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7.

2 TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS

Os títulos executivos extrajudiciais são os documentos que criam uma relação


jurídica sem a intervenção direta do estado. O Código de Processo Civil em seu
art. 585, in verbis:

Art. 585 são títulos executivos extrajudiciais:

I – a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;

II – a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o


documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o
instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria
Pública ou pelos advogados dos transatores;

III – os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem


como os de seguro de vida;

IV – o crédito decorrente de foro e laudêmio;

V – o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel,


bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;

Vi – o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor,


quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão
judicial;

VII – a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da união, dos estados, do


Distrito Federal, dos territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos
inscritos na forma da lei;

VIII – todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva.

§ 1º A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título


executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.

§ 2º Não dependem de homologação pelo supremo tribunal Federal, para serem


executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O
título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação
exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de
cumprimento da obrigação.

7.3. EXECUÇÃO PARA COBRANÇA DE CRÉDITO

Como já foi tratado, para que o título seja executivo devem conter pressupostos
ou requisitos sem os quais não poderá existir a execução. A execução para
cobrança de crédito deve sempre ser fundada em obrigação certa, líquida e
exigível. O Art. 586, do Código de Processo Civil, “a execução para cobrança de
crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível”.

7.4. EXECUÇÃO DEFINITIVA E PROVISÓRIA


O art. 587, do Código de Processo Civil, “é definitiva a execução fundada em
título extrajudicial; é provisória enquanto pendente apelação da sentença de
improcedência dos embargos do executado, quando recebidos com efeito
suspensivo (art. 739)”.

8. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL

Elpídio Donizetti leciona que a responsabilidade patrimonial consiste no vínculo


de natureza processual que sujeita os bens de uma pessoa, devedora ou não, à
execução. Assim no direito brasileiro, a execução recairá diretamente sobre o
patrimônio do devedor. A responsabilidade patrimonial pode ser originária e
secundária.

8.1. RESPONSABILIDADE ORIGINÁRIA

Diz-se que a responsabilidade é originária quando o devedor responde, para


cumprimento de sua obrigação com todos os seus bens presentes com os
futuros. Tal conceito pode ser extraído do texto normativo no art. 591, do
Código de Processo Civil.

Os bens presentes são todos aqueles que o devedor já possua no momento do


surgimento da obrigação. Já os futuros são os bens adquiridos depois de a
obrigação ser constituída.

O texto legal ainda prevê algumas restrições quanto aos bens do devedor,
reputando como impenhoráveis ou inalienáveis, assim não respondendo estes
bens em sede de execução. A previsão tanto no Código de Processo Civil, art.
648, quanto na legislação extravagante, podemos citar com exemplo a Lei.
8.009/90.

8.2. RESPONSABILIDADE SECUNDÁRIA

O Código de Processo Civil traz em seu art. 592, as hipóteses de


responsabilidade secundária, que consiste em sujeitar o patrimônio de pessoas
que não figuram como devedoras à execução, in verbis: “Ficam sujeitos à
execução os bens: I – do sucessor a título singular, tratando-se de execução
fundada em direito real ou obrigação reipersecutória; II – do sócio, nos termos
da lei; III – do devedor, quando em poder de terceiros; IV – do cônjuge, nos
casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem
pela dívida; V – alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução”.

8.3. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS

Houve a necessidade de se criar um mecanismo de prevenir o desvio de


finalidade de um ente empresarial, criou-se assim a teoria da desconsideração
da personalidade jurídica, que visa punir a má-fé dos sócios administradores.
Assim no caso concreto o juiz poderá desconsiderar a autonomia da sociedade e
alcançar o patrimônio dos sócios.

Esta teoria se constitui de um instituto excepcional, uma vez que o ordinário é a


preservação da personalidade jurídica e a responsabilidade civil da sociedade
que firmou o negócio jurídico.
Vale ressaltar que qualquer que seja o tipo de sociedade constituída, é facultado
ao sócio demandado o benefício de ordem, ou seja, pode o sócio exigir que
primeiro seja alcançados os bens da sociedade, cabendo a este nomear bens da
sociedade passiveis de penhora, poderá também o sócio pagar o débito e
executar a sociedade, nos autos do mesmo processo.

8.4. FRAUDE À EXECUÇÃO

Dispõe o art. 593, do Código de Processo Civil “Considera-se em fraude de


execução a alienação ou oneração de bens: I – quando sobre eles pender ação
fundada em direito real; II – quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria
contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência; III – nos demais
casos expressos em lei”.

Inicialmente o primeiro inciso tutela o direito de sequela que integra os diretos


reais. Assim podemos concluir que será fraudulenta a alienação no curso do
processo, seja ele de conhecimento ou de execução, envolvendo direitos reais.

O segundo inciso trata da insolvência, bastando o ajuizamento de ação capaz de


reduzir o devedor a insolvência para a caracterização de fraude à execução. Não
precisa necessária mente que o processo seja de execução, mais qualquer ação.

Por fim o terceiro inciso alude os demais casos previstos em lei. Podemos citar
alguns exemplos, como a penhora sobre crédito prevista no art. 672, §3°, do
Código de Processo Civil, e a alienação ou oneração de bens do sujeito passivo
de dívida ativa em execução, previsto no art. 185 do Código Tributário Nacional.

9. ATOS ATENTATÓRIOS À DIGNIDADE DA JUSTIÇA

São considerados atentatórios à dignidade da justiça os atos praticados pelo


devedor enumerados nos incisos do art. 600, do Código de Processo Civil.

I – frauda a execução, isto é, aliena ou onera bens em uma das circunstâncias do


art. 593;

II – se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos,


podemos citar os seguintes exemplos: extraviar bens, ocultar-se para não ser
citado ou intimado da prática de determinado ato processual, dissipar o
patrimônio, enfim, todo ato que dificulta a execução;

III – resiste injustificadamente às ordens judiciais, por exemplo, mesmo


intimado não apresenta os bens confiados à sua guarda;

IV – intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se


encontram os bens sujeitos à penhora e seus respectivos valores, este ato é
punido com multa não superior a 20% (vinte por cento) do valor do débito
atualizado em execução.

10. ESPÉCIES DE EXECUÇÃO

O Código disciplinou as diversas espécies de execução, tendo em vista a


obrigação estabelecida no título. Para obrigar o devedor a cumprir uma
obrigação de dar o legislador previu a execução para entrega de coisa, e para
obrigação de pagar a execução por quantia certa, que pode ser proposta contra o
devedor solvente e insolvente.

10.1. EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA CERTA

Nesta modalidade de execução, o devedor é citado para, no prazo de dez dias


satisfazer a obrigação, ou, seguro o juízo, apresentar embargos, previsto nos art.
621 e 622 do Código de Processo Civil.

Citado o devedor pode tomar três atitudes:

Pode entregar a coisa, neste caso, a execução é extinta, exceto se o título


estabelecer o pagamento de frutos, ressarcimento de prejuízos, multas por
atraso que a execução transmuda-se em execução por quantia certa.

Depositar a coisa em vez de entregá-la, assim poderá propor embargos no prazo


de dez dias a contar do termo de depósito.

Pode ainda permanecer inerte, ai caberá ao juiz tomar as providencias para que
a obrigação adquira seja integralmente cumprida.

11. PETIÇÃO INICIAL

Os requisitos gerais de qualquer peça que inicia o processo estão elencados no


art. 282, do Código de Processo Civil.

Para propor a ação de execução deve a petição inicial ser instruída com o título
executivo extrajudicial, o demonstrativo de débitos atualizados até a data da
propositura da ação, quando se tratar de execução por quantia certa e a
comprovação que a obrigação não foi cumpria. Estes requisitos específicos do
processo de execução estão enumerados nos incisos do art. 614 do Código de
Processo Civil.

Cabem ainda ao requerer a tutela executiva que seja indicada a espécie de


execução pretendida, requerer a intimação do devedor, pleitear as medidas
acautelatórias urgentes e provar que adimpliu a contraprestação, elencados no
art. 615 do Código de Processo Civil e seus incisos.

Poderá o credor após proposta a ação executiva, requer ao juízo uma certidão
onde consta o nome das partes e o valor atribuído à causa, para fins de
averbações no registro de imóveis, veículos ou outro registro de bens, previsto
no art. 615-A do Código de Processo Civil.

O juiz verificando que a petição está incompleta determinará que o credor


corrija no prazo de 10 dias, sob pena de indeferimento, art. 616 do Código de
Processo Civil.

12. NULIDADE DA EXECUÇÃO

O art. 618 prevê os casos em que a execução será nula, “é nula a execução: I – se
o título executivo extrajudicial não corresponder à obrigação certa, líquida e
exigível (art. 586); II – se o devedor não for regularmente citado; III – se
instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrido o term

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