos. O critério
de Coulomb admite que essa curva envolvente é uma reta. A Figura (1.1) ilustra as envoltórias
de resistência.
Resistência ao Cisalhamento dos Solos 4
Tensões no Plano
de Ruptura Envoltória de
τ Mohr-Coulomb
r2
1
Envoltória de
Resistência
r1
σ, σ’
s = r1 +σr2 (1.1)
s = c +σ.tgφ (1.2)
O fenômeno do atrito nos solos ocorre pelo deslizamento ou rolamento das partículas
sólidas umas sobre as outras. Portanto, quanto maiores e mais rugosas as partículas, maiores
serão os ângulos de atrito obtidos.
de contato. O mesmo não ocorre com as partículas finas. Apesar de serem mais lisas, os
contatos face a face serão menos frequentes devido às forças de superfície. Portanto, os
contatos devem se dar, predominantemente, através das quinas das partículas e cada contato
deve ocorrer através de uma única protuberância, resultando um esquema resistente
semelhante ao que ocorre nas partículas grossas (MACHADO, 2002).
σ’1
PPM = Plano Principal Maior
ppm = plano principal menor
σ’3
τ
Plano de
Ruptura φ’
ppm
ppm
φ'
θ cr = 45 +
2
P
c' θcr PPM
σ’3 σ’1 σ, σ’
Força Transdutor
cisalhante de força
τ τ
Envoltória de resistência
s’ = σ’.tgφ’
(b) τC (c)
σA
τB
τmáx = τA
τA
τres
δ (mm) σA σB σC σ
Figura 1.3. Cisalhamento direto: (a) Esquema do ensaio (b) curva tensão deformação (c)
envoltória de resistência
Figura 1.4. Esquema utilizado no ensaio triaxial (BUENO & VILAR, 2003)
Resistência ao Cisalhamento dos Solos 9
O critério para obtenção do máximo valor da tensão desviadora também pode ser
arbitrado em função das deformações ou ainda através da resistência residual. Outra
alternativa é utilizar a teoria dos estados críticos, ou seja, onde o cisalhamento ocorre a
volume constante tanto para a situação drenada quanto para a não-drenada. A escolha irá
depender dos parâmetros e condições específicas de cada projeto.
Resistência ao Cisalhamento dos Solos 10
(σ1-σ3) (σ1-σ3)máx
τ
(σ1-σ3)Estado crítico
(a) (b)
s = c + σ.tgφ
(σ1-σ3)Residual φ
σ3=cte
c
ε (%) σ, σ’
Figura 1.5. Ensaio Triaxial: (a) Curva tensão-deformação (b) Envoltória de Resistência
ε (%) Rc σ, σ’
Ensaios UU
Figura 1.6. Compressão Simples: (a) Curva tensão-deformação (b) Círculos de Mohr
Resistência ao Cisalhamento dos Solos 11
Tabela 1.1. Fatores que interferem na resistência das areias (HOLTZ & KOVACS, 1981)
Fator Efeito
Índice de vazios (e) e↑ φ’↓
Angularidade (A) A↑ φ’↑
Graduação (CNU) CNU↑ φ’↑
Rugosidade ® R↑ φ’↑
Água (W) W↑ φ’↓ (pouco)
Tamanho da Partícula (T) Nenhum efeito (para mesmo e)
Tensão principal intermediária φ’ps > φ’triaxial (φ’triaxial > 34º)
Pré-carregamento Efeito mínimo
A resistência dos solos argilosos se diferencia da dos solos arenosos por uma série de
fatores. O comportamento tensão-deformação de uma argila em carregamento hidrostático ou
típico de adensamento edométrico é bem distinto do comportamento das areias. As areias
apresentam curvas típicas para cada índice de vazios em que se encontrem. Seu estado inicial
de compacidade irá depender de sua formação em a natureza. Se as tensões empregadas não
forem elevadas, as variações nos índices de vazios serão insignificantes. Dessa forma, as
areais fofas continuam mantendo sua compacidade. Uma areia compacta pode ter sua origem
nos processos de deposição em a natureza ou ainda ser levada a essa situação por solicitações
como o efeito de vibrações. No caso das argilas, verifica-se que sua resistência depende de
seu índice de vazios inicial que é resultado de seu histórico de tensões e de sua estrutura.
Interferências na estrutura de solos residuais ou argilas sensíveis por amolgamento, na
amostragem ou no cisalhamento, são responsáveis por diminuição substanciais da resistência.
Nota-se que o comportamento tensão-deformação de diferentes corpos de prova com índices
de vazios iniciais diferentes, após atingirem suas respectivas pressões de pré-adensamento,
converge para uma única reta virgem de adensamento (PINTO, 2000).
O histórico de tensões experimentado pelo solo o conduz a um estado mais denso do
que o mesmo solo normalmente adensado. Alguns contactos entre partículas podem resultar
plastificados e permanecem mesmo após o descarregamento do solo, o que gera uma parcela
de resistência adicional nos solos pré-adensados. A relação de pré-adensamento ou sobre-
adensamento (RSA) fornece uma idéia das condições de adensamento do solo:
σ ' ad
RSA = (1.5)
σ'
Nos solos pré-adensados, a tensão efetiva torna-se maior que a total pelo
desenvolvimento de pressões neutras negativas (Figura 1.7). Isso ocorre pelo fato da variação
de volume ser no sentido de expansão em função da ausência de drenagem. Os círculos de
tensões efetivas (E) situam-se à direita dos círculos de tensões totais (T).
Figura 1.7. Envoltória de resistência no intervalo pré-adensado (BUENO & VILAR, 2003)
φ’
φ=0
Su = cu
σ, σ’
(σ 1 − σ 3 )
S u = cu = (1.12)
2
A resistência não-drenada pode também ser obtida através de ensaios do tipo CU.
Cada ensaio CU com pressão confinante igual à tensão efetiva da amostra será aquele que irá
apresentar resultado idêntico ao dos ensaios UU para a mesma amostra. PINTO (2000)
apresenta as relações da resistência não drenada (Su) a partir da tensão confinante de
adensamento (σ’0). Essas relações são chamadas de razão de resistência para a situação de
argila normalmente adensada (RRna) e sobreadensada (RRsa).
Su
= RRna (1.13)
σ 0'
Su S
' = u' .( RSA) m (1.14)
σ0 sa σ 0 na
Essa expressão mostra que resistência não drenada depende da tensão efetiva a que o
solo estará submetido e da pressão de pré-adensamento.
A resistência não drenada também pode ser determinada através de ensaios de campo.
O ensaio mais comum é o ensaio de palheta ou vane test. Diversas correlações também podem
Resistência ao Cisalhamento dos Solos 15
ser utilizadas para a estimativa da resistência não drenada. Maiores informações e detalhes
sobre ensaios de campo e das correlações podem ser encontradas em SCHNAID (2000),
PINTO (2000), VILAR (2002) e MASSAD (2003).
(A partir daqui, o texto foi extraído da Apostila de Mecânica dos Solos da EESC/USP, São
Carlos – Autores: Benedito de Souza Bueno e Orencio Monje Vilar).
Importante ressaltar que mesmo existindo algumas situações típicas não é possível
padronizar roteiros: compete ao engenheiro detectar as situações críticas em cada problema e
decidir que atitudes tomar. Apresentaremos adiante outros exemplos.
em termos de tensões efetivas nem sempre são de emprego corrente, porém, é forçoso
reconhecer que a tendência é no sentido do emprego desse tipo de análise.
A análise em termos de tensões totais, ainda a de aplicação mais freqüente, consiste
em empregar resultados de ensaios não drenados. Como premissa básica desse tipo de análise,
supõe-se que as pressões neutras existentes no caso prático em estudo são as mesmas que se
desenvolvem nos corpos de prova submetidos aos ensaios representativos do caso em estudo.
Muitas vezes este tipo de análise fornece resultados conservadores, pois por mais rápida que
seja a obra é preciso reconhecer que poderá haver tempo para alguma dissipação de pressão
neutra.
Retornando à discussão sobre a aplicação dos resultados dos diversos ensaios, temos
que o ensaio rápido busca representar situações em que não há tempo para a dissipação de
pressões neutras geradas pelo carregamento aplicado. Trata-se então de situações em curto
prazo ou de fim de período construtivo. Outros exemplos de aplicação seriam a análise da
estabilidade de barragens no fim da construção e o cálculo da capacidade de carga inicial de
fundações apoiadas sobre argilas (Figura 1.10).
Figura 1.10. Exemplos de aplicação dos resultados de ensaios rápidos: a) barragem, final do
período construtivo; b) sapata apoiada sobre argila
Figura 1.12. Exemplos de aplicação dos resultados de ensaios drenados: a) talude de jusante
submetido à percolação; b) corte de um talude
30
desvio
méd padrão
ia
φ' ( )
20
10
5
0 20 40 60 80 100
IP (%)
Figura 1.13. Correlação entre φ’ e IP para argilas normalmente adensadas (US Navy, 1971 –
adaptado).
4. argila silto-arenosa (C) 40 a 60 14 a 28 1,60 a 23,9 a - 0,25 17 (Rsat) 0,9 24 (Q ) Maciço compactado, margem direita,
barragem Porto Colômbia
(solo de basalto) - - 1,75 26,7 - - - 0,2
σ´ad=9kgf/cm
2
28 ( R sat)
5. argila pouco siltosa 40 a 60 18 a 28 1,57 20,5 a 2,75 1,5 18 (Q) 0 33 ( R e S) Núcleo impermeável (5) e transição
(solo de xisto) (C) - - a 1,65 23,5 - - - - - (6) da barragem de enrocamento de
6. areia fina a média com - - - - 2,54 - - 0 41 Furnas
pedregulhos (quartzito) - - - - - - - - -
7. argila siltosa vermelha
(basalto) (C)
51
-
23
-
-
20,3
-
-
-
1,9
1,3
11 (Q)
18 (R)
1,9
-
12 (Q ) Maciço compactado; barragem de
Bariri
-
14 (Q) < Solo de fundação, maciço MD; barr.
8. silte argiloso micáceo 30 a 45 10 a 25 - - 2,78 0,5 7m prof. 25 a
12 (Q) > – Itumbiara- γsat=1,52 a 1,93g/cm3;
(gnaisse) (I) - - - - - 0,6 7m prof. 29 (S)
σ´ad= 4 a 5 kgf/cm
2
[
∆u = B ∆σ 3 + A(∆σ 1 − ∆σ 3 ) ] (1.16)
u = B ⋅ ∆σ 3 (1.17)
∆u1
Onde: B =
∆σ 3
1 ∆u 2
A= ⋅ (1.18)
B ∆σ 1 − ∆σ 3
Trajetória de Tensões
(a) σ1 - σ3
σ3 = cte.
M σ1 - σ3
u
B σ3 = cte.
A
εa
(b) τ (c) t
σ1' + σ3'
2 u
T
u
σ1 - σ3
= E
2
σ1' - σ3'
2
σ3M
' σ3B
' σ 3A
' σ1A
' σ1B
' σ1M
' σ1M σ, σ ' s, s'
σ1 + σ3 uM
2
Figura 1.14. Ensaio de compressão triaxial adensado-rápido e trajetórias de tensões
σ1 + σ 3 σ1 −σ 3
p= q= (tensões totais) (1.20)
2 2
σ h'
Ko = (comumente σh’=σ3’ e σv’=σ1’) (1.22)
σ v'
ou
σv
σh ou ∆σh
t a
o
t e 45 Ko
c
a
e
o
45
A
b
o s'
s'
-t f d f d
-t
(a) (b)
a: ∆σh = 0 ; ∆σv aumenta (compressão vertical)
σv' + σh' b: ∆σh = ∆σv
so' = = σ3c
'
2 c: ∆σh = - ∆σv
σv' - σh'
to = =0 d: ∆σh aumenta ; ∆σv = 0
2
e: ∆σh diminui ; ∆σv = 0
f: ∆σh = 0 ; ∆σv diminui (descompressão vertical)
Figura 1.15. Exemplos de trajetórias de tensões
t Kr
Ko q 1− Ko
αo = tgα o =
p 1+ Ko
A
K o = cte
descarregamento
s'
deposição e consolidação
Figura 1.16. Deposição e consolidação sem possibilidade de deformações laterais e
posterior descarregamento da amostra de solo
Trajetórias correspondentes
a diferentes corpos de prova
ε
c a'
σ3 σ1 σ ', s '
Essas relações são genéricas, podendo ser utilizadas tanto para tensões totais
como para efetivas.
Notar que é possível determinar além da envoltória das trajetórias determinada
para a ruptura, várias envoltórias que fornecem as resistências mobilizadas para dados
níveis de deformação (Figura 1.18).
Resistência ao Cisalhamento dos Solos 23
a'1 s, s'
Figura 1.18. Trajetórias para diferentes níveis de deformação
∆u > 0
∆u < 0
1- argilas normalmente
1
TTT adensadas
TTE TTT TTE
2 2- argilas pré-adensadas
s, s'
E = 2 ⋅ qc (1.25)
Onde: qc = resistência de ponta no ensaio de penetração contínua.
Resistência ao Cisalhamento dos Solos 25
Os ensaios de cone nem sempre são realizados com freqüência. Uma correlação
com os resultados dos ensaios de penetração (SPT) realizados nas sondagens de simples
reconhecimento é apresentada na Tabela (1.4), porém deve-se ter sempre em conta as
limitações inerentes aos resultados do “Standart Penetration Test”.
Tabela 1.4. Correlação entre a resistência de ponta (qc) de ensaio de cone e o índice de
resistência à penetração (SPT ou N) (SCHMERTMANN, 1970).
SOLO qc / N
- siltes, siltes arenosos e misturas de areias e 2,0
siltes com pouca coesão
- areias finas a médias, areias e areias pouco 3,5
siltosas
- areias grossas e areias com poucos 5,0
pedregulhos
- pedregulhos arenosos e pedregulhos 6,0
Ko
υ= (1.26)
1+ Ko
ε ε
σ1 −σ 3 = ou = a + bε (1.27)
a + bε σ1 −σ 3
1
Ei = (1.28)
a
n
σ
Ei = K ⋅ p atm 3 (1.29)
p atm
Exercícios Resolvidos:
Exemplo 1:
CP σ τ
1 2,00 1,20
2 3,00 1,75
3 5,00 2,90
Determinar:
a) A envoltória de resistência do solo;
b) A tensão principal maior no instante da ruptura para o CP2.
Resolução:
Exemplo 2:
CP σ3 σ1 u σ 3' σ1'
1 2,0 3,5 1,4 0,6 2,1
2 4,0 7,0 2,8 1,2 4,2
Determinar:
a) A envoltória de tensões totais;
b) A envoltória de tensões efetivas;
c) As tensões no plano de ruptura para o CP2.
Resistência ao Cisalhamento dos Solos 29
Resolução:
500
R2
100
0
0 P 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
σ, σ’ (kPa)
Exemplo 3:
Resolução:
400
σ1 - σ3
(kPa)
+M
300
100
0
0 4 8 12 16 20
εa (%)
α’
200
M T
t, t’ E
(kPa)
100
0
0 100 200 300 400 500
s, s’ (kPa)
Exemplo 4:
CP (σ1 − σ 3 )máx σ3
2
(Kgf/cm ) (kgf/cm2)
1 2,60 0,50
2 3,28 1,50
3 4,14 3,00
Resolução:
τ
(kPa) 12
o
kPa o
+ σ . tg 12
s = 95
200
100
0
0 100 200 300 400 500 600 700
σ (kPa)
Resistência ao Cisalhamento dos Solos 32
Sinopse:
3. Os parâmetros de resistência c ' e φ ' não são constantes para um dado solo;
dependem de uma série de fatores como, histórico de tensões e faixa de tensões de
interesse.
4. A resistência do solo pode ser conhecida através de ensaios de campo e de
laboratório. Os ensaios de laboratório correntemente utilizados são: cisalhamento direto,
compressão triaxial e compressão simples.
5. As areias não cimentadas e as argilas normalmente adensadas têm uma envoltória do
tipo: τ = σ ' tg φ ' .
6. O atrito nas areias deve-se a duas fontes: uma devida ao atrito propriamente dito e
que se manifesta por deslizamento e por rolamento e outra devido a dilatância. O
principal fator que interfere na resistência das areias é a compacidade.
7. Areias compactas e argilas fortemente adensadas apresentam comportamentos
semelhantes quando cisalhadas: resistências máximas para pequenas deformações e
aumento de volume. Areias fofas e argilas normalmente adensadas mostram reduções de
volume quando cisalhadas.
8. A resistência das argilas é basicamente influenciada pelas condições de dissipação
das pressões neutras, relação de pré-adensamento e amolgamento.
9. Argilas pré-adensadas exibem maiores resistências que as mesmas argilas
normalmente adensadas. O pré-adensamento é responsável pela introdução do
intercepto de coesão na envoltória de resistência.
10. A coesão quando não proporcionada pela cimentação entre partículas, resulta de
tensões interpartículas (tensões “internas”ou “intrínsecas”) proporcionadas por forças de
natureza superficial (eletrostáticas, eletromagnéticas), que em última análise geram um
fenômeno de atrito.
11. Solos saturados ensaiados em condições não drenadas mostram φ u = 0 .
12. Argilas pré-adensadas e areias compactas exibem resistências pós-pico, para grandes
deformações, consideravelmente menores (resistência residual).
13. O emprego de trajetórias de tensões é uma forma elegante e muito útil de representar
o andamento das tensões num corpo de prova ou num maciço.
14. O módulo de elasticidade de um solo pode ser tomado tangente à origem ou secante
para um dado nível de tensões ou de deformações. Há discrepâncias entre os resultados
que se obtém em laboratório e campo de forma que comumente utilizam-se ensaios de
campo (placas) para a determinação do módulo. Existem teorias que permitem
considerar relações tensão-deformação não lineares, bem como a dependência do
módulo de elasticidade com o nível de tensões.
Resistência ao Cisalhamento dos Solos 33
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