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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

RESENHA DO FILME “1984”

SÃO BERNARDO DO CAMPO


2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

RESENHA DO FILME “1984”

Resenha apresentada ao curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia da


Universidade Federal do ABC. Como
requisito para a matéria de Estrutura e
Dinâmica Social.

SÃO BERNARDO DO CAMPO

2016

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Sumário

Contextualização do Filme 3

Ideia Principal 3

Ideias Secundárias 5

Análise do Filme com Base em Marx e Weber 6

Marx 6

Weber 7

Crítica ao filme 8

Bibliografia 9

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Contextualização do Filme

O Filme 1984, dirigido por Michael Radford é uma adaptação do livro “1984”,
escrito em 1949 por George Orwell, famoso escritor britânico. O livro foi escrito 35
anos antes do lançamento do filme, porém os aspectos de ficção-científica e as
críticas presentes em ambas às obras mostram a genialidade do autor a respeito das
suas preocupações e pessimismos modernos. Para a contextualização do filme, é
preciso entender qual o cenário histórico que culminava na época da criação da
obra.

O livro foi escrito no período denominado pós-guerra (após a II Guerra


Mundial). A grande devastação provocada na Europa e na Ásia necessitava de
amplos esforços de reconstrução econômica e social. Os EUA e a URSS, que
haviam se aliado para lutar contra o nazismo, tornaram-se potências rivais logo após
o fim da guerra, opondo o capitalismo do ocidente ao chamado comunismo soviético.
Essa configuração mundial ficou conhecida como mundo bipolar. Em 1946, a
expressão “Cortina de Ferro” se tornou comum para mostrar e separação entre o
capitalismo ocidental e o comunismo soviético. Além disso, o medo de uma nova
Guerra Mundial tomava força dada a detenção de um grande arsenal nuclear por
ambas as potências.

Levando em consideração esses aspectos históricos, fica muito clara a


inspiração que o autor teve na hora da criação da sua obra. A criação de três
grandes estados transcontinentais totalitários após uma “guerra de escala global”
como base do cenário da história do filme é análoga a esse período de guerra da
época. Quando Michael Radford dirige o filme, em 1984, a União Soviética ainda se
encontra no cenário nacional. Regida pelo Partido Comunista e detentora de um
sistema unipartidário.

É fácil notar que na criação da obra e na sua adaptação décadas depois, a


conjuntura sociopolítica mundial ainda dava abertura às críticas propostas pelo livro.

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Ideia Principal

O filme 1984, baseado no livro escrito por George Orwell em 1948, apresenta
uma sociedade que supostamente seria uma alusão de como seriam formadas as
sociedades no futuro. É uma distopia de como o mundo se transformaria na visão de
Orwell, no qual um sistema hierárquico e totalitário conhecido como “Grande irmão”
e dominado pelo Partido tomaria conta de todas as tarefas da sociedade.

A ideia principal de Orwell ao escrever 1984 é de fazer uma alegoria referente


a tal situação que era vivida na época. Utilizando de utensílios extremistas Orwell
cria um mundo no qual a liberdade não existe mais, e todos os cidadãos devem suas
vidas ao grande irmão (The Big Brother) que seria o regime totalitarista. No filme
1984 o principal foco é a opressão do estado e a falta de liberdade que a sociedade
hierarquizada apresenta. A principal opressão feita pelo Grande irmão aos cidadãos
em particular é impor o controle pelo pensamento e pela privacidade das pessoas,
tendo câmeras e microfones em todos os lugares e punindo qualquer pessoa que
ousasse pensar diferente ou questionar o regime estabelecido.

Orwell cria diferentes meios de opressão e estes são utilizados como o


principal pilar de controle do estado sobre os cidadãos da Oceania para manter o
totalitarismo do estado. Em 1984 Winston, personagem principal do filme, cria seu
diário secreto, que é sua maior forma de se rebelar contra o Grande Irmão e o
partido. Este diário continha inúmeros pensamentos que se opunham ao regime,
como ideias sobre a liberdade, a opressão e a frase “Abaixo ao grande irmão”, que
foi escrito inúmeras vezes inconscientemente.

Há no filme diferente meios de opressão usados pelo partido e dois deles


podem ser considero meios chave que são os dois minutos de ódio e a semana do
ódio, nos quais o estado sempre mantem a população com um sentimento de ódio
ligado a um sentimento de medo e de amor pelo grande irmão. Manter a ideia de
que sempre estão em uma suposta guerra com outras duas potencias, manter a

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figura de Emmanuel Goldstein como um traidor do partido e mostrar imagens do
grande irmão durante tais eventos, alimentam esses sentimentos de ódio e amor
pelo partido.

De todos os meios de opressão do partido, o meio mais vigente são as


conhecidas teletelas, que estão constantemente observando e escutando os
cidadãos, portanto são os olhos e os ouvidos do partido e da polícia do pensamento.

É a partir das teletelas e das punições do partido que é possível oprimir todos
constantemente.

E por fim existe a famosa sala 101, que seria o ultimo estágio de toda a
tortura feita pelo partido àqueles que apresentam ideias adversas ao grande irmão,
local no qual Winston é exposto à pura opressão e é feito acreditar que dois mais
dois são cinco pela vontade do estado. É a cena na qual Winston perde toda sua
liberdade não só de seu corpo, mas sim de sua mente e por último de sua alma, o
que mostra o lado totalmente niilista de Orwell ao escrever seu livro.

Ideias Secundárias

No filme podemos perceber explicitamente que a guerra é utilizada como


forma de controle do povo, como uma forma de penetrar na mente das pessoas
tentando distorcer a história e faze-las amar somente tal governo, acreditando
somente nele. Caso contrário o indivíduo era acusado de crime mental, e algumas
vezes não sabendo a diferença do que é certo ou do que é errado.

A infância do protagonista é bastante perturbada devido a grande guerra e a


problemas com sua família, vivendo na pobreza. Assim quando adulto ele tinha
como característica odiar a pureza, vemos isso claramente quando ele tem relações
sexuais com uma prostituta dita por ele nojenta. Além de demonstrar a situação
precária a qual o povo vivia.

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O governo afirma no filme que a situação está melhorando, mas quando
vemos os fatos ocorrendo percebemos ao contrário: o povo morando em lugares
precários, comendo comida desagradável, enquanto a “classe superior” está com
“comida autentica”, vivendo em um luxo inimaginável para os inferiores. Assim o
dinheiro que deveria ser investido no proletariado era gasto apenas pela minoria
“rica”.

Enquanto as crianças eram manipuladas pacificamente pois são de fácil


manipulação, para os adultos as escolhas eram diferentes. Visando erradicar o livre
pensamento pessoal do povo, era proibido o desejo do prazer, e quem não
respeitava ou aceitava tal situação era gravemente punido. Vemos isso claramente
quando o protagonista sofreu inúmeras torturas até mudar o seu pensamento, ou
seja, substituindo o sentimento livre para o sentimento único de dor.

Análise do Filme com Base em Marx e Weber

É possível relacionar o filme com as teorias sociais de divisão de classes,


infraestrutura e superestrutura marxistas e a dos tipos de dominação de Weber.  

Marx

O filme faz alusão a um governo autoritário que domina ideologicamente as


camadas mais pobres da população. Segundo Marx, a ideologia surge a partir da
divisão entre o trabalho intelectual e manual, ou seja, do advento da sociedade de
classes. No filme pode-se perceber a existência de três classes:  

1. Partido interno: pequena parcela de privilegiados, conhecida como “partido”, com


direito a casas espaçosas, empregados, boa comida e em abundância e transporte
rápido;  

2. Parte exterior: responsável pelo trabalho administrativo, sendo constantemente


vigiados pelo governo, a fim de evitar desarmonia no sistema;  

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3. Proles: a maioria da população, classe mais baixa dos trabalhadores, controlada
utilizando o medo.  

Além da teoria das classes, outro conceito marxista presente na obra é o de


infraestrutura e superestrutura: a base material ou econômica constitui a primeira e
exerce influência direta na segunda representada pelas instituições jurídicas,
políticas e ideológicas.

Há uma divergência do filme com a teoria Marxista, que afirma: “o proletariado


é uma classe verdadeiramente revolucionaria, as classes médias combatem a
burguesia porque esta compromete sua existência como classes medias. Não são,
pois, revolucionarias, mas conservadoras, mais ainda reacionárias. O movimento
proletário é o movimento independente da imensa maioria em proveito da imensa
maioria”, cujo significado pode estar associado ao fato de que a classe média não
tem porquê ser revolucionaria, uma vez que não seria tão beneficiada quanto a
classe social que é maioria e possui a menos parte das riquezas. No caso do filme
os poucos conspiradores que existiam eram considerados doentes
mentais e encontrados muito facilmente, sofriam um tratamento psicológico, um tipo
de lavagem cerebral, consequentemente, por medo, nota-se uma falta de ações
revolucionárias por parte do proletariado.

Ainda, há uma alienação do proletariado que fica restrito à sua função para o
partido, o homem sente-se escravizado pelo sistema, produzindo para ganhar um
salário e se tornar um consumidor alienado, que não é capaz de se unir e lutar por
condições de vida melhores, que não se revolta perante as injustiças sociais e a
disparidade na divisão de riquezas.  

Weber  

No filme pode-se notar os três tipos de dominação definidos por Weber: legal,
tradicional e carismática.  

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A primeira consiste principalmente na burocracia que tem como
princípios fundamentais a hierarquia funcional, representada pelos cargos no partido;
a administração baseada em documentos, que eram modificados e moldados de
acordo com as vontades do partido.  

Na segunda, a autoridade é suportada pela existência de uma


fidelidade tradicional, na obra ela é representada pela figura do "Big Brother" que
esteve presente durante a maior parte da vida da população. As pessoas não
conseguem mais se lembrar de como era a vida antes dele.  

Na terceira, a autoridade é suportada devida a uma afeição por arte dos


dominados, no filme é possível vê-la em todas as aparições do "Big Brother"
nos telões, que é aclamado por toda a população, como um herói da paz.

Crítica ao filme

“Quem controla o passado controla o futuro. Quem controla o presente


controla o passado”. A obra começa com essa frase, a qual descreve o jogo pelo
controle, em que um partido, por meio da força e tortura, tenta se manter no poder a
qualquer custo. Levando em conta o cenário político do ano de lançamento do filme,
a obra pode ser entendida como uma crítica à regimes totalitários.

O autor mostra tal crítica de forma eficiente, ainda que a faça de forma lenta,
por meio de dois indivíduos Winston e Julia, dois operários que criam uma relação
afetiva, atitude proibida pelo regime autoritário, uma vez que todo ser humano deve
agir de forma robótica e tratar os outros de forma igual, tornando a população uma
massa fácil de manobra.

Quando comparado ao livro o filme deixa a desejar. Temas que no livro são
abordados de forma profunda, no filme acabam não aparecendo ou são abordados
de forma superficial. Alguns personagens secundários são esquecidos. Talvez por

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ser um enredo muito complexo, o filme não consegue adentrar o universo escrito por
George Orwell em “1984”.

A semelhança que enxergamos entre o Livro e o Filme é a forma como se


expressa a importância com o Tempo e as Relações de proximidade interpessoais.

No Filme, os detalhes se passam em como e porque as relações


interpessoais são proibidas, com mais detalhes. Já durante o Livro, se foca no como
o Tempo é trabalhado como forma de manipulação através dos meios de
comunicação, mas ambos, tanto o Filme quanto o Livro, trabalham em mesma
proporção o como o ser humano se torna parecido a objetos quando é Privado do
Pensamento.

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Bibliografia

http://www.culturabrasil.org/manifestocomunista.htm

http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/sociologia/os-tipos-dominacao-segundo-max
-weber.htm

http://cafecomsociologia.com/2016/02/infraestrutura-e-superestrutura-em-marx.html

http://periodicos.uesb.br/index.php/politeia/article/viewFile/570/566

http://www.cinepipocacult.com.br/2013/03/1984.html

http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/saiba-mais-livro-1984-george-o
rwell-678177.shtml

http://www.rogerebert.com/reviews/1984-1984

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