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ESTUDO DE CASO SOBRE OS TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE

Elizioneide Almada de Sousa 1


Maria Angélica Santana 2
Nayllana Vitória Da Silva Mota 3
Rityelle Santos Silva 4
Thayssa Gabriela Dos Passos Teixeira 5
Wyara Larysse De Almada Moreira 6
Ana Valéria Lopes Ramos 7

RESUMO

Este trabalho consiste em uma análise de três casos fictícios, envolvendo os


personagens denominados Y, Maria Silva e Luís Paulo. O objetivo foi realizar uma
descrição e análise diagnóstica possíveis Transtornos de Personalidade, com base
em pesquisas realizadas no Google Acadêmico, SciELO, CID-10 e DSM-5. A análise
dos casos fictícios de Y, Maria Silva e Luís Paulo mostrou a relevância de
compreender e diagnosticar os Transtornos de Personalidade. A abordagem
interdisciplinar e a pesquisa em fontes confiáveis foram fundamentais para embasar
as hipóteses diagnósticas. Essa análise ressalta a importância de um diagnóstico
preciso para orientar a intervenção terapêutica e o manejo adequado desses
transtornos, visando a melhoria da qualidade de vida e o bem-estar dos indivíduos
afetados.

Palavras-chave: Transtorno; Hipótese; Diagnóstico.

1 DESCRIÇÃO DO CASO

Y. é um homem de 26 anos de idade que foi transferido de uma prisão para


uma unidade psiquiátrica, como resultado de uma tentativa de suicídio. Ele tem uma
história de três tentativas prévias de suicídio e vários problemas com a polícia. A
partir da informação contida nos registros do serviço social, médico e legal, o clínico
pôde reunir sua história.
A mãe era uma prostituta e adicta de drogas, e ele nunca conheceu o pai. O
paciente apresentava uma história de vários problemas de conduta desde idade
precoce. Começou a se envolver em brigas com outras crianças praticamente desde
o dia em que entrou na escola, e foi pego torturando animais em várias ocasiões.
Quando tinha 9 anos de idade, atirou seu irmão menor pela janela do apartamento
no primeiro andar, causando-lhe fraturas múltiplas. Durante a adolescência, passou

1
Aluno do Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão-UniFacema
2
Professora, Doutora e Orientadora do Curso de Psicologia, do Centro Universitário de Ciências e
Tecnologia do Maranhão-UNIFACEMA
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vários anos em um asilo e esteve em muitos lares adotivos, mas essas alocações
nunca foram bem-sucedidas. Às vezes ficava na casa da avó materna, que cuidava
de outros oito netos ao mesmo tempo. Y. começou a usar drogas aos 10 anos de
idade. No início da adolescência, uniu-se a uma quadrilha, vendendo drogas e
bancando jogos. Teve seu primeiro filho com 13 anos de idade. Antes dos 17, foi
detido por uma série de acusações, que incluíam furto, posse de drogas ilegais e
assalto, mas, por causa da idade, recebeu várias sentenças que foram suspensas.
Sempre faltava às aulas, até que abandonou a escola aos 15 anos. Nessa época,
começou a viver nas ruas com outros amigos de sua quadrilha que também estavam
envolvidos com uso e venda de drogas. Com 17 anos, foi sentenciado a dois anos
de prisão por esfaquear uma pessoa em uma briga num bar. Durante a prisão,
tentou suicídio por enforcamento com uma peça do vestuário. Como resultado, foi
transferido para a enfermaria por várias semanas e não tinha de participar em sua
parte do trabalho.
Aos 23 anos, já tinha cinco filhos, nenhum dos quais vê ou sustenta. Quando
não contrariado, Y. É um indivíduo manipulador que pode ser encantador,
engraçado e sociável. Quando está sob drogas ou quando não consegue o que
quer, contudo, torna-se friamente furioso e destrutivo.
O paciente já foi tratado de uma série de overdoses, muitas das quais foram
intencionais. Foi hospitalizado em unidades psiquiátricas em três ocasiões devido a
depressão e tentativas de suicídio. Esta é sua quarta hospitalização. Seu
comportamento segue um padrão característico durante as hospitalizações. No
início, parece relaxar e logo melhorar, cooperando com a equipe de tratamento e os
pacientes. A seguir, contudo, começa a criar problemas na unidade, liderando outros
pacientes em revoltas relativas a privilégios de fumar, licenças e necessidade de
medicamentos. Uma vez, durante a hospitalização mais recente, foi pego tendo
intercurso sexual com uma paciente de 60 anos de idade.

2 IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DO CASO

2.1 Descrição das decisões possíveis

Dentre os tipos existentes de Transtornos da Personalidade, o que mais se


assemelha ao do paciente Y é o antissocial, por conta da sua irresponsabilidade e
desrespeito por normas, regras e obrigações sociais que governam aspectos do
comportamento adulo e adolescente. Este é um caso desafiador que requer uma
abordagem multidisciplinar, e o Psicólogo pode desempenhar um papel crucial no
tratamento de Y. Ao fornecer apoio terapêutico, avaliação e intervenções
especializadas.
Além disso, ele apresenta uma história de graves problemas em manter
relacionamentos e responsabilidades, como evidenciado pela falta de cuidado e
suporte aos seus cinco filhos, e a falta de sucesso no sistema de lares adotivos. Ele
também exibe um padrão disfuncional durante as hospitalizações, inicialmente
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mostrando melhora e cooperação, mas depois se tornando problemático e


desafiador para a equipe de tratamento. Disso, surge a descrição de um
comportamento oportuno, mas posteriormente, rebelde, incluindo liderar revoltas, e
até se envolver em comportamento sexual inapropriado durante sua estada no
hospital.
O padrão global de funcionamento do paciente parece ser caracterizado por
instabilidade emocional, impulsividade, tendências manipuladoras, dependência
química, comportamento antissocial e dificuldades de relacionamento. Estes são
indicativos de sintomas de transtorno de personalidade antissocial ou transtorno
borderline. O paciente Y apresenta uma série de alterações significativas no
comportamento, cognição, afeto e pensamentos.
Comportamentalmente, ele demonstra agressividade, manipulação,
comportamento destrutivo e instabilidade emocional. Ele tem um histórico de
problemas de conduta desde cedo, incluindo agressão contra seu irmão mais novo e
envolvimento com uma quadrilha, vendendo drogas e participando de atividades
criminosas.
Cognitivamente, exibe um padrão de pensamento impulsivo e disfuncional.
Ele começou a usar drogas quando tinha apenas 10 anos de idade, demonstrando
uma falta de consideração pelas consequências de suas ações. Além disso, ele
demonstra padrões manipuladores de pensamento e comportamento, como liderar
revoltas em unidades hospitalares e comportamento sexual inapropriado.
Afetivamente, mostra-se instável, com emoções extremas, passando de
encantador e sociável quando não contrariado para furioso e destrutivo quando
contrariado ou sob o efeito de drogas. Ele também demonstrou sintomas de
depressão, tentativas de suicídio e comportamento autodestrutivo.
Em termos de pensamento, Y. exibe um padrão disfuncional, com padrões
manipuladores, comportamento antissocial, e dificuldade em manter
relacionamentos e responsabilidades. Suas atitudes impulsivas e autodestrutivas,
bem como dificuldades em controlar suas emoções e comportamentos estão
também presentes em sua história.

2.2 Argumentos capazes de fundamentar a decisão


2.3 Descrição dos Critérios e valores

3 DESCRIÇÃO DO CASO

Maria Silva era uma mulher de 50 anos, casada, que se apresentou no


pronto-socorro (PS) psiquiátrico devido à insistência de seu psiquiatra ambulatorial
depois que ela lhe contou sobre o plano de tomar uma overdose de Advil. No PS, D.
Maria explicou que suas costas a estavam “matando” desde uma queda que
ocorrera, vários dias antes, na mercearia da família, onde ela trabalhava há anos. A
queda a deixou abatida e deprimida, embora tenha negado outros sintomas
depressivos além do humor ruim.
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Ela falou detalhadamente sobre a queda e como isso a lembrou de outra


queda que havia sofrido alguns anos antes. Naquela época, havia consultado um
neurocirurgião que lhe disse para descansar e tomar medicamentos anti-
inflamatórios não esteroides. Ela descreveu sentir-se “abandonada e desprezada”
por ele. A dor diminuiu sua capacidade de se exercitar, e ela ficou chateada por ter
ganhado peso. Enquanto relatava os eventos relativos à queda, D. Maria começou a
chorar. Ao ser indagada sobre seus comentários suicidas, afirmou que não eram
“nada demais”. Relatou que eram “só uma ameaça” dirigida ao marido para ele
“aprender uma lição” porque “não sente pena de mim” e não lhe deu apoio desde a
queda. Ela insistiu que seus comentários sobre overdose não tinham outro
significado.
Quando o entrevistador manifestou preocupação com a possibilidade de que
ela se mataria, ela exclamou com um sorriso: “Oh, puxa, não tinha me dado conta de
que isso é levado tão a sério. Acho que não devo mais fazer isso”. Então deu de
ombros e riu. Continuou a falar como era “legal e simpático” que tantos médicos e
assistentes sociais quisessem ouvir sua história, chamando muitos deles pelo
primeiro nome. Ela também flertou ligeiramente com o entrevistador residente, o
qual havia comentado que ela era a “mulher mais bem-vestida no PS”.
De acordo com o psiquiatra ambulatorial, que a tratou por três anos, ela
nunca havia manifestado ideação suicida até aquela semana, e ele não conseguiria
falar com ela antes de sair de férias no dia seguinte. O marido de D. Maria relatou
que ela falava sobre suicídio “como as outras pessoas reclamam do tempo. “Ela só
quer me deixar preocupado, mas comigo isso não funciona mais”. Ele afirmou que
nunca teria sugerido que ela fosse ao PS e achou que o psiquiatra tinha reagido de
forma exagerada.
A paciente inicialmente buscou psicoterapia ambulatorial aos 47 anos porque
estava se sentindo deprimida e não tinha apoio do marido. Durante três anos de
tratamento ambulatorial, ela recebeu prescrições adequadas de sertralina,
escitalopram, fluoxetina e paroxetina. Nenhum medicamento parecia ajudar.
D. Maria descreveu ser “precoce”. Tornou-se sexualmente ativa com homens
mais velhos quando estava no ensino médio. Afirmou que namorar era a coisa mais
divertida que já havia feito e que sentia falta de ver homens “fazendo qualquer
negócio” para dormir com ela. Ela vivia com o marido de 73 anos. Seu filho, de 25
anos, morava perto com a esposa e o filho pequeno. Descreveu o marido como um
músico “muito famoso”. Afirmou que ele nunca a havia ajudado nos afazeres
domésticos ou na criação do filho, e que não valorizava seu esforço para cuidar do
filho e do neto.

3.1 Argumentos capazes de fundamentar a decisão


3.2 Descrição dos Critérios e valores

4 DESCRIÇÃO DO CASO
5

Luis Paulo era um homem solteiro e desempregado, de 57 anos, que solicitou uma
revisão de seu tratamento na clínica psiquiátrica. Há sete anos ele fazia psicoterapia
semanalmente, com diagnóstico de transtorno distímico. Queixou-se de que o
tratamento ajudou muito pouco e queria ter certeza de que os médicos estavam no
caminho certo.
O sr. Luís relatou uma história antiga de humor levemente deprimido e redução de
energia. Tinha de se “arrastar” para fora da cama todas as manhãs e dificilmente
ficava animado com algum prospecto futuro. Havia perdido o emprego três anos
antes, rompido com uma namorada pouco depois e duvidava que fosse trabalhar ou
namorar novamente. Ele tinha vergonha de ainda morar com a mãe, uma senhora
na faixa dos 80 anos. Negou intenção suicida imediata ou planos de se matar, mas
se não melhorasse até a morte da mãe, não via motivos para continuar vivendo.
Negou perturbações no sono, no apetite ou na concentração.
Os registros clínicos indicaram que o sr. Luís teve adesão a tentativas adequadas
com fluoxetina, escitalopram, sertralina, duloxetina, venlafaxina e bupropiona, bem
como potencialização com quetiapina, aripiprazol, lítio e levotiroxina. Ele teve uma
melhora no humor quando tomava escitalopram, mas não houve remissão dos
sintomas. Também seguiu um curso de terapia cognitivo-comportamental no início
do tratamento; demonstrou desinteresse pelo terapeuta e pelo tratamento, não
realizava as tarefas em casa e parecia não fazer nenhum esforço para usar a terapia
entre as sessões. Nunca havia tentado psicoterapia psicodinâmica.
O sr. Luís manifestou decepção quanto à ausência de melhora, à natureza de seu
tratamento e à sua terapia específica. Achava que era “humilhante” ser forçado a
consultas com estagiários, que mudavam uma ou duas vezes por ano. Com
frequência, achava que os residentes de psiquiatria não eram instruídos, cultos ou
sofisticados, e achava que eles sabiam
menos sobre psicoterapia do que ele próprio. Além disso, preferia trabalhar com
terapeutas do sexo feminino, porque os homens eram “competitivos demais e
invejosos”.
O sr. Luís havia trabalhado anteriormente como corretor de seguros. Explicou: “É
ridículo. Eu era o melhor corretor que eles já haviam visto, mas se recusam a me
recontratar. Acho que o problema é que essa é uma profissão com egos inflados, e
eu ponho o dedo na ferida”. Depois de ser “banido” por agências de seguros, o sr.
Luís não trabalhou durante cinco
anos, até ser contratado por uma revenda de automóveis. Afirmou que, embora
vender carros estivesse abaixo de suas capacidades, era bem-sucedido, e “em
seguida já estava comandando a revenda”. Desistiu depois de alguns meses, após
discutir com o proprietário. Apesar do incentivo de vários terapeutas, o sr. Luís não
buscou empregos nem fez cursos de reciclagem profissional ou trabalho voluntário;
encarava essas opções como decididamente indignas.
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O sr. Luís havia “desistido das mulheres”. Teve muitas companheiras quando era
mais jovem, mas, de modo geral, achava que elas não lhe davam o apreço que
merecia e “só ficavam com ele por interesse”. As anotações do residente psiquiátrico
indicaram que ele reagia a demonstrações de interesse com desconfiança. Essa
tendência foi comprovada por duas mulheres que tentaram travar amizade e por
residentes que manifestaram interesse em seu atendimento. O sr. Luís descreveu a
si mesmo como alguém com muito amor para dar, mas afirmou que o mundo estava
cheio de pessoas manipuladoras.
Disse que tinha uns poucos amigos, mas sua mãe era a única pessoa com quem
realmente se importava. Ele gostava de bons restaurantes e “hotéis cinco estrelas”,
mas acrescentou que seu orçamento não permitia mais frequentá-los. Exercitava-se
diariamente e preocupava-se em manter seu corpo. Passava a maior parte do tempo
em casa, assistindo à televisão ou lendo romances e biografias.
Durante o exame, o paciente tinha a aparência bem-cuidada, o cabelo penteado
para trás, e suas roupas pareciam ser da coleção de um artista de hip-hop em voga
entre homens na faixa dos 20 anos. Era coerente, objetivo e cooperativo. Disse estar
triste e zangado. Seu afeto era contido e desinteressado. Negou intenção de se
matar, mas sentia-se desesperançado e pensava com frequência na morte. Sua
cognição estava preservada.

4.1Argumentos capazes de fundamentar a decisão


4.2 Descrição dos Critérios e valores

5 CONCLUSÃO

Conclui-se, através do estudo de casos apresentados, é possível observar a


complexidade e individualidade das situações enfrentadas pelos sujeitos. Os casos
analisados demonstram a necessidade de uma abordagem individualizada e
holística para compreender e tratar questões de saúde mental. Além disso,
ressaltam a importância do suporte social e familiar no processo de recuperação,
assim como a necessidade de uma avaliação cuidadosa das interações e dinâmicas
interpessoais. Em suma, o estudo de casos ressalta a importância de considerar
diversos fatores, como aspectos sociais, emocionais e familiares, na abordagem e
tratamento de problemas psiquiátricos. Estas lições podem ser valiosas para
profissionais de saúde mental e indivíduos em busca de compreensão e apoio em
situações similares.

REFERÊNCIAS
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