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EXCELENTÍSISMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ/CE

NOME DO IMPETRANTE, advogado, inscrito junto à OAB/__ sob o nº ________,


com escritório profi ssional situado na (endereço), em favor de JOSÉ PERCIVAL DA
SILVA, ora Paciente, (nacionalidade), (estado civil), vereador, residente e domiciliado à
(endereço), atualmente recolhido no (nome do local onde o Paciente está preso), com
fundamento no art. 5º, LXVIII, da Constituição da República, em combinação com o
art. 648, I e IV, do Código de Processo Penal, apontando como autoridade coatora o
MM. Juiz da __ª Vara Criminal da Comarca de Conceição do Agreste, com base nos
argumentos que passa a apresentar , vem impetrar ORDEM DE HABEAS CORPUS
COM PEDIDO DE LIMINAR.

DOS FATOS

Em data de 03 de Fevereiro do corrente ano, o Delegado de Polícia do Município


recebeu um empresário, sócio de uma empresa interessada em participar das
contratações a serem realizadas pela Câmara de Vereadores.

O empresário relatou que o Vereador João Santos, o João do Açougue, junto aos
vereadores Fernando Caetano e Maria do Rosário, haviam exigido dele o pagamento de
R$ 100.000,00 (cem mil reais) para que sua empresa pudesse participar do processo
licitatório, que aconteceria no dia seguinte.

Visando prender todos os envolvidos em flagrante delito o delegado orientou o


empresário a sacar o dinheiro e combinar com os vereadores a entrega da quantia no
momento da realização da licitação, uma equipe de policiais disfarçados estaria presente
para efetuar a prisão dos envolvidos.

No dia seguinte os policiais realizaram a prisão em flagrante dos vereadores João do


Açougue, Fernando Caetano e Maria do Rosário.

Ocorre que o paciente naquele dia estava presente na sessão licitatória para verificar se
ela estava realizando seu trabalho de maneira correta e eficaz e acabou também preso
em flagrante, acusado de participar do esquema criminoso.

O Delegado lavrou auto de prisão em flagrante delito pela prática do delito de corrupção
passiva, e em seguida representou pela prisão preventiva dos vereadores, assim
acolhendo manifestação do digno representante do Ministério Público, o MM. Juiz
deferiu o presente pedido com amparo no art. 312 do Código de Processo Penal.

DO DIREITO

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder;

DA ILEGALIDADE DA PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO : a prisão em


flagrante é ilegal, pois o paciente não foi pego cometendo nenhum ato ilícito e nem
tentou escapar da policia para esconder qualquer infração penal. Também não foi
capturado com dinheiro ilegal.

O paciente não sabia do plano dos parceiros , e estava ali para cumprir sua função , o
paciente tem uma boa índole e jamais se meteu em venda de licitações ou quaisquer
outras tramóias ilegais e corruptas.

DO FLAGRANTE PREPARADO: está claro que o flagrante foi preparado , e com


isso a prisão torna-se ilegal, pois o delegado orientou o dono da empresa para que os
acusados fossem pegos em flagrante.

Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a sua consumação.

RELAXAMENTO DA PRISÃO: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente:


(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Além dos casos expressamente previstos no Código de Processo Penal, podem-se


apontar, de acordo com a doutrina, outras modalidades de prisão em flagrante, em razão
da presença, em cada um deles, de elementos ou circunstâncias não contempladas
naquelas alhures.

Quando a situação do flagrante sofrer a intervenção de terceiros, antes da prática


do crime, é que se poderá falar na existência de um flagrante esperado e de um flagrante
provocado, também denominado flagrante preparado.

No Flagrante Esperado, também conhecido como Tocaia, é uma hipótese válida


de prisão. Nesta, o policial ou terceiro espera a prática do delito para prender o agente
em flagrante. Não há qualquer induzimento. (FANTECELLE, op. cit.)

MEDIDA LIMINAR – “PERICULUM IN MORA” - é necessária a concessão da


medida liminar, pois está demonstrado o “periculum in mora”. É notável que a demora
na decisão poderá causar danos graves ou de difícil reparação ao paciente.

“FUMUS BONI JURIS” – O direito do paciente está totalmente demonstrado, pois a


prisão foi um flagrante ilegal. Com isso o paciente tem o direito de ter a liminar
concedida.

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. INSTRUÇÃO


DEFICIENTE. ILEGALIDADE NA PRISÃO EM FLAGRANTE.
SUPERVENIÊNCIA DE PRISÃO PREVENTIVA. PREJUDICIALIDADE.
IMPROVIDO. 1. É assente nesta Corte Superior que o exame da
alegada ilegalidade do flagrante torna-se prejudicado, quando, posteriormente, o Juízo
de primeiro grau o converte em preventiva, constituindo, pois, novo título a justificar a
privação da liberdade do paciente. 2. Agravo regimental improvido.

Ementa: HABEAS CORPUS - CORRUPÇÃO PASSIVA - CONCESSÃO DA


LIBERDADE PROVISÓRIA MEDIANTE PAGAMENTO DE FIANÇA -
PRISÃO EM FLAGRANTE ILEGAL - RELAXAMENTO DA PRISÃO -
SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA MANTIDA - LIMINAR
CONFIRMADA - ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA 1. Não estando
configurada nenhuma das hipóteses do flagrante delito, a prisão deve ser
imediatamente relaxada, consonante preceitua o art. 5º , LXV da Constituição Federal e
o art. 310 , inciso I do Código de Processo Penal . 2. A discussão acerca da suspensão
do exercício da função pública do paciente não diz respeito à liberdade de ir e vir, não
sendo matéria de habeas corpus. Entretanto, caso não assim não se entenda, é
perfeitamente cabível a imposição de medidas cautelares no curso processual. 3. Ordem
parcialmente concedida

DOS PEDIDOS

Requer-se, em face de todo exposto:

● concessão da liminar;

● Concessão da presente ordem de Habeas Corpus;

● Relaxamento da prisão em flagrante;

● Expedição imediata do alvará de soltura;

● O regular prosseguimento do feito, oficiando-se a autoridade coatora para prestar as


informações de praxe, com posterior remessa dos autos à Procuradoria-Geral de Justiça.
Após, que sejam os autos conclusos para julgamento, nos termos do Regimento Interno
deste Tribunal;

● No mérito, a concessão definitiva do presente writ.

Nesses Termos,

Pede Deferimento.

xxx,xxx de Fevereiro de 2018.

Advogado

OAB xxx

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