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WILES, Paul e COSTELLO, Andrew.

The Road to Nowhere: The Evidence


for Travelling Criminals. London Home Office, Research Study No. 207,
2000. Acessível em: www.homeoffice.gov.uk

Essa pesquisa, realizada na Inglaterra, examinou a hipótese de que, devido


às facilidades em mobilidade, ofensores se deslocam para longe de sua
residência para cometerem crimes.

Metodologia
O estudo baseia-se nos dados da polícia da cidade de Sheffield em conjunto
com dados das polícias de North Yorkshire, uma região maior. Com o uso do
MapInfo, ambas as bases de dados foram geocodificadas com os locais onde
o crime ocorreu e o endereço da residência do ofensor. Utilizou-se,
também, Informações do Computador Nacional da Polícia (Police National
Computer) para estudar o padrão das jornadas dos ofensores que moravam
em Sheffield e que foram detidos fora dessa cidade.
Além disso, fez-se uma amostra para casos compreendidos entre junho e
dezembro de 1997, em que duas evidências de DNA do mesmo ofensor
tivessem sido coletadas por bases policiais diferentes. Essas informações
estavam na base de dados de DNA do Serviço de Ciência Forense (Forensic
Science Service) e poderiam indicar certo grau de mobilidade do ofensor.
Os dados policiais foram complementados com 70 entrevistas de indivíduos
julgados culpados por furto de residências e de furto simples (em via
pública). Essas entrevistas tinham o objetivo de entender por que os
ofensores viajaram até o local do crime, como mostram os dados policiais.

Resultados
→ Sheffield
1. A jornada média entre o local de moradia e o local do furto a
residência foi de 3,03km.
2. A jornada média entre o local de moradia e o local do furto simples
em via pública foi 3,8km.
3. Existe evidência de que as jornadas realizadas para cometer crimes
podem ter aumentado nas décadas entre 1966-1995 (Tabela 1).
4. Quando jornadas mais longas eram feitas, elas costumavam ter
alguma relação com o local de residência, de lazer ou férias do ofensor.
5. Os padrões de jornada até o local do crime em pequenas áreas
residenciais de Sheffield mostraram a importância de se estudar os padrões
de mobilidade também das vítimas. Em geral, indivíduos de áreas mais
afluentes foram vitimados mais longe de seus locais de residência e, em sua
maioria, eram casos de crimes em que o automóvel era determinante. Por
outro lado, nas áreas de menor status socioeconômico de Sheffield, as
vítimas costumavam ser moradores locais. Assim, o estudo concluiu que
ofensores percorrem distâncias pequenas para cometer crimes contra o
patrimônio, especialmente furto à residência.

→ North Yorkshire
1. Quando se aumentou a área de estudo, os crimes ficaram mais
localizados, ou seja, poucos ofensores saíram da área.
2. Mesmo o banco de dados de DNA mostra pouca distância entre o local de
moradia e o local da ofensa; os ofensores raramente saíram dos limites de
seu território (Unidade da Base de Comando). Cerca de 50% aconteceram
dentro da mesma Unidade da Base de Comando.

→ Entrevistas
a) As entrevistas puderam confirmar que as jornadas são curtas e foram
comparadas aos registros policiais de Sheffield. Diminuiu ligeiramente a
distância que o ofensor se deslocou, porque os dados da entrevista
consideraram o último local onde o ofensor dormiu (e não seu endereço
oficial).
b) Assim, os dados oriundos dos registros policiais, para a área de Sheffield,
mostraram que no caso de furto de residência a jornada foi de 3.03km e os
dados das entrevistas mostraram uma distância percorrida de 2.57km entre
o último local onde dormiu e o local do crime. Para furto simples, foram
3.8km e 3.4km, respectivamente.
c) A pesquisa também descobriu que a maioria das viagens associada ao
crime não tinha o crime como seu objetivo. A ofensa pareceu ser muito
mais dependente da oportunidade se apresentar durante uma rotina
normal, ao invés de resultar de um plano preparado com esse fim.

→ Conclusões e recomendações do estudo


- Estudos sobre distâncias percorridas para cometer crimes podem ser
feitos facilmente, já que os dados policiais já se encontram prontos e o
custo de entrevistar ofensores é baixo.
- Analistas de padrões criminais devem considerar os indícios relacionados
às jornadas criminais para mostrar quão longe e em qual direção, em
média, ofensores percorrem em uma dada área residencial e também o
quanto as vítimas que vivem na área também se deslocaram antes de
serem vitimizadas.
- Mapas são instrumentos fáceis de se produzir com base em dados
georreferenciados e podem ser usados em planejamentos policiais e
relatórios sobre crime e desordem.
- Os indícios relacionados às jornadas podem ser usados para determinar o
tipo de medidas necessárias para diminuir vitimização. Por exemplo, se
ofensores estão vindo de áreas externas à vizinhança, é possível se pensar
em métodos para o monitoramento da entrada de não moradores.
- Em áreas com altas taxas de ofensores e ofensas, o mapeamento de áreas
com concentração e reincidência pode oferecer uma base para se pensar
medidas de proteção.
- Mais pesquisa é necessária com relação aos padrões de jornada de alguns
ofensores ‘profissionais’ para estudar de suas jornadas, que também são
curtas. Furto de casas de campo e de carros de luxo para revenda no
mercado ilegal podem ser pontos de partida para essa pesquisa.

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