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AULA 1 - HISTÓRIA DO BRASIL

AMÉRICA PORTUGUESA
Antecedentes
A crise do século XIV é um sinônimo de crise do feudalismo e da crise da Idade Média.
Logo após a queda do Império Romano do Ocidente no século V, aconteceu uma
desestabilização das grandes cidades devido à ausência de Estado. As pessoas migraram para o
campo onde encontram proteção em troca de trabalho. Surgia a figura do senhor feudal. A
Europa passava por um processo de ruralizarão e dividiu-se em vários feudos.
Nessa época, o rei era mais um senhor feudal - ele era o suserano dos suseranos.
Tratava-se de um sistema com descentralização política. No campo econômico,
apresentava um sistema agrário fechado (todo o necessário para subsistência era produzido no
interior do feudo), havia poucas trocas comerciais e cada feudo tinha sua própria moeda. O
único traço de união na Europa era a Igreja. A sociedade era estamental, dividia-se em clero,
nobres e massa.
A partir do século XI, surgiram alguns problemas. As técnicas de produção melhoraram
e começou a haver excedente; esses passaram a ser comercializados nos burgos (espécies de
feiras). Houve, também, as cruzadas que tinham o objetivo de reconquistar a terra santa. Nessas
guerras, a Europa entrou em contato com as especiarias que passaram a ser comercializadas nos
burgos.
No século XIV, houve a peste negra que dizimou parte da população. Iniciaram-se
guerras para conquistar outros feudos que não tinham sido afetados pelas pestes. As mortes
causaram uma crise demográfica que acarretou uma queda na produção.
A ordem viria por meio da criação do Estado Moderno Europeu - Antigo Regime. O rei
conseguiu dois apoios fundamentais para se fortalecer e controlar o caos: o da nobreza feudal
(que estava amedrontada pelas revoltas campesinas) e o da burguesia (classe que estava
nascendo). Criou-se uma moeda e um imposto único que facilitavam o comércio.
Alguns reis aliaram-se a Igreja para se fortalecer (como na Espanha e em Portugal) e
outros afastaram-se (como na Inglaterra).
Passou a existir uma monarquia absolutista caracterizada pelo poder centralizado nas
mãos dos reis. (Luis XIV é o símbolo do absolutista.) A teoria do direito divino dos reis, a
interpretação encontrada em O Príncipe de Maquiavel e a teoria de Thomas Hobbes (que dizia
que o estado de natureza era de constante conflito, e por isso de forma consciente, por meio de
um pacto político, o homem entregava seu poder ao rei) justificam a concentração de poder nas
mãos do rei.
A economia caracterizou-se pelo mercantilismo. Esse termo foi criado pelos iluministas
e consistia no conjunto de práticas econômicas utilizadas pelo Estado moderno europeu. Suas
características eram:
 intervencionismo estatal;
 protecionismo alfandegário;
 industrialismo.

Uma das principais práticas do mercantilismo era a busca por colônias implementando
o exclusivo (ou pacto) colonial. A palavra pacto traz a ideia de um acordo entre duas partes. A
relação entre metrópole-colônia era mais maleável que pensamos. A palavra exclusivo traz a
ideia de que a economia da metrópole estava submetida ao interesse da metrópole.
Foi nesse contexto que tivemos a expansão marítima - conjunto de grandes navegações
mercantilista.
Um dos fatores que fomentaram a expansão marítima foi a expansão da fé (tirar os
muçulmanos do norte da África).
A partir da conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos, houve dificuldade para
a aquisição de especiarias por parte da Europa. Surgiu, então, a ideia de buscar uma rota
alternativa para chegar as Índias e conseguir especiarias.
Outro fator foi a fome monetária - necessidade de metais para cunhar moedas para
suprir a ascensão do comércio.
A expansão marítima foi possível graças a figura do rei. O rei financiava as grandes
navegações (à nobreza prometia terras no além-mar, à Igreja prometia a expansão da fé e à
burguesia a ampliação da rota de comércio). Os avanços técnicos (astrolábio, caravela, nau,
galeão) e o espírito aventureiro também possibilitaram essa empreitada.
O pioneiro das grandes navegações foi Portugal devido à localização geográfica
favorável, à tradição náutica (ligada à pesca do bacalhau em alto mar) e ao fato de Portugal ter
sido o primeiro Estado moderno a se formar. A Espanha também entrou na expansão marítima
antes mesmo de estar formada como Estado. A conquista de Celta em 1415 foi o pontapé inicial
para a expansão portuguesa.
O projeto português era do périplo africano - contornar o continente africano e chegar
as Índias.
Nesse contexto das grandes navegações, portugueses e espanhóis acertaram a divisão
do mundo em áreas de influência. O primeiro tratado foi de Alcáçovas-Toledo (1479-80) no qual
se dividiu o mundo em norte e sul tendo como marco as Ilhas Canárias.

Colombo chegou a América financiado pela Espanha, mas seu objetivo era circunavegar
a Terra para chegar as Índias. Era necessário um novo tratado.
A Bula Intercetera (1443), feita por arbitragem do papa Alexandre VI, estabeleceu o
marco divisor 100 léguas a oeste de Cabo Verde: o que estava a oeste era espanhol e o que
estava a leste era português. Portugal discordou e conseguiu ampliar de 100 para 370 léguas
firmando assim o Tratado de Tordesilhas em 1494.
Sobre a Ásia, foi feito o Tratado de Saragoça em 1520.

Período Pré-colonial
Esse período é assim chamado porque não havia um projeto de colonização. Entre 1500-
1530, o Brasil era um entreposto porque o principal objetivo era chegar ao oriente.
Não havia interesse na colonização porque Portugal tinha um lucro gigantesco no
comércio oriental e aparentemente não havia metais preciosos na Colônia.
Desenvolveram-se algumas atividades aqui como o escambo com indígenas. Essas
trocas aconteciam nas feitorias1.

1O forte tinha uma função de defesa do território, já a feitoria tinha dupla função: defesa e armazenamento de produtos. A
primeira feitoria foi a de Cabo Frio fundado por Américo Vespúcio em 1503.
Também foram feitas expedições para o interior do território chamadas de entradas e
bandeiras.
Em 1530, o rei português encomendou um projeto de colonização a Martim Afonso de
Sousa. Esse projeto foi encomendado devido aos vários ataques estrangeiros que havia (lógica
de ocupar para não perder) e à queda do comércio oriental.

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