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CURSO ONLINE – CONHECIMENTOS GERAIS P/ SENADO FEDERAL

RICARDO VALE E VIRGINIA GUIMARÃES

AULA 01- PANORAMA POLÍTICO-ECONÔMICO MUNDIAL DO


SÉCULO XX

Olá pessoal, tudo bem?

Alguns de vocês podem estar se perguntando qual a finalidade de haver


uma aula inteira sobre o panorama político-econômico mundial do século XX em um
curso como esse! No entanto, amigos, temos que pensar que todas,
absolutamente todas as situações políticas, econômicas, sociais e ambientais
pelas quais passamos na atualidade tiveram origem em algum momento, não é
mesmo?

Por isso, a aula é muito importante para o nosso aprendizado. A partir


dela, compreenderemos melhor as transformações que vemos hoje à nossa volta,
ou seja, para compreender a dinâmica do processo, é imprescindível que
conheçamos o próprio processo, suas origens e aí então poderemos entender
suas conseqüências.

Um exemplo disso que estamos dizendo é o “recente” ataque de Israel


ao comboio humanitário ocorrido no dia 31 de maio de 2010. Como
compreenderíamos tal fato se não tivermos o entendimento acerca das disputas
nas quais esse país está inserido?

Ou ainda, como entenderemos a atual estrutura institucional da ONU e


suas assimetrias de poder se não soubermos o contexto político-econômico em que
ela surgiu?

Deixaremos estes assuntos para aulas futuras, mas os exemplos são


importantes para ilustrarmos o quão conectados estão os acontecimentos!
Portanto, pessoal, prestem atenção, ok?

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1- SISTEMAS POLÍTICO-ECONÔMICOS MUNDIAIS

Há basicamente dois sistemas econômicos no mundo atual: o


Capitalismo e o Socialismo. Mas qual a importância, ou qual a finalidade desses
sistemas econômicos existirem? Bem, são esses sistemas econômicos que
oferecem certa unidade aos diferentes países do mundo - que passam a buscar
mais ou menos a mesma coisa no setor econômico e político. Apesar disso, não é
tentativa de uniformização que faz com que esses sistemas sejam tão importantes
de serem estudados. Como se diz por aí: o buraco é mais embaixo!

Quando nos referimos a esses sistemas políticos e econômicos,


estamos, na verdade, nos referindo à divisão que houve no mundo durante a
Guerra Fria entre países capitalistas e socialistas. Estudar isso pode até parecer
meio sem graça, uma vez que já sabemos quem mata e quem morre no final, não é
mesmo? Entretanto, é importante termos uma compreensão mais aprofundada do
funcionamento de cada um desses sistemas, o que os caracteriza e,
principalmente, o que os opõem.

Para compreendermos tanto um quanto o outro, é necessário analisar


um mesmo episódio histórico: a Revolução Industrial, ocorrida na Grã-Bretanha do
século XVIII. Foi a partir desse acontecimento que a sociedade passou a ser
dividida em duas classes basilares à sustentação do capitalismo: burguesia e
proletariado. A existência e as discrepâncias entre essas classes sociais tornaram-
se o alvo principal das críticas dos intelectuais, que formularam, a partir daí, um
regime opositor ao capitalismo: o socialismo.

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1.1 Capitalismo

Sem a existência desse sistema, jamais estaríamos no estágio em que


nos encontramos: com uma economia tão integrada e com “tentáculos” nos mais
diversos lugares do mundo. Dentre os dois sistemas existentes, podemos afirmar,
com toda certeza, que o capitalismo foi o grande personagem dentro da Nova
Ordem Mundial. Isso porque obteve um relevante crescimento de sua importância
no mundo após a Segunda Guerra mundial e um solavanco maior ainda após a
queda do muro de Berlim, resultando na globalização que falamos na aula
demonstrativa.

A grande pergunta que fica depois de ter lido tudo isso é de onde vem
então essa essência da globalização chamada capitalismo. Calma, pessoal, não
vamos transformar isso aqui em uma aula de História! Porém, é importante
lembrarmos que, antes de chegar no estágio em que estamos, houve outros que
solidificaram e contribuíram para que o sistema capitalista assumisse a
configuração atual. Bem, ao longo de seu processo histórico, o capitalismo
apresentou três períodos principais, conhecidos como capitalismo comercial,
industrial e financeiro.

O Capitalismo comercial teve início nos séculos XVI e XVII com as


grandes navegações e se baseou, principalmente, na circulação de mercadorias.
Alguns estudiosos chegam a afirmar que foi com o início das grandes navegações,
que surgiu a abertura dos mercados, já “preparando o terreno” para a globalização.
Essa idéia ganha força quando pensamos que foi a partir dessas navegações que
os europeus passaram a ter contato com outras economias, mercados e produtos.
Todavia, como já vimos na aula anterior, a globalização é muito mais do que uma
simples competição econômica, não é mesmo? Ela engloba a difusão de valores e
estilos de vida ocidentais e a formação de blocos de poder que desafiam a
soberania do Estado. Além disso, ela traz ao palco novos atores principais, como as
corporações e as empresas transnacionais.

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Após o capitalismo comercial, temos a fase do capitalismo industrial.


Este possui um nome auto-explicativo! De qualquer modo, vale lembrar que no
Século XIX, a Inglaterra e a Europa Ocidental foram envolvidas pelo processo de
industrialização e uma nova divisão internacional do trabalho foi gerada. Assim,
temos que lembrar que este período foi marcado pelas transformações nas técnicas
e no modo de produção. Passou-se, então, a utilizar as máquinas em larga escala,
tornando ultrapassados os procedimentos artesanais utilizados no modelo de
produção anterior.

Por fim, e mais importante para resolvermos as questões na prova,


temos o capitalismo financeiro, que se baseia principalmente em um tipo de
economia em que o grande comércio e a grande indústria são controlados pelos
bancos comerciais e outras instituições financeiras. Porém, para compreendermos
bem como chegamos a esse estágio, é preciso voltarmos ao panorama político e
econômico mundial do século XX.

Passados os estágios do capitalismo comercial e industrial, chegamos


ao século XX, na fase do capitalismo monopolista-financeiro. Nessa etapa, os
grandes propulsores do desenvolvimento econômico são o sistema bancário, as
grandes corporações financeiras e o mercado globalizado. Foi nesta fase que o
capitalismo travou suas batalhas mais difíceis com o socialismo, que se
apresentava bem mais sólido em algumas regiões do mundo do que no século
passado.

E é exatamente no século XX que manteremos nossa atenção para


compreender como se formaram as áreas de influência capitalista e socialista. Mas
afinal, o que é o capitalismo?

A definição mais comum de capitalismo é a de que ele é um sistema


econômico que se baseia na propriedade privada dos meios de produção.
Contudo, o capitalismo possui outra e mais complexa definição, que confunde a
grande maioria das pessoas.

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“Capitalismo é a organização econômica que resulta do sistema


político de direitos individuais à vida, propriedade e liberdade.”

Por exemplo, imagine que nós perguntássemos a vocês qual país do


mundo é capitalista hoje em dia. A grande maioria responderia que quase todos,
não é mesmo? E por quê? Porque a tendência mundial é que haja respeito aos
direitos individuais, à vida e à propriedade – ainda que nem sempre isso ocorra na
intensidade que deveria. É claro que alguns países se aproximam muito mais do
ideal de capitalismo do que outros que ainda possuem tantas dificuldades de
respeitar os direitos individuais (como os países mais pobres do mundo).

E porque falamos, a todo o momento, de expansão capitalista,


classificando os próprios sistemas políticos de capitalistas?

Chamamos o sistema político de Capitalismo por ser ele intrínseco aos


efeitos econômicos conhecidos por este nome, ou seja, classificamos como
capitalistas países onde há existência de bancos, empresários, indústrias, dinheiro,
trabalho assalariado e juros.

Nesse sentido, os Estados Unidos da América são a grande potência


defensora da organização capitalista, sendo, inclusive, um dos países que mais se
aproximam de seu ideal. Na medida em que a hegemonia americana vai
disseminando pelo mundo, seu “American Way of Life”, todos passam a ter contato
com as pretensões capitalistas e, ao se alinhar às suas idéias, os países passam a
ser classificados assim também.

De qualquer modo, a consolidação do capitalismo revelou, no fim do


século XX, a crescente interdependência entre os países e uma relativa
padronização das condições de existência das sociedades humanas.

“Como assim, professores? Vocês querem me convencer de que todos


no mundo vivem igualmente?”

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Com toda certeza não!

A diversidade fica, a cada dia, mais clara diante dos nossos olhos e a
qualidade de vida de um morador dos EUA não passa nem perto da de um
habitante do norte da África. Entretanto, quando falamos de padronização, é
preciso lembrar que ela se refere muito mais às modalidades de produção,
distribuição e consumo de bens do que efetivamente à qualidade de vida das
pessoas. Assim, não seria exagero dizer que a maior parte dos países do mundo
conhecem, produzem e consomem Cola-Cola e Mac Donalds.

Em razão dessa padronização e interdependência, é comum ouvirmos


dizer que o mundo se tornou o paraíso para as multinacionais. Essas empresas
estão sempre buscando compor novas organizações, cadeias de auxílio e alianças
– com parceiros de diferentes países, que atuem em setores afins, complementares
ou diversos aos seus. Tudo isso tem o objetivo principal de monopolizar ou
cartelizar os mercados e é em função disso, alianças e fusões, que megaempresas
foram formadas. Como exemplo, citamos o caso das 6 maiores empresas de pneus
do mundo, que atualmente controlam 80 % de todo o mercado mundial.

Se por um lado a mundialização do capital trouxe uma crescente


integração de mercados e capitais, ela também mostrou um problema mundial
básico ainda hoje não resolvido: a fome.

Depois da Primeira Guerra Mundial, o capitalismo sofreu várias


mudanças e uma das mais significativas diz respeito ao seu principal representante.
Se antes a Inglaterra e a França despontavam como defensores do sistema, com a
guerra, os EUA alcançaram uma posição de destaque no cenário capitalista,
sobretudo devido ao comércio de armas com os países envolvidos no conflito. E
por que isso ocorreu? Porque foi durante e nos anos imediatamente posteriores à
Primeira Guerra que o comércio estadunidense teve seu ápice de vendas. Durante
o desenrolar da Primeira Guerra Mundial, as indústrias dos EUA produziam e
exportavam em grandes quantidades, principalmente para os países que não

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tinham como produzir o que necessitavam devido à turbulência militar pela qual
estavam passando. Dessa forma, os EUA assumiram o papel de grande
abastecedor mundial, o que levou sua produção industrial ao auge.

É no século XX que este sistema atinge uma outra fase chamada de


capitalismo monopolista! Essa fase é marcada por algumas características como

_ forte concentração dos capitais, criando os monopólios;

_ fusão do capital bancário com o capital industrial;

_ exportação de capitais, que supera a exportação de mercadorias;

_ surgimento de monopólios internacionais que partilham o mundo


entre si.

Pois é, pessoal, as características dessa fase do capitalismo são


importantíssimas para que compreendamos como o sistema deixou de ser
competitivo para ser monopolista.

Se observarmos à nossa volta, perceberemos, ainda hoje, essas


características em nossa realidade, já que a maior parte dos lucros e do capital do
mundo cruza o sistema financeiro, não é mesmo? Pois bem, praticamente todas as
empresas inseridas em uma economia de mercado vendem seus produtos a
diferentes países, mantendo o que foi classificado como monopólio internacional de
algumas empresas. Quem arrisca questionar que a Coca-Cola monopoliza o
mercado?

Tudo bem, nós sabemos que existem vários outros refrigerantes “cola”
por aí! Entretanto, de Xangai à Montevidéu, sempre se encontrará a tal da Coca-
Cola. E por quê? Porque ela monopoliza, juntamente com outras poucas empresas,
o comércio mundial, mantendo ativo um comércio de grandes proporções.

Outro ponto é o que a informatização dos sistemas foi capaz de fazer, já


que a movimentação e transferência de valores passaram a ser feitas quase em
tempo real. Isso gerou uma fusão entre o capital bancário e o industrial, uma vez
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que todas as operações financeiras passam pelo sistema bancário! É claro,


pessoal, que as indústrias e o comércio têm lucros estrondosos, porém os sistemas
bancário e financeiro são os que mais lucram e acumulam capitais dentro deste
contexto econômico atual.

E por que estamos falando tudo isso agora? Porque foi a partir desse
novo estágio capitalista, que tinha como lideranças representativas os EUA e a
Inglaterra, que novas teorias foram desenvolvidas e disseminadas pelo mundo. Foi
na metade do século XX, pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial, que
aconteceu a Conferência de Bretton Woods. Idealizada pelos Estados Unidos, ela
estabeleceu pela primeira vez na história uma ordem monetária totalmente
negociada entre Estados para governar as relações monetárias ente eles.

Bretton Woods foi o nome dado a uma conferência realizada em 1944


entre 45 países, que se reuniram com o objetivo de conduzir a política econômica
mundial. Ora, mas como se daria essa condução? Como o sistema Bretton Woods
foi o primeiro modelo de uma ordem econômica totalmente negociada para reger as
relações entre Estados, era necessário criar-se instituições que regulassem seus
objetivos.

Ainda que muitos de vocês nunca tenham ouvido falar de Bretton Woods,
temos certeza de que já se cansaram de ouvir a respeito de suas instituições: FMI e
BIRD. Essas duas instituições foram criadas justamente para definir e regular os
procedimentos da política econômica internacional. Haverá uma aula em que
trataremos detalhadamente de cada uma delas, mas pra ninguém ficar “boiando”
vamos a uma passada rápida, ok?

O BIRD (Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento)


tinha como tarefa inicial financiar a reconstrução dos países europeus destruídos
durante a Segunda Guerra Mundial, mas atualmente, sua incumbência fundamental
é o incentivo ao desenvolvimento de projetos de infraestrutura em países em
desenvolvimento. Essa tarefa é desempenhada por meio de financiamento e

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empréstimos aos países em desenvolvimento que apresentem rendas médias e


possuam bons antecedentes de crédito.

Já o FMI (Fundo Monetário Internacional) almejava zelar pela


estabilidade e garantir o bom funcionamento do sistema financeiro mundial por meio
do monitoramento das taxas de câmbio e da balança de pagamentos, o que é feito
com amparo técnico e financeiro. Mas o que seria exatamente esse
monitoramento?

Bem, o FMI fiscaliza a taxa de câmbio dos países na intenção de evitar


que eles a desvalorizem intencionalmente. Isso mesmo: desvalorizem, nós não
escrevemos errado!!

Os estados intervêm em suas economias desvalorizando suas próprias


moedas a fim de importar menos e exportar mais, contribuindo para geração de um
superávit na balança comercial, entenderam? Porém, isso é uma medida
protecionista chamada de “desvalorização competitiva”, que o FMI busca impedir
para que os países não prejudiquem um suposto livre funcionamento do mercado

Foi a partir dessa conferência que o Capitalismo foi reconhecido como o


melhor sistema econômico a ser utilizado na contemporaneidade e teve difundidos
os seus conceitos pelo mundo, adquirindo significativas zonas de influência política.

Para estabelecer uma efetiva influência sobre os países da Europa que


foram arrasados pela guerra, os EUA lançaram o Plano Marshall, a fim de
reconstruir o que a guerra havia destruído. Assim, a partir de 1947, a nova potência
do pós-guerra passou a injetar bilhões de dólares no velho continente,
impulsionando a sua reconstrução.

Pois é, amigos, com diz a música, “tudo muda no mundo o tempo todo”.
Se antes da Primeira Guerra Mundial, o nosso “tempo” era influenciado pelo grupo
de cinco potências formadas por Reino Unido, França, Alemanha, Império Austro-
Húngaro e Rússia, a partir da Segunda, não são mais eles que determinam os

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rumos de outras nações. Deste modo, o quadro de forças internacionais, no qual a


Europa reinava soberana, foi dissolvido, dando origem a um “novo reinado”: o dos
Estados Unidos da América.

E foi assim que tudo fluiu para que se consolidasse o sistema capitalista
que temos hoje, caracterizado pelo crescente avanço da Globalização e do poder
das classes empresárias dominantes, ou seja, das multinacionais.

Bem, amigos, agora seria o momento de falarmos das áreas que foram
influenciadas pelo capitalismo. Porém, como o domínio desse sistema foi bastante
extenso, é mais fácil enumerarmos os socialistas do que os capitalistas.

Porém, antes de elencar os países sob a influência comunista,


precisamos saber o que é esse regime? Onde surgiu? O que ele defende e por
quê? Nesse sentido, uma vez que já entendemos a lógica dominante no
capitalismo, certamente será mais fácil compreendermos a doutrina socialista, que
foi constituída para combatê-lo, não é mesmo?

Vamos ver como a Fundação Getúlio Vargas já cobrou a respeito do


capitalismo em prova!

1- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- A expansão financeira


global ocorrida nos últimos anos levou à atual crise do sistema capitalista
iniciada nos Estados Unidos e na Europa. Entre as idéias levantadas para
enfrentá-la, encontram-se as do economista inglês John Maynard Keynes
(1883/1946), que tiveram forte influência para a saída da crise iniciada em
1929.

Assinale a afirmativa que resume uma das idéias básicas do pensamento


keynesiano, aplicável tanto na crise de 29 quanto na crise atual.

a) O Estado deve intervir nos momentos de crise para salvar a economia de


mercado.

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b) O mercado é o único elemento que tem os recursos para enfrentar as crises


cíclicas.
c) O Estado deve punir os grupos financeiros que não honraram seus
compromissos.
d) O mercado é livre e nesse caso as crises são resolvidas pela lógica da oferta e
da procura.
e) O Estado deve utilizar as verbas que seriam gastas com o bem-estar social para
auxiliar os bancos falidos.

COMENTÁRIOS:

A letra A está correta. O pensamento ou doutrina keynesiana é uma


teoria econômica que ganhou destaque no início da década de 1930, quando o
capitalismo, regido por princípios liberais, viveu uma de suas mais graves crises. As
ideias keynesianas surgem apontando, justamente, a importância da intervenção do
Estado na economia.

A letra B está errada. Keynes afirmava que o Estado deveria buscar


formas para se conter o desequilíbrio da economia, portanto, era ele quem possuía
recursos para enfrentar as crises cíclicas.

A letra C está errada. Segundo esta doutrina, dentre outras medidas, era
visto como de fundamental importância que o governo concedesse linhas de crédito
a baixo custo para o setor privado. Dessa forma, a economia se reaqueceria de
modo geral.

A letra D está errada. O pensamento proposto por Keynes transformou


radicalmente o papel do Estado frente à economia, e deixou em total descrédito as
velhas crenças liberais do “laissez faire”, ou seja, não acredita na capacidade do
mercado se autorregular.

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A letra E esta errada. Em nenhum momento, a doutrina Keynesiana


defende a idéia de utilização de verbas que seriam gastas com o bem-estar social
para auxiliar os bancos falidos.

1.2 Socialismo

O sistema socialista pode ser entendido como:

“Um conjunto de teorias socioeconômicas, ideologias e políticas,


que postulam a abolição das desigualdades entre as classes sociais. "

Apesar de ter surgido na França, em contraposição a uma realidade


específica, o socialismo desenvolveu-se para além do seu lugar de origem e foi se
moldando de acordo com as necessidades do local onde era veiculado. Portanto,
muitas configurações desse sistema foram cunhadas para dar vazão a toda
angústia das classes menos favorecidas e, por isso, essas teorias começaram a
ganhar influência, sobretudo, entre estas.

Muito embora existam diferentes linhas socialistas, a base de todas elas


abarcava, como principais símbolos, a defesa da limitação do direito à
propriedade privada e o controle dos principais recursos econômicos pelos
poderes públicos - para, a partir daí, promover a igualdade social, política e
jurídica.

A maior parte dos defensores do socialismo acredita que o seu opositor


capitalismo incita a concentração de riquezas e poder nas mãos de uma minoria.
Segundo eles, toda essa opulência só se mantém às custas da exploração do
trabalho alheio, criando assim uma sociedade injusta e desigual. Portanto, os
críticos do capitalismo sempre ressaltam que esse sistema não oferece
oportunidades iguais para todos, dificultando com que todos maximizem suas
potencialidades.

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Ora, é claro que essas idéias de igualdade foram muito bem aceitas,
principalmente naquelas regiões onde a industrialização era menos desenvolvida e
a pobreza era crescente, como no caso da URSS. Foi nesse país que, após uma
forte crise política e econômica, apareceu a primeira concretização das teorias
socialistas. Nesse sentido, foi no governo de Lênin que a sociedade soviética viveu
a primeira experiência socialista do mundo, materializando conceitos como a
Reforma Agrária e a estatização de bancos e fábricas como principais métodos
para se acabar com as desigualdades sociais existentes.

Até agora nós só temos utilizado o termo socialismo, não é mesmo?


Muitos de vocês devem ter dúvidas a respeito da diferença entre socialismo e
comunismo, não é? Até porque esses dois conceitos são utilizados com muita
frequência como sendo uma coisa só. Todavia, eles não o são!

Como vimos, as ideias socialistas surgiram na França em contraposição


à nova realidade que a Europa vivia com a Revolução Industrial. Já as ideias
comunistas passaram a existir somente após a Revolução Russa. Assim, embora
ambas as teorias caminhem para o mesmo objetivo - luta contra a desigualdade
social -, existem certas diferenças conceituais entre as duas palavras.

O socialismo parte do pressuposto de que os problemas sociais só


existem porque existem desigualdades entre os indivíduos. Como assim? Os meios
de produção são o que diferenciam um individuo do outro e, portanto, a
socialização dos meios de produção resolveria o problema. Por isso, o sistema
socialista visa à extinção da propriedade privada.

Para tanto, o governo se encarregaria de cuidar do cidadão desde seu


nascimento e, posteriormente, esse indivíduo seria obrigado a seguir regras rígidas
e a trabalhar para todos, sempre sob a coordenação do Estado. Deste modo, a
existência do Estado para coordenar a socialização dos meios de produção e
defender os interesses da coletividade ainda é necessária.

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Do mesmo modo, no comunismo também não existem classes sociais e


propriedade privada, mas também não existe a figura do Estado regulador e
protetor do bem comum, e essa é a grande diferença! Como costumam dizer, é
como se o Comunismo fosse uma evolução do socialismo, em que não há mais a
obrigação de existência de um Estado para tomar as decisões políticas, que seriam
assumidas pelo povo. Nenhum país do mundo atingiu essa etapa, pois nenhuma
sociedade moderna nunca foi regida sem um Estado.

A primeira experiência socialista vivida no mundo só foi possível após a


Revolução Russa, ou seja, ela se materializou no momento em que se formulavam
conceitos comunistas, fazendo com que o senso comum tratasse os dois conceitos
como sendo a mesma coisa!

Pessoal, como geralmente é um ponto obscuro, acho bom esclarecermos


aqui que a formação da URSS ocorreu em 1922, portanto, após o socialismo já ter
sido implantado na Rússia. Especialmente nesse país, o sistema foi modificado
através de um movimento revolucionário que resultou na detenção do poder político
por defensores do socialismo.

Assim, a URSS foi formada a partir da junção da antiga Rússia com


várias pequenas nações, o que conferiu um pioneirismo a esse país, que se tornou
o principal e mais forte representante do socialismo no mundo. Apesar dessas
pequenas nações terem aceitado se vincular à Rússia, a grande maioria dos países
que compuseram o bloco socialista tiveram o novo sistema imposto ao final da
Segunda Guerra Mundial.

Após esse episódio, a URSS se fortaleceu e polarizou no cenário


mundial uma ferrenha disputa com os EUA, que também buscava ampliar sua
influência no mundo. Deste modo, enquanto a Europa Ocidental se beneficiava do
Plano Marshall - principalmente Reino Unido, França, Alemanha Ocidental, Bélgica
e Holanda- o socialismo se alastrava pelo Leste europeu. Com exceção da
Iugoslávia, que se insurgiu em 1948, todas as democracias populares dessa região

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foram forçadas a admitir a interferência de Stalin, que não hesitou em usar a força
repressora para ter o controle político e econômico desses países.

E foi por meio de coação e investimentos que a URSS dominou a região


oriental da Europa e deu força política aos partidos stalinistas na Albânia, Bulgária,
Romênia, Hungria, Tchecoslováquia e Polônia. Além desses, temos como símbolos
socialistas a China, Cuba, Laos, Coréia do Norte e Vietnã.

Em novembro de 2009, o mundo comemorou o aniversário de 20 anos


da queda do muro de Berlim, vocês se lembram?

Pois é, pessoal, vinte anos atrás, quando o muro veio abaixo, era claro e
notório o descontentamento popular dentro dos países onde reinava o modelo
socialista. Esse sentimento tinha como origem principal as inúmeras propagandas
que o bloco capitalista fazia de si mesmo como um sistema quase perfeito, com
liberdade e boas condições de vida para todos. E por que estamos falando desse
tal muro agora? Porque a sua queda é o grande símbolo do início das mudanças no
espaço socialista.

Se, outrora, o muro “escondia” as belezas e monstruosidades do mundo


capitalista, após sua queda os habitantes do outro lado puderam conhecer de perto
as inúmeras mudanças pelas quais o mundo havia passado nas duas últimas
décadas em que o muro os isolava.

Assim, em 9 de novembro de 1989, o mundo abandonou a polarização


que viveu durante a Guerra Fria entre comunismo e capitalismo e adentrou numa
nova fase, em que o sistema capitalista era o grande vitorioso.

Porém, pessoal, uma vez em contato com os “mistérios” do mundo


capitalista, muitas pessoas que acreditavam ser possível usufruir apenas do lado
bom desse sistema ou o enxergavam como um modelo de sistema equilibrado,
começaram, em pouco tempo, a sentir os problemas do desemprego, do
desequilíbrio social e da frustração profissional. Com o declínio do stalinismo na ex-

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URSS, houve uma deterioração das condições de vida da grande maioria da


população. Do dia para a noite, a economia socialista, que antes era conduzida e
protegida de forma quase paternalista pelo Estado, foi colocada diante das
turbulências do mercado. Essa exposição teve como principal conseqüência uma
forte instabilidade nas áreas da educação, saúde, habitação e principalmente,
emprego. Além disso, todas as transformações que ocorreram no Leste europeu
fizeram com que o mapa político desse continente fosse modificado em decorrência
do nascimento de um grande número de novos Estados nacionais

Assim, a desintegração da URSS e o fim da política de bipolaridade


trouxe profundas mudanças econômicas para aqueles países que haviam optado
por uma economia planificada. Com a reunificação da Alemanha, novos paradigmas
foram firmados e a mundialização da economia capitalista levou também ao Leste
europeu integração pela interdependência e uma relativa uniformização das
condições de existência das sociedades humanas. Como assim? Empresas
multinacionais foram para o centro da produção material daqueles países, houve
uma mudança na estrutura de produção, distribuição e consumo dos bens e
serviços, etc.

Mas, afinal, o que levou à derrocada do comunismo?

Nos anos 80, a URSS vivia uma situação econômica muito complicada,
em que a população e os movimentos sociais e trabalhistas estavam à beira de um
verdadeiro colapso. Os níveis de produção caiam a cada ano e o desemprego
aumentava cada vez mais – apesar do governo não divulgar. Assim, a qualidade de
vida tornava-se cada vez pior para a maior parte da população. Tanto a falta de
alimentos e produtos básicos quanto a precariedade da prestação de serviços (luz,
água, telefone) atingiram a URSS, evidenciando que algo precisava ser mudado
pelo governo antes que os movimentos sociais ganhassem ainda mais força. Por
isso, as mudanças ocorreram!

Vocês já ouviram falar da glasnost e da perestroika?

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A glasnost (transparência) e a perestroika (restauração da economia)


foram reformas lançadas pelo presidente da URSS Mikhail Gorbatchev em 1985.
Dentre as principais medidas levadas a cabo, destacamos a redução dos gastos
com defesa, o fim do monopólio do partido comunista e maior liberdade de
expressão à população. Tais reformas levaram ao desfacelamento da URSS, sendo
que as repúblicas que a constituíam, juntamente com a Federação Russa,
formaram a CEI (Comunidade dos Estados Independentes).

“Mas, professores, então quer dizer que o socialismo não mais existe
hoje em dia?”

Ótima pergunta, amigo! Atualmente, existem algumas controvérsias em


como considerar os casos do socialismo de Cuba, China, Coréia do Norte e Vietnã,
por exemplo. É preciso uma análise cuidadosa de cada um deles, por terem
características peculiares, como a indústria do turismo em Cuba ou a existência de
salário e lucro na China.

Mas, afinal, por que precisamos saber que houve essa polarização do
mundo em dois sistemas e que essa disputa se acirrou ainda mais depois da
Segunda Guerra Mundial?

Bem, para compreendermos os conflitos geopolíticos atuais será


fundamental que tudo o que lemos até aqui esteja bem claro para, a partir disso,
compreendermos melhor o cerne das disputas que ainda hoje fazem parte da nossa
realidade. Além disso, há questões em provas onde esses conhecimentos são
exigidos. Vamos dar uma olhada!

2- (Questão adaptada- CESPE)- A geografia política das relações


internacionais foi nitidamente alterada, no século XXI, por uma série de
mudanças nos eixos do poder mundial. Com relação a essas mudanças
podemos afirmar que:

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I) Houve um declínio relativo dos Estados hegemônicos do Atlântico Norte e a


transferência do eixo de poder para países do Pacífico e do Índico.

II) Os países do Atlântico Norte são o grupo formado por Japão, China, Índia e os
Tigres Asiáticos.

III) Com o fim da multipolaridade vivenciada pelo mundo durante o período da


Guerra Fria, houve a possibilidade do surgimento de novos atores com relevância
no cenário internacional.

IV) Apesar de ter auferido grande desenvolvimento, países como a China e o Japão
não conseguem interferir significativamente no mercado mundial.

V) A economia voltada para o aumento das importações foi o modelo adotado pelo
Brasil e outros países da América Latina, que pretendiam ganhar mais mercado em
todo o mundo.

Marque a alternativa:
a) se somente os itens I e II estiverem corretos.
b) se somente os itens III e IV estiverem corretos.
c) se somente os itens II, III e IV estiverem corretos.
d) se somente os itens I, II e IV estiverem corretos.
e) se somente o item I estiver correto.

COMENTÁRIOS

A assertiva I está correta. Houve mesmo um declínio relativo desses


países, já que outros passaram a ter visibilidade no cenário internacional. Assim, há
uma nova tendência das relações internacionais, que é a transferência de poder
dos Estados hegemônicos do Atlântico Norte para os países do Pacífico e do
Índico.

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A assertiva II está errada. Os países do Atlântico Norte são o grupo


formado por EUA e os países europeus, os quais constituíam, durante o período de
Guerra Fria, o bloco capitalista. Já os países do Pacífico que vêm ganhando espaço
no cenário econômico internacional são Japão, China, Índia e os Tigres Asiáticos.

A assertiva III está errada. Foi com o fim da bipolaridade vivenciada


pelo mundo durante o período da Guerra Fria, que instaurou-se uma ordem
multipolar, possibilitando o surgimento de novos atores com relevância no cenário
internacional. Assim, surgiram os blocos regionais, havendo uma fragmentação de
poder no campo econômico.

Ainda nesse contexto, surgiram também os chamados Tigres Asiáticos,


países que implementam um modelo de industrialização voltado para exportações –
Hong Kong, Singapura, Coréia do Sul e Taiwan.

A assertiva IV está errada. Nos últimos anos, pudemos notar uma grande
ascensão da China e da Índia, países dotados de população numerosa e com
elevado potencial exportador. Estes dois países integram o grupo conhecido como
BRIC’s e, além de seu poder econômico, também podem ser considerados
potências militares. O Japão, por sua vez, é também uma das maiores economias
do mundo, sendo um líder mundial no desenvolvimento de tecnologia e pesquisas
científicas.

A assertiva V está errada. Tanto no Brasil, quanto em outros países


latino-americanos, a substituição de importações foi o grande “lema” dos governos,
que se empenharam em propiciar o desenvolvimento de uma industrialização que
pudesse favorecer essa meta.

3- (Questão adaptada- CESPE) - A ONU, criada em um momento bastante


distinto do de hoje, vem sofrendo forte pressão por reforma institucional para
agregar mais legitimidade política ao sistema multilateral de segurança
coletiva. Com base nessa afirmação podemos afirmar que:

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I) A ONU foi criada em 1945, num momento em que havia uma sutil diferença na
ordem internacional se comparado ao que é hoje em dia. Assim, fica difícil entender
o porquê da necessidade de mudanças no sistema que a rege.

II) O Conselho de Segurança da ONU é órgão responsável pela manutenção da paz


e segurança internacionais e possui 15 membros, sendo 5 membros permanentes e
10 membros temporários.

III) Para que a ONU tome uma decisão importante, como o envolvimento em um
conflito internacional, é necessário que pelo menos metade dos seus membros
estejam de acordo.

IV) São membros permanentes da Organização das Nações Unidas EUA, China,
Rússia, França e Reino Unido .

V) A atual estrutura institucional das Nações Unidas reflete, exatamente, seus


ideais de simetria de poder entre os países, deixando visível o direito e a igualdade
de opiniões.

Marque a opção:

a) se somente a afirmativa I estiver correta.


b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
d) se somente as afirmativas II e IV estiverem corretas.
e) se todas as afirmativas estiverem corretas.
COMENTÁRIOS:

A assertiva I está errada. Quando a ONU foi criada em 1945, a ordem


internacional era completamente diferente do que é hoje em dia, já que estávamos
acabando de sair de um período turbulento como a Segunda Guerra Mundial.
Assim, toda sua estrutura institucional reflete um cenário ultrapassado e, portanto,

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dá margem e explica os pedidos de mudanças em todo o seu sistema de


funcionamento.

A assertiva II está correta. Sobre esse órgão, é importante sabermos que


ele possui 15 membros, sendo 5 membros permanentes e 10 membros
temporários, conforme afirma a questão.

A assertiva III está errada. Para que uma decisão importante seja tomada
por esse órgão é preciso que haja quórum de 9 votos, incluindo, necessariamente,
votos afirmativos de todos os seus membros permanentes, que possuem o
chamado “poder de veto”. Assim, se 14 membros do Conselho de Segurança da
ONU votarem a favor de uma questão, mas um membro permanente votar
negativamente, a decisão não será adotada.

A assertiva IV está certa. São membros permanentes da ONU apenas


EUA, China, Rússia, França e Reino Unido.

A assertiva V está errada. Como podemos ver, o que a estrutura


institucional das Nações Unidas reflete, na verdade, é uma forte assimetria de
poder entre os países, deixando visível uma desigualdade de fato. É justamente por
isso que se reclama por uma reforma do Conselho de Segurança da ONU. Objetiva-
se estruturar, dessa forma, um sistema multilateral que evidencie a nova ordem
internacional.

Nesse sentido, há países que pleiteiam um assento permanente no


Conselho de Segurança da ONU, particularmente Alemanha, Japão, Brasil e Índia.
Vejam só que interessante: Japão e Alemanha são duas das maiores economias do
mundo, mas por terem perdido a 2ª Guerra Mundial, ficaram de fora da estrutura do
Conselho de Segurança!

Todavia, apesar dessas intenções, há algumas resistências regionais: o


Paquistão se opõe à entrada da Índia; a Itália se opõe à Alemanha; Argentina e
México se opõem ao Brasil; e China e Coréia do Sul se opõem ao Japão.

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2- PANORAMA POLÍTICO-ECONÔMICO MUNDIAL DO SÉCULO XX.

Iniciado em 1901, o século XX surgiu cheio de expectativas da sociedade


mundial. No século passado, territórios distantes haviam sido colonizados, a fome
vinha diminuindo, as pessoas viviam mais e os conflitos entre as principais nações
da Europa pareciam estar bem perto da extinção. Por essas e outras se esperava
mais desse período do que jamais se havia esperado de qualquer outro. Tanto
havia sido conquistado no século anterior que parecia sensato acreditar que dali em
diante os êxitos do mundo em muito superariam os desastres.

Ledo engano! Foi neste século que a humanidade viu bem diante de
seus olhos a mais real possibilidade de extermínio ao passar por duas guerras
mundiais e se deparar com a temida bomba atômica. Sobretudo a Segunda Guerra
Mundial, que apresentou esse novo ator à cena histórica, assume a característica
de divisor de águas. Isso acontece porque foi a partir dela que surgiram as
principais organizações internacionais e o gérmen para produzir os eventos
econômicos e políticos atuais.

Então, amigos, por tudo isso é preciso ter claro qual foi o rumo que o
mundo tomou no século XX, sobretudo a partir da guerra, para que possamos
compreender a dinâmica dos processos mundiais, ou seja, atualidades. Como foi
que os EUA deixaram de ser um país mediano e se tornaram essa grande potência
econômica? Como conseguiram tanto poder para mandar e desmandar
praticamente no mundo todo como vemos hoje? Por que a palavra final sobre os
assuntos mundiais mais importantes acaba sendo deles? Por que eles decidem
quem pode e quem não pode ter armas nucleares?

Bem, para compreender a maior parte dessas questões que permeiam


nosso cotidiano, precisamos nos lembrar do evento mais importante de toda a
história da humanidade ocorrido no século 20: a Segunda Guerra Mundial.

Apesar de ter começado como um conflito europeu, ela terminou como


um confronto mundial em que se erigiram dois pólos de poder rivais: EUA x URSS.
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O período posterior à Segunda Guerra Mundial ficou conhecido como Guerra Fria,
tendo durado até o ano de 1989, quando ocorreu a queda do Muro de Berlim.

“Mas professores, calminha ai! Como é que o mundo se polarizou entre


EUA e URSS se antes da guerra todo o poder internacional estava concentrado na
Europa? Vocês não acabaram de dizer que a Europa tinha inúmeras expectativas
pro próximo século? O que houve com essas expectativas?”

Pois bem, apesar de ter sido um conflito mundial, as batalhas em si


ocorreram pelos países da Europa, África e Ásia, ou seja, foram esses países que
tiveram que assumir todo o prejuízo material que a guerra trouxe. Apesar de
envolvido no conflito com tropas, equipamentos e diversos tipos de apoio, os
Estados Unidos desfrutavam de uma posição muito privilegiada, já que a guerra
estava bem distante de seu território e de suas riquezas. Assim, com larga
vantagem sobre os países europeus (ricos até aquele acontecimento), os EUA
consolidaram sua hegemonia no mundo pelo fornecimento de empréstimos para
reconstrução dos que haviam sido destruídos pela guerra.

Após a Segunda Guerra Mundial, a união entre o capital bancário,


sobretudo dos EUA, e a indústria proporcionou uma espetacular expansão
econômica e a dilatação dos mercados em escala mundial. Essa expansão foi
segurada um pouco, em sua proporção e velocidade, exclusivamente pela
existência do regime socialista. Todavia, após sua derrocada, ele deixou o caminho
livre para que o capitalismo conquistasse todas as outras regiões do mundo e se
firmasse como principal sistema econômico.

No contexto de Guerra Fria, a Europa perdeu a condição de centro do


poder internacional, mas continuou sendo o principal cenário de confronto das
superpotências que disputavam a hegemonia mundial. Isso porque o mapa político
da Europa deixava claro a bipartição geopolítica que se configurou durante todo o
período da Guerra Fria, como podemos notar na figura abaixo:

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FONTE: www.bielleite.wordpress.com/2009/11/14/guerra-fria

O bloco formado pelos países localizados na esquerda do mapa, na cor


azul, são aqueles que se alinharam aos Estados Unidos. Já os que estão na parte
oposta do mapa, na cor vermelha, são os que se aliaram ao bloco soviético. Bem,
afinal de contas, que diferença fazia se um país estava alinhado ao bloco socialista
ou ao bloco capitalista?

A diferença seria “quase” a mesma entre estar na torcida do Brasil ou da


Argentina numa final de Copa do Mundo! (Não deu pra fugir desse exemplo...rs)
Risadinhas à parte, pessoal, essa diferença refletia uma enorme rivalidade e
disputa de poder entre os países de um ou de outro bloco e se fazia sentir em todos
os aspectos possíveis da sociedade, fosse o econômico, político, militar ou social.

Como os EUA era o grande “primo rico” da história toda, ele acabou
tomando frente nos inúmeros acordos e organizações internacionais criados no
pós-guerra, como a OTAN, o FMI, o Banco Mundial etc. Enfim, ele esteve envolvido

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no desenvolvimento de praticamente todas as organizações que estudaremos com


calma em outra aula.

Mas como era o confronto entre os países durante a Guerra Fria?

Bem, amigos, durante a Guerra Fria não havia um confronto direto entre
o bloco capitalista e o bloco socialista! Na verdade, durante esse período, EUA e
URSS disputavam áreas de influência mundo afora e o faziam sem atacar-se
diretamente. Assim, não ocorria uma guerra generalizada, mas “pipocavam”
conflitos ao redor do mundo.

Nessa disputa por áreas de influência, EUA e URSS desencadearam


uma corrida armamentista jamais antes vista, cada um querendo se tornar mais
poderoso que o outro. O arsenal nuclear desses países tornou-se tão grande que
era capaz de destruir o mundo todo por diversas vezes! E aí ninguém queria apertar
o botão primeiro, pois isso precipitaria uma grande catástrofe mundial. Assim, as
armas nucleares se tornaram, de certa forma, responsáveis, pela paz mundial
devido ao seu poder dissuasório. Havia, nesta época, o que Demétrio Magnoli
chama de “equilíbrio do terror”.

Segundo o referido autor, “o equilíbrio do terror evitou a guerra geral,


mas não a ocorrência de guerras indiretas entre as superpotências.” Com
efeito, durante a Guerra Fria ocorreram conflitos no Oriente Médio, África, Ásia e
América Latina, ou seja, ao redor de todo o mundo, no qual se percebe a influência
indireta de EUA e URSS. Falaremos mais sobre esses conflitos em aula posterior!

Durante a Guerra Fria, podemos identificar também um movimento que


se decidiu ficar de fora da “briga” entre as potências hegemônicas dos EUA e
URSS. Foi o que chamamos de “Movimentos dos Países Não-Alinhados”,
iniciativa que congregou dezenas de países, dentre os quais Iugoslávia, Índia e
Egito. Esses países buscavam sustentar uma posição de neutralidade no contexto
da Guerra Fria e trouxeram ao debate internacional questões importantes, tais

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como os problemas do subdesenvolvimento, a pobreza e as relações econômicas


Norte-Sul (desenvolvidos x subdesenvolvidos).

Foi nesse contexto de disputa entre blocos antagônicos que se


desenrolou a expansão do liberalismo e de mundialização das economias. As
empresas tinham cada vez mais necessidade de ampliar seus mercados produtores
e consumidores, o que resultou, em um primeiro momento, na integração de
economias, empresas e mercados e, posteriormente, na globalização.

Pois bem, a expansão geográfica das multinacionais é um dos fatos mais


importantes da economia capitalista, pois funcionou como o germe da globalização
que assistimos hoje. E por quê? Tendo se iniciado ainda no século XIX, o
desenvolvimento e ampliação das multinacionais pelo mundo tiveram continuidade
e sobreforça após a Segunda Guerra. Nesse período, elas se estenderam para toda
Europa Ocidental e Ásia, resultando na concretização daquilo que chamamos de
mundialização da economia capitalista. Até aqui nada de novo, não é?

Porém, essa mundialização da economia apresentou como característica


fundamental uma nova divisão internacional do trabalho. Se antes o mundo estava
divido entre os países produtores de bens industrializados e outros fornecedores de
matéria prima, a globalização modifica completamente essa lógica e clama pela
descentralização das atividades.

Tenho certeza que todos vocês se lembram que, na época colonial, o


Brasil seguia uma lógica muito semelhante à existente antes da globalização. As
colônias forneciam matérias primas para suas metrópoles, como madeira, minerais
e produtos agrícolas, e compravam destas produtos manufaturados. Pois bem,
essa concepção que determinava que alguns países fossem apenas fornecedores
de matéria prima se manteve por muitos anos, ou seja, a antiga divisão era feita por
setores em que os países mais pobres forneciam produtos agrícolas e minerais e
os países desenvolvidos forneciam produtos industriais.

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Bem, é importante entendermos algo fundamental naquele momento:


como era a divisão do trabalho!

Pois então, fornecer matéria prima era uma característica totalmente


vinculada aos países que durante muitos anos foram colônia de países europeus e
hoje são menos desenvolvidos. Justamente por terem tido essa condição de colônia
por séculos, a implementação de indústrias em seu território é um fenômeno muito
recente! Se pensarmos na nossa realidade, nos lembraremos que foi na década de
60, ou seja, a pouco mais de 50 anos, que as grandes indústrias se instalaram no
Brasil. Deste modo, pessoal, o fornecimento de produtos primários era a única
forma que esses países “colonizados” tinham de participar da economia global.

Entretanto, com os investimentos europeus nesses outros territórios,


esse processo de mundialização do mercado, iniciado ainda no século XV com as
grandes navegações, se ampliou e atingiu seu ápice depois da Segunda Guerra. A
partir desse acontecimento, as indústrias multinacionais se propagaram pelos mais
diversos países do mundo, seja por meio de filiais, da realização de fusões com
outras empresas, associações ou mesmo franquias.

Enfim, a mundialização da economia foi a grande responsável pela


criação das bases para a produção industrial em países anteriormente
considerados meros fornecedores de matéria prima, como Brasil, Argentina, Taiwan
ou Indonésia.

Vamos observar o mapa seguinte:

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Fornecedores de matéria prima

Fabricantes de produtos industrializados

Pelo mapa, podemos perceber que há uma mudança no papel


desempenhado pela maioria dos países, que passam a assumir funções distintas
das que assumiam antes. Assim, sem deixar de lado o fornecimento de matérias-
primas, os países mais pobres também foram se industrializando. Não, nós não
estamos falando aqui que a divisão internacional do trabalho ocasionou igualdade
entre os países. Muito pelo contrário, o que a nova divisão fez foi proporcionar um
tipo de especialização global na produção. Como assim? Cada país do mundo, seja
lá onde for sua localização, passou a ser responsável pela produção de um
determinado produto ou de partes de um produto, dependendo exclusivamente dos
incentivos oferecidos em cada país às multinacionais.

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Para compreendermos ainda melhor, vamos pensar num carro sendo


fabricado há 65 anos, antes do fim da Segunda Guerra Mundial. Naquela época, os
países menos desenvolvidos exportavam as mais diferentes matérias primas e
produtos agrícolas, certo? Em contrapartida, se quisessem um carro teriam que
comprá-lo de países mais desenvolvidos.

Agora pensemos na fabricação de um veículo hoje! Com a nova divisão


internacional do trabalho, vários países em desenvolvimento, como o Brasil e
Argentina, possuem montadoras em seu território. Porém, esses países não
centralizam todas as etapas de fabricação do automóvel como ocorria outrora. Não!

A montagem do automóvel pode ser realizada na Brasil, porém com


componentes oriundos de diferentes países, como parte elétrica e eletrônica de
Taiwan, as borrachas da Indonésia e assim por diante.

Então, amigos, esse seria o melhor retrato da nova Divisão Internacional


do Trabalho: descentralização. Mas vocês podem pensar: não é muito trabalhoso
produzir peças em diferentes lugares do mundo? Não era mais fácil antes quando
se centralizava todo o processo industrial em um único país?

Certamente que sim! Entretanto, era tão prático quanto caro! Nessa nova
lógica de trabalho, as empresas e indústrias se instalam no país que oferece
maiores atrativos, como matéria prima e mão de obra barata, facilidade de
escoamento da produção, infra-estrutura etc. Dessa forma, o custo do produto final
será bem menor e os lucros maiores. Afinal, esse é o maior objetivo do capitalismo,
não é mesmo? O lucro!

Os países emergentes ou em desenvolvimento acabaram tendo uma


industrialização tardia, o que, de certo modo, fragiliza sua economia, deixando-a
mais propícia a crises econômicas. É na tentativa de sanar essa “deficiência”
industrial que a maioria desses países oferece um leque de benefícios e incentivos
para a instalação de indústrias em seu território. Dentre os principais benefícios
concedidos estão a isenção parcial ou total de impostos, mão-de-obra abundante e
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facilidade de empréstimos. Assim, amigos, é inegável que é economicamente mais


viável, portanto mais lucrativo, que um automóvel seja construído em diferentes
partes do mundo e depois montado em seu território.

E por que é tão importante compreendermos essa Nova Divisão


Internacional do Trabalho?

Em primeiro lugar, é importante porque foi essa modificação das relações


de trabalho que alterou todas as relações comerciais que predominavam até então.
Conforme já dissemos, muitos países subdesenvolvidos, que eram considerados
meros produtores primários, agora se transformam também em exportadores de
produtos industrializados. E isso altera toda a ordem das coisas, pois países que
nunca tiveram a mínima voz ativa em assuntos econômicos internacionais
passam a ser ouvidos agora em importantes foros internacionais, como é o
caso do G-20.

Pessoal, como vimos, é um fato que as relações de trabalho ficaram bem


diferentes em vários aspectos, mas vamos com calma! Apesar de toda modificação
apresentada na configuração econômica mundial, os países da América Latina,
Ásia e África ainda ocupam destaque na produção de produtos primários. Assim, é
absolutamente incomparável o grau de industrialização entre os países que até
poucas décadas eram meros fornecedores de matéria prima com aqueles que
convivem com a industrialização desde o século XIX. Isso ocorre por dois motivos.
Primeiro, porque grande parte das companhias e indústrias existentes nos países
menos desenvolvidos é oriunda de nações desenvolvidas e ricas, para onde enviam
a maior parte dos lucros adquiridos durante o ano. Segundo, porque essa
industrialização, na grande maioria das vezes, teve um custo social muito grande
para os países que assumiram sérios compromissos em nome do desenvolvimento
industrial.

Pois bem, amigos, nós falamos bastante sobre esse processo de


mundialização da economia e da mudança da divisão internacional do trabalho. No

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entanto, é preciso termos em mente que todo esse processo se aprofundou ainda
mais com o fim da Guerra Fria.

Ao final da Guerra Fria, surge uma nova ordem internacional, marcada


pela globalização e pela multipolaridade. Os EUA, embora tenham uma enorme
supremacia no campo militar, têm seu hegemonia limitada devido à existência de
vários pólos de poder econômico.

Vamos enumerar a seguir algumas idéias importantes sobre como se


articula a nova ordem internacional:

1)- A União Européia é um bloco econômico que congrega boa parte dos
países da Europa e que atingiu um elevado estágio de integração. Possui um
elevado poder econômico, negociando em conjunto no campo do comércio
internacional. No campo militar todavia, ainda não foi possível definir uma política
de segurança comum, o que limita um pouco sua voz no cenário internacional.

2)- O grupo dos BRIC’s (Brasil, Rússia, Índia e China) desponta como um
novo pólo de poder econômico mundial. Esses países são dotados de grandes
riquezas naturais, população numerosa e território extenso.

3)- A China é, atualmente, um “gigante” no comércio internacional, sendo


atualmente o principal exportador mundial. Em 2009, o valor total de suas
exportações chegou a U$1,2 trilhões. Ainda sobre a China, ela possui, atualmente,
o 3º maior PIB mundial (U$4,9 trilhões), só perdendo para os EUA (U$14,3 trilhões)
e Japão (U$5,1 trilhões). No campo militar, todavia, a China, embora detenha armas
nucleares, é tão somente uma potência regional.

4)- O Japão é, nas palavras de Demétrio Magnoli, um “gigante


econômico, mas um anão geopolítico”. Isso porque, embora seja a 2ª economia do
mundo, é dependente no campo energético e, no campo militar, não possui armas
nucleares.

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5)- A Rússia não tem mais o poder econômico do período da Guerra Fria.
Todavia, é ainda muito respeitada no campo militar e em termos estratégicos. Tem
como principal renda as exportações de petróleo e gás natural e seu arsenal
nuclear é considerável, herdado do período da Guerra Fria. Não podemos nos
esquecer de que a Rússia é membro permanente do Conselho de Segurança da
ONU.

6)- A Índia é um país com características semelhantes à China, com


grande potencial exportador e com uma população extremamente numerosa. No
campo militar, é dotada de armas nucleares, o que a coloca numa posição de
potência regional.

7)- O Brasil é uma liderança regional na América do Sul e um grande


exportador mundial de produtos agrícolas. Possui riquezas naturais significativas e
busca aumentar sua participação no cenário internacional, fazendo-se presente nas
negociações multilaterais sobre os mais variados temas: meio ambiente, comércio
internacional, questões nucleares. Um dos objetivos mais significativos de sua
política externa é alcançar a condição de membro permanente do Conselho de
Segurança da ONU.

Pronto! Agora nós já temos uma noção de como está estruturada a nova
ordem internacional. Com efeito, ela não foi construída da noite para o dia! Muito
pelo contrário, ela foi se estruturando aos poucos. É aí que chamamos sua atenção
para aquilo que ficou conhecido por Consenso de Washington!

O Consenso de Washington teve como finalidade original definir políticas


públicas necessárias para o desenvolvimento da América Latina. Todavia, ele
representou muito mais do que isso, tendo sido o grande criador das reformas
neoliberais, políticas e econômicas que regem a nova ordem mundial.

Mas o que foi o Consenso de Washington?

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O Consenso de Washington foi um conjunto de medidas econômicas de


ideologia liberal consideradas como necessárias para dar impulsão ao
desenvolvimento econômico. Assim, o Consenso de Washington pregava:

• Diminuição dos gastos públicos,


• Privatização das estatais
• Afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas
• Abertura comercial
• Reforma tributária
• Disciplina fiscal
• Câmbio e Juros de mercado

Seguindo o Consenso de Washington, os países que quisessem dinheiro


emprestado do FMI, tinham que se submeter às regras impostas, as quais geravam
polêmica, por colocar o social em segundo plano. Países como Brasil, México e
Argentina tiveram que se submeter a tais programas justamente devido às
exigências do FMI para a concessão de empréstimos.

Dentre tantas exigências que se estabeleceram a partir do Consenso de


Washington, uma coisa deve ficar muito claro pra todos nós: se quisessem
conseguir empréstimos, os países teriam que mudar suas regras e condutas
internas e externas.

Mas afinal, como esses conhecimentos podem ser cobrados em prova?


Vejamos um exemplo de questão sobre este assunto logo abaixo:

4- (Questão adaptada - CESPE) “Apesar da ampliação dos mercados, a


globalização da economia e o crescimento dos fluxos de mercadorias
reafirmam a desuniformidade do espaço terrestre e dão visibilidade à sua
heterogeneidade e à sua diversificação pela ação das sociedades que o
modelam.” (Iná E. Castro. Geografia política, território, escalas de ação e
instituições. Bertrand Brasil, 2006, p. 234.)

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Tendo o texto acima como referência inicial e considerando os assuntos por


ele suscitados, julgue os seguintes itens.

I- Em função da busca da competitividade e da heterogeneidade do espaço, as


empresas se dirigem para locais onde haja mão-de-obra qualificada e barata e
infraestrutura adequada.

II- O atual estágio do capitalismo, marcado pela globalização, tem como uma de
suas características a internacionalização da produção.

III- A reforma do Estado, condição das organizações financeiras para concessão de


empréstimos internacionais, é um processo ligado às idéias neoliberalistas, que
buscam atribuir um novo papel ao Estado.

IV – Dentre as exigências feitas pelo FMI para conceder empréstimo aos países
está a ampliação da autonomia do Estado e a garantia do crescimento econômico
por meio da centralização da tomada de decisão.

V- Para a inserção de países como o Brasil, o México e a Argentina na nova


realidade econômica mundial, as organizações financeiras internacionais exigiram a
autonomia do Estado.

Estão corretas as assertivas:


a) I e II
b) I, II, e III
c) II, IV e V
d) IV e V
e) todas estão corretas

COMENTÁRIOS:

O item I está correto. As grandes empresas buscam se instalar em outros


países, preferencialmente naqueles em que a mão-de-obra seja mais barata, com o
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objetivo de aumentar a competitividade, conseguindo uma significativa redução de


custos. É claro que a mão-de-obra é mais barata nos países em desenvolvimento
e, justamente por isso, podemos dizer que eles são hoje um grande atrativo à
instalação de empresas multinacionais.

O item II está correto. O atual estágio do capitalismo é marcado pela


globalização e tem como uma de suas características a internacionalização da
produção como vimos na questão acima. O surgimento e expansão de
multinacionais e transnacionais, e um exemplo de empresas que não ficam restritas
em sua atuação ao país de sua nacionalidade.

O item III está correto. Em contraposição ao intervencionismo, o que os


neoliberalistas pregavam era um Estado mínimo, sem influência direta na
economia. Vocês se lembram das inúmeras privatizações ocorridas no Brasil na
década de 90? Pois bem, elas estavam diretamente ligadas a essa ideia de retirar
das mãos do Estado empresas com grande capacidade econômico-financeira.
Portanto, a reforma do Estado foi uma exigência para a plena inserção desses
países na realidade econômica mundial e, inclusive, para a concessão de
empréstimos por instituições financeiras internacionais.

O item IV está errado. Essa assertiva esta errada pelo simples fato de ter
dito que ampliação da autonomia do Estado estava entre as principais exigências
do FMI para concessão de empréstimos.

O item V está errado. As exigências feitas nunca visaram aumentar a


autonomia do Estado, mas sim reduzí-la, descentralizando também a tomada de
decisões.

5- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- O sistema econômico


mundial manifesta-se pelos intensos fluxos de bens, de serviços, de capitais e
de pessoas. Entre os principais agentes desse sistema não se incluem:
a) As organizações ilícitas que participam dos fluxos monetários internacionais.
b) As organizações internacionais que fiscalizam os fluxos comerciais e financeiros.
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c) Os Estados nacionais que permitem a liberação das trocas comerciais


internacionais.
d) Os grupos financeiros que operam segundo as regulamentações restritivas
internacionais.
e) As empresas transnacionais que distribuem suas unidades produtivas em
diferentes países.

COMENTÁRIOS:

A letra A está correta. Por mais que tenhamos a tendência de achar que,
por serem ilícitas, essas organizações não participariam no fluxo monetário
internacional, elas participam sim. Com efeito, o crime organizado e o tráfico
internacional de drogas movimentam grandes quantias por todo o mundo.

A letra B está correta. É fato que o sistema econômico mundial tem


seus fluxos fiscalizados por algumas organizações internacionais, as quais
participam, portanto, como agentes desse sistema.

A letra C está correta. Ao permitirem a liberação das trocas comerciais


internacionais, os Estados também atuam como agente do sistema financeiro
internacional.

A letra D está errada. Como a própria assertiva afirma, os grupos


financeiros funcionam segundo regulamentações restritivas internacionais, não se
configurando, portanto, em agentes do sistema econômico mundial.

A letra E está correta. Ao distribuir filiais produtivas em diferentes países,


as empresas transnacionais contribuem significativamente para o fluxo internacional
financeiro, já que há constantes remessas de lucros ao país de origem da empresa.

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6- (CESPE/ Delegado da PF- 2004- adaptada) Nos últimos 13 anos, a América


Latina cumpriu grande parte de suas tarefas econômicas. Mesmo assim, a
desigualdade e a pobreza aumentaram na região. O diagnóstico é da
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), que propõe
para a região uma nova estratégia de desenvolvimento produtivo. Para o
secretário executivo do órgão das Nações Unidas, a maior integração da
região foi um ganho dos últimos anos. Sua aposta para reduzir a forte
desigualdade que ainda existe é a união decrescimento econômico com
proteção social. Ele propôs a substituição do conceito de mais mercado e
menos Estado por uma visão que aponta para “mercados que funcionem bem
e governos de melhor qualidade”. América Latina cresceu sem dividir. In:
Jornal do Brasil, 25/6/2004, p. 19A (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando a amplitude do


tema por ele abordado, julgue os itens subseqüentes.

I Ao relatar que os países latino-americanos cumpriram “grande parte de suas


tarefas econômicas” nos últimos anos, o texto permite supor a existência de algum
tipo de receituário que a região deveria seguir para se modernizar e se desenvolver.

II No período aludido pelo texto, ainda que possa ter ostentado números positivos
de crescimento econômico, a América Latina fracassou quanto aos índices sociais,
de modo a não conseguir romper com a histórica concentração de renda, matriz da
enorme desigualdade existente na região.

III Ao propor uma nova estratégia de desenvolvimento produtivo para a região, a


CEPAL implicitamente reconhece os equívocos da política econômica que, de
maneira praticamente generalizada, a América Latina adotou especialmente na
última década do século passado.

IV O Brasil foi uma exceção no cenário latino-americano retratado pelo texto.


Particularmente nos dois períodos governamentais de Fernando Henrique Cardoso,

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o país optou por um modelo autônomo de desenvolvimento que prescindia da


inserção internacional de sua economia.

V É provável ter sido o Chile o exemplo mais notório — e dramático — de fracasso


da adoção da política econômica preconizada pelo neoliberalismo: além de ter
crescimento quase nulo, o país sucumbiu ante a dimensão de uma crise social sem
precedentes em sua história.

VI A expressão “mais mercado e menos Estado”, citada no texto, traduz à perfeição


o espírito que norteou a trajetória econômica do mundo pós-Segunda Guerra e caiu
em desuso ao final do século XX, fustigada pelo ideário nascido do chamado
Consenso de Washington.

VII O esforço integracionista verificado na América Latina contemporânea, que o


texto reconhece, tem no Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) constituído por
Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai — um de seus mais expressivos símbolos,
apesar das indiscutíveis dificuldades para a sua efetiva consolidação

Marque a alternativa:

a) se todos os itens estiverem corretos.


b) se todos os itens estiverem errados.
c) se somente os itens I, II, III e VII estiverem corretos.
d) se somente os itens I, II e IV estiverem corretos.
e) se somente o item I estiver correto.

COMENTÁRIOS:

A primeira assertiva está correta. Ao ponderar sobre as tarefas


econômicas exigidas dos países latino-americanos, a questão aborda diretamente
as exigências que são feitas pelos organismos internacionais para conceder
créditos, como FMI e BIRD. Esses organismos financiam a dívida desses países,
porém interferem em suas políticas econômicas, independente das conseqüências

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sociais que suas exigências possam causar. Dentre estas, podemos citar as
privatizações e os cortes dos gastos do governo com assistência social.

A segunda assertiva está correta. O texto aborda exatamente o período


relativo ao início do neoliberalismo, que com suas políticas de privatizações, acabou
gerando milhares de demissões, o que influenciou o prosseguimento da
desigualdade social e da concentração de renda nessas regiões.

A terceira assertiva está correta. Primeiramente, seria interessante saber


o significado de CEPAL, não é mesmo? Afinal de contas, ela não é um organismo
internacional tão reconhecido como o FMI ou BIRD. Pois bem, a Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe, assim como a grande maioria das
organizações internacionais, foi criada pouco tempo depois do fim da Segunda
Guerra Mundial, em 1948.

Essa comissão tinha como objetivo principal incentivar a cooperação


econômica entre os seus membros e à medida que novas políticas surgiam, essa
comissão se moldava às novas necessidades da realidade econômica mundial. A
princípio, ela se propunha a formular teorias e políticas econômicas que levassem
em conta as peculiaridades de cada região, ou seja, ela possuía uma proposta
política diferente da que era adotada pelos países centrais.

Pois bem, a política formulada pela CEPAL para a América Latina,


resultante das idéias neoliberais do Consenso de Washington, não deu muito certo.
A maior prova disso é que não houve diminuição da concentração de renda e os
índices sociais continuaram demasiadamente baixos na região. Por isso, quando o
texto fala em nova estratégia de desenvolvimento produtivo, a referência que se faz
é à tentativa de modificar as políticas econômicas para a região, que não foram
bem-sucedidos. Faz-se mister desenvolver uma estratégia de crescimento
econômico que venha acompanhada de melhoria nas condições de vida da
população. Dessa forma, ao reconhecer a necessidade de formulação de novas

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políticas econômicas para a América, a CEPAL reconhece implicitamente seus


erros.

A quarta assertiva está errada. O seu grande erro está em afirmar que o
presidente Fernando Henrique Cardoso escolheu um modelo autônomo de
desenvolvimento, diferente dos outros países da America Latina. Se forçarmos um
pouco nossa memória, nos lembraremos das privatizações ocorridas durante o
governo do referido presidente. E, como já lembramos aqui, as privatizações era
uma das principais exigências do FMI. Portanto, os dois mandatos de FHC se
caracterizaram pelo cumprimento de exigências que demonstravam a dependência
do Estado brasileiro em relação aos organismos internacionais e não autonomia,
como sugere a questão.

A quinta assertiva está errada. Ao contrário do que ela afirma, o Chile


apresentou bons desempenhos econômicos com a política neoliberal. Além disso, o
exemplo mais notório de fracasso dessa política foi a Argentina, nos governos de
Carlos Menem. Nesse período, o presidente passou o controle de setores
específicos de bens e serviços básicos às mãos de investidores estrangeiros. A
mineração, eletricidade, gás, água, transporte e comunicações, enfim, a maior
parcela da geração de riqueza da Argentina foi privatizada, deixando a economia
do país com crescimento quase nulo. Ainda hoje, pode-se verificar que a Argentina
apresenta graves problemas econômicos, sociais e políticos.

A sexta assertiva está errada. Aqui mais uma vez é importante que
estejamos antenados com o Consenso de Washington, que resultou na criação de
políticas neoliberais. E o que mesmo pregavam essas políticas? Privatizações,
cortes de gastos com setores sociais e busca incessante por novos mercados, ou
seja, “mais mercado e menos estado”.

A sétima assertiva está correta. Mais à frente abordaremos com calma


sobre o MERCOSUL. Porém, não custa nada adiantar que ele é mesmo composto

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por Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, os quais buscam promover um maior


intercâmbio comercial, unidade alfandegária e fronteira livre.

2.1- DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO NO SÉCULO XX

Bem, pessoal, não é possível entender o século XX sem falar no


antagonismo de realidades que parece ter ficado ainda mais explícito no mundo
globalizado! Se antes da globalização, grande parte da população dos países ricos
não tinha muita idéia de como era a realidade num país subdesenvolvido, hoje isso
não é verdade. Nós já falamos em vários momentos de países desenvolvidos,
países em desenvolvimento e subdesenvolvidos. Mas, afinal, o que determina que
classifiquemos cada país em um patamar diferente? Pierre Salama possui uma
definição sobre este assunto, que vale a pena lermos cuidadosamente, na qual ele
afirma:

“O subdesenvolvimento não pode ser explicado por si mesmo.


Qualquer tentativa de estudo do subdesenvolvimento sob um prisma
automático, separado da evolução da economia mundial, das necessidades
dos seus centros dominantes, está destinada a fracasso porque afasta o
problema essencial: o da gênese do subdesenvolvimento.”

Em outras palavras, o conceito de subdesenvolvido só existe se


pensarmos no seu opositor. O mesmo acontece quando pensamos o que é a
escuridão! A idéia de escuridão só existe em razão de conhecermos o que é a
claridade, não é mesmo? Da mesma forma, o conceito de subdesenvolvimento só
existe diante do conceito de desenvolvimento! Mas será que estamos certos de
que sabemos identificar o que é um e o que é outro? Vamos ver! Observemos as
figuras que seguem:

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Figura 1 - EXCLUSÃO X INCLUSÃO

Figura 2- PRECARIEDADE X DESENVOLVIMENTO

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Exclusão, precariedade e pobreza aparecem sempre em oposição às


oportunidades, à fartura e ao desenvolvimento, não é mesmo? Bem, o fato é que
quando observamos certas situações que são muito mais comuns num tipo do que
no outro, imediatamente, associamos a realidade vista com a de um país
desenvolvido e um subdesenvolvido. Mas, afinal, como classificamos esses países?
O que determina, formalmente, que eles sejam enquadrados como um ou outro
tipo?

Mais uma vez, vamos ter que lembrar daqueles mapinhas que vimos
anteriormente sobre os fornecedores de matéria prima! Geralmente, são
considerados países em desenvolvimento aqueles que outrora foram colônia ou
dependentes de outros. Com um desenvolvimento econômico débil, se comparado
ao de países capitalistas altamente industrializados, eles ainda estão engatinhando
para, quem sabe no futuro, andarem lado a lado com as grandes potências
mundiais.

Apesar desse contínuo esforço para se desenvolverem, a destruição e


desestabilização gerada pela constante exploração do sistema colonial nesses
países ainda apresenta profundas marcas econômicas e sociais. São vários os
fatores que caracterizam um país como subdesenvolvido, mas duas palavras
sempre estarão presentes: deficiência e dependência.

Deficiência de redes de transportes, meios de comunicação, tecnologia,


conhecimento científico, de empregos e indústrias são marcas de países
subdesenvolvidos. Do mesmo modo, também são indicativos de
subdesenvolvimento a dependência econômica, política e cultural em relação às
nações desenvolvidas, o crescimento populacional elevado, a baixa expectativa de
vida e a elevada taxa de natalidade e mortalidade infantil.

Na contramão dessa lógica, os países mais ricos do mundo- os


desenvolvidos - apresentam uma estrutura industrial completa, produzindo todos os
tipos de bens. Aqueles países que no nosso mapa tinha setas vermelhas,além das

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indústrias, são marcados pela eficiência e desenvolvimento da agropecuária, dos


conhecimentos científicos e tecnológicos, dos meios de transporte e comunicação
etc. Pois é, amigos, ao contrário dos países subdesenvolvidos, estes outros têm
sucesso com seu sistema político-econômico capitalista.

A tendência de mostrar essa nova realidade social mundial como uma


divisão simplista entre pobres e ricos pode servir como uma nova camuflagem para
esconder as contradições que estão na base da sociedade capitalista, uma vez que
capitalismo e exclusão são conceitos diferentes, mas que definem uma realidade
interligada. O primeiro conceito assinala as características atuais do processo de
desenvolvimento do mundo; o segundo, sua conseqüência mais aparente e
imediata.

Um mundo cada vez mais unificado economicamente não significa


necessariamente um mundo mais igualitário ou empenhado na resolução de
problemas básicos. Assim, pessoal, temos como uma importante característica do
estágio atual do capitalismo o fato de sua expansão estar diretamente ligada ao
crescimento de empresas privadas internacionais – verdadeiras detentoras do
poder econômico, político e militar atualmente. Outra "novidade" é que a
modernização tecnológica acarretou inúmeros impactos sobre os sistemas
produtivos, os serviços e os meios de comunicação, tornando-os mais eficientes e
dinâmicos, como a internet. Quando falamos de novidade, temos a tendência de
pensar em alguma coisa boa, não é? Ledo engano! No nosso caso, a “novidade”
vem acompanhada de coisas boas, mas também apresenta alguns efeitos
negativos.

Ocorre que tamanha integração de economias atrela uma à outra de tal


forma que o resvalo em uma pode significar grande abalo em outra. Isso porque
com o desenvolvimento dos meios de comunicação sabemos tudo praticamente em
tempo real.

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3 - CRISES MUNDIAIS

3.1- QUEBRA DA BOLSA DE NOVA YORK EM 1929

O ano de 1929 pode ser considerado o marco de uma das maiores crises
da história do capitalismo. Foi o ano em que os Estados Unidos foram abalados por
uma grave crise econômica que repercutiu no mundo inteiro.

Vocês estão lembrados que anteriormente explicamos como foi que os


EUA chegaram a ocupar o papel de grande abastecedor e principal economia
mundial? Pois bem, durante a Primeira Guerra (1914-1918), os Estados Unidos
eram os principais fornecedores dos países europeus, exportando grandes
quantidades de produtos industrializados, alimentos e capitais (sob a forma de
empréstimos).

Com o fim da guerra, esse quadro não se alterou muito, já que os países
europeus ainda estavam voltados para a reconstrução das indústrias e das cidades
que haviam sido quase que completamente destruídas. Portanto, durante o pós-
guerra, os Estados Unidos tornaram-se a maior potência econômica do mundo.

Só pra termos uma idéia, pessoal, em 1920, a indústria norte-americana


produzia quase 50% de toda a produção industrial do mundo. Por quase toda a
década de 20, a prosperidade econômica gerou nos norte-americanos um clima de
grande euforia e de consumo desenfreado, dando origem aquilo que chamamos
de American way of life, ou modo de vida americano, que simbolizava um modelo
de progresso. Assim, viver bem significava consumir cada vez mais.

Entretanto, a partir da década de 20 a situação econômica industrial do


país começou a mudar! Reconstruídas, as nações européias diminuíram
drasticamente a importação de produtos industrializados e agrícolas dos Estados
Unidos gerando uma grande acumulação de produtos e, portanto, queda dos
preços das mercadorias.

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Tudo isso fez com que no final da década de 20 a produção norte-


americana atingisse um ritmo de crescimento muito maior do que a demanda por
seus produtos, gerando uma crise de superprodução. A superprodução
americana aliada ao subconsumo europeu foi exatamente o que gerou a crise
de 1929!

A crise, naturalmente, chegou ao mercado de ações. Os preços dos


papéis na Bolsa de Nova York, um dos maiores centros capitalistas da época,
despencaram, ocasionando a famigerada quebra da bolsa. Daí em diante, bancos,
indústrias e empresas rurais foram à falência e pelo menos 12 milhões de norte-
americanos perderam o emprego.

Abalados pela crise, os Estados Unidos reduziram a compra de produtos


estrangeiros e suspenderam os empréstimos a outros países, ocasionando uma
crise mundial. Um exemplo disso é o Brasil, que tinha os Estados Unidos como
principal comprador de sua produção cafeeira. Com a crise, os EUA pararam de
comprar nossos produtos, gerando, também aqui no Brasil, uma crise de
superprodução e enorme desemprego. Do mesmo modo que aqui, outros países,
com o capitalismo incipiente e dependente de exportações para os EUA, entraram
em crise profunda, gerando a primeira crise mundial de conseqüências
catastróficas.

Para solucionar a crise, o presidente Franklin Roosevelt propôs mudar a


política de intervenção americana. Se antes, o Estado não interferia na economia,
deixando tudo agir conforme o mercado, agora eles passariam a intervir fortemente.
Foi exatamente isso o que fizeram! Foram criadas grandes obras de infra-estrutura,
salário-desemprego e assistência aos trabalhadores para, a partir disso, os Estados
Unidos conseguirem retomar seu crescimento econômico. Deu certo! Claro que
nada aconteceu do dia para a noite, mas, de forma gradual, eles foram superando
as dificuldades e todos os países capitalistas foram encontrando alternativas para
diminuir as conseqüências da crise que abalou o mundo.

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A intervenção do Estado, estimulando a economia por meio da injeção de


dinheiro, derivada das idéias do economista John Maynard Keynes, que
revolucionou o mundo com seu pensamento. Até então, considerava-se que o
Estado deveria interferia o mínimo possível, deixando a “mão invisível” do mercado
colocar tudo em ordem. Ao contrário disso dos liberalistas (também chamados de
neoclássicos), Keynes afirmava que o governos deveria interferir por meio de
medidas monetárias e fiscais para "controlar" os efeitos negativos dos ciclos
econômicos.

Nos últimos anos, com a crise financeira internacional ocorrida,


percebemos que as idéias keynesianas estão novamente em voga. Se
percebermos o que os governos fizeram para estimular as economias diante da
crise, veremos como suas atitudes se parecem na essência com o que foi feito em
1929. É isso o que veremos a seguir!

3.2 - CRISE FINANCEIRA MUNDIAL EM 2008

Apesar de não ter ocorrido no século XX, resolvemos aproveitar o


embalo do assunto e continuar falando de crises, já que alguns especialistas dizem
que essa foi a pior crise da história econômica do mundo após a ocorrida em 1929.

A economia mundial atingiu meados de 2009 afundada na pior crise


desde o fim da Segunda Guerra Mundial, afetando de uma só vez os Estados
Unidos, a Europa Ocidental e o Japão. Em outras palavras, a crise econômica
afetou os principais pólos econômicos mundiais, os quais sofreram redução drástica
em suas atividades produtivas.

Nos países da União Européia, onde a moeda utilizada é o euro, os


principais índices econômicos mostraram que a queda nas atividades econômicas
foi acima de 20%, o que resultou em dolorosos meses de retração econômica. Do
mesmo modo, os EUA cruzam a mais extensa depressão em 64 anos. Ora, num

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mundo economicamente integrado como o nosso, a queda das atividades nos


países da União Européia certamente afetará o Brasil, que deixará de exportar
laranjas, ou a Argentina, que perderá a venda de carne, por exemplo.

Tudo bem! Que a crise afetou o mundo inteiro, não é novidade pra
ninguém. Mas afinal, como ela começou?

A grande responsável pelo desencadeamento da atual crise econômica


foi a falência do mercado imobiliário dos EUA, que ficou conhecida como o estouro
da “bolha imobiliária”.

Em agosto de 2007, duas grandes companhias de financiamento de


imóveis norte-americanas quebraram e foi ai que tudo começou. Essas empresas
faliram porque a maioria das pessoas que haviam tomado empréstimos para
comprar casas não estava conseguindo arcar com os custos das prestações, que
encareciam a cada dia devido ao aumento da taxa de juros. Aproximadamente um
ano depois, diversos bancos norte-americanos, que possuíam boa parte de seu
patrimônio composto de papéis baseados nesses empréstimos que não estavam
sendo pagos foram arruinados também. Atravessando sérias dificuldades
financeiras, esses bancos pararam de contribuir para a execução de atividades em-
presariais , o que atacou diretamente a economia dos EUA. E ai vocês podem
querer saber: como uma forte crise lá pode ter tanta força no restante do mundo?

Vocês se lembram que tínhamos falado antes da hegemonia capitalista


Americana? Pois bem, como os EUA são responsáveis por pelo menos um quarto
da produção mundial, todo o mercado internacional sofreu as conseqüências de
sua crise.

Mas, pessoal, é claro que isso foi só uma descrição sumária de alguns
dos principais elementos da atual crise mundial que, como todas as anteriores,
possui muitas peculiaridades. Essa, por exemplo, pouco tempo depois de seu início,
começou a ser comparada à crise de 1929 devido, justamente, ao aspecto global da
turbulência financeira.
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Provavelmente vocês se lembram da quebra da bolsa de Nova York


ocorrida em 1929. É claro que os detalhes daquela crise possivelmente não nos
venha à mente nesse momento, mas com certeza nos lembramos do choque
mundial proporcionado por ela, não é mesmo?

Naquela ocasião, mais de 9 mil bancos e 85 mil empresas faliram e a


cotação de suas ações despencou. Além disso, os salários se reduziram e o
desemprego atingiu os maiores índices da História. A situação só começou a
melhorar quando o presidente Franklin Roosevelt assumiu a presidência dos EUA e
colocou em prática um plano de reformas econômicas e sociais que intervieram
diretamente na economia americana. Assim, o presidente criou frentes de trabalho,
mecanismos de controle de crédito, um banco para financiar as exportações, fixou
salários mínimos, limitou a jornada de trabalho e ampliou o sistema de previdência
social. E só a partir da intervenção do Estado na Economia, ao contrário do que
prega o neoliberalismo é que o mundo foi gradualmente se recuperando da crise
mundial de 1929.

Se naquela época, quando as economias do mundo nem estavam ainda


tão interligadas como atualmente, já houve caos mundial, imagina agora, não é? E
o Brasil, como fica nossa economia diante desta crise?

Em outros tempos, certamente o Brasil seria muito mais castigado do


que foi agora, quando esteve relativamente preservado. Isso se deu porque,
atualmente, as exportações brasileiras para o mercado dos Estados Unidos
representam menos de 20% do nosso total de exportações. Todavia, o que num
primeiro momento pode parecer vantagem não é exatamente uma! Mas, por que
não? Vocês poderiam dizer: “Ora, ainda restam 80% das exportações para serem
vendidas para diferentes países do mundo, então dos males o menor!” Essa lógica
seria perfeita se os outros países do mundo não estivessem fortemente vinculados
à economia americana! Mas vocês sabem que essa não é a realidade! Dessa
forma, pessoal, tal como um dominó enfileirado, a queda da primeira peça leva à
queda seqüencial das outras que se posicionam atrás dela.

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“Ué, mas então eu não entendi! Os EUA em crise, os outros países


exportadores em crise, como o Brasil pode não ter sido afetado tão fortemente pela
recessão? “

Pra não ficarmos falando de números e nos atermos ao que é mais


importante, precisamos compreender que o nosso sistema financeiro é bem
regulamentado e suas regras de financiamento são muito mais rígidas do que as
existentes em outros países. Vejamos como é complicado e burocrático financiar
uma casa própria no Brasil! Toda essa burocracia existe para contribuir com as
financeiras, que exigem todo tipo de documentação para comprovar que o cidadão
é capaz de arcar com aquela despesa para evitar ao máximo o número de calotes –
ao contrário dos EUA onde o crédito imobiliário é extremamente fácil.

Além disso, o governo brasileiro tomou medidas que estimulassem o


consumo interno, como por exemplo, a redução de IPI em uma série de produtos.
Tenho certeza que todos vocês se cansaram de ver propagandas na TV sobre
vendas de carros e de toda a linha branca (fogões, geladeiras etc) com redução de
IPI, não é? Essa foi justamente uma das estratégias adotadas pelo Brasil para
diminuir o impacto da crise no mercado interno, o que, de certa forma, deu certo!

Infelizmente, essas medidas não foram suficientes para evitar que a crise
mundial chegasse ao Brasil. Elas diminuíram sua força, mas não conseguiram
impedir totalmente que seu impacto fosse sentido por aqui.

Por possuir como uma das bases da economia nacional a exportação de


mercadorias, principalmente para países ricos, não poderia ser diferente e também
tivemos nossas vendas afetadas. Vamos dar uma olhada em como esse assunto já
foi cobrado em prova.

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7-(CESPE/IRB-2010) Acerca da atual crise econômica internacional, julgue C


ou E.

I Além de envolver grandes bancos e o sistema financeiro internacional, a crise


atual tem sido considerada uma crise de paradigmas, em particular da certeza de
que os mercados podem autorregular-se e recuperar o equilíbrio automaticamente,
dispensando a intervenção do Estado.

II Diante da crise, as instituições de Bretton Woods não conseguiram propor


soluções concretas por ocasião da reunião de Cúpula do G 20 realizada em
Londres em 2009.

III Como membro do G-20, o Brasil insistiu na necessidade de se prover a economia


mundial com créditos para o desenvolvimento, incrementar a regulação financeira,
desenvolver políticas anticíclicas e combater os paraísos fiscais.

IV Apesar de discordar da resistência de países ricos em realizar reformas nos


organismos multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial, o Brasil comprou títulos
emitidos pelo Fundo em 2009.

Marque a alternativa:

a) se todos os itens estiverem corretos.


b) se todos os itens estiverem errados.
c) se somente os itens II, III e IV estiverem corretos.
d) se somente os itens I, II e IV estiverem corretos.
e) se somente o item I estiver correto.

COMENTÁRIOS:

A primeira assertiva está correta. Que a recente crise econômica


envolveu grandes bancos e o sistema financeiro internacional nós já temos certeza,
não é mesmo? Todavia, para entender o porquê essa crise representou também
uma quebra de paradigmas, é preciso saber qual a crença econômica dominante.
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Conforme nós já vimos anteriormente, desde o Consenso de Washington, as


políticas neoliberais são preponderantes e, com elas, a crença de que o mercado
tem capacidade para autorregular-se. Todavia, diante da crise, economistas e
governos se viram diante de um beco sem saída. Eles perceberam que o Estado
não poderia ficar inerte e deveria intervir para estimular a economia, o que
representou uma quebra dos paradigmas neoliberais.

Dessa forma, o que a crise mostrou empiricamente? Ela mostrou que,


mesmo no capitalismo financeiro, que se baseia no poder das empresas e capitais
privados, a economia ainda precisa da ajuda do Estado pra não entrar em colapso.
Deste modo, a certeza de que os mercados podiam se autorregular
independentemente da intervenção do Estado se evapora, desembocando sim
numa crise do paradigma liberal. Voltamos, portanto, às idéias keynesianas de
intervenção estatal.

A segunda assertiva está correta. Para compreendermos este item, há


três informações importantes que devemos saber: 1- O que é Bretton Woods? 2- O
que é o G-20? 3- O que foi estabelecido no último encontro do G-20 em 2009?

Bem, amigos, no início de nossa aula, já vimos que Bretton Woods foi o
nome dado a uma conferência realizada quase ao final da Segunda Guerra com o
objetivo de conduzir a política econômica mundial. Por ter sido o primeiro modelo de
uma ordem econômica totalmente negociada para reger as relações entre Estados
ele foi responsável pela criação instituições que regulassem seus objetivos: FMI e
BIRD.

Bom, outro ponto importante para que respondêssemos corretamente


essa pergunta era compreender o que é o G20. O G-20 foi criado em 1999 ao
término de uma década marcada por agitações econômicas na Ásia, México e
Rússia. Ele foi instituído como forma dos países ricos reconhecerem a importância
dos países emergentes, que se apresentaram capazes de colocar os mercados em
risco com suas inconstâncias.

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Bem pessoal, a verdade é que não há regras formais para se adentrar no


G20, mas é nítida a intenção de se reunir num mesmo grupo os países mais
desenvolvidos e os que estão em desenvolvimento.

“Ok, professores! Mas esses países se juntam e fazem o quê afinal?”

Bem, quando se reúnem os representantes da equipe que compõem o


G20, seus dirigentes debatem os mais diversos temas de interesse comum, como
assuntos orçamentários, monetários, comerciais, energéticos, soluções para o
crescimento e formas de combater o financiamento ao terrorismo.

Por exemplo, na reunião do G20 ocorrida em abril de 2009, em Londres,


o foco principal foi a crise financeira. Durante o encontro, representantes de vários
países solicitaram medidas que respondessem à depressão econômica global. Isso
significou que todos os países do G20 se dispuseram a se empenhar em estabilizar
o sistema financeiro e difundir os fundamentos de uma economia sustentável. Para
isso seria necessário resguardar o livre comercio e evitar o aumento do
protecionismo, ponto em que todos os países se manifestaram a favor e se
propuseram a tomar medidas concretas. Apesar dessa decisão, não foram
adotadas medidas concretas pelas instituições de Bretton Woods, ou seja, a
assertiva está correta.

A terceira assertiva está correta. Como membro do G-20, o Brasil esteve


na presidência rotativa da organização e, em 2008, apresentou, naquela época,
como pontos de discussão a competição nos mercados financeiros,
desenvolvimento econômico e elementos fiscais de crescimento e desenvolvimento.
Assim, é correto afirmar que o Brasil insistiu sim na necessidade de prover a
economia mundial com créditos para seu desenvolvimento.

O Brasil também se posicionou a favor do aumento da rigidez na


regulação financeira. Conforme o próprio ministro da fazenda Guido Mantega
afirmou, a falta de regulação no mercado financeiro dos EUA foi a raiz da crise
econômica global.
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A quarta assertiva está correta. Muito se noticiou na mídia nos últimos


tempos que o Brasil havia, pela primeira vez, emprestado dinheiro ao FMI, vocês se
lembram? Na verdade, o Brasil se tornou um credor do FMI ao comprar US$ 10
bilhões em notas dessa organização internacional. É como se o Brasil tivesse
dado dinheiro ao FMI e em troca recebeu essas notas, que nada mais são do que
papéis que dão direito ao recebimento de valores!

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BIBLIOGRAFIA

Artigos disponíveis em < http://www.sep.org.br/artigo > Acessado em 18/03/2010

GREGORY, Derek, et alli. Geografia Humana. Sociedade, Espaço e Ciência


Social. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

GREMAUD, Amaury Patrick. Economia brasileira contemporânea. São Paulo:


Atlas, 2009.

MAGNOLI, Demétrio. Geografia para ensino Médio. São Paulo: Atual, 2008.

ROSS, Jurandir Sanches (org). Geografia do Brasil. - 6ª- edição - São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo, 2009.

SANTOS, Milton. Por uma Geografia nova. São Paulo: Editora da Universidade de
São Paulo, 2008.

_____________. O Espaço dividido: os dois circuitos da Economia urbana dos


países subdesenvolvidos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,
2008.

SILVEIRA, Maria Laura (org.). Continente em Chamas. Globalização e território


na América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

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LISTA DE QUESTÕES APRESENTADAS NESTA AULA

1- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- A expansão financeira


global ocorrida nos últimos anos levou à atual crise do sistema capitalista
iniciada nos Estados Unidos e na Europa. Entre as idéias levantadas para
enfrentá-la, encontram-se as do economista inglês John Maynard Keynes
(1883/1946), que tiveram forte influência para a saída da crise iniciada em
1929.
Assinale a afirmativa que resume uma das idéias básicas do pensamento
keynesiano, aplicável tanto na crise de 29 quanto na crise atual.
a) O Estado deve intervir nos momentos de crise para salvar a economia de
mercado.

b) O mercado é o único elemento que tem os recursos para enfrentar as crises


cíclicas.

c) O Estado deve punir os grupos financeiros que não honraram seus


compromissos.

d) O mercado é livre e nesse caso as crises são resolvidas pela lógica da oferta e
da procura.

e) O Estado deve utilizar as verbas que seriam gastas com o bem-estar social para
auxiliar os bancos falidos.

2- (Questão adaptada- CESPE)- A geografia política das relações


internacionais foi nitidamente alterada, no século XXI, por uma série de
mudanças nos eixos do poder mundial. Com relação a essas mudanças
podemos afirmar que:

I) Houve um declínio relativo dos Estados hegemônicos do Atlântico Norte e a


transferência do eixo de poder para países do Pacífico e do Índico.

II) Os países do Atlântico Norte são um o grupo formado Japão, China, Índia e os
Tigres Asiáticos.

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III) Com o fim da multipolaridade vivenciada pelo mundo durante o período da


Guerra Fria houve a possibilidade do surgimento de novos atores com relevância no
cenário internacional.

IV) Apesar de ter auferido grande desenvolvimento, países como a China e o Japão
não conseguem interferir significativamente no mercado mundial.

V) A economia voltada para o aumento das importações foi o modelo adotado pelo
Brasil e outros países da América Latina, que pretendiam ganhar mais mercado em
todo o mundo.

Marque a alternativa:

a) se somente os itens I e II estiverem corretos.


b) se somente os itens III e IV estiverem corretos.
c) se somente os itens II, III e IV estiverem corretos.
d) se somente os itens I, II e IV estiverem corretos.
e) se somente o item I estiver correto.

3- (Questão adaptada- CESPE) - A ONU, criada em um momento bastante


distinto do de hoje, vem sofrendo forte pressão por reforma institucional para
agregar mais legitimidade política ao sistema multilateral de segurança
coletiva. Com base nessa afirmação podemos afirmar que:

I) a ONU foi criada em 1945, num momento em que havia uma sutil diferença na
ordem internacional se comparado ao que é hoje em dia, assim, fica difícil entender
o porquê da necessidade de mudanças no sistema que o rege.

II) O Conselho de Segurança da ONU é órgão responsável pela manutenção da paz


e segurança internacionais e possui 15 membros, sendo 5 membros permanentes e
10 membros temporários.

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III) Para que a ONU tome uma decisão importante, como o envolvimento em um
conflito internacional, é necessário que pelo menos metade dos seus membros
estejam de acordo.

IV) São membros permanentes da Organização das Nações Unidas EUA, China,
Rússia, França e Reino Unido.

V) A atual estrutura institucional das Nações Unidas reflete, exatamente, seus


ideais de simetria de poder entre os países, deixando visível o direito e a igualdade
de opiniões.

Marque a opção:

a) se somente a afirmativa I estiver correta.


b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
d) se somente as afirmativas II e IV estiverem corretas.
e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

4- (Questão adaptada - CESPE) “Apesar da ampliação dos mercados, a


globalização da economia e o crescimento dos fluxos de mercadorias
reafirmam a desuniformidade do espaço terrestre e dão visibilidade à sua
heterogeneidade e à sua diversificação pela ação das sociedades que o
modelam.” (Iná E. Castro. Geografia política, território, escalas de ação e
instituições. Bertrand Brasil, 2006, p. 234.)

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando os assuntos por


ele suscitados, julgue os seguintes itens.

I- Em função da busca da competitividade e da heterogeneidade do espaço, as


empresas se dirigem para locais onde haja mão-de-obra qualificada e barata e
infraestrutura adequada.

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II- O atual estágio do capitalismo, marcado pela globalização, tem como uma de
suas características a internacionalização da produção.

III- A reforma do Estado, condição das organizações financeiras para concessão de


empréstimos internacionais, é um processo ligado às idéias neoliberalistas, que
buscam atribuir um novo papel ao Estado.

IV – Dentre as exigências feitas pelo FMI para conceder empréstimo aos países
está a ampliação da autonomia do Estado e a garantia do crescimento econômico
por meio da centralização da tomada de decisão.

V- Para a inserção de países como o Brasil, o México e a Argentina na nova


realidade econômica mundial, as organizações financeiras internacionais exigiram a
autonomia do Estado.

Estão corretas as assertivas:


a) I e II
b) I, II, e III
c) II, IV e V
d) IV e V
e) todas estão corretas

5- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- O sistema econômico


mundial manifesta-se pelos intensos fluxos de bens, de serviços, de capitais e
de pessoas. Entre os principais agentes desse sistema não se incluem:
a) as organizações ilícitas que participam dos fluxos monetários internacionais.
b) as organizações internacionais que fiscalizam os fluxos comerciais e financeiros.
c) os Estados nacionais que permitem a liberação das trocas comerciais
internacionais.
d) os grupos financeiros que operam segundo as regulamentações restritivas
internacionais.

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e) as empresas transnacionais que distribuem suas unidades produtivas em


diferentes países.

6- (CESPE/ Delegado da PF- 2004-adaptada) Nos últimos 13 anos, a América


Latina cumpriu grande parte de suas tarefas econômicas. Mesmo assim, a
desigualdade e a pobreza aumentaram na região. O diagnóstico é da
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), que propõe
para a região uma nova estratégia de desenvolvimento produtivo. Para o
secretário executivo do órgão das Nações Unidas, a maior integração da
região foi um ganho dos últimos anos. Sua aposta para reduzir a forte
desigualdade que ainda existe é a união decrescimento econômico com
proteção social. Ele propôs a substituição do conceito de mais mercado e
menos Estado por uma visão que aponta para “mercados que funcionem bem
e governos de melhor qualidade”. América Latina cresceu sem dividir. In:
Jornal do Brasil, 25/6/2004, p. 19A (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando a amplitude do


tema por ele abordado, julgue os itens subseqüentes.

I- Ao relatar que os países latino-americanos cumpriram “grande parte de suas


tarefas econômicas” nos últimos anos, o texto permite supor a existência de algum
tipo de receituário que a região deveria seguir para se modernizar e se desenvolver.

II- No período aludido pelo texto, ainda que possa ter ostentado números positivos
de crescimento econômico, a América Latina fracassou quanto aos índices sociais,
de modo a não conseguir romper com a histórica concentração de renda, matriz da
enorme desigualdade existente na região.

III- Ao propor uma nova estratégia de desenvolvimento produtivo para a região, a


CEPAL implicitamente reconhece os equívocos da política econômica que, de
maneira praticamente generalizada, a América Latina adotou especialmente na
última década do século passado.

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IV- O Brasil foi uma exceção no cenário latino-americano retratado pelo texto.
Particularmente nos dois períodos governamentais de Fernando Henrique Cardoso,
o país optou por um modelo autônomo de desenvolvimento que prescindia da
inserção internacional de sua economia.

V- É provável ter sido o Chile o exemplo mais notório — e dramático — de fracasso


da adoção da política econômica preconizada pelo neoliberalismo: além de ter
crescimento quase nulo, o país sucumbiu ante a dimensão de uma crise social sem
precedentes em sua história.

VI- A expressão “mais mercado e menos Estado”, citada no texto, traduz à


perfeição o espírito que norteou a trajetória econômica do mundo pós-Segunda
Guerra e caiu em desuso ao final do século XX, fustigada pelo ideário nascido do
chamado Consenso de Washington.

VII- O esforço integracionista verificado na América Latina contemporânea, que o


texto reconhece, tem no Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) constituído por
Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai — um de seus mais expressivos símbolos,
apesar das indiscutíveis dificuldades para a sua efetiva consolidação

Marque a alternativa:

a) se todos os itens estiverem corretos.


b) se todos os itens estiverem errados.
c) se somente os itens I, II III e VII estiverem corretos.
d) se somente os itens I, II e IV estiverem corretos.
e) se somente o item I estiver correto.

7- (CESPE/IRB-2010-adaptada)- Acerca da atual crise econômica internacional,


julgue C ou E.

I- Além de envolver grandes bancos e o sistema financeiro internacional, a crise


atual tem sido considerada uma crise de paradigmas, em particular da certeza de

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que os mercados podem autorregular-se e recuperar o equilíbrio automaticamente,


dispensando a intervenção do Estado.

II- Diante da crise, as instituições de Bretton Woods não conseguiram propor


soluções concretas por ocasião da reunião de Cúpula do G 20 realizada em
Londres em 2009.

III- Como membro do G-20, o Brasil insistiu na necessidade de se prover a


economia mundial com créditos para o desenvolvimento, incrementar a regulação
financeira, desenvolver políticas anticíclicas e combater os paraísos fiscais.

IV- Apesar de discordar da resistência de países ricos em realizar reformas nos


organismos multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial, o Brasil comprou títulos
emitidos pelo Fundo em 2009.

Marque a alternativa:

a) se todos os itens estiverem corretos.


b) se todos os itens estiverem errados.
c) se somente os itens II, III e IV estiverem corretos.
d) se somente os itens I, II e IV estiverem corretos.
e) se somente o item I estiver correto.

GABARITO

1 –A 2- E 3- D 4- B 5- D 6- C 7- A

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