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DOMINGO XXV TEMPO COMUM B – 23 de setembro de 2018

O FILHO DO HOMEM VAI SER ENTREGUE ... SE ALGUÉM QUISER SER O PRIMEIRO,
QUE SEJA AQUELE QUE SERVE A TODOS!

Comentário de Pe. Alberto Maggi OSM ao Evangelho

Mc 9, 30-37

Naquele tempo, 30Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia. Ele não queria que
ninguém soubesse disso, 31pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia- lhes: “O
Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão. Mas, três
dias após sua morte, ele ressuscitará”. 32Osdiscípulos, porém, não compreendiam estas
palavras e tinham medo de perguntar. 33Eles chegaram a Cafarnaum. Estando em casa,
Jesus perguntou-lhes: “O que discutíeis pelo caminho?” 34Eles, porém, ficaram calados,
pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior. 35Jesus sentou-se, chamou os
doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e
aquele que serve a todos!” 36Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio
deles, e abraçando-a disse: 37”Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é
a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas
àquele que me enviou”.

Todos os trechos do Evangelho de Marcos que estamos examinando


nestes domingos parecem ter um dado em comum: a dificuldade de Jesus com seus
discípulos. Parece que não estão interessados em entender quem Ele é e qual o
Seu programa.
Também desta vez, lendo o Evangelho, vemos que Jesus atravessa a Galileia e está
dando um ensinamento valioso. “O Filho do homem”. “Filho do Homem” é uma
expressão que indica o homem que atinge a sua plenitude e entra na
condição divina. Jesus é “o Filho de Deus”, em quanto representa Deus na sua condição
humana, e é “o Filho do homem” em quanto representa o homem na sua condição
divina. Portanto, o Filho do homem é o homem que tem a condição divina.
“O Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos homens...”. Aqui há uma
oposição entre o Filho do Homem, aquele que tem a plenitude, e os homens, aqueles
que não aspiram a esta plenitude. São esses que O rejeitam e O matam, “...mas, três
dias após sua morte, ele ressuscitará”.
Portanto, é um ensinamento sério e dramático, e, ao mesmo tempo, claro.
Jesus não está falando em parábolas. No entanto, o evangelista escreve: “os
discípulos, porém, não compreendiam estas palavras”.
Já vimos o episódio da cura do surdo ( Mc 7, 31- 37) - não se trata de problemas
simplesmente físicos, e sim de problemas interiores - “não há ninguém tão surdo como
aquele que não quer ouvir”. A ideologia nacionalista e o ideal deles de sucesso é tal que
impede aos discípulos de entender as palavras muito claras de Jesus!
“ E tinham medo de perguntar”, porque eles têm medo de que Jesus confirme
o que eles bem entenderam. Então, é verdade: eles entendiam, mas não aceitavam.
Portanto, não é que eles não entendiam, pelo contrário, não aceitavam o que Jesus
dizia!
”Eles chegaram a Cafarnaum. Estando em casa” - então na casa palestinense –
“Jesus perguntou-lhes”. Eles não querem perguntar, mas Jesus não tem medo de
perguntar: “O que discutíeis pelo caminho?”.
Pois bem, eis uma indicação sintomática: “pelo caminho” (Mc 4, 3-20). “Pelo
caminho” é o lugar da semeadura sem frutos. “Pelo caminho”: a semente é jogada no
chão, mas os pássaros chegam e a levam imediatamente. E Jesus, explicando essas
imagens, dizia que era o Satanás que tira a palavra e a faz inútil. A imagem do Satanás
neste Evangelho é a imagem do sucesso e do poder!
”Eles, porém, ficaram calados”. Ficam calados porque eles têm um sentimento de
culpa e sabem que fizeram algo que Jesus não aprova. “Pois pelo caminho tinham
discutido...” - uma discussão bem animada - “...quem era o maior”, quem era o
mais importante!
É esse o ‘cupim’ que corrói a consciência dos discípulos: o desejo de grandeza, a
ambição de ser um o mais importante dos outros!
”Jesus sentou-se” - portanto, Jesus se senta na posição de quem ensina –
“e chamou os doze”. É estranho: estão em casa - uma casa palestinense não é muito
grande – porque, então, Jesus deve chamar? O evangelista deveria ter escrito: “Jesus
disse ...”, mas não, Jesus deve chamá-los! Por quê? Os Doze vão atrás Dele, mas não o
acompanham, não estão interiormente perto Dele. Estão próximos fisicamente, mas a
mentalidade deles está longe.
Jesus é o Deus que por amor se põe a serviço da humanidade. Jesus tinha falado que
o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir: eles, ao invés, pensam
apenas em quem é o maior entre eles, em quem pode mandar! É por isso que Ele deve
chamar os Doze, porque estão longe.
“E lhes disse: ” - eles haviam discutido quem era o maior, quem era o
mais importante entre eles e Jesus não aceita, mas aceita que na comunidade haja
quem seja o primeiro. O primeiro significa quem é mais próximo Dele - “se alguém
quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve atodos!”.
Portanto, na comunidade não ideias de grandeza: não pode haver nenhuma pessoa
mais importante, maior, e sim, existem pessoas mais próximas de Jesus! Quem são
elas? São aquelas que se colocam a serviço de todos. São aqueles que livre e
voluntariamente colocam suas próprias vidas ao serviço dosoutros!
Enquanto os Doze têm que ser “chamados”, Jesus “pegou uma criança” . É a pessoa
que está perto Dele. Então, uma pergunta: o que fazia essa criança nessa casa com os
discípulos? O termo usado pelo evangelista significa um indivíduo que, pela idade e
pelo papel na sociedade, é o menos importante de todos; poderíamos traduzir com a
palavra “jovem servente”
Esse ‘jovem servente’, essa “criança” é a imagem do verdadeiro seguidor de
Jesus, isto è, de quem se tornou o último de todos.
“Colocou-a no meio deles...”. “No meio” é o lugar de Jesus. Pois bem, no lugar de
Jesus, o Senhor põe esse indivíduo que se coloca o serviço de outros. “...e abraçando-
a…”. Jesus se identifica com essa “criança”, isto é, Jesus se identifica com o último
da sociedade!
“... Disse: “Quem acolher em meu nome uma destas crianças ... ” - destes ‘jovens
serventes’-. Portanto, não se trata de crianças ou de quaisquer rapaz, mas “destas
crianças”, quer dizer, a imagem do discípulo que realmente chega a se colocar ao
serviço dos outros.
Em conclusão: “Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é a mim que
estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que
me enviou”.
Jesus garante que onde há uma pessoa que, por amor, livre e voluntariamente, se
coloca a serviço de outros, nessa pessoa se manifesta a presença de Jesus e a presença
de Jesus traz consigo a presença do próprio Deus.
O ser humano que se coloca a serviço é o único santuário do qual se irradia o
amor de Deus!

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