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TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR: ASPECTOS CONCEITUAIS E A

ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM

Autor: Maria Alaide Ferreira


Orientador: Maryldes Lucena Bezerra de Oliveira
Coautor(es): Kelle de Lima Rodrigues, Gleyciane leandro Silveira, Nathàlia Catarina Martins e Campos,
Francisca Ludjero da Silva
Modalidade: oral
Área: Ciências da Saude

INTRODUÇÃO
O tratamento afetivo bipolar (TAB) é definido como uma doença recorrente, crônica e grave,
causando um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, acometendo a família
e grande parte da sociedade. Essa doença caracteriza-se ainda pelas comorbidades
psiquiátricas e físicas e pela baixa adesão ao tratamento, sendo que para aumentar a chance
de melhorar o prognóstico, é de fundamental importância a eficácia dessa adesão (COSTA,
2008).
Outro fator que pode favorecer a baixa adesão ao tratamento são os problemas na readaptação
ao meio, que são geralmente atribuídos aos processos de integração inadequados na
comunidade. Dentre estes, mencionam-se a falta de acompanhamento medico frequente e
continuo; bem como programas comunitários e atividade ocupacional (TUCCI; CORRÊA;
DALBEN, 2001).
De acordo com Ribeiro, Laranjeira e Cividanes (2005), o TAB acomete cerca de 1% da
população brasileira, apesar da baixa frequência, sua influencia na vida dos indivíduos,
resulta em um serio problema de saúde publica. Em relação aos riscos de mortalidades, sua
prevalência é em torno de 1,5% e aproximadamente 25% tentam suicídio. Além disso, os
riscos potenciais para o TAB incluem estressores ambientais, transtornos somáticos e de
personalidade (SANTIN; CERESÉR; ROSA, 2005).
Conforme Brun, Zeni e Tramontina (2011), existe episódios relacionados ao TAB, que são
evidenciados por mania, hipomania e depressão ou períodos mistos (mania e depressão) e
ciclagem rápida (ciclos curtos de mania e depressão). Pacientes com transtornos bipolar grave
costumam apresentar sintomas delirantes, como falsas crenças ou ideias que não são
compreendidas pela família e comunidade, classificando-se em episodio maníaco com
características psicóticas.
A atuação de enfermagem na identificação precoce de alterações de comportamentos e outros
sinais crônicos de transtornos psiquiátricos são de suma importância, além do
acompanhamento medicamentoso. Cabe ainda aos profissionais de saúde promover
discussões com a família e comunidade para a readaptação desse paciente a sociedade,
oferecendo informações e suportes necessários para exercer sua função de agente socializador
(COIMBRA, et al., 2005).
Portanto, o profissional enfermeiro deverá utilizar sua própria personalidade, compressão e
habilidade para o desenvolvimento de atitudes satisfatórias para lidar com situações difíceis
frente ao paciente. Tendo em vista que os pacientes com transtornos psiquiátricos possui uma
história em sua vida de fracasso.
Com base nesses aspectos, este trabalho tem por objetivo descrever os aspectos conceituais
sobre o transtorno afetivo bipolar e a atuação da enfermagem.

METODOLOGIA
A pesquisa bibliográfica abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema
discutido, desde publicações, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, entre outros
(MARCANI; LAKATOS, 2010). Trata-se de uma revisão de literatura de caráter descritivo,
realizado no período de Agosto a Outubro de 2013, neste intervalo de tempo buscou-se
informações importantes a respeito da temática, visando aprimorar o conhecimento abordado.
A coleta de dados foi desenvolvida a partir de sites eletrônicos como Scielo, Bireme, e Lilacs.
Sendo encontrados 26 artigos publicados a partir do ano de 2000, após a leitura minuciada,
foram utilizados 13 nacionais para a realização desse estudo. Para a seleção dos artigos foram
utilizados os seguintes descritores: saúde mental; transtorno afetivo bipolar; enfermagem.
Foram respeitados todos os direitos autorais perante a Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998,
no qual garante ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou.

RESULTADOS E DISCUSSOES
Em torno de 450 milhões de pessoas sofrem de transtornos mentais, isso resulta de um
conjunto de fatores genéticos e ambientais. Dessa forma, o transtorno afetivo bipolar (TAB) é
caracterizado como um transtorno crônico, favorecendo a existência de episódios agudos e
recorrentes de alterações patológicas do humor. Após a fase aguda sua recuperação tende a
ser significativa, porém, menos intensa e isenta de consequências (MIASSO; CASSIANI;
PEDRÃO, 2008).
A taxa dos episódios é superior a 90%, e 10% a 15% dos pacientes terão mais de dez
episódios durante sua existência, esses números podem ser negativos no prognostico desses
indivíduos. Os eventos depressivos são prevalentes, cerca de 3,5 vezes mais frequentes que
os de mania, 5 vezes mais que os sintomas mistos ou de ciclagem rápida. Os sintomas
depressivos são responsáveis pela maior carga de doença, 80% dos casos apresentam riscos
para suicídio (COSTA, 2008).
Segundo Miasso,Monteschi e Giacchero (2009), esses transtornos causa uma grande
mudança na vida do paciente, ocasionando danos funcionais expressivos, déficit para o auto
cuidado, comportamentos inadequados e problemas de interação interpessoal. Para minimizar
o TAB, é realizado tratamento medicamentoso, mas na ausência da disponibilidade do
medicamento, os pacientes passavam boa parte da sua vida no hospital, causando em alguns,
serias limitações funcionais.
Para tratar o quadro clinico que envolve os transtornos bipolares, são utilizados os
estabilizadores de humor, antipsicóticos atípicos e antidepressivos, para obter um resultado
satisfatório não só para o bem-estar dos pacientes, mas também para evitar os problemas que
poderão surgir em longo prazo. Os medicamentos quando usados em combinação com a
psicoterapia, propiciam em 75-80% aos pacientes levaram uma vida essencialmente normal
(MIASSO; CASSIANI; PEDRÃO, 2007).
Corroboram-se com Alberto Moreno, Hupfeld Moreno e Ratzke (2005), que a doença é
caracterizada pela a mania, hipomania e depressão. Na mania, são comuns episódios
frequentes e incapacitantes, porém, pouco estudados e diagnosticados, afetando o humor, o
sono, cognição psicomotricidade e nível de energia, onde, o humor torna-se expansivo ou
eufórico, o sono é diminuído, há aumento de energia, de atividades prazerosas, além de
inquietação e agitação psicomotora.
Ainda conforme os mesmos autores, a hipomania se assemelha a mania, sendo esta mais leve
e menos duradoura, envolvendo mudanças de humor, euforia ou irritabilidade, hiperatividade,
tagarelice, sono reduzido, impaciência, aumento da atividade física, iniciativa, atividades
prazerosas, libido e sexo e impaciência. Os sintomas da hipomania são semelhantes aos da
mania, mas não tão intenso, sem sintomas psicóticos e não requer internação hospitalar.
Alguns indivíduos consideram a hipomania como normal, deixando de lado o tratamento ou
esquece-se de citar os episódios anteriores.
Entre mania e hipomania, há também a depressão, que é considerado outro sintoma do
transtorno bipolar, causando alterações no humor, cognição, comportamento e funções
biológicas, gerando tristeza ou irritabilidade aos portadores da doença. A desesperança e a
sensação de fracasso podem leva-los as tentativas de suicídio. Insônia falta de apetite, perda
de energia, desinteresse em atividades, isolamento social e pouca expectativa em relação ao
futuro pode aparecer de formas variadas (FU; CURATOLO; FRIEDRICH, 2000).
Para Candido e Furegato (2005), a enfermagem tem uma ligação muito forte com as pessoas
doentes, os pacientes em sofrimento precisam de cuidados especializados para minimizar
esse sofrimento. O paciente com transtorno sempre necessitara da assistência de enfermagem
continuamente independentemente da sua área de atuação. Mesmo os enfermeiros
psiquiátricos tendo mais experiência, os profissionais os profissionais de outras áreas
necessitam estar aptos para identificar, cuidar e orientar pacientes com tal transtorno.
Outra pauta de grande relevância é o não oferecimento de treinamento para os profissionais
de suade na área de suade mental, tendo como consequência a inserção dos pacientes na rede
terciaria. Para diminuir a demanda nos hospitais, os profissionais de saúde devem
proporcionar diferentes momentos onde haja troca de experiências entre a família e o serviço
de saúde tendo como finalidade a oportunidade de uma aprendizagem mútua (COIMBRA, et
al., 2005).
Sabe-se que o transtorno bipolar apresenta um grande impacto na vida do paciente e seus
familiares, como também na sociedade, trazendo prejuízo irreparável em vários setores da
vida do individuo, como finanças, saúde, reputação, e sofrimento psicológico, sendo comum,
pois acomete cerca de 8 a cada 10 a cada 100 indivíduos, igualmente em mulheres e homens.
Vale ressaltar que a ferramenta utilizada pela enfermagem para lidar com o sofrimento
psíquico do paciente tem sido o relacionamento terapêutico ou relacionamento interpessoal
enfermeiro-cliente. Uma intervenção da enfermagem psiquiátrica é permitir ao enfermeiro
deixar de limitar-se aos cuidados físicos e passar a abordar o próprio sofrimento psíquico
enquanto fenômeno da enfermagem.
Sabe-se que as criticas que podem tecer às concepções teóricas que fundamentam o
relacionamento terapêutico na enfermagem, considera-se que algo dessa pratica deve ser
resgatado é exatamente a consideração da interação do profissional de enfermagem e cliente
como um possível espaço de intervenção clinica, uma vez que reconhecendo que a
enfermagem prioriza a permanência junto ao paciente onde se desenvolve o cuidar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Baseado nos trabalhos dos autores selecionados para esse estudo pode-se afirmar que alguns
fatores interferem para a prestação da assistência a pacientes com transtorno afetivo bipolar,
uma vez que, os profissionais não se sentem preparados para prestar este tipo de assistência
especifica, referindo o despreparo técnico e a falta de condições inadequadas de trabalho.
Nesse sentindo, ressalta-se a necessidade de os enfermeiros se atualizarem a fim de ampliar
suas competências, adaptando-se às novas modalidades de tratamento. É imprescindível que
este profissional desenvolva o olhar critico junto da equipe de enfermagem para aprender as
necessidades de educação permanente.
Portanto, o enfermeiro frente aos pacientes com transtornos afetivo bipolar deve desenvolver
uma relação terapêutica com seu cliente ou grupo de paciente, através de uma interação
adequada com eles e consequentemente com a sua família. Para isso, é primordial utilizar-se
de autoconhecimento, formação técnica e habilidade pessoal.

REFERÊNCIAS
1. ALBERTO MORENO, R.; HUPFELD MORENO, D.; RATZKE, R. Diagnóstico,
tratamento e prevenção da mania e da hipomania no transtorno bipolar. Rev. Psiq. Clin, V.32,
Supl1, p.39-48, 2005.
2. BRUM, L.A.; ZENI, C.P.; TRAMONTINA, S. Aprendizagem e transtorno bipolar:
reflexões psicopedagógicos. Rev. Psicopedagogia, v.28, n.86, p.194-200, 2011.
3. CANDIDO, M.C.F.S.; FUREGATO, A.R.F. Atenção da enfermagem ao portador de
transtorno depressivo: uma reflexão. Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas, v.1,
n.2, 2005.
4. COIMBRA, V.C.C. et al. A atenção em saúde mental na estratégia de saúde da família.
Revista Eletrônica de Enfermagem, v.7, n.1, p.113-117, 2005.
5. COSTA, A.M.N. Transtorno afetivo bipolar: carga da doença e custos relacionados. Rev.
Psic. Clin, v.35, n.3, p. 104-110, 2008.
6. FU, L.; CURATOLO, E.; FRIEDRICH, S. Transtornos afetivos. RevBrasPsiquiatr, v.22,
Supl 11, p.24-7, 2000.
7. MARCONI, M.A.; LAKATOS, E.M. Fundamento de metodologia cientifica. São Paulo,
Ed 7ª, 2010.
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terapêutica medicamentosa: identificando barreiras. Rev Latino-am Enfermagem, v.16, n.4,
2008.
9. MIASSO, A.I.; CASSIANI, S.H.B.; PEDRÃO, L.J. Estratégias adotadas por pessoas com
transtorno afetivos bipolar e a necessidade de terapêutica medicamentosa. Esc Anna Nery R
Enferm, v.11, n.2, p.240-7, 2007.
10. MIASSO, A.I.; MONTESHI, M.; GIACCHERO, K.G. Transtorno afetivo bipolar: adesão
ao medicamento e satisfação com o tratamento e orientações da equipe de saúde de um
núcleo de saúde mental. Rev Latino-am Enfermagem, v.17, n.4, 2009.
11. RIBEIRO, M.; LARANJEIRA, R.; CIVIDANES, G. Transtorno bipolar do humor e uso
indevido de substâncias psicoativas. Rev. Psiq. Clin, v.32, Supl1, p.78-88, 2005.
12. SANTIN, A.; CERESÉR, K.; ROSA, A. Adesão ao tratamento do transtorno bipolar.
Rev. Psiq. Clin, v.32, Supl1, p.105-119, 2005.
13. TUCCI, A.M.; CORRÊA, F.K.; DALBEN, I. Ajuste social em pacientes com trasntorno
afetivo bipolar, unipolar, distimia e depressão dupla. RevBrasPsiquiatr, v.23, n.2, p.79-87,
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