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Plano de Aula – Motta

Tutora Rebeca Rocha

A Estratégia do Regime Militar: As reformas promovidas pelo regime militar, apesar


do caráter liberalizante, não fazia menos válido o intento de adiar ao máximo a entrega
do poder. Inclusive, a decretação de extinção do bipartidarismo, que promoveu uma
reformulação partidária e abriu possibilidade para a formação de novos partidos, visava
enfraquecer a oposição. A intenção era pulverizar o oposicionismo do MDB, que se
concentrava nessa frente única. O objetivo era destruir o MDB, que estava se tornando
uma legenda muito popular.

Analisando o Contexto de Reformulação: A reformulação do sistema partidário não


foi consequência de mudanças profundas no ordenamento do Estado. Pelo contrário,
essa pequena concessão democrática tinha em vista o já citado enfraquecimento da
oposição e, também, a diminuição da tensão política. A ideia era de uma transição lenta
e gradual para a democracia, garantindo maior longevidade ao Estado militar.

O arranjo bipartidário lançou bases ao sistema partidário atual, com a criação do PDS, PMDB, PDT,
PTB e PT.

Partidos de Âmbito Governamental: Tem-se o surgimento do PDS, praticamente uma


continuação da ARENA. O novo partido era integrado, basicamente, por políticos
simpatizantes do regime militar. A mudança de nome, inclusive, era para cortar os
vínculos com a imagem da ARENA, já desgastada, e criar a impressão de que o "novo"
partido era diferente e mais moderno.

Partidos de Oposição: Houve cisão. Daí a criação do PMDB, PDT, PTB e PT.

PMDB: Principal herdeiro da resistência democrática teve em sua criação o


intento de manter maior coesão frente ao autoritarismo da época.
Acreditavam que a pressão sob o governo seria bem maior com uma
oposição mais unida, o que apressaria a derrocada democrática.
Aproveitaram a popularidade da sigla MDB e intitularam o partido como
PMDB. Mas...

Alguns grupos de oposição não consideraram tão importante evitar a formação de vários
partidos afirmando, pelo contrário, que era necessário pluralismo partidário para a
conquista de uma democracia efetiva. Consideravam a frente oposicionista muito ampla
para se encaixar dentro de uma só organização.

PDT: Bastante envolto por elementos ligados ao trabalhismo e à herança de


Getúlio Vargas, com forte ímpeto reformista e de esquerda. Principal líder e
animador é Leonel Brizola, que antes do golpe militar havia sido grande
defensor de reformas sociais. A imagem de Brizola, apesar, de estar sendo
mais moderada, ainda assustava o governo, que tomou várias manobras para
dificultar a ação do partido. Houve a tentativa de registrar o nome do partido
como PTB, o que criaria associação direta com o legado do getulismo e
trabalhismo. O nome de legenda foi cedido a um grupo rival, mas, apesar
desse imprevisto, os brizolistas não desanimaram. No final das contas,
acabaram por ocupar espaço pequeno, mas expressivo no cenário político,
com força no RJ e RS. Seu auge foi em 1980-1990, entrando em declínio
com a morte de Brizola, em 2004.

PTB: Apesar de muitos de seus fundadores terem vindo do MDB é difícil


caracterizá-lo como oposicionista, principalmente ao se considerar o apoio
do governo na disputa pelo registro da sigla PTB. Ao que tudo indica, houve
apoio do governo para derrotar os brizolistas na posse do nome do partido.
Acabou que o PTB pouco se associou ao antigo, a não ser pela voracidade
por cargos públicos - apesar do programa pouco definido, o partido se
manteve estável nos últimos anos, com tendência a declínio a partir de 2002.

PT: O autor coloca o partido como uma das construções mais originais da
política brasileira. Isso porque as forças principais do PT vieram do universo
extraparlamentar, ou seja, mais desvinculado das grandes elites políticas.
Apesar de parlamentares eleitos pelo MDB terem sido apoiadores, as bases
sociais eram bastante fortes, voltadas em três frentes principais: 1. Líderes do
sindicalismo em ascensão, com destaque para a imagem de Lula 2.
Intelectuais e pequenos grupos marxistas 3. Populares ligados à Igreja
Católica.

Combinação: católicos + marxistas + intelectuais + operários + partido criado fora do


universo das elites e do Estado

O partido foi evoluindo e crescendo em termos eleitorais e políticos. Postos


de governo importantes foram ganhos, como governadores e prefeitos, e
Lula disputou 3 eleições à presidente com altos índices de votação. Esse
sucesso pode ser explicado: 1. Pelo apoio de uma larga militância, ligada a
organizações sociais de prestígio 2. Pela proposta social 3. Pelo discurso
crítico em relação ao status quo - proposta desvinculada das elites sociais e
políticas. 4. Pela figura carismática de Lula.

Resultados da Estratégia do Regime Militar: A estratégia do regime militar não


trouxe os resultados esperados já que o PMDB herdou a popularidade da época do
MDB, o isolamento político continuou e a crise econômica, agregada ao retorno dos
movimentos sociais, marcou um cenário político mais delicado. Houve pressão forte por
parte da sociedade e, assim, o governo começa a perder o controle sobre o processo de
transição. Vale lembrar-se do contexto do movimento Diretas Já, com reivindicação de
eleições diretas para presidente. Nas eleições para governador, já feitas nesse caráter, a
oposição já estava predominando.

Aliança Democrática: Formada pela junção de peemedebistas e dissidentes


do PDS, essa aliança disputou e ganhou as eleições indiretas no colégio
eleitoral. A cisão do PDS foi importante porque sozinha a oposição não
conseguiria reunir os votos necessários para o sucessor de Figueiredo, último
general-presidente. A chapa era formada por Tancredo Neves e Sarney, com
Sarney assumindo após a morte de Tancredo. Apesar de a Aliança
Democrática estar comprometida, em alguns elementos, com o autoritarismo,
já que era recém-convertida com os ideais democráticos, a vitória da chapa
permitiu o retorno pleno à democracia. Período de Nova República.

Resumão: O regime militar já bambeava perante o aumento da força da


opinião pública oposicionista e pelo grau de desgaste e desagregação
atingido pelas bases governistas. Já estava prejudicado em um mecanismo
criado para favorecê-lo, ou seja, no contexto de colégio eleitoral.

Nova República: Houve a convocação da Assembleia Constituinte, para consolidar as


mudanças democráticas, com a elaboração da Carta Constitucional de 1988. Esse foi o
golpe final nos resquícios autoritários, promovendo eleições livres e diretas em todos os
níveis. Dentre as inovações importantes da Carta podemos citar

1. Ampliação do número de eleitores, pela inclusão do voto facultativo para


analfabetos e jovens entre 16 e 18 anos;

2. O estabelecimento de leis bastante liberais: Os entraves à organização dos


partidos são retirados, por exemplo. Apesar de o registro provisório no TSE ter
sido facilitado, o registro definitivo se tornou mais criterioso. Ainda assim,
tivemos aumento nas agremiações*.

Papel dos Partidos no Período Pós-Autoritário:


Criação do PFL: Formado por dissidentes do PDS, o partido controlou
posições importantes no Congresso e no governo. Teve boa vocação para o
poder nos primeiros anos pós-regime militar.

PSDB: Merece destaque dentre os partidos criados no período pós-


autoritário, sendo formado a partir de uma cisão interior no PMDB. Foi
criado 1. Pelas divergências doutrinárias com o papel que o PMDB assumiu
nas votações da Constituinte 2. Pelo incômodo com o controle exercido por
certos políticos sobre a máquina do PMDB. O partido teve desempenho
político aquém em primeiro momento, até a eleição de FHC, que coloca o
partido em posição central no jogo político. O autor não deixa de ressaltar a
incorporação de posturas liberais a partir de 1990, apesar do perfil mais
próximo à esquerda no período de sua fundação.

1990-Dias Atuais: Em 1990, o sistema já começa se assemelhar mais ao


atual, deixando de lado a dicotomia PMDB e PDS. Assiste-se uma tendência
à fragmentação do sistema partidário, com a presença de cinco partidos
principais. Os problemas dessa tendência é que fica mais complicado para os
governos obter maiorias parlamentares no Congresso. Mas, a pulverização
partidária é contrabalançada por uma estabilização, advinda do peso
proporcional dos cinco partidos, que não mudam muito na Câmara.
Perda de Cena dos Partidos: Alguns partidos perderam posição relativa,
como o PMDB, perdendo posição central e PDS/PPB e PP, sendo cada vez
menos votados.

Ascensão de Partidos: Já em termos de ascensão tem-se o PSDB, que


cresce em importância pelo plano real e período FHC, e o PT, que teve salto
importante com Lula. Este último, todavia, trabalha dependendo de coalizões
multipartidárias, o que impõe limites à capacidade do governo de definir
políticas públicas mais efetivas. Mais ainda, mantém aliança com grupos
conservadores, representadas por figuras como José de Alencar.

PSOL: O autor enquadra a criação do partido aos esquemas de corrupção


assistidos, especialmente, no Partido dos Trabalhadores, que cria a cisão e
posterior criação do partido em 2004. Evita falar sobre os desdobramentos
dos episódios de corrupção para o PT, ou seja, de fazer prognósticos, porque
ainda estaria muito cedo para tal. Esse é o momento para nós, alunos,
refletirmos, depois de sete anos da escrita do texto.

Dança das legendas: O autor usa o termo para apontar a multiplicação das siglas
partidárias (alguns com vida efêmera) e da mudança constante de filiação. Apesar
dessas problemáticas, houve solidez do sistema, com tendência à estabilização cada vez
maior, pelos cinco partidos que mantém destaque nas disputas eleitorais:

PMDB, PT, PSDB, PFL/DEM e PDS/PP

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