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Ano II B o l et i m I n f or m at i v o d o F ó r u m R e gi o n al d e E d uc a ç ã o d o C a m p o Abril–Maio

Edição 002 d o S u l e S u de s t e d o P a rá 2010

Rompendo as cercas da comunicação...


O EduCampo é um instrumento de debate e divulgação das ações
do Fórum Regional de Educação do Campo do Sul e Sudeste do Pará
(FREC). O primeiro número publicado foi uma Edição Especial em
homenagem a implantação da Escola Agrotécnica Federal de Marabá.
A partir deste segundo número o boletim será uma publicação virtu-
al, com periodicidade bimestral, sob responsabilidade da Coordena-
ção Executiva do FREC.
Pretendemos organizar o Boletim EduCampo contemplando de temas
diversos referenciados na agenda de ação do FREC e também na for-
ma de dossiê de debate sobre temas específicos. Este número 2 está
dedicado aos temas da Semana Camponesa 2010 e da Agenda de Ação do FREC 2010-
2011, discutidas em recente Plenária do Fórum. Em breve estaremos convidando diferen-
tes representantes das organizações e instituições membros do FREC para escrever no
Boletim Educampo. Este é mais um espaço de construção coletiva do Movimento por Uma
Educação do Campo no sul e sudeste do Pará. “Educação do Campo, um direito nosso, um
dever do Estado”.

Semana Camponesa 2010


Nos dias que antecederam a data do Massacre de Eldorado dos
Carajás, no período de 12 a 16 de abril, foi realizada a Semana
Camponesa do Campus Universitário de Marabá [UFPA], orga-
nizada por professores e militantes das organizações sociais
locais que atuam no Fórum Regional de Educação do Campo, o
evento objetivou contribuir para o debate e reflexão sobre a
atual conjuntura sócio-ambiental na região sul e sudeste do
Pará e objetivando fortalecer a memória e consciência das lutas
camponesas ocorridas na região. [Veja mais na pág 02]

Nesta edição:
Plenária Fórum Educação do Campo Semana Camponesa 2010 2

No último dia 22 de abril, o Fórum Regional de Educação Sobrevivência da luta e 3


do Campo do Sul e Sudeste do Pará (FREC) reuniu-se esperança de justiça
para fazer um balanço da Educação do Campo na região FREC, história e 4
e definir sua agenda de ações para o ano de 2010-2011. identidade...
O Fórum tornou-se um importante espaço de discussão e
construção de política publica em educação do campo,
GT de Educação Escolar Indí- 5
funcionando como uma rede que integra vários atores GT de Formação de Professo- 5
governamentais e não governamentais na região. [Veja res e Educação Básica
mais na pág 04]
GT de Agroecologia 6
Semana Camponesa 2010
Evandro Medeiros - Coordenador NECAMPO/UFPA

Realizada no período de 12 a 16 de abril, a Se- mecanismos de organização político, econômico


mana Camponesa do Campus Universitário de e cultural de suas comunidades. Muitos assen-
Marabá [UFPA], por meio da apresentação de tamentos tem se destacado por conta de suas
documentários e palestras, pretendeu debater a experiências de produção agroeológica; atuação
realidade que emerge dos processos sociais ocor- de cooperativas de assistência técnica; práticas
ridos nos últimos 30 anos na Amazônia Oriental, de beneficiamento e comercialização; elevação
em especial no sul e sudeste paraense, que tem da renda das famílias camponesas; qualificação
sido palco de uma intensa disputa por terra e a técnica e política dos trabalhadores rurais; orga-
apropriação dos recursos naturais, tendo como nização de escolas com currículos diferenciados;
sujeitos mais significativos desse processo de um criação de rádios comunitárias; etc.
lado trabalhadores rurais na condição de campo- Neste mesmo período ampliaram-se em escala
neses desterrados, e do outro lado, setores do muito maior as atividades produtivas e de explo-
capital - pecuaristas, madeireiros e empresas ração dos recursos naturais pelos setores do ca-
mineradoras. Nesse período pital na região: as madereiras, após
histórico se observou como o esgotamento das florestas ao log-
de maneira trágica, violenta no da PA 150, migraram e intensifi-
e altamente impactante os caram sua ação na chamada região
interesses dos setores do da Terra do Meio [São Félix do Xin-
capital foram prevalecendo gu, Pacajá, Anapu, etc]; com flo-
tendo como patrocinador o restas transformadas em pastos
próprio Estado e em detri- consolidaram-se latifúndios como
mento das demandas e direi- empresas pecuaristas [vide o Grupo
tos dos camponeses e outros Santa Barbara, ligado ao banqueiro
setores populares. Daniel Dantas]; multiplicaram-se o
Para além de grandes áreas numero de mineradoras estrangei-
de floresta devastadas para ras atuando na região, as áreas de
consumo da madeira, produ- exploração mineral e os tipos de
ção de carvão, formação de minério explorados [ferro, níquel,
pastos e exploração mineral, cobre, ouro, bauxita, etc]; duplicou
neste processo a apropriação -se o numero de siderúrgicas insta-
e concentração de terras pe- ladas para produção de ferro gusa e
los setores do capital fomen- em conseqüência disto surgiram
tou também a violência con- empreendimentos do agronegócio
tra os trabalhadores rurais e outros lutadores no ramo do cultivo de matéria prima para produ-
sociais envolvidos na luta por reforma agrária, na ção de carvão, ocupando-se extensas áreas de
defesa dos direitos humanos e críticos ao projeto terra com o monocultivo de eucalipto. Atualmen-
de desenvolvimento em curso na região. Entre as te a empresa mineradora Vale, com apoio do
centenas dos mortos em meio aos conflitos agrá- governo do estado, iniciou um processo de insta-
rios no sul e sudeste do Pará, estão as vitimas lação de um empreendimento para verticalização
dos massacres de camponeses [Massacre da Fa- do beneficiamento de ferro orçado em 20 bilhões
zenda Ubá – 1985, Massacre da Fazenda Prince- de reais.
sa - Massacre de Eldorado dos Carajás – 1996], Constitui-se assim sobre a batuta do capital da
dos assassinatos de lideranças camponesas e mineração um projeto de desenvolvimento que,
sindicalistas [Expedito Ribeiro, João Canuto, O- de certa forma, parece caminhar para a hege-
nalicio Barros, José Dutra da Costa, etc] e dos monização da sociedade regional. Tal projeto
assassinatos de defensores de direitos humanos demanda o controle do Estado para manutenção
e religiosos [João Batista, Paulo Fonteles, Irmã do status quo e para constituição de condições
Adelaide, Padre Josimo, Irmã Doroth, etc]. Nas logísticas favoráveis a sua consolidação, como a
duas ultimas décadas, em decorrência da luta geração de energia e, assim, a construção de
camponesa e, infelizmente, a custa de muito novas hidrelétricas na região. Novos-velhos im-
sangue derramado, foram criados na região di- pactos: áreas de florestas, reservas indígenas,
versos projetos de assentamento de reforma a- comunidades ribeirinhas e cidades que margei-
grária, onde vivem hoje aproximadamente 67 mil am rios serão alagadas; as populações das cida-
famílias assentadas, desenvolvendo estratégias des crescendo vertiginosamente; as áreas urba-
de re-existência camponesa voltadas a democra- nas se ampliando de forma desordenada; ampli-
tização da terra, a garantia do a acesso a direitos ação das contradições sociais e situações de ex-
sociais, a produção agrícola diversificada, ao uso clusão diversas; agravamento dos conflitos na
sustentável dos recursos naturais, a criação de cidade e no campo.

Página 2 Foto João Laet Boletim Educampo - FREC


Em meio a isto tudo, sobre o discurso da preser- fios e possibilidades postos as organizações soci-
vação do progresso se criminalizam - por meio ais representantes dos setores populares diante
da mídia e de instrumentos jurídicos - os sujeitos de tal contexto?
e organizações sociais que se coloquem críticos a Estas foram questões que debatidas durante a
implementação deste projeto de desenvolvimen- Semana Camponesa do Campus Universitário de
to e suas conseqüências. Marabá [UFPA]. O evento foi aberto à comunida-
Faz-se urgente neste contexto fomentar o debate de em geral, em especial educadores e educan-
sobre algumas questões como: Que elementos dos das escolas de Marabá, membros dos movi-
caracterizam a conjuntura atual de desenvolvi- mentos e organizações populares e comunidade
mento capitalista em curso na região e suas con- acadêmica. Em um momento posterior deseja-se
tradições, limites e possibilidades? Como minera- levar a mesma proposta de programação aos
ção e agronegócio confluem neste processo de bairros, escolas e comunidade dos municípios da
desenvolvimento e que impactos geram sobre a região, na tentativa de mobilizar e sensibilizar a
realidade das populações camponesas e os as- sociedade regional para tal realidade e suas con-
sentamentos da reforma agrária? Quais os desa- tradições.

“Sobrevivência da luta e esperança de justiça”


Carolina Motoki – Repórter Brasil

Toda vez que chego a Marabá é a mesma coisa que ouço em todos os lugares por onde passo: “Marabá está
muito perigosa”. Sua violência se expressa na criminalidade, nas relações (des)humanas, no trânsito malu-
co. Traz medo, feridas e mortes, muitas vezes atribuídos aos migrantes que aqui chegam. “Marabá vai ex-
plodir”. A série de vídeos e debates da Semana Camponesa, no
entanto, nos faz pensar que a violência de Marabá é reflexo de
tantas violências que a região e seu povo – inclusive aqueles que
chegam – vêm sofrendo.

É a violência dos projetos agropecuários, que tirou a vida da flores-


ta para substitui-la por um imenso cemitério de castanheiras, co-
berto de capim, bois e soja. Que cerca a terra e estabelece quem
são latifundiários e sem-terras, explora-
dores e escravizados. Que usa da pisto-
lagem para amedrontar e assassinar
aqueles que ameaçam o poder da sa-
grada propriedade. É a violência da mi-
neração, que cava buracos de destrui-
ção para saquear o rico subsolo. Que Debate sobre a participação da
abastece as siderúrgicas de carvão a- mulher na luta pela terra:
mazônico, e que refloresta com mono- Ailce Margarida [EMATER]
cultivo de eucalipto, seu deserto-verde- e Maria Joel [FETAGRI]
sustentável. Que se faz dona de todo
território e explora trabalhadores.

É a violência do Estado, que se torna aliado do capital e se con-


funde com ele. Que se faz presente pa- ra financiar as demais vio-
lências. Que coloca seu aparato para criminalizar os movimentos sociais, investigando, prendendo e conde-
nando lideranças, promovendo despejos e massacres, e deixando impunes os que assassinam em nome do
progresso. É a violência da desterritorialização, provocada pelos demais agentes de violência, que expropria
comunidades indígenas, quilombolas e camponesas, combatendo o que considera arcaico. Que transforma os
rios em barragens, inundando direitos e vida. Que torna dependentes assentados, que substituem roças por
eucalipto.
É a violência da grande mídia, que apóia e legitima as demais violências. Que descumpre seu papel de infor-
mar a população para se transformar em instrumento ideológico dos que, violentamente, se apoderam do
“desenvolvimento”. Que aponta como violentos e bárbaros aqueles que querem gritar contra todas as violên-
cias. E isto é importante lembrar: há gritos, que também se fizeram ouvir durante a Semana. Camponeses e
camponesas se apresentam como contraponto a essas violências. Enfrentam-nas ao marchar por reforma
agrária e por justiça; ao ocupar os latifúndios e os trilhos da Vale; ao produzir a diversidade de alimentos de
nossa mesa com sistemas agroecológicos; ao aproveitar os recursos da floresta como fonte de vida. São ho-
mens e mulheres que se fazem sujeitos da história, apresentando-se como núcleos de resistência para con-
quista plena da terra, não aquela que é sinônimo de lucros, mas aquela que é alimento, dignidade e liberda-
de.
Tomo emprestado o subtítulo do vídeo “Mães, Mulheres e Viúvas da Terra”, exibido no quarto dia da semana
camponesa, para dar nome a este texto. Em um momento em que as saídas parecem escassas e em que se
tenta calar todos os gritos, a luta sobrevive e não deixa morrer a esperança de justiça.

Ano II Fotos Necampo Página 3


FREC, história e identidade...
Idelma Santiago e Evandro Medeiros - Professores da UFPA/Marabá

No último dia 22 de abril, o Fórum Regional de Educação do Campo do Sul e


Sudeste do Pará (FREC) reuniu-se para fazer um balanço da Educação do
Campo na região e definir sua agenda de ações para o ano de 2010-2011. O
Fórum tornou-se um importante espaço de discussão e construção de política
publica em educação do campo, funcionando como uma rede que integra vá-
rias instituições e entidades interessadas e envolvidas nos debates e constru-
ções de políticas públicas que assegurem o atendimento dos direitos das po-
pulações camponesas à educação de qualidade, com garantia de recursos
que permitam o pleno funcionamento das escolas no campo e com currículos
contextualizados, comprometidos com a formação para transformação social e
busca da sustentabilidade econômica e ecológica das comunidades rurais.

Esse movimento tem história. No sudeste do Pará são desenvolvidas experiên-


cias de Educação Popular desde a década de 1970, especialmente através de
projetos de Alfabetização de Jovens e Adultos e de Educação Não-Formal, reali-
zados pelo Movimento de Educação de Base (MEB), Comissão Pastoral da Terra
(CPT), CEPASP, Centro Agroambiental do Tocantins (CAT/UFPA), dentre ou-
tros. Estas propunham e realizavam processos formativos com os sujeitos do
campo pautados por pressupostos e princípios atualmente reivindicados pela
Educação do Campo. Na região, a Educação do Campo, como uma pauta de luta
sociopolítica dos sujeitos do campo, ganhou força a partir da década de 1990. Marcam o inicio desse processo a implanta-
ção da Escola Família Agrícola (EFA de Marabá) e do Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos Assentados e For-
mação dos Alfabetizadores/as do Campo, realizado através de uma parceria entre UFPA/Campus de Marabá, MST e FET-
AGRI/Sudeste do Pará.

A EFA constituiu-se num importante espaço de experimentação da Pedagogia da Alternância ofertando formação vincula-
da a realidade, necessidades e saberes das famílias camponesas, considerando e respeitando tempos e espaços próprios
de produção da vida, levantando a preocupação sobre a formação vinculada aos processos de desenvolvimento local/
regional. Não por acaso, a proposta político-pedagógica da EFA constituiu-se numa das referências para a implantação da
Escola Agrotécnica Federal de Marabá, transformada em Campus Rural de Marabá do
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA). Sem esquecer que a
reivindicação pela criação de uma escola agrotécnica federal na região também nasceu
dos ciclos de debate sobre educação do campo realizados pelos movimentos membros do
FREC.
As ações de alfabetização iniciadas em 1998, financiadas pelo Programa Nacional de E-
ducação na Reforma Agrária (Pronera), estabeleceram uma perspectiva que tem orientado
o Movimento de Educação do Campo na região: confrontar as políticas públicas viabilizan-
do diálogos sociais e interinstitucionais que ampliassem as práticas e o marco legal da
educação do campo. Entre 1998 e 2010 a parceria entre UFPA, MST e FETAGRI resultou
em projetos de elevação de escolaridade e formação de professores do campo, desde
o ensino fundamental [5ª a 8ª séries], desdobrando-se em cursos de magistério nível
médio e cursos de graduação (Agronomia, Letras e Pedagogia do Campo). Recente-
mente foram criados cursos de Licenciatura Plena em Educação do Campo, com oferta
feita pela UFPA e IFPA, e de especialização, como os cursos Currículo, Cultura, Letra-
mento e Educação do Campo / UFPA e Educação do Campo, Agricultura Familiar e
Sustentabilidade na Amazônia / IFPA. Novos cursos em breve serão ofertados, sempre
em caráter gratuito e atendendo as demandas por formação continuada de educadores
e profissionais que atuam junto às populações camponesas Discutidos e projetados a
partir da articulação entre as instituições e coletivos membros do FREC, nestes cursos
a formação é realizada considerando as demandas e as especificidades da realidade
dos camponeses da região e considerando: (i) a necessidade da afirmação de uma
compreensão crítica sobre o campo e de sua inclusão em um projeto de desenvolvi-
Educandos EFA e mento regional e nacional; (ii) a busca de definição e consolidação de uma política edu-
III Conferência 2005 cacional do campo; e (iii) a possibilidade da (re)organização dos processos pedagógicos e
da escola na perspectiva do atendimento das demandas e culturas dos povos do campo.

Entre as ações do FREC destacam-se as conferências regionais de Educação do Campo, realizadas a cada dois anos,
e pautando questões centrais para esse movimento na região. Em 2007 a 3ª Conferência teve como tema “Currículo, Polí-
ticas Publicas e Educação do Campo”, em 2009, a 4ª Conferência discutiu “Educação do Campo: Juventude, Profissionali-
zação e Projetos de Vida” e, em 2011, a 5ª edição do evento pautará “Agroecologia, Educação do Campo e ATES”.

Não é por acaso. Esses temas representam a tríade que tem referenciado a luta por Educação do Campo na região: (i) um
movimento pedagógico- curricular (Medeiros, 2009); (ii) a centralidade dos sujeitos do campo como sujeitos sociopolíticos
e pedagógico-educativos; (iii) a opção por um projeto de desenvolvimento camponês sustentável (agroecológico). Assim, a
Educação do Campo não se restringe a um movimento de inovação dos métodos pedagógicos, nem possui a inocência de

Página 4 Fotos Necampo Boletim Educampo - FREC


conceber os sujeitos desvinculados de suas realidades histórico-sociais ou simplesmen-
te como objeto de políticas públicas, bem como, não se restringe a um movimento edu-
cacional strito sensu. Não é simplesmente reivindicação de escolarização!

Essa história também tem seus percalços. Um deles é que pouco se tem avançado na
região acerca das políticas da educação básica do campo a partir dos sistemas de ensi-
no sob responsabilidades do Estado e Municípios. Prevalece ainda a formação escolar
ofertada através de currículos descontextualizados e desenvolvida em condições precá-
rias, sem recursos materiais suficientes e com profissionais pouco valorizados profissio-
nalmente e sem formação adequada.Diante deste contexto, considerando que a luta
pela educação dos povos do campo nessa região, durante estas 4 décadas, produziu
um legado importante que poderia referenciar as políticas públicas de educação e, tendo
o FREC como um espaço privilegiado de construção de reflexões-ações coletivas, é que
tem sido convidados representantes das organizações e movimentos sociais e dos go-
vernos municipais e estadual para participar do FREC. O principal objetivo é a elabora-
ção de uma agenda de compromissos e ações que ajudem a transformar a escola do
campo no sentido do que está previsto nas Diretrizes Operacionais para a Educação Básica das Escolas do Campo
[Resolução CNE/CEB nº 1/2002], que pressupõe a responsabilidade dos sistemas de ensino em relação à oferta de escola-
rização aos sujeitos do campo sob a ótica do direito; o respeito às diferenças e da diversidade como estratégia de uma polí-
tica de igualdade; e o encaminhamento prático de medidas de “adequação” da escola a vida e demandas dos povos do

GT de Educação Escolar Indígena (EEI)


O GT de Educação Escolar Indígena (EEI), no âmbito do FREC, tem como finalidade inicial mobilizar pessoas e instituições
interessadas em debater e construir relações e ações nesta área. Neste sentido, a primeira iniciativa é mobilizar a constitui-
ção do grupo que poderá vir a ser um espaço de estudo, debate, articulação, proposição e acompanhamento de ações rela-
cionadas à Educação Escolar Indígena na região. Assim, poderá ser um instrumento de sensibilização que ajude a construir
diálogos entre sujeitos da Educação do Campo e da Educação Escolar Indígena.

A motivação desta ação compreende um debate que tem sido realizado no FREC nos últimos anos de que o campo, no
sudeste paraense, é constituído de uma diversidade de sujeitos e culturas. E de que os povos que organizam o território
para a produção de sua existência material e imaterial, isto é, para a produção da vida, podem construir relações solidárias
que fortaleçam suas lutas e perspectivas socioculturais nesta região. Entende que as territorialidades camponesas, indíge-
nas, ribeirinhas, agroextrativistas, dentre outras, podem construir conexões e redes de solidariedade no enfrentamento de
outros modelos de desenvolvimento [grandes projetos de mineração e do agronegócio], cujas perspectivas e interesses
visam, exatamente, a desterritorialização desses povos e grupos, através da expulsão de suas terras e de outras formas de
expropriação ou negação dos direitos para a produção de vida digna. A ação concreta, no âmbito do IFPA/CRMB, de cons-
trução de um projeto de curso específico dos povos indígenas, deverá constituir-se, inicialmente, a referência prático-
teórica, visando ampliar o debate e as articulações. O grupo realizará reuniões convidando outras pessoas e instituições,
tais como professores da UFPA, agentes do Conselho Indigenista Missionário, antropólogo do Ministério Público Federal,
Técnicos do Setor de Educação da Funai, da SEDUC/4ª URE e Fundação Casa da Cultura de Marabá. Nesta ocasião, além
de uma leitura da realidade dos povos indígenas na região e das ações que têm sido realizadas, será discutida a organiza-
ção e articulação do grupo.

Articuladores do GT: Dalcione/IFPA, Tatiana/IFPA e Idelma/UFPA

GT de Formação de Professores e Educação Básica


Fomentar e divulgar a produção cientifica sobre educação do campo: Organização de Observatório Regional de Edu-
cação Básica do Campo [Coordenação: Nilsa/UFPA, Maura/EFA, Mara/Itupiranga, Charlene/IFPA, Odete/IFPA e Renata/
Esp Educampo UFPA] e levantamento de dados sobre a realidade da educação do campo a partir diagnóstico participativo
[membros do FREC] e consulta a fontes secundárias [trabalhos científicos, relatórios das secretarias de educação, etc].
Levantamento, organização e socialização de pesquisas produzidas sobre formação de professores. Divulgação de um ban-
co de produções cientificas nos sites da educação do campo do Pará e divulgação dos resultados do diagnóstico sobre a
educação do campo na região [até março de 2011] e divulgação dos sites de educação do campo. Realização de eventos
micro-regionais [entre março e abril de 2011, no Sul do Pará – sede em Xinguara; Sudeste do Pará – sede Marabá; e PA
150/PA 263 – Sede Goianésia] para socialização e debate sobre dados da educação do campo e mobilização da V Confe-
rencia Regional da Educação do Campo [Junho de 2011 / Itupiranga].

Fomentar estudos e debates sobre temáticas relacionadas a educação básica do campo e formação permanente de
professores do campo: Organização de grupo de estudos e debates sobre a educação básica do campo e formação de
professores, articulado as reflexões construídas a partir dos demais GTs do FREC e aos Grupos de Pesquisa e Extensão
das universidades [UFPA e IFPA]. Mapeamento dos programas de formação de professores em desenvolvimento na região
[Observatório]. Realização de debate sobre os processos de formação continuada para educadores do campo desenvolvi-
dos por programas governamentais [em especial o programa Escola Ativa], convidando para esse debate de seus coorde-
nadores no estado e municípios e educadores do campo da região e colaborando com os municípios na organização de
programa de formação continuada permanente para professores em acordo com os princípios da educação do campo. Par-
ticipação no seminário de avaliação do Programa Saberes da Terra [IFPA].

Ano II Página 5
Fomentar o estudo e debate sobre a multisserie e sua articulação a educação do campo na região: Levantamento de
experiências de formação continuada, experiências docentes nas escolas do campo e de material pedagógico utilizado
[Observatório]. Organização de momento de debate sobre a multisserie com a presença dos coordenadores e educadores
dos programas nos municípios [Executiva do FREC].
Mobilizar o SINTEPP para participar das discussões da educação do campo do FREC e para acompanhamento da
realidade educacional nas escolas do campo: Levantar e denunciar situações de precariedade e descasos em que se
encontram as escolas do campo e denunciar situações de afrontamento aos direitos dos trabalhadores da educação das
escolas do campo [Observatório]. Convocar diretoria do SINTEPP regionais sudeste, sul e tocantina e estadual para discutir
a realidade da educação do campo na região [Executiva do FREC].
Colaborar para a efetivação dos preceitos das Diretrizes Operacionais para Educação Básica nas Escolas do Cam-
po: Organização de debate sobre propostas curriculares das escolas do campo e mobilização do debate sobre organização
das escolas, contradições dos processos de nucleação, transporte acesso, merenda escolar e necessidade de compatibili-
zação do calendário escolar com calendário agrícola [nos eventos micro-regionais e em eventos imediatos de acordo com a
urgência em alguns municípios, como Eldorado e Jacundá].
Articuladores do GT: Evandro e Nilsa/UFPA, Maura/EFA, Charlene e Odete/IFPA, Renata/Jacundá, Mara/Itupiranga

GT de Agroecologia
O GT Agroecologia, constituído no âmbito do FREC discutiu, tos: instituições ligadas à formação agroecológica; coope-
durante a plenária do FREC, realizada em 22/04/2010, sobre rativas e empresas de ATER que apóiam a agricultura
a definição de prioridades e sobre o planejamento de ações familiar e agricultores familiares com experiências inova-
para o ano, tendo em vista a preparação para a 5ª Conferên- doras na ênfase agroecológica. Para garantir a execução
cia Regional de Educação do Campo, que se realizará em dessas oficinas, propôs-se a realização de 04 reuniões
2011, em Itupiranga. técnicas de planejamento e de avaliação dessas oficinas.
Esse processo desencadearia a realização de um Seminá-
Além disso, o debate se situou no nível das possibilidades rio Regional sobre Agroecologia, Sustentabilidade e Agri-
concretas de se aprofundar conhecimentos acerca da agroe- cultura Familiar, possivelmente a se realizar entre os me-
cologia, tendo em vista não a aplicação de conceitos cons- ses de novembro e dezembro de 2010. Por fim, seria pro-
truídos em contextos diferentes do que se vivencia na regi- duzido o relatório final do projeto, além de um livro que
ão, mas sim a delimitação consensual de princípios que pos- mostraria as experiências regionais com ênfase agroecoló-
sam nortear a agroecologia no contexto amazônico. Dessa gica trabalhadas durante os eventos realizados. Assim, a
forma, identificar, valorizar e sistematizar conhecimentos nos agroecologia pode ser vista como um tema transversal,
quais os princípios agroecológicos podem ser visualizados que fomentaria uma abordagem multidisciplinar sobre a
são os grandes desafios que se colocam para a construção multiplicidade de temas, atores e experiências que podem
conjunta do debate em torno dessas temáticas na região do ser identificadas com os princípios agroecológicos, no
Sul e Sudeste paraense. Sendo assim, a coordenação do contexto da agricultura familiar regional. Posteriormente,
GT apresentou um projeto voltado para a condução de um os conhecimentos construídos com base nessas experiên-
processo participativo de formação de agentes de desenvol- cias podem inclusive servir para embasar propostas de
vimento sustentável, intitulado “A construção do conheci- políticas públicas no âmbito regional.
mento agroecológico no território do Sudeste Paraense: va-
lorizando e aprimorando práticas inovadoras dos diversos Algumas dificuldades se interpõem à consecução desses
atores sociais comprometidos com o desenvolvimento sus- objetivos, como o desafio da adaptação metodológica para
tentável da agricultura familiar”, proposto pelo IFPA – Cam- a identificação e sistematização de iniciativas e experiên-
pus Rural de Marabá, em parceria com o GT Agroecologia cias de cunho agroecológico. Além disso, um questiona-
do FREC e da Associação Brasileira de Agroecologia - ABA. mento que se coloca diz respeito à participação e a incor-
Inicialmente, o projeto foi formulado para atender à demanda poração de instituições da região Sul do Pará nesse pro-
do Colegiado de Desenvolvimento Territorial (CODETER) do cesso de reflexão e ação conjuntas. Certamente, a articu-
Sudeste Paraense, no âmbito do Programa Territórios da lação de apoios e parcerias nessa região é importante
Cidadania, com financiamento proveniente da Secretaria de para garantir a participação das instituições locais no pla-
Desenvolvimento Territorial (SDT), vinculada ao Ministério nejamento proposto. Todavia, esses aspectos não serão
do Desenvolvimento Agrário (MDA). negligenciados nas discussões posteriores acerca desse
projeto, que não representa uma proposta já pronta e aca-
Este projeto propõe a continuidade do processo de bada, mas se encontra em construção. Dessa forma, o GT
“construção do conhecimento agroecológico”, iniciado em definiu, de forma preliminar, a data de 04/05 para a conti-
2009 pela ABA e pela Articulação Nacional de Agroecologia nuidade dessa discussão, por meio da ampliação dos de-
(ANA), com participação ativa de entidades e instituições bates, visando garantir uma representatividade de institui-
afiliadas ao FREC, através de uma metodologia participativa ções de formação, assistência técnica e de movimentos
já testada e implementada pela ABA/ANA. Através de diver- sociais ligados à agricultura familiar no planejamento e na
sas metas, a essência do projeto é a busca de uma adapta- execução das ações prioritárias elencadas pelo GT para
ção para a metodologia utilizada, procurando-se respeitar 2010.
as especificidades do contexto amazônico e regional. Para
isso, propõe-se inicialmente a realização de 03 oficinas so- Articuladores do GT: Mauro/UFPA/LASAT, Haroldo/
bre experiências regionais envolvendo três públicos distin- UFPA, Marco/IFPA, Clauco/EMATER.

Coordenação Executiva FREC: Idelma Santiago - UFPA (idelmasantiago@gmail.com), Ronailde Lima - FETAGRI (rona_lima@hotmail.com), Shauma Tamara – COPSERVIÇOS
(shauma_2009@hotmail.com), Rosemeri Scalabrin IFPA/CRMB (rosemeri.scalabrin@gmail.com), Rosemary Bezerra - CPT Sul do Pará (rosemayreb@yahoo.com.br), EMATER.
Boletim nº 002: Coordenação: Idelma Santiago, Colaboradora: Carolina Motoki, Diagramação: Evandro Medeiros , Imagens: Sulamita dos Reis, Danilo Santos e Evandro Medeiros.
Endereço: Folha 31, Quadra 7, Lote Especial – UFPA/Campus I – Sala do Pronera – Marabá/PA, Fone: (94) 2101-7147 –Email: frec.supa@gmail.com – Blog: www.frecsupa.net.br

Página 6 Boletim Educampo - FREC

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