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Língua Portuguesa – PM/PA

Aula 02
Profa. Beatriz de Assis

Aula 02
Língua Portuguesa
Regência Verbal e Nominal
Professora: Beatriz de Assis Oliveira

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Olá, amigos e futuros servidores! Estamos avançando em nossos


estudos. Isso é muito bom!!!

Na aula 02, estudaremos as regras gerais de regência nominal e


verbal.
Resolveremos, também, várias questões de concurso.

Excelente trabalho a todos!!!

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Regência verbal ................................................................................. 3


Regência Nominal ............................................................................ 19
Exercícios comentados ................................................................... .21
Exercícios sem comentário............................................................... 61
Gabarito .......................................................................................... 83

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Regência Verbal

A estrutura que regula a ligação entre um verbo, ou um nome, e seus


complementos, sejam eles preposicionados ou pronominais, damos o nome de
regência. Vale lembrar que existe dependência sintática entre os termos,
também há o termo regente e o termo regido.

O termo regente é aquele ao qual a outra palavra se subordina. Já o termo


regido é a palavra que serve de complemento ao termo regente.

Regência verbal é a relação do verbo com seu complemento. Já na regência


nominal, temos a relação do nome com seu complemento.

Como regra, o objeto direto é o complemento verbal sem preposição, e o


objeto indireto vem acompanhado de preposição.

Em nossa língua pátria, os pronomes oblíquos átonos exercem funções básicas


específicas. Observe:

Pronomes oblíquos átonos Funções específicas

o, a, os, as Objeto direto

lhe, lhes Objeto indireto

me, te, se, nos, vos Objeto direto ou objeto indireto

Regência de alguns verbos

Abraçar

 No sentido de apertar com os braços, é verbo transitivo direto.

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A esposa abraçava o marido.

 No sentido de se abraçar (pronominal), é verbo transitivo indireto.

A criança abraçou-se aos brinquedos.

Agradar

 No sentido de ser agradável, contentar, satisfazer, temos verbo transitivo


indireto.

Não lhe agradava fazer aquela tarefa.

 No sentido de fazer carinhos, temos verbo transitivo direto.

O professor agradava seus alunos.

Aspirar

 No sentido de respirar, solver, é verbo transitivo direto.

Gosto de aspirar o cheiro das flores do campo.

 No sentido de desejar, pretender, é verbo transitivo indireto.

Aspiro a um concurso público.

Aspirar, no sentido de desejar, não


adimite o pronome átono lhe(s)
na substituição do objeto indireto.

Em seu lugar, usa-se a ele, a ela, a eles, a elas.

Quanto ao cargo no Legislativo? Aspiro a ele há um tempo.

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Aconselhar

No sentido de dar e tomar conselhos, é transitivo direto e indireto.

Aconselhei meus alunos sobre fazer muitos exercícios.

Aconselho ao Murilo um bom livro de questões de prova.

Atender

 No sentido de dar, prestar atenção, considerar coisas ou fatos, é verbo


transitivo direto ou indireto (preposição a).

A moça atendeu o (ao) telefone.

Rogério atendeu à porta. (a ela)

 No sentido de dar, prestar atenção, considerar pessoas, é verbo transitivo


direto ou transitivo indireto (preposição a).

A médica atendeu a/à criança. (atendeu-a ou atendeu-lhe)

Alguns estudiosos preferem o emprego do


pronome o, quando houver a complementação
por pronome.

 No sentido de ouvir, conceder, deferir, é verbo transitivo direto.

O pai atendeu, de pronto, o pedido do filho. (atendeu-o)

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Agradecer

É verbo transitivo direto e indireto.

Agradecemos ao professor a listagem de exercícios.

Ajudar

É transitivo direto e indireto.

O professor ajudou os alunos a resolver as questões.

Ajudou a todos.  Neste caso, temos objeto


direto preposicionado.

Antipatizar/simpatizar

São verbos transitivos indiretos.

Os brasileiros antipatizaram com a política brasileira.

Vale aqui lembrar que os verbos antipatizar e simpatizar não são empregados
pronominalmente.

Dessa maneira, não existe a construção: eu não me simpatizo com ela.

Apoiar-se

É verbo transitivo indireto.

Os alunos se apoiam em exercícios para obter sucesso.

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Assistir

 No sentido de ver, presenciar, é verbo transitivo indireto e pede


preposição a.

Assistir a todo o seriado.

Aqui, também, exigem-se as formas a ele,


a ela, a eles, a elas em substituição do
objeto indireto.

Assisti ao concerto.  Assisti a ele.

 No sentido de ajudar, auxiliar, socorrer, é verbo transitivo direto ou


transitivo indireto (preposição a).

O médico assiste as crianças carentes.  Assiste-as.

O médico assiste às crianças carentes.  Assiste a elas.

Nos casos em que o emprego do verbo


como transitivo indireto causar
ambiguidade, recomenda-se o uso do verbo
como transitivo direto.

O médico assistiu ao paciente. (Viu ou ajudou?)

Para evitar ambiguidade, usa-se o verbo sem preposição.

O médico assistiu o paciente. (Ajudou.)

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 No sentido de caber, ter direitos ou deveres, é verbo transitivo indireto e


pede preposição a.

Assiste ao padre a celebração da missa. (Assiste-lhe.)

 No sentido de morar, residir, é verbo intransitivo e pede preposição em.

Os professores assistem em Brasília.


Adj. Adv. de lugar

Repare que, para ter sentido completo, o


verbo assistir, no sentido de
morar/residir, exige um adjunto
adverbial de lugar. Esse adjunto é chamado de locativo.

Atirar

 No sentido de arremessar, lançar, é verbo transitivo direto.

A criança atirou a pedra e acertou o carro.

 No sentido de disparar arma, é verbo transitivo indireto.

O soldado atirava nos adversários sempre que os via.

Avisar, certificar, comunicar, informar, notificar, prevenir,


cientificar

São verbos transitivo diretos e indiretos.

Vamos esclarecer a questão.

 Alguém de algo

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O médico comunicou os pais das condições do filho.

 Algo de alguém

O médico comunicou aos pais as condições do filho.

Chamar

 No sentido de convocar, fazer vir, é verbo transitivo direto.

O professor chamou os alunos.

 No sentido de invocar, é verbo transitivo indireto e pede preposição por.

O fiel chamava por Deus.

 No sentido de tachar, dar nome, é


verbo transitivo direto ou indireto e vem
sempre acompanhado de predicativo. O
predicativo pode vir com preposição ou
sem ela.

Chamava as crianças, espertas.  Chamava-as, espertas.

Chamava as crianças de espertas.  Chamava-as de espertas.

Chamava às crianças de espertas.  Chamava-lhes de espertas.

Chamava às crianças, espertas.  Chamava-lhes, espertas.

Chegar

É verbo intransitivo. Exige o emprego da preposição a.

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As cantoras chegaram ao auditório para o espetáculo.


Ana chegou a casa no horário combinado com a mãe.

Contentar

 No sentido de agradar, satisfazer, é transitivo direto.

A garota procurou contentar a mãe, mas não adiantou.

 No sentido de ficar contente, o verbo é pronominal e exige a preposição


com, de, em.

Os brasileiros já não se contentam com tais discursos

Comparecer

 Quando for atividades, é verbo transitivo indireto e exige preposição “a”.

O deputado não compareceu à reunião.


V.T.I. O.I.

 Quando for lugar, é verbo intransitivo. O adjunto adverbial será regido


pela preposição “a” ou “em”.

A senhora compareceu no balcão da recepção.


V.I. adj. adv. de lugar

Custar

 No sentido de valer, ter um preço, é verbo transitivo direto.

O livro custou cerca de cem reais.

 No sentido de ser custoso, difícil, é verbo transitivo indireto e fica na


terceira pessoa, concordando com o sujeito.

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Custou-me aprender regência.


Custou-me selecionar todas as questões para estudar.

Custam aos juízes todos aqueles


processos.  Custam-lhes.

Observe a frase: Custou-me aprender regência.

Neste caso, o verbo custar é empregado na terceira pessoa do singular, pois


concorda com o sujeito oracional – aprender regência.

Assim, o sujeito é a coisa custosa e o objeto indireto, a pessoa a quem a coisa


custa.

Custou-me aprender regência.


V.T.I. O.I. Sujeito oracional

Deparar

 No sentido de fazer aparecer, é verbo transitivo direto.

São Longuinho depara as coisas perdidas.

 No sentido de encontrar com alguém de repente, topar, é transitivo


indireto.

O professor deparou com seus alunos no corredor.

 No sentido de vir, chegar, surgir inesperadamente, é pronominal.

Depararam-se vários livros.

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Implicar

 No sentido de acarretar, é verbo transitivo direto.

A falta de concentração implica dificuldade na resolução de exercícios.

 No sentido de envolver, é transitivo direto e indireto.

Implicaram a moça no roubo de provas.

 No sentido de ter antipatia, irritação, é transitivo indireto.

O chefe implicava com o barulho da construção.

Ir

É verbo intransitivo e exige preposição “a” ou “para”.

 Quando houver sentido de ida e volta, usaremos a preposição “a”.

Ontem, fui a Brasília.

 Quando houver sentido de ida e permanência, usaremos a preposição


“para”.

Quando criança, Luizinho foi para outro bairro.

Lembrar, esquecer, recordar, admirar

 Sem pronome, é verbo transitivo direto.

Lembrei os tempos de infância.

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 Com pronome, é verbo transitivo indireto.

Lembrei-me dos tempos de infância.

Quando o verbo vier na terceira pessoa e


vier acompanhado de pronome não
reflexivo, teremos:

 como sujeito, a coisa a ser lembrada;


 como objeto, a pessoa por quem a coisa é lembrada.

Admiraram-nos as questões da prova.


V.T.I. O.I. sujeito

Namorar

Namorar é verbo transitivo direto. Assim, pede complemento sem preposição.

João namorava Ana, moça simpática da rua de cima.

O verbo namorar não aceita preposição “com”. Ao


usar a preposição “com” com esse verbo, temos a
seguinte interpretação: Laura namora com João.
Dá a ideia de que Laura namora alguém com João. Melhor não, não é mesmo?!
kkkkkk

Obedecer, desobedecer

É verbo transitivo indireto e exige preposição “a”.

Os filhos devem obedecer aos pais.

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Precisar

 No sentido de carecer, necessitar, é transitivo indireto.

Precisamos de muita dedicação e estudo.

 No sentido de indicar com exatidão, é verbo transitivo direto.

A vítima não precisou o lugar exato do assalto.

Pagar, perdoar

São verbos transitivos diretos e indiretos. Têm coisa como objeto direto e
pessoa como objeto indireto.

Perdoe os maus feitos aos desordeiros.

Paguei a consulta ao médico.

Preferir

É verbo transitivo direto e indireto e exige preposição “a”.

Prefiro isso àquilo.

Ele prefere gramática à literatura.

Não se emprega “que” ou “do que” com o


verbo preferir, nem outras expressões de
destaque.

Não existe a construção:

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Prefiro mil vezes sair do que ficar em casa.

O certo é: Prefiro sair a ficar em casa.

Proceder

 No sentido de ter procedência, é verbo intransitivo.

A informação não procedia.

 No sentido de provir, é verbo intransitivo.

Aquele perfume procede da Itália.


V.I. adj. adverbial

 No sentido de iniciar, é verbo transitivo indireto e exige preposição “a”.

O juiz procedeu à sessão de julgamento.


V.T.I. O.I.

Querer

 No sentido de desejar, querer, é verbo transitivo direto.

Quero novas viagens e novos sonhos.

 No sentido de querer bem, é verbo transitivo indireto.

A esposa queria-lhe muito bem.

Responder

 No sentido de dizer a resposta, é transitivo direto.

O garoto respondeu que não tinha jogado a pedra.

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 No sentido de dar a resposta, é transitivo indireto.

Respondeu ao questionário com segurança.

 No sentido de responder algo a alguém, é transitivo direto e indireto


(preposição “a”).

Respondeu sim ao pedido de casamento.

Simpatizar e antipatizar

São verbos transitivos indiretos e exigem preposição “com”.

Os jogadores nunca simpatizaram com aquele tipo de tênis.

Não existe a construção: Nunca me


simpatizei com aquele moço. A construção
do verbo como reflexivo está incorreta.
Visar

 No sentido de passar visto, é verbo transitivo direto.

O chefe visou os passaportes antes de entregá-los.

 No sentido de apontar arma, é verbo transitivo direto.

O bandido visou o alvo, mas errou.

 No sentido de desejar, almejar, é verbo transitivo indireto e exige


preposição “a”.

Pedro visa ao cargo de chefe.

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O verbo visar não admite o pronome oblíquo


átono lhe(s) como objeto indireto. Usa-se a
ele(s), a ela(s).

Pronto! Estudamos a regência dos principais verbos. Fique atento a eles!!! Faça
revisão! Lembro que não apenas a prova
objetiva é importante. Uma boa redação é
primordial para sua classificação. Vamos,
então, destacar mais alguns tópicos importantes!!!

Sujeito

O sujeito nunca pode vir com preposição contraída.

Errado: Chegou a hora da onça beber água.

Correto: Chegou a hora de a onça beber água.

Onde

Onde é usado quando se referir a lugar. Assim, não existe a seguinte


construção:

O processo onde li sobre as notas fiscais está no Fórum.

O processo não é lugar. No lugar de onde, use em que.

Onde, aonde e donde

 Aonde é usado com verbos que indicam movimento e exigem preposição


“a”.

O rapaz chegou aonde?

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 Donde (=de onde) é usado com verbos que exprimem movimento e


exigem preposição “de”.

Donde (de onde) vem, Ana Carolina?

 Onde é usado com os demais verbos.

Você pode me dizer onde está o controle?

Regência nominal

Abaixo, segue a regência de alguns nomes. Se possível, leia-os sempre.

Substantivos

Admiração a, por Devoção a, para, com, Medo de


por

Aversão a, para, por Doutor em Obediência a

Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, Ojeriza a, por


sobre

Bacharel em Horror a Proeminência sobre

Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, por

Adjetivos

Acessível a Entendido em Necessário a

Acostumado a, com Equivalente a Nocivo a

Agradável a Escasso de Paralelo a

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Alheio a, de Essencial a, para Passível de

Análogo a Fácil de Preferível a

Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a

Apto a, para Favorável a Prestes a

Ávido de Generoso com Propício a

Benéfico a Grato a, por Próximo a

Capaz de, para Hábil em Relacionado com

Compatível com Habituado a Relativo a

Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em,


por

Contíguo a Impróprio para Semelhante a

Contrário a Indeciso em Sensível a

Descontente com Insensível a Sito em

Desejoso de Liberal com Suspeito de

Diferente de Natural de Vazio de

Advérbios

Longe de Perto de

Os advérbios terminados em –mente


costumam seguir a regra de regência dos

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adjetivos dos quais se originam: relativamente a; paralelamente a;


naturalmente de; diferentemente de...

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Lista das questões comentadas

1. (FCC/TRF–3ªRegião/Analista Judiciário/2016)

Os Beatles eram um mecanismo de criação. A força propulsora desse


mecanismo era a interação dialética de John Lennon e Paul McCartney. Dialética
é diálogo, embate, discussão. Mas também jogo permanente. Adição e
contradição. Movimento e síntese. Dois compositores igualmente geniais, mas
com inclinações distintas. Dois líderes cheios de ideias e talento. Um levando o
outro a permanentemente se superar.
As narrativas mais comuns da trajetória dos Beatles levam a crer que a parceria
Lennon e McCartney aconteceu apenas na fase inicial do conjunto. Trata-se de
um engano. Mesmo quando escreviam separados, John e Paul o faziam um para
o outro. Pensavam, sentiam e criavam obcecados com a presença (ou ausência)
do parceiro e rival.
Lennon era um purista musical, apegado a suas raízes. Quem embarcou na
vanguarda musical dos anos 60 foi Paul McCartney, um perfeccionista dado a
experimentos e delírios orquestrais. Em contrapartida, sem o olhar crítico de
Lennon, sem sua verve, os mais conhecidos padrões de McCartney teriam
sofrido perdas poéticas. Lennon sabia reprimir o banal e fomentar o sublime.
Como a dialética é uma via de mão dupla, também o lado suave de Lennon se
nutria da presença benfazeja de Paul. Gemas preciosas como Julia têm as
impressões digitais do parceiro, embora escritas na mais monástica solidão.
Nietzsche atribui caráter dionisíaco aos impulsos rebeldes, subjetivos,
irracionais; forças do transe, que questionam e subvertem a ordem vigente. Em
contrapartida, designa como apolíneas as tendências ordenadoras, objetivas,
racionais, solares; forças do sonho e da profecia, que promovem e aprimoram o
ordenamento do mundo. Ao se unirem, tais forças teriam criado, a seu ver, a
mais nobre forma de arte que jamais existiu.
Como criadores, tanto o metódico Paul McCartney como o irrequieto John
Lennon expressavam à perfeição a dualidade proposta por Nietzsche. Lennon
punha o mundo abaixo; McCartney construía novos monumentos. Lennon abria

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mentes; McCartney aquecia corações. Lennon trazia vigor e energia; McCartney


impunha senso estético e coesão.
Quando os Beatles se separaram, essa magia se rompeu. John e Paul se
tornaram compositores com altos e baixos. Fizeram coisas boas. Mas raramente
se aproximaram da perfeição alcançada pelo quarteto. Sem a presença
instigante de Lennon, Paul começou a patinar em letras anódinas. Não se
tornou um compositor ruim. Mas os Beatles faziam melhor. Ironicamente, o
grande disco dos ex-Beatles acabou sendo o álbum triplo em que George
Harrison deglutiu os antigos companheiros de banda, abrindo as comportas de
sua produção represada durante uma década à sombra de John e Paul. E foi
assim, por estranhos caminhos antropofágicos, que a dialética de Lennon e
McCartney brilhou pela última vez.
(Adaptado de: DANTAS, Marcelo O. Revista Piauí. Disponível
em: http://revistapiaui.estadao.com.br/materia/beatles.
Acesso em: 20/02/16)

... tanto o metódico Paul McCartney como o irrequieto John Lennon


expressavam à perfeição a dualidade... (6° parágrafo)

O verbo que possui, no contexto, o mesmo tipo de complemento que o da


frase acima está empregado em:

a) Os Beatles eram um mecanismo de criação.


b) Fizeram coisas boas.
c) ... a mais nobre forma de arte que jamais existiu.
d) ... criavam obcecados com a presença (ou ausência)...
e) ... que a dialética de Lennon e McCartney brilhou pela última vez.

Comentário:

Na frase:

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... tanto o metódico Paul McCartney como o irrequieto John Lennon


expressavam à perfeição a dualidade...

A forma verbal expressavam é transitivo direto.

Vamos, então, analisar os verbos das frases em questão.

 Os Beatles eram um mecanismo de criação.


V.L.

 Fizeram coisas boas.


V.T.D.

 ... a mais nobre forma de arte que jamais existiu.


V.I.

 ... criavam obcecados com a presença (ou ausência)...


V.I.

 ... que a dialética de Lennon e McCartney brilhou pela última vez.


V.I.

A alternativa que contém verbo transitivo direto é a letra B.

Resposta: B

2. (FCC/TER–AP/Analista Judiciário/Administrativa/2016)

Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de viagens pelo
nosso interior...
O verbo transitivo empregado com o mesmo tipo de complemento que o
verbo grifado acima está em:

a) ... o seu nome não figura, como o do outro, em todas as enciclopédias.


b) Roquete Pinto narra o encantado interesse com que na fazenda...

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c) ... tão pitorescos são os aspectos e a linguagem que neles...


d) Escrevia sem sombra de ênfase nem pedantismo.
e) Em dezembro de 1816 Saint-Hilaire partiu para Minas...

Comentário:

Na frase: Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de


viagens pelo nosso interior..., o verbo em destaque é transitivo direito.
Dessa maneira, está seguido de complemento verbal direto.

Nas frases em tela, temos:

 ... o seu nome não figura, como o do outro, em todas as enciclopédias.

Figura  verbo transitivo indireto.

 Roquete Pinto narra o encantado interesse com que na fazenda...

Narra  verbo transitivo direto.

 ... tão pitorescos são os aspectos e a linguagem que neles...]

São  verbo de ligação.

 Escrevia sem sombra de ênfase nem pedantismo.

Escrevia  verbo intransitivo.

 Em dezembro de 1816 Saint-Hilaire partiu para Minas...

Partiu  verbo intransitivo.

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Diante o exposto, a letra B contém verbo transitivo empregado com o mesmo


tipo de complemento que o verbo grifado na frase em questão.

Resposta: B

3. (FUNCAB/EMSERH/Auxiliar Administrativo/2016)

Como seremos amanhã?

Estar aberto às novidades é estar vivo. Fechar-se a elas é morrer estando vivo.
Um certo equilíbrio entre as duas atitudes ajuda a nem ser antiquado demais
nem ser superavançadinho, correndo o perigo de confusões ou ridículo.
Sempre me fascinaram as mudanças - às vezes avanço, às vezes retorno à
caverna. Hoje andam incrivelmente rápidas, atingindo usos e costumes, ciência
e tecnologia, com reflexos nas mais sofisticadas e nas menores coisas com que
lidamos. Nossa visão de mundo se transforma, mas penso que não no mesmo
ritmo; então, de vez em quando nos pegamos dizendo, como nossas mães ou
avós tanto tempo atrás: “Nossa! Como tudo mudou!”
Nos usos e costumes a coisa é séria e nos afeta a todos: crianças muito
precocemente sexualizadas pela moda, pela televisão, muitas vezes por mães
alienadas. [...]
Na saúde, acho que melhorou. Sou de uma infância sem antibióticos. A gente
sobrevivia sob os cuidados de mãe, pai, avó, médico de família, aquele que
atendia do parto à cirurgia mais complexa para aqueles dias. Dieta, que hoje se
tornou obsessão, era impensável, sobretudo para crianças, e eu pré-
adolescente gordinha, não podia nem falar em “regime” que minha mãe
arrancava os cabelos e o médico sacudia a cabeça: “Nem pensar”.
Em breve estaremos menos doentes: célula-tronco e chips vão nos consertar
de imediato, ou evitar os males. Teremos de descobrir o que fazer com tanto
tempo de vida a mais que nos será concedido... [...]

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Quem sabe nos mataremos menos, se as drogas forem controladas e a miséria


extinta. Não creio em igualdade, mas em dignidade para todos. Talvez haja
menos guerras, porque de alguma forma seremos menos violentos.
[...]
As crianças terão outras memórias, outras brincadeiras, outras alegrias; os
adultos, novas sensações e possibilidades. Mas as emoções humanas, estas eu
penso que vão demorar a mudar. Todos vão continuar querendo mais ou menos
o mesmo: afeto, presença, sentido para a vida, alegria. Desta, por mais
modernos, avançados, biônicos, quânticos, incríveis, não podemos esquecer. Ou
não valerá a pena nem um só ano a mais, saúde a mais, brinquedinhos a mais.
Seremos uns robôs cinzentos e sem graça!
Lya Luft, Veja. São Paulo, 2 de março, 2011, p.24.

Se no trecho “Hoje andam incrivelmente rápidas, atingindo usos e costumes,


ciência e tecnologia, com reflexos nas mais sofisticadas e nas menores
coisas COM QUE lidamos.” for trocado o verbo lidar pelo verbo conversar,
também será necessário trocar as palavras destacadas por:

a) pela qual.
b) de que.
c) cujas as.
d) em que.
e) sobre as quais.

Comentário:

Conversar, no sentido discorrer, palestrar, é transitivo indireto e exige


preposição “sobre”.

Dessa maneira, a alternativa E está correta.

Resposta: E

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4. (FAURGS/TJ–RS/Juiz de Direito Substituto/2016) Texto para a questão.

O ataque ao cofre

A corte chegou ao Brasil empobrecida, destituída e necessitada de tudo. Já


estava falida quando deixara Lisboa, mas a situação se agravou ainda mais no
Rio de Janeiro. Deve-se lembrar que entre 10.000 e 15.000 portugueses
atravessaram o Atlântico junto com D. João. Para se ter uma ideia do que isso
significava, basta se levar em conta que, ao mudar a sede do governo dos
Estados Unidos da Filadélfia para a recém-construída Washiton, em 1800, o
presidente John Adams transferiu para a nova capital cerca de 1.000
funcionários. Ou seja, a corte portuguesa no Brasil era entre 10 e 15 vezes
mais gorda do que a máquina burocrática americana nessa época. E todos
dependiam do erário real ou esperavam do príncipe regente algum benefício
em troca do “sacrifício” da viagem. “Um enxame de aventureiros, necessitados
e sem princípios, acompanhou a família real”, notou o historiador John
Armitage. “Os novos hóspedes pouco se interessavam pela propriedade do
Brasil. Consideravam temporária a sua ausência de Portugal e propunham-se
mais a enriquecer-se à custa do Estado do que a administrar a justiça ou a
beneficiar o público”.
Onde achar dinheiro para socorrer tanta gente? A primeira solução foi obter um
empréstimo da Inglaterra, no valor de 600.000 libras esterlinas. Esse dinheiro,
usado em 1809 para cobrir as despesas da viagem e os primeiros gastos da
corte no Rio de Janeiro, é um exemplo do compadrio que se estabeleceu entre a
monarquia e uma casta de privilegiados negociantes, fazendeiros e traficantes
de escravos a partir de 1808.
Adaptado de: “O ataque ao cofre”, capítulo do livro “1808 – Como
uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta
enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil”,
de Laurentino Gomes.

Assinale a única alternativa em que a substituição de um verbo por outro


acarretará erro de regência verbal.

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a) chegou (l. 01) por foi.


b) deixara (l. 02) por partira.
c) atravessaram (l. 04) por cruzaram.
d) dependiam (l. 11) por precisavam.
e) cobrir (l. 21) por pagar.

Comentário:

A alternativa B contém a substituição que acarretará erro de regência


verbal.

Esta é uma questão relativamente fácil. Repare:

O verbo deixar é transitivo direto, o que quer dizer que necessitará de


complemento verbal direto. Por sua vez, partir é verbo intransitivo e exige
locução adverbial precedida de preposição “de”.

Resposta: B

5. (Instituto Cidade/CONFERE/Assistente Administrativo/2016) Marque a


opção em que a regência verbal foi DESOBEDECIDA:

a) Todos os países devem se lembrar de que a responsabilidade do equilíbrio


ambiental é coletiva.
b) Todos os países devem lembrar que a responsabilidade do equilíbrio
ambiental é coletiva.
c) Todos os países não devem esquecer-se de que a responsabilidade do
equilíbrio ambiental é coletiva.
d) Todos os países não devem esquecer de que a responsabilidade do equilíbrio
ambiental é coletiva.

Comentário:

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Os verbos lembrar, esquecer, recordar,


admirar trazem a seguinte regência:

 Sem pronome, é verbo transitivo direto.

Lembrei os tempos de infância.

 Com pronome, é verbo transitivo indireto.

Lembrei-me dos tempos de infância.

Quando o verbo vier na terceira pessoa e


vier acompanhado de pronome não
reflexivo, teremos:

 como sujeito, a coisa a ser lembrada;


 como objeto, a pessoa por quem a coisa é lembrada.

Admiraram-nos as questões da prova.


V.T.I. O.I. sujeito

Diante o exposto, a alternativa que desobedece as regras de regência verbal é a


letra D.

Na frase: Todos os países não devem esquecer de que a responsabilidade do


equilíbrio ambiental é coletiva, o verbo esquecer foi empregado sem pronome,
dessa maneira é verbo transitivo direto e não exige preposição.

O correto seria: Todos os países não devem esquecer que a responsabilidade do


equilíbrio ambiental é coletiva.

Resposta: D

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Profa. Beatriz de Assis

6. (Cespe/FUNPRESP-EXE/Analista/2016)

Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto Um amigo em


talas, julgue o item que se segue.
O meu antigo companheiro de pensão Amadeu Amaral Júnior, um homem
louro e fornido, tinha costumes singulares que espantavam os outros
hóspedes.
Amadeu Amaral Júnior vestia-se com sobriedade: usava uma cueca preta e
calçava medonhos tamancos barulhentos. Alimentava-se mal, espichava-se
na cama, agitando o soalho, o que provocava a indignação dos outros
pensionistas. Quando se cansava, sentava-se a uma grande mesa ao fundo
da sala e escrevia o resto da noite. Leu um tratado de psicologia e trocou-o
em miúdo, isto é, reduziu-o a artigos, uns quarenta ou cinquenta, que
projetou meter nas revistas e nos jornais e com o produto vestir-se, habitar
uma casa diferente daquela e pagar ao barbeiro.
Mudamo-nos, separamo-nos, perdemo-nos de vista. Creio que os artigos de
psicologia não foram publicados, pois há tempo li este anúncio num
semanário: “Intelectual desempregado. Amadeu Amaral Júnior, em estado de
desemprego, aceita esmolas, donativos, roupa velha, pão dormido. Também
aceita trabalho”. O anúncio não produziu nenhum efeito.
Muita gente se espanta com o procedimento desse amigo. Não sei por quê.
Eu, por mim, acho que Amadeu Amaral Júnior andou muito bem. Todos os
jornalistas necessitados deviam seguir o exemplo dele. O anúncio, pois não.
E, em duros casos, a propaganda oral, numa esquina, aos gritos. Exatamente
como quem vende pomada para calos.
Graciliano Ramos. Um amigo em talas. In: Linhas tortas. Rio
de Janeiro: Record, 1983, p. 125 (com adaptações).

A substituição do pronome “o", em “reduziu-o a artigos" (l. 10 e 11),


por lhe preservaria a correção gramatical do texto.

Comentário:

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Profa. Beatriz de Assis

A questão trata de pronome como complemento verbal.

Vejamos:

Os pronomes pessoais do caso oblíquo,


representados por o, a, os, as (lo, la, los, las, no,
na, nos, nas), em determinadas circunstâncias,
funcionam como objeto direto.

Por sua vez, o pronome pessoal oblíquo lhe(s) representa o complemento de


um verbo transitivo indireto, comportando-se, assim, como objeto indireto.

Na frase em questão: Leu um tratado de psicologia e trocou-o em miúdo,


isto é, reduziu-o a artigos,..., o verbo trocar é transitivo direto. Assim, exige
complemento verbal direto. No caso dos pronomes oblíquos, serão
empregados aqueles que funcionam como objeto direto.

Diante o exposto, a substituição do pronome “o", em “reduziu-o a artigos",


por “lhe” não preservaria a correção gramatical do texto.

Resposta: E

7. (VUNESP/MPE–SP/Oficina de Promotoria/2016)

Entre as boas figuras de boa-fé do Rio de Janeiro figurava o Garcia, bom


homem, cujo único defeito era ser fraco de inteligência, defeito que todos lhe
perdoavam por não ser culpa dele.
O nosso herói não se empregava absolutamente em outra coisa que não fosse
comer, beber, dormir e trocar as pernas pela cidade. Tinha herdado dos pais o
suficiente para levar essa vida folgada e milagrosa, e só gastava o
rendimento do seu patrimônio.

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Casara-se com d. Laura, que, não sendo formosa que o inquietasse, nem feia
que lhe repugnasse, era mais inteligente e instruída que ele. Esta superioridade
dava-lhe certo ascendente, de que ela usava e abusava no lar doméstico, onde
só a sua vontade e a sua opinião prevaleciam sempre.
O Garcia não se revoltava contra a passividade a que era submetido pela
mulher: reconhecia que d. Laura tinha sobre ele grandes vantagens intelectuais
e, se era honesta e fiel aos seus deveres conjugais, que lhe importava a ele o
resto?
(Artur Azevedo, O espírito. Em: Seleção de Contos, 2014. Adaptado)

Assinale a alternativa correta quanto à regência verbal, de acordo com a


norma-padrão.

a) Todos perdoavam do defeito ao Joaquim por não ser culpa dele.


b) Todos perdoavam o defeito para o Joaquim por não ser culpa dele.
c) Todos perdoavam ao defeito do Joaquim por não ser culpa dele.
d) Todos perdoavam o defeito ao Joaquim por não ser culpa dele.
e) Todos perdoavam ao defeito no Joaquim por não ser culpa dele.

Comentário:

Os verbos pagar e perdoar são transitivos


diretos e indiretos. Tem coisa como objeto direto
e pessoa como objeto indireto.

Perdoe os maus feitos aos desordeiros.

Paguei a consulta ao médico.

Diante o exposto, a alternativa correta é a letra D.

Resposta: D

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8. (IBFC/Emdec/Assistente Administrativo/2016)

A regência do verbo “ir” em “Sonhar é como ir ao cinema”, segue a


exigência da norma padrão da língua. Assinale a opção em que essa
exigência NÃO está sendo respeitada, ilustrando uma transgressão à norma.

a) Preferimos televisão a cinema.


b) Esse comportamento implicará advertência.
c) Nós lembramos de tudo que aconteceu.
d) O candidato aspirava a um bom resultado.

Comentário:

Lembrar, esquecer, recordar, admirar

 Sem pronome, é verbo transitivo direto.

Lembrei os tempos de infância.

 Com pronome, é verbo transitivo indireto.

Lembrei-me dos tempos de infância.

Quando o verbo vier na terceira pessoa e


vier acompanhado de pronome não
reflexivo, teremos:

 como sujeito, a coisa a ser lembrada;


 como objeto, a pessoa por quem a coisa é lembrada.

Admiraram-nos as questões da prova.


V.T.I. O.I. sujeito

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Assim, a frase: Nós lembramos de tudo que aconteceu está inadequada quanto
à regência verbal, uma vez que o verbo lembrar empregado sem pronome é
transitivo direto e não exige preposição. Dessa maneira, o correto seria: Nós
nos lembramos de tudo que aconteceu.

Resposta: C

9. (FGV/TJ–PI/Analista Judiciário/Escrivão Judicial/2015)

“Vivemos numa sociedade que tem o hábito de responsabilizar o Estado,


autoridades e governos pelas mazelas do país. Em muitos casos são críticas
absolutamente procedentes, mas, quando o tema é segurança no trânsito,
não nos podemos esquecer que quem faz o trânsito são seres humanos, ou
seja, somos nós".

O desvio de norma culta presente nesse segmento do texto é:

a) “Vivemos numa sociedade que tem o hábito": deveria inserir a preposição


“em" antes do “que";
b) “críticas absolutamente procedentes": o adjetivo “procedentes" deveria ser
substituído por “precedentes";
c) “Vivemos numa sociedade": a forma verbal “Vivemos" deveria ser
substituída por “vive-se";
d) “não nos podemos esquecer que quem faz o trânsito": deveria inserir-se a
preposição “de" antes do “que";
e) “quem faz o trânsito são seres humanos, ou seja, somos nós": a forma
verbal correta seria “fazemos" e não “faz".

Comentário:

A alternativa D está correta.

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Estudamos que o verbo esquecer e lembrar, quando empregado


pronominalmente, é transitivo indireto e exige preposição “de”.

Dessa maneira, o correto seria: ... não nos podemos esquecer de que quem faz
o trânsito.

Resposta: D

10. (Máxima/IBIO-AGB Doce–MG/Auxiliar Administrativo/2015) Observando a


regência dos verbos nas orações abaixo, assinale a alternativa que
apresenta uma oração em desacordo com a norma culta, apresentando
assim traços da coloquialidade.

a) Informaram-no dos problemas ocorridos no evento.


b) Nunca me simpatizei com esse tipo de música.
c) Preferia sempre adaptações de livros literários a textos integrais.
d) Lembro-me sempre de suas observações relevantes.

Comentário:

A alternativa B apresenta oração em desacordo com a norma culta e traços


da coloquialidade.

Veja por quê.

Simpatizar é verbo transitivo indireto e exige preposição “com”.

Os jogadores nunca simpatizaram com aquele tipo de tênis.

Não existe a construção: Nunca me simpatizei


com aquele moço. A construção do verbo

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como reflexivo está incorreta.

Dessa maneira, a alternativa B está incorreta.

Resposta: B

11. (FGV/Prefeitura de Niterói–RJ/Fiscal de Tributos/2015)

“As casas em que passamos tão pouco tempo são repletas de objetos”.
Nesse período, o pronome relativo está precedido da preposição “em”,
devido à regência do verbo “passar”.

A frase abaixo em que a preposição está mal-empregada em face da norma


culta tradicional é:

a) O cargo a que aspiramos deve ser ocupado urgentemente.


b) Os assuntos sobre que discutimos não eram tão sérios.
c) O grande trabalho em que isso implica deve ser avaliado.
d) A obra a que se dedicou foi bem construída.
e) O ideal por que lutou é dos mais nobres.

Comentário:

O verbo implicar:

 no sentido de acarretar, é verbo transitivo direto.

A falta de concentração implica dificuldade na resolução de exercícios.

 no sentido de envolver, é transitivo direto e indireto.

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Implicaram a moça no roubo de provas.

 no sentido de ter antipatia, irritação, é transitivo indireto.

O chefe implicava com o barulho da construção.

Diante o exposto, na frase: O grande trabalho em que isso implica deve ser
avaliado, a preposição foi inadequadamente empregada. O correto seria: O
grande trabalho que isso implica deve ser avaliado.

Resposta: C

12. (FGV/Prefeitura de Niterou–RJ/Fiscal de Posturas/2015)

“A publicidade cerca-nos de todos os lados - na TV, nas ruas, nas revistas e


nos jornais – e força-nos a ser mais consumidores que cidadãos”.

Se, em lugar do pronome “nós”, empregássemos o pronome “eles”, as


formas sublinhadas deveriam ser substituídas, respectivamente, por:

a) lhes/lhes;
b) os/lhes;
c) lhes/os;
d) os/os;
e) a eles/a eles.

Comentário:

Percebeu que a repetição é necessária?! Os conteúdos se repetem. Vamos lá!!!

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Os verbos cercar e forçar são transitivos diretos. Também estudamos que os


pronomes oblíquos átonos que se comportam como complemento verbal direto
são o, a, os, as e variações.

Diante o exposto, se, em lugar do pronome “nós”, empregássemos o


pronome “eles”, as formas sublinhadas deveriam ser substituídas,
respectivamente, por os/os.

Resposta: D

13. (FUNCEPE/Câmara Municipal de Acaraú/Consultor Legislativo/2014) Em


“Uma das primeiras secas que se tem notícia (...)", segundo a norma culta,
ocorre um erro de:

a) ortoépia
b) colocação
c) acentuação
d) grafia
e) regência

Comentário:

Na frase em questão, ocorre erro de regência nominal.

Repare: Uma das primeiras secas que se tem notícia (...).

Notícia de quê? Das primeiras secas.

Dessa maneira, deveria haver a preposição “de” precedendo o pronome


relativo “que”. Assim, estaria correto: Uma das primeiras secas de que se
tem notícia (...)".

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Resposta: E

14. (AOCP/UFC/Técnico em Segurança do Trabalho/2014)

Três motivos pelos quais você deve comer chocolate

Entre as pesquisas que apontam para efeitos positivos do consumo do


chocolate, as mais numerosas são, de longe, aquelas que associam o alimento
a benefícios ao coração. Segundo um estudo publicado no ano passado
no British Medical Journal (BMJ), por exemplo, é possível diminuir o risco de
eventos cardiovasculares comendo chocolate amargo (com pelo menos 60% de
cacau) todos os dias. Outro trabalho, feito na Universidade de Cambridge e
divulgado em 2011, mediu o quão benéfico o chocolate pode ser ao coração:
segundo o estudo, o consumo sem excessos do alimento diminui em 37% o
risco de doenças cardíacas e em 29% as chances de acidente vascular cerebral
(AVC).
Parte da redução das chances de doenças cardíacas proporcionada pelo
chocolate pode ser explicada pelo fato de ele, antes disso, evitar o surgimento
de fatores de risco ao coração, como hipertensão ou colesterol alto. De acordo
com pesquisa australiana publicada em 2010 no periódico BMC Medicine, por
exemplo, o chocolate amargo ajuda a diminuir a pressão arterial de pessoas
que sofrem de hipertensão.
Em 2012, um estudo feito por pesquisadores da Universidade da Califórnia em
San Diego, nos Estados Unidos, quebrou o mito de que chocolate engorda e
ainda concluiu, surpreendentemente, que o alimento pode, na verdade, ajudar
uma pessoa a emagrecer. Isso porque, das 1.000 pessoas que participaram da
pesquisa, aquelas que comiam chocolate com maior frequência, embora
consumissem mais calorias em um dia, foram as que apresentaram, em média,
um índice de massa corporal (IMC) menor. Essa relação aconteceu
principalmente quando o indivíduo consumia chocolate amargo. Segundo os
autores do estudo, pode ser que as calorias no chocolate sejam ‘neutras’ — ou
seja, que pequenas quantidades do alimento beneficiem o metabolismo,

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reduzam o acúmulo de gordura no corpo e, assim, compensem as calorias


consumidas. Além disso, os pesquisadores acreditam que as propriedades
antioxidantes do chocolate estejam por trás dos efeitos positivos demonstrados
pelo trabalho.
Em uma pesquisa realizada em 2012 na Universidade de Áquila, na Itália, 90
idosos com mais de 70 anos que já apresentavam sinais de comprometimento
cognitivo passaram dois meses consumindo diariamente uma bebida que
misturava leite a um achocolatado com alto teor de cacau. A quantidade do
achocolatado variava de acordo com o participante, podendo ser de 990, 520
ou 45 miligramas por dia. Ao final desse período, os pesquisadores avaliaram os
idosos e descobriram que aqueles que consumiram quantidades alta e média do
achocolatado, em comparação com o restante os participantes, apresentaram
uma melhora nos reflexos, na capacidade de realizar mais de uma atividade ao
mesmo tempo, na memória verbal e na de trabalho (ou a curto prazo), além de
melhores resultados em testes que avaliaram o raciocínio. Os autores do estudo
atribuíram tais benefícios aos flavonoides, compostos presentes no cacau que,
entre outros efeitos positivos, também são associados a benefícios ao coração
— desde que aliados a uma dieta saudável.
Adaptado de http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/isabel-
clemente/ noticia/2014/03/geracao-de-bpais-avosb.html

“Entre as pesquisas que apontam para efeitos positivos do consumo do


chocolate, as mais numerosas são, de longe, aquelas que associam o
alimento a benefícios ao coração.”

Assinale a alternativa em que o verbo destacado apresenta, na oração a que


pertence, a mesma regência do verbo associar no período acima.

a) Foi ao cinema quando entardeceu.


b) Crianças carentes precisam de atenção redobrada.
c) Lavou o carro logo de manhã.
d) Abandonou o emprego, pois estava insatisfeito.
e) Entregamos os vasilhames ao repositor.

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Comentário:

Na frase em questão, a forma verbal associam é bitransitivo. Repare:

... aquelas que associam o alimento a benefícios ao coração ...


V.T.D. O.D. O.I.

Vamos analisar as frases separadamente, a fim de identificar a alternativa em


que o verbo destacado apresenta, na oração a que pertence, a mesma
regência do verbo associar no período.

 Foi ao cinema quando entardeceu.


V.T.I. O.I.

 Crianças carentes precisam de atenção redobrada.


V.T.I. O.I.

 Lavou o carro logo de manhã.


V.T.D. O.D.

 Abandonou o emprego, pois estava insatisfeito.


V.T.D. O.D.

 Entregamos os vasilhames ao repositor.


V.T.D.I. O.D. O.I.

Resposta: E

(AOCP/UFS/Fisioterapeuta/2014) Texto para as duas próximas questões.

Sobre a origem de tudo


Marcelo Gleiser

Volta e meia retorno ao tema da origem de tudo, que inevitavelmente leva a


reflexões em que as fronteiras entre ciência e religião meio que se misturam.
Sabemos que as primeiras narrativas de criação do mundo vêm de textos

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religiosos, os mitos de criação. O Gênesis, primeiro livro da bíblia, é um


exemplo deles, se bem que é importante lembrar que não é o único.
Talvez seja surpreendente, especialmente para as pessoas de fé, que a ciência
moderna tenha algo a dizer sobre o assunto. E não há dúvida que o progresso
da cosmologia e da astronomia levaram a um conhecimento sem precedentes
da história cósmica, que hoje sabemos teve um começo há aproximadamente
13,8 bilhões de anos. Tal como você e eu, o Universo também tem uma data de
nascimento.
A questão complica se persistimos com essa analogia: você e eu tivemos pais
que nos geraram. Existe uma continuidade nessa história, que podemos traçar
até a primeira entidade viva. Lá, nos deparamos com um dilema: como surgiu a
primeira entidade viva, se nada vivo havia para gerá-la? Presumivelmente, a
vida veio da não vida, a partir de reações químicas entre as moléculas que
existiam na Terra primordial. E o Universo? Como surgiu se nada existia antes?
A situação aqui é ainda mais complexa, visto que o Universo inclui tudo o que
existe. Como que tudo pode vir do nada? A prerrogativa da ciência é criar
explicações sem intervenção divina. No caso da origem cósmica, explicações
científicas encontram desafios conceituais enormes.
Isso não significa que nos resta apenas a opção religiosa como solução da
origem cósmica. Significa que precisamos criar um novo modo de explicação
científica para lidar com ela.
Para dar conta da origem do Universo, os modelos que temos hoje combinam
os dois pilares da física do século 20, a teoria da relatividade geral de Einstein,
que explica a gravidade como produto da curvatura do espaço, e a mecânica
quântica, que descreve o comportamento dos átomos. A combinação é
inevitável, dado que, nos seus primórdios, o Universo inteiro era pequeno o
bastante para ser dominado por efeitos quânticos. Modelos da origem cósmica
usam a bizarrice dos efeitos quânticos para explicar o que parece ser
inexplicável.
Por exemplo, da mesma forma que um núcleo radioativo decai
espontaneamente, o Cosmo por inteiro pode ter surgido duma futuação
aleatória de energia, uma bolha de espaço que emergiu do “nada”, que

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chamamos de vácuo. O interessante é que essa bolha seria uma flutuação de


energia zero, devido a uma compensação entre a energia positiva da matéria e
a negativa da gravidade. Por isso que muitos físicos, como Stephen Hawking e
Lawrence Krauss, falam que o Universo veio do “nada”. E declaram que a
questão está resolvida. O que é um absurdo. O nada da física é uma entidade
bem complexa.
Esse é apenas um modelo, que pressupõe uma série de conceitos e
extrapolações para fazer sentido: espaço, tempo, energia, leis naturais. Como
tal, está longe de ser uma solução para a questão da origem de tudo. Não me
parece que a ciência, tal como é formulada hoje, pode resolver de vez a
questão da origem cósmica. Para tal, precisaria descrever suas próprias
origens, abranger uma teoria das teorias. O infinito e seu oposto, o nada, são
conceitos essenciais; mas é muito fácil nos perdermos nos seus labirintos
metafísicos.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2013/12/1385
521-sobre-a-origem-de-tudo.shtml.

15. NÃO será mantida a gramática do texto se a expressão:

a) duma for substituída por de uma, em “surgido duma flutuação”.


b) tal como for substituída por assim como, em “Tal como você e eu...”
c) Por isso que for substituída por Por isso, em “Por isso que muitos físicos...”
d) devido a uma for substituída por devido uma, em “devido a
uma compensação...”
e) Como que for substituída por como, em “Como que tudo pode vir do nada?”

Comentário:

A alternativa D contém a substituição que ocasionaria erro gramatical.

Devido é uma palavra que exige preposição “a”. Dessa forma, estaria incorreto
o emprego de devido uma.

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Resposta: D

16. Em “E não há dúvida que o progresso ...”, NÃO há atendimento à


norma padrão quanto à:

a) regência nominal
b) concordância verbal.
c) concordância nominal
d) sintaxe de colocação pronominal.
e) regência verbal.

Comentário:

Na oração em tela, há erro de regência nominal.

Repare que o substantivo dúvida exige preposição “de”. Dessa maneira, o


correto seria: E não há dúvida de que o progresso...

Resposta: A

17. (AOCP/Prefeitura de Camaçari–BA/Jornalista/2010) Assinale a alternativa


que NÃO apresenta a análise correta dos verbos.

a) "Há desconfiança em cima dos diretores e professores.” (verbo transitivo


direto)
b) “’ Reconheço que a carga burocrática para os diretores é muito pesada.’”
(verbo de ligação)
c) “...qualquer compra exige três orçamentos...” (verbo transitivo direto)
d) "Diminuiu muito a papelada." (verbo transitivo direto)
e) “...mandar a planilha de bens patrimoniais ao setor de bens...” (verbo
transitivo direto e indireto)

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Comentário:

A alternativa D está incorreta.

Repare: Diminuiu muito a papelada.

A frase em questão está na ordem indireta. Veja:

A papelada diminuiu muito.

Dessa maneira, a forma verbal diminuiu é intransitiva.

Resposta: D

18. (FCC/TER–AP/Técnico Judiciário/2015)

Recém-chegado a Roma em 1505, Michelangelo Buonarroti foi contratado para


fazer aquela que vislumbrava como a obra de sua vida. O jovem que acabara
de se consagrar como escultor do Davi recebeu a incumbência de criar o futuro
túmulo do papa Júlio II. O projeto consistia no maior conjunto de esculturas
desde a antiguidade. Mas Júlio II mudou de ideia: antes de fazer o túmulo,
resolveu reconstruir a Catedral de São Pedro. Com o adiamento, Michelangelo
recebeu um prêmio de consolação: pintar o teto de uma capela de uso
reservado que se encontrava em estado deplorável.
Michelangelo resistiu a pintar a capela não apenas por julgar que seria um
projeto menor. Relatos indicam que, na raiz disso, havia uma forte insegurança.
O artista, que se considerava um escultor, cortava de forma peremptória
quando lhe pediam uma pintura: “não é minha profissão”. Hoje, é curioso
imaginar que o criador do teto da Capela Sistina possa ter resistido a seu
destino.
Michelangelo fez fortuna servindo a sete papas e a outros tantos notáveis, como
o clã florentino dos Medici. Nem sempre, porém, entregava o que prometia.

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Para sobreviver, enfim, Michelangelo teve de enfrentar questões que afligem


os seres humanos em qualquer tempo. Como no caso de sua resistência a
trocar a escultura pela pintura, quem nunca tremeu nas bases ao ser forçado a
sair de sua zona de conforto? Em matéria de pressão competitiva, a arte
renascentista não diferia tanto do ambiente de busca pelo alto desempenho das
corporações modernas. O jovem Michelangelo penou para demonstrar o valor
de seu gênio numa Florença dominada por estrelas veteranas como Leonardo
da Vinci.
O corpo humano foi o campo de batalha artística de Michelangelo. Como definiu
o pintor futurista Umberto Boccioni (1882-1916), essa era sua “matéria
arquitetônica para a construção dos sonhos”. Michelangelo criou corpos
perfeitos, mas irreais: o Davi tem musculatura de homem adulto, mas
compleição de menino. Com isso, o artista resgatava a imagem juvenil dos
deuses gregos.
(Adaptado de Revista VEJA. Edição 2445, 30/09/2015)

Michelangelo resistiu a pintar a capela...


...que afligem os seres humanos...
O jovem Michelangelo penou para demonstrar o valor de seu gênio...

Fazendo-se as alterações necessárias, os elementos sublinhados acima


foram corretamente substituídos por um pronome, respectivamente, em:

a) lhe pintar – lhes afligem – o demonstrar


b) pintar-lhe – afligem-nos − demonstrar-lhe
c) pintá-la – afligem-lhes – demonstrá-lo
d) pintá-la – os afligem – demonstrá-lo
e) pintar-lhe – os afligem – lhe demonstrar

Comentário:

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Os pronomes pessoais do caso oblíquo,


representados por o, a, os, as (lo, la, los, las, no,
na, nos, nas), em determinadas circunstâncias
funcionam como objeto direto.

Por sua vez, o pronome pessoal oblíquo lhe(s) representa o complemento de


um verbo transitivo indireto, comportando-se, assim, como objeto indireto.

Os demais pronomes podem se comportar tanto como complemento verbal


direto quanto indireto.

Fazendo-se as alterações necessárias, os elementos sublinhados nas frases


em questão devem ser corretamente substituídos por:

 Michelangelo resistiu a pintar a capela...


V.T.D. O.D.

 Michelangelo resistiu a pintá-la...

 ...que afligem os seres humanos...


V.T.D. O.D.
 ...que os afligem...

Convém aqui salientar que o pronome ficará anteposto ao verbo, pois o


pronome relativo exerce atração.

 O jovem Michelangelo penou para demonstrar o valor de seu gênio...

 O jovem Michelangelo penou para demonstrá-lo ...

Resposta: D

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19. (Cesgranrio/Bando do Brasil/Escriturário/2015) De acordo com as


regras de regência verbal estabelecidas pela norma-padrão da Língua
Portuguesa, o elemento destacado está adequadamente empregado em:

a) Os inadimplentes infringem aos regulamentos estabelecidos pelas


financeiras ao deixar de cumprir os prazos dos empréstimos.
b) Os comerciantes elogiaram aos bancos às medidas tomadas a favor de seus
empreendimentos.
c) Vários executivos procuram realizar cursos de especialização porque
cobiçam aos estágios mais avançados da carreira.
d) Os funcionários mais graduados das grandes empresas
aspiram aos melhores cargos tendo em vista o aumento de seu poder
aquisitivo.
e) Algumas grandes empresas responsáveis pelas redes sociais
ludibriam aos princípios estabelecidos por lei ao permitir postagens
agressivas.

Comentário:

A alternativa correta é a letra D.

Aspirar: No sentido de respirar, solver, é verbo


transitivo direto.

Gosto de aspirar o cheiro das flores do campo.

Por sua vez, no sentido de desejar, pretender, é verbo transitivo indireto.

Aspiro a um concurso público.

Não podemos deixar de analisar as outras frases. Vamos lá?!

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 Os inadimplentes infringem aos regulamentos estabelecidos pelas


financeiras ao deixar de cumprir os prazos dos empréstimos.

Infringir é verbo transitivo direto. Dessa maneira, o verbo exige complemento


sem preposição.

 Os comerciantes elogiaram aos bancos às medidas tomadas a favor de seus


empreendimentos.

Elogiar é verbo transitivo direto. Ocorre erro de regência o emprego de “aos”.

 Vários executivos procuram realizar cursos de especialização porque


cobiçam aos estágios mais avançados da carreira.
Cobiçar é verbo transitivo direto. O correto seria: cobiçam os estágios...

 Algumas grandes empresas responsáveis pelas redes sociais


ludibriam aos princípios estabelecidos por lei ao permitir postagens
agressivas.

Ludibriar é verbo transitivo direto. Não ocorre preposição.

Resposta: D

20. (FCC/TRT-4ªRegião/Analista Judiciário/2015)

Em nenhum momento da história a sociedade, como um todo,


conseguiu sustentar facilmente os custos exorbitantes da ópera.

Na frase acima, a locução verbal está empregada com regência idêntica à


presente em:

a) O crítico elegeu o jovem cantor o maior artista da temporada.

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b) Apresentou-nos currículo repleto de menções honrosas.


c) Sem falsa modéstia, recebeu a ovação com elegância e alegria.
d) Tentou cantar de modo condizente com as recomendações do maestro.
e) Jamais se afastou daquele velho conselho do pai.

Comentário:

Na frase em questão, a locução verbal é transitiva direta.

Para encontrar a alternativa com verbo de mesma transitividade, necessário


que analisemos cada frase. Vejamos:
 O crítico elegeu o jovem cantor o maior artista da temporada.

O verbo eleger, no caso, é transitivo direto e exige predicativo. Dessa maneira,


a alternativa A está incorreta.

 Apresentou-nos currículo repleto de menções honrosas.


V.T.D.I. O.I. O.D.

Na frase, o verbo apresentar é transitivo direto e indireto. A alternativa B está


incorreta.

 Sem falsa modéstia, recebeu a ovação com elegância e alegria.

Receber é verbo transitivo direto. A alternativa C está correta.

 Tentou cantar de modo condizente com as recomendações do maestro.

No caso em tela, temos verbo intransitivo.

 Jamais se afastou daquele velho conselho do pai.

Afastar, no sentido de distanciar-se de, é transitivo indireto.

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Diante o exposto, a alternativa correta é a letra C.

Resposta: C

21. (FCC/TRT-15ªRegião/Analista Judiciário/2015)

Não é preciso assistir a 12 Anos de Escravidão para saber que a prática foi uma
das maiores vergonhas da humanidade. Mas é preciso corrigir o tempo do
verbo. Foi? Melhor escrever a frase no presente. A escravidão ainda é uma das
maiores vergonhas da humanidade. E o fato de o Ocidente não ocupar mais o
topo da lista como responsável pelo crime não deve ser motivo para
esquecermos ou escondermos a infâmia.
Anos atrás, lembro-me de um livro aterrador de Benjamin Skinner que ficou
gravado nos meus neurônios. Seu título era A Crime So Monstrous (Um crime
tão monstruoso) e Skinner ocupava-se da escravidão moderna para chegar à
conclusão aterradora: existem hoje mais escravos do que em qualquer outra
época da história humana.
Skinner não falava apenas de novas formas de escravidão, como o tráfico de
mulheres na Europa ou nos Estados Unidos. A escravidão que denunciava
com dureza a velha escravidão clássica - a exploração braçal e brutal de
milhares ou milhões de seres humanos trabalhando em plantações ou pedreiras
ao som do chicote. [...]
Pois bem: o livro de Skinner tem novos desenvolvimentos com o maior estudo
jamais feito sobre a escravidão atual. Promovido pela Associação Walk Free,
o Global Slavery Index é um belo retrato da nossa miséria contemporânea. [...]
A Índia, tal como o livro de Benjamin Skinner já anunciava, continua a espantar
o mundo em termos absolutos com um número que hoje oscila entre os 13
milhões e os 14 milhões de escravos. Falamos, na grande maioria, de gente que
continua a trabalhar uma vida inteira para pagar as chamadas "dívidas
transgeracionais" em condições semelhantes às dos escravos do Brasil nas
roças.

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Conclusões principais do estudo? Pessoalmente, interessam-me duas. A


primeira, segundo o Global Slavery Index, é que a escravidão é residual, para
não dizer praticamente inexistente, no Ocidente branco e "imperialista".
De fato, a grande originalidade da Europa não foi a escravidão; foi, pelo
contrário, a existência de movimentos abolicionistas que terminaram com ela. A
escravidão sempre existiu antes de portugueses ou espanhóis comprarem
negros na África rumo ao Novo Mundo. Sempre existiu e, pelo visto, continua a
existir.
Mas é possível retirar uma segunda conclusão: o ruidoso silêncio que a
escravidão moderna merece da intelectualidade progressista. Quem fala, hoje,
dos 30 milhões de escravos que continuam acorrentados na África, na Ásia e
até na América Latina? [...]
O filme de Steve McQueen, 12 Anos de Escravidão, pode relembrar ao mundo
algumas vergonhas passadas. Mas confesso que espero pelo dia em que
Hollywood também irá filmar as vergonhas presentes: as vidas anônimas dos
infelizes da Mauritânia ou do Haiti que, ao contrário do escravo do filme, não
têm final feliz.
(Adaptado de: COUTINHO, João Pereira. "Os Escravos". Disponível
em: http://www1.folha.uol.com.br)

No contexto dado, possui a mesma regência do verbo presente no


segmento A escravidão que denunciava com dureza, o que se encontra
sublinhado em:

o
a) Quem fala, hoje, dos 30 milhões de escravos...(8 parágrafo)
b) ... número que hoje oscila entre os 13 milhões e os 14
o
milhões...(5 parágrafo)
c) ... antes de portugueses ou espanhóis comprarem negros na África rumo ao
o
Novo Mundo.(7 parágrafo)
d) ... o Global Slavery Index é um belo retrato da nossa
o
miséria...(4 parágrafo)
o
e) Não é preciso assistir a 12 Anos de Escravidão... (1 parágrafo)

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Comentário:

Denunciar, no sentido de tornar conhecido, é transitivo direto.

Vamos, então, analisar cada questão.

o
 Quem fala, hoje, dos 30 milhões de escravos...(8 parágrafo)

Na frase em questão, o verbo falar é verbo transitivo indireto.

 ... número que hoje oscila entre os 13 milhões e os 14


o
milhões...(5 parágrafo)

O verbo oscilar, no sentido de hesitar entre duas opiniões ou posições, é


transitivo indireto.

 ... antes de portugueses ou espanhóis comprarem negros na África rumo ao


o
Novo Mundo.(7 parágrafo)

Comprar é verbo transitivo direto.

 ... o Global Slavery Index é um belo retrato da nossa


o
miséria...(4 parágrafo)

Ser é verbo de ligação.

o
 Não é preciso assistir a 12 Anos de Escravidão... (1 parágrafo)

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Vale a pena ver de novo!!!

Assistir, no sentido de ver, presenciar, é verbo transitivo indireto e pede


preposição a.

Assistir a todo o seriado.

Aqui, também, exigem-se as formas a ele,


a ela, a eles, a elas em substituição do
objeto indireto.

Assisti ao concerto.  Assisti a ele.

Diante o exposto, no contexto dado, a alternativa C possui a mesma regência


do verbo presente no segmento A escravidão que denunciava com dureza
(Verbo transitivo direto).

Resposta: C

22. (Cespe/TCE–RN/Assessor-Tecnologia da Informação/2015) Em relação às


ideias e às estruturas linguísticas do texto Exercício da cidadania, julgue o
item seguinte.

Exercer a cidadania é muito mais que um direito, é um dever, uma


obrigação.
Você como cidadão é parte legítima para, de acordo com a lei, informar ao
Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte (TCE/RN) os atos
ilegítimos, ilegais e antieconômicos eventualmente praticados pelos agentes
públicos.
A garantia desse preceito advém da própria Constituição do estado do Rio
Grande do Norte, em seu artigo 55, § 3.º, que estabelece que qualquer
cidadão, partido político ou entidade organizada da sociedade pode

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apresentar, ao TCE/RN denúncia sobre irregularidades ou ilegalidades


praticadas no âmbito das administrações estadual e municipal.
Exercício da cidadania. Internet: www.tce.m.gov.br (com
adaptações).

Mantém-se a correção gramatical do texto se o trecho “informar ao Tribunal


de Contas do Estado do Rio Grande do Norte (TCE/RN) os atos ilegítimos” (l.
4 e 5) for reescrito da seguinte forma: informar ao Tribunal de Contas do
Estado do Rio Grande do Norte (TCE/RN) sobre os atos ilegítimos.

Comentário:

Informar é verbo transitivo direto e indireto.

Vamos esclarecer a questão.

 Informar alguém de algo ou algo de alguém.

Dessa maneira, na frase:

... informar ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte


(TCE/RN) sobre os atos ilegítimos.

Temos dois termos preposicionados. Assim, está incorreta a construção.

Poderíamos, assim, construir:

 ... informar ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte


(TCE/RN) os atos ilegítimos;

Ou:

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 ... informar o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte


(TCE/RN) sobre os atos ilegítimos.

Resposta: E

23. (FCC/MANAUSPREV/Técnico Previdenciário/2015) O elemento em


destaque está empregado corretamente em:

a) As obras de arte de que se tenta retratar a natureza, emprestam-lhe voz


humana.
b) A árvore é símbolo recorrente com que fazemos uso para falar de meio
ambiente.
c) A natureza, por cuja preservação lutamos, nega-se, no entanto, a ser
domesticada.
d) Natureza e arte não são elementos estanques, esta faz a que melhor
compreendamos aquela.
e) Cada vez mais o mundo tecnológico nos afasta da natureza em que fazemos
parte.

Comentário:

A questão trata de regência. Vamos analisar cada frase.

 As obras de arte de que se tenta retratar a natureza, emprestam-lhe voz


humana.

Na frase em questão, temos:

Tenta-se retratar a natureza nas obras de arte. Dessa maneira, a preposição


ficaria correto se, assim, fosse redigido: As obras de arte em que se tenta
retratar a natureza, emprestam-lhe voz humana.

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 A árvore é símbolo recorrente com que fazemos uso para falar de meio
ambiente.

Fazemos uso de alguma coisa. Dessa maneira, o correto seria: A árvore é


símbolo recorrente de que fazemos uso para falar de meio ambiente.

 A natureza, por cuja preservação lutamos, nega-se, no entanto, a ser


domesticada.

Quem luta luta por. A alternativa está correta.

 Natureza e arte não são elementos estanques, esta faz a que melhor
compreendamos aquela.

O verbo fazer é transitivo direto. Dessa maneira, não exige preposição.

 Cada vez mais o mundo tecnológico nos afasta da natureza em que fazemos
parte.

Fazemos parte de alguma coisa. A preposição em, nesta frase, foi empregada
incorretamente. Assim, ficaria correta a frase se fosse redigida desta maneira:
Cada vez mais o mundo tecnológico nos afasta da natureza de que fazemos
parte.

Resposta: C

24. (FCC/TER-RR/Técnico Judiciário/2015)

É indiscutível que no mundo contemporâneo o ambiente do futebol é dos mais


intensos do ponto de vista psicológico. Nos estádios a concentração é total.
Vive-se ali situação de incessante dialética entre o metafórico e o literal, entre o
lúdico e o real. O que varia conforme o indivíduo considerado é a passagem de

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uma condição a outra. Passagem rápida no caso do torcedor, cuja regressão


psíquica do lúdico dura algumas horas e funciona como escape para as pressões
do cotidiano. Passagem lenta no caso do futebolista profissional, que vive
quinze ou vinte anos em ambiente de fantasia, que geralmente torna difícil a
inserção na realidade global quando termina a carreira. A solução para muitos é
a reconversão em técnico, que os mantém sob holofote. Lothar Matthäus, por
exemplo, recordista de partidas em Copas do Mundo, com a seleção alemã,
Ballon d’Or de 1990, tornou-se técnico porque “na verdade, para mim, o futebol
é mais importante do que a família”. [...]
Sendo esporte coletivo, o futebol tem implicações e significações psicológicas
coletivas, porém calcadas, pelo menos em parte, nas individualidades que o
compõem. O jogo é coletivo, como a vida social, porém num e noutra a atuação
de um só indivíduo pode repercutir sobre o todo. Como em qualquer sociedade,
na do futebol vive-se o tempo inteiro em equilíbrio precário entre o indivíduo e
o grupo. O jogador busca o sucesso pessoal, para o qual depende em grande
parte dos companheiros; há um sentimento de equipe, que depende das
qualidades pessoais de seus membros. O torcedor lúcido busca o prazer do jogo
preservando sua individualidade; todavia, a própria condição de torcedor acaba
por diluí-lo na massa.
(JÚNIOR, Hilário Franco. A dança dos deuses: futebol, cultura,
sociedade. São Paulo: Companhia das letras, 2007, p. 303-304,
com adaptações)

*Ballon d’Or 1990 - prêmio de melhor jogador do


ano

O jogador busca o sucesso pessoal ...

A mesma relação sintática entre verbo e complemento, sublinhados acima,


está em:

a) É indiscutível que no mundo contemporâneo...


b) ... o futebol tem implicações e significações psicológicas coletivas ...
c) ... e funciona como escape para as pressões do cotidiano.

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d) A solução para muitos é a reconversão em técnico ...


e) ... que depende das qualidades pessoais de seus membros.

Comentário:

Observe a frase:

O jogador busca o sucesso pessoal ...


Suj. V.T.D. O.D.

O verbo em questão é transitivo direto.

Vamos, então, analisar cada frase separadamente:

 É indiscutível que no mundo contemporâneo...

É  verbo de ligação

 ... o futebol tem implicações e significações psicológicas coletivas ...

Tem  Verbo transitivo direto


implicações e significações psicológicas coletivas  objeto direto

 ... e funciona como escape para as pressões do cotidiano.

Funciona  verbo intransitivo

 A solução para muitos é a reconversão em técnico ...

É  verbo de ligação

 ... que depende das qualidades pessoais de seus membros.

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Depende  verbo transitivo indireto


Percebemos que a frase que contém verbo transitivo direto é a letra B.

Resposta: B

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Lista das questões comentadas

1. (FCC/TRF–3ªRegião/Analista Judiciário/2016)

Os Beatles eram um mecanismo de criação. A força propulsora desse


mecanismo era a interação dialética de John Lennon e Paul McCartney. Dialética
é diálogo, embate, discussão. Mas também jogo permanente. Adição e
contradição. Movimento e síntese. Dois compositores igualmente geniais, mas
com inclinações distintas. Dois líderes cheios de ideias e talento. Um levando o
outro a permanentemente se superar.
As narrativas mais comuns da trajetória dos Beatles levam a crer que a parceria
Lennon e McCartney aconteceu apenas na fase inicial do conjunto. Trata-se de
um engano. Mesmo quando escreviam separados, John e Paul o faziam um para
o outro. Pensavam, sentiam e criavam obcecados com a presença (ou ausência)
do parceiro e rival.
Lennon era um purista musical, apegado a suas raízes. Quem embarcou na
vanguarda musical dos anos 60 foi Paul McCartney, um perfeccionista dado a
experimentos e delírios orquestrais. Em contrapartida, sem o olhar crítico de
Lennon, sem sua verve, os mais conhecidos padrões de McCartney teriam
sofrido perdas poéticas. Lennon sabia reprimir o banal e fomentar o sublime.
Como a dialética é uma via de mão dupla, também o lado suave de Lennon se
nutria da presença benfazeja de Paul. Gemas preciosas como Julia têm as
impressões digitais do parceiro, embora escritas na mais monástica solidão.
Nietzsche atribui caráter dionisíaco aos impulsos rebeldes, subjetivos,
irracionais; forças do transe, que questionam e subvertem a ordem vigente. Em
contrapartida, designa como apolíneas as tendências ordenadoras, objetivas,
racionais, solares; forças do sonho e da profecia, que promovem e aprimoram o
ordenamento do mundo. Ao se unirem, tais forças teriam criado, a seu ver, a
mais nobre forma de arte que jamais existiu.
Como criadores, tanto o metódico Paul McCartney como o irrequieto John
Lennon expressavam à perfeição a dualidade proposta por Nietzsche. Lennon
punha o mundo abaixo; McCartney construía novos monumentos. Lennon abria

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mentes; McCartney aquecia corações. Lennon trazia vigor e energia; McCartney


impunha senso estético e coesão.
Quando os Beatles se separaram, essa magia se rompeu. John e Paul se
tornaram compositores com altos e baixos. Fizeram coisas boas. Mas raramente
se aproximaram da perfeição alcançada pelo quarteto. Sem a presença
instigante de Lennon, Paul começou a patinar em letras anódinas. Não se
tornou um compositor ruim. Mas os Beatles faziam melhor. Ironicamente, o
grande disco dos ex-Beatles acabou sendo o álbum triplo em que George
Harrison deglutiu os antigos companheiros de banda, abrindo as comportas de
sua produção represada durante uma década à sombra de John e Paul. E foi
assim, por estranhos caminhos antropofágicos, que a dialética de Lennon e
McCartney brilhou pela última vez.
(Adaptado de: DANTAS, Marcelo O. Revista Piauí. Disponível
em: http://revistapiaui.estadao.com.br/materia/beatles.
Acesso em: 20/02/16)

... tanto o metódico Paul McCartney como o irrequieto John Lennon


expressavam à perfeição a dualidade... (6° parágrafo)

O verbo que possui, no contexto, o mesmo tipo de complemento que o da


frase acima está empregado em:

a) Os Beatles eram um mecanismo de criação.


b) Fizeram coisas boas.
c) ... a mais nobre forma de arte que jamais existiu.
d) ... criavam obcecados com a presença (ou ausência)...
e) ... que a dialética de Lennon e McCartney brilhou pela última vez.

2. (FCC/TER–AP/Analista Judiciário/Administrativa/2016)

Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de viagens pelo
nosso interior...

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O verbo transitivo empregado com o mesmo tipo de complemento que o


verbo grifado acima está em:

a) ... o seu nome não figura, como o do outro, em todas as enciclopédias.


b) Roquete Pinto narra o encantado interesse com que na fazenda...
c) ... tão pitorescos são os aspectos e a linguagem que neles...
d) Escrevia sem sombra de ênfase nem pedantismo.
e) Em dezembro de 1816 Saint-Hilaire partiu para Minas...

3. (FUNCAB/EMSERH/Auxiliar Administrativo/2016)

Como seremos amanhã?

Estar aberto às novidades é estar vivo. Fechar-se a elas é morrer estando vivo.
Um certo equilíbrio entre as duas atitudes ajuda a nem ser antiquado demais
nem ser superavançadinho, correndo o perigo de confusões ou ridículo.
Sempre me fascinaram as mudanças - às vezes avanço, às vezes retorno à
caverna. Hoje andam incrivelmente rápidas, atingindo usos e costumes, ciência
e tecnologia, com reflexos nas mais sofisticadas e nas menores coisas com que
lidamos. Nossa visão de mundo se transforma, mas penso que não no mesmo
ritmo; então, de vez em quando nos pegamos dizendo, como nossas mães ou
avós tanto tempo atrás: “Nossa! Como tudo mudou!”
Nos usos e costumes a coisa é séria e nos afeta a todos: crianças muito
precocemente sexualizadas pela moda, pela televisão, muitas vezes por mães
alienadas. [...]
Na saúde, acho que melhorou. Sou de uma infância sem antibióticos. A gente
sobrevivia sob os cuidados de mãe, pai, avó, médico de família, aquele que
atendia do parto à cirurgia mais complexa para aqueles dias. Dieta, que hoje se
tornou obsessão, era impensável, sobretudo para crianças, e eu pré-
adolescente gordinha, não podia nem falar em “regime” que minha mãe
arrancava os cabelos e o médico sacudia a cabeça: “Nem pensar”.

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Em breve estaremos menos doentes: célula-tronco e chips vão nos consertar


de imediato, ou evitar os males. Teremos de descobrir o que fazer com tanto
tempo de vida a mais que nos será concedido... [...]
Quem sabe nos mataremos menos, se as drogas forem controladas e a miséria
extinta. Não creio em igualdade, mas em dignidade para todos. Talvez haja
menos guerras, porque de alguma forma seremos menos violentos.
[...]
As crianças terão outras memórias, outras brincadeiras, outras alegrias; os
adultos, novas sensações e possibilidades. Mas as emoções humanas, estas eu
penso que vão demorar a mudar. Todos vão continuar querendo mais ou menos
o mesmo: afeto, presença, sentido para a vida, alegria. Desta, por mais
modernos, avançados, biônicos, quânticos, incríveis, não podemos esquecer. Ou
não valerá a pena nem um só ano a mais, saúde a mais, brinquedinhos a mais.
Seremos uns robôs cinzentos e sem graça!
Lya Luft, Veja. São Paulo, 2 de março, 2011, p.24.

Se no trecho “Hoje andam incrivelmente rápidas, atingindo usos e costumes,


ciência e tecnologia, com reflexos nas mais sofisticadas e nas menores
coisas COM QUE lidamos.” for trocado o verbo lidar pelo verbo conversar,
também será necessário trocar as palavras destacadas por:

a) pela qual.
b) de que.
c) cujas as.
d) em que.
e) sobre as quais.

4. (FAURGS/TJ–RS/Juiz de Direito Substituto/2016) Texto para a questão.

O ataque ao cofre

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A corte chegou ao Brasil empobrecida, destituída e necessitada de tudo. Já


estava falida quando deixara Lisboa, mas a situação se agravou ainda mais no
Rio de Janeiro. Deve-se lembrar que entre 10.000 e 15.000 portugueses
atravessaram o Atlântico junto com D. João. Para se ter uma ideia do que isso
significava, basta se levar em conta que, ao mudar a sede do governo dos
Estados Unidos da Filadélfia para a recém-construída Washiton, em 1800, o
presidente John Adams transferiu para a nova capital cerca de 1.000
funcionários. Ou seja, a corte portuguesa no Brasil era entre 10 e 15 vezes
mais gorda do que a máquina burocrática americana nessa época. E todos
dependiam do erário real ou esperavam do príncipe regente algum benefício
em troca do “sacrifício” da viagem. “Um enxame de aventureiros, necessitados
e sem princípios, acompanhou a família real”, notou o historiador John
Armitage. “Os novos hóspedes pouco se interessavam pela propriedade do
Brasil. Consideravam temporária a sua ausência de Portugal e propunham-se
mais a enriquecer-se à custa do Estado do que a administrar a justiça ou a
beneficiar o público”.
Onde achar dinheiro para socorrer tanta gente? A primeira solução foi obter um
empréstimo da Inglaterra, no valor de 600.000 libras esterlinas. Esse dinheiro,
usado em 1809 para cobrir as despesas da viagem e os primeiros gastos da
corte no Rio de Janeiro, é um exemplo do compadrio que se estabeleceu entre a
monarquia e uma casta de privilegiados negociantes, fazendeiros e traficantes
de escravos a partir de 1808.
Adaptado de: “O ataque ao cofre”, capítulo do livro “1808 – Como
uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta
enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil”,
de Laurentino Gomes.

Assinale a única alternativa em que a substituição de um verbo por outro


acarretará erro de regência verbal.

a) chegou (l. 01) por foi.


b) deixara (l. 02) por partira.
c) atravessaram (l. 04) por cruzaram.

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d) dependiam (l. 11) por precisavam.


e) cobrir (l. 21) por pagar.

5. (Instituto Cidade/CONFERE/Assistente Administrativo/2016) Marque a


opção em que a regência verbal foi DESOBEDECIDA:

a) Todos os países devem se lembrar de que a responsabilidade do equilíbrio


ambiental é coletiva.
b) Todos os países devem lembrar que a responsabilidade do equilíbrio
ambiental é coletiva.
c) Todos os países não devem esquecer-se de que a responsabilidade do
equilíbrio ambiental é coletiva.
d) Todos os países não devem esquecer de que a responsabilidade do equilíbrio
ambiental é coletiva.

6. (Cespe/FUNPRESP-EXE/Analista/2016)

Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto Um amigo em


talas, julgue o item que se segue.
O meu antigo companheiro de pensão Amadeu Amaral Júnior, um homem
louro e fornido, tinha costumes singulares que espantavam os outros
hóspedes.
Amadeu Amaral Júnior vestia-se com sobriedade: usava uma cueca preta e
calçava medonhos tamancos barulhentos. Alimentava-se mal, espichava-se
na cama, agitando o soalho, o que provocava a indignação dos outros
pensionistas. Quando se cansava, sentava-se a uma grande mesa ao fundo
da sala e escrevia o resto da noite. Leu um tratado de psicologia e trocou-o
em miúdo, isto é, reduziu-o a artigos, uns quarenta ou cinquenta, que
projetou meter nas revistas e nos jornais e com o produto vestir-se, habitar
uma casa diferente daquela e pagar ao barbeiro.
Mudamo-nos, separamo-nos, perdemo-nos de vista. Creio que os artigos de
psicologia não foram publicados, pois há tempo li este anúncio num

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semanário: “Intelectual desempregado. Amadeu Amaral Júnior, em estado de


desemprego, aceita esmolas, donativos, roupa velha, pão dormido. També m
aceita trabalho”. O anúncio não produziu nenhum efeito.
Muita gente se espanta com o procedimento desse amigo. Não sei por quê.
Eu, por mim, acho que Amadeu Amaral Júnior andou muito bem. Todos os
jornalistas necessitados deviam seguir o exemplo dele. O anúncio, pois não.
E, em duros casos, a propaganda oral, numa esquina, aos gritos. Exatamente
como quem vende pomada para calos.
Graciliano Ramos. Um amigo em talas. In: Linhas tortas. Rio
de Janeiro: Record, 1983, p. 125 (com adaptações).

A substituição do pronome “o", em “reduziu-o a artigos" (l. 10 e 11),


por lhe preservaria a correção gramatical do texto.

7. (VUNESP/MPE–SP/Oficina de Promotoria/2016)

Entre as boas figuras de boa-fé do Rio de Janeiro figurava o Garcia, bom


homem, cujo único defeito era ser fraco de inteligência, defeito que todos lhe
perdoavam por não ser culpa dele.
O nosso herói não se empregava absolutamente em outra coisa que não fosse
comer, beber, dormir e trocar as pernas pela cidade. Tinha herdado dos pais o
suficiente para levar essa vida folgada e milagrosa, e só gastava o
rendimento do seu patrimônio.
Casara-se com d. Laura, que, não sendo formosa que o inquietasse, nem feia
que lhe repugnasse, era mais inteligente e instruída que ele. Esta superioridade
dava-lhe certo ascendente, de que ela usava e abusava no lar doméstico, onde
só a sua vontade e a sua opinião prevaleciam sempre.
O Garcia não se revoltava contra a passividade a que era submetido pela
mulher: reconhecia que d. Laura tinha sobre ele grandes vantagens intelectuais
e, se era honesta e fiel aos seus deveres conjugais, que lhe importava a ele o
resto?
(Artur Azevedo, O espírito. Em: Seleção de Contos, 2014. Adaptado)

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Assinale a alternativa correta quanto à regência verbal, de acordo com a


norma-padrão.

a) Todos perdoavam do defeito ao Joaquim por não ser culpa dele.


b) Todos perdoavam o defeito para o Joaquim por não ser culpa dele.
c) Todos perdoavam ao defeito do Joaquim por não ser culpa dele.
d) Todos perdoavam o defeito ao Joaquim por não ser culpa dele.
e) Todos perdoavam ao defeito no Joaquim por não ser culpa dele.

8. (IBFC/Emdec/Assistente Administrativo/2016)

A regência do verbo “ir” em “Sonhar é como ir ao cinema”, segue a


exigência da norma padrão da língua. Assinale a opção em que essa
exigência NÃO está sendo respeitada, ilustrando uma transgressão à norma.

e) Preferimos televisão a cinema.


f) Esse comportamento implicará advertência.
g) Nós lembramos de tudo que aconteceu.
h) O candidato aspirava a um bom resultado.

9. (FGV/TJ–PI/Analista Judiciário/Escrivão Judicial/2015)

“Vivemos numa sociedade que tem o hábito de responsabilizar o Estado,


autoridades e governos pelas mazelas do país. Em muitos casos são críticas
absolutamente procedentes, mas, quando o tema é segurança no trânsito,
não nos podemos esquecer que quem faz o trânsito são seres humanos, ou
seja, somos nós".

O desvio de norma culta presente nesse segmento do texto é:

a) “Vivemos numa sociedade que tem o hábito": deveria inserir a preposição


“em" antes do “que";

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b) “críticas absolutamente procedentes": o adjetivo “procedentes" deveria ser


substituído por “precedentes";
c) “Vivemos numa sociedade": a forma verbal “Vivemos" deveria ser
substituída por “vive-se";
d) “não nos podemos esquecer que quem faz o trânsito": deveria inserir-se a
preposição “de" antes do “que";
e) “quem faz o trânsito são seres humanos, ou seja, somos nós": a forma
verbal correta seria “fazemos" e não “faz".

10. (Máxima/IBIO-AGB Doce–MG/Auxiliar Administrativo/2015) Observando a


regência dos verbos nas orações abaixo, assinale a alternativa que
apresenta uma oração em desacordo com a norma culta, apresentando
assim traços da coloquialidade.

a) Informaram-no dos problemas ocorridos no evento.


b) Nunca me simpatizei com esse tipo de música.
c) Preferia sempre adaptações de livros literários a textos integrais.
d) Lembro-me sempre de suas observações relevantes.

11. (FGV/Prefeitura de Niterói–RJ/Fiscal de Tributos/2015)

“As casas em que passamos tão pouco tempo são repletas de objetos”.
Nesse período, o pronome relativo está precedido da preposição “em”,
devido à regência do verbo “passar”.

A frase abaixo em que a preposição está mal-empregada em face da norma


culta tradicional é:

a) O cargo a que aspiramos deve ser ocupado urgentemente.


b) Os assuntos sobre que discutimos não eram tão sérios.
c) O grande trabalho em que isso implica deve ser avaliado.
d) A obra a que se dedicou foi bem construída.

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e) O ideal por que lutou é dos mais nobres.

12. (FGV/Prefeitura de Niterou–RJ/Fiscal de Posturas/2015)

“A publicidade cerca-nos de todos os lados - na TV, nas ruas, nas revistas e


nos jornais – e força-nos a ser mais consumidores que cidadãos”.

Se, em lugar do pronome “nós”, empregássemos o pronome “eles”, as


formas sublinhadas deveriam ser substituídas, respectivamente, por:

a) lhes/lhes;
b) os/lhes;
c) lhes/os;
d) os/os;
e) a eles/a eles.

13. (FUNCEPE/Câmara Municipal de Acaraú/Consultor Legislativo/2014) Em


“Uma das primeiras secas que se tem notícia (...)", segundo a norma culta,
ocorre um erro de:

a) ortoépia
b) colocação
c) acentuação
d) grafia
e) regência

14. (AOCP/UFC/Técnico em Segurança do Trabalho/2014)

Três motivos pelos quais você deve comer chocolate

Entre as pesquisas que apontam para efeitos positivos do consumo do


chocolate, as mais numerosas são, de longe, aquelas que associam o alimento

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a benefícios ao coração. Segundo um estudo publicado no ano passado


no British Medical Journal (BMJ), por exemplo, é possível diminuir o risco de
eventos cardiovasculares comendo chocolate amargo (com pelo menos 60% de
cacau) todos os dias. Outro trabalho, feito na Universidade de Cambridge e
divulgado em 2011, mediu o quão benéfico o chocolate pode ser ao coração:
segundo o estudo, o consumo sem excessos do alimento diminui em 37% o
risco de doenças cardíacas e em 29% as chances de acidente vascular cerebral
(AVC).
Parte da redução das chances de doenças cardíacas proporcionada pelo
chocolate pode ser explicada pelo fato de ele, antes disso, evitar o surgimento
de fatores de risco ao coração, como hipertensão ou colesterol alto. De acordo
com pesquisa australiana publicada em 2010 no periódico BMC Medicine, por
exemplo, o chocolate amargo ajuda a diminuir a pressão arterial de pessoas
que sofrem de hipertensão.
Em 2012, um estudo feito por pesquisadores da Universidade da Califórnia em
San Diego, nos Estados Unidos, quebrou o mito de que chocolate engorda e
ainda concluiu, surpreendentemente, que o alimento pode, na verdade, ajudar
uma pessoa a emagrecer. Isso porque, das 1.000 pessoas que participaram da
pesquisa, aquelas que comiam chocolate com maior frequência, embora
consumissem mais calorias em um dia, foram as que apresentaram, em média,
um índice de massa corporal (IMC) menor. Essa relação aconteceu
principalmente quando o indivíduo consumia chocolate amargo. Segundo os
autores do estudo, pode ser que as calorias no chocolate sejam ‘neutras’ — ou
seja, que pequenas quantidades do alimento beneficiem o metabolismo,
reduzam o acúmulo de gordura no corpo e, assim, compensem as calorias
consumidas. Além disso, os pesquisadores acreditam que as propriedades
antioxidantes do chocolate estejam por trás dos efeitos positivos demonstrados
pelo trabalho.
Em uma pesquisa realizada em 2012 na Universidade de Áquila, na Itália, 90
idosos com mais de 70 anos que já apresentavam sinais de comprometimento
cognitivo passaram dois meses consumindo diariamente uma bebida que
misturava leite a um achocolatado com alto teor de cacau. A quantidade do

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achocolatado variava de acordo com o participante, podendo ser de 990, 520


ou 45 miligramas por dia. Ao final desse período, os pesquisadores avaliaram os
idosos e descobriram que aqueles que consumiram quantidades alta e média do
achocolatado, em comparação com o restante os participantes, apresentaram
uma melhora nos reflexos, na capacidade de realizar mais de uma atividade ao
mesmo tempo, na memória verbal e na de trabalho (ou a curto prazo), além de
melhores resultados em testes que avaliaram o raciocínio. Os autores do estudo
atribuíram tais benefícios aos flavonoides, compostos presentes no cacau que,
entre outros efeitos positivos, também são associados a benefícios ao coração
— desde que aliados a uma dieta saudável.
Adaptado de http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/isabel-
clemente/ noticia/2014/03/geracao-de-bpais-avosb.html

“Entre as pesquisas que apontam para efeitos positivos do consumo do


chocolate, as mais numerosas são, de longe, aquelas que associam o
alimento a benefícios ao coração.”

Assinale a alternativa em que o verbo destacado apresenta, na oração a que


pertence, a mesma regência do verbo associar no período acima.

a) Foi ao cinema quando entardeceu.


b) Crianças carentes precisam de atenção redobrada.
c) Lavou o carro logo de manhã.
d) Abandonou o emprego, pois estava insatisfeito.
e) Entregamos os vasilhames ao repositor.

(AOCP/UFS/Fisioterapeuta/2014) Texto para as duas próximas questões.

Sobre a origem de tudo


Marcelo Gleiser

Volta e meia retorno ao tema da origem de tudo, que inevitavelmente leva a


reflexões em que as fronteiras entre ciência e religião meio que se misturam.

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Sabemos que as primeiras narrativas de criação do mundo vêm de textos


religiosos, os mitos de criação. O Gênesis, primeiro livro da bíblia, é um
exemplo deles, se bem que é importante lembrar que não é o único.
Talvez seja surpreendente, especialmente para as pessoas de fé, que a ciência
moderna tenha algo a dizer sobre o assunto. E não há dúvida que o progresso
da cosmologia e da astronomia levaram a um conhecimento sem precedentes
da história cósmica, que hoje sabemos teve um começo há aproximadamente
13,8 bilhões de anos. Tal como você e eu, o Universo também tem uma data de
nascimento.
A questão complica se persistimos com essa analogia: você e eu tivemos pais
que nos geraram. Existe uma continuidade nessa história, que podemos traçar
até a primeira entidade viva. Lá, nos deparamos com um dilema: como surgiu a
primeira entidade viva, se nada vivo havia para gerá-la? Presumivelmente, a
vida veio da não vida, a partir de reações químicas entre as moléculas que
existiam na Terra primordial. E o Universo? Como surgiu se nada existia antes?
A situação aqui é ainda mais complexa, visto que o Universo inclui tudo o que
existe. Como que tudo pode vir do nada? A prerrogativa da ciência é criar
explicações sem intervenção divina. No caso da origem cósmica, explicações
científicas encontram desafios conceituais enormes.
Isso não significa que nos resta apenas a opção religiosa como solução da
origem cósmica. Significa que precisamos criar um novo modo de explicação
científica para lidar com ela.
Para dar conta da origem do Universo, os modelos que temos hoje combinam
os dois pilares da física do século 20, a teoria da relatividade geral de Einstein,
que explica a gravidade como produto da curvatura do espaço, e a mecânica
quântica, que descreve o comportamento dos átomos. A combinação é
inevitável, dado que, nos seus primórdios, o Universo inteiro era pequeno o
bastante para ser dominado por efeitos quânticos. Modelos da origem cósmica
usam a bizarrice dos efeitos quânticos para explicar o que parece ser
inexplicável.
Por exemplo, da mesma forma que um núcleo radioativo decai
espontaneamente, o Cosmo por inteiro pode ter surgido duma futuação

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Profa. Beatriz de Assis

aleatória de energia, uma bolha de espaço que emergiu do “nada”, que


chamamos de vácuo. O interessante é que essa bolha seria uma flutuação de
energia zero, devido a uma compensação entre a energia positiva da matéria e
a negativa da gravidade. Por isso que muitos físicos, como Stephen Hawking e
Lawrence Krauss, falam que o Universo veio do “nada”. E declaram que a
questão está resolvida. O que é um absurdo. O nada da física é uma entidade
bem complexa.
Esse é apenas um modelo, que pressupõe uma série de conceitos e
extrapolações para fazer sentido: espaço, tempo, energia, leis naturais. Como
tal, está longe de ser uma solução para a questão da origem de tudo. Não me
parece que a ciência, tal como é formulada hoje, pode resolver de vez a
questão da origem cósmica. Para tal, precisaria descrever suas próprias
origens, abranger uma teoria das teorias. O infinito e seu oposto, o nada, são
conceitos essenciais; mas é muito fácil nos perdermos nos seus labirintos
metafísicos.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2013/12/1385
521-sobre-a-origem-de-tudo.shtml.

15. NÃO será mantida a gramática do texto se a expressão:

a) duma for substituída por de uma, em “surgido duma flutuação”.


b) tal como for substituída por assim como, em “Tal como você e eu...”
c) Por isso que for substituída por Por isso, em “Por isso que muitos físicos...”
d) devido a uma for substituída por devido uma, em “devido a
uma compensação...”
e) Como que for substituída por como, em “Como que tudo pode vir do nada?”

16. Em “E não há dúvida que o progresso ...”, NÃO há atendimento à


norma padrão quanto à:

a) regência nominal
b) concordância verbal.
c) concordância nominal

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d) sintaxe de colocação pronominal.


e) regência verbal.

17. (AOCP/Prefeitura de Camaçari–BA/Jornalista/2010) Assinale a alternativa


que NÃO apresenta a análise correta dos verbos.

a) “Há desconfiança em cima dos diretores e professores.” (verbo transitivo


direto)
b) “’ Reconheço que a carga burocrática para os diretores é muito pesada.’”
(verbo de ligação)
c) “...qualquer compra exige três orçamentos...” (verbo transitivo direto)
d) "Diminuiu muito a papelada." (verbo transitivo direto)
e) “...mandar a planilha de bens patrimoniais ao setor de bens...” (verbo
transitivo direto e indireto)

18. (FCC/TER–AP/Técnico Judiciário/2015)

Recém-chegado a Roma em 1505, Michelangelo Buonarroti foi contratado para


fazer aquela que vislumbrava como a obra de sua vida. O jovem que acabara
de se consagrar como escultor do Davi recebeu a incumbência de criar o futuro
túmulo do papa Júlio II. O projeto consistia no maior conjunto de esculturas
desde a antiguidade. Mas Júlio II mudou de ideia: antes de fazer o túmulo,
resolveu reconstruir a Catedral de São Pedro. Com o adiamento, Michelangelo
recebeu um prêmio de consolação: pintar o teto de uma capela de uso
reservado que se encontrava em estado deplorável.
Michelangelo resistiu a pintar a capela não apenas por julgar que seria um
projeto menor. Relatos indicam que, na raiz disso, havia uma forte insegurança.
O artista, que se considerava um escultor, cortava de forma peremptória
quando lhe pediam uma pintura: “não é minha profissão”. Hoje, é curioso
imaginar que o criador do teto da Capela Sistina possa ter resistido a seu
destino.

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Michelangelo fez fortuna servindo a sete papas e a outros tantos notáveis, como
o clã florentino dos Medici. Nem sempre, porém, entregava o que prometia.
Para sobreviver, enfim, Michelangelo teve de enfrentar questões que afligem
os seres humanos em qualquer tempo. Como no caso de sua resistência a
trocar a escultura pela pintura, quem nunca tremeu nas bases ao ser forçado a
sair de sua zona de conforto? Em matéria de pressão competitiva, a arte
renascentista não diferia tanto do ambiente de busca pelo alto desempenho das
corporações modernas. O jovem Michelangelo penou para demonstrar o valor
de seu gênio numa Florença dominada por estrelas veteranas como Leonardo
da Vinci.
O corpo humano foi o campo de batalha artística de Michelangelo. Como definiu
o pintor futurista Umberto Boccioni (1882-1916), essa era sua “matéria
arquitetônica para a construção dos sonhos”. Michelangelo criou corpos
perfeitos, mas irreais: o Davi tem musculatura de homem adulto, mas
compleição de menino. Com isso, o artista resgatava a imagem juvenil dos
deuses gregos.
(Adaptado de Revista VEJA. Edição 2445, 30/09/2015)

Michelangelo resistiu a pintar a capela...


...que afligem os seres humanos...
O jovem Michelangelo penou para demonstrar o valor de seu gênio...

Fazendo-se as alterações necessárias, os elementos sublinhados acima


foram corretamente substituídos por um pronome, respectivamente, em:

a) lhe pintar – lhes afligem – o demonstrar


b) pintar-lhe – afligem-nos − demonstrar-lhe
c) pintá-la – afligem-lhes – demonstrá-lo
d) pintá-la – os afligem – demonstrá-lo
e) pintar-lhe – os afligem – lhe demonstrar

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19. (Cesgranrio/Bando do Brasil/Escriturário/2015) De acordo com as


regras de regência verbal estabelecidas pela norma-padrão da Língua
Portuguesa, o elemento destacado está adequadamente empregado em:

a) Os inadimplentes infringem aos regulamentos estabelecidos pelas


financeiras ao deixar de cumprir os prazos dos empréstimos.
b) Os comerciantes elogiaram aos bancos às medidas tomadas a favor de seus
empreendimentos.
c) Vários executivos procuram realizar cursos de especialização porque
cobiçam aos estágios mais avançados da carreira.
d) Os funcionários mais graduados das grandes empresas
aspiram aos melhores cargos tendo em vista o aumento de seu poder
aquisitivo.
e) Algumas grandes empresas responsáveis pelas redes sociais
ludibriam aos princípios estabelecidos por lei ao permitir postagens
agressivas.

20. (FCC/TRT-4ªRegião/Analista Judiciário/2015)

Em nenhum momento da história a sociedade, como um todo,


conseguiu sustentar facilmente os custos exorbitantes da ópera.

Na frase acima, a locução verbal está empregada com regência idêntica à


presente em:

a) O crítico elegeu o jovem cantor o maior artista da temporada.


b) Apresentou-nos currículo repleto de menções honrosas.
c) Sem falsa modéstia, recebeu a ovação com elegância e alegria.
d) Tentou cantar de modo condizente com as recomendações do maestro.
e) Jamais se afastou daquele velho conselho do pai.

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21. (FCC/TRT-15ªRegião/Analista Judiciário/2015)

Não é preciso assistir a 12 Anos de Escravidão para saber que a prática foi uma
das maiores vergonhas da humanidade. Mas é preciso corrigir o tempo do
verbo. Foi? Melhor escrever a frase no presente. A escravidão ainda é uma das
maiores vergonhas da humanidade. E o fato de o Ocidente não ocupar mais o
topo da lista como responsável pelo crime não deve ser motivo para
esquecermos ou escondermos a infâmia.
Anos atrás, lembro-me de um livro aterrador de Benjamin Skinner que ficou
gravado nos meus neurônios. Seu título era A Crime So Monstrous (Um crime
tão monstruoso) e Skinner ocupava-se da escravidão moderna para chegar à
conclusão aterradora: existem hoje mais escravos do que em qualquer outra
época da história humana.
Skinner não falava apenas de novas formas de escravidão, como o tráfico de
mulheres na Europa ou nos Estados Unidos. A escravidão que denunciava
com dureza a velha escravidão clássica - a exploração braçal e brutal de
milhares ou milhões de seres humanos trabalhando em plantações ou pedreiras
ao som do chicote. [...]
Pois bem: o livro de Skinner tem novos desenvolvimentos com o maior estudo
jamais feito sobre a escravidão atual. Promovido pela Associação Walk Free,
o Global Slavery Index é um belo retrato da nossa miséria contemporânea. [...]
A Índia, tal como o livro de Benjamin Skinner já anunciava, continua a espantar
o mundo em termos absolutos com um número que hoje oscila entre os 13
milhões e os 14 milhões de escravos. Falamos, na grande maioria, de gente que
continua a trabalhar uma vida inteira para pagar as chamadas "dívidas
transgeracionais" em condições semelhantes às dos escravos do Brasil nas
roças.
Conclusões principais do estudo? Pessoalmente, interessam-me duas. A
primeira, segundo o Global Slavery Index, é que a escravidão é residual, para
não dizer praticamente inexistente, no Ocidente branco e "imperialista".
De fato, a grande originalidade da Europa não foi a escravidão; foi, pelo
contrário, a existência de movimentos abolicionistas que terminaram com ela. A

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escravidão sempre existiu antes de portugueses ou espanhóis comprarem


negros na África rumo ao Novo Mundo. Sempre existiu e, pelo visto, continua a
existir.
Mas é possível retirar uma segunda conclusão: o ruidoso silêncio que a
escravidão moderna merece da intelectualidade progressista. Quem fala, hoje,
dos 30 milhões de escravos que continuam acorrentados na África, na Ásia e
até na América Latina? [...]
O filme de Steve McQueen, 12 Anos de Escravidão, pode relembrar ao mundo
algumas vergonhas passadas. Mas confesso que espero pelo dia em que
Hollywood também irá filmar as vergonhas presentes: as vidas anônimas dos
infelizes da Mauritânia ou do Haiti que, ao contrário do escravo do filme, não
têm final feliz.
(Adaptado de: COUTINHO, João Pereira. "Os Escravos". Disponível
em: http://www1.folha.uol.com.br)

No contexto dado, possui a mesma regência do verbo presente no


segmento A escravidão que denunciava com dureza, o que se encontra
sublinhado em:

o
a) Quem fala, hoje, dos 30 milhões de escravos...(8 parágrafo)
b) ... número que hoje oscila entre os 13 milhões e os 14
o
milhões...(5 parágrafo)
c) ... antes de portugueses ou espanhóis comprarem negros na África rumo ao
o
Novo Mundo.(7 parágrafo)
d) ... o Global Slavery Index é um belo retrato da nossa
o
miséria...(4 parágrafo)
o
e) Não é preciso assistir a 12 Anos de Escravidão... (1 parágrafo)

22. (Cespe/TCE–RN/Assessor-Tecnologia da Informação/2015) Em relação às


ideias e às estruturas linguísticas do texto Exercício da cidadania, julgue o
item seguinte.

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Exercer a cidadania é muito mais que um direito, é um dever, uma


obrigação.
Você como cidadão é parte legítima para, de acordo com a lei, informar ao
Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte (TCE/RN) os atos
ilegítimos, ilegais e antieconômicos eventualmente praticados pelos agentes
públicos.
A garantia desse preceito advém da própria Constituição do estado do Rio
Grande do Norte, em seu artigo 55, § 3.º, que estabelece que qualquer
cidadão, partido político ou entidade organizada da sociedade pode
apresentar, ao TCE/RN denúncia sobre irregularidades ou ilegalidades
praticadas no âmbito das administrações estadual e municipal.
Exercício da cidadania. Internet: www.tce.m.gov.br (com
adaptações).

Mantém-se a correção gramatical do texto se o trecho “informar ao Tribunal


de Contas do Estado do Rio Grande do Norte (TCE/RN) os atos ilegítimos” (l.
4 e 5) for reescrito da seguinte forma: informar ao Tribunal de Contas do
Estado do Rio Grande do Norte (TCE/RN) sobre os atos ilegítimos.

23. (FCC/MANAUSPREV/Técnico Previdenciário/2015) O elemento em


destaque está empregado corretamente em:

a) As obras de arte de que se tenta retratar a natureza, emprestam-lhe voz


humana.
b) A árvore é símbolo recorrente com que fazemos uso para falar de meio
ambiente.
c) A natureza, por cuja preservação lutamos, nega-se, no entanto, a ser
domesticada.
d) Natureza e arte não são elementos estanques, esta faz a que melhor
compreendamos aquela.
e) Cada vez mais o mundo tecnológico nos afasta da natureza em que fazemos
parte.

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24. (FCC/TER-RR/Técnico Judiciário/2015)

É indiscutível que no mundo contemporâneo o ambiente do futebol é dos mais


intensos do ponto de vista psicológico. Nos estádios a concentração é total.
Vive-se ali situação de incessante dialética entre o metafórico e o literal, entre o
lúdico e o real. O que varia conforme o indivíduo considerado é a passagem de
uma condição a outra. Passagem rápida no caso do torcedor, cuja regressão
psíquica do lúdico dura algumas horas e funciona como escape para as pressões
do cotidiano. Passagem lenta no caso do futebolista profissional, que vive
quinze ou vinte anos em ambiente de fantasia, que geralmente torna difícil a
inserção na realidade global quando termina a carreira. A solução para muitos é
a reconversão em técnico, que os mantém sob holofote. Lothar Matthäus, por
exemplo, recordista de partidas em Copas do Mundo, com a seleção alemã,
Ballon d’Or de 1990, tornou-se técnico porque “na verdade, para mim, o futebol
é mais importante do que a família”. [...]
Sendo esporte coletivo, o futebol tem implicações e significações psicológicas
coletivas, porém calcadas, pelo menos em parte, nas individualidades que o
compõem. O jogo é coletivo, como a vida social, porém num e noutra a atuação
de um só indivíduo pode repercutir sobre o todo. Como em qualquer sociedade,
na do futebol vive-se o tempo inteiro em equilíbrio precário entre o indivíduo e
o grupo. O jogador busca o sucesso pessoal, para o qual depende em grande
parte dos companheiros; há um sentimento de equipe, que depende das
qualidades pessoais de seus membros. O torcedor lúcido busca o prazer do jogo
preservando sua individualidade; todavia, a própria condição de torcedor acaba
por diluí-lo na massa.
(JÚNIOR, Hilário Franco. A dança dos deuses: futebol, cultura,
sociedade. São Paulo: Companhia das letras, 2007, p. 303-304,
com adaptações)

*Ballon d’Or 1990 - prêmio de melhor jogador do


ano

O jogador busca o sucesso pessoal ...

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A mesma relação sintática entre verbo e complemento, sublinhados acima,


está em:

a) É indiscutível que no mundo contemporâneo...


b) ... o futebol tem implicações e significações psicológicas coletivas ...
c) ... e funciona como escape para as pressões do cotidiano.
d) A solução para muitos é a reconversão em técnico ...
e) ... que depende das qualidades pessoais de seus membros.

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1.
Gabarito

1. B
2. B
3. E
4. B
5. D
6. E
7. D
8. C
9. D
10. B
11. C
12. D
13. E
14. E
15. D
16. A
17. D
18. D
19. D
20. C
21. C
22. E
23. C
24. B

83

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