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Como Ver Ouvir Sentir Nosso Sanjos PDF
Como Ver Ouvir Sentir Nosso Sanjos PDF
Tradução
Irene Daun e Lorena
Nuno Daun e Lorena
Agradecimentos........................................................................................ 9
Introdução
Por que não vejo anjos?..................................................................... 11
Primeira parte
A história divina e o sagrado mistério dos anjos........................... 25
Segunda parte
Os anjos hoje....................................................................................... 69
Terceira parte
Como ver anjos................................................................................... 113
Quarta parte
Visões na noite.................................................................................... 149
Quinta parte
Milagres de todos os dias.................................................................. 175
Sexta parte
Miscelânea divina............................................................................... 195
Petrarca
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Através de um espelho
Não acredito na sorte que tenho por poder escrever um livro que
oxalá tivesse sido escrito há vinte e cinco anos quando, desesperada,
ansiava por uma manifestação do Céu na Terra, mas que nunca tive, por
mais que tentasse. Algumas pessoas que leram os meus livros anteriores
sabem que acordei tarde para a espiritualidade. Só no fim dos trinta,
início dos quarenta anos comecei a ver anjos.
Para meu desgosto, nunca fui uma daquelas crianças que vêem mortos
em supermercados, figuras envoltas em luz ou esferas resplandecentes
no recreio. Sentia-me frustrada porque nasci numa família de psíquicos
e espiritualistas, onde era normal falar-se de espíritos; devia ter poderes
psíquicos e não tinha.
A minha tia-avó Rose era médium e a minha avó, a minha mãe e o
meu irmão também; viam e ouviam coisas que a mim me eram vedadas
e eu só queria ser como eles. Eu também queria ver qualquer coisa
mística e mágica para poder inspirar ou consolar outros com as minhas
visões. A minha mãe dizia-me que ver uma planta ou uma árvore a
crescer a partir da semente, ou uma mãe a amamentar um bebé pela
primeira vez, era uma coisa mística e mágica, mas para mim não, não
era a mesma coisa que ver um anjo, nem que fosse apenas uma vez.
Porém, por mais que rezasse, por mais que pedisse, era como bater com
a cabeça numa parede; não via nem ouvia absolutamente nada.
Como a minha mãe era conselheira psíquica, viu e ouviu anjos toda
a sua vida, eu nunca duvidei de que havia sempre ajudantes celestiais
à minha volta. Não tinha «provas», apenas histórias daqueles que amava
e em quem confiava, mas a falta de provas não me impedia de acreditar
que cada um de nós tem um anjo-da-guarda que caminha ao nosso
lado ao longo da vida. Também acreditava que os anjos podem aparecer
ou expressar-se através dos espíritos dos entes queridos que partiram.
Portanto, eu não queria provas da sua existência, queria vê-los, queria
sentir-lhes a magia.
Inspirada pelo mantra «conhecimento é poder», o meu primeiro
passo foi estudar, aprender e juntar informação. Passei a maior parte
da minha adolescência e os meus primeiros anos de adulta a ler todos
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Percepção extra-sensorial. (N. dos T.)
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a inspiração viria. Eu não concordei com ele porque era fruto dos anos 80
e acreditava que, se trabalhasse arduamente e quisesse mesmo uma
coisa, conseguia-a. Além do mais, fora sempre uma pessoa disciplinada
e teimosa e não acreditava na descontracção.
Nos dez anos seguintes, ou coisa assim, continuei a tentar ver, ouvir
e sentir anjos. Por vezes conseguia qualquer coisa, mas apenas um vis‑
lumbre e de uma maneira geral era um passo à frente e quatro atrás. Por
vezes ficava muito desanimada, o que foi o caso por ocasião da morte
da minha mãe, de quem eu sempre me sentira muito próxima. Por isso,
quando ela não regressou do mundo dos espíritos para me tranquilizar,
decidi que era um caso perdido.
Eu tinha vinte e tal anos quando a minha mãe morreu e não sabia
o que era perder um ente querido. Quando andava na escola, lembro-
-me de testemunhar a dor intensa da minha melhor amiga, perdido o
pai aos catorze anos. Na época tentei consolá-la da única maneira que
sabia, falei-lhe do que lera sobre experiências de morte iminente e da
outra vida, disse-lhe que a minha mãe me dissera que os espíritos dos
entes queridos permaneciam perto de nós, disse-lhe que o pai dela estava
num sítio melhor e que ela devia estar feliz por ele. Não percebi por que
razão nenhuma das minhas palavras a consolou. Mais tarde ofereci-me
para passar algum tempo com ela, mas ela não me quis ver. Na minha
arrogância sentia que, de facto, era capaz de a consolar e tranquilizá-la.
Por que razão ela recusava?
Antes de a minha mãe morrer, apesar de não estar a fazer progressos na
questão de ver ou ouvir anjos ou espíritos, nunca perdi a crença de que a
outra vida é uma realidade. Muitas vezes, quando ia a reuniões espiritua-
listas, via os que tinham perdido entes queridos a serem consolados por
mensagens recebidas da outra vida por intermédio de médiuns e estava
convencida de que a morte não era um fim, antes um recomeço, que se
perdesse um dia um ente querido a crença me protegeria da dor que tes‑
temunhara na minha amiga e noutras pessoas, mas estava enganada.
Quando a minha mãe morreu, a dor foi excruciante, de um outro
mundo. Teria dado tudo por um sinal de que ela não estava longe, mas
não recebi nenhum. Amaldiçoei a minha incapacidade para a ver ou
sentir. Senti-me mais incompetente do que nunca. Por que razão não
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porque senti que era o que ela queria que eu fizesse. A minha mãe ale‑
grar-se-ia com a minha «licenciatura».
Após o funeral tratei das coisas da minha mãe, doei algumas coisas,
inclusive roupas, fiquei com outras e dividi outras ainda com o meu
irmão. No fim decidi ficar apenas com um punhado de pequenos tesouros
e meti-os debaixo da cama dentro de uma caixa, consciente de que não
precisava de recordações físicas, consciente de que ela continuava viva
no meu coração. Alguns amigos e colegas disseram-me que eu era uma
inspiração para eles porque sabiam que eu amava muito a minha mãe
e porque estava a lidar muito bem com tudo, mas depois, nos meses
e anos que se seguiram, um impulso estranho, que eu não compreendia,
começou a tomar conta de mim; chorava quando as pessoas se riam
e ria quando as pessoas choravam; dizia coisas que não faziam sentido,
confundia os dias da semana ou iniciava uma conversa e esquecia-me
do que estava a dizer. Pouco a pouco, o mundo à minha volta começou
a deixar de fazer sentido.
Vi-me a tirar a caixa que tinha debaixo da cama, a abri-la e a tirar
tudo o que ela tinha. Punha as coisas em círculo à minha volta sem
perceber porquê, sentindo apenas a necessidade absoluta de lhes tocar:
uma fotografia, uma carta, os óculos ou qualquer coisa que a tornasse
a minha mãe mais real. Por razões que não faziam sentido, tinha pavor
de me esquecer dela, precisava de ter a certeza de que ela, de facto,
existira; ficava a olhar para as coisas dela e a dolorosa realidade e a dor
despedaçavam-me o coração.
A dor imensa da minha perda oprimia-me. Chorei como nunca.
O impacte brutal da morte da minha mãe tomou conta da minha vida.
A minha mãe fora-se embora para sempre. Nunca mais poderia falar-lhe,
tocá-la, rir-me ou chorar com ela neste mundo. A minha vida mudara
para sempre. Ia ter de viver o resto da minha existência física sem ela.
Solucei durante horas, até que a exaustão tomou conta de mim e caí num
sono profundo, ao mesmo tempo que na mente e no coração lhe pedia
que me aliviasse a dor, que me provasse que não morrera. Eu só queria
um pequeno sinal do outro lado, mas só o silêncio me respondeu.
Esgotada pela dor e a solidão e demasiado orgulhosa para admitir
que sofria, entrei em depressão, talvez inevitavelmente. A depressão, para
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aqueles que têm a sorte de não a sentir, é como cair num túnel sem fim
em câmara muito, muito lenta. Para mim não tinha fim. A única coisa
que existia na minha vida era a escuridão. Não tinha energia. Por vezes
até me parecia impossível virar a cabeça. Por vezes não havia sequer um
simples ponto de luz, uma sombra, apenas trevas, medo, impotência
e asfixia num túmulo escuro, sem qualquer luz. Até o meu rosto começou
a contar a história da minha vida. Não tinha força suficiente para mexer
os músculos do rosto. Quando olhava para mim própria no espelho, via
uma pessoa enfadonha, sem expressão, de olhar vago, desfocado.
Conseguia levantar-me e ir trabalhar a maior parte dos dias e o facto
de estar ocupada ajudou-me porque, quando estava na companhia de
outras pessoas, conseguia esconder a minha dor. No trabalho, de certa
maneira, ligava o piloto automático, fazia o que tinha de ser feito e assim
passava os dias. Mas por vezes não conseguia, telefonava a dizer que estava
doente e ficava em casa. Não conseguia fazer nada, não via televisão nem
lia, ficava a olhar para o relógio do meu quarto, perguntando a mim
própria por que razão estava sempre na mesma hora.
Após vários meses comecei a sentir que o meu espírito estava a mor‑
rer, a apodrecer, que era uma morta-viva. O meu irmão não percebia por
que razão eu não saía daquilo, não voltava à vida, e eu também não; que‑
ria melhorar, mas não conseguia, simplesmente não conseguia.
Então uma noite a minha mãe visitou-me, não em espírito, mas em
sonhos; entrou no meu quarto, sentou-se numa cadeira e começou a pôr
as coisas em ordem, a dobrar-me as roupas e a arrumar os livros e as revis‑
tas, inconsciente da minha presença, saudável, feliz, cheia de energia e
totalmente diferente do que era nos últimos seis meses de vida, consu‑
mida pelo cancro. O sonho foi tão realista que, quando acordei, durante
uns momentos breves e maravilhosos, acreditei que ela não morrera,
que ouvi-la-ia bater-me à porta a qualquer momento para me dizer que
tinha uma chávena de chá à minha espera no andar de baixo. É claro
que não batia e pouco depois a dor e a impotência tomavam de novo
conta de mim.
Sonhar com a minha mãe, se bem que consolador, não me bastava.
Eu queria mais, queria ter a certeza de que ela estava viva e que a morte era
apenas uma passagem, queria ouvi-la dizê-lo, precisava de qualquer coisa
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tangível, qualquer coisa real, não uma coisa vaga que podia ser facilmente
explicada por psicólogos e médicos como um produto da minha mente
enlutada em busca de um alívio (mesmo que temporário) para a dor que
sentia por ter perdido alguém que amava. Na época não percebi, mas
o sonho foi, de facto, uma dádiva da outra vida, foi o primeiro de muitos
e cada um deles, sem que eu me apercebesse, deu-me pequenas doses de
consolo e a força de que necessitava para fazer qualquer coisa positiva por
mim própria, nem que fosse lavar o cabelo ou dar um passeio.
Depois de os sonhos com a minha mãe terem começado, comecei,
devagar mas com firmeza, a recuperar. Com o tempo consegui a cora‑
gem necessária para entrar em contacto com o meu médico, pedir ajuda e
avançar com a minha vida, e quando tomei consciência de uma melhoria
gradual, a princípio atribuí-a à minha força de carácter em vez de a dádi‑
vas do outro lado, mas mais uma vez enganei-me. Os sonhos, tal como as
coincidências e os pressentimentos, são, muitas vezes, a primeira e talvez
a maneira mais delicada de os anjos se revelarem no mundo físico, para
além de serem também a forma de comunicação com menos probabili‑
dades de nos alarmar ou perturbar. Eu estava num estado de fragilidade
emocional e provavelmente foi por isso que a minha mãe escolheu os
sonhos para entrar em contacto comigo.
Por fim saí da escuridão e regressei aos meus afazeres normais. Curio‑
samente, considerando a minha desilusão por não conseguir contactar
com o outro lado, o meu fascínio pelo mundo psíquico, em vez de dimi‑
nuir, aumentou e cheguei à conclusão de que, se não conseguia ver anjos,
procuraria pessoas que conseguiam. Aprenderia com elas e elas inspi‑
rar-me-iam. Assim, comecei a juntar histórias e a falar com pessoas que
acreditavam que os anjos tinham mudado, de certo modo, as suas vidas
e à medida que fazia as minhas pesquisas e as transformava em livros
– que se foram transformando, surpreendentemente, em best-sellers – senti
uma paz e um alívio inesperados. Talvez o meu destino fosse divulgar a
palavra dos anjos, acreditar neles mesmo sem «provas». No fim de con‑
tas, a fé não é isso?
Só vários anos mais tarde, quase aos quarenta, quando começava a
compreender que não há respostas imediatas e que muitas vezes só obte‑
mos da vida aquilo de que necessitamos e não o que queremos, é que os
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Como Ver, Ouvir e Sentir os Nossos Anjos pode ou não ser lido
em conjunto com os meus outros livros, diferentes, já que relatam
histórias verdadeiras incríveis e inspiradoras de pessoas que sentiram
a intervenção divina. Este livro está dividido em seis partes, todas elas
autónomas, e pode ser lido do princípio para o fim ou do fim para o
princípio. Por isso, mergulhe à vontade na secção que mais lhe interessa
antes de ler as outras. Antes de começar, fique a saber que as terceira,
quarta e quinta partes são pontuadas por conselhos práticos sobre como
ver anjos e sugestões simples ou exercícios que o podem ajudar a atrair
o seu poder curativo, enquanto as primeira, segunda e sexta contêm
informações úteis e, espero eu, inspiradoras. Segue-se uma breve visão
global das diferentes partes:
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Thomas More
O que é um anjo?
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Segue-se uma lista das descrições mais comuns nas diferentes cultu‑
ras. É provável que uma ou mais se encaixe na sua crença:
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Seres espirituais nomeados por um poder superior para nos ajudar, guiar
e proteger nesta vida e na próxima.
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A pergunta que as pessoas me fazem vezes sem conta: como são eles,
de facto?
Os humanos debatem esta questão desde tempos imemoriais. Para
muitos, a resposta é simples: os anjos têm forma humana, asas, halo
e estão rodeados de luz; usam trajes brancos esvoaçantes, tocam harpa,
vivem em nuvens no céu e vêm à Terra guardar-nos ou guiar-nos. Muitos
de nós fomos condicionados de forma a pensar nos nossos guias celes‑
tes desta forma devido à arte religiosa, mas na verdade a sua aparência
pode assumir variadas formas e tamanhos.
Apesar de as asas aparecerem sempre e de relatos visionários de várias
fontes religiosas dizerem que certos anjos têm asas, estas nem sempre
foram um elemento essencial e em muitos relatos antigos a orienta‑
ção divina é expressa através de vozes, visões, sonhos e sensações. Na
verdade, até ao século iv, as representações artísticas de anjos não
tinham asas. Só no fim do reinado do imperador romano Constantino
(272-337 d. C.), que decretou o cristianismo como religião do estado, é
que a imagem familiar dos anjos com asas começou a aparecer com con‑
sistência na arte cristã.
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Os anjos na religião
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connosco seja qual for a nossa fé. A violência e a maldade têm devas‑
tado o mundo ao longo dos séculos em nome da religião, mas o mesmo
nunca aconteceu com os anjos. Os anjos não ofendem ninguém e as guer‑
ras não acontecem por causa deles. Os anjos não são preconceituosos,
ajudam toda a gente.
Os anjos não afectam as nossas liberdades de escolha e não nos
afastam das nossas religiões. Isto significa que, mesmo que saibam o que
é melhor para nós, não interferem, a menos que lhes demos autorização.
E quando lhes abrimos os corações, eles ajudam-nos sempre. Muitas
pessoas escrevem-me a perguntar se podem aborrecer os anjos com os
seus problemas pessoais – eles devem ter mais que fazer – e eu lembro-
-lhes que não existe limite para o tempo, amor e vontade de ajudar dos
nossos auxiliares celestes. É o «trabalho» deles, à falta de uma palavra
melhor, ajudar-nos a conseguir paz. Podemos pedir-lhes ajuda as vezes
que quisermos por meio de palavras, pensamentos ou orações. Eles
gostam. O assunto não interessa, o que eles querem é ajudar.
Como veremos a seguir, enquanto falo da sua aparência em algumas
das maiores religiões do mundo, os anjos são comuns a muitas delas.
Fundado pelos profetas Abraão e Moisés, o judaísmo emergiu há
4000 anos no Médio Oriente. No judaísmo, um anjo é um mensa‑
geiro espiritual ao serviço de Deus. Os anjos desempenham um papel
determinante no pensamento judaico, apesar de o significado exacto
da palavra ter sido sujeito a diferentes interpretações. No Velho Testa‑
mento, os anjos desempenham várias funções, incluindo a transmissão
de mensagens de Deus para os humanos e a protecção dos israelitas.
O arcanjo Miguel é o guardião do povo de Israel e nos anos mais recentes
tem havido na comunidade judaica um renovado interesse por anjos.
Na teologia cristã, os anjos são atribuídos individualmente e a
sua missão é guiar e proteger. Na fé católica são representados como
intermediários espirituais e instrumentos de comunicação entre Deus
e a humanidade. Cada pessoa tem o seu próprio anjo-da-guarda (é uma
questão de fé), que intercede por ela junto de Deus.
Na tradição islâmica, a crença nos anjos pode ter sido herdada do
judaísmo e do cristianismo. Segundo a doutrina desta religião, o profeta
Maomé é levado ao Céu por anjos, onde o arcanjo Gabriel lhe dita o que
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viria a ser a mensagem do Corão, a qual diz que os anjos são a ponte entre
o Céu e a Terra. De facto, a crença nos anjos é um dos seis pilares da fé
islâmica, na qual existe uma vasta hierarquia de anjos criados a partir da
luz. No Islão, os anjos não guiam e protegem apenas os humanos. Segundo
o profeta Maomé, «cada gota de chuva que cai é acompanhada por um
anjo porque até a chuva é uma manifestação da vontade de Deus».
O budismo baseia-se nos ensinamentos de Buda (Siddhartha
Gautama), que nasceu por volta do ano 560 a. C. Os budistas acreditam
na reincarnação, não num Deus criador. Por outras palavras, através do
renascimento, aprendemos a abdicar dos nossos desejos e ligações até
que, por fim, atingimos o nirvana ou a luz. Os bodhisattvas revelam-se
às pessoas através de formas de luz ou da meditação.
O hinduísmo teve origem há 3000 anos, talvez mesmo antes.
Os hindus acreditam num Deus universal, criador e transformador
de tudo, chamado Brama, e todas as outras divindades, como Vishnu,
o preservador, e Shiva, o destruidor, são manifestações de Brama, a rea‑
lidade externa. Brama manifesta-se no espírito humano como Atman,
ou alma. No hinduísmo não existem referências a anjos, mas existem
espíritos muito parecidos, como os devas ou «aqueles que brilham», que
podem aparecer aos humanos como emanações de luz para os ajudar nas
suas jornadas espirituais.
Nas culturas xamânicas, as aves místicas, que se parecem com anjos,
viajam entre este mundo e o outro em busca dos fragmentos da alma
das pessoas. Na tradição espiritual de muitas das primeiras nações da
América do Norte existe uma ave mitológica que transporta mensagens,
ilumina e que, por vezes, assume a forma humana. O povo Lacota
chamava wakinyan a esta criatura. Os Nootka chamavam-lhe Kw-Uhnx-
-Wa e os Kwakiult Hohoq. (Townsend, Richard F., Hero, Hawk and Open
Hand, Yale University Press, 2004.)
Nos anos de 1960 do século xx emergiu um movimento espiritual
chamado New Age, que pode ser definido como «religião após as outras»,
orientado para as espiritualidades pagãs, como a celta ou a gnóstica.
E o que é fascinante é que até neste movimento os anjos permanecem
com um papel preponderante. Podemos ler livros sobre eles nas secções
«documentais» e «mente, corpo e espírito» de várias livrarias.
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Os anjos na história
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