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Caminhos da Semiótica literária Introdução

grandeza , empiricamente isolá veis ) , do ponto de vista da plexificação em um percurso global que simula a “geraçã o ção
significação, sã o apenas interseções de rela ções apreendi- do sentido, desde as estruturas profundas atéé as estruturas
das e articuladas em diferentes níveis de análise. E as estru- de superfície, e por fim sua operacionaliza ção pelo “filtro

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turas relacionais de ordem semâ ntica e sintáxica se desdo-

que é a instâ ncia da enunciaçã o”. Eis aí em largos traços a
bram em s é ries organizadas de dependências, isto é, de hie- economia geral da teoria semi ótica . Suas dívisões sucessivas
rarquias. As regularidades notadas em tais estruturas, e re- poderiam facilmente indicar a segmenta çã o de um percur-
constitu ídas a partir das pró prias manifestações textuais, so introdutó rio à disciplina. Tal esquema , entretanto, cor-
dão lugar a constru ções menos ou mais formalizadas, que responderia a um estágio in ício da década de 1980 - de
permitem transform á-las em modelos. Esses modelos enun- uma teoria em contínua remodelação.
ciativos, narrativos, figurativos, passionais sã o implicita-
mente convocados ou revogados pelo exercício concreto
do discurso, quer se trate dos vestígios ‘de discurso deposita- Fontes
dos na mem ó ria coletiva ( como nos modelos narrativos es-
tereotipados e outras formas discursivas e fraseol ógicas cris- Para situar essa disciplina em constru çã o e medir um
talizadas, que ocupam um lugar considerá vel no uso coti- pouco melhor a extensão de seu projeto, é necessá rio indi-
diano da palavra ) , quer se trate de um discurso individual , car sumariamente as fontes principais de cuja convergê n-
inédito e criador, formador de novos usos da linguagem , cia ela surgiu . Elas sã o três: a fonte lingu ística, a fonte an-
como na escrita dos textos literá rios. . tropológica e a fonte filosófica .
Examinemos enfim uma ú ltima defini ção, mais téc- Da linguística saussuriana, a semiótica extrai os prin-
nica, que estabelece as bases programá ticas do projeto se- cípios fundadores de sua metodologia. Al ém do Curso de lin-
mi ótico: “A teoria semió tica deve apresentar-se inicialmen- guí stica geral já citado, é preciso sobretudo insistir nos traba-
te como o que ela é, ou seja, como uma teoria da significa- lhos do principal continuador de Saussure, o linguista dina-
ção Sua primeira preocupa çã o será , pois, explicitar, sob a
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forma de uma constru çã o conceituai, as condições da
marquês Louis Hjelmslev, cujos Proleg ômenos a uma teoria
da linguagem4 e Ensaios Imgiiísticos5 estabelecem os funda-
apreensão e da produ ção do sentido.”1 A sequência do arti- mentos epistemol ógicos d ó que será a semâ ntica estrutural
go do qual se extraiu essa definiçã o oferece um amplo pa- ( Greimas, 1966). Obras complexas e de difícil acesso, mas
norama cio canteiro de obras teórico: inicialmente a signifi- que apresentaram, sobretudo a primeira, as condições de pos-
ca ção como apreensão das “diferenças”, em seguida sua re- sibilidade de uma descrição formal do plano do conteúdo das
presentação em uma estrutura elementar, depois sua com-
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4. Traduçã o francesa , Paris: Minuit, 1971; traduçã o brasileira de J. Tei
xeira Coelho Neto. Sã o Paulo: Perspective, 1975.
3. GREIMAS, A. J.; COURTÉS, J . Dicionário de semiótica. Traduçã o de 5 . Tradução francesa, Paris: Minuit, 1971; traduçã o brasileira de Antô-
Alceu Dias Lima et al. São Paulo: Cultrix, [1983]. p. 415. nio de Pá dua Danesi. São Paulo: Perspectiva, 1991.

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