Você está na página 1de 4

Modalidades de Contratos de Engenharia de Projetos Industriais. Qual o melhor caminho?

Eugenio Paceli de Souza e Márcia Konishi

RESUMO

A demanda mundial por produtos industrializados apresenta-se crescente, apesar da crise


econômica que impacta o mercado financeiro.

Cada vez mais, as organizações buscam a excelência de seus produtos, e o menor custo de
investimento na sua produção. Para alcançar seus objetivos são necessários novos projetos, com
custos reduzidos e prazos que viabilizem o aproveitamento máximo das oportunidades oferecidas
pelo mercado.

A estratégia para planejar e implantar os projetos coloca em destaque, a necessidade de definir


com precisão, a forma de efetuar as aquisições e consolidar a implantação dos projetos com
sucesso.

Com objetivo de se estabelecer um plano adequado torna-se fundamental avaliar e planejar a


forma de contratação de forma aprimorada.

INTRODUÇÃO

Os projetos industriais freqüentemente têm sido desenvolvidos e implantados, através de


metodologias e regimes contratuais, que muitas vezes não são adequados aos objetivos principais
das partes interessadas, e tornam difíceis as adequações que são necessárias durante o ciclo de
vida dos projetos.

Muitos empreendedores iniciam o projeto partindo de premissas e modelos que poderíamos


denominar como “conservadores”, e na maioria das vezes são simples cópias de
metodologias aplicadas anteriormente, com muito pouca ou quase nenhuma reavaliação, para, no
mínimo serem adequados aos objetivos, ambiente atualizado, e condições específicas do projeto a
realizar.

Temos como uma das mais importantes características que definem o projeto, a sua identidade
que é única. Ou seja, cada projeto é diferente do outro, e tem que ser tratado desta forma.

Assim sendo, a metodologia de desenvolvimento e implantação preconizada para o projeto, não


deve desprezar as experiências de modelos anteriores, mas deve ser moldada à situação do novo
projeto.

Na seqüência são apresentados os descritivos sumarizados dos regimes de contratos


normalmente praticados, algumas inovações que vêm sendo introduzidas e os comentários mais
significativos de cada uma delas.

MODALIDADES DE CONTRATAÇÃO.

Conforme apresentado no Guia PMBOK – 4ª. Edição, em seu capítulo 12, as modalidades
contratuais se resumem basicamente em duas famílias genéricas, que podem ser unidas formando
uma condição mista ou híbrida.

As famílias genéricas originais são de contratos de preço fixo ou de custos reembolsáveis. Quando
são utilizados os dois tipos de contratação no mesmo empreendimento o contrato é denominado
contrato por tempo e materiais.

• Contratos de preço fixo

O preço total dos fornecimentos é definido a partir de um preço fixo, contendo ou não incentivos
financeiros (premiação) mediante o cumprimento de metas determinadas no cronograma. Os
fornecedores são obrigados a concluir os fornecimentos por sua conta e risco, assumindo inclusive
desequilíbrios financeiros (prejuízo), caso não consigam justificar e/ou realizar seu escopo dentro
de suas margens. Neste caso o ideal é que se tenha o escopo e o prazo muito bem definidos, para
que se possa garantir ou minimizar as alterações durante a implantação do projeto. Porém, a
prática indica que alterações no escopo geralmente implicam em ajuste financeiro e de prazo.

Dentro desta modalidade possuímos de forma mais específica os tipos de contratos descritos a
seguir, cujas descrições se baseiam no PMBOK – 4ª. Edição:
o Preço Fixo Garantido (PFG)

É o que possui maior preferência pelas organizações, porque o valor é previamente definido, e não
apresenta perspectivas de alteração, exceto se for modificado o escopo. O fornecedor se obriga a
assumir as conseqüências adversas que venham impactar o preço estabelecido, e concluir o
fornecimento integralmente. Somente no caso de alterações do escopo, os valores estabelecidos
podem ser alterados.

o Preço Fixo com Incentivo na Remuneração (PFIR)

Esta modalidade permite um mínimo de flexibilidade às partes do contrato, porque prevê um desvio
com relação ao desempenho, e incentivos ao fornecedor para o cumprimento de metas, que são
estabelecidas no início do contrato. Neste tipo de contrato também é estabelecido um teto de
preços, obrigando o fornecedor ao total cumprimento do escopo, sem ônus adicional para a parte
contratante.

o Preço Fixo com Ajuste Econômico do Preço (PF-AEP)

Esse tipo de contrato é utilizado quando o fornecimento demanda um período muito grande para
sua conclusão, gerando um relacionamento de longo prazo entre as partes. O contrato é a preço
fixo, mas com previsão de ajustes predefinidos em função de alterações do mercado e natureza do
fornecimento. A cláusula de reajuste do contrato deve se basear em índices financeiros confiáveis,
de forma que as partes possuam proteção contra os agentes externos ao contrato durante o ciclo
de via do projeto.

• Contratos de Custos Reembolsáveis

Esta modalidade prevê o pagamento (reembolso) ao fornecedor de todos os custos reais incorridos
para concluir o previsto no escopo, acrescidos de uma remuneração, percentual, fixa ou concedida,
mediante o cumprimento de metas estabelecidas no cronograma.

Dentro desta modalidade possuímos de forma mais específica os tipos de contratos descritos a
seguir, cujas descrições se baseiam no Guia PMBOK – 4ª. Edição:

o Custo mais Remuneração Fixa (CMRF)

O fornecedor é reembolsado pelos custos incorridos permitidos para realizar o previsto no escopo,
e recebe uma remuneração fixa, calculada a partir de um percentual do valor total estimado no
início do projeto. Normalmente, a remuneração é paga, observando-se o cumprimento de metas
estabelecidas no cronograma. Os valores de remuneração são alterados, somente se houver ajuste
no escopo.

o Custo mais Remuneração de Incentivo (CMRI)

O fornecedor é reembolsado pelos custos incorridos permitidos para realizar o previsto no escopo,
e recebe uma remuneração de incentivo, predeterminada se alcançar metas (marcos)
estabelecidas no contrato. Neste tipo de contrato, se os custos finais variarem acima ou abaixo dos
valores estimados inicialmente no contrato, é realizado um compartilhamento de ganhos ou
prejuízos, conforme uma fórmula de compartilhamento predeterminada no início do contrato.

o Custo mais Remuneração Concedida (CMRC)

O fornecedor é reembolsado pelos custos incorridos permitidos para realizar o previsto no escopo,
mas a remuneração só é recebida pelo fornecedor se este alcançar metas preestabelecidas no
contrato. O valor da remuneração não é vinculado ao valor projeto, e é discutida e negociada
previamente entre as partes.

• Contratos por tempo e material (T&M)

São contratos que incluem aspectos dos contratos de preço fixo e de custos reembolsáveis.
São mais utilizados quando não se tem uma declaração de escopo muito precisa, e se
assemelham mais aos contratos de custos reembolsáveis, porque permitem modificações e podem
estar sujeitos a aumentos de custos para o comprador. Algumas organizações estabelecem tetos
para este tipo de contrato, para evitar variações muito elevadas em relação aos valores estima dos
originalmente. Parte do escopo desse tipo de contrato também podem se realizar através de
tabelas de preços unitários fixos (Horas, materiais e serviços), caracterizando a modalidade de
preço fixo unitário.

AVALIAÇÃO DAS MODALIDADES DE CONTRATAÇÃO

Conforme foi apresentado, as modalidades de contrato praticadas permitem a implementação do


projeto de várias formas.

Assim sendo é muito importante avaliar o nível de informação existente ou ser gerada para que
possa definir a forma econômica e financeiramente mais adequada para efetuar as contratações de
cada projeto.

É imprescindível que se tenha um profundo conhecimento do mercado onde o produto do projeto


será disponibilizado, para que se possa avaliar o limite de investimento no projeto, e em que prazo
este investimento é viável, de forma a aproveitar a oportunidade de negócio.

Com base na comparação das modalidades contratação verificamos que, conforme a o nível
precisão e detalhamento do escopo, assim como do prazo disponível para viabilizar a oportunidade
de negócio, a forma de contratação pode significar o sucesso ou insucesso do projeto.

Em situações em que o prazo disponível é reduzido e a oportunidade de negócio apresenta limites


para aproveitamento muito restritos, a modalidade de contrato com custos reembolsáveis torna
mais indicada, pois o projeto pode ser iniciado a partir de uma base de dados menos precisa,
permitindo ajustes no decorrer do cronograma.

Nas situações em que existem prazo e condições viáveis para gerar informações e definir-se o
escopo de forma mais precisa torna-se mais interessante a contratação a preços fixos, pois os
fornecedores possuirão boas informações para efetuar seus fornecimentos com menor risco e com
custos mais firmes, melhorando-se consideravelmente o resultado econômico e financeiro do
projeto.

Quando já se possui um nível preciso de informações para parte da realização do escopo, torna-se
mais atraente uma contratação em regime misto, por tempo e material, utilizando-se a modalidade
a preços fixos para a parcela de fornecimentos com nível de precisão mais elevado, e a modalidade
de custos reembolsáveis para parcela cujas informações apresentam indefinições e precisão
duvidosas.

CONCLUSÃO

Conforme já citado anteriormente, é imprescindível avaliar cada projeto de forma independente,


pois cada projeto é único, apesar de muitas vezes se assemelharem.

O cenário econômico e financeiro, a oportunidade de negócio e o nível de informações para


contratações devem ser vistos com muita atenção, pois sua análise e indispensável, para que se
possa definir o plano e a forma de contração do projeto, com sucesso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Project Management Institute - Guia PMBOk – 4ª. Edição

Revista Mundo Project Manegement - Edição Abril/Maio - 2008

Você também pode gostar