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ALESSANDER C.

MORALES KORMANN

ENSAIOS DE COMPACTAÇÃO E
CARACTERIZAÇÃO

Universidade Federal do Paraná


APRESENTAÇÃO

O presente roteiro tem o objetivo de auxiliar os alunos da disciplina Mecânica dos


Solos com Fundamentos de Geologia no estudo dos ensaios realizados no primeiro
semestre. De forma resumida e com um cunho didático, apresenta-se o procedimento de
cálculo de alguns dos ensaios de laboratório básicos na Mecânica dos Solos.
Assim, são abordados os ensaios que permitem descrever características
fundamentais do solo, tais como umidade, limites de consistência, peso específico dos
grãos e granulometria. Esse conjunto de análises é correntemente designado por ensaios de
caracterização. Adicionalmente, é apresentado também o ensaio de compactação, que se
destina principalmente ao estudo do solo como material de aterro.
O texto dá ênfase ao cálculo dos ensaios. No intuito de facilitar a compreensão, a
sua aplicação é ilustrada com os dados de um solo qualquer. Com respeito à execução
propriamente dita dos ensaios, que não é aqui explorada, recomenda-se a leitura das
normas da ABNT e das referências bibliográficas.
É intenção do autor aprimorar este material. Assim, eventuais críticas ou
sugestões serão recebidas com grande interesse.
Deve-se registrar um agradecimento aos estudantes Júlio Cesar Tancon, Joyce
Mary Soares e Katia Matsumoto, e ao técnico Mouzart Ernesto Simioni, pela importante
colaboração na elaboração deste roteiro.

Curitiba, março de 1997.

Prof. Alessander C. Morales Kormann


ÍNDICE
Item Página

Umidade Natural ........................................................................................ 3

Umidade Higroscópica ........................................................................................ 5

Limite de Plasticidade ........................................................................................ 7

Limite de Liquidez ............................................................................................. 10

Peso Específico Real do Grãos ............................................................................ 12

Análise Granulométrica ...................................................................................... 15

Peneiramento Grosso ........................................................................................ 15

Sedimentação .................................................................................................... 17

Peneiramento Fino ............................................................................................. 19

Curva Granulométrica ....................................................................................... 20

Compactação .................................................................................................. 23

Referências Bibliográficas .................................................................................... 27

Anexo - Diagrama para


Distribuição Granulométrica ................................................................................ 28

2
UMIDADE NATURAL

Definição

A umidade que um solo possui, na forma em que ele se encontra na natureza, é


denominada umidade natural.
Tomando-se uma porção qualquer de solo, pode-se definir o seu teor de umidade
como sendo a razão entre o peso da água Pa nela existente e o peso do solo seco Ps (ou
seja, considerando-se apenas os grãos). Expressando-se essa relação em porcentagem,
tem-se:
Pa
h = × 100
Ps

Execução do ensaio

O procedimento de determinação do teor de umidade de solos é dado pela


norma NBR 6457/1986 - ABNT.

Dados

Os seguintes valores devem ser anotados para cada determinação de umidade:


• Número da cápsula;
• Peso da cápsula;
• Peso da cápsula mais solo úmido;
• Peso da cápsula mais solo seco.

Cálculo

Para cada cápsula, calcula-se a umidade do solo através da fórmula:


Pa Pcápsula mais solo úmido − Pcápsula mais solo seco
h = × 100 = × 100
Ps Pcápsula mais solo seco − Pcápsula
3
Os valores abaixo ilustram o cálculo da umidade:

número peso da peso da


peso da h
da cápsula + solo cápsula + solo
cápsula (gf) (%)
cápsula úmido (gf) seco (gf)
03 7,95 29,85 25,15 27,33
07 8,65 28,60 24,35 27,07
12 8,76 30,21 25,66 26,92
40 8,05 29,06 24,79 25,51
24 8,43 29,62 24,86 28,97

A umidade natural do solo é calculada a partir da média dos valores:

h =
∑ hi =
27,33 + 27,07 + 26,92 + 25,51 + 2897
,
= 27,2 %
i 5

hnatural = 27,2 %

Observações

• Neste exemplo, foram utilizadas cinco cápsulas para a determinação da umidade.


Entretanto, esse número não é fixo. A norma prevê que sejam efetuadas pelo menos três
determinações por amostra de solo.
• Ainda segundo a norma, o resultado final deve ser expresso com uma casa decimal.
• Embora a NBR 6457 não faça menção a respeito, recomenda-se desprezar os resultados
de cápsulas que eventualmente acusem umidades discrepantes em relação às demais.

4
UMIDADE HIGROSCÓPICA

Definição

Quando uma certa quantidade de solo é coletada e deixada secar ao ar,


obviamente o seu teor de umidade tenderá a se reduzir. Entretanto, essa redução
normalmente se dá até um certo limite. Ou seja, mesmo que se deixe a amostra secar por
um longo período, sempre permanecerá uma umidade residual. Essa umidade, que o solo
exibe quando seco ao ar, é denominada umidade higroscópica.
O teor de umidade higroscópica tende a ser maior à medida que o solo for mais
argiloso. Nos solos de granulação grossa (areias e pedregulhos) ela é praticamente
desprezível.
O procedimento de determinação e cálculo da umidade higroscópica é similar ao
da umidade natural.

Execução do ensaio

Os passos para a obtenção da umidade higroscópica são encontrados na norma


NBR 6457/1986 - ABNT.

Dados

Os seguintes valores devem ser anotados para cada determinação de umidade:


• Número da cápsula;
• Peso da cápsula;
• Peso da cápsula mais solo úmido;
• Peso da cápsula mais solo seco.

5
Cálculo

Para cada cápsula, calcula-se a umidade do solo pela fórmula:

Pcápsula mais solo úmido − Pcápsula mais solo seco


h = × 100
Pcápsula mais solo seco − Pcápsula

número peso da peso da


peso da h
da cápsula + solo cápsula + solo
cápsula (gf) (%)
cápsula úmido (gf) seco (gf)
23 7,65 25,95 25,02 5,35
27 8,75 28,70 27,85 4,45
42 8,26 31,31 30,22 4,96
60 8,85 27,16 26,26 5,17
44 8,12 26,72 25,71 5,74

hhig =
∑ hi =
5,35 + 445
, + 496
, + 5,17 + 5,74
= 5,1%
i 5

hhig = 5,1%

Observações

• Os mesmos comentários efetuados no caso da umidade natural aplicam-se na


determinação da umidade higroscópica.

6
LIMITE DE PLASTICIDADE

Definição

O limite de plasticidade (LP) representa o teor de umidade a partir do qual um


solo passa a exibir plasticidade. Na definição clássica de Atterberg, o LP é a fronteira entre
o “estado semi-sólido” e o “estado plástico”. Ou seja, para umidades superiores ao limite
de plasticidade, o solo deixaria de apresentar a consistência de um material “sólido”,
tornando-se moldável.
No laboratório, o limite de plasticidade é definido como sendo o teor de umidade
com o qual um cilindro de solo começa a se fragmentar, quando se procura moldá-lo com 3
mm de diâmetro.

Execução do ensaio

A norma NBR 7180/1984 - ABNT prescreve o procedimento de obtenção do


limite de plasticidade.

Dados

Para cada cilindro moldado, os seguintes valores devem ser anotados:


• Número da cápsula;
• Peso da cápsula;
• Peso da cápsula mais solo úmido;
• Peso da cápsula mais solo seco.

Cálculo

Calcula-se o teor de umidade dos cilindros contidos em cada cápsula através da


fórmula:
Pcápsula mais solo úmido − Pcápsula mais solo seco
h = × 100
Pcápsula mais solo seco − Pcápsula
7
Exemplificando:

número da peso da cápsula peso da cápsula peso da cápsula


cápsula (gf) + solo úmido (gf) + solo seco (gf) h (%)
05 6,96 10,33 9,67 24,35
08 6,64 10,59 9,74 27,42
17 6,87 10,15 9,39 30,16
45 6,90 11,01 10,12 27,64
22 6,81 9,92 9,28 25,91

O limite de plasticidade é obtido a partir da média dos teores de umidade.


Entretanto, os valores de umidade utilizados não devem diferir mais de 5 % da respectiva
média. Ou seja, deve-se verificar se cada valor de umidade atende a esse critério. Os
valores que não se situarem na faixa de ± 5 % em relação à média são desprezados.
Assim sendo, o cálculo é efetuado como segue:

LP =
∑ hi =
, + 27,42 + 30,16 + 2764
2435 , + 25,91
= 2710
, %
i 5

Verificação:

LP + 5 % × LP = 2710
, × 1,05 = 28,5 %


LP − 5 % × LP = 2710
, × 0,95 = 25,7 %

Ou seja, as umidades devem se situar entre 25,7 e 28,5 %. Neste exemplo, as


umidades das cápsulas 05 e 17 não se enquadram nessa faixa. Logo, as mesmas devem
ser desprezadas. Calcula-se então uma nova média:

LP =
∑ hi =
27,42 + 2764
, + 25,91
= 26,99 %
i 3

8
Verificação:

LP + 5 % × LP = 26,99 × 1,05 = 28,34 %




LP − 5 % × LP = 26,99 × 0,95 = 25,64 %

Como os três valores utilizados estão contidos no intervalo acima, o limite de


plasticidade do solo (arredonda-se para o inteiro mais próximo) é:

LP = 27 %

Observações

• A norma prescreve que pelo menos três valores de umidade sejam utilizados no cálculo
do valor final do LP.
• Para efeito didático, caso os dados disponíveis não permitam o cálculo segundo todas as
prescrições acima, pode-se adotar o limite de plasticidade como sendo a média das
umidades disponíveis.

9
LIMITE DE LIQUIDEZ

Definição

Convenciona-se o limite de liquidez (LL) de um solo como sendo o teor de


umidade acima do qual o solo perde as características de plasticidade, passando a se
comportar como um fluido viscoso. Na definição de Atterberg, o limite de liquidez
representa a fronteira entre o “estado plástico” e o “estado líquido”.
Para a obtenção do LL em laboratório, utiliza-se um equipamento em forma de
concha, conhecido como aparelho de Casagrande. O ensaio baseia-se na determinação do
número de golpes necessários para fechar um sulco padrão, efetuado no solo colocado na
concha. O ensaio é executado diversas vezes, fazendo-se variar o teor de umidade da
amostra. O limite de liquidez corresponde à umidade que determina o fechamento do sulco
com 25 golpes.

Execução do ensaio

A norma NBR 6459/1984 - ABNT prescreve os diversos passos do ensaio de


determinação do limite de liquidez.

Dados

Em cada execução do ensaio, deve-se contar o número de golpes necessários para


fechar o sulco. Adicionalmente, coleta-se em uma cápsula o solo das bordas que se
uniram, para a determinação da umidade. Portanto, os seguintes dados são necessários:
• Número de golpes;
• Número da cápsula;
• Peso da cápsula;
• Peso da cápsula mais solo úmido;
• Peso da cápsula mais solo seco.

10
Cálculo

Para o solo contido em cada cápsula, calcula-se o teor de umidade pela fórmula:
Pcápsula mais solo úmido − Pcápsula mais solo seco
h = × 100
Pcápsula mais solo seco − Pcápsula

peso da peso da
número de número da peso da
ensaio cápsula + solo cápsula + solo h (%)
golpes cápsula cápsula (gf)
úmido (gf) seco (gf)
1 41 05 8,78 17,02 14,34 48,20
2 31 23 6,57 13,62 11,26 50,32
3 17 42 7,38 19,01 14,94 53,84
4 13 58 6,50 15,80 12,48 55,52
5 11 70 8,03 20,14 15,79 56,06

Em seguida, deve-se construir um gráfico, colocando-se no eixo das abcissas (em


escala linear) os teores de umidade, e no eixo das ordenadas (em escala logarítmica) o
número de golpes. Aos pontos assim obtidos é ajustada uma reta. Pontos que
eventualmente estiverem muito afastados da tendência dos demais devem ser
desprezados.
O limite de liquidez do solo será o teor de umidade correspondente a 25 golpes,
obtido com base na reta ajustada. O resultado final deve ser expresso como um número
inteiro.

100

25→

Núm ero de
10
Golpes

1
48 49 50 51 LL 52 53 54 55 56 57
LL = 51%
Um idade (%)

11
PESO ESPECÍFICO REAL DOS
GRÃOS

Definição

O peso específico real dos grãos (γg) consiste na relação entre o peso e o volume
de uma partícula individual de solo. Ou seja, no seu cálculo desconsidera-se
completamente os vazios existentes no solo. Por esse motivo, γg recebe o adjetivo “real”.
Pode-se definir o peso específico real dos grãos com a seguinte expressão:
Ps
γg =
Vs

sendo Ps o peso seco e Vs o volume dos grãos.


Para a obtenção de peso específico real dos grãos, é necessário conhecer o volume
ocupado pelos mesmos. No laboratório, isso torna-se possível com base no princípio de
que um corpo imerso em água desloca um certo volume de líquido. Esse volume é obtido
indiretamente, através de uma relação com o peso da água deslocada. A execução do
ensaio exige o uso de recipientes com volume conhecido (picnômetros).

Execução do ensaio

A norma NBR 6508/1984 - ABNT fixa o método para a obtenção do peso


específico real dos grãos. Alternativamente, devido à maior simplicidade, recomenda-se
também o procedimento do DNER - DPT M 93-64.

Dados

Para cada picnômetro utilizado, anotam-se os seguintes valores:

• Peso do picnômetro ( P1 );

• Peso do picnômetro + solo ( P2 );

• Peso do picnômetro + solo + água ( P3 );


12
• Peso do picnômetro + água ( P4 );
• Temperatura da água destilada.

Cálculo

O peso específico real dos grãos de solo γg é calculado através da seguinte


equação:

(P2 − P1 )
100
100 + hhig
γg = γ água(t)
(P2 − P1) 100 + h + P4 − P3
100
hig

P1 - Peso do picnômetro

P2 - Peso do picnômetro + solo

P3 - Peso do picnômetro + solo + água

P4 - Peso do picnômetro + água

hhig - umidade higroscópica (Obs.: caso o solo seja seco em estufa antes da execução do

ensaio, considera-se hhig = 0)

γágua (t) - peso específico da água destilada na temperatura t do ensaio (ver tabela no item
Observações)

Os valores da tabela abaixo ilustram o cálculo:

peso do peso do peso do peso do peso especifico peso


Ensaio picnômetro picnômetro picnômetro + solo picnômetro + temperatura da da água destilada específico
água destilada
P1 + solo = P2 + água = P3 água = P4 γágua (t) γg
(°C) 3
(gf) (gf) (gf) (gf) (°C) (gf/cm )
A 17,74 26,99 73,63 68,04 21 0,9980 2,735
B 24,66 44,26 86,17 74,37 22 0,9978 2,717
C 21,14 36,37 81,29 72,37 21 0,9980 2,596
Umidade higrocópica (hhig) = 5,1% ( resultado do ensaio de umidade higroscópica)

Os resultados são considerados satisfatórios quando os mesmos não diferirem


entre si mais de 0,02 gf/cm3. Ou seja, a diferença entre o maior e menor dos γg obtidos não
deve exceder 0,02 gf/cm3. No exemplo acima, os ensaios A e B são considerados válidos,
13
desprezando-se o resultado do ensaio C. O valor final de γg é calculado a partir da média
dos ensaios considerados satisfatórios:

2,735 + 2,717
γg =
2

γg = 2,73 gf/cm3

Observações

• A norma prescreve que o resultado final seja calculado com base em pelo menos duas
determinações consideradas satisfatórias.
• O valor de γg deve ser expresso com três algarismos significativos.
• Pesos específicos da água em função da temperatura:

temperatura peso específico temperatura peso específico


(°C) γ água (gf/cm3) (°C) γ água (gf/cm3)
10 0,9997 23 0,9976
11 0,9996 24 0,9973
12 0,9995 25 0,9971
13 0,9994 26 0,9968
14 0,9993 27 0,9965
15 0,9991 28 0,9963
16 0,9990 29 0,9960
17 0,9988 30 0,9957
18 0,9986 31 0,9954
19 0,9984 32 0,9950
20 0,9982 33 0,9947
21 0,9980 34 0,9944
22 0,9978 35 0,9941

14
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

Definição

A análise granulométrica consiste na determinação dos diâmetros das diversas


partículas existentes no solo.
A forma mais direta de obter o diâmetro dos grãos é passando-os através de uma
série de peneiras, com aberturas conhecidas. Esse procedimento permite conhecer os
diâmetros dos grãos superiores a 0,075 mm, que é a menor abertura de peneira disponível.
Para os grãos inferiores a essa dimensão, utiliza-se o processo da sedimentação. Esse
método baseia-se no princípio de que, dispersando-se as partículas de solo em água, a
velocidade de sedimentação dos grãos aumenta com o diâmetro dos mesmos (Lei de
Stokes).
Portanto, é usual efetuar a análise granulométrica de forma combinada. O
procedimento compõe-se de três etapas: peneiramento grosso, sedimentação e
peneiramento fino.

Execução do ensaio

O método para análise granulométrica é prescrito pela NBR 7181/1984, da


ABNT.

PENEIRAMENTO GROSSO

Dados

• Peso total da amostra seca ao ar;


• Peso do material seco retido na # 2,0 mm;
• Umidade higroscópica;
• Peso do material retido nas peneiras de 50; 38; 25; 19; 9,5; 4,8 e 2 mm.

15
Cálculo

a) Inicialmente, determina-se o peso seco total da amostra, através da seguinte fórmula:


PT − Pg
PS = × 100 + Pg
100 + hhig

PS - peso seco total da amostra


PT - peso da amostra seca ao ar
Pg - peso do material seco retido na # 2,0 mm

hhig - umidade higroscópica (%)

b) Com base nos pesos retidos em cada peneira, calculam-se os pesos retidos acumulados
Pi .
c) Na seqüência, pode-se calcular as porcentagens de material que passam em cada

peneira:

PS − Pi
Qg = × 100
PS

Qg - porcentagem de material passando na peneira


PS - peso seco total da amostra
Pi - peso retido acumulado até a peneira em questão

O quadro abaixo exemplifica os passos do cálculo:

Peso da amostra seca ao ar - PT (gf) 1469,00


Peso do material seco retido na # 2,00 mm - Pg (gf) 57,37
Umidade higroscópica - hhig ( % ) 5,1
Peso seco total da amostra - PS (gf) 1400,50

peneira peso retido peso retido porcentagem


( mm ) ( gf ) acumulado - Pi ( gf ) passando - Qg
50,0 - - 100,0
38,0 - - 100,0
25,0 - - 100,0
19,0 - - 100,0
9,5 5,59 5,59 99,6
4,8 22,38 27,97 98,0
2,0 26,61 54,58 96,1

16
SEDIMENTAÇÃO

Dados
• Peso do material (seco ao ar) submetido à sedimentação;
• Porcentagem do material que passa na # 2,0 mm;
• Peso específico dos grãos de solo;
• Umidade higroscópica;
• Número do densímetro utilizado;
• Leituras do densímetro nos tempos respectivos;
• Curvas de calibração de temperatura e altura de queda do densímetro utilizado.

Cálculo

a) Obtém-se, para cada leitura do densímetro, o diâmetro máximo das partículas em


suspensão, mediante a aplicação da Lei de Stokes:
1800 µ a
d = ×
γg − 1 t

d - diâmetro máximo das partículas, em mm


µ - coeficiente de viscosidade do meio dispersor, à temperatura do ensaio, em g.s/cm2 (ver
tabela abaixo)
a - altura de queda das partículas, correspondente à leitura do densímetro, em cm (este
valor é obtido da curva de calibração do densímetro - ver o item Observações)
t - tempo de sedimentação, em s
γg - peso específico dos grãos do solo, em gf/cm3

Viscosidade da água ( em 10-6 g⋅s/cm2 )

°C 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
10 13,36 12,99 12,63 12,30 11,98 11,68 11,38 11,09 10,81 10,54
20 10,29 10,03 9,80 9,56 9,34 9,13 8,92 8,72 8,52 8,34
30 8,16 7,98 7,82 7,66 7,50 7,45 7,20 7,06 6,92 6,79

b) Para cada leitura do densímetro, determina-se a porcentagem do solo em suspensão.


Essa porcentagem refere-se à massa total da amostra. A seguinte expressão é empregada:
γg 1000 (L − LD)
QS = N × ×
γg − 1 Ph
× 100
(100 + hhig)

17
QS - porcentagem de solo em suspensão no instante da leitura do densímetro
N - porcentagem do material que passa na # 2,0 mm (valor calculado no peneiramento
grosso)
γg - peso específico dos grãos de solo, em gf/cm3
L - leitura do densímetro
LD - leitura do densímetro no meio dispersor, na mesma temperatura da suspensão (valor
obtido da curva de calibração de temperatura do densímetro utilizado)
Ph - peso do material submetido à sedimentação, em gf

hhig - umidade higroscópica (%)

c) A tabela abaixo ilustra o cálculo do ensaio de sedimentação:


Peso específico dos grãos de solo - γg (gf/cm3) 2,73
Porcentagem de material que passa na # 2,0 mm - N 96,1
Peso do material submetido à sedimentação - Ph (gf) 70,00
Umidade higroscópica - hhig (%) 5,1
Número do densímetro utilizado 29.077

leitura no altura de coef. de diâmetro


tempo leitura do temp. meio queda viscosidade máximo porcentagem
t (s) densímetro dispersor a da água d
(°C) QS
L LD (cm) µ (g.s/cm2) (mm)
-5
30 1,023 20,0 1,00405 12,7 1,03 ⋅10 0,0674 43,1
-5
60 1,021 20,0 1,00405 13,1 1,03 ⋅10 0,0484 38,6
-5
120 1,019 20,0 1,00405 13,4 1,03 ⋅10 0,0346 34,0
-6
240 1,017 22,5 1,00367 12,7 9,68 ⋅10 0,0231 30,4
-6
480 1,015 22,5 1,00367 13,0 9,68 ⋅10 0,0165 25,8
-6
900 1,011 22,5 1,00367 13,6 9,68 ⋅10 0,0123 16,7
-6
1800 1,008 25,0 1,0032 14,1 9,13 ⋅10 0,00863 10,9
-6
3600 1,007 25,0 1,0032 14,2 9,13 ⋅10 0,00612 8,7
-6
7200 1,006 25,0 1,0032 14,4 9,13 ⋅10 0,00436 6,4
-5
14400 1,005 20,0 1,00405 14,5 1,03 ⋅10 0,00328 2,2
-6
86400 1,004 25,0 1,0032 14,7 9,13 ⋅10 0,00127 1,8

Observação importante:

• As curvas de temperatura e altura de queda são específicas para cada densímetro.


Assim, com o número do densímetro utilizado, deve-se obter no laboratório os gráficos
apropriados. As curvas de calibração fornecidas neste exemplo são válidas apenas para
o densímetro em questão, que é identificado pelo n0 29.077.

18
PENEIRAMENTO FINO

Dados
• Peso do material submetido à sedimentação;
• Umidade higroscópica;
• Porcentagem do material que passa na # 2,0 mm;
• Peso do material retido nas peneiras de 1,2; 0,6; 0,42; 0,25; 0,15 e 0,075 mm.

Cálculo

a) Com base nos pesos retidos em cada peneira, obtém-se os pesos retidos acumulados Pi .
b) Calcula-se as porcentagens de material que passam nas peneiras usando-se a expressão:
Ph × 100 − Pi (100 + hhig)
Qf = × N
Ph × 100

Qf - porcentagem de material passado em cada peneira;

Ph - peso do material submetido à sedimentação, em gf;

hhig - umidade higroscópica (%);


N - porcentagem de material que passa na # 2,0 mm (valor calculado no peneiramento
grosso).

c) O quadro abaixo exemplifica o cálculo:

Peso do material utilizado na sedimentação - Ph (gf) 70,00


Porcentagem de material que passa na # 2,0 mm - N 96,1
Umidade higroscópica - hhig (%) 5,1

peneira peso retido peso retido porcentagem


(mm) (gf) acumulado - Pi (gf) passando - Qf (gf)
1,20 1,25 1,25 94,3
0,60 5,75 7,00 86,0
0,42 3,12 10,12 81,5
0,25 5,75 15,87 73,2
0,15 7,76 23,63 62,0
0,075 11,72 35,35 45,1

19
CURVA GRANULOMÉTRICA

O resultado final da análise granulométrica deve ser representado graficamente.


Isso é efetuado através da curva granulométrica.
Para a traçado da curva, é conveniente resumir em um quadro os valores obtidos
no peneiramento grosso, sedimentação e peneiramento fino. Para o exemplo em questão,
tem-se:

Quadro Resumo da Granulometria

diâmetro % que passa da


(mm) amostra
19,1 100,0
9,5 99,6
4,8 98,0
2,0 96,1
1,2 94,3
0,6 86,0
0,42 81,5
0,25 73,2
0,15 62,0
0,075 45,1
0,0674 43,1
0,0484 38,6
0,0346 34,0
0,0231 30,4
0,0165 25,8
0,0123 16,7
0,00863 10,9
0,00612 8,7
0,00436 6,4
0,00328 2,2
0,00127 1,8

A curva granulométrica é construída colocando-se os diâmetros das partículas no


eixo das abcissas, em escala logarítmica. As porcentagens passando corresponderão ao
eixo das ordenadas, em escala linear. Esse diagrama é ilustrado na página seguinte.
Adicionalmente, na página 28, é fornecido um formulário em branco.
.

20
DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA

100

90

80

70
% Passando

60

50

40

30

20

10

0
0,001 0,01 0,1 1 10 100

Diâmetro das Partículas (mm)


DENSÍMETRO 29077

Curva de variação das leituras do densímetro no meio dispersor em


função da temperatura

1,0050

1,0040

1,0030
Leit. do densím. no
meio dispersor (Ld)
1,0020

1,0010

1,0000
10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0
Temperatura (ºC)

Curva de variação da altura de queda das partículas


em função da leitura do densímetro

18,0

16,0

14,0

12,0

Curva I - para as três


10,0 primeiras leituras
(30, 60 e 120 s)
Alt. de que da
a 8,0
(cm )

6,0 Curva II - para as demais


leituras

4,0

2,0

0,0
1,000 1,010 1,020 1,030 1,040 1,050
Le itura do de nsím e tro (L)

22
COMPACTAÇÃO

Definição

Experimentalmente, é possível constatar que a adição de água a um solo seco


facilita a sua compactação. Em outras palavras, cada vez que se adiciona água a esse solo
pouco úmido, a densidade final do material compactado aumenta.
Entretanto, isso não ocorre indefinidamente. Na verdade, o acréscimo de água tem
um efeito benéfico enquanto não se alcança um certo teor de umidade, que é chamado de
umidade ótima (hot). Quando a adição de água conduz a umidades superiores a hot , passa-
se a verificar o processo inverso. Ou seja, a densidade do material compactado tende a se
reduzir com o acréscimo de umidade.
Assim, o ensaio de compactação tem basicamente dois objetivos:
• determinar a umidade ótima do solo, para uma dada energia de compactação;
• determinar o peso específico aparente seco máximo (γs max) associado à umidade ótima.

Execução do ensaio

A execução do ensaio de compactação é normalizada pela NBR 7182/1986, da


ABNT.

Dados

Para cada corpo de prova moldado anotam-se os seguintes valores:


• Quantidade de água acrescentada ao solo (este valor não entrará no cálculo);
• Peso do cilindro + solo compactado;
• Número da cápsula;
• Peso da cápsula;
• Peso da cápsula + solo úmido;
• Peso da cápsula + solo seco.

23
Adicionalmente, são necessários os seguintes dados do cilindro:
• Volume (este valor é normalizado);
• Peso do cilindro sem solo em seu interior.

Os dados do ensaio de compactação podem ser organizados da seguinte forma:

Volume do cilindro = 1000 cm3


Peso do cilindro = 2410 gf
ÁGUA PESO CILINDRO + NÜMERO PESO DA PESO CÁPS. + PESO CÁPS. +
ENSAIO COLOCADA SOLO DA CÁPSULA SOLO ÚMIDO SOLO SECO
0
N NO SOLO (ml) COMPACTADO (gf) CÁPSULA (gf) (gf) (gf)
1 100 4370 30 38,78 112,08 106,08
2 50 4450 28 37,22 103,42 97,13
3 50 4520 12 37,88 110,86 102,83
4 50 4560 15 37,86 111,36 102,05
5 70 4540 16 39,08 128,93 116,12
6 50 4530 55 38,54 112,85 102,29

Cálculo

Inicialmente, deve-se calcular para cada corpo de prova o “peso do solo


compactado”. Esse valor é obtido subtraindo-se o “peso do cilindro” do “peso do cilindro
+ solo compactado”. O próximo passo consiste em calcular o peso específico aparente do
solo úmido γ:

Peso do solo compactado


γ =
Volume do cilindro

Com os dados das cápsulas, pode-se calcular o teor de umidade associado a cada
moldagem dos corpos de prova:

Pcápsula + solo úmido − Pcápsula + solo seco


h = × 100
Pcápsula + solo seco − Pcápsula

Com os valores de γ e h, pode-se calcular o peso específico aparente seco γs:

100
γs = γ ×
100 + h

24
No quadro abaixo, exemplifica-se o cálculo:

PESO DO SOLO PESO ESPECÍFICO PESO ESPECÍFICO


h
ENSAIO N0 COMPACTADO APARENTE APARENTE SECO
(%)
(gf) γ (gf/cm3) γS (gf/cm3)
1 1960 1,96 8,92 1,80
2 2040 2,04 10,50 1,85
3 2110 2,11 12,36 1,88
4 2150 2,15 14,50 1,88
5 2130 2,13 16,63 1,83
6 2120 2,12 17,13 1,81

A etapa seguinte consiste no traçado da “curva de compactação”. Para tanto, cria-


se um gráfico em que o teor de umidade h é colocado no eixo das abcissas, e o peso
específico aparente seco γs no eixo das ordenadas. Plota-se então os dados de cada ensaio e
ajusta-se uma curva aos mesmos, desprezando-se os pontos mais afastados.
O ponto de máximo da curva ajustada corresponderá ao peso específico aparente
seco máximo do solo (γs max). O teor de umidade associado a esse valor é denominado

“umidade ótima” (hot).


A curva de compactação para o exemplo em questão está representada na página
seguinte.

25
Curva de Compactação

1,9

γS max

1,85

γS
(gf/cm 3)

1,8

1,75
8 10 12 hot 14 16 18
Um idade (%)

Da curva:

γs máx = 1,885 gf/cm3

hot = 13,5 %

26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bowles, J. E. (1986) “Engineering Properties of Soils and their Measurement”, third


edition, McGraw-Hill Book Company.

Carneiro, C. O. (1996) “Diretrizes para a Execução de Ensaios de Laboratório de Solos -


TC 956”, Centro Federal da Educação Tecnológica do Paraná, Curitiba.

Lambe, T. W. (1951) “Soil Testing for Engineers”, John Wiley & Sons, Inc., New York.

Normas Técnicas diversas, citadas no texto.

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DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA

100

90

80

70

60
% Passando

50

40

30

20

10

0
0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro das partículas (mm)

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