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RESUMO

A regra-matriz de incidência tributária é uma norma de conduta que visa


disciplinar a relação jurídico-tributária entre o fisco e o contribuinte. A lei prevê um
determinado fato jurídico tributário como hipótese de incidência tributária e, uma vez
ocorrido o fato previsto, aparece a relação jurídica entre sujeito ativo e sujeito passivo. A
hipótese de incidência descreve a situação necessária e suficiente ao nascimento da
obrigação tributária. Pode ser classificada em aspecto antecedente, no qual possui três
elementos e o consequente possuindo dois elementos.

PALAVRAS-CHAVE: Regra Matriz, Hipótese de Incidência, Fato gerador, Obrigação


tributária.

RESUMEM

La norma matriz de incidencia tributaria es una norma de conducta que busca


disciplinar la relación jurídico-tributaria entre el fisco y el contribuyente. La ley prevé un
determinado hecho jurídico tributario como hipótesis de incidencia tributaria y, una vez
ocurrido el hecho previsto, aparece la relación jurídica entre sujeto activo y sujeto pasivo.
La hipótesis de incidencia describe la situación necesaria y suficiente al nacimiento de la
obligación tributaria. Puede ser clasificada en aspecto antecedente, en el cual posee tres
elementos y el consecuente poseyendo dos elementos.

PALABRAS CLAVE: Regla Matriz, Hipótesis de Incidencia, Hecho generador,


Obligación tributaria.
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1- INTRODUÇÃO

A existência de uma relação jurídica vinculante entre o Estado e o particular


enseja a criação de uma norma a fim de regular esta relação obrigacional, tal surgimento
se dá a partir de um juízo hipotético condicional.

A doutrina tributaria no fim do século XX exige que o estudo do Direito


Tributário não deixasse de lado a constatação de que se há uma relação jurídica que
vincula o Estado e o particular esta surge de uma norma jurídica que a prevê como
consequência da concretização de uma hipótese.

O objeto de estudo da Regra Matriz de Incidência Tributária é justamente fazer


esse elo entre o juízo hipotético e a subsunção do fato a norma. Através do estudo dos
fatores antecedentes será possível valorar a norma no tocante a sua legalidade e validade
no mundo jurídico, esse é o chamado fato gerador, concretizando-se ai a relação jurídica.
Já no plano consequente estabelecer-se-á quais os sujeitos da relação obrigacional, sujeito
ativo e passivo, atribuindo-se ainda valores a esta obrigação sendo o tributo apurado a
partir do binômio base de cálculo e alíquota.

A expressão “regra matriz de incidência tributária” é de autoria de Paulo de


Barros Carvalho, que estudou esse fenômeno buscando captar num só momento, a
hipótese e a relação jurídico-tributária que dali se instaura.
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2- DOS ASPECTOS GERAIS DA HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA

A Regra matriz de Incidência Tributária é um instrumento didático concebido


para realizar a análise do fenômeno jurídico tributário, ou seja, os elementos que
compõem a criação do tributo, determinando-se os elementos afetos a matéria e
componentes do fato gerador, cria-se uma estrutura lógica desde o fato hipotético até a
implementação da relação jurídica tributária, contemplando suas características básicas.

Essas características devem estar presentes de forma implícita no texto


normativo que irá criar o tributo. De maneira simples é preciso que sejam respondidas
cinco indagações a respeito da criação do tributo, sendo elas: Como, Onde, Quando,
Quem e Quanto.

Nesse contexto temos ainda uma subdivisão na regra matriz, o antecedente e o


consequente, dessa forma, serão analisados no antecedente, o critério material, o espacial
e o temporal, já no consequente serão analisados outros dois aspectos, o pessoal e o
quantitativo, sendo que o pessoal deverá fazer análise de duas figuras, a do devedor do
tributo e a daquele a quem se deve pagar o tributo, ou seja, sujeito ativo e passivo da
relação jurídica tributária.

Após realizada essa análise podemos então dizer com mais certeza a respeito da
legalidade do tributo que irá ser instituído, justamente a utilização do esquema de regra
matriz de incidência é que poderá esclarecer o alcance do princípio da legalidade,
apontando que somente se pode dizer que o tributo tem relação com a lei se toda norma
de incidência foi prevista na lei, tanto o antecedente como o consequente normativo.

Dessa forma o artigo 97 do Código Tributário Nacional diz que:

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:


I- A instituição de tributos, ou a sua extinção;
II- A majoração de tributos, ou a sua redução, ressalvados o disposto nos arts.
(...);
III- A definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o
disposto no inciso I do § 3º do art. 52, e do seu sujeito passivo;
IV- A fixação da alíquota do tributo e da sua base de cálculo (...)
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Temos então no inciso III quando se refere a definição do fato gerador o


antecedente normativo da regra matriz, exigindo igualmente o princípio da legalidade a
plena definição da relação jurídica estabelecida pelo consequente, quais sejam o sujeito
passivo a alíquota e a base de cálculo.
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3- DO ASPECTO ANTECEDENTE E SEUS ELEMENTOS.

A hipótese de incidência está no antecedente da regra matriz, sendo composta


pelos aspectos material, no qual revela a conduta tributada, sendo composto pelo verbo
mais o complemento da ação descrita como tributário, como por exemplo o IR, que seria
auferir renda, por isso é o núcleo da hipótese de incidência já que identifica um tributo
dentre os demais permitindo a identificação da competência tributária, federal, estadual,
ou municipal.

Ao que tange o aspecto temporal, ocorre quando se considera ocorrida a ação


que materializa a hipótese de incidência, despontando a natural necessidade de que a
norma tributaria revele o marco de tempo em que se dá por ocorrido o fato, abrindo-se
aos sujeitos da relação o exato conhecimento da existência de seus direitos e de suas
obrigações, logo quando ocorrido o fato gerador, insurge a obrigação tributária, sendo
importante para a quantificação do tributo já que a lei que rege a obrigação tributária
correspondente é a vigente na data da sua ocorrência, no caso de Impostos de Importação,
o fato gerador ocorre com a entrada da mercadoria em território nacional.

Em se tratando do aspecto espacial da regra matriz, nesse momento seria


importante saber se os fatos concretos se enquadram como tese em hipótese de incidência
foram praticados dentro do seu território de abrangência, diretriz que nos conduz a
classificar o gênero tributo na conformidade do grau de elaboração do critério espacial da
respectiva hipótese tributaria, cujo critério espacial irá fazer menção a determinado local
para ocorrência do fato típico, como no caso de tributos que gravam o comercio exterior,
como o Imposto de Importação; hipótese que alude a áreas especificas, de tal sorte que o
acontecimento apenas ocorrerá se dentro delas estiver geograficamente contido, como no
caso aos que incidem sobre bens imóveis, ITR e IPTU; e sob um aspecto mais genérico,
em que onde todo ou qualquer fato, que suceda sob o manto da vigência territorial da lei
instituidora, estará apto a desencadear seus efeitos peculiares, no qual estariam os demais
tributos, como por exemplo, a circulação de uma mercadoria dentro de determinado
Estado não poderá tributar ICMS sobre Estado distinto.
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4- DO FATO GERADOR E A SUBSUNÇÃO DO FATO A NORMA

A expressão “fato gerador” suscitou várias discussões, deduzidas por diversos


autores nacionais, surgindo pôr fim a proposta de Geraldo Ataliba e melhorada por Paulo
de Barros Carvalho, é a materialização da hipótese de incidência, representando o
momento concreto de realização da hipótese, que se opõe à abstração do paradigma legal
que antecede. Caracteriza-se pela concretização da hipóteses que, na prática, representa
o conceito de “fato”. Tratando-se de realização da hipótese de incidência, teremos o fato
gerador ou fato jurígeno.

É importante enaltecer que a perfeita adaptação do fato ao modelo ou paradigma


(arquétipo) legal, tem-se o nascimento do fenômeno da subsunção. A partir da subsunção
tributária, nasce o liame jurídico obrigacional, que lastreará a relação intersubjetiva
tributária.

Por fim, cabe destacar que o fato gerador ganha significativa importância por
definir a lei a ser aplicada no momento da cobrança do tributo, em abono ao princípio da
irretroatividade tributária. Sabe-se que, numa autuação fiscal, deve a autoridade
fiscalizadora se valer da lei que antecede os fatos geradores aos quais ela se refere, sob
pena de veicular uma retroatividade legal, o que se pretende coibir com o postulado
constitucional da irretroatividade tributária.

Como já explicado, “hipótese de incidência” é a situação descrita em lei,


recortada pelo legislador dentre inúmeros fatos do mundo fenomênico, a qual, uma vez
concretizada, enseja o surgimento da obrigação principal (fato gerador).
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5- DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

Ladeando a obrigação tributária, que realiza os anseios do Estado, enquanto


entidade tributante, dispõe a ordem jurídica sobre comportamentos outros positivos ou
negativos, consistentes num fazer ou não fazer, que não se explicam em si mesmos,
preordenados que estão a facilitar o conhecimento o controle e a arrecadação da
importância devida como tributo.

Neste momento, observa-se que para que exista a obrigação deve haver a
existência de fato gerador, no qual de modo venha unir os sujeitos, tanto em prestações
pecuniárias em uma relação obrigacional de cunho principal, e não pecuniária de relação
obrigacional de cunho acessório.

Ao se buscar proporções para definir a obrigação principal destacada pelo artigo


114 do Código Tributário Nacional, é possível notar a observância de três possíveis
interpretações, a primeira quanto aquela representada no seu aspecto material, cuja a
obrigação seria gerada pelo acontecimento de um fato, sendo necessária a sua definição
em lei para que seja suficiente para sua ocorrência, a segunda no seu aspecto normativo,
se referindo à hipótese das regras jurídicas tributarias com situações definidas em lei, e
em um terceiro olhar, age sob a conjunção das duas entidades, uma no qual o
acontecimento se dá no campo real-social e a outra no campo seletor de propriedades,
enunciando condições necessárias e suficientes para que ele possa efetivamente
acontecer.

Definido por exclusão, já que as demais relações destituídas desse caráter


principal, serão designadas como obrigações acessórias, uma vez que não apresentam
elementos caracterizador dos laços obrigacionais inexistindo nelas prestação passível de
transformação em termos pecuniários. Logo o preceptivo está disposto no artigo 115 do
Código Tributário Nacional, pois tal não tem conteúdo pecuniário, já que a obrigação
principal tem caráter arrecadatório, e por não haver pecúnia, a provocação acessória será
para pratica ou abstenção de ato. Por isso que não há uma antinomia, pois a obrigação
acessória quando descumprida irá se transformar em obrigação principal relativamente a
penalidade pecuniária que não é tributo, logo não há sanção de ato ilícito.
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Observa-se também que além de não serem obrigações, nem sempre são
acessórias, imaginemos uma série de atos, compostos dentro de um procedimento de
fiscalização, armado para certificar a ocorrência de um evento tributário, depois de
exaustivas diligências, em que o sujeito passivo se viu compelido a executar atos de
informação, de comprovação, de esclarecimentos, concluem que as autoridades
fazendárias que não se deu o evento de que cogitavam e portanto não nascera a relação
jurídica obrigacional; diante disto, a observação a ser feita, é se, seriam de caráter
acessório ou principal, logo que o Estado pretende ver atos devidamente formalizados,
para que possa saber da existência do liame obrigacional que brota com o acontecimento
fático previsto na hipótese da norma.
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6- DO ASPECTO CONSEQUENTE E SEUS ELEMENTOS.

O consequente da regra-matriz de incidência tributária é composto pelos critérios


pessoal e o quantitativo. Juntos compreendem o discernimento em relação aos termos da
obrigação tributária, a qual nascerá devido a ocorrência do fato descrito em sua hipótese.

Neste diapasão, o consequente como prescritor nos permite a identificação que


estabelece a devida previsão de uma relação jurídica que, consoante ao Código Tributário
Nacional em seu artigo 113, parágrafo §1°, se institui de forma imediata quando o fato se
perfaz.

Em síntese, o critério consequente da regra-matriz se consuma a partir dos


critérios para a identificação do vínculo jurídico que ao qual se origina, ou seja, para
conhecer os elementos constitutivos da obrigação tributária, os critérios do consequente
se desdobram em sujeito ativo e passivo (critério pessoal), bem como e a quantificação
do tributo (critério quantitativo).

Neste contexto, conforme CARVALHO (2007), compreende-se por critério


pessoal a distinção acerca de quem são os sujeitos da relação jurídica tributária,
determinando-se o sujeito ativo e passivo da obrigação tributária, ou seja, o respectivo
credor e devedor do tributo, e que como sujeitos do vínculo obrigacional, estão
interligados entre si pela prestação.

6.1- DO CRITÉRIO PESSOAL

6.1.1- Do Sujeito Ativo

No polo de sujeito ativo entende-se como sendo o titular de direito subjetivo de


exigir a prestação pecuniária. Desta feita, será ele o credor da relação jurídica tributária,
a quem deverá ser realizado o pagamento e quem poderá exigir o pagamento do tributo,
conforme disposição presente no artigo 119, do Código Tributário Nacional o, preleciona
que “sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, da competência
para exigir o seu cumprimento”.
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Contudo, devido há precedentes constitucionais, poderá ser atribuída a pessoas


jurídica pública ou privada a capacidade ativa para figurar como sujeito ativo do vínculo.
São eles, a União, Distrito Federal, Estados, Municípios . O sujeito ativo também poderá
ser pessoa jurídica privada que, no entanto, não são titulares de competência tributária.
Exemplos de pessoas jurídicas de direito privado que poderão ser sujeitos ativos de
relação jurídica tributária são as entidades paraestatais, com funções de finalidade
pública, no caso das contribuições instituídas e pagas ao seu favor, conforme exemplo do
que ocorre com o ITR (art.153, § 4º, III, CF), e com o IR (art. 157, I, CF).

6.1.2 Do Sujeito Passivo

Concernente ao sujeito passivo da obrigação tributária, o mesmo poderá ser


pessoa, física ou jurídica, de quem se exige o cumprimento da prestação do tributo ou das
obrigações instrumentais, denominado como contribuinte ou responsável. De acordo com
o elucidado pelo artigo 121, parágrafo único, do Código Tributário Nacional, vejamos:

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao


pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
O parágrafo único do art. 121 do CTN nos informa ainda que poderão ser
sujeitos passivos da relação jurídica tributária o contribuinte e o responsável:
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I — contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que
constitua o respectivo fato gerador;
II — responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua
obrigação decorra de disposição expressa de lei.

Nesta seara, poderá ser direta enquanto sujeito passivo, quando este for
representado pelo contribuinte, compreendido como o que possui relação pessoal e direta
com a situação descrita pela norma.

Comumente, a respeito, o contribuinte de fato será aquele que realiza a ação


descrita no critério material da regra-matriz. Não obstante, o sujeito passivo poderá, será
indireto, quando se vislumbrar na figura de responsável, ou seja, aquele que detém a
obrigação decorrente de disposição expressa de lei. A sujeição passiva também será um
elemento chave para a realização do planejamento tributário. Em exemplo, na situação
fática do Imposto de Renda, a alíquota aplicável poderá ser variável caso o sujeito passivo
seja pessoa física ou pessoa jurídica.
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Em adição, se dará a transferência quando a obrigação surgir para o sujeito


passivo direto. Contudo, por força de fato posterior, a mesma é transferida para outra
pessoa, em uma das três modalidades seguintes: solidariedade (conforme artigo 124, I,
II,125e artigo134 do CTN, em exemplo incidência do IPTU, quando duas ou mais pessoas
são proprietárias do imóvel), quando duas ou mais pessoas tornam-se obrigadas por lei
ao pagamento de toda a obrigação; sucessão (inter vivos ou causa mortis) é regulada,
quando desaparece o devedor originário e a obrigação é transferida aos herdeiros
conforme artigo 131em seus inciso III, e art.134, I a VII, do CTN; a responsabilidade
(art.128, 132, 135 do CTN), (compra e venda); quando de forma supletiva se transfere a
terceiro a obrigação. Ocorre substituição quando, desde logo, a lei elege terceiro para
figurar no polo passivo da obrigação, em lugar do sujeito passivo direto.

6.1.3- Do Sujeito passivo e domicílio tributário

Em conformidade com o Código Tributário Nacional disciplina a eleição do


domicílio em que o contribuinte deverá responder por suas obrigações tributarias,
cabendo-lhe a livre escolha. Conforme disposição do artigo 127, incisos I, II, III, do
Código Tributário Nacional:

Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio


tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal:
I – quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta
ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade;
II – quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o
lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à
obrigação, o de cada estabelecimento;
III – quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições
no território da entidade tributante.

Ao que tange, na ocorrência de situações em que não for possível o cumprimento


das regras mencionadas, logo será considerado domicílio tributário o local onde se
encontrem os bens ou em que ocorrerem os atos ou fatos que ensejaram na obrigação
tributária, em conformidade com o artigo 127, §1º, do Código Tributário Nacional.

Entretanto, o Código Tributário Nacional estipula determinadas hipóteses em


que poderá o fisco recusar o domicílio escolhido pelo contribuinte. Contudo, tal recusa se
dará quando o local eleito de certa forma tornar impossível ou dificultar a arrecadação ou
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fiscalização do tributo. Como exemplo, na ocorrência, de quando o local escolhido pelo


contribuinte é situado fora da área territorial do ente tributante.

A certo saber, que o ato de recusa deverá sempre ser fundamentado, deixando
evidente o motivo da dificuldade ou impossibilidade de arrecadação ou fiscalização do
tributo, como preceitua o artigo 127, §2º, do Código Tributário Nacional.

Sobrevindo a recusa, dar-se-á a aplicabilidade da regra determinada quando o


contribuinte não elege um domicílio tributário, ou seja, será considerado domicílio
tributário, o local onde se encontrarem os bens, ou onde ocorrerem os fatos ou atos que
deram origem à obrigação tributária.

6.2 – DO CRITÉRIO QUANTITATIVO

Denomina-se a compreensão do critério quantitativo o que determinará o valor


a ser pago a título de tributo. Por intermédio deste critério se institui, portanto, os termos
do objeto da prestação, mediante a junção de dois elementos, ou seja, a base de cálculo e
alíquota, na aferição da quantia a ser paga pelo sujeito passivo a título de tributo. Posto
isto, a função do critério quantitativo é estabelecer a exata quantia devida a título de
tributo. E então, definir qual será o valor que o sujeito ativo poderá exigir e, qual valor o
sujeito passivo deverá pagar. Observa-se, porém, correspondente aos tributos fixos, como
no caso de algumas taxas, não há a presença destes dois elementos, haja vista que os
valores são definitivos e invariáveis.

6.2.1- Base de cálculo

A base de cálculo, segundo CARVALHO (2007), é “a grandeza instituída na


consequência da regra-matriz tributária, e que se destina, primordialmente, a dimensionar
a intensidade do comportamento inserto no núcleo do fato jurídico”, ou seja, é o elemento
basilar do já citado critério quantitativo, ao qual se destina a orientar a intensidade do
comportamento descrito no critério material da regra-matriz. Em junção a alíquota, a
referida base de cálculo quantifica o valor do tributo. Assim, Carvalho (2007), leciona
que a base de cálculo cumpre três funções distintas: medir as proporções reais do fato,
demonstrando o valor econômico do acontecimento, do fato descrito no critério material;
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determinar a dívida ou seja, a base de cálculo torna-se fator integrante de uma operação
de multiplicação, para o fim de definição do valor a ser pago a título de tributo, da seguinte
forma, (valor do tributo = base de cálculo x Alíquota) ,e por fim, confirmar, infirmar ou
afirmar o verdadeiro critério material do antecedente da norma, desta forma, a base de
cálculo deverá mensurar adequadamente a materialidade do evento descrito na hipótese,
confirmando-o em caso de equivalência; infirmando-o, na ocorrência de divergência
entre base de cálculo e critério material e, afirmando-o em situação de obscuridade do
fato gerador.

Segundo CARVALHO (2007), pondera que o princípio da capacidade contributiva


continua vigorando para todos os tributos, como decorrência do princípio da igualdade.
É a capacidade contributiva absoluta ou objetiva, pela qual os fatos escolhidos pelas
hipóteses de qualquer gênero de tributo devem sempre denotar sinais de riqueza, ou fatos-
signos presuntivos de riqueza. Já pelo princípio da capacidade contributiva subjetiva ou
relativa, há “repartição do impacto tributário, de tal modo que os participantes do
acontecimento contribuam de acordo com o tamanho econômico do evento”.

No mesmo contexto, diante as figuras tributárias, a observância do princípio da


capacidade contributiva absoluta, no tocante ao artigo 145, §1º, da Constituição Federal
de 1988, que estipula que os impostos serão considerados a partir da capacidade
econômica do respectivo contribuinte.

6.2.2- Alíquota

Segundo o doutrinador CARVALHO (2007), no viés etimológico, a palavra


“alíquota, vocábulo latino da primeira declinação, quer dizer parte, a parcela que
contem no todo um número exato de vezes”.

Deste modo, a alíquota se constitui como elemento que, congregada à base de


cálculo, estabelece o quantum a ser pago a título de tributo, ou seja, poderá a alíquota
corresponder à determinada porcentagem ou ser compreendida em conceitos monetários
fixos ou variáveis, pertencentes a escalas progressivas de base de cálculo. Contudo,
alíquotas que perfazem certo percentual ou não da base de cálculo poderão ser
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proporcional invariável, progressiva (aumentando a base de cálculo, aumenta a


proporção) ou até mesmo regressiva (aumentando a base, diminui a proporção).

Em detrimento ao que se refere à alíquota, a mesma relaciona-se com os


princípios da capacidade contributiva, da isonomia e da vedação de tributo com efeito de
confisco. Assim, além da função objetiva da alíquota, CARVALHO (2007), ressalta que
em face de sua proporcionalidade, invariável ou progressiva, propicia a efetividade do
princípio da igualdade, e sua limitação dentro dos parâmetros legais obsta a tributação
confiscatória.
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7- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A regra matriz de incidência tributária é formada pela hipótese normativa


condicionada por critérios pessoal (sujeito ativo e passivo), material (verbo e
complemento), espacial (âmbito da incidência) e temporal (momento da ocorrência).

A partir da doutrina de Paulo de Barros Carvalho, pode-se afirmar que a incidência


de um tributo depende da existência de todos esses elementos de hipótese e de
consequência, os quais efetivam a regra-matriz de incidência tributária e dependem
fazendo com que a falta de um deles a presença dos demais seja irrelevante no mundo
jurídico.

Portanto, um tributo somente incide quando, onde e da forma que a regra-matriz


de incidência tributária declama, vinculando somente quem e pelo que ela prescreve, por
se tratar de uma norma de conduta para disciplinar a relação entre o Estado com seus
súditos.

Sendo assim, é ela quem define as hipóteses de incidência de um tributo, com


todos os seus elementos. Além dos critérios de hipótese (como, onde e quanto incide o
tributo), ela determina ainda os critérios de consequência (quem e o que se vincula). Logo,
toda a compreensão da estrutura tributária depende do entendimento acerca de sua regra-
matriz de incidência, e a percepção da mesma, através dessa estrutura lógica, permite ao
jurista e operador do Direito melhor compreender e conter o fenômeno jurídico-tributário
e assim, controlar mais facilmente a legalidade e constitucionalidade da norma jurídica
tributária.
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REFERÊNCIA

CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 18ª Ed. São Paulo:
Saraiva, 2007, pp.255-279, pp.295-315 e 338.

SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito Tributário. 3º Ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

BRASIL. Código Tributário Nacional. Lei nº 5. 172, de 25 de Outubro de 1966.


Disponível em:

http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/CodTributNaci/ctn.htm.
Acesso em: 28 de Agosto de 2018.

BRASIL. Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm.
Acesso em: 28 de Agosto de 2017.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, 1988. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
Acesso em: 28 de Agosto de 2017.

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