Você está na página 1de 10

Introdução

A justiça é um elemento central no estudo do direito. E neste presente trabalho com o tema: Que
é Justiça e a sua relação com o direito, falaremos sobre o seu conceito na visão de alguns
filósofos e estudiosos como: Aristóteles, Platão, Tomas Hobbes e Manuel Atienza. E também
sua divisão ou vertente, na qual encontraremos a justiça distributiva e justiça comutativa e por
ultimo a sua relação com o direito.

1
Objectivos gerais

• Abordar sobre a justiça e sua relação com o direito

Objectivos específicos

• Conhecer o conceito de justiça em diferentes visões;

• A sua divisão e característica de cada uma;

• Relação entre a justiça e o direito

2
Justica: conceitualização

A justiça não possui apenas um conceito, ela é complexa pois trata-se de um conceito presente
no estudo do direito, filosofia, ética, moral e religião. Em um sentido mais amplo, pode ser
considerado como um termo abstrato que designa o respeito pelo direito de terceiros, a aplicação
ou reposição do seu direito por ser maior em virtude moral ou material. Ela pode ser reconhecida
por medição através dos tribunais, pelo poder judiciário.

A percepção e aplicação da justiça variam de acordo com o contexto social e a sua prespectiva
interpretativa, sendo comumente alvo de controvérsias entre pensadores e estudiosos.

• Na antiguidade clássica, temos grandes contribuições no estudo da justiça, como é o caso de


Platão e Aristóteles. E na idade media temos no seu primeiro período contribuições de Santo
Agostinho e no segundo período o São Tomas de Aquino.

− Platão foi quem concebeu nos filósofos a sapiência do conhecimento da justiça para fins de
promoção de bem−estar da polis;

Para ele a justiça seria a virtude que atribui a cada um a sua parte, mas esse senso de justiça seria
exercido tanto no interior do Homem como no seio da cidade ou estado onde os Homens se
relacionam;

−E para Aristóteles a justiça é a virtude mais importante, pois é a única que se relaciona com o
próximo e como bem do próximo; é disposição de caracter que torna as pessoas propensa a fazer
o que é justo, desejar o que é justo e a agir justamente.

• Na época contemporânea/ moderna temos contribuições de John Locke, Rousseau e Thomas


Hobbes.

−Thomas Hobbes que deu importante contribuição ao universo jurídico, já que em suas
doutrinas as leis são responsáveis pelo convívio harmónico e pacifico entre os homens, na qual o

3
conceito de justiça é exposto de forma a garantir a legitimidade do arcabouço jurídico
estabelecido com o contrato social.

• A justiça segundo a doutrina da igreja católica é “vontade de Deus no coração dos Homens”,
fala−se também de “dar a cada um o que é seu”(CCIC, n.381);

• Manuel Atienza no seu livro “Sentido de Justiça” diz que a justiça vem a ser um valor jurídico
por antonomásia, ou seja, por aplicação da moral no campo do direito.

Para ele ideia de justiça esteve quase sempre ligada a de igualdade, mas isso não deve levar a
pensar que a igualdade entendeu-se sempre da mesma maneira.

Manuel Atienza no seu livro cita Aristóteles como exemplo, pois ele foi um defensor da
escravatura. E para ele havia homens que eram escravos por natureza, mas ele identificava a
justiça com a igualdade. A ele se deve uma distinção da justiça como fim de direito que teve
grande favor histórico. Distinção essa entre a justiça distributiva e a justiça comutativa, e que
baseia-se em duas formas diferentes de conceber a igualdade como proporção geométrica ou
proporção aritmética.

Justiça Distributiva

É a justiça que consiste na distribuição das honras e das demais coisas que o estado pode dividir
entre os cidadãos, tendo em conta o mérito, o valor, a hierarquia, etc. de maneira que o
tratamento entre uns e outros desses cidadãos pode ser igual ou desigual. (M. Atienza,2014:198)

A justiça distributiva visa assegurar que os bens económicos sociais e culturais não sejam
destruídos pelos cidadãos e classe de modo assimétrico ou desproporcional, de modo a não
violentar a natureza idêntica do ser humano. Essa é a justiça propiá das relações de subordinação
e pertence ao direito público.

Nessa justiça é importante o reconhecimento do principio de igualdade, o reconhecimento de que

4
há que tratar igualmente o que é igual na sua essência e desigualmente o que é substancialmente
dissemelhante. ( M. Rebelo de Sousa, 2000 : 346).

A igualdade pode considerar−se de uma forma geral, como sendo um tipo de relação que se
verifica entre dois ou mais seres, a propósito de uma ou de varias circunstancias.

Existe também mais três tipos de princípios: o principio da proporcionalidade, o principio da


imparcialidade e o principio da garantia dos direitos dos cidadãos.

O principio da proporcionalidade trata das soluções fornecidas pelo direito e situações a que se
destinam. Este principio possui três ideias:

1− A proibição de excesso ou necessidade: na qual a justiça passa por direito não poder impor
sacrifícios para alem do necessário;

2− Adequação das situações ás situações reais, impondo ao decisor a aptidão do meio a usar,
tendo em vista com ele alcançar o resultado pretendido ;

3− Ideia de equilíbrio entre as prestações envolvidas, impondo que os interesses de uma parte
não se realizam a custa do interesse da outra.

O principio da imparcialidade

Impede que os titulares de órgãos do poder politico/ estado beneficiem a eles propios, parentes,
sócios, colegas, correligionários políticos e outros ao definirem as regras de direito, fixando−se
impedimentos dos titulares dos órgãos de administração, de cargos políticos, juízes, entre
outros.(M. Rebelo de Sousa, 2000:347)

O principio da garantia dos direitos dos cidadãos

O bem mais importante, consequência da consagração do fim da justiça é o reconhecimento

5
efectiva tutela dos direitos dos cidadãos, incluindo direitos pessoais, políticos, económicos,
sociais e culturais (M. Rebelo de Sousa, 2000: 347−348).

Justiça Comutativa

É a justiça através da qual se da cada um em igual medida. Aristóteles chama−lhe de justiça


sinalagmática e a tradição escolatica medieval (v. Fásso, 1978).

Ela visa corrigir as desigualdades que possam existir nas relações entre pessoas aprovadas e
assegurar a equivalência de prestações e indeminização. Tem por bases uma ideia de paridade de
posições entre as pessoas nas relações de coordenação.

A justiça comutativa pode dividir−se em duas partes: a voluntaria e a involuntária, conforme se


aplique a relação que derivam de contratos (igualdade e equivalência, por exemplo, entre o que
se o que se recebe), ou relações que sejam o resultado de actos ilícitos (equivalência ou
proporção entre o delito e a pena). (M. Atieza, 2014;198 )

Relação entre a justiça e o direito

Antes de vermos a relação entre a justiça e o direito, vale lembrar o conceito de Direito.

A palavra direito intuitivamente nos outorga a noção do que é certo, correto, justo equânime.
Direito no dizer brocardo romano tradicional é a arte do bom e do equitativo diante do exposto.

O direito e a justiça são conceitos que se entrelaçam, tal ponto de serem considerados uma só
coisa pela consciência social. fala-se no direito com o sentido de justiça e vice-versa. Sabe-se
que nem sempre elas andam juntas. Nem tudo que é direito é justo e nem tudo que é justo é
direito.
6
Isso acontece porque a ideia de justiça engloba valores inerentes ao ser humano, transcendentais,
tais como a liberdade, igualdade, fraternidade, dignidade, equidade, honestidade, moralidade,
segurança, etc.

O direito por seu turno, é uma invenção humana, um fenómeno histórico e cultural concebido
como a técnica para a pacificação social e a realização da justiça.

Em suma, a justiça é um sistema aberto de valores, em constante mutação, e o direito é um


conjunto de princípios e regras destinado a realizá-la. (S.Cavalieri Filho,2002)

Aristóteles em seu livro “Ética a Nicomaco” (1984) procurou formular uma definição universal
de justiça, a que ele chama de Dikaiosune. Essa justiça universal por sua vez separa−se em duas
definições especifica: justiça geral e justiça particular.

A justiça geral é a justiça pensada no modo amplo presente na ordem natural das coisas, inclui
todas virtudes, sendo equiparada a uma virtude moral universal. Aristóteles observou que a sua
concepção larga de justiça atua especialmente no campo abstrato das virtudes morais, ele
também observou que esse sentido não tinha relação direta com o direito, já que este ultimo
estaria vinculado a aplicação pratica da justiça, a tal justiça particular. Isso porque não cabia aos
juízes, por exemplo, conduzir os cidadãos a perfeição moral, mas sim resolver os problemas e os
conflitos referentes aos bens e as cargas presente na vida social.

Como resultado dessa abrangente justiça geral, Aristóteles da o conceito de justiça particular
referindo−se ao dikaios( o homem justo), mas, agora ao to dikaion( a coisa justa). A justiça
particular consiste em numa parte daquela justiça geral vinculadas as ações individuais presentes
nas relações socias. Sendo assim pode−se dizer que a justiça geral estaria presente individuo caso
ele tivesse a moral de justiça dentro de si enquanto algo subjetivo ao contrário, a justiça
particular se manifesta a partir das ações reais do individuo, ou seja, enquanto na aplicação da
justiça em caso objetivos.

É nessa parte que aparece a construção do direito, vista a constatação de que analisar a justiça
7
particular, enquanto a aplicação objectiva do justo, corresponderia a definir a arte do direito.

A relação existente entre a justiça e o direito, é que o direito tem por objectivo fazer a justiça. No
entendimento da sociedade, a busca da justiça é a finalidade do direito. Em outras palavras
pode−se dizer que o direito é uma forma ou é o instrumento que da acesso a justiça.

8
Conclusão

Chegado ao fim do trabalho é possível constatar que, não existe um conceito unitário de justiça.
Mas vários estudiosos, filósofos e autores elaboraram e deram as suas contribuições pura e real
no estudo da justiça, com maior destaque para Aristóteles.

E devido as diferentes formas de conceber a igualdade, a justiça divide−se em duas vertentes: a


distributiva e a comutativa.

A justica e o direito são conceitos que se entrelaçam, pois o direito tem por finalidade fazer
justiça.

9
Referencias Bibliograficas

› SOUSA, Marcelo Rebelo de/ GALVAO, Sofia, introdução ao estudo de direito− 1ª ed, lex,
Lisboa, 2000

› ATIENZA, Manuel, O sentido do direito, Escolar editora, Lisboa, 2014

› FILHO, Sergio Cavalieri, Direito, Justica e Sociedade, revista da EMERJ, v.5, n.18, 2002

› http://jus.com.br/artigos/23037

10

Você também pode gostar