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Depressão na criança e no adolescente

Oficina de Psicologia
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Depressão na Infância e Adolescência?

Estará bem informado sobre o que é estar deprimido em tenra idade?

O que é a Depressão Infantil?

A depressão é um estado prolongado de


grande tristeza, falta de energia e
interesse pela vida. Durante muito tempo
não se pensou em sofrimento psicológico
associado às crianças, uma vez que a
infância seria “a melhor fase da vida”.

Mas serão assim todas as crianças felizes e


despreocupadas?

Um olhar atento sobre o comportamento


de muitas crianças vieram mostrar o contrário. Nem todas as crianças são assim tão felizes.
Estudos referem-nos que cerca de 2% das crianças sofrem de depressão grave, número esse
que aumenta para 10% na adolescência. Perto de 40% das crianças em consulta de
pedopsiquiatria apresentam diagnóstico estrutural de depressão. Em algumas estatísticas, o
diagnóstico de depressão chega a estar representado em cerca de 50% das crianças e
adolescentes observados.

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Sintomas

A sintomatologia depressiva na criança é muito diferente da do adulto e é de difícil


reconhecimento, uma vez que pode assumir diversas formas. Mas esteja sobretudo atento às
alterações de comportamento, estados emocionais e ritmos do dia-a-dia, como por ex.:

Emocionais
Tristeza prolongada - através de um olhar ausente, de uma expressão
facial séria, de um choro fácil ou da auto-depreciação.
Medos - Pode também aparecer um medo exagerado, intenso e
duradouro de algo, de alguém, ou mesmo de que algo de mal poderá
acontecer a qualquer momento.
Ansiedade
Culpa

Físicos
Perturbações psicossomáticas - dores sem uma explicação física, dificuldades
respiratórias, eczemas ou alergias da pele, infecções gerais, vómitos, tonturas,
entre outras.

Alterações no sono e na alimentação - a criança pode perder o apetite ou,


pelo contrário, surgir um aumento da tomada de alimentos.
A criança pode ter dificuldades em adormecer, ter um sono agitado e pouco
recuperador. Estas perturbações incorrem numa fadiga diurna, que prejudica
o seu rendimento escolar e a impede de permanecer atenta. No entanto, a
criança pode também dormir demais, tendo dificuldades em acordar e em se
levantar de manhã.

Perda de energia, lentificação/inibição motora, procrastinação

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Comportamentais
Regressão - presencia-se sobretudo nas crianças mais novas.
A criança assume comportamentos que já havia ultrapassado e que são
desadequados à sua idade, voltando a agarrar-se demasiado à mãe na
presença de estranhos, falando de forma "abebezada", voltando a fazer chichi
na cama, ou voltando a ter brincadeiras que já não tinha e a utilizar
brinquedos que já não lhe despertavam interesse.

Comportamentos estranhos, de isolamento e/ou agressivos - quanto mais


velha é a criança mais a sua tristeza é exprimida através de comportamentos
ou mesmo de palavras.

Dificuldades escolares - falta de concentração, falta de confiança em si


própria, os sentimentos de inferioridade e o isolamento; perda de interesse e
de prazer em actividades de que anteriormente gostava.

Comportamentos de instabilidade - passando de actividade em actividade


sem conseguir manter a atenção - e de agressividade, através de atitudes
incorrectas em relação às outras crianças e/ou aos adultos.
Poderá também adoptar rituais de actividades repetitivas e obsessivas.

Comportamentos de auto-mutilação – muitas vezes a grande dificuldade em


compreender e expressar-se emocional e verbalmente, faz com que muitos
jovens sintam a auto-mutilação como uma forma de “trocar” a dor emocional
pela dor física ali visível aos seus olhos, aliviando o desconforto interno.

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Cognitivos
Pessimismo em relação à vida e ao futuro – muitas crianças e jovens
adolescentes não conseguem projectar-se no futuro, construir planos e
comunicar sonhos, pensando frequentemente que a vida não é
suficientemente boa e não existe esperança numa mudança.

Auto–crítica e Auto– acusação - muitas crianças e jovens pensam que não têm
valor, que são inferiores aos outros, que não prestam; sentem-se falhados,
não gostam de si próprios; pensam que os outros não gostam deles, não são
suficientemente bons aos olhos dos seus pais e da sua família; possuem uma
auto-imagem negativa.

Pensamentos de morte e suicídio

Etiologia

As causas podem ser muito diversas:

perda real (por ex., a morte de um dos pais) ou simbólica de elementos significativos
na sua vida (por ex., quando os pais estão fisicamente presentes, mas não o estão
emocionalmente ou são muito ausentes);

Depressão dos pais - quando um dos pais está deprimido, é raro que a criança não
sofra as consequências, uma vez que a relação de cuidador-cuidado pode estar muito
comprometida.

Adaptações psicológicas normais no desenvolvimento, que se tornem demasiado


difíceis para a criança, constituindo-se como um factor de risco para a depressão (ex.
mudanças de escola, casa, amigos, nascimento de um irmão etc.);

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Ambiente familiar instável e inseguro (ex. discussões frequentes, problemas
económicos, famílias numerosa, práticas educativas muito severas e invasivas, etc.);

Maus tratos físicos e emocionais;

Abuso sexual;

Bullying;

Factores biológicos (predisposição genética, baixa produção de serotonina e


norepinefrina);

Estratégias para lidar com a Depressão Juvenil

As crianças mais pequenas têm grande dificuldade em reconhecer os seus sintomas e, por isso,
pedir ajuda. Contudo crianças mais velhas e adolescentes conseguem muitas vezes perceber
que algo não está bem consigo e alertam SOS. Este é o primeiro grande passo para lidar com a
depressão, pedir ajuda aos cuidadores ou a adultos de referência que possam ajudar a lidar
com aquilo que muitas vezes é perigosamente confundido com uma “crise existencial” ou uma
“fase passageira”.

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Algumas dicas caseiras para aliviar os sintomas...

1) Experimenta fazer “a caminhada dos


sentidos”: escolhe um percurso bonito,
tranquilo, que te transmita paz e energia
e enquanto caminhas experimenta focar-
te apenas nos teus sentidos – no peso dos
pés a tocar no chão, na pressão dos teus
ténis nos pés, na temperatura do teu
corpo (se existem partes frias e/ou outras
quentes), naquilo que ouves à tua volta (toma especial atenção a todos os
barulhos), naquilo que vais vendo (vais reparar em coisas que nunca viste!),
sente os cheiros.. existem tantos cheiros à nossa volta. Enquanto fazes esta
caminhada e vais prestando atenção ao que os sentidos te informam, dás
algum descanso aos pensamentos na cabeça que estão sempre a atormentar-
te! Sabe tão bem descansar um bocadinho dos nossos pensamentos.

2) Respira profundamente – deita-te de costas numa superfície dura (que não


ceda sob a ação do peso do teu corpo), flecte as pernas, conservando os
joelhos altos e juntos, mas os pés ligeiramente afastados e imagina que tens
um balão na tua barriga e sempre que inspiras pelo nariz, o ar desce e enche o
balão na tua barriga. A respiração deve ser calma e suave. Este é um excelente
exercício para repouso do sistema nervoso, perfeita irrigação sanguínea e
regularização de todas as funções vegetativas.

3) Aponta todos os teus pensamentos negativos – aponta todos os teus


pensamentos negativos e de seguida vamos fazer o teste da realidade!
Pensamentos não são realidade e vamos ver como podes chegar a essa
conclusão com o Teste da Realidade:

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Pensamento – Eu não consigo ser feliz

Isto é verdade? Sim

Tenho a certeza ABSOLUTA que isto é verdade? Absoluta não consigo


ter, ninguém sabe do futuro

Como reajo quando tenho este pensamento? Apetece-me


desaparecer

Como me sinto quando tenho este pensamento? Triste, angustiado,


sozinho

Quantas vezes pensei isto? Muitas, já perdi a conta

Pensei sempre desta maneira? Não, já tive momentos em que nem


sequer pensava nisto

O que já pensei sobre isto? Acho que antes nem sequer pensava nisto,
pensava noutras coisas

Já tive pensamentos diferentes em relação à mesma situação ou a


mim? Sim, já tive pensamentos diferentes em relação a mim

Isso quer dizer que os pensamentos mudam? Pois.. parece que sim

Como serias sem este pensamento? Seria certamente mais feliz!

Os pensamentos estão sempre em passagem na nossa cabeça.


Porque é que agarraste este? Não sei... parece que ele é que não me
larga a mim!

Já experimentaste em “aceitar” este pensamento como


PENSAMENTO? E dizer-lhe pensamento não é realidade? Não! Como
faço isso?

Pensa num pensamento alternativo e modifica a realidade para que


este pensamento perca o peso que tem! Hmm.. Eu posso ser feliz! E
se eu jogar futebol aos Domingos com os meus amigos eu estou a

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fazer uma coisa que me deixa feliz. Quer dizer que eu posso ser feliz às
vezes...

E porque não muitas vezes? Fazendo mais coisas que me deixam feliz!

4) Pratica exercício físico – para além dos benefícios para a saúde, o exercício
físico permite relaxar e o relaxamento alivia a tensão mental e física,
restaurando as muitas pressões com que nos deparamos e dá-nos uma
sensação de plenitude e bem-estar.

5) Não te isoles - convida amigos (ou um amigo) para te acompanhar em alguma


actividade ou programa que gostes de fazer. Podes até ensinar um amigo teu a
fazer a caminhada dos sentidos e no fim podem trocar impressões sobre as
experiências de cada um. Conversar é uma boa forma de poderes ir
verbalizando e partilhando com as pessoas da tua confiança aquilo que sentes
e pensas. Conhece sítios novos e pessoas novas, para que possas alargar o teu
campo de experiências e contactos.

6) Inscreve-te numa Associação, num Projecto Juvenil, faz Voluntariado – ajuda


outras pessoas a conseguirem realizar um objectivo. Sem a tua ajuda será
sempre mais difícil. Em grupo vais perceber como podes ser um elemento
precioso na dinâmica de qualquer trabalho e poderes dar-te o devido valor.

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Como ajudar o seu filho?

Fomente uma estrutura e rotinas para que o seu filho


se sinta seguro – hora de refeições, horas para
determinadas actividades, horas de convívio em
família, horas para descansar;

Esteja perto do seu filho, observe o seu


comportamento e procure o diálogo como forma de
chegar até ele – O que o preocupa? O que está a
sentir? O que precisa? De que forma o podem ajudar?

Oiça o seu filho sem julgamentos, sem interpretações


ou desvalorizações – discursos como “isso passa”, “é
uma tolice”, “não tens razões para estar assim”
podem fazê-lo sentir-se incompreendido, desajustado
e fechar-se para a ajuda externa;

Tenha um discurso securizante e de aceitação, como


“os pais estão aqui para te ajudar”, “compreendemos que estejas a passar por um
momento difícil, queremos ajudar-te”, “chorar é bom, podes fazê-lo connosco”,
“aquilo que sentes é o mais importante neste momento”;

Elogie o seu filho, exalte as suas qualidades, tudo aquilo que ele faz bem e generalize
aquilo que ele não está a conseguir fazer – “ninguém é perfeito”, “não temos que fazer
tudo bem”;

Encoraje o seu filho a fazer aquilo que ele gosta de fazer, pode até acompanhá-lo
nessas actividades - respeite as suas vontades e interesses. É importante evitar que ele
se isole, mantendo alguma actividade social – um lanche num sítio agradável, uma ida
ao cinema, um passeio em família, uma caminhada em contacto com a natureza e sol,
etc.;

Abrace o seu filho – o contacto corporal é muito importante na transmissão de afecto,


conforto, amor e segurança, promovendo mais proximidade e cumplicidade.

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Esteja permanentemente presente na vida do seu filho, enviando mensagens de
apoio, coragem, força e disponibilidade da sua parte para estar com ele sempre que
seja necessário;

Respeite o seu descanso, quando ele desejar estar deitado e sossegado em alguns
momentos, colocando um sinal de “não incomodar”, para que ele sinta que o seu
espaço também é honrado quando assim necessita;

Promova no seu filho a prática de exercício físico – aumenta a energia, reduz o stress e
alivia tensão;

Promova o contacto do seu filho com os seus amigos e outras relações de confiança
que possam apoia-lo neste momento de maior instabilidade e confusão internas.

A adoção de um animal de estimação pode ajudá-lo a sentir-me mais acompanhado,


mais motivado e útil por estar a cuidar de um outro ser;

Aprenda e pratique com o seu filho técnicas de relaxamento;

Intensifique uma dieta equilibrada em proteínas, hidratos de carbono complexos,


frutas e legumes.

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Tratamento no Psicólogo

Depois de efectuado o diagnóstico, a intervenção com uma criança deprimida implica a


sensibilização dos pais para a importância do seu papel no tratamento, quer como pais, quer
como interlocutores com a escola e grupo de pares. Com a criança deve ser planeada:

 Intervenção psicoterapêutica através do jogo – Ludoterapia (método de excelência


para estabelecer relação terapêutica - sobretudo com crianças mais pequenas – bem
como da sua expressão interna;

 Recurso a práticas de Mindfulness para crianças (focar a atenção de uma maneira


particular – de propósito, no momento presente e sem julgamento);

 Abordagem EMDR (dessensibilização e reprocessamento de memórias traumáticas,


pensamentos negativos/ auto-destrutivos, emoções com impacto negativo ou
somatizações);

 Abordagem Cognitivo-Comportamental (elaboração de um projecto pessoal com


objectivos traçados, metas alcançadas...; diário pessoal, com registo de pensamentos e
emoções – sobretudo para crianças mais velhas e adolescentes; Tabelas de situações
positivas e negativas, etc.)

Em casos de maior gravidade, poderá ser benéfico o recurso a intervenção psicofarmacológica


de modo a diminuir a gravidade dos sintomas para poder iniciar o trabalho psicoterapêutico.

Nota importante:
Por favor lembre-se que a depressão é um problema sério e que pode ter
consequências graves. As sugestões dadas neste documento não visam, em
circunstância alguma, substituir um acompanhamento por um profissional de saúde
mental!

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