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Fração do Exército Vermelho

Fração do Exército Verm elho


(Grupo Baader-Meinhof)

Datas das 1970 a 1998


operações
Líder Primeira Geração
Andreas Baader
Gudrun Ensslin
Ulrike Meinhof
Horst Mahler
Segunda Geração
Siegfried Haag
Brigitte Mohnhaupt
Christian Klar
Terceira Geração
Wolfgang Grams
Birgit Hogefeld
Motivos Revolução do proletariado, resistência armada ao
Estado alemão considerado fascista
Área de Alemanha Ocidental
atividade
Ideologia Marxista-leninista, Nova Esquerda, Maoista
Principais Assaltos, assassinatos,
ações sequestros, atentados à bomba
Ataques Outono Alemão
célebres Ataque à embaixada alemã em Estocolmo
Ataque ao QG do Exército dos Estados Unidos na
Alemanha
Status Extinto desde 1998

Fração do Exército Verm elho (alemão: Rote Armee


Fraktion ou RAF), também conhecida como Grupo
Baader-Meinhof ,[1] (alemão: Baader-Meinhof-Gruppe ) foi
uma organização guerrilheira alemã de extrema-esquerda,
fundada em 1970, na antiga Alemanha Ocidental, e
dissolvida em 1998. Um dos mais proeminentes grupos
extremistas da Europa pós-Segunda Guerra Mundial, seus
integrantes se autodescreviam como um movimento de
guerrilha urbana comunista e anti-imperialista,[2] engajado
numa luta armada contra o que definiam como um "Estado
fascista".[3]

A RAF foi formada no início dos anos 70 por Andreas


Baader, Gudrun Ensslin, Ulrike Meinhof e Horst Mahler.
Durante seus 28 anos de existência, nos quais contou com
três gerações diferentes de integrantes, o popularmente
assim chamado Grupo Baader-Meinhof foi responsável por
inúmeras operações de guerrilha e atentados na Alemanha,
especialmente os cometidos no segundo semestre de
1977, já por sua segunda geração de militantes, que levou
a uma crise institucional no país conhecida como Outono
Alemão. Durante três décadas de operações, o grupo foi
responsabilizado por 34 mortes,[4] incluindo alvos
secundários como motoristas e guarda-costas, e centenas
de ferimentos em civis e militares, nacionais e estrangeiros
em território alemão, além de milhões de marcos em danos
ao patrimônio público e privado.

A organização sempre referiu-se a si própria como Fração


do Exército Vermelho. Os termos Grupo Baader-Meinhof ou
Bando Baader-Meinhof, pelos quais ficaram popularmente
conhecidos e temidos, vem da designação dada a eles pela
mídia alemã, como maneira de evitar a legitimização do
movimento como organização política verdadeira, tratando-
os apenas como uma associação criminosa comum.
Apesar de Ulrike Meinhof, uma de suas fundadoras, não ter
tido verdadeiramente uma posição de liderança intelectual
dentro da cúpula da organização, papel este exercido por
Gudrum Ensslin,[5] ela passou a ser designada como
Baader-Meinhof após o resgate de Andreas Baader da
prisão onde se encontrava, em maio de 1970, por um
comando liderado por Meinhof, já uma nacionalmente
conhecida jornalista, escritora, documentarista e militante
radical de esquerda, que a partir dali entrou na
clandestinidade e na luta armada. A organização teve três
encarnações sucessivas, a primeira consistindo de Andreas
Baader e seus associados, quase todos mortos ou presos
já na segunda metade dos anos 70; a segunda, que operou
a partir da prisão dos principais líderes e fundadores até o
fim da década, formada por ex-integrantes de grupos de
militância estudantil radical como o SPK (Sozialistisches
Patientenkollektiv), nascido na Universidade de Heidelberg
em 1970, que se juntaram aos remanescentes do grupo
original; e a terceira geração, que operou nos anos 80 e 90.

Em 28 de abril de 1998, uma carta de oito páginas,


datilografada em alemão, foi enviada à agência de notícias
Reuters, assinada com o logotipo da RAF - com a
metralhadora MP5 sobre a estrela vermelha - comunicando
o fim das atividades do grupo, depois de 28 anos de
existência como organização.[6] Em 2008, dez anos após
sua extinção, o filme alemão Der Baader Meinhof Komplex
foi lançado mundialmente - e concorreu ao Oscar[7] e ao
Globo de Ouro[8] de melhor filme em língua estrangeira -
pretendendo jogar luzes sobre o grupo e sua história para
as gerações presentes e futuras.

História
Origens
Eles vão nos matar a todos. Vocês agora
sabem o tipo de porcos contra os quais nós
estamos lutando. Esta é a geração de
Auschwitz. Você não pode dialogar com as
pessoas que criaram Auschwitz. Eles tem
armas e nós não. Nós precisamos nos
armar!
— Gudrun Ensslin, falando após a morte do
estudante Benno Ohnesorg por um policial,
durante uma manifestação estudantil em
junho de 1967, contra a visita do Xá do Irã
a Berlim.[9]

As raízes da RAF podem ser encontradas no movimento


estudantil alemão dos anos 1960. Nações industrializadas
do fim da década experimentavam o aparecimento de
movimentos culturais ortodoxos, produto do
amadurecimento da geração dos baby boomers - as
crianças nascidas depois do fim da II Guerra Mundial - da
Guerra Fria e do fim do colonialismo. Novas subculturas
como as comunas e assuntos como racismo, movimentos
feministas e anti-imperialismo, estavam na linha de frente
das preocupações das políticas de esquerda. Muitos jovens
viviam alienados de suas famílias e descrentes das
instituições do Estado.
Faixas de protesto na Berlim de 1968 contra a aprovação de leis de
emergência decretadas pelo governo.

Inicialmente centrados na crítica à instituição universitária,


os estudantes alemães da época viraram suas atenções
para eventos internacionais, como a Guerra do Vietnã, a
pobreza no Terceiro Mundo e a questão da energia nuclear.
Eles criticavam igualmente aquilo que lhes parecia ser a
relutância da sociedade alemã em confrontar-se com seu
passado nazista. Para alguns, o Estado que vigorava na
República Federal da Alemanha era uma continuação do
antigo Reich. O legado histórico do nazismo havia criado
uma fenda entre as gerações e aumentado a suspeita de
estruturas autoritárias na sociedade. Na juventude
esquerdista alemã, havia raiva com as falhas no processo
de desnazificação da Alemanha no pós-guerra, visto como
ineficiente.[10][11] O Partido Comunista alemão havia sido
posto fora da lei desde 1956.[12] Cargos eletivos e não-
eletivos da administração pública, dos mais altos a nível
nacional até pequenos cargos municipais, eram
frequentemente ocupados por ex-nazistas. Até o primeiro
chanceler da então Alemanha Ocidental, Konrad Adenauer,
tinha um antigo nazista em seu gabinete.[13] A mídia
conservadora era vista por eles como tendenciosa,
controlada por empresários como Axel Springer - dono do
tablóide sensacionalista Bild-Zeitung e do jornal Die Welt,
entre os de maior circulação na Europa - um implacável
oponente do radicalismo estudantil.

Ulrike Meinhof, co-fundadora da RAF, com cerca de 30 anos, em 1964. A


foto, de família, foi tornada de domínio público por sua filha, Bettina Röhl.

Alguns dos homens e mulheres que viriam a fundar e


exercer funções importantes na RAF já tinham
envolvimentos esquerdistas anteriores: a jornalista Ulrike
Meinhof possuía uma antiga relação com o Partido
Comunista; Holger Meins estudava cinema e era um
veterano das revoltas em Berlim, seu curta-metragem
Como Produzir um Coquetel Molotov tinha sido visto por
grandes platéias; Jan-Carl Raspe vivia em comunas há
longo tempo; Horst Mahler, já um advogado estabelecido,
era um dos líderes dos protestos e marchas contra os
jornais de Springer desde o começo e defendia causas pró-
direitos humanos.[14] Por suas próprias experiências sócio-
econômicas na vida alemã, eles logo seriam
profundamente influenciados pelo Leninismo e o Maoismo,
depois definindo-se com um grupo marxista-leninista. Uma
crítica contemporânea da visão que o Baader-Meinhof tinha
do Estado, publicada numa edição pirata do jornal francês
Le Monde diplomatique lhes atribuía um 'fetichismo do
Estado' - uma leitura obsessiva e ideologicamente errada
da dinâmica da burguesia e da natureza e do papel do
Estado nas sociedades ocidentais pós-guerra, incluída a
Alemanha Ocidental.[15]

Muitos dos pensadores radicais da época sentiam que os


legisladores alemães continuavam a criar leis autoritárias e
que a aparente aquiescência da sociedade a isso, era uma
continuidade da doutrinação que os nazistas haviam feito
sobre a população trinta anos atrás. A Alemanha Ocidental,
então já uma das economias mais ricas da Europa, estava
exportando armas para ditadores africanos e
reestruturando seu próprio rearmamento com uma ferrenha
posição pró-Estados Unidos contra o Pacto de Varsóvia.

Fatos subsequentes catalisariam a situação que causou a


formação da RAF. Em 2 de junho de 1967 o Xá do Irã,
Mohammad Reza Pahlavi, realizou uma visita oficial à
cidade de Berlim. O movimento estudantil aproveitou a
ocasião para efetuar uma manifestação de protesto contra
as violações de direitos humanos que aconteciam no Irã,
denunciando o descaso que o Xá e a sua esposa, a
imperatriz Farah Diba, demonstravam perante as classes
mais desfavorecidas de seu país. Nesta mesma noite, após
um dia inteiro de manifestações de exilados iranianos na
Alemanha, apoiados pelos estudantes, centenas de
manifestantes concentraram-se junto à Ópera de Berlim,
onde o casal real deveria comparecer a um espectáculo. A
manifestação, a princípio pacífica, desembocou em
violência entre estudantes, seguranças do Xá e a polícia,
ao fim da qual um estudante, Benno Ohnesorg, casado e
com a esposa grávida, foi morto a tiros por um policial, Karl-
Heinz Kurras, mais tarde inocentado de todas as
acusações e em 2009 exposto como antigo agente duplo
da Stasi, o serviço secreto da Alemanha Oriental.[16] Sua
morte, ao lado das manifestações contra a Guerra do
Vietnã e a percepção de que o país se tornava um estado
policial, galvanizou a juventude esquerdista alemã. Entre os
líderes dos manifestantes naquele dia, encontrava-se
Gudrun Ensslin, uma estudante de literatura alemã e
inglesa na Universidade Livre de Berlim que, indignada com
a morte de Ohnesorg, discursou aos estudantes dizendo
que 'a única forma de responder à violência seria com
violência'.[9] Até então, o monopólio da violência estatal
nunca havia sido posto em questão por oposicionistas
alemães desde 1945.
Andreas Baader, líder do Baader-Meinhof.

No começo de 1968, Gudrun, separada do marido e mãe


recente, conheceu Andreas Baader, um carismático
militante de esquerda vindo de Munique, onde tinha ficha
policial por pequenos crimes comuns, que se tornaria seu
namorado. Juntos, decidem alastrar sua contestação ao
sistema com algum ato simbólico e deixam Munique em
direção à Frankfurt, acompanhados de dois companheiros
de militância, Thorwald Proll e Horst Söhnlein. Em 2 de
abril, ateam fogo a duas lojas de departamentos da cidade,
provocando incêndios sem vítimas mas com grande
prejuízo material. Logo após os incêndios começarem,
Ensslin telefona para uma agência de notícias e comunica:
"Foi um ato de vingança política!". Dois dias depois são
presos.[17]

Por outro lado, uma semana depois, o mais conhecido


orador do movimento estudantil, Rudi Dutschke, amigo de
Gudrun mas adepto da não-violência, sofre uma tentativa
de assassinato levando um tiro no rosto no meio da rua,
dado por um estudante de extrema-direita, Josef
Bachmann, e apesar de sobreviver sofre sequelas
permanentes até sua morte anos mais tarde, depois de
ajudar a fundar o Partido Verde Alemão.[18] Os estudantes
colocam a culpa da tentativa de homicídio em Axel Springer
e nos jornais da extrema-direita, que a seu ver insuflavam
os conservadores contra Rudi, com manchetes como
"Parem Dutschke!"[19] e convergem para a sede da
Springer AD, a editora dos jornais e revistas do Springer,
fazendo uma barreira de carros na porta, impedindo a saída
e entrada de pessoas e caminhões de distribuição da
empresa e entrando em choque com a polícia. Ulrike
Meinhof está lá, anotando o que vê, junto a um de seus
jovens editores da Konkrete - Stefan Aust, mais tarde
biógrafo da RAF- a revista de esquerda para a qual
escrevia e editava, e lhe é sugerido que participe do
protesto também usando seu carro como barricada. Ulrike
ainda não está certa se quer participar efetivamente das
manifestações que ocorrem contra o Sistema mas mesmo
assim concorda em colocar seu carro como último veículo
das dezenas de automóveis que impedem o acesso à
editora. Presa, convence os policiais que é culpada apenas
de ter estacionado mal para cobrir a manifestação e é solta.
Este foi seu primeiro ato físico contra o Estado. Não seria o
último.[17] Em sua coluna na Konkret, escreve: "Se alguém
incendeia um carro, isso é um crime comum. Se alguém
incendeia centenas de carros, isso é um protesto
político".[20]
A RAF
A Segunda Guerra Mundial tinha
terminado apenas há 20 anos. Os que
comandam a polícia, as escolas, o governo,
eram as mesmas pessoas que estavam no
comando durante o nazismo. O chanceler,
Kurt Georg Kiesinger, era um ex-nazista.
As pessoas só começaram a discutir isso
nos anos 60. Nós éramos a primeira
geração nascida desde a guerra, e
estávamos fazendo perguntas aos nossos
pais. Por causa do passado nazista, tudo de
ruim era comparado ao Terceiro Reich. Se
você ouvia falar de brutalidade policial,
diziam que era igual à SS. No momento em
que você vê seu próprio país como a
continuação de um Estado fascista, você se
dá a permissão de fazer quase qualquer
coisa contra ele. Você vê as suas ações
como a resistência que seus pais não
tiveram.
—Stefan Aust, autor do livro biográfico
sobre a RAF, Der Baader Meinhof
Komplex[21]

Os quatro incendiários foram condenados a três anos de


prisão por incêndio provocado e por colocarem a vida
humana em perigo.[17] Entretanto, em junho de 1969, eles
receberam uma condicional temporária, revogada em
novembro de mesmo ano, quando foram intimados a
reapresentarem-se para cumprir o resto da pena. Dos
quatro, apenas Horst Söhnlein acatou a ordem do Tribunal
Constitucional Federal da Alemanha, enquanto Baader,
Ensslin e Thorwald Proll fugiram para Paris, onde durante
algum tempo, com a ajuda da irmã de Thorwald, Astrid Poll,
se refugiaram num apartamento de propriedade do
jornalista e revolucionário Régis Debray[22] famoso por sua
amizade com Che Guevara e por seus trabalhos teóricos
sobre a criação de focos de guerrilha urbana. Dali, eles
mudaram-se para a Itália onde foram visitados por Horst
Mahler, seu advogado no caso dos incêndios, que os
encorajou a voltarem juntos para a Alemanha e fundarem
um grupo guerrilheiro, nos mesmo moldes dos Tupamaros
no Uruguai.[23]

De volta ao país, vivendo na clandestinidade com Gudrun e


com os laços estreitados com Meinhof - a quem pediu
abrigo na própria casa e foi apresentado junto com Gudrun
às filhas pequenas dela como "tio Hans" e "prima Grete"[23]
- Andreas Baader acabou sendo novamente preso numa
batida policial portando documentos falsos em 3 de abril de
1970, quando se dirigia, com Astrid Poll, a irmã de
Thorwald, já integrante do grupo, para um suposto depósito
de armas enterrado num cemitério. Na prisão de Tegel,
Andreas foi visitado por vários membros do grupo,
disfarçados ou com a identidade própria como Ulrike
Meinhof, trabalhando com jornalista. O objetivo de Gudrun
era libertar o namorado de qualquer maneira e o plano
criado surgiu com a possibilidade levantada de Meinhof -
ainda com uma vida normal de profissional reconhecida -
conseguir um encontro dela com Baader no Instituto para
as Questões Sociais, em Berlim, um local onde presos
podiam ter acesso à biblioteca, para uma entrevista e a
confecção de um livro com Baader. Mesmo relutante, por
entender que a partir dali sua vida de mãe de duas filhas
com uma profissão estável chegaria ao fim, Meinhof
concordou com o plano. Na data marcada, 14 de maio de
1970, enquanto Baader e Meinhof encontravam-se na sala
de leitura, escoltados por guardas, um grupo formado por
Gudrun, Astrid, Ingrid Schubert,[24] Irene Goergens e Peter
Homann,[25] entrou no local armado, ocorrendo um tiroteio
no qual um dos guardas foi ferido e os outros rendidos.
Baader e o grupo fugiram pela janela da sala e Meinhof
seguiu-os, caindo na clandestinidade.

No dia seguinte, cartazes começaram a aparecer pelo país


com a fotografia de Baader e Meinhof e os jornais de Axel
Springer traziam a notícia em manchete, chamando o grupo
de Gang Baader-Meinhof, pelo qual ficariam popularmente
conhecidos. O filme Bambule, com roteiro de Meinhof,
sobre a vida de jovens mulheres num reformatório e
programado anteriormente para estrear na televisão alemã
dez dias depois da fuga, é retirado da grade de
programação.[26] Em 2 de julho, o jornal anarquista 833
publica um manifesto do grupo, que assina com o nome
oficial de Rote Armee Fraktion (Fração do Exército
Vermelho) pela primeira vez.[27]

Período 1970-1972
O Grupo Baader-Meinhof teve um apoio
popular que esquerdistas violentos dos
Estados Unidos, como o Weather
Underground, jamais conseguiram. Uma
pesquisa popular feita nos primeiros anos
de sua atividade, mostrou que 1/4 dos
alemães com menos de 40 anos tinham
simpatia por eles e 1/10 destas pessoas
confessavam que esconderiam seus
membros de fosse necessário. Quando a
RAF começou a assaltar bancos, telejornais
comparavam seus membros a Bonnie &
Clyde. Andreas, um carismático do tipo
psicopata, reforçava a imagem dizendo que
seus filmes favoritos eram Bonnie & Clyde e
A Batalha de Argel. O icônico cartaz de Che
Guevara era pendurado em sua parede,
enquanto ele pagava a um desenhista para
criar a marca da RAF, a submetralhadora
MP5 sobre a estrela vermelha.
Proeminentes intelectuais falavam da
justiça dos atos praticados pelos membros
da gangue, quando a sociedade alemã dos
anos 70 ainda era uma sociedade baseada
na culpa coletiva.
—Stefan Aust, autor da biografia Der
Baader Meinhof Komplex[21]

Depois da fuga e antes das ações armadas que


empreenderiam, Baader, Meinhof e Ennslin foram para a
Jordânia através da Alemanha Oriental, acompanhados de
outros militantes, onde participaram de treinamento de
guerrilha num campo da Frente Popular para a Libertação
da Palestina, comandados por Ali Hassan Salameh, criador
do grupo terrorista palestino Setembro Negro,[28] durante o
verão europeu de 1970. De regresso à Alemanha, eles
planejaram e realizaram assaltos conjuntos a três bancos
na mesma hora para arrecadar dinheiro e armas. Também
foram realizados ataques à bomba contra instalações
militares dos Estados Unidos, postos policiais e edifícios do
império jornalístico de Axel Springer, além da tentativa de
assassinato de um juiz. Novos recrutas uniram-se à
organização: Jan-Carl Raspe, Marianne Herzog e 'Ali'
Jansen. Num período de dois anos, o Baader-Meinhof
assaltou bancos, roubou carros, falsificou documentos,
colocou bombas no centro de Inteligência Militar do
Exército dos Estados Unidos em Frankfurt am Main, em
instalações militares em Heidelberg e em centrais de polícia
em Augsburg e Munique.[29]

Em setembro de 1970, um dos fundadores e líderes da


facção, o advogado Horst Mahler, é surpreendido numa
tocaia policial a um apartamento em Berlim com outros
integrantes do grupo e preso. No início de 1971, Ulrike
Meinhof publica clandestinamente seu livro-manifesto, O
Conceito da Guerrilha Urbana, influenciada pelo
Minimanual do Guerrilheiro Urbano, do líder comunista
brasileiro Carlos Marighella, publicado em 1969, que, entre
outros, também influenciou as táticas de guerrilhas das
Brigadas Vermelhas, na Itália.[30] A RAF continua seus
atentados durante o ano, em que vários de seus membros
são presos ou mortos. Os carros BMW roubados,
preferidos para os assaltos a bancos, passam a ser tão
identificados com a organização que os populares o
apelidam jocosamente de "B Meinhof Wagen".[31]
Baader-M
Dirigindo um destes carros, um BMW 2002, Petra Schelm,
uma das primeiras a se juntar aos líderes da RAF e com
treinamento na Jordânia, morre numa troca de tiros com
polícia em Hamburgo, com 20 anos de idade. Caçados pelo
governo e temidos pela população em geral, sua aceitação
em certos círculos da sociedade, entretanto, continuava em
alta. O Baader-Meinhof começou a ser aceito, senão
admirado, por liberais 'livres de culpas' que viam seu
suposto brio como uma crítica contracultural violenta à
'aborrecida vida burguesa alemã', e que se ressentiam da
associação de seu país com os esforços dos norte-
americanos na Guerra do Vietnã.[32] O Prêmio Nobel de
Literatura Heinrich Böll, publica uma carta na revista Der
Spiegel - a de maior circulação na Alemanha[33] - em que
critica violentamente os jornais sensacionalistas de
Springer, por afirmarem em manchetes que a RAF havia
assassinado um policial sem que houvesse qualquer indício
disso e escreve que a cobertura deste tipo de imprensa
sobre a RAF "não é mais somente cripto-fascista, nem
fascistoíde, é fascismo nu e cru, agitação, mentiras e
sujeira". A carta criou grande polêmica na sociedade, com a
revista recebendo enorme número de cartas de leitores
apoiando o texto de Pöll e o Baader-Meinhof, assim como
tantas outras criticando e demonizando o grupo. Com a
descoberta posterior de que a RAF havia realmente
assassinado o policial, o escritor ficaria para sempre
marcado como um simpatizante de terroristas.[34]

O clube dos oficiais do QG do Exército dos Estados Unidos na Alemanha


depois do atentado do Baader-Meinhof em 1972.

Em maio de 1972, a RAF comete alguns de seus mais


sangrentos atentados: em Frankfurt, Baader, Ensslin, Jan-
Carl Raspe e Holger Meins, auto-denominando-se
'Comando Petra Schelm', colocam três bombas de efeito
retardado no edifício central do QG do Exército dos
Estados Unidos na Alemanha. As bombas destroem o lugar
e matam um tenente-coronel norte-americano,
condecorado no Vietnã. Assumindo a responsabilidade, o
Baader-Meinhof emite um comunicado exigindo a fim da
colocação de minas pelos Estados Unidos nos portos do
Vietnã do Norte.[34] No dia seguinte, Angela Luther e
Irmgard Möller colocam duas bombas de retardo dentro da
central de polícia de Augsburg deixando cinco policiais
feridos.[34] Um carro-bomba é deixado por Baader no
estacionamento do Departamento Nacional de
Investigações Criminais em Munique e explode destruindo
60 veículos. Por seu lado, Ulrike Meinhof, acompanhada de
três militantes - entre eles a estudante secundária Ilse
Stachowiak, que se juntou à RAF com apenas 16 anos,[35]
coloca seis bombas escondidas em mochilas nos
escritórios da editora Springer em Hamburgo. Apesar de
serem avisados com antecedência por telefone para
deixarem o prédio, as telefonistas não levam a sério a
ameaça. Três delas explodem e 17 funcionários da editora
são feridos. No dia 24 de maio, as mesmas Möller e Luther
que bombardearam a delegacia de Augsburg dias antes,
deixam 25 quilos de explosivos dentro de um carro no
estacionamento do Comando Europeu Supremo do
Exército dos Estados Unidos em Heidelberg. O carro
explode, destrói a parede externa do clube dos oficiais e
mata três militares instantaneamente, um deles cortado ao
meio pela força da explosão. Dois dias depois, o Baader-
Meinhof distribui um comunicado assumindo o atentado em
'resposta aos bombardeios norte-americanos no Vietnã'.[34]
A caçada humana realizada pela polícia alemã finalmente
consegue resultados no mês seguinte, quando toda a
direção e os principais militantes da RAF são presos em um
espaço de quinze dias:

1 de junho - Em Frankfurt, depois de alertada por


moradores da vizinhança de que uma garagem contém
explosivos e tem um movimento suspeito, a polícia vigia
a área e surpreende Andreas Baader, Jan-Carl Raspe e
Holgen Meins ao chegarem. Notando a presença de
policiais, Baader começa um tiroteio. Raspe é preso
imediatamente no estacionamento. Meins e Baader
escondem-se na garagem por horas onde são atingidos
por gás lacrimogênio e Baader é ferido na perna. Os dois
são capturados perante as câmeras de televisão que
chegaram ao local atraídas pelo cerco. Em 8 de junho,
em Hamburgo, quase fora de si pela dor da prisão de
Baader, Gudrun Ensslin entra numa loja para comprar
roupas. Enquanto as experimenta no provador, uma das
vendedoras, ao arrumar seu casaco do lado de fora, nota
uma pistola nele e chama a polícia. Ela é presa no local.
Em 9 de junho, Brigitte Mohnhaupt, uma das mais ativas
integrantes da RAF e que lideraria a 'segunda geração'
da organização, é presa com um companheiro em
Berlim. Em Hannover, 15 de junho, Ulrike Meinholf e
outro militante, Gerhard Müller, encontram-se
hospedados por alguns dias na casa de uma amiga de
um dos contatos de Meinhof, que não sabe de quem se
tratam mas desconfia do casal e resolve avisar a polícia.
A polícia cerca o edifício e prende Muller quando ele sai
para telefonar. Depois bate na porta e Meinhof atende. A
última integrante da direção da Fração do Exército
Vermelho em liberdade é presa.[34]

Período 1972-1976

A prisão de Stammheim, em Stuttgart, onde a partir de 1974 ficaram


confinados todos os principais dirigentes da RAF até sua morte em 1977.

Em princípio aprisionados em locais diferentes da


Alemanha, quase todos em celas de isolamento total como
Ulrike Meinhof, que passou oito meses sem contato com
ninguém do mundo exterior na prisão de Ossendorf, em
Colônia, a partir de 1974 os principais líderes do grupo
foram todos encarcerados na mesma prisão, o presídio de
segurança máxima de Stammheim, em Stuttgart. Nesta
prisão fora construída especialmente uma ala para abrigar
os membros do grupo Baader-Meinhof, ligada a um anexo
onde também foram construídas as instalações de um
tribunal, ao custo de milhões de marcos, de maneira que
eles não precisassem ser removidos do presídio durante as
audiências de seu julgamento. Para protestar contra as
condições da prisão e o confinamento em isolamento a que
foram submetidos - que chegou a provocar protestos da
Anistia Internacional contra o governo alemão[36] - antes e
depois de Stammheim os presos fizeram várias greves de
fome, sendo eventualmente alimentados à força -
amarrados a mesas e com tubos enfiados na garganta[37] -
e, numa delas, Holger Meins morreu, pesando menos de 40
quilos, em 9 de novembro de 1974, em sua cela na prisão
de Wittlich.[38] Os protestos públicos resultantes disso
levaram as autoridades a afrouxarem as condições em
Stammheim, permitindo um maior contato entre os presos.
Pouco depois de sua morte, por insistência de Meinhof, o
governo permite que o escritor e pensador francês Jean-
Paul Sartre visite e entreviste Andreas Baader na prisão.[39]
O motorista e intérprete de Sartre é Hans Joachim Klein,
que em dezembro de 1975 tomará parte no sequestro dos
ministros da OPEP, em Viena, integrando o grupo
guerrilheiro de Carlos, o Chacal.[40] No dia 28 de novembro,
Ulrike Meinhof é sentenciada a oito anos de prisão por sua
participação na libertação de Baader, em maio de 1970, e
em janeiro do ano seguinte o Legislativo promulga leis de
exceção, as "Leis Baader-Meinhof", entre elas a que
permite que os juízes impeçam que advogados que tenham
qualquer ligação com a organização possam atuar na
defesa de seus integrantes, e as que permitem que os
julgamentos continuem independentemente da ausência no
tribunal de qualquer deles.[36]
A embaixada alemã em Estocolmo (foto de 2008).

Foi neste período que a assim chamada segunda geração


da RAF começou a emergir, depois da reorganização da
facção feita pelo advogado e simpatizante Siegfried
Haag,[41] entre os sobreviventes em liberdade com
integrantes de outros grupos simpatizantes da RAF. Em
fevereiro de 1975, um grupo sequestra o candidato a
prefeito de Berlim Ocidental Peter Lorenz,[42] três dias
antes das eleições e exige a libertação de seis prisioneiros,
inclusive o fundador Horst Mahler, o que está há mais
tempo preso entre os ex-dirigentes da organização. Mahler,
já com suas convicções mudadas sobre o papel da RAF na
luta contra o Estado, declina da oferta mas os outros,
nenhum deles acusado por crimes de sangue, são
libertados pelo governo e enviados a Aden, no Iémen.
Lorenz é libertado no dia seguinte.[41]

Em 24 de abril de 1975, um grupo de seis militantes da


RAF, escolhidos por Haag e comandados por Siegfried
Hausner, de 23 anos, invade a embaixada alemã-ocidental
em Estocolmo, e faz onze reféns, entre eles o embaixador
alemão. Pelo resgate dos reféns, o grupo exige a libertação
de todos os líderes do Baader-Minhof presos em
Stammheim, além de outros militantes. Desta vez o
governo alemão não se mostra disposto a negociar, o que
faz com que os guerrilheiros matem dois reféns, o adido
militar e o adido econômico. Com a embaixada toda minada
pelos invasores, durante a noite, acidentalmente, uma
carga de TNT explode, matando um terrorista, e na
confusão que se segue a polícia sueca invade o prédio e
liberta os reféns, prendendo os sequestradores.[41] No dia
21 de maio, começa o julgamento - que seria o mais longo
da história da Alemanha Ocidental - de Andreas Baader,
Gudrun Ensslin, Ulrike Meinhoff e Jan-Carl Raspe, todos
presos em Stammheim.

A morte de Ulrike Meinh of

A lápide da sepultura de Meinhof no cemitério de Berlim.

Em 9 de maio de 1976, ainda durante o período de


julgamento e quando se festejava o Dia das Mães na
Alemanha, Ulrike Meinhof foi encontrada morta em sua
cela, enforcada com uma corda improvisada de uma toalha.
A investigação oficial concluiu que se tratara de suicídio,
laudo contestado por acusações públicas de que a
jornalista havia sido assassinada. Massivas demonstrações
de protesto de esquerdistas ocorreram por todo o país e
bombas explodem em Nice e Paris, na França e na base da
Força Aérea dos Estados Unidos em Frankfurt.[43] Nos
últimos tempos em que esteve presa, entretanto, Ulrike
estava deprimida por conflitos internos com os outros
integrantes da organização, que a relegaram ao ostracismo
no grupo.[44] Apesar disso, Jan-Carl Raspe declarou de
público em corte, que eles acreditavam que ela havia sido
assassinada e que as difíceis relações entre ela e Baader-
Ensslin na prisão, não eram qualquer evidência de que ela
quisesse se suicidar.[43]

Ulrike foi enterrada em Berlim, entre milhares de


simpatizantes e discursos de intelectuais de esquerda. O
poeta Erich Fried enviou para as cerimônias do funeral um
telegrama chamando-a de "a maior mulher da Alemanha
desde Rosa Luxemburgo".[45] Algumas décadas após sua
morte veio à tona a notícia de que seu cérebro fora retirado
pelos patologistas antes do enterro, sem conhecimento da
família, e conservado durante vinte e seis anos em formol
para estudos num hospital de Magdeburg.[46] Sua filha, a
jornalista Bettina Röhl, moveu uma ação contra o Estado e
o cérebro foi enterrado na sepultura junto com os restos de
Ulrike em 2002.[47]

Outono Alemão

Após a morte de Meinhof, algumas das integrantes do


Baader-Meinhof foram transferidas para a prisão de
Stammheim, entre elas Brigitte Mohnhaupt e Irmgard
Möller. Monhaupt, presa desde junho de 1972, é libertada
em fevereiro de 1977, após cumprir quase cinco anos da
sentença por porte ilegal de armas, falsificação de
documentos e associação criminosa. Treinada por Baader e
Ensslin para assumir a liderança da RAF em liberdade,
depois da prisão de Siegfried Haag em fins de 1976,[48] ela
imediatamente volta à clandestinidade, e passa a comandar
a segunda geração de militantes, com o objetivo de realizar
ações para libertar seus companheiros. As ações deste
grupo, principalmente durante a segunda metade de 1977,
ficariam conhecidas na história da Alemanha Ocidental
como Outono Alemão, quando sequestros e assassinatos
em série levaram a uma crise sem precedentes no país.

Hanns-Martin Schleyer, sequestrado e morto pela RAF durante o Outono


Alemão.

Finalmente, em 28 de abril de 1977, depois de 192 dias de


julgamento e a um custo de quinze milhões de dólares,
Andreas Baader, Gudrum Ensslin e Jan-Carl Raspe são
declarados culpados de quatro assassinatos, trinta
tentativas de homicídio e de formação de organização
terrorista, sendo conjuntamente sentenciados à prisão
perpétua.[49] Três semanas antes, uma dupla da RAF, em
uma motocicleta, emboscou e matou o procurador-geral da
República Federal da Alemanha, Siegfried Buback, numa
avenida da cidade de Karlsruhe, em Baden-Württemberg,
perto da fronteira francesa.[50] O atentado abriu uma série
de crimes da RAF, e foi seguido da tentativa de sequestro e
do assassinato do presidente do Dresdner Bank, Jürgen
Ponto, em sua villa ao norte de Frankfurt, concebido e
perpretado por Monhaupt, Christian Klar e Susanne
Albrecht, uma integrante da RAF amiga da família Ponto e
afilhada do banqueiro.[51]

Em 5 de setembro, o mais importante homem de negócios


e símbolo do capitalismo alemão,[52] Hanns-Martin
Schleyer, presidente da Federação de Empregadores da
Alemanha e da Confederação das Indústrias alemã, foi
sequestrado num atentado sangrento em Colônia, no qual
seus guarda-costas e seu motorista foram metralhados pelo
comando do Baader-Meinhof,[53] integrado entre outros por
Peter-Jürgen Boock e Sieglinde Hofmann. Schleyer, um ex-
nazista e ex-oficial da SS que após a guerra galgou a
hierarquia econômica e social do país até se tornar um dos
homens mais importantes da Alemanha e um símbolo da
continuidade entre o Terceiro Reich e a estrutura do poder
na Alemanha pós-guerra,[52] era um dos alvos da esquerda
alemã em seus protestos e críticas desde a década
anterior. Uma carta dos sequestradores foi divulgada, na
qual a libertação de onze presos políticos era exigida em
troca de sua vida, entre eles, todos os líderes da RAF. Seu
sequestro provocou uma grande crise no governo e um
comitê de emergência foi formado pelo chanceler Helmut
Schmidt em Bonn, de maneira a criar táticas para alongar
as negociações, permitindo que a polícia tivesse tempo de
localizar o cativeiro de Schleyer.

Enquanto isso acontecia, os presos de Stammheim eram


submetidos a um completo isolamento em suas celas, com
o contato mútuo proibido e recebendo visitas apenas de
funcionários do governo e do capelão da prisão.

Os integrantes do grupo antiterrorista alemão GSG 9 chegam à Alemanha


após libertarem os reféns do voo 181 da Lufthansa em Mogadíscio.

A crise arrastava-se há mais de um mês, sem o governo


ceder e com Schleyer sendo levado em cativeiro para
países diferentes, quando, no dia 13 de outubro, o Boeing
737 que fazia o voo 181 da Lufthansa entre Palma de
Maiorca, na Espanha, e Frankfurt, na Alemanha, é
sequestrado com mais de 90 pessoas a bordo.[49] O
sequestro, levado a cabo por quatro membros da Frente
Popular para a Libertação da Palestina, em cooperação
com os integrantes da RAF que capturaram Schleyer, foi
realizado para reforçar a exigência pela libertação dos
presos alemães, mais a libertação de dois terroristas
palestinos presos na Turquia e quinze milhões de dólares.

Durante quatro dias, o mundo e os líderes da RAF, em suas


celas de Stuttgart, acompanharam a rota do avião
sequestrado, desviado primeiro para Roma, depois Chipre,
Bahrain, Dubai, Aden, no Iémen, onde o piloto da aeronave,
Jürgen Schumann, foi assassinado em 16 de outubro[49] e
finalmente pousando em Mogadíscio, na capital da
Somália, pilotado pelo co-piloto Jürgen Vietor e onde o
corpo de Schumann foi jogado na pista. Enquanto isso
acontecia, Baader, Gudrun Ensslin e demais prisioneiros
em Stammheim, completamente isolados em suas celas
por um anteparo de madeira colado às portas que vedava
qualquer ruído vindo do exterior, acompanhavam a
evolução do sequestro pelo rádio, num sistema criado por
Baader usando a fiação da tomada da cela.[49]

Na noite de 17 de outubro de 1977, o comando


antiterrorista GSG 9, grupo de elite da polícia federal
alemã, levado em segredo até a Somália enquanto as
negociações se desenrolavam, invade o avião sequestrado,
mata três dos quatro palestinos e liberta todos os
passageiros e tripulantes.
A "Noite da Morte"

Imagem da ala das celas dos prisioneiros do Baader-Meinhof na prisão de


Stammheim. À esquerda, o anteparo móvel de madeira colocado nas
portas das celas para impedir qualquer som do mundo exterior durante o
sequestro do avião da Lufthansa e na 'Noite da Morte'.

O que acontece nas horas posteriores em Stammheim é


motivo de controvérsia até os dias de hoje e ficou
conhecido como A Noite da Morte.[54] Na manhã seguinte
ao fim do sequestro da Lufthansa, a guarda da prisão abre
as celas dos presos e encontra Andreas Baader morto com
um tiro, Gudrun Ensslin enforcada, Jan-Carl Raspe
agonizando também com um tiro - morreria no hospital - e
Irmgard Möller seriamente ferida com quatro facadas no
peito e no pescoço. A versão oficial do governo é suicídio
coletivo. O comunicado suscita uma série de protestos e
acusações de assassinato por parte do Estado, na medida
em que dúvidas surgem quanto ao fato de Baader ter sido
morto com um tiro na nuca e não haver impressões digitais
na arma, Rasper não ter vestígio de pólvora nas mãos[55] e
Möller ter conseguido dar quatro facadas profundas em si
mesmo antes de desmaiar. Ela, que foi a única
sobrevivente e passou meses em solitária vigiada vinte e
quatro horas por dia com guardas na cela após o incidente,
sem poder comunicar-se com o mundo exterior, passou os
anos seguintes afirmando que todos tinham sido dopados e
assassinados.[56]

Horas depois de saberem das notícias de Mogadíscio e de


Stammheim, dois dos sequestradores de Hanns-Martin
Schleyer, Rolf Heissler e Stefan Wisniewski, o retiraram do
cativeiro, na Bélgica, o assassinaram a tiros em algum
lugar perto da fronteira francesa e deixaram seu corpo no
porta-malas de um carro na cidade de Mulhouse. O
comunicado em que anunciavam a morte do empresário,
enviado ao jornal francês Libération, dizia: "Após 43 dias,
acabamos com a existência corrupta e patética de Hanns
Martin Schleyer.... A luta apenas começou. Liberdade por
meio da luta armada antiimperialista."[53]

A morte de Schleyer e dos líderes do Baader-Meinhof


encerrou o Outono Alemão e a escalada de atentados em
larga escala da RAF, mas uma terceira geração de
militantes continuaria a desafiar, ainda que
esporadicamente, o Estado alemão por mais duas décadas.

A terceira geração

Ainda em liberdade após as mortes de Stammheim, Brigitte


Mohnhaupt, Sieglinde Hofmann, Rolf Clemens Wagner e
Peter-Jürgen Boock, todos envolvidos nas mortes de Ponto
e Schleyer, fogem para a Iugoslávia e são presos em
Zagreb, em maio de 1978. Com o governo alemão se nega
a trocá-los por fugitivos croatas asilados no país com o
governo de Tito, são novamente postos em liberdade e
desaparecem.[57] Em junho de 1979, Clemens lidera a
tentativa de assassinato do general norte-americano
Alexander Haig, ex-Chefe de Gabinete da Casa Branca no
segundo mandato de Richard Nixon e então comandante
da OTAN.[58] Em agosto de 1981, um carro-bomba
colocado pela RAF explode no estacionamento da Base
Aérea de Ramstein, na Renânia-Palatinado e em setembro,
outros militantes, denominando-se Comando Gudrun
Ensslin e liderados por Christian Klar e Mohnhaupt, se
envolvem na tentativa de assassinato de outro general,
Frederick Kroesen, comandante das forças norte-
americanas na Alemanha, ferido num atentado contra sua
limusine blindada por um foguete antitanque nas ruas de
Heidelberg, em Baden-Württemberg.[59]

Mohnhaupt e Klar são finalmente presos em 1982, mas


uma nova geração de militantes continua a cometer
assassinatos e atentados pela Alemanha em nome da RAF.
Um carro-bomba explode na Base Aérea de Rhein-Main,
próxima da Frankfurt, em 1985, matando duas pessoas e
ferindo outras vinte, num atentado comandado por uma
nova integrante, Birgit Hogefeld, que na véspera, junto com
Eva Hause, havia sequestrado e assassinado um soldado
da base para roubar o cartão de identidade que permitia a
entrada nela.[60]

O colapso da União Soviética ao final da década de 1980


provocou uma grande implosão entre os grupos extremistas
de esquerda - após a reunificação alemã em 1990,
documentos foram descobertos confirmando que o Grupo
Baader-Meinhof recebeu apoio financeiro e logístico da
Stasi, o serviço de segurança da Alemanha Oriental, que
forneceu abrigo e novas identidades a membros do grupo
escondidos no lado leste.[61] Mesmo assim a RAF continua
a atuar. O presidente da Siemens, Karl Heinz Beckurts, e
seu motorista, são assassinados num atentado com um
carro-bomba. Em novembro de 1989, o presidente do
Deutsche Bank, Alfred Herrhausen, morre quando seu
carro blindado explode, ao cruzar uma fotocélula
infravermelha no caminho para o trabalho, um atentado
com uma bomba de fabricação sofisticada, colocada no
bagageiro de uma bicicleta encostada em determinado
lugar da rua a ser percorrida por ele e seus carros de
escolta.[62] Seus assassinos nunca foram devidamente
identificados, mas as suspeitas caem sobre Wolfgang
Grams e Andrea Klump, dois guerrilheiros da terceira
geração da RAF. Em 1 de abril de 1991, o líder da
Treuhandanstalt, órgão responsável pela privatização da
economia estatal da ex-Alemanha Oriental, é morto a
tiros.[63]

Em 1992, o governo alemão avaliou que o principal


empenho da RAF na ocasião era o de realizar ações para
conseguir a libertação de ex-companheiros. Em vista disso,
para enfraquecê-la, através do ministro da Justiça,
anunciou publicamente estar pronto para a reconciliação e
que alguns dos presos da organização poderiam ser
libertados, caso a guerrilha se abstivesse de ações
violentas no futuro. Posteriormente a este passo do
governo, a RAF anunciou, através de um comunicado à
agência France-Press, uma diminuição na escalada de
atentados e de 'renúncia a atividades significativas contra
líderes da indústria e do governo'.[64]

A plataforma da estação de trem de Bad Kleinen, local do último


enfrentamento armado da RAF com a polícia alemã, em 1993, que causou
a morte de seu último líder, Wolfgang Grams.

Sua última ação de vulto aconteceu em março de 1993,


quando uma prisão em final de construção em Weiterstadt,
no estado de Hesse, foi quase totalmente destruída por
bombas colocadas em suas fundações. Cobertos por
máscaras, armados com pistolas e carregando explosivos,
membros da organização autodenominados Kommando
Katharina Hammerschmidt invadiram as instalações do
moderno presídio em fase final de construção, algemaram
dez pessoas que se encontravam no edifício numa grande
van no estacionamento e colocaram 200 quilos de TNT
entre as fundações. Pela madrugada, cinco explosões
transformaram o mais moderno presídio da Alemanha em
ruínas, sem vítimas mas com um prejuízo de 100 milhões
de marcos, o maior da história do terrorismo na República
Federal da Alemanha.[64]

Esta ação levou à caça da principal suspeita de liderar o


grupo, Birgit Hogefeld, e à última e controversa operação
da polícia antiterror alemã contra membros da RAF.
Atraídos a um emboscada, por um informante infiltrado no
grupo pela polícia, na pequena cidade de Bad Kleinen, no
norte da Alemanha, Hogefeld e seu namorado e co-líder
Wolfgang Grams, um dos principais suspeitos da morte do
presidente do Deutsche Bank quatro anos antes[65] são
surpreendidos por comandos do GSG 9 na estação
ferroviária do lugar, em 27 de junho de 1993.[66]

Na ação que se seguiu, Hogefeld é presa e Grams reage a


tiros ao cerco, matando um dos homens do GSG 9, Michael
Newrzella. Pouco depois, aparece morto com um tiro, caído
na linha do trem. As condições de sua morte são
controversas. A conclusão do Ministério Público após o
incidente, foi de que, cercado na plataforma, Grams
suicidou-se com um tiro na cabeça antes de despencar nos
trilhos. Durante os anos seguintes, entretanto, a esquerda
da opinião pública, da intelectualidade e da imprensa alemã
sempre acusou a polícia de execução a sangue-frio, de um
Grams amarrado e desarmado, mesmo depois de
capturado, fato este corroborado por testemunhas oculares
da ação,[67] em depoimento dado à revista Der Spiegel. O
incidente e as acusações de tentativa de encobrimento de
um assassinato pelo Estado, além das críticas com relação
à eficiência da operação policial em si feitas dentro do
próprio governo, causou a renúncia do ministro do Interior e
foi considerado um dos maiores escândalos políticos da
RFA.[68]

Durante cinco anos, após a morte de Grams e a prisão de


Hogefeld, a RAF desapareceu dos noticiários e nenhum
outro ato de violência foi cometido em seu nome. Em 20 de
abril de 1998, uma carta de oito páginas assinada com a
logomarca da organização foi enviada por fax à agência
Reuters, declarando em um de seus pontos:

“ Vor fast 28 Jahren, am 14. Mai 1970, entstand in


einer Befreiungsaktion die RAF. Heute beenden wir
dieses Projekt. Die Stadtguerilla in Form der RAF ist
nun Geschichte.[64] / Quase 28 anos atrás, em 14 de
maio de 1970, a RAF surgiu com uma campanha de
libertação. Hoje este projeto foi encerrado. A
guerrilha urbana em forma da RAF agora é história. ”

Principais membros da RAF/Grupo Baader-


Meinhof
Primeira Geração

Andreas Baader - Fundador, líder e principal teórico


anticapitalista e marxista da RAF, foi um dos poucos
membros que não frequentaram uma universidade,
abandonando os estudos no curso secundário.[69] Preso
em maio de 1970, após desaparecer depois de conseguir
liberdade condicional em uma condenação por incêndios
causados a lojas de departamentos no ano anterior, foi
libertado dias depois por um comando liderado pela
jornalista e integrante do bando Ulrike Meinhof,[34] o que
resultou no nome popular pelo qual ficariam conhecidos,
Grupo Baader-Meinhof, dado pela imprensa alemã.
Treinado em guerrilha na Jordânia pela OLP após a
libertação, esteve envolvido em roubos de banco,
assassinatos e incêndios premeditados. Preso
novamente após um tiroteio em Frankfurt, em junho de
1972,[70] morreu numa cela da prisão de Stammheim, em
Stuttgart, em outubro de 1977, onde cumpria pena de
prisão perpétua, tendo o suicídio como causa oficial dada
pelas autoridades. O laudo é controverso até hoje, pois
Baader foi encontrado morto com um tiro de pistola na
nuca, dentro do isolamento de uma prisão de segurança
máxima.[55]

Gudrun Ensslin - Formada em literatura inglesa,


alemã e Educação pela Universidade de Tübingen,
foi co-fundadora da RAF e a principal influência na
politização de Andreas Baader, de quem foi namorada.
Considerada a referência intelectual do Baader-
Meinhof,[5] foi presa pela primeira vez em 1968, após
provocar incêndios com Baader e Thorwald Proll, numa
época em que a RAF ainda não tinha sido oficialmente
formada, sendo libertada em condicional e entrando na
clandestinidade em seguida.[22] Presa novamente em
maio de 1972, foi condenada à prisão perpétua por
participação em cinco atentados à bomba que resultaram
em quatro mortes. Morreu junto com Baader na noite de
17/18 de outubro de 1977, na chamada Noite da Morte
da Prisão de Stammheim, onde cumpria a pena em
isolamento. Sua morte, dada como suicídio por
enforcamento, é controversa, assim como a de outros
integrantes do grupo mortos na mesma noite.[55]

Ulrike Meinhof - Conhecida jornalista de publicações


de esquerda na Alemanha Ocidental dos anos 60,
largou a profissão para entrar na clandestinidade e
participar da guerrilha armada marxista junto com
Andreas Baader e Gudrum Ensslin, de quem se tornara
admiradora depois de seus primeiros atos de protesto
contra a sociedade alemã da época. Uma das
fundadoras do grupo, não tinha, entretanto, grande
projeção em sua direção, tornando-se mais famosa por
ter tido seu nome associado ao de Baader, na maneira
como o grupo passou a ser chamado pela imprensa,
após liderar um comando que o libertou da prisão em
maio de 1970.[23] Presa com os demais integrantes da
direção do Baader-Meinhof em 1972, envolvida em roubo
de carros, bancos e incêndios de propriedades públicas e
privadas, acusada de assassinatos, sequestros e
formação de associação criminosa, foi condenada
inicialmente a oito anos de prisão pela participação na
libertação de Baader.[39] Enquanto aguardava julgamento
por outras acusações, morreu por enforcamento na
prisão de Stammheim, em maio de 1976.[43] A causa
oficial da morte, suicídio, é considerada controversa até
hoje, assim como as de seus demais companheiros, um
ano depois.

Jan-Carl Raspe - Um dos primeiros integrantes e


líderes do grupo, viveu em Berlim Oriental até a
adolescência, quando passou para a Alemanha Ocidental
durante a construção do Muro de Berlim, em 1961.
Formado em sociologia, juntou-se aos fundadores da
RAF em 1970,[23] tornando-se um de seus líderes. Preso
com Baader e Holger Meins em junho de 1972, foi
condenado à prisão perpétua por participação em
assassinatos, roubos e atos de terrorismo contra o
Estado. Preso em cela de isolamento da prisão de
segurança máxima de Stammheim, Stuttgart, onde se
encontravam cumprindo pena também todos os
principais líderes do grupo, morreu com um tiro na noite
de 17/18 de outubro de 1977, na mesma data de outros
companheiros de prisão. A causa oficial de sua morte,
suicídio, é dada como controversa até hoje.[55]

Horst Mahler - advogado de ideologia política


radical de esquerda, maoísta e um dos quatro
fundadores da RAF, junto com Baader, Meinhof e
Ensslin.[71] Defensor de Andreas Baader e Gudrun
Ensslin em corte, das acusações de incêndios criminosos
em 1968, juntou-se à dupla vendo a oportunidade de
transformar suas ideias marxistas de teoria em prática
através da guerrilha urbana, nos moldes dos Tupamaros
uruguaios.[22] Organizador de vários dos assaltos
cometidos pela RAF em seu início, foi o idealizador da
expedição que levou à Jordânia alguns integrantes do
grupo para treinamento prático em guerrilha, em 1970.
Preso no final daquele ano, foi condenado a quatorze
anos de prisão,[71] durante os quais reviu suas crenças e
passou a renegar o papel do Baader-Meinhof, redigindo
inclusive um manifesto aos outros integrantes. Expulso
do grupo que ajudou a fundar pelos outros membros, foi
libertado nos anos 80 e obteve permissão para voltar a
praticar a advocacia. A partir daí, mudou radicalmente
sua visão da sociedade e tornou-se interessado no
neonazismo e em ideias de extrema-direita.[72]

Holger Meins - Estudante de cinematografia em


Berlim, juntou-se aos fundadores da RAF em 1970,
tornando-se um dos líderes e principal idealizador de
métodos de atentados. Preso em junho de 1972 com
Baader e Raspe em Frankfurt, comandou uma greve de
fome durante sua prisão em Wittlich, em protesto contra
o tratamento dispensado a eles pelas autoridades
alemãs. Morreu de inanição em novembro de 1974,
pesando apenas 39 quilos para seu 1,83 metros de
altura.[73] Sua morte deflagrou diversas marchas de
protestos violentos pela Europa e o comando da RAF
que invadiu a embaixada alemã em Estocolmo seis
meses depois foi batizado com seu nome.[74]

Irmgard Möller - Estudante de literatura alemã, foi uma


das primeiras integrantes da RAF. Participante de
atentados à bomba em centrais de polícia e ao quartel-
general da Inteligência Militar do Exército dos Estados
Unidos em Heidelberg, que matou três militares norte-
americanos, foi presa em julho de 1972 e encarcerada na
prisão de segurança máxima de Stammheim tempos
depois, junto a outros integrantes do grupo. Na noite de
17/18 de outubro de 1977, de acordo com fontes oficiais,
tentou suicidar-se com quatro facadas no peito em sua
cela, ao mesmo tempo em que três de seus outros
companheiros morriam em celas diferentes, no que
tornou-se conhecida como a Noite da Morte na prisão de
Stammheim.[54] Möller, que através dos anos sempre
afirmou ter sido esfaqueada pelos guardas e que seus
companheiros foram assassinados em represália ao
sequestro do voo 181 da Lufthansa em Mogadíscio, foi a
única sobrevivente dos eventos ocorridos nesta noite e
cumpriu pena até 1994. Libertada aos quarenta e sete
anos, doente e sendo a mais antiga presa feminina da
Alemanha,[75] hoje vive anonimamente.

Thorwald Proll - Escritor e ativista do movimento


estudantil alemão nos anos 60, Proll incendiou, junto com
Andreas Baader, Horst Söhnlein e Gudrun Ensslin, duas
lojas de departamentos em Frankfurt, em fins de 1968,
em protesto contra a Guerra do Vietnã.[76] Condenado a
três anos de prisão, fugiu após ser posto em liberdade
condicional provisória e refugiou-se em Paris,
hospedando-se por um tempo na casa do jornalista
marxista Régis Debray.[77] Sua irmã, Astrid, apresentada
por ele a Baader, se tornaria uma proeminente integrante
do Baader-Meinhof. Em fins de 1970 separou-se dos
companheiros e decidiu entregar-se às autoridades
alemães. Foi solto em outubro de 1971 e hoje vive em
Hamburgo.

Astrid Proll - Apresentada aos fundadores do Baader-


Meinhof por seu irmão mais velho, Astrid participou de
roubos de automóveis e assaltos a bancos, e foi uma das
mulheres que resgataram Andreas Baader da prisão em
maio de 1970. Presa em maio de 1971 e colocada em
cela com isolamento acústico, foi transferida para um
sanatório por questões de saúde, de onde conseguiu
escapar, desaparecendo na clandestinidade. Fugiu para
Londres onde casou-se, conseguiu identidade com novo
nome e trabalhou em empregos variados, escondendo
seu passado na RAF, até ser descoberta e presa pelo
departamento de segurança nacional da polícia londrina
em 1978. Depois de lutar quase um ano contra a
extradição, voltou voluntariamente para a Alemanha no
ano seguinte. Condenada por roubo e falsificação de
documentos, foi solta em pouco tempo por já ter
cumprido pena antes no país e depois na Inglaterra.
Afastando-se da RAF, passou a trabalhar com edição de
fotografia.[78]

Ingrid Schubert - Uma das mais atuantes


integrantes do grupo, participou da libertação de
Baader em 1970 e de vários assaltos a banco.[79] Presa
num esconderijo da RAF, numa armadilha da polícia
alemã, foi condenada a seis anos de prisão por sua
participação nas atividades do grupo.[80] Depois da morte
de Ulrike Meinhof em 1976, Schubert foi enviada para a
prisão de Stammheim, para fazer companhia a Gudrum
Ensslin, profundamente deprimida com a morte da
companheira. Com a morte posterior, em outubro de
1977, de três integrantes do Baader-Meinhof em
Stammheim (Baader, Ensslin e Raspe), foi novamente
transferida, desta vez para a prisão de Stadelheim, em
Munique, onde no passado Adolf Hitler[81] e Ernst
Rohm[82] estiveram encarcerados. Separada dos demais
companheiros presos e em isolamento, duas semanas
depois de sua chegada foi encontrada enforcada na
cela.[49]

Monika Berberich - Funcionária do escritório de


advocacia de Horst Mahler, um dos fundadores da RAF,
juntou-se ao grupo em 1970 e participou de várias ações
armadas, ajudando a libertar Baader em maio de 1970.
Fez parte do grupo que recebeu treinamento de guerrilha
na Jordânia e ajudou na estrutura logística militar da
RAF. Presa em outubro de 1970 e condenada a quatorze
anos de prisão por associação criminosa e assaltos a
mão armada,[83] escapou em 1976 da prisão feminina em
Berlim junto com outros membros de facções terroristas
aliadas, mas foi presa novamente duas semanas depois,
sendo condenada a mais quatro anos.[84] Libertada em
1988, continuou com suas posições extremistas contra a
sociedade capitalista alemã em discursos e entrevistas.
Hoje vive em Frankfurt am Main e escreve para
publicações de extrema-esquerda.

Ilse Stachowiak - Estudante secundária e provavelmente


a mais jovem integrante do Baader-Meinhof, juntou-se ao
grupo com apenas 16 anos, em 1970.[85] Suas primeiras
tarefas eram as de fazer reconhecimento em bancos
para futuros assaltos. Em 12 de abril de 1971 foi
reconhecida por um policial num cartaz de terroristas
procurados e presa numa estação de trem em
Frankfurt.[31] Recebeu uma sentença curta e, libertada,
voltou à clandestinidade. Participante de uma atentado a
bomba à sede da empresa jornalística de Axel Springer
em 1972, um dos maiores alvos dos grupos de esquerda
e da RAF durante sua existência, sobreviveu a uma
explosão acidental de uma bomba dentro de um
apartamento-esconderijo do grupo naquele mesmo ano e
desapareceu novamente. Foi finalmente presa em
fevereiro de 1974, antes de completar vinte anos de
idade.[86]

Irene Goergens - Filha ilegítima de um militar norte-


americano e abandonada pela mãe na infância, vivia num
reformatório juvenil aos dezoito anos quando conheceu
Ulrike Meinhof,[87] que fazia pesquisas para seu filme
Bambule, sobre adolescentes desajustados, e tornou-se
sua protegida. Entrou para a RAF em 1970, participando
do resgate da prisão de Andreas Baader em 1970 e de
assaltos a banco.[79] Presa numa emboscada da polícia a
um apartamento de Berlim em outubro do mesmo ano,
junto com Brigitte Asdonk, cumpriu sentença até 1977.
Libertada, afastou-se das atividades do Baader-Meinhof.

Beate Sturm - Ex-estudante de física na Universidade


Livre de Berlim e protegida de Holger Meins,[88] um dos
primeiros integrantes da RAF, que morreu preso em
greve de fome em 1974, participou por alguns meses do
grupo entre fins de 1970 e começo de 1971. Por seu
aspecto considerado burguês pelos demais integrantes,
era sempre encarregada das compras em lojas e
supermercados para os companheiros clandestinos.
Escapou da polícia com um companheiro em dezembro
de 1970, depois de parados em uma barreira policial na
cidade de Oberhausen. Em janeiro de 1971, desistiu da
vida na guerrilha, quando participava de um
reconhecimento de bancos, e voltou para casa, deixando
o grupo sem tecnicamente cometer nenhum crime.[31]
Detida pouco depois, depôs na justiça contando detalhes
da estrutura e dos métodos de ação armada da RAF.

Margrit Schiller - Estudante de psicologia em Bonn e


Heidelberg, juntou-se à RAF após a dissolução do SPK
(Sozialistisches Patientenkollektiv),[89] grupo de extrema-
esquerda de pacientes militantes contra médicos e
práticas da medicina alemã, fundado na Universidade de
Heidelberg no início de 1970. Em setembro de 1971,
junto com Holger Meins, participou de um tiroteio com a
polícia após abordagem numa estrada de Freiburg, que
resultou na morte de um policial. Caçada pela polícia
alemã, em 22 de outubro ela desembarcou na estação
ferroviária de Hamburgo, encontrando-se com os
companheiros Irmgard Moeller e Gerhard Müller.
Sentindo-se vigiada, ela e os dois terroristas
esconderam-se num estacionamento, onde foram
encontrados por dois policiais. Na briga que se seguiu à
reação, enquanto Margrit tentava se libertar da polícia,
um dos policiais foi assassinado com seis tiros por Muller
e o outro ferido no pé.[31] Mais tarde, após a separação
do grupo, ela acabou sendo presa numa cabine
telefônica armada com uma pistola de 9 mm.[90]
Sentenciada a vinte e sete meses de prisão, foi libertada
em 1973 mas voltou à clandestinidade. Presa novamente
em 1974, cumpriu cinco anos de prisão, nos quais
participou de várias greves de fome por melhores
condições carcerárias. Em 1985, mudou-se para Cuba e
hoje vive no Uruguai.[91]

Katharina Hammerschm idt - Amiga de Grudrun


Ensslin desde os tempos de faculdade e militância
estudantil, foi a responsável por abrigar os primeiros
integrantes do Baader-Meinhof no fim de 1970. Seus
apartamento foi invadido pela polícia e ela fugiu para o
exterior, vivendo de lugar em lugar. Cansada da vida de
fugitiva, com seu retrato em todos os cartazes de
'procurados' espalhados pela Europa, voltou para a
Alemanha Ocidental em 1972, entregando-se às
autoridades. Na prisão, desenvolveu um tumor
cancerígeno, que a matou em 1975. Os médicos
prisionais foram criticados por nada terem feito para
salvá-la e o Estado sofreu acusações de desleixo médico
com uma prisioneira em custódia.[92] Após sua morte,
comandos de ação da RAF adotaram seu nome.[93]

Marianne Herzog - Namorada de Jan-Carl Raspe, entrou


com ele na RAF no início de 1970. Participante de ações
armadas do grupo, foi presa com outro companheiro em
dezembro de 1971, durante um período de forte
repressão da polícia alemã às organizações
clandestinas. Foi libertada antes do cumprimento total da
pena por questões de saúde.[94]

Hans-Jürgen Bäcker - Um dos primeiros integrantes da


RAF, juntou-se ao grupo de Baader e Ensslin antes da
libertação de Andreas Baader em 1970. Fez treinamento
de guerrilha na Jordânia com a OLP, após a fuga de
Baader. Após a prisão de vários membros da
organização em outubro de 1970, Backer - que não era
considerado muito confiável por não manter boas
relações pessoais com Baader, tendo dificuldade em
aceitar sua autoridade - viu recair sobre si a suspeita de
que agia como agente duplo da polícia entre a
organização.[23] Quanto confrontado sobre isso, num
encontro entre os integrantes, ele saiu correndo, o que
deu à RAF a certeza da traição. Astrid Poll tentou matá-lo
a tiros de dentro de um carro em movimento mas errou o
alvo. Foi preso em fevereiro de 1971[31] e condenado a
nove anos de prisão em 1974 pela participação no
resgate de Baader em 1970.

Thomas Weissbecker - Um associado do fundador


Horst Mahler, entrou para a RAF em julho de 1971,
sendo preso no mesmo ano por agressão a um jornalista
da mídia conservadora.[95] Em março de 1972, junto com
a militante Carmem Roll, ele foi parado pela polícia na
saída de um hotel em Augsburg. Ao colocar a mão no
bolso do paletó, foi fuzilado pelos policiais, que
acreditavam que ele sacaria uma arma. Dois meses
depois de sua morte, em represália, membros da RAF
atiraram bombas numa delegacia policial de Augsburg e
numa agência de investigações criminais de Munique.[96]

Ingeborg Barz - Estudante ligada a movimentos


radicais de extrema-esquerda, juntou-se à RAF em
1971 com seu namorado, Wolfgang Grundmannm,
quando trabalhava como secretária em Berlim,[90] após a
volta da Jordânia do núcleo principal da organização. O
destino de Ingeborg é até hoje um mistério não
solucionado. Depois de um assalto a banco em que um
policial foi morto, em fins de 1971,[31] ela resolveu deixar
a organização desgostosa com os métodos violentos que
testemunhava. Em 21 de fevereiro de 1972, telefonou
para a mãe, perturbada, chorosa e deprimida, pedindo
para voltar para casa. Depois disso, desapareceu.
Algumas versões para seu desaparecimento afirmam que
Andreas Baader a teria matado, temeroso de que ela
passasse certos segredos do Baader-Meinhof para as
autoridades, depois de seu desligamento. Um dos
integrantes do grupo, Gerhard Müller, depôs em juízo
afirmando que Baader a havia assassinado. Outra
militante nega o fato, afirmando ter estado com ela em
1975 e Barz parecia muito doente, podendo ter morrido
pouco depois. Um corpo em decomposição foi achado
perto de uma estrada em Munique em julho de 1973,
presumivelmente sendo como de Ingeborg, mas nada foi
provado e nenhum exame conclusivo.[90] Oficialmente,
permanece desaparecida.

Manfred Grashof - Desertor do exército nos anos 60,[97]


morou em comunas da contracultura em Berlim no fim da
década. Desejando participar mais ativamente de atos
contra o Estado, entrou para o Baader-Meinhof em 1970
junto com sua namorada Petra Schelm, nos primórdios
da organização, participando do grupo que recebeu
treinamento de guerrilha da OLP na Jordânia em julho e
agosto daquele ano. Preso numa armadilha em um
apartamento alugado pela RAF para falsificação de
documentos, em Hamburgo, em março de 1972,
envolveu-se em um tiroteio, matando um policial. Ferido
com dois tiros, depois de recuperado em um hospital foi
transferido para uma cela de segurança máxima, com
isolamento acústico e luzes ligadas vinte e quatro horas
por dia. Em 2 de junho de 1977 foi condenado à prisão
perpétua.[97] Foi libertado em 1991 após cumprir
dezenove anos de prisão. Hoje trabalha em teatro em
Berlim.[98]

Heinrich Jansen - 'Ali' Jansen, como era conhecido,


juntou-se à RAF após a volta do núcleo da organização
do treinamento militar na Jordânia. Participou de assaltos
a banco, roubos de carro e de invasões a escritórios do
governo para roubo de passaportes e cédulas de
identidade em branco. Tendo problemas com bebida e
muitas vezes estando bêbado durante a ação, chegou a
apanhar de um companheiro após um roubo. Em 20 de
dezembro de 1970 conseguiu escapar com Beate Sturm
de uma barreira policial em Oberhausen mas foi preso no
dia seguinte quando tentava roubar um carro junto com
Ulrike Meinhof e Astrid Poll, que escaparam. Jansen
sacou uma arma e atirou a esmo, mas foi dominado sem
ferir ninguém. Julgado por tentativa de homicídio, foi
condenado a dez anos de prisão.[99]

Petra Schelm - Juntou-se à RAF junto com o


namorado, Manfred Grashof, participando do
treinamento de guerrilha da OLP na Jordânia em
julho/agosto de 1970. Em 15 de julho de 1971, ela e o
companheiro Werner Hoppe foram parados numa
barreira policial em Hamburgo e, na hora da verificação
dos documentos, Petra acelerou o carro e iniciou a fuga.
Fechados por carros da polícia alguns quilômetros
adiante, ela e Werner correram em direções diferentes
tentando se esconder. Werner rendeu-se, mas Petra
decidiu furar o cerco à bala, sendo morta com um tiro de
pistola no olho.[100] Durante seu enterro, em Spandau,
acompanhado por mais de cinquenta estudantes, uma
bandeira vermelha foi colocada - e depois retirada pela
polícia - sobre seu túmulo. Tinha apenas vinte anos de
idade. O grupo que bombardeou o QG do exército norte-
americano na Alemanha meses depois, autodenominava-
se Kommando Petra Schelm em sua homenagem.[101] No
filme Der Baader Meinhof Komplex, de 2008, ela é vivida
pela atriz Alexandra Maria Lara.[102]

Segunda Geração

Siegfried Haag - Um advogado simpático ao movimento


e aos primeiros integrantes da RAF, tendo-os assistido
legalmente na prisão[103] e no julgamento de 1975,
passou a integrar o grupo liderando seu reagrupamento e
estruturação com uma segunda geração de integrantes e
sendo o cérebro por trás das ações e da logística da RAF
no período posterior à prisão de seus fundadores. Preso
em 1975 por contrabando de armas através da Suíça e
solto logo depois, entrou na clandestinidade participando
de ações armadas contra bancos e provavelmente
planejando a invasão da embaixada alemã em
Estocolmo.[73] Foi novamente preso numa estrada, em
novembro de 1976. Em 1979 foi sentenciado a quinze
anos de prisão e libertado em 1987 por questões de
saúde, abandonando a guerrilha.

Brigitte Mohnhaupt - Estudante de filosofia na


Universidade de Munique, integrante do SPK
(Sozialistisches Patientenkollektiv) e do movimento
estudantil de esquerda no fim dos anos 60, entrou para a
RAF em 1971 e após a prisão de seus fundadores em
1972 e de Siegfried Haag em 1976, tornou-se a mais
proeminente liderança da segunda geração de terroristas
e uma das mais atuantes durante o Outono Alemão, uma
série de assassinatos de figuras do governo e de
sequestros de banqueiros e industriais, que levou grande
crise ao país em setembro/outubro de 1977. Também
envolvida nos planos do sequestro do Voo 181 da
Lufthansa, levado a cabo por guerrilheiros palestinos e
que visava libertar o núcleo original do Baader-Meinhof
da prisão, foi considerada a mulher mais perigosa da
Alemanha em sua época.[104] Presa em 11 de novembro
de 1982 e condenada a cinco penas de prisão perpétua
por nove mortes. Foi libertada sob condicional em 25 de
março de 2007, depois de vinte e quatro anos cumprindo
pena, causando protestos e grande controvérsia entre a
opinião pública alemã.[105]

Christian Klar - Ex-estudante de ciência política e


história na Universidade de Heidelberg, foi um dos
líderes da segunda geração da RAF junto com Brigitte
Mohnhaupt. Antes de se juntar ao grupo, participou de
movimentos e atos estudantis de protestos políticos e
pela libertação de presos do Baader Meinhof, durante a
primeira metade da década de 70. Passou a fazer parte
da organização em 1976, logo após a saída de
Monnhaupt da prisão, onde ela cumpria pena de cinco
anos junto aos líderes do Baader-Meinhof. Juntos, os
dois lideraram as mais sangrentas ações da RAF na
segunda metade da década, especialmente as do
Outono Alemão, em 1977, que resultaram em mortes e
sequestros de políticos e industriais do país.[104] Preso
em 1982, numa emboscada de grupos antiterror da
policia alemã, foi condenado a prisão perpétua. Foi
libertado sob custódia em 2008, depois de cumprir vinte e
seis anos de prisão, o que causou grande controvérsia e
protestos entre a sociedade alemã. O ex-piloto Jürgen
Vietor, co-piloto do Voo 181 da Lufthansa sequestrado
em 1977, operação que teve o planejamento da RAF -
então liderada por Klar e Brigitte Mohnhaupt - e que
custou a vida do piloto Jürgen Schumann, executado
pelos sequestradores palestinos, devolveu em dezembro
de 2008 a Ordem do Mérito da República Federal da
Alemanha, que havia recebido na época, em protesto
pela libertação de Klar.[106]

Adelheid Schulz - Enfermeira de profissão,[107] entrou


para a RAF junto com seu então namorado Christian Klar
e participou de ações de assalto, sequestro e morte
durante a segunda metade da década de 1970,
especialmente no chamado período de Outono Alemão.
Presa junto com Brigitte Mohnhaupt em novembro de
1982,[108] foi sentenciada à prisão perpétua, por atos
cometidos pela RAF entre 1977 e 1981. Na prisão,
participou de várias greves de fome, chegando a passar
por períodos de alimentação à força. As greves de fome
seguidas abalaram sua saúde de tal forma, que em 1998
ela foi libertada e hoje vive em Frankfurt, aposentada por
questões de saúde.

Siegfried Hausner - Ex-integrante do movimento


estudantil SPK, foi escolhido por Siegfried Haag, um
dos líderes de segunda geração da RAF, para comandar
a invasão da embaixada alemã em Estocolmo, em 24 de
abril de 1975, operação realizada para libertar os
fundadores do Baader-Meinhof presos na Alemanha.
Durante o ataque, uma carga de TNT explodiu
acidentalmente ferindo e queimando 40% do corpo de
Hauser. Mesmo sob protestos da equipe médica do
hospital sueco para onde foi levado, ele foi deportado de
maca direto para a prisão de segurança máxima de
Stammheim, na Alemanha Ocidental, onde se
encontravam presos aqueles que pretendiam libertar.
Sem condições de ser atendido propriamente na prisão,
e mesmo assim mantido lá pelas autoridades alemãs,
Hausner morreu em 5 de maio, dez dias depois do
ataque.[41]

Carmen Roll - Ex-militante do SPK, era especialista na


confecção e uso de explosivos, liderou a tentativa de
atentado à bomba ao trem do presidente da Alemanha
Ocidental na estação de Heidelberg, mas um atraso
impediu a consumação do ato.[31] Em 2 de março de
1972 foi surpreendida pela polícia na porta de um hotel
de Augsburg e presa, enquanto seu companheiro Tommy
Weissbecker era morto no tiroteio que se seguiu. Duas
semanas depois recebeu uma dose quase-fatal de éter
pelos médicos da prisão. Libertada em 1976, mudou-se
para a Itália e tornou-se enfermeira.[109]

Bernhard Rössner - Participante da invasão e ocupação


de casas colocadas para alugar em protesto pelo alto
custo dos aluguéis em Hamburgo, esteve preso
brevemente em 1973. Libertado, juntou-se à RAF e
integrou o comando que realizou o ataque à embaixada
alemã em Estocolmo, em abril de 1975, foi preso depois
do atentado e envolvido na morte de dois reféns, foi
condenado à prisão perpétua em 1977 por um tribunal de
Dusseldorf. Foi libertado em 1994, após cerca de vinte
anos de cumprimento de pena e com graves problemas
de saúde devido a várias greves de fome na prisão.[110]

Lutz Taufer - Ex-integrante do SPK e de movimentos


contra a tortura de presos políticos na Alemanha, entrou
para o Baader-Meinhof em 1971 e participou do ataque à
embaixada alemã em Estocolmo em abril de 1975.
Preso, foi condenado à prisão perpétua em 1977 e
libertado em 1996. Desde 1999 vive com a irmã no
Brasil.[111]

Elisabeth von Dyck - Ex-integrante do SPK, foi


presa em 1975 junto com Siegfried Haag, líder da
segunda geração do Baader Meinhof, por contrabando
de armas da Suíça para a Alemanha e passou seis
meses na prisão. Libertada, viu contra si um novo
mandado de prisão por associação à organização
terrorista e desapareceu na clandestinidade,
provavelmente fugindo para Bagdá, no Iraque. Em algum
momento voltou para Alemanha e em 4 de maio de 1979
entrou numa casa de Nuremberg, supostamente um
esconderijo da RAF, que vinha sendo vigiado pela polícia.
Foi fuzilada pelas costas.[109]

Ulrich Wessel - Filho de um rico empresário alemão,


Wessel era um milionário e vivia como playboy, até
entrar para o movimento estudantil SPK. Juntando-se à
RAF na metade dos anos 70, participou da invasão à
embaixada alemã em Estocolmo em 24 de abril de 1975.
Na ação, Wessel morreu quando uma explosão acidental
de TNT jogou-o longe e a granada que segurava
explodiu, matando-o instantaneamente.[109]

Peter-Jürgen Boock - Depois de completar o curso


secundário, deixou a família, acusando o pai de ser
nazista,[112] e viajou para a Holanda, onde tornou-se
viciado em drogas, sendo preso por posse de narcóticos
e passou por várias clínicas de reabilitação e
reformatórios, conhecendo então Andreas Baader e
Gudrun Ensslin, ainda nos primórdios do grupo. Sendo
muito jovem, foi recusado como integrante da RAF e
continuou envolvido com drogas em Frankfurt. Juntou-se
finalmente à segunda geração do Baader Meinhof no
meio da década de 1970 e entrou para a clandestinidade,
recebendo treino de guerrilha no Iémen.[113] Participante
do sequestro dos empresários Hanns-Martin Schleyer e
Jürgen Ponto, durante o Outono Alemão, em 1977, foi
preso na Iugoslávia com Brigitte Mohnhaupt, em 1978,
mas libertado junto com ela e demais companheiros
detidos pelo governo de Tito, após a Alemanha se
recusar a trocá-los por fugitvos políticos croatas no país.
Afastando-se da organização em 1980, foi entretanto
preso em 1981, acusado da morte dos dois empresários,
sendo condenado à prisão perpétua. Foi libertado em
1998 e hoje trabalha como escritor free-lancer perto de
Frankfurt.

Susanne Albrecht - Filha de um advogado rico, passou a


infância e a adolescência entre a alta burguesia alemã.
Interessou-se pelo marxismo depois de cursar sociologia
na Universidade de Hamburgo, onde entrou em 1971,
participando de manifestações estudantis, e em 1974
integrou o Comitê Contra a Tortura de Prisioneiros
Políticos na Alemanha Ocidental, que protestava contra
as condições em que viviam os líderes presos da
primeira geração do Grupo Baader-Meinhof. No meio da
década, Susanne juntou-se à RAF e planejou o
sequestro de um grande amigo de seu pai e padrinho de
sua irmã, o presidente do Dresdner Bank, Jürgen Ponto,
em 1977. O sequestro deu errado e Ponto foi
assassinado dentro de casa por Brigitte Mohnhaupt.[114])
Caçada, ainda participou da tentativa de assassinato do
general norte-americano Alexander Haig, comandante da
OTAN, antes de fugir para a Alemanha Oriental em 1980.
Foi presa em junho de 1990 em Berlim, após a
reunificação da Alemanha, vivendo sob nome falso num
condomínio de apartamentos e casada com um cientista
alemão-oriental.[115] Condenada a 12 anos de prisão, foi
libertada depois de cumprir metade da pena, em 1996.

Rolf Clemens Wagner - Um dos mais ativos


participantes da segunda geração do Baader Meinhof,
Wagner participou de assaltos a banco com vítimas, do
sequestro e assassinato do empresário Hanns-Martin
Schleyer e da tentativa de assassinato do comandante
da OTAN em 1979, junto com Susanne Albrecht. Preso
em 1979 em Zurique, foi extraditado, julgado em 1985 e
condenado à prisão perpétua pela morte de Schleyer e
mais doze anos, num segundo julgamento, pelo atentado
a Haig.[58] Libertado, sob perdão presidencial, aos 59
anos, e com a saúde extremamente debilitada em 2003,
sob protestos da sociedade,[116] declarou que a ação
contra Schleyer, um magnata da indústria, tinha sido
correta, por seu passado de ex-integrante das SS e
nazista impune.

Sieglinde Hofmann - Ex-enfermeira e assistente social,


entrou para o grupo por volta de 1976, depois de militar
no SPK. Ela participou do sequestro de Hanns-Martin
Schleyer em setembro de 1977, usando um carrinho de
bebê, cheio de armas escondidas, para parar os carros
do empresário e sua escolta no meio da rua de Colônia
onde ocorreu o sequestro. Com mais três integrantes do
bando, ajudou a fuzilar e matar os guarda-costas de
Schleyer, possibilitando seu rapto. Foi presa um ano
depois na Iugoslávia com Brigitte Mohnhaupt e mais dois
companheiros, mas posta em liberdade pelo governo de
Tito, com a recusa do governo alemão em trocá-los por
fugitivos croatas. Foi presa definitivamente em 1980, em
Paris, dentro de um esconderijo da RAF vigiado pela
polícia. Foi condenada primeiramente a quinze anos de
prisão pelo assassinato do banqueiro Jürgen Ponto - do
qual ela não participou - e pouco antes do término de sua
pena em 1995, foi, aos cinquenta anos, novamente
julgada por novas evidências de suas atividades. Em
1996 foi condenada à prisão perpétua pela morte de
Schleyer e pela tentativa de assassinato do general
Alexander Haig, comandante da OTAN, em 1979. Foi
libertada, entretanto, em 5 de maio de 1999.[117]

Stefan Wisniewski - Ex-aluno de reformatório, eletricista


e marinheiro, juntou-se à RAF em 1974 e fez treinamento
de guerrilha na Jordânia em 1976. No ano seguinte
participou de assaltos a banco, do assassinato de
procurador-geral da República Siegfried Buback e do
sequestro e assassinato do empresário Hanns-Martin-
Schleyer. Preso em 1978 em Paris e extraditado para a
Alemanha, durante seu interrogatório chegou a atacar um
juiz. Em 1981 foi condenado à prisão perpétua por
sequestro, assassinato e participação em organização
terrorista. Libertado sob condicional em 1999.[118]

Verena Becker - Ex-integrante do Movimento 2 de


Junho, participou de roubos de banco e atentados a
bomba a um clube recreativo britânico em junho de 1972.
Presa em 1974 e sentenciada a seis anos de prisão, foi
trocada pelo político Peter Lorenz, sequestrado pela RAF
em 1975, e enviada, juntos com outros presos
resgatados, ao Yemen.[119] Voltou à Alemanha e reuniu-
se à segunda geração da RAF comandada por Siegfried
Haag sendo novamente presa em 1977 após um
confronto com a polícia, onde foi ferida na perna e
encontrada em seu carro a submetralhadora usada no
assassinato do procurador-geral da República Siegfried
Buback.[119] Condenada à prisão perpétua e envolvida
em várias greves de fome durante seu tempo na prisão,
foi libertada em 1989 por um perdão presidencial e viveu
anonimamente na Alemanha. O caso da morte de
Buback foi reaberto em 2009 e ela processada
novamente devido a recentes evidências encontradas de
sua participação nele, por exames de DNA feitos numa
carta enviada por ela enquanto estava na prisão,
confessando o crime.
Terceira Geração

Wolfgang Grams - Líder da terceira geração de


integrantes da Fração do Exército Vermelho,
conheceu os fundadores da RAF quando ainda se
encontravam na prisão, nos anos 70, e realizou diversos
protestos pelas condições dos presos, que considerava
desumanas. Quando seu nome foi encontrado numa
caderneta de um terrorista morto pela polícia, foi preso
por 153 dias mas libertado em custódia em 1980.
Conheceu então Birgit Hogefeld, com quem começou a
se relacionar, e juntos praticaram diversas operações de
guerrilha nos anos 80, vivendo na clandestinidade a partir
de 1984. Em 27 de junho de 1993, ele e Birgit foram
surpreendidos por comandos do GSG 9, a unidade
contraterrorista do governo alemão, na estação de trem
de Bad Kleinen, no norte da Alemanha. No tiroteio que se
seguiu, dois policiais foram feridos e um morto. Birgit foi
presa e Grams, morto com um tiro no rosto. A
investigação oficial posterior deu a causa da morte como
suicídio, devido ao seu desespero quando viu que não
conseguiria escapar, mas testemunhas da ação
declararam que ele foi executado à queima-roupa pelos
policiais.[67]

Birgit Hogefeld - Juntou-se à RAF por volta de 1984,


muitos anos depois da morte de seus fundadores e junto
com seu namorado, Wolfgang Grams, tornou-se uma
liderança na continuidade das operações da organização.
Entre vários dos atentados cometidos, foi acusada pela
morte de um soldado norte-americano em 1985 para
roubar sua identidade e obter permissão de acesso a
uma base militar americana, onde um atentado com
bombas matou dois militares e feriu outros vinte.[60]
Presa em junho de 1993, numa emboscada onde Grams
foi morto, recebeu três penas consecutivas de prisão
perpétua. Foi também acusada de planejar o último
atentado cometido pela RAF, em 1993, com a destruição
a bombas de um presídio em construção na Alemanha.
Em 2008, teve um pedido de liberdade condicional
negado pelo presidente alemão, Horst Köhler.[60] Foi
finalmente libertada sob condicional em 2011, após
cumprir dezoito anos de pena, a última integrante da RAF
ainda na prisão.[120]

Eva Haule - Concluindo o curso secundário em Stuttgart,


juntou-se à RAF e entrou na clandestinidade em 1984.
Participou de ataques à escolas da OTAN na Baviera,
roubos de lojas de armas, assassinato de soldado
americano junto com Hogefeld e do atentado ao
presidente de uma empresa de aviação. Presa em 1986
numa sorveteria perto de Frankfurt, foi acusada de roubo,
falsificação de documentos e associação criminosa,
sendo condenada a quinze anos de prisão. Em
condições de obter liberdade em 2001, provas de sua
participação nos atentados que mataram duas pessoas
apareceram, inclusive numa carta auto-incriminatória a
outro preso, e a sua soltura anulada, sendo transferida
para uma prisão feminina em Berlim. Depois de alguns
anos em regime semi-aberto, foi libertada em definitivo
em agosto de 2007.[121] Desde então, tem trabalhado
como fotógrafa, e nas declarações que deu não
demonstrou nenhum arrependimento pelos seus atos
enquanto integrante do Baader-Meinhof.[122]

Andrea Klump - Estudante de sociologia e etnologia


entre 1978 e 1981, entrou para a RAF no começo da
década e para a clandestinidade em 1984. Participante
de duas tentativas de assassinato - uma bomba numa
discoteca na Espanha frequentada por militares
americanos e uma explosão numa estrada da Hungria,
contra um ônibus com imigrantes soviéticos judeus - foi
presa depois de um tiroteio com a polícia, em setembro
de 1999 em Viena, onde seu namorado, e também
integrante da RAF, Horst Ludwig Meyer, morreu fuzilado.
Deportada para a Alemanha, foi condenada a um total de
vinte e um anos de prisão.[123]

Ernst-Volker Staub , Daniela Klette e Burkhard Garweg


- Acusados de participação na destruição do presídio de
Weiterstadt em 1993 - última ação armada da RAF -
entre outros atentados, são os três últimos integrantes do
Baader-Meinhof. Desaparecidos desde a época, nunca
foram encontrados e até hoje fazem parte da lista de
Mais Procurados da polícia de investigações criminais
(Bundeskriminalamt) alemã.[124] Em 2016, ainda
desaparecidos, foram acusados pela polícia de serem
suspeitos de estar por trás de uma série de assaltos a
carros de valores e caixas de supermercados nos últimos
anos na Alemanha; as autoridades acreditam que os três,
atualmente com idades entre 48 e 62 anos, se escondam
no interior do país ou em alguma país vizinho.[125]

A RAF na cultura popular


Filmes e documentários

[126]

Die bleierne Zeit (Os Anos de Chumbo) (1981), de


Margarethe von Trotta - obra ficcional baseada na vida
das irmãs Ensslin, Christiane e Gudrun, fundadora e líder
da RAF, premiado com o Leão de Ouro no Festival de
Cinema de Veneza.[127]
Der Baader Meinhof Komplex (O Grupo Baader-Meinhof)
(2008), de Uli Edel - baseado no livro de Stefan Aust e
candidato ao Oscar e ao Globo de Ouro de melhor filme
em língua estrangeira, conta a história da RAF desde
seus primórdios até a morte de seus líderes em 1977.
Die verlorene Ehre von Katharina Blum (A Honra Perdida
de Katharina Blum) (1975), de Volker Schloendorff e
Margarethe von Trotta - baseado no livro de Heinrich Böll,
retrata o clima na Alemanha Ocidental durante o ápice da
atuação da RAF no país nos anos 70.
Die dritte Generation (A Terceira Geração) (1979), de
Rainer Werner Fassbinder - comédia de humor negro
com o terrorismo alemão como pano de fundo.
Black Box BRD (2001), de Andres Veiel - documentário
multipremiado, retrata as mortes de Alfred Herrhausen,
presidente do Deutsche Bank, morto num atentado à
bomba em 1989, e de um dos líderes da última geração
da RAF, Wolfgang Grams.
Starbuck Holger Meins (2001), de Gerd Conradt -
documentário retrata a vida e os tempos de RAF de
Holger Meins, ex-colega do diretor na Deutsche Film- und
Fernsehakademie Berlin.
Baader (2002), de Christopher Roth - filme ficcional sobre
a vida de Andreas Baader.
Brandstifter (1969), de Klaus Lemke - filme para a
televisão alemã que conta a história dos ataques
incendiários de Andreas Baader e Gudrun Ennslin às
lojas de departamentos de Frankfurt em 1968.

Música

Baader-Meinhof Blues, da banda brasileira Legião


Urbana, incluída no álbum de estreia Legião Urbana, de
1985.[128]
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