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História do Exú Mirim Calunguinha

“Minha primeira existência foi próximo ao espírito de luz ter subido ao plano superior, vivi
na Persa Antiga, próximo a Mesopotâmia, servi os exércitos do Marajá nas suas conquistas. Com o
tempo, reuni uma série de homens de confiança, onde iniciei uma empreita própria, onde o saque e
lutas eram mais vantajosos que lutas territoriais constantes. Fiz da morte uma amiga e aliada, pelo
menos até o momento em que ela se voltou contra mim.
Após um grave ferimento a um palmo do coração, que viera de um dos homens de tanta
confiança, tombei em combate, ainda não coberto pela morte, senti meu corpo na pira e deixado
para trás, o cheiro, o som das chamas, a dor, tudo se passou por mim, mas o pior viria a seguir.
Minha queda no umbral sofri por tempo indeterminado, até em suplica pedir auxílio por uma nova
oportunidade, agraciado fui tratado e agraciado a uma nova existência.
Voltei em um dos subúrbios de Londres, a peste negra assolava a cidade, perdi os pais ainda
pequeno e sozinho me uni a um grupo de garotos que também perderam os pais para a peste. Com
medo dos reformatórios e internatos, fugimos.
Nestas situações eu não tinha escolha, precisava roubar, furtar e poucas e ainda indignas
vezes matar. Dentro desta vida me deprimi, vez que sentia que minha escolha era errada, meus atos
eram errados, mas o que fazer?
Em uma das vezes os garotos maiores implicaram comigo e fizeram que eu roubasse um
homem, próximo ao porto junto a linha férrea. Cheio de raiva e culpa, fui. Mas o homem já sabia e
durante o ato cai na linha, batendo a cabeça e caindo nas águas.
Novamente no umbral, não mais era o garoto, novamente eu era o persa que morreu traído.
O Sr. Caveira diz que isso deve-se ao fato de não ter aceitado as falhas da última vida. Mas,
voltando ao umbral, vaguei, sofri, açoitado pelos demônios de minha alma, até que enquanto me
escondia dos dragões o vi, uma luz forte e intensa, que me deu esperança. Cai aos seus pés
implorando ajuda e auxílio, gastei o que me restava naquele ato e desacordei.
Despertei em uma estrutura com forte luz natural, com aquele ser ao meu lado, ele me
ajudara, clamei mais uma chance. O mesmo me disse que pensaria, pois precisava falar com um
homem e isto era inadiável. Saiu da sala e o vi cumprimentar um homem de cabelos calvos e roupas
longas, depois me explicará que se tratava de um frei, acho que este é o nome. E em resposta ao
meu pedido, ele me disse que me ajudaria e isso custaria uma dedicação minha e que deveria seguir
o que ele dizia sem oposições. Com medo e desespero, aceitei. Pela primeira vez vi um esboço de
sorriso, ele posicionou uma das mãos no alto da minha cabeça e outra no centro do meu peito
espalmada e disse:
“Vou suprimir seus chacras para que sua natureza violenta seja contida, você será parte da
inocência deturpada, oposta, será responsável por dissipar energias e injustiças, será o aliado da
morte, a faca que corta o fio da vida, da doença, do erro. Você será a intenção, pois essa que o
trouxe a mim para uma mudança, você será o Calunguinha, mas tolo aquele que o subestimar.”
Daquele dia em diante auxiliei Sr. Caveira, realizei coisas péssimas, mas junto ao Sr.
Caveira achei o meu lugar, atingi minha mudança porque tive a intenção de mudar, a intenção de
dar o auxílio. Hoje sou a intenção, o caminho dos que crê em mim. Já conquistei a minha luz, mas
mirim eu sou, afinal todos tem o seu lugar e o meu é aqui.”
Lembrando que não estamos aqui para discutir, defender ou desmerecer as outras histórias
de exu Mirim, cada guia possui seus mistérios e suas particularidades, esta é apenas mais uma
história para ilustrar aos umbandistas que interessam-se pelos mistérios que esta linha trás.

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