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A primeira semana de trabalho do profissional de SST

Esta é a parte 1 de uma série de 3 artigos sobre o que você, que é profissional de SST, deve fazer na sua
primeira semana na empresa.
Parte 1 – A primeira semana de trabalho do profissional de SST
Parte 2 – 10 comportamentos essenciais na primeira semana de trabalho
Parte 3 – Que documentos de SST você deve analisar durante sua primeira semana na empresa ?

Você já se sentiu como um peixe fora d’água durante os primeiros dias em um novo emprego ?
Você não está sozinho.
Ao final desse artigo você conhecerá os pontos fundamentais que você deve prestar atenção durante a
primeira semana de trabalho de um profissional de SST na empresa.
O que você vai aprender é fruto da experiência prática do autor, Victor Costa, que ao longo dos seus 12 anos de
experiência teve a oportunidade de trabalhar direta ou indiretamente com mais de 200 profissionais, técnicos e
engenheiros.
Leia esse artigo até o final porque ele está recheado de dicas práticas, que servem tanto para o profissional de
SST mais experiente quanto para aqueles que estão entrando no mercado agora.
Por falar em novatos, infelizmente, muitos profissionais vão para o primeiro emprego sem conhecer a parte
operacional de uma organização.
Nesses casos, muitos deles jamais tiveram outro tipo de ocupação além de ser estudante.
Por isso, se esse é o seu caso, o estágio é importante para a transformação do aluno em técnico.
Sem o estágio fica mais difícil de desenvolver habilidades e competências necessárias a sua prática profissional.
Mas, antes de definirmos os primeiros passos do profissional de SST em sua primeira semana… É importante
lembrar que o maior desafio no primeiro emprego não é desenvolver sua competência técnica ou aplicar seus
conhecimentos adquiridos no curso! É verdade….
Seus maiores desafios são:
 gerenciar seu tempo,
 cumprir prazos,
 trabalhar em equipe,
 negociar com a produção,
 administrar orçamentos justos para o setor e
 lidar com as negativas da diretoria da empresa.
Agora me diz uma coisa … Me diz se você já ouviu falar nessa frase: “a primeira impressão é a que fica”?
Apesar de não termos certeza da veracidade deste ditado popular, levamos o mesmo a “ferro e fogo”, e nos
cobramos para causar uma boa impressão nos primeiros dias.
Anota isso: uma boa impressão na primeira semana não está associada apenas ao seu conhecimento técnico.
Outros fatores são também importantes:
 Faltar ou atrasar jamais. Tente chegar com 15 minutos de antecedência;
 Procure relacionar-se com seus colegas de trabalho, evite ficar deslocado, tome cuidado com a timidez;
 Evite excessos de informalidade e simpatia;
 Demonstre iniciativa e disponibilidade, e não fique esperando trabalho;
 Trabalhe com concentração, definindo bem a hora de conversar e a hora de silenciar;
 Decore informações básicas, por exemplo, a localização da sua mesa de trabalho e setor, banheiros, a
cozinha, a sala do chefe, e os outros locais relevantes;
 Sorria, seja cordial e educado. Um simples “bom dia”, “por favor”, e “obrigado” tem um incrível poder e
pode ser sua chave mestra a todos os caminhos.
Após essas orientações gerais, ainda gostaria de tratar dois aspectos essenciais ao profissional de SST, antes
de irmos para as “vias de fato”. Tudo bem?

Nossa profissão é árdua, mas gratificante.


Por diversas vezes você terá que lidar com a frustração de um projeto que não foi para frente… Nem sempre
vamos conseguir que a empresa dê a devida importância ao seu trabalho… Muito menos dar importância a questões
de segurança e saúde. Infelizmente precisamos lidar que estas questões todos os dias, mas, se você implementar o
que você aprenderá nesse artigo, pelo menos, já vai começar com o pé direito, vai causar uma boa impressão e
aumentará as chances de ter seus projetos aprovados no futuro. Então, aos novatos de nossa profissão, deixo uma
dica: seja positivo! Não só porque é seu primeiro emprego, mas por ser necessário para toda sua vida como profissional
de SST. Por mais exaustivo e repetitivo entenda que você precisa acreditar que vai dar certo. Se ora precisamos
convencer o patrão e ora precisamos convencer o trabalhador, como conseguir, quando não acreditamos em nós
mesmos?
Infelizmente, vejo muito amigos de profissão se preocupando mais com as derrotas que com as vitórias, com
as lamúrias que com as alegrias, com o não posso fazer, do que com aquilo que pode ser feito. Seja prático e realista,
trabalhe com dados de realidade e aquilo que a empresa lhe oferece (por menor que seja).
Não fique pensando no que poderia ser feito… Mas faça o melhor com o que existe. E se este melhor não lhe
desafia, não lhe instiga e não faz com que você trabalhe motivado, procure outro emprego. Um equívoco que cometi
ao iniciar da minha carreira foi não registrar minhas realizações e resultados. Você desenvolve programas, documentos
e procedimentos, implementa processos, escreve relatórios, realiza inspeções e ministra treinamentos para alcançar
uma determinado objetivo, correto?
 você conseguiu os resultados esperados?
 o seu trabalho contribuiu para a redução da taxa de frequência ou de gravidade?
 você conseguiu aumentar a quantidade de homem-horas de treinamento?
 o aumento dos treinamentos foi efetivo na redução de acidentes?
Acha que estou brincando? Então anote o que eu vou te falar agora:
As informações de suas realizações e resultados são fundamentais para agregar valor ao seu currículo e
demonstrar consistência e visão sistêmica da gestão de segurança e saúde em uma nova entrevista.
E aí, tenho certeza que você está gostando desse artigo, certo ?

10 comportamentos essenciais na primeira semana de trabalho


Vamos conhecer os comportamentos do profissional de SST ?
Uma das primeiras coisas que você precisa fazer é entender em regras gerais como empresa funciona. Como
assim ?
Verifique se existe uma política de segurança do trabalho ou outras mais abrangentes como a de SMS
(Segurança, Meio Ambiente e Saúde) ou de SGI (Sistema de Gestão Integrada), procure entender em linhas gerais os
valores da empresa e como ela lida com os funcionários e clientes.

Agora você precisa se identificar em pelo menos 1 dos 3 cenários abaixo.

Cenário 1: a empresa tem um SESMT implantado, sendo você parte de uma equipe.
Neste caso você terá outros colegas de profissão e uma supervisão no setor.
Você precisa conversar com seu chefe direto para entender como funcionará a divisão de tarefas e quais serão suas
responsabilidades dentro da equipe.
Esta opção é boa para o recém-formado quando os outros profissionais da equipe são experientes,
comprometidos com o trabalho e dispostos a partilhar seus conhecimentos.

Cenário 2: a empresa tem um SESMT implantado, sendo você único membro.


Neste caso sua chefia vai estar vinculada a outro setor da empresa, normalmente RH ou diretamente a
diretoria da empresa.
Você receberá as orientações de um funcionário que não é da área e que recebeu as informações e orientações
de um profissional de SST que já saiu da empresa. Dica: não cabe a você avaliar o trabalho ou desempenho do colega
que não pertence mais ao quadro de funcionários, sua meta é levantar a maior quantidade de informações possível
para fazer seu diagnóstico e traçar seu plano de trabalho.

Cenário 3: a empresa não tem SESMT implantado e você é o primeiro.


Neste caso sua chefia pode ser semelhante ao item anterior, mas, nesse caso, não há histórico a ser passado.
É provável que você tenha que desenvolver tudo do zero e sua supervisão direta vai lhe prestar apenas as boas vindas.
E aí, em qual cenário você está? 1, 2 ou 3?

Independentemente da situação que você estiver, presta atenção em um detalhe: possuir SESMT não garante
a implantação de segurança e saúde. É preciso que o SESMT tenha liberdade de atuação, para isso a liderança da
empresa precisa “vestir a camisa” da prevenção e colaborar em todos os aspectos com a segurança e saúde dos
trabalhadores. Sendo assim sugiro que identifique as verdadeiras intenções da empresa com a sua contratação. Será
que a intenção da empresa com a sua contratação é ter um profissional atuante, compromissado e que gere resultados
significativos na gestão de segurança e saúde do trabalhador? Ou, ao contrário, a sua posição é apenas uma imposição
legal e a empresa apenas quer cumprir o que determina a lei trabalhista. Independentemente de qual é o seu caso, é
muito mais fácil trabalhar em empresas que valorizam a segurança do trabalho.
Mas o mais importante é o que vou dizer a seguir…
Tome nota: o envolvimento maior ou menor da empresa com a sua área não aumenta, nem diminui, suas
responsabilidades.
Muito bem… Agora você já sabe em que cenário de SESMT está, bem como já sabe as reais intenções da empresa com
a sua contratação. Vamos agora detalhar os 10 comportamentos do profissional de SST que você deve demonstrar
para realizar um trabalho de excelência.

Comportamento 1
No caso do último cenário, se você por acaso teve a oportunidade de passar por um estágio, precisa “cair à
ficha” que deverá resolver tudo por conta própria. Precisa fazer suas atividades de forma independente, definir uma
rotina de atividades, sendo estas diárias, semanais, mensais, semestrais e anuais, definido prioridades, metas,
objetivos e prazos a serem cumpridos.

Comportamento 2
O fato de você ser o “novato”, não desqualifica sua competência técnica. Sua opinião deve ser levada em
consideração.
Lembre-se que para ser contrato suas habilidades e qualificações já foram avaliadas e aprovadas por um profissional
da empresa. Sendo assim sugira novos métodos e/ou processos, identifique problemas, soluções e jamais tenha receio
de compartilhar suas ideias em reuniões.

Comportamento 3
O primeiro dia é o dia para tirar suas dúvidas, anote tudo que achar necessário, e preste atenção, a tudo que
te disserem, se não entender, questione até ter certeza que não restam mais dúvidas.
Caso se enquadre no primeiro cenário, converse diariamente e troque informações e experiências com seus colegas
de setor, fazendo parte dos outros dois cenários tenha contato com outros profissionais da área.

Comportamento 4
Além disso, participe de fóruns, sites, blogs, feiras e eventos que sejam sobre SST. É fundamental estar
atualizado e vigilante as mudanças de legislação e ter uma boa rede de relacionamentos (contatos) ao longo de toda
a sua carreira. Esse é um dos comportamentos do profissional de SST que boa parte esquece de praticar. Com o tempo
é importante que esteja sempre bem embasado, pois poderão surgir perguntas que necessitam de respostas
imediatas.

Comportamento 5
Busque sempre um feedback. Mas esteja “aberto” a um comentário positivo ou negativo.

Comportamento 6
Use e-mail como ferramenta de trabalho e não apoie suas ações e suas atividades, acreditando que um correio
eletrônico trará a solução do problema. Corra atrás, negocie pessoalmente, argumente, participe ativamente da
solução, demonstre que seu interesse é resolver o problema e não passá-lo adiante.
É fundamental que as respostas sejam em tempo hábil de acordo com a prioridade e necessidade, sempre
com atenção a gramática e ortografia.
Caso suas atividades requisitem pouco tempo no escritório deixe claro a todos que em caso de urgência é
necessário o contato telefônico, sugiro até deixar uma mensagem programada com esta informação.

Comportamento 7
Não aponte erros e sim oportunidades de melhoria, elogie em público, mas se precisar chamar a atenção de
um trabalhador faça isso no reservado. Utilize o bom senso e delete a arrogância do seu vocabulário, ninguém gosta
de ser criticado o tempo todo. Cuidado na colocação das palavras e deixe claro que você precisa fazer o seu trabalho.
De preferência por usar a primeira pessoa do plural, se inserindo sempre como problema e solução, por
exemplo:
“O que nós podemos fazer para que isso não ocorra novamente?”
“Como nós podemos adequar esta situação inadequada?”

Comportamento 8
Você é um profissional técnico. Você não acha, não chuta e nem supõe. Você avalia, embasa e sugere mediante
uma legislação aplicável ou boa prática;
Comportamento 9
Guarde cópia de todos os relatórios, e-mails e atas de reunião que possam ser necessários em situações de
acidente de trabalho ou causas trabalhistas;

Comportamento 10
Não há como mudar o mundo de uma só vez. Se traçarmos uma paralelo histórico da evolução da segurança
do trabalho em nosso país podemos identificar uma evolução lenta e gradual. Por que na empresa que trabalhamos
há de ser diferente ? Seja paciente, persistente, perseverante e positivo.

Ok, você já entendeu os comportamentos! Ora de dar os primeiros passos, principalmente se você estiver nos
cenários 2 e 3, porque no cenário 1, todas as atribuições serão definidas pelo supervisor do setor em função da divisão
das atividades da equipe.
Os cenários 2 e 3 impõem mais desafios, portanto, o que você está aprendendo aqui, é ainda mais importante.
Conheça a empresa, circule por todos os setores da empresa, se apresentando as lideranças e disponibilizando
para ajudá-los no que for preciso.
Sugiro que seja agendado um Diálogo de Segurança (DDS) onde possa se apresentar a todos (ou, em função
do tamanho da empresa, faça vários DDS por setor até que todos te conheçam).
Entenda como funciona o processo da empresa, ou seja:
 como ocorre a entrada de matéria prima,
 como se realiza a transformação em produto,
 de que maneira se dá a saída do produtro para o cliente.
Afinal é importante entendermos os processos produtivos para poder identificar os possíveis riscos existentes em
cada fase de produção ou atividade de trabalho.

É através do entendimento dos processos de trabalho que o profissional de segurança pode se antecipar,
reconhecer e determinar quais os processos deverão ser monitorados, a fim de reduzir a probabilidade ou eliminar a
causas básicas que normalmente tendem a propiciar um acidente de trabalho.

Quando falamos em conhecer o processo produtivo estamos falando em identificar:


 as matérias primas,
 os equipamentos e máquinas necessários,
 os cargos e atividades desenvolvidas,
 os principais perigos e riscos,
 as formas de controles estabelecidas e
 os procedimentos e padrões de produção existentes… quando existentes…

Além disso, sugiro identificar junto com esta etapa:


 as queixas mais comuns e problemas mais frequentes,
 os desvios mais comuns,
 os últimos acidentes ocorridos,
 autuações e/ou notificações do Ministério do Trabalho e Emprego,
 ocorrência de causas trabalhistas ligadas à segurança e saúde do trabalho,
 índice de absenteísmo por doença ocupacional ou acidente (típico ou de trajeto),
 existência de atividades insalubres ou perigosas e
 indicadores biológicos anormais.

Para que este levantamento seja realizado de maneira mais ampla além do entendimento dos processos da empresa,
ao circular pela empresa anote e registre informações sobre:
 as instalações elétricas,
 a instalação de máquinas e equipamentos e lay-out,
 estado geral e conformidade das áreas de vivência,
 disponibilidade dos equipamentos e dispositivos de combate a incêndio,
 condições gerais do estado da edificação,
 acessos e rotas de fuga,
 transito de veículos,
 armazenamento de materiais (inclusive produtos químicos),
 possíveis desvios (não uso de EPI, improviso ou uso inadequado …)
Por fim e não menos importante você vai solicitar ao seu superior imediato alguns documentos e registros. Mas isso,
vamos deixar para último artigo dessa série de 3 !

16 documentos de segurança do trabalho que você deve analisar

Como dissemos no final do segundo artigo, você deve solicitar ao seu superior imediato alguns documentos
de segurança do trabalho e também alguns registros, mas antes, deixa só chamar a atenção para algo importante:
apenas um pequeno lembrete: documento e registro não são a mesma coisa…
Documento é informação, planejamento, diretrizes que nortearão a empresa.
Por exemplo:
procedimento, instrução de trabalho, política da companhia, o código de ética da sua empresa, etc, … são exemplos
de documentos, já os registros são anotações de fatos que já ocorreram, sendo uma evidência de uma prática.

Exemplos de registros:
… lista de treinamentos assinados, checklist preenchido e assinado, ficha de EPI preenchida, etc.

Então vamos ver os documentos de segurança do trabalho importantes que você deve ter acesso?

Documento 1
Cópia do cartão de CNPJ da empresa.
Aqui é onde você identificará o CNAE principal e secundário (se existente).
O CNAE está vinculado aos códigos para implantação de CIPA (NR-05) e grau de risco para dimensionamento de SESMT
(NR-04).

Documento 2
Relação de cargos e funções e suas descrição.
Aqui você identificará os cargos e funções, para conferir PPRA (NR 09) e PCMSO (NR 07).
Verificará a especificação de EPI (NR 06) e as necessidades de Ordem de Serviço (NR 01) e treinamentos em geral.

Documento 3
Acordo ou Convenção Coletiva.
Este documento identifica os pontos negociados entre empregador e sindicato, identificando parâmetros mínimos de
atendimentos além das normas vigentes.
Nele você identifica como são tratadas as questões de insalubridade, periculosidade, distribuição de uniforme e EPI,
CIPA entre outros aspectos de segurança e saúde.
Algumas normas regulamentadoras inclusive citam os acordos ou convenções coletivas caso sejam mais restritivos.

Documento 4
Ordem de serviço.
Verifique a existência de ordem de serviço específica na área de segurança e saúde do trabalho em conformidade a
NR 01.

Documento 5
Livro de inspeção do MTE.
Neste livro você observará se a empresa já sofreu fiscalização, notificação, auto de infração ou até mesmo embargo
ou paralisação.

Documento 6
Registro do SESMT.
Se você é o TST da empresa é necessário realizar seu registro junto a SRT da sua região.

Documento 7
Agora vamos falar um pouco de CIPA.
Com o CNAE e a quantidade de funcionário em mãos verifique se existe enquadramento no Quadro I da NR-05.
Caso não tenha bastará o empregador nomear um designado de CIPA.
Caso exista CIPA constituída solicite toda a documentação, se apresente a comissão, participando se possível da
próxima reunião.
O TST não tem obrigação de participar de todas as reuniões tampouco ser responsável pelo funcionamento.
A comissão deve andar com as próprias pernas e o profissional de segurança e saúde norteará e ajudará no que for
necessário.
Veja também as atas de reunião anteriores, os mapas de risco existentes e a data da realização da SIPAT.
Observe se PPRA e PCMSO já foram apresentados em alguma das reuniões e se já foi instituído um plano de trabalho.

Documento 8
Chegou a hora de olharmos para os EPIs.
Verifique se já existe uma tabela definindo EPI por função ou algum procedimento que especifique os mesmos.
É importante que a especificação dos equipamentos de proteção não fique apenas no conhecimento do técnico.
Caso não exista tal documento, coloque em sua lista de prioridades.
Verifique também como é realizada a distribuição dos equipamentos, se todas as entregas estão sendo registradas em
formulário padrão, seguindo os aspectos da NR-06 ou se não existe sistemática de entrega definida.
A forma de entrega varia de empresa para empresa, caso a responsabilidade não fique com o SESMT, defina como
dever ser feita e audite periodicamente.

Documento 9
PCMSO e ASO.
Avalie se o PCMSO tem coerência com o PPRA.
Eles devem apresentar os mesmos cargos avaliados e os mesmos riscos.
Tenha atenção se as atividades em altura, espaço confinado, operação de máquinas motorizadas e energia elétrica
apresentam exames complementares descritos no documento.
Avalie se o atestado está de acordo com o PCMSO, e se apresenta as informações básicas definidas na NR-07.
Você não precisa olhar um a um, oriente o departamento pessoal do padrão necessário e audite periodicamente para
saber como está funcionando.
Em algumas empresas o controle de ASO fica na responsabilidade do TST, entretanto não há uma obrigatoriedade.
Sugiro que seja verificada a melhor forma de trabalho a ser adotada.

Documento 10
PPRA.
É necessário avaliar se o programa atende todas as suas etapas, sendo possível identificar tanto no documento quanto
em registros a realização da antecipação, reconhecimento, avaliação, controle, monitoramento, divulgação e registro
de dados.
É importante avaliar também se o cronograma de ações está sendo cumprido e se o responsável legal da empresa
assinou e tomou ciência de todos os riscos e ações que o programa define como necessárias.
Fundamental também fazer a comparação do programa com os EPI já especificados, garantindo que os mesmos
seguem as recomendações do PPRA.
O PPRA é um dos documentos de segurança do trabalho mais exigido nas fiscalizações.

Documento 11
Inventário de máquinas e equipamentos.
Você precisa conhecer cada máquina ou equipamento existente.
Tanto para verificar a conformidade com a NR-12, quanto para estudar aqueles que você não conhece e definir
procedimentos e instruções de trabalho.
Caso a empresa não possua esta relação, anote mais um em sua lista de prioridades, tendo em vista que é atendimento
ao 12.153 da NR-12, exceto para microempresas e as empresas de pequeno porte.

Documento 12
Análise Ergonômica do Trabalho (AET).
Verifique como a empresa trata dos ricos ergonômicos.
O ideal é a realização de uma análise completa dos postos de trabalho, identificando os problemas e apontando as
soluções necessárias.
Caso a empresa não tenha, sugira a contratação de uma empresa especializada para a realização.

Documento 13
Inventário de “material de trabalho”.
Verifique se existe controle de todo o material disponível do setor: computador, calculadora, máquina fotográfica,
equipamentos de medição, pen drive, etc.
Inclusive material de primeiros socorros (se aplicável), tais como: prancha, colar cervical, etc.
Inclua também as placas de sinalização e os equipamentos de proteção coletiva, tais como lava-olhos, gradis de
proteção, exautores, detectores de tensão, barreiras de proteção contra luminosidade e radiação (solda), sensores em
máquinas, etc.
Avalie o estado geral de tudo que lhe foi cedido e verifique se não há nenhuma necessidade especial.
É muito possível que a empresa não tenha este controle, sendo assim mais um item para sua listinha de pendências.

Documento 14
Inventário de produtos químicos e FIPSQ.
Normalmente o almoxarifado tem uma relação de todos os produtos em estoque mas, infelizmente, não é uma regra.
Este controle é essencial para:
 avaliar se o PPRA e PCMSO contemplaram todos os produtos químicos envolvidos na operação,
 verificar se existem todos FISPQ de todos os produtos,
 identificar aqueles que são inflamáveis, definindo procedimentos e local, forma e quantidade de
armazenamento,
 avaliar se as embalagens e rótulos utilizados estão em conformidade à norma técnica vigente a NR-26,
 auxiliar na especificação das medidas de controle e
 elaborar treinamento sobre a manipulação dos respectivos produtos.

Documento 15
Matriz de treinamento.
A matriz de treinamento vai definir todos os treinamentos obrigatórios e necessários por função e/ou por atividade,
baseado na legislação vigente e necessidades da empresa.
Este documento é fundamental para a gestão de SST da empresa.
Geralmente, qualquer empresa bem organizada, dispõe da matriz de treinamento entre seus documentos de
segurança do trabalho.

Documento 16
Programas específicos de Segurança e Saúde.
Alguns programas são específicos a determinadas atividades economias ou tem obrigatoriedade em determinadas
circunstâncias, sendo assim sugerimos avaliar os seguintes documentos:
 PCMAT: São obrigatórios a elaboração e o cumprimento do PCMAT nos estabelecimentos da Indústria da
Construção com 20 (vinte) trabalhadores ou mais, contemplando os aspectos da NR 18 e outros dispositivos
complementares de segurança.
 PGR: Cabe à empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira elaborar e implementar o Programa de
Gerenciamento de Riscos – PGR, contemplando os aspectos da NR-22;
 PCA: O Programa de Conservação Auditiva é obrigatório para empresas que possuem o risco de ruído com
concentração a partir do nível de ação;
 PPR: O Programa de Proteção Respiratória é obrigatório para empresas que possuem o risco químico com
concentração a partir do nível de ação.
Além de conferir esses documentos de segurança do trabalho, sugiro que organize um rascunho de todas as
pendências em três níveis:
 Existente (verde): esta prática, documento ou registro existe e é aplicado de maneira adequada, atendendo
os requisitos legais vigentes;
 Existente e não conforme (amarelo): apesar de existir prática/documento/registro, este não atende os
requisitos legais vigentes, sendo necessária adequação;
 Inexistente (vermelho): não existe prática/documento/registro sendo necessária elaboração, implantação e
desenvolvimento.
Baseado nesta estruturação você pode mostrar para seu superior imediato o grau de atendimento legal, identificando
o que precisa ser corrigido e o que precisa ser implantado.
A partir deste rascunho defina as prioridades e elabore um plano de ação, definindo os responsáveis e as datas de
fechamento.
É importante destacar que as prioridades serão em função da natureza/gravidade e concentração/iminência do risco.
Sugiro iniciar pelos ricos graves e iminentes…
…aqueles que podem causar morte e incapacidade permanente (amputação de membro, cegueira de ambos os
olhos, etc.).
Depois passe para os riscos que causem incapacidade temporária (quebra de braço ou perna, torção, corpo estranho
no olho, lesões múltiplas, etc.) e doenças agudas (intoxicação, dermatite, etc.).
Após avalie os riscos de acidente sem perda de tempo (escoriações, cortes, luxações, etc.) e doenças crônicas (surdez,
silicose, etc.).
Por fim sua prioridade é atender a legislação trabalhista e previdenciária garantindo que além de não haver acidentes
e doenças ocupacionais a empresa não terá sanções junto aos órgãos competentes.
Antes de finalizarmos com esse post sobre documentos de segurança do trabalho, vejamos como você deve fazer que
seu seu plano de ação seja eficaz:
 faça um acompanhamento mensal do plano de ação versus sua realização;
 participe de reuniões periódicas de Segurança e Saúde com representantes da Diretoria ou Superintendência;
 faça vistorias de inspeção quinzenais, avaliando além do atendimento do plano de ação, a identificação de
riscos e desvios nos ambientes de trabalho.
E aí, gostou ?
Tenho certeza que as diretrizes apontadas nessa série de 3 artigos, quando executadas, irão fazer com que seus
primeiros dias no novo trabalho sejam muito produtivas.
Esse foi o último artigo de uma série de 3 sobre o que fazer na primeira semana de trabalho na empresa.

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