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Introdução

O presente trabalho versa sobre a independência da Argélia, do Gana e do Sudão. O Sudão e o


Gana estavam sob domínio da Inglaterra e a Argélia estavam sob domínio da França. O processo
de independência nacional nesta primeira fase da descolonização na África, ocorreu de uma
forma relativamente tranquila e pacífica exceptuando o caso da Argélia e Congo Belga.
Falaremos da independêcia da Argélia e dos acordos de Évian, da independência do Gana e das
greves existentes e da independência do Sudão.

Objectivos gerais

 Abordar sobre a Independência da Argélia, Gana e Sudão.

Objectivos específicos

 Saber se os processos de libertação foram de forma pacífica;


 Abordar de forma clara a independência da Argélia;
 Abordar de forma clara a independência do Sudão
 Abordar de forma clara a independência do Gana;

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A independência da Argélia.

A Guerra da Argélia

A Argélia é um país da África do Norte e foi colónia francesa desde 1830.

A posição pericilante do império francês após as derrotas sofridas na Indochina, à qual se juntou
a deposição do rei marroquino Mahomed V, em 20 de Março de 1953, que precipitara a
independência do Marrocos três anos depois, coincidindo com a Tunísia, acelerou o processo de
desmoronamento do domínio colonial da França.

Perante esta vaga descolonizadora, os nacionalistas argelinos perceberam que também deviam
agir, não só pelo facto de a potência colonizadora estar fortemente debilitada por dois conflitos
bélicos, particularmente destrutivos, desenrolados num curto espaço de tempo, mas também
porque a IVª República francesa definia, com as politícas criadas em gabinetes selados e
eleições de oficiais das províncias ganhas em ambientes obscuros e secretos. Acresce que a
comunidade internacional constituia um grande suporte dos movimentos autonomistas, pois o
paradigma imposto a nível internacional na época auspiciava a queda dos impérios coloniais.

Em 1954, com uma série de atentados, teve início a guerra de independência na Argélia. No
mesmo ano, através de uma série de atentados a bomba, foi desencadeada a guerra de
independência da Argélia.

A Frente Nacional de Libertação (FLN), apoiando-se ao nacionalismo e no Islão, mobilizou a


população na luta armada, defendendo a organização de uma sociedade socialista e não marxista.
A repressão francesa foi implacável, custando ao final do conflito a vida de quase um sexto da
população do país. A descoberta do petróleo no Saara argelino reforçou a determinação
francesa, cuja linha dura era representada pelo General Salan e pelos colonos, criou a
Organização do Exército Secreto (OAS), que chegou a tentar um golpe de Estado contra o
Estado de Gaulle, como forma de evitar concessões aos árabes. O movimento de libertação
nacional argelino era apoiado pelo Egipto nasserista, Cuba, Gana e outros Estados africanos

A Guerra da Argélia teve grande influência na descolonização da África Subsaariana, ou África


Negra, seja enquanto estímulo à mobilização africana pela independência, seja condicionando a
atitude das metrópoles européias e da recém-formada Comunidade Econômica Européia (CEE),
que decidiram adaptar-se aos novos tempos para conservar a sua influência económica no
continente.

Começava assim um conflito entre o colono e o colonizador, que culminaria oito anos mais tarde
com a independência do último reduto francês no Norte de África, e a consequente viória dos
nacionalistas argelinos através de um referendo de autodeterminação.

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O ano de 1956 assistirá um endurecimento e uma extensão da rebilião por um lado, e da
repressão por outro. O FLN , faz progressos muito sensíveis: não apenas no plano militar mas
também no plano político. Obtém a união de largas camadas da opinião muçulmana que se
tinham mantido até então uma posição de observador: os Oulémas. Os sindicalistas, os
estudantes e mesmos soldados que dessertam do exército francês.

A de 21 de Abril, Ferhat Abbas e Ahmed Francis juntam-se aos membros do FLN estabelicidos
no Cairo. É nesta época que se inicia o terrorismo urbano dito «selectivo» em resposta à
execução por parte dos franceses de dois muçulmanos condenados à morte no ano precedente.

A partir do Verão de 1956, Argel torna-se uma cidade enlouquecedora. É nesta cidade que as
bombas rebentam em lugares públicos, fazendo cada vez mais numerosas vitímas europeias e
muçulmanas. A cada dia surgem novos atentados. Em Outubro quatro chefes históricos da
rebilião foram raptados (Ben Bella, Ait Ahmed, M. Boudiaf, M. Khider).

A 1 de Janeiro M. Lacoste encarrega o General Massu e os seus prá-quedistas de restabelecer a


ordem em Argel , por quaisquer meios. É o começo da batalha de Argel, da qual cerca de 24 000
pessoas serão detidas para o interrogatório, e muitas vezes torturadas, sem que a população
europeia de Argel se preocupe com o aspecto moral do problema. Em Setembro os pará-
quedistas vencem a batalha do Argel.

O exército francês marca pontos contra o exército de libertação nacional, pois com a construção
da barragem electrificada na fronteira tunisina, que será concluída em 1958, vai dificultar
fortemente o reabastecimento em armas.

Em Abril de 1958, é feita a conferência Intermagrebe em Tânger, onde se exigiu a constituição


de um governo argellino e o apoio de Marrocos e Tunísia ao povo argelino em luta pela sua
independência.

O putsch dos generais de 21 a 26 de Abril de 1961, separa o exército em fracções inimigas,


beneficia do total apoio dos europeus e aumenta a audiência da OAS, reforçada mais tarde pela
distribuição de armas.

Acordos de Évian

A primeira conferência de Évian inicia a 18 de Maio, onde de Gaulle anuncia a transferência de


Ben Bella e dos seus companheiros de cativeiro da Ile d’Aix para uma residência mais
confortável perto de Saumur, uma trégua unilateral e a libertação de 6 000 detidos políticos
muçulmanos e o encerramento de certos campos de reagrupamento.

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Belkacem Krim, que dirige a delegação argelina, opõe-se firmemente ao cessar fogo unilateral
que serve de preâmbulo à discussão e a dissociação do Saara da Argélia independente. É por
causa dessas dissenções sobre a pertença do Saara que a conferência é interrompida a 13 de
Junho.

As conversações são retomadas em Lugrin a 20 de Julho. A Argélia aproveita-se, pois a França


tinha um letígio na Tunísia, e exige a unidade e integridade nacional do território argelino. Em
Agosto. De Gaulle admite que Saara fará parte integrante da Argélia, reservando-se a França o
direito «à livre exploração dos recursos energéticos descobertos ou a descobrir».

A segunda conferência de Évian inicia a 7 de Março de 1962 e leva a assinatura dos acordos de
Évian, a 18 de Março, que reconhecem sem restrição a soberania argelina e obtêm em
contrapartidas importantes concessões económicas e militares bem como garantias políticas
sérias para a minoria europeia. O Executivo provisório deve assegurar a preparação do referendo
da autodeterminação.

Pelo referendo de 8 de Abril, 90,7% dos surfrágios expressoas na França aprovam os acordos de
Évian. A OAS num último sobressalto, intensifica a sua acção destruidora pelos incêios de
escolas e da Universidade de Argel, sabotagens de instalações petrolíferas. A 17 de Junho por
fim, ela põe termo ao terrorismo negociando directamente com o Executivo provisório.

No interior da comunidade muçulmana a conclusão dos acordos do Évian trouxe a luz do dia
profundas dissenções entre os chefes do Exército de Libertação Nacional, os GPRA instalados
além das fronteiras argelinas e os quatro chefes históricos aprisionados em França desde 1956 e
libertados em Março de 1962.

A 1 de Julhho de 1962, 99,7% dos argelinos responde sim aos referendo da autodeterminação.

A 5 de Julho de 1962, exactamente cento e trinta e dois anos após o desembarque de Sidi
Ferruch, a Argélia celebra a sua independência, a única em toda a África que foi arrancada após
oito anos de uma guerra cruel onde a implacável decisão de punhado de homens arrastou
sucessivamente fracções cada vez mais largas do povo argelino até à quase unanimidade dos
muçulmanos.

A independência do Gana

O Gana é um país da África Ocidental. Era uma colónia inglesa.

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Os ingleses estabeleceram a Costa de Ouro como colónia em 1874. A Costa do Ouro, mais
conhecida por Gana, alcançu a independência da Grã-Bretanha em 1957, e assim sendo passou a
ser a primeira nação africana a fazê-lo do colonialismo europeu.

Em 1948, houve tumultos nas maiorias das cidades do sul do Ashanti, tendo como principais
alvos os armazéns das maiores companhias comerciais dos europeus. Em respota, foi enviada
uma comissão de inquérito que chegou à conclusão de que o problema fundamental era o facto
de a Constituição de 1946 para a Costa do Ouro ser à partida ultrapassada e, portanto,
inadequada às necessidades do que se pensava ser uma nova nação em evolução.

Recomendava que os africanos deveriam ajudar a esboçar uma nova constituição como o
primeiro passo para uma rápida ascensão à autonomia num processo gradual de transferência do
poder executivo da administração colonial para os ministros africanos que responderiam perante
a assembleia geral.

O governo inglês aceitou de imediato a proposta da comissão de inquérito por considerar que
seria difícil enfrentar aos nacionalistas africanos, numa altura em que combatia uma revolta
comunista na Malásia.

Por outro lado, a Inglaterra tinha uma posição económica suficientemente forte para poder lucrar
com a cooperação de um governo nacionalista moderado, em vez de arriscar-se a ser arruinado
por ele.

As expectativas da Inglaterra foram materializadas com a constituição da Unitária da Costa de


Ouro, em 1947, pelo conceituado advogado Joseph Danquah.

No seguimento das recomendações feitas pela comissão do inquérito, Danquah e os seus


seguidores anuíram ao convite do governo britânico para preparar uma nova constituição, e
assim Kwme Nkrumah foi convidado para secretário-geral do movimento, decidiu separar-se
dele.

Para materializar a sua ideia de nacionalismo, que passava pela tomada de poder, Nkrumah
formou o seu partido, o Convention People’s Party, cujo objectivo era a independência imediata
e acção positiva que se resumia em greves, boicotes e outras formas de pressão para conseguir a
independência.

A posição de Nkrumah, levou-o à confrontação com as autoridades inglesas. Em 1949, Nkrumah


e seus colaboradores directos recebram uma ordem de prisão, mas o acto teve um efeito
catalisador para a popularidade de Nkrumah.

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Em 1949, se formou um núcleo revolucionário em torno de duas dezenas de jovens intelectuais;
com suas acções e com as suas ideias, estes homens cristalizaram a vontade de independência da
maioria dos ganenses. Paralelamente, eles criaram de acordo com o modelo bolchevista uma
organização do base, quando necessário, estaria pronta para acolher, canalizar e dirigir a massa
concordante que procurava chefes.

Assim, o Reino Unido organizou a primeira eleição geral, que seria realizada sob sufrágio
universal, onde o CPP obteve mais de metade dos lugares na nova Assembleia Legislativa. Tal
como em 1948, o ministro das colónias e o governo inglês no território decidiram evitar
conflitos, convidando Nkrumah e o seu partido a ocupar maior parte dos cargos ministeriais no
Conselho Executivo.

Erros objectivos da sua direcção e uma certa luta fracionária entre os três grupos concorrentes
enfraqueceram o CPP. Nkrumah terminou por instalar um regime bastante personalizado.

É necessário salentar que o pan-africanismo tornou-se o pilar pela unidade política do continente
africano. Para tomar esta visão realistíca, Kwame Nkrumah mobilizou as massas ganesas através
dos seus dicursos. Nkrumah defendia um governo de união para toda África.

Os trabalhadores africanos desempenharam um papel importante nas lutas de libertação


nacional.No Gana, a sucessão de greve conseguia perturbar avida económica e administração.
Graças a essas greves, os trabalhadores adquiriram uma consciência de massa que se tornava de
um certo modo uma consciência de classe. Porém esta consciêcia de classe estava ligada a uma
luta anticolonial do que uma luta de classes.

Kwame Nkrumah e o governador Charles Arden-Clarke tiveram uma relação de cooperação num
processo que culminou com a proclamação da independêcia do país em 1957, pasando o país a
constituir mais um membro da Commonwealth e das Nações Unidas.

A independência do Sudão.

Sudão Anglo-egípcio

Após o incidente de Fashoda – o ápice de uma série de combates entre franceses e britânicos em
torno das colónias africanas , os governos britânico e egípcio firmaram um acordo para
compartilhar a soberania do Sudão, criando um condomínio anglo-egípcio para todo o país, em
1899, sob governo britânico. Na zona meridional, o controle britânico era menor.

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O descontentamento com a união do Egipto se fez mais patente após a Segunda Guerra Mundial.
Em 1946, os dois países iniciaram negociações para revisar os termos do tratado. O governo
egípcio pediu aos britânicos que abandonassem o Sudão, enquanto que estes propuseram
modificações no regime de governo. Foi promulgada uma constituição em 1948, mas, em 1951,
o rei Farouk proclamou-se rei do Sudão.

A 19 de Junho de 1948 é dado um passo político importante com a publicação do « The


executive Council and Legislative Assembly Ordinance», que anuncia eleições para 15 de
Novembro de 1948.

A 8 de Outubro de 1950, o governo egípcio revoga uniliteralmente o tratado sobre o Sudão de


1899, e o tratado de 1936.

Farouk torna-se "Rei do Egipto e do Sudão". Esta decisão é imediatamente recusada pela Grã-
Bretanha, mas também pelo conjunto de partidos políticos sudaneses com a excepção do partido
Ashigga. As negociaçõs egipcio-sudanesas são interrompidas em Junho de 1952, um mês antes
do golpe do estado. O general Negub retoma-as a partir de Setembro.

Em Novembro de 1953 o optimismo egípcio é reforçado pelos resultados das eleições para o
Parlamento sudanês que dão 51 lugares ao novo partido Nacional Unionista partidário da União
com o Egipto, contra 22 lugares somente ao partido Umma, patrocinado por Ansar que defendeu
sempre a posição « O Sudão para os sudaneses».

A 1 de Março realiza-se a cerimónia oficial para a entrada em actividade do novo Parlamento


sudanês. Várias personalidades estiveram lá presentes, incluindo o General Neguib.

A 1 de Maio de 1954, dá-se a viragem decisiva nos espíritos ingleses, egípcios e sudaneses. Os
sudaneses pró-ingleses e os sudaneses pró-egípcios, que eram numerosos até então, vão ligar-se
definitivamente à posição mahdista. « O Sudão para os sudaneses ».

A 3 de Dezembro de 1954, Seyyid Abd el-Rahman el-Mahdi e Seyyid Ali el-Mirghani, líderes
respectivamente dos Ansar (pró-ingleses) e dos Khatmiyya ( pró-egípcios ), anunciam que estão
decididos a trabalhar em conjunto para o bem-estar, a felicidade, a liberdade e a completa
soberania do Sudão.

Apesar da pressão egípcia exercida através da rádio e da imprensa, o Partido Nacional Unionista
anuncia a 16 de Março de 1955 que é no momento a favor da independência total. A 19 de
Dezembro de 1955, o Parlamento sudanês declara que o Sudão se tornou um estado soberano
plenamente independente, colocando assim a opinião internacional perante o facto consumaddo.

A independência oficial do Sudão será celebrada a 1 de Janeiro de 1956.

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Conclusão

O continente Africano foi a última região do mundo a alcançar a libertação do dominío colonial
europeu no século XX. Durante os finais das décadas de 50 e início da década 60 –alguns anos
após as potências europeias se terem retirado de maior parte dos seus postos imperiais na Ásia,
no Médio Oriente e na África

Os britânicos e os franceses haviam sido compelidos a reconhecer que a sua presença contínua
em África era insustentável, quando ambas superpotências se opunham ao colonialismo como
um anacronismo na era pós-guerra.

Manifestações e levantes anticoloniais também ocorreram na Tunísia, Argélia e Marrocos,


colónias francesas. O Sudão e a Tunísia tornaram-se independentes em 1956, mas na Argélia
onde havia expressiva implantação francesa, os colónos e a metrópole resistiram à
descolonização.

A maioria dos países francófonos manteve vínculos com a ex-metrópole através da Comunidade
Francesa das Nações, e os anglófonos com a Commonwealth britânica. Quase todos os demais
assinaram acordos bilaterais com a antiga potência colonial, ou os EUA abarcando várias áreas
de cooperaçã.

O pan-africanismo e a negritude serviram de catalisadores às vanguardas e elites africanas na luta


de independência.

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Bibliografia

CORNEVIN, Marianne : História da África Contemporânea – da segunda guerra mundial aos


nossos dias; 1 Volume, Edições sociais

DUROSELLE, Jean – Baptiste. Histoire Diplomatique de 1919 a nos jours- 10ª edição. Ouvrage
Courone par l’academie des sciences morales et politiques.

DROZ, Bernard; ROWLEY, Anthony: História do Século XX; Lisboa, Dom Quixote 1991

NKRUMAH, Kwame: Africa must unite; United States of America, New York, 1963

VIZENTINI, Paulo Fagundes (2007) As relações Internacionais de África e da África. Edit.


Petropoles. ED. Vozes 2007

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