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MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS: Conceito e Aplicação.

Fulano de tal1

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo evidenciar o conceito de medidas socioeducativas, a quem são aplicadas,
o ambiente onde serão cumpridas e como serão executadas. Fundamental para a compreensão do conceito é
enveredar pela concepção de ato infracional bem como o sujeito que o pratica. O arcabouço jurídico diretivo dessa
aplicação tem amparo no Estatuto da Criança e do Adolescente, configurando-se como legislação específica para
o contexto. São apresentados gráficos e tabelas que demonstram o perfil daqueles a quem o citado Estatuto é
direcionado. Para alcançar o objetivo o presente estudo utilizou-se de pesquisa bibliográfica que auxiliou no aporte
teórico. Quanto aos objetivos o trabalho configura-se como pesquisa exploratória, cujos meios de investigação
utilizou-se de investigação documental, apresentando ainda um aspecto qualitativo, com coleta de dados
secundários.

Palavras-chaves: Ato infracional; ECA; Medidas Socioeducativas.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema As Medidas Socioeducativas: conceito e aplicação.


A importância do tema se dá pelo fato dessas medidas serem regidas por legislação específica,
nem sempre compreendidas.

No Brasil há uma exaustiva legislação que trata da descrição e classificação dos delitos
e da forma punitiva para as pessoas em conflito com a lei, como o Código Penal Brasileiro que
legisla sobre o tipo de crime e punibilidade e a Lei de Execuções Penais que rege como será
executada a pena.

No entanto, o regramento jurídico citado tem como sujeito de sua aplicação,


denominado sujeito passivo, o adulto que comete crime. Quando se transfere para o contexto
de cometimento de delito por um menor de idade, há uma legislação específica que classifica o
ato e impetra a reprimenda. A legislação em comento é o Estatuto da Criação e do Adolescente.

O primeiro diferencial encontrado nessa norma é a especificação do sujeito passivo, a


saber, a criança e o adolescente como sugere o próprio nome da Lei. O Estatuto estabelece a

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Aluno do curso de xxxxxxxx, da Universidade Anhanguera, Polo Maceió. E-mail:
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pessoa que deve ser considerada como criança e adolescente, e indo mais além, denomina o
delito cometido por esses sujeitos como ato infracional e não crime.

Partindo dessa delimitação do sujeito e conceituação do ato infracional, o Estatuto


também estabelece o rol punitivo composto pelas medidas socioeducativas. O próprio Estatuto
relaciona essas medidas e a ocasião em que são aplicadas.

Com base no levantamento realizado pelo Conselho Nacional de Justiça, constante do


Cadastro Nacional de Adolescentes em Conflito com a Lei, no período de 01 de janeiro de 2018
a 01 de outubro de 2018, a presente pesquisa apresenta dados que possibilitam conhecer o perfil
dos jovens em conflito com a Lei, os principais ato praticados, os estados de maior incidência
e as medidas socioeducativas mais aplicadas.

Para alcançar os objetivos a pesquisa tem um caráter exploratório, é qualitativa e fez uso
de investigação documental. Os dados coletados são secundários. O trabalho apresenta-se,
fundamentalmente, como uma pesquisa bibliográfica.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Ato infracional

Quando um adolescente entra em conflito com a Lei recebe um tratamento diferente


daquele imutado ao adulto e isso ocorre pelo fato dos menores se encontrarem em fase de
desenvolvimento, necessitando de todos os cuidados para que sua formação não seja afetada
por um tratamento para o qual ainda não esteja preparado.

Em relação a assertiva acima Machado (2003 apud Souza; costa, 2013, p. 277) assevera
que

[...] crianças e adolescentes são seres humanos que se encontram em situação fática
peculiar, qual seja, a de pessoa em fase de desenvolvimento físico, psíquico,
emocional, em processo de desenvolvimento de sua potencialidade humana adulta; e
que essa peculiar condição mercê respeito e para tal há de se compreender que os
direitos fundamentais de crianças e adolescentes são especiais em relação ao direito
dos adultos (há necessidade de direitos essenciais especiais e de estruturação diversa
desses direitos).

Cabe salientar que, conforme o disposto no Art. 2º da Lei 8.069, de 13 de julho de 1990
– Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – “considera-se criança, para efeito desta lei, a
pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquele entre doze e dezoito anos de
idade”. (BRASIL, 2014).

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Partindo dessas premissas pode se dizer que, quando uma criança ou adolescente pratica
um delito, mesmo com o uso de violência, inclusive podendo incorrer em morte, essa ação
diferente do que acontece com adultos, não é considerado como crime, mas como ato
infracional.

Isso ocorre porque, as pessoas que se enquadram nessa faixa etária são consideradas
inimputáveis, embora possam ser responsabilizados pelo cometimento de atos infracionais.

Sobre esse aspecto Bandeira (2006, p. 25) discorre que “É de ser notar que o próprio
ECA se encarregou de configurar, no âmbito de seus lides estatutárias, os inimputáveis, bem
como estabeleceu a responsabilização juvenil infracional a partir dos doze anos completos.”

Assim, ato infracional é toda conduta delituosa cometida por uma criança ou
adolescente, mesmo que de forma violenta. Em outras palavras, é um ato condenável, de
desrespeito às leis, à ordem pública, aos direitos dos cidadãos ou ao patrimônio, cometido por
crianças ou adolescentes.

A definição legal para ato infracional consta do Brasil (2014), como se apresenta a
seguir:
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção
penal.
Art. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas
previstas nesta lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta lei, deve ser considerada a idade do adolescente
à data do fato.

A medida a que se refere o Art. 104 acima, são às medidas socioeducativas, tema a ser
abordado no próximo tópico.
Cabe salientar que a apuração de um ato infracional tem rito próprio e se dá conforme
o fluxograma abaixo:

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Figura 1 – Fluxograma de Apuração do Ato Infracional

Fonte: Bandeira (2006, p. 52)

2.2 Cadastro Nacional de Adolescentes em Conflito com a Lei (CNACL)

Embora a Lei Federal 12.594, de 18 de janeiro de 2012, que instituiu o Sistema Nacional
de Atendimento Socioeducativo (SINASE) e regulamenta a execução das medidas punitivas
aos adolescentes que praticam atos infracionais, determine a publica anual dessas informações,
os últimos dados consolidados que retratam a situação constam do Levantamento anual do
SINASE relativo ao ano de 2016.

No entanto, o Cadastro Nacional de Adolescentes em Conflito com a Lei (CNACL) do


Conselho Nacional de Justiça (CNJ), disponibiliza informações atualizada para consulta,
pesquisa e projeções.

O CNACL foi criado com o objetivo de permitir a magistrados brasileiros o


acompanhamento efetivo dos adolescentes que cometeram atos infracionais e configura-se num

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banco de dados fundamental para auxiliar estudos de políticas públicas direcionadas aos
adolescentes que enveredam pelo mundo do crime.

Desde 2014, o preenchimento do CNACL passou a ser obrigatório para a extração das
guias de internação provisória de adolescentes, execução de medidas socioeducativas, guias
unificadoras e de internação-sanção, por exigência da Resolução CNJ n. 165. O cadastro é
alimentado pelas próprias Varas de Infância e Juventude e por isso podem conter
desatualizações temporárias. 2

2.3 Perfil dos menores em conflito com a lei no Brasil

De acordo com o CNACL, no período de janeiro a outubro de 2018, o tráfico de drogas


e condutas afins foram os atos infracionais mais cometidos por menores, seguidos de roubo
majorado, roubo e furto, como se observa no gráfico abaixo:

Gráfico 1 – Os 20 atos infracionais praticados

Fonte: CNACL

Concernente à essa constatação, Elimar Leite discorre que: “nos últimos anos, tem
crescido a participação de menores em quadrilhas especializadas, tanto no tráfico de drogas,
quanto em assaltos e arrombamentos a caixas eletrônicos e agências bancárias [...], e isso ocorre

2
Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/84034-trafico-de-drogas-e-o-crime-mais-cometido-pelos-
menores-infratores>. Acessado em: out. 2018.

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porque os criminosos maiores utilizam os adolescentes para assumir a autoria do crime, já que
esse menor vai ter uma punição menor e será posto em liberdade em um curto prazo de tempo.3

Quanto à idade, constata-se que a maior parte se encontra na faixa etária entre 16 e 17
anos. No gráfico seguinte, percebe-se que aos atos infracionais são cometidos por menores já a
partir dos 12 anos de idade e são praticados por menores, predominantemente do sexo
masculino, conforme se verifica nos gráficos abaixo:

Gráfico 2 – Idade Gráfico 3 - Sexo

Fonte: CNACL Fonte: CNACL

Ao analisar o relatório de Guias de Atos Infracionais expedidas por Tribunais Estaduais


é possível verificar a quantidade de atos registrados em cada unidade da federação, em que se
destacam os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, como se pode constatar na
tabela a seguir:

Tabela 1 – Estado com maior índice de atos infracionais


Tribunal Estadual Guias Expedidas
São Paulo 37460
Minas Gerais 17766
Rio de Janeiro 12129
Fonte: Elaborado pelo autor (adaptado)

2.4 Medidas socioeducativas

Como visto anteriormente, quando um adolescente pratica um ato infracional, mesmo


com grave violência, esse menor deve ser submetido a imposição de uma medida
socioeducativa descrita em legislação específica, não estando sujeito ao ordenamento jurídico
penal aplicados aos adultos.

3
Disponível em: <http://www.diariodosambito.com.br/traficoroubo-e-homicidios-somam-85-dos-crimes-
praticados-por-menores/>. Acessado em: out. 2018.
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Saab (2017) observa que

O divisor de águas entre Direito do Menor e Direito Penal está em que este leva o
magistrado, em seu julgamento, a colocar, em primeiro lugar, o ato praticado e daí a
pena básica; depois pode olhar para o homem que está julgando, para examinar sua
personalidade, passado, contexto social e, só então, fixa a pena definitiva. Ao
contrário, o juiz de menores encara, primeiro, a pessoa que tem a sua frente e, então,
considera o ato criminoso praticado. Essa é a essência desse Direito intuitivo, centrado
na reeducação

O magistrado a que faz menção a assertiva acima trata do Juiz da Vara da Infância e da
Juventude, responsável por aplicar uma das seis medidas socioeducativas previstas no ECA, de
acordo com a gravidade da infração.

As medidas socioeducativas estão elencadas no ECA da seguinte forma:

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente


poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I – advertência;
II – obrigação de reparar o dano;
III – prestação de serviços à comunidade;
IV – liberdade assistida;
V – inserção em regime de semiliberdade;
VI – internação em estabelecimento educacional;
VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de
cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação
de trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão
tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.
(BRASIL, 2014).

2.4.1 Advertência

A primeira das medidas socioeducativas é adotada quando verificada a prática de um


ato considerado de natureza leve, sem lesão grave à ordem social, e está assim definida: “Art.
115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada.”
(BRASIL, 2014).

Nas palavras de Saab (2017) “A expressão admoestação verbal deve ser entendida no
sentido de adversão, repreensão, censura à conduta antissocial atribuída ao adolescente”.

2.4.2 Obrigação de reparar o dano

Em relação à essa medida, a legislação expõe o seguinte:

Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade


poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída
por outra adequada (BRASIL, 2014).
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Embora essa medida traga em seu bojo a obrigatoriedade, sua aplicação é facultativa,
como se infere do próprio dispositivo legal.

Essa concepção é ratificada nas palavras de Saab (2017): “denota-se o caráter facultativo
da medida socioeducativa em comento, de sorte que o magistrado proceda à exata
individualização do caso concreto, atendendo às circunstâncias do ato infracional apurado e às
condições pessoais do menor”.

A mesma autora Saab (2017) lembra que “Há de se enfatizar, contudo, que a prestação
de serviços como forma de compensação dos prejuízos causados à vítima, só será válida se
contar com a aquiescência do adolescente, nos moldes do art. 112, parágrafo 2º do próprio
Estatuto”.

2.4.3 Prestação de serviços à comunidade

A medida está elencada no art. 117 do ECA da seguinte maneira:

Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas


gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades
assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em
programas comunitários ou governamentais.
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente,
devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados,
domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola
ou à jornada normal de trabalho (BRASIL, 2014).

A respeito do conteúdo do art. 117 do ECA, Liberati (2001, p. 107 apud Saad, 2017)
afirma que “a prestação de serviços comunitários não deve ser imposta contra a vontade do
adolescente; do contrário, corresponderia a trabalho forçado e obrigatório, o que seria
proibido.”

2.4.4 Liberdade assistida


No tocante à essa medida tem-se que:
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais
adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá
ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a
qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o
orientador, o Ministério Público e o defensor (BRASIL, 2014).

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De acordo com Saab (2017) “a liberdade assistida consiste em submeter o menor, após
entregue aos responsáveis, ou após liberação do internato, à assistência (inclusive vigilância
discreta), com o fim de impedir a reincidência e obter a certeza da reeducação. Com isto, nota-
se que não é tão-só vigilância, mas primordialmente, assistência ampla”.
Do art. 118 do ECA, infere-se que a medida é executada com o a participação de equipe
multidisciplinar que tem a importante atribuição de alocar o adolescente no mercado de
trabalho.
O relatório a que se refere o inciso IV deverá conter todos os elementos relevantes para
a formação de um juízo acerca do resultado obtido com a execução das tarefas, especificando
o comportamento do adolescente diante das atividades desenvolvidas, bem como as conclusões
aconselhadas no sentido da revogação, prorrogação ou substituição da medida (SAAB, 2017).

2.4.5 Regime de semiliberdade


Essa medida é aplicada como um benefício concedido ao adolescente sob internação,
como progressão de regime e abrange a realização de trabalho fora do estabelecimento de
internação.
A medida está descrita no Art. 120 do ECA:
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como
forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades
externas, independentemente de autorização judicial.
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que
possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as
disposições relativas à internação. (BRASIL, 2014).

2.4.6 Internação
Medida adotada quando da prática de um ato infracional com consequências mais
gravosas que culmina com o recolhimento do adolescente do convívio social por um tempo,
para ser submetido a um processo de reabilitação. Geralmente, é aplicada quando o ato é
praticado com o emprego de violência ou grave ameaça.
Está definida no art. 121 do ECA, da seguinte forma:
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios
de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento.
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da
entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser
reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser
liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida.

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§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial,
ouvido o Ministério Público.
§ 7º A determinação judicial mencionada no § 1º poderá ser revista a qualquer tempo
pela autoridade judiciária. (BRASIL, 2014).

Quanto às premissas para a sua aplicação, tem-se que:


Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:
I – tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa;
II – por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
III – por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser
superior a três meses, devendo ser decretada judicialmente após o devido processo
legal.
§ 2º Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida
adequada.

Em relação ao local para o cumprimento da reprimenda, o Art. 123 do ECA estabelece


que: “Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em
local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade,
compleição física e gravidade da infração”. (BRASIL, 1990).
O gráfico a seguir mostra as medidas socioeducativas adotada no período de janeiro a
outubro de 2018, conforme CNACL:
Gráfico 4 – Natureza da medida socioeducativa

Fonte: CNACL

3 METODOLOGIA

Com base nos objetivos, a presente pesquisa caracteriza-se como exploratória, e foi
utilizada na fase inicial do trabalho, possibilitando a obtenção de informações que serviram de
base para o desenvolvimento do trabalho.

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Para Gil (2008, p. 27) a pesquisa exploratória tem como principal finalidade,
desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, que permitem ao investigador aumentar
sua experiência em torno de determinado problema, com vistas a formular abordagens mais
condizentes com o desenvolvimento de estudos posteriores.

Quanto aos meios de investigação, esta pesquisa é caracterizada como bibliográfica,


entendida como "o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em
livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral”
(VERGARA, 2013, p. 48).

A pesquisa também é caracterizada como documental que de acordo com Vergara


(2013, p. 43), “é realizada em documentos conservados em órgãos públicos e privados de
qualquer natureza ou com pessoas”.

A pesquisa ainda tem um caráter qualitativo que, segundo Creswell (2010, p. 43)
apresenta-se como “um meio para explorar e para entender o significado que os indivíduos ou
os grupos atribuem a um problema social ou humano”.

Os principais procedimentos qualitativos, segundo o mesmo autor Creswell (2010),


também focam em amostragem intencional, coleta de dados abertos, análise de textos ou de
imagens e interpretação pessoal dos achados.

Para coleta e análise dos dados, foram utilizadas fontes de dados secundários por meio
de pesquisas bibliográficas que contribuíram para o aporte teórico que fundamentou o presente
estudo.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa apresentou que existe uma norma jurídica específica que trata dos atos
infracionais praticados por adolescentes e que abrange todas as regiões brasileiras.
Também evidenciou que quando ocorre a prática de tais atos os jovens são submetidos
a medidas socioeducativas, visando sua “recuperação”, de modo a não reincidirem no mundo
do crime.
As medidas são aplicadas levando-se em consideração a gravidade do ato infracional e
se há a reincidência do adolescente que o praticou. São executadas com o envolvimento de
equipe de profissionais diversificada e com a participação da família, pois uma das premissas
da Lei é fazer com que esse jovem se sinta acolhido.

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Com base em dados oficiais foi possível verificar o perfil do adolescente que envereda
por esse caminho como também quais foram os atos infracionais mais registrados em todo o
país no período de janeiro a outubro de 2018.
A pesquisa ainda traz dados que permitem verificar quais foram as medidas mais
aplicadas no período mencionado.
Analisar as medidas mais aplicadas mostra onde deve ser direcionado mais esforços no
sentido da prevenção e melhoramento da execução da medida.
Embora os dados desse contexto estejam disponíveis em fonte oficial do governo federal
ainda necessita de atualizações periódicas. Nesse sentido, há um acordo entre o Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP) e o Ministério dos Direitos Humanos (MDH) com o
intuito de compartilhar informações para otimizar o monitoramento das medidas. Dentre os
acertos, há o compromisso de repasse mensal de informações sobre o tema, por parte do CNMP.
Em contrapartida, o MDH se comprometeu a disponibilizar todas as informações de que detém.
Essas atitudes configuram-se num esforço em conjunto para a elaboração de relatórios
semestrais que visam a análise pormenorizadas da aplicação das medidas socioeducativas no
país.

REFERÊNCIAS

BANDEIRA, Marcos Antônio dos Santos. Atos infracionais e medidas socioeducativas: uma
leitura dogmática, crítica e constitucional. Ilhéus: Editus, 2006.

BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, e legislação correlata. 12. ed. Brasília: Câmara
dos Deputados, Edições Câmara, 2014.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
CRESWELL, J. W. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 2. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2010.
SAAB, Nádia Maria. A eficácia das medidas socioeducativas. 2017. Disponível em: <
https://jus.com.br/artigos/55102/a-eficacia-das-medidas-socioeducativas> Acessado em: out.
2018.
SOUZA, Luana Alves de; COSTA, Liana Fortunato. A significação das medidas
socioeducativas para as famílias de adolescentes privados de liberdade. Psico-USF, Itatiba, v.
18, n. 2, p. 277-287, Aug. 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
82712013000200011&lng=en&nrm=iso>. Acessado em: out. 2018.
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 14. ed.
São Paulo: Atlas, 2011.
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