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Segunda Guerra Mundial (A Agonia Da Franca)
Segunda Guerra Mundial (A Agonia Da Franca)
A Agonia da França
Tópicos do capítulo:
Dilaceração
águas do Rei Sol, Forges, vê, estupefata, sob a sombra de suas belas
árvores, chegarem os poeirentos tanques alemães.
o adversário está muito cansado. Dá-se como que uma colorida entre o
seu ofegar e o nosso esgotamento. O deus dos exércitos decidirá...”.
No entanto, a decisão do deus dos exércitos já foi tomada. Mais da
metade das divisões alemães de infantaria não foi ainda engajada e
sobra às Panzer mais fôlego do que lhes é necessário para atingir os
Pirineus.
Um momento! Pétain quer dizer alguma coisa. Ele está tão pálido,
diz Spears, que se diria uma máscara de gesso. Fala olhando para as
mãos, postas diante de si, sobre a mesa. Churchill acaba de lembrar
que houve, durante a guerra precedente, horas desesperadoras e que a
volta da sorte sobreveio no momento em que tudo parecia perdido. O
General Weygand responde que as situações não são comparáveis, que
não havia em 14-18 a cooperação do tanque e do avião, que
transformam o ritmo da guerra. Pétain quer acrescentar algo: em
março de 1918, ele enviara 20 divisões para salvar o exército de
Gough, que acabava de penetrar na área do Somme, depois 20 outras
divisões, um pouco mais tarde, no mesmo dia em que Churchill veio
vê-lo em seu QG. Falando sempre fitando as mãos, sem levantar o
rosto lívido, Pétain conclui: “Naquela época, a Inglaterra tinha na
França 60 divisões...”
Segunda Guerra Mundial 8
A Inglaterra não tem mais divisões. Mas ainda tem aviões, e, antes
de tudo, é da força aérea que o resultado da batalha depende. Reynaud
reclama a ajuda total da RAF. Churchill se fecha. Os franceses
lamentam. Weygand conta a experiência de um bombardeio aéreo, por
ele sofrida, alguns dias antes, no QG de Robert Altmayer. A única
maneira de devolver a ascendência aos soldados franceses é varrer dos
céus esses aviões que os atormentam e desmoralizam. Isso requer uma
intervenção maciça dos caças ingleses. É o momento decisivo. Ainda é
tempo. Logo será tarde demais.
da pátria. O outro crê que não há força e verdade senão no solo natal.
Um está pronto a sacrificar todo o presente, a abandonar a nação
inteira à mercê do inimigo, para manter intacto o princípio da
inflexibilidade e para exigir de um futuro imprevisível uma reparação
integral. O outro pensa que é preciso aliviar os sofrimentos da França,
impedir a captura total de seu Exército, não deixar que ele seja
entregue a um Gauleiter, preparar uma renovação nacional livrando do
desastre o que pode ser salvo. Talvez nenhuma classe, nenhum
partido, nenhuma família pertença exclusivamente a uma ou outra
destas duas concepções opostas do dever. Os comunistas são
fundamentalmente a favor do armistício - como Weygand e Pétain. De
Gaulle vem dos mesmos meios religiosos e conservadores que se
unirão em massa pela cessação das hostilidades. O velho patriota de
direita Louis Marin é ardorosamente contra o armistício, mas não é
nem mais patriota, nem mais de direita, nem mais ardoroso do que o
velho combatente basco Jean Ybarnegaray, que se resigna como
soldado disciplinado que é. O tecnocrata Jean Monnet é contra, mas o
tecnocrata Yves Bouthillier é a favor. O radical Chautempos é a favor,
mas o radical Herriot é violentamente contra. Alguns dos que são a
favor estão contaminados pela ideologia totalitária e penetrados de
admiração pela revolução nacional-socialista, mas outros, Weygand à
frente, são inimigos fanáticos da Alemanha e só vêem no armistício
uma pausa durante a qual eles prepararão a retomada das armas. Os
argumentos de uns e de outros são tão fortes que esta oposição
violenta das consciências é profundamente respeitável. Os fatos não
darão razão nem a uns nem a outros. Os que partiram voltaram coma
auréola da vitória - mas o que teriam eles encontrado sem o trabalho
de conservação dos que ficaram? As ferozes acusações com que eles
perseguem desde um quarto de século perderão sua significação para
as gerações posteriores. Elas não verão traidores e heróis,
capituladores e aventureiros, mas unicamente franceses dilacerados
por um trágico conflito.
A volta vale a ida. Apenas chegado a Mans, onde instalou seu QG,
Brooke chama ao telefone Sir John Dill. Avisa que considera que o
esquema bretão é um projeto impensado e bastante impossível e que
só vê uma coisa a fazer: reembarcar as tropas. O chefe do Estado
Maior Geral se espanta: de que projeto bretão se trata? Um momento
depois, torna a chamar, diz que consultou Churchill, o qual lhe
afirmou que nenhum acordo fora concluído em Braire com respeito a
uma defesa comum da Bretanha. Em conseqüência, Brooke deve levar
para a Inglaterra todas as tropas que não combatem com o 10°
Exército francês, isto é a divisão canadense, os dois terços da 52ª
Divisão e todos os serviços. As ordens correspondentes são dadas
apressadamente.
Weygand, por sua vez, chega sem pressa de seu GQG muito
provisório em Vichy. A mensagem que o convoca para estar em
Bordéus às 10:30 h, em casa de Baudouin, é assinada pelo Marechal
Pétain, que nenhuma autoridade direta possui sobre o general-
comandante. Weygand, corretamente, adverte Paul Reynaud, que lhe
responde com uma fórmula de polidez mundana: “O Senhor será
sempre bem vindo”. À procura de uma noite de sono, Weygand teve a
idéia de fazer a viagem em seu trem especial. Todas as suas
prioridades de comandante-chefe de nada servem numa rede cujas
articulações estão cortadas pelos bombardeios. Às 7h da manhã,
depois de 12 horas de viagem, Weygand se encontra em Châteauroux,
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Enfim, dia 19, às 6:30h da manhã, Lequerica, por sua vez, acorda
Baudouin. O Governo alemão se declara pronto a dar a conhecer suas
condições para uma cessação de hostilidades. Pede o envio de
plenipotenciários e sugere ao Governo francês entrar em contato com
a Itália, com o mesmo objetivo.