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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC

CENTRO DE ARTES - CEART


DEPARTAMENTO DE MODA

IANAH RAMOS DE SANTOS

APLICAÇÃO DE POLÍMEROS NA PRODUÇÃO DE OBJETOS DE


ADORNO CORPORAL

FLORIANÓPOLIS, SC
2010
IANAH RAMOS DE SANTOS

APLICAÇÃO DE POLÍMEROS NA PRODUÇÃO DE OBJETOS DE


ADORNO CORPORAL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Moda da Universidade do Estado de Santa
Catarina como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Estilismo.
Orientador: Prof° Msc. David Omar Nuñez
Diban

FLORIANÓPOLIS, SC
2010
IANAH RAMOS DE SANTOS

APLICAÇÃO DE POLÍMEROS NA PRODUÇÃO DE OBJETOS DE


ADORNO CORPORAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Moda da


Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel em Estilismo.

Banca Examinadora:

Orientador:
____________________________________________________________
Prof° David Omar Nuñez Diban, Msc.
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

Membro: ____________________________________________________________
Profª
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

Membro: ____________________________________________________________
Profª Monique Vandresen, Drª.
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
Florianópolis, ** de julho de 2011
Para meus pais, que me apoiaram em
todas as minhas escolhas.
AGRADECIMENTOS
RESUMO

SANTOS, Ianah Ramos De. Aplicação de Polímeros na Produção de Objetos de


Adorno Corporal, 2011. Trabalho de Conclusão de Curso - Programa de Graduação
em Moda, UDESC, x p.

A presente pesquisa tem por finalidade identificar o consumidor de objetos


de adorno corporal fabricados em polímeros. Desta maneira, este trabalho se propõe
a compreender o mercado de tais produtos, estudando a história dos polímeros
sintéticos e do seu uso em adereços corporais, numa contextualização da sua
utilização e consumo a partir do século XX. Além disto, investiga-se a aceitação dos
adereços em questão, entre um público de idade e gênero variante. Com este
estudo, conclui-se que os polímeros sintéticos podem ser considerados uma opção
viável para a expansão do mercado de acessórios corporais de moda e design, uma
vez que além de recicláveis, possuem modelagem praticamente ilimitada, o que os
torna atraentes aos designers e consumidores. Por fim, visa-se compreender o que
agrega valor em um objeto feito em materiais de baixo custo, aplicando esta idéia
em ornamentos para o corpo que sejam fabricados em polímeros sintéticos.

Palavras-chave: Ornamentos. Adereços. Adornos. Acessórios. Plástico. Polímero.


Design. Moda.
ABSTRACT

SANTOS, Ianah Ramos De. Applications of polymers in production of object body


adornment, 2011. Completion of course paper - Graduation Program in Fashion Design,
UDESC, x p.

This research aims to identify the consumer of polymers made body adornment
objects. Thus, this study tries to understand the market for such products, studying
the history of synthetic polymers and their use in body adornments, contextualizing
their use and consumption from the twentieth century until now. Moreover, we will
investigate the acceptance of the props in question, among a group of people in
which age and gender vary. With this study, we conclude that synthetic polymers can
be considered a viable option for the expansion of the body ornaments market for
fashion and design, as well as recyclable and almost unlimited modeling able, which
makes them attractive to designers and consumers. Finally, the aim is to understand
what creates value in a made of cheap materials object, applying this idea into
ornaments for the body that are manufactured in synthetic polymers.

Keywords: Ornaments. Props. Adornments. Accessories. Plastic. Polymer. Design.


Fashion.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA...................................................................
1.2 OBJETIVOS....................................................................................................
1.2.1 Objetivo Geral..............................................................................................
1.2.2 Objetivos Específicos...................................................................................
1.3 JUSTIFICATIVA..............................................................................................
1.4 METODOLOGIA.............................................................................................
1.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA.........................................................................
2 ADORNOS CORPORAIS E POLÍMEROS........................................................
2.1 O ADORNO CORPORAL E SEU VALOR .....................................................
2.2 A HISTÓRIA DOS POLÍMEROS E SEUS USOS EM ORNAMENTOS
CORPORAIS.........................................................................................................
2.2.1 Os polímeros sintéticos................................................................................
2.2.2 A crise de 1973 ...........................................................................................
2.2.3 O Renascimento do design em plástico......................................................
3 POLÍMEROS .....................................................................................................
3.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DE POLÍMEROS.....................
3.2 O PÚBLICO ALVO..........................................................................................
3.3 DA CONCEPÇÃO ATÉ O CONSUMIDOR.....................................................
3.4 O MERCADO PARA OS ADORNOS CORPORAIS EM POLÍMERO.............
4 O VALOR ALÉM DO PREÇO ...........................................................................
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................
REFERÊNCIAS......................................................................................................
APÊNDICES ........................................................................................................
ANEXO..................................................................................................................
1. INTRODUÇÃO

O uso de adornos tem sido uma constante durante toda a existência da


humanidade. Antes de o homem ter o domínio sobre os metais, criava adereços com
sementes, ossos, penas, conchas, e diversos materiais vindos da natureza.
Com a dominação do metal e busca pela lapidação regular de pedras
surgiram as jóias, que por muito tempo tiveram o significado de ornamentos
corporais de matéria-prima preciosa. (PHILIPS, 1996, p.7, tradução da autora). Com
a evolução tecnológica no final do século XIX e início do seguinte, alguns materiais
nestes acessórios foram sendo substituídos, dando origem às “jóias-fantasia”, ou
costume jewelry, que seriam imitações de jóias de luxo, com materiais menos
nobres, e posteriormente, as bijuterias. (CAPPELLIERI, 2010, p. 31, tradução da
autora).
Todos os tipos de adereços corporais foram tendo seus materiais alterados ao
longo da história, e seu valor foi sendo trabalhado em cima disso e de seu
significado.
As bolsas femininas, que por muito tempo foram objetos somente de adorno,
antes eram fabricadas somente em couro, tecidos, ou em forma de carteira de metal.
Em meados do século XX o plástico se tornou um destes materiais. (PARENTE,
2007)
Aproximadamente neste período, estilistas faziam experiências na moda
calçadista. Devido à escassez de couro e borracha, na década de 1930, por causa
da Grande Depressão, tiveram que adotar materiais até então considerados
ordinários na fabricação de calçados, como a ráfia, o celofane, o crochê e o plástico.
(ESPÍNDULA, 2009) Os sapatos que por muito tempo tiveram muito mais a intenção
de proteger os pés, foram se tornando adereços para ornamentação indispensáveis
ao cotidiano.
A partir de uma lógica diferente, os óculos, surgiram somente como adorno.
Como consta em alguns textos do filósofo chinês Confúcio (apud GIANNINI), estes
objetos possuíam lentes de vidro sem grau, apenas para ornar os nobres chineses,
ou como “meros objetos de discriminação social em relação às pessoas do povo e
portadores de doenças mentais.” (GIANNINI) Em torno de 900 a.C. somente, que a
ótica surgiria como função para estes objetos.
Após séculos com finalidade muito maior de corrigir a visão do que de ornar, é
durante a década de 1920 que os óculos voltaram a ter um valor relevante como
objeto de adorno corporal, sofrendo uma mudança de estilo, ao usar aros finos e
leves. Na década de 1940, aros redondos de plástico se tornaram tendência,
inovando no material de fabricação. (GIANNINI).
Como podemos perceber os polímeros sintéticos, ou plásticos, como
vulgarmente são conhecidos, ao longo do século XX começaram a ser utilizados em
diversos adornos corporais e é a evolução deles, e aplicação em adereços para o
corpo que este estudo se propõe a investigar.
Formados por uma longa cadeia de moléculas de hidrocarbonetos, os
polímeros, são materiais que pelo fato de serem facilmente deformáveis, abrem uma
variedade enorme de possibilidades de uso. Podem ser de origem animal e vegetal,
como a caseína, derivada do leite, ou de origem sintética, como a maioria dos que
conhecemos. (CODINA, 2005, p. 80).
Tendo como objetivo identificar a possibilidade de expansão do mercado e a
aceitação de objetos de ornamento corporal nesse material, a presente pesquisa
também visa compreender seu público consumidor.
Transcorrendo a história, descobre-se que o termo “plástico” foi muito bem
empregado para se tratar de polímeros, considerando que “deriva da palavra grega
plastikos, que significa moldável, apto à deformação, descrição coerente as
qualidades intrínsecas que esse material possui”. (FIELL, 2009. p,9, tradução da
autora).
Desde o primeiro polímero totalmente sintético, a Baquelite (CODINA, 2005),
o material já teve como finalidade a produção de ornamentos corporais. Ao
Investigar a história dos polímeros de origem sintética percebe-se que esta caminha
junto com a evolução dos adornos para o corpo.
Ao longo do século XX os polímeros foram evoluindo, de acordo com as
descobertas científicas e melhorias tecnológicas. Há, porém de se compreender, que
por muito tempo na aplicação de adereços corporais, eles só tinham como função
imitar e substituir materiais considerados mais nobres.
Foi somente com as mudanças na moda, considerando-a um fenômeno
social, que nos anos 1960 os acessórios fabricados em material plástico adquiriram
uma aparência própria, sem intenção de parecer madeira ou metal, por exemplo.
Uma década antes a os polímeros já começavam a ter sua estética própria
aceita, no ápice de seu uso em eletrodomésticos e itens para a casa. Apesar disso
somente a partir de 1960, que com a Pop Art, com as cores e com a moda futurista
que os plásticos chegam ao seu primeiro ápice na aplicação em adornos para o
corpo.
Apesar da grande quantidade de objetos produzidos em plástico, em 1973
uma crise tornou-se inevitável. Com a Guerra do Yom Kippour, o petróleo, matéria-
prima dos polímeros sintéticos teve um enorme aumento de preço. Esta crise teve
fim somente em 1980, quando o combustível fóssil que lhe dá origem teve uma
diminuição de preço. A partir deste momento, pode-se dizer que uma nova era dos
plásticos surgiu. (FIELL, 2009, tradução da autora)
Com o hedonismo crescente dos últimos vinte anos do século XX, que
sustenta o consumo, segundo Lipovetsky (1989), deu-se uma febre pela compra,
uso e descartabilidade, em busca do novo, e de se afirmar numa competição
estatutária. Os polímeros sintéticos não foram excluídos deste auge consumista,
porém por causa de questões ecológicas, surgiram algumas preocupações.
Hoje, temos polímeros sintéticos, em quase todos os tipos de produtos que
utilizamos. Para continuarmos a reconhecer este material em tantos lugares,
devemos utilizá-los de forma racional. Este trabalho não se propõe a ser uma
pesquisa, ou uma defesa na área ambiental, porém nenhum produto hoje que não
se preocupe com tais questões, se torna um tanto obsoleto e sem perspectivas. Por
tal razão, é impossível dissertar sobre o uso de polímeros em objetos de
ornamentação corporal sem mencionar que sua origem natural não é renovável e
que demoram muitos anos para sua degradação. Desta forma, a criação, produção,
utilização e descarte de objetos nesses materiais devem ser feitos de forma
responsável e consciente.
Mesmo com tais questões ambientais, como já explicado antes, esta
investigação procura compreender o mercado de ornamentos para o corpo
fabricados com polímeros e definir quem são os consumidores destes produtos. Tem
como objetivo também identificar os modos de se agregar valor à produtos que são
feitos em materiais de custo baixo, já que atualmente

“(...) há um interesse renovado pelo processo e pela elaboração, assim


como pela transformação do objeto, a incorporação de novos elementos e
técnicas e pela aprendizagem através dos próprios materiais. Não se trata
só de um efeito provocado, mas de um desejo de dignificar o indigno e dar
um novo valor que permita um novo olhar sobre os objetos.” (CODINA,
2005, p.8).

É este sentimento, que favorece tanto a valorização dos itens que utilizamos
para adorno corporal, feitos em uma matéria de custo tão inferior a de um metal, ou
pedra, por exemplo, mas que oferece uma infinidade de possibilidades.

1.1 PROBLEMATIZAÇÃO

Considerando que a história dos polímeros sintéticos é relativamente curta,


visto que são materiais que surgiram no princípio do século passado, compreende-
se que a aceitação de produtos feitos com este material ainda é menor que em
outros, extraídos da natureza, ou mais antigos. Em diversas áreas os metais, papéis,
fibras naturais ou pedras preciosas, por exemplo, são preferidas aos polímeros.
Esta preferência em relação a matérias que não os plásticos, nome pelo qual
o material aqui estudado é mais conhecido, acaba por se agravar, com o fato de que
a decomposição dele no meio ambiente ser extremamente demorada. Apesar deste
fator, o plástico ainda vem ganhando espaço, e como se pode ver no documentário
Planeta de Plástico (BOOT, 2009), atualmente, todas as indústrias dependem de
polímeros sintéticos.
É fato que o material em foco tem um processo de decomposição muito
longo, de 500 a 1000 anos, mais especificamente (BOOT, 2009). O que devemos
compreender é que a maioria dos polímeros sintéticos é reciclável, logo, “para se
beneficiar amplamente desta vantagem, a sociedade deve estimular a deposição
correta das embalagens após o uso e aumentar o alcance da coleta seletiva”
(PLASTIVIDA).
Analisando esse material de uma maneira além da ecológica, é fácil afirmar o
porquê de tantos objetos serem fabricados com ele. O material além de possuir uma
variedade enorme de texturas e funções, molda-se facilmente ao que o designer de
produto deseja.

“Assim, mais do que uma substância, o plástico é a própria idéia da sua


transformação infinita, é a ubiquidade tornada visível, como o seu nome
vulgar o indica; e, por isso mesmo, é considerado uma matéria milagrosa: o
milagre é sempre uma conversão brusca da natureza. O plástico fica
inteiramente impregnado desse espanto: é menos um objeto do que o
vestígio de um movimento.” (BARTHES, 1972, p.173)

Apesar de que os primeiros polímeros sintéticos já tivessem uma forte relação


com os objetos de adorno corporal, foram por muito tempo associados à produção
de imitações de matérias naturais. Hoje o plástico já é utilizado com suas
características próprias, sem tentar copiar. Usa-se um brinco de acrílico, e “sua
glória” está justamente em ser feito no material em que é produzido.
Este valor ainda está em crescimento. Vários produtos como bolsas, sapatos,
jóias, bijuterias, relógios, e acessórios de cabelo, utilizam polímero sintético, e vão
ganhando públicos novos com sucesso. Por vezes, ainda imitam materiais que já
existiam antes, no entanto, é muito fácil encontrar produtos, tais como Melissas,
pulseiras Power Balance, e relógios Champion ou Swatch, que assumem a
aparência bem característica de polímero sintético, brincando com cores e
maleabilidade.
Como Barthes (1972, p.173) explica, o plástico pode estar presente
compondo “tão facilmente um balde como uma jóia”. Talvez seja esta a emoção de
vestir e se adornar utilizando tal matéria. Os polímeros possibilitam a construção de
quase qualquer formato, cor e textura que se deseje, permite a criação e a
realização de desejos em cima de um produto de forma praticamente ilimitada.
Somando isto à responsabilidade da reciclagem, e de um uso consciente, não se
conhece outro material que inclua tantas características irresistíveis à concepção e
consumo de qualquer produto.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Compreender o mercado de objetos ornamentais para o corpo feitos com


polímeros.

1.2.2 Objetivos Específicos


Compreender o desenvolvimento do uso dos polímeros na história dos
produtos de adorno corporal.
Analisar o processo da produção dos ornamentos corporais feitos com
plásticos, da concepção até o consumidor;
Identificar quem são os possíveis compradores e utilizadores, e o que os leva
a desejarem tais produtos;
Compreender os valores que um objeto de adorno corporal, fabricado em
polímero, pode possuir além do custo.

1.3 JUSTIFICATIVA

Ao analisar a história, é possível perceber que o uso de polímeros sintéticos


em adornos corporais não acontece há muito tempo. Outros materiais de baixo custo
já eram usados por antigas civilizações, mas as matérias plásticas foram utilizadas
mais recentemente para tal fim.
O primeiro plástico totalmente sintético, a Baquelite, conta Susan Sloan
(2009, tradução da autora), surgiu em 1907, e foi também o primeiro a ser aplicado
nas jóias posteriormente. Com a Segunda Guerra Mundial, e o investimento em
sintéticos, para substituir os produtos naturais, os Estados Unidos e a Europa se
preocuparam em fazer pesquisas mais aprofundadas sobre o assunto. Em
consequência, com o passar das décadas surgiram vários materiais plásticos, como
o acrílico, o vinil e o epóxi (SLOAN, 2009, tradução da autora).
Atualmente existem muitos polímeros a serem explorados. Seu uso tem
aumentado e já é relativamente aceito pelo consumidor em diversos produtos. Nos
adornos corporais, apresentam-se como um mercado em crescimento, mas se faz
necessário descobrir quem são os consumidores dos acessórios feitos deste
material, até pouco tempo atrás, alternativo, e por que razões tais pessoas
interessam-se em consumir estes objetos.

1.4 METODOLOGIA

Este projeto será desenvolvido, partindo do conceito de pesquisa qualitativa,


cujos aspectos essenciais consistem na
“(...) escolha adequada de métodos e teorias convenientes; no
reconhecimento e na análise dos pesquisadores a respeito de suas
pesquisas como parte do processo de produção de conhecimento; e na
variedade de abordagens e métodos (...)” (FLICK, 2009, p.23)

Utilizando de fontes bibliográficas (livros e páginas na internet), e de um


formulário, aplicado a diferentes pessoas de idade variante entre 10 e 70 anos, que
serão recolhidos os dados necessários a este projeto.
Através dos livros de Fiell, Cappelieri, Codina e Sloan, principalmente, serão
coletadas as informações sobre a história dos polímeros em paralelo com a história
dos ornamentos corporais. Além destas, outras fontes bibliográficas serão utilizadas
para explorar o processo de concepção, produção e consumo dos adornos em
questão e compreender o valor que um objeto tem além do seu custo.
O formulário, já citado, terá como função auxiliar na compreensão, gerando
assim uma resposta a que público consome adornos em polímeros sintéticos e o
porquê do interesse nestes adereços. Por este motivo a pesquisa tem uma
abordagem explicativa.
Sendo assim este trabalho de pesquisa exploratória, se propõe a entender o
processo de criação e produção de ornamentos corporais feitos com polímeros, e a
questionar os motivos que levam a determinados grupos consumirem tais artigos.

1.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Apesar do caráter exploratório e explicativo desta pesquisa, esta não é um


estudo de caso. Este trabalho, através de fontes bibliográficas, se limita a percorrer
a história paralela dos polímeros e adornos corporais visando, nestes termos,
somente contextualizar e introduzir o assunto.
Sendo o objetivo geral deste projeto, compreender o mercado de objetos
ornamentais para o corpo feitos com polímeros, ele se restringe a uma breve análise
sobre o valor dos objetos, as vantagens e desvantagens ecológicas do material em
questão e a um estudo a respeito do formulário, a ser utilizado para coleta de dados
com a finalidade de descobrir os grupos que consomem mais os adereços em
estudo.

2. ADORNOS CORPORAIS E POLÍMEROS


2.1 O ADORNO CORPORAL E SEU VALOR

É facilmente perceptível a presença dos adornos corporais durante quase


toda a história da humanidade. As jóias, ao longo do tempo já desempenharam
funções de moeda universal, de amuleto, sinais de poder, relacionamento em
relação ao grupo em que o indivíduo portador se inclui, ou simplesmente enfeite,
valores espirituais e transcendentes, ou até a mais negativa futilidade (GOLA, 2008).
Transcorrendo a história desses ornamentos, percebe-se que os elementos
utilizados foram mudando conforme a evolução dos processos de fabricação e da
própria disponibilidade de materiais e tecnologias. O que antigamente era feito
somente com matérias primas naturais, preciosas ou não, como penas, dentes,
ossos, fibras, conchas, além da prata e do ouro, hoje é produzido com sintéticos,
inclusive de baixo custo.
A importância do material em que um ornamento era feito foi transferida para
forma, conceito, função. Essa mudança de valores teve início com a Art Nouveau1.
Durante o período deste movimento artístico, pode se afirmar, que foi a primeira vez,
em todos os tempos que o valor de uma jóia, por exemplo, não vinha dos materiais,
mas sim do desenho (CAPPELLIERI, 2010, tradução da autora).
Segundo Cappellieri (2010), a partir dessa lógica, alguns joalheiros passaram
a adicionar pedras semipreciosas em suas criações, e até mesmo a usá-las para
substituir as preciosas. Paralelamente com a evolução das tecnologias e a
descoberta dos polímeros sintéticos, estes últimos começaram a aparecer em
produtos até então feitos normalmente em metal.

2.2 A HISTÓRIA DOS POLÍMEROS E SEUS USOS EM ORNAMENTOS


CORPORAIS

Considerando que os polímeros podem ser de origem natural, é fato que eles
vêm sendo utilizados há séculos, no entanto, a história dos polímeros sintéticos teve
ser começo somente em 1839, quando Charles Goodyear deu início à industria de
materiais plásticos, com o processo de vulcanização de borracha, que ele
desenvolvera (FIELL, 2009, tradução da autora).
1
Art Nouveau é o “estilo ornamental utilizado em arquitetura, decoração, joalheria, ilustração etc., [...]
(Floresceu aproximadamente entre 1890e 1910 e inspirou-se, em parte, na arte japonesa da gravura.”
(HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro; FRANCO, Francisco, 2009. p.197).
“Após cinco longos anos de aparentemente pesquisa inútil, Goodyear
resolveu a instabilidade relativa a temperatura que a borracha natural sofria
durante um processo de tratamento que envolvia a adição de enxofre em
condições de extremo calor e pressão. ” (FIELL, 2009, p.9, tradução da
autora)

Também de acordo com Fiell (2009, tradução da autora), em 1842, Thomas


Lobb encontrou um novo tipo de polímero natural, derivado de um tipo de árvore que
existia no leste asiático. O novo material foi chamado de Gutta Percha. Este
polímero era utilizado de diversas formas. Entre todos os artigos feitos com a Gutta
Percha são exemplos bolas de golfe, espelhos de mão, urnas funerárias e jóias de
luto, usadas pelas viúvas da época, com o intuito de mostrar que o falecido não
havia sido esquecido, além de frisar a inevitabilidade da morte e ser um símbolo de
status.
Durante a década seguinte, mais dois materiais foram inventados. Com o
primeiro, conhecido como Florence Compound, em português Composto de
Florença, eram produzidos espelhos de mão, escovas de cabelo, entre outros
objetos. O segundo era feito a partir de uma mistura de sangue (adquirido nos
matadouros parisienses), albumina do ovo, e de serragem extremamente fina. A
mistura após sofrer um processo de aquecimento, e colocado em formas de aço,
adquiria a aparência de uma madeira escura e bastante rígida, características estas
que deram origem ao seu nome, Bois Durci, do francês, que em português significa
madeira endurecida. Com este material eram fabricados porta-retratos, pentes, e
medalhões, tendo estes últimos como tema pessoas famosas ou alegorias clássicas
(FIELL, 2009, tradução da autora).
No começo da década de 1860, foi patenteada a Parquesina, o primeiro
plástico moderno, inventado por Alexander Parks. Este polímero, uma espécie de
celulóide, foi considerado o primeiro plástico sintético, e era feito de uma mistura
altamente inflamável de nitrato de celulose e álcool (FIELL, 2009, tradução da
autora).
Com a Parquesina eram fabricados diversos objetos, como rolos de pressão
para o tingimento e estamparia em tecidos, solas de sapato, cabos de facas e
pincéis, broches e tecidos impermeáveis. Apesar das qualidades do material, como a
fácil coloração e moldagem, havia dois problemas inerentes no polímero em
questão: “era inflamável e sua fragilidade tornava-o fácil de rachar” (FIELL, 2009,
p.11, tradução da autora). Por este motivo, alguns anos depois, versões melhoradas
deste material, como a Xilonite, começaram a substituí-la.
Charlotte e Peter Fiell (2009, tradução da autora) contam que ao final da
década de 1860, inspirado pelo prêmio de $10000, oferecido por uma empresa
fabricante de bolas de bilhar a quem inventasse um plástico para substituir o marfim,
John Wesley Hyatt, fez diversos experimentos. Apesar de não ter encontrado uma
forma de substituir o marfim, inventou um material termoplástico que foi usado para
fabricação de peças de dominó e xadrez.
Hyatt abriu uma companhia com seu irmão, e começaram a fabricar
dentaduras, porém elas amaciavam o calor e possuíam um sabor insatisfatório. Este
fato colaborou com que os irmãos Hyatt mudassem o nome da empresa para
Celluloid Manufacturing Company, empresa que já nos primeiros anos registrou mais
de 250 patentes para diferentes tipos de plásticos feitos de celulose. A Celluloid,
como foi registrada, era utilizada na fabricação de colares laváveis, escova de
cabelo, e em objetos como bolas de bilhar, de piano e brinquedos (FIELL, 2009,
tradução da autora). No entanto, a Celluloid também era altamente inflamável, e
deteriorável quando exposta à luz solar (CODINA, 2005).
De acordo com Fiell (2009), no final do século, Charles Frederick Cross e
Edward John Bevan, dois inventores britânicos conseguem encontrar uma solução
para problema da Celluloid, fazendo um processo de acetilização na mesma.
Em 1900, foi exibida na Exposition Universelle, em Paris, a Galalite, feita da
caseína, uma proteína do leite. Este material, comercializado com êxito por Carl
Kunth, imitava pedras semipreciosas como ágata, lápis lazuli, ônix e jade (FIELL,
2009, tradução da autora).

2.2.1 OS POLÍMEROS SINTÉTICOS

Sete anos após essa exposição, Leo Baekeland, um químico belga, que
morava nos Estados Unidos, patenteou a Baquelite, classificada como o primeiro
polímero totalmente sintético. Relativamente fácil de ser replicada, e tendo como
resultado uma resina sem bolhas, podia ser transparente, opaca ou colorida. Por
estas características, a nova descoberta foi muito aplicada, assim como a Galalite,
em adereços da época (FIELL, 2009, tradução da autora).
Algum tempo depois, com as mudanças no modo de comportar-se e viver das
mulheres da década de 1920, os acessórios tiveram de se adequar à praticidade
adotada pelo gênero feminino. As jóias tiveram seus preços diminuídos, e para tal,
começaram a incluir em sua composição a prata, as pedras semipreciosas e o
esmalte. Até este período a costume jewellery 2, ou jóia-fantasia era vista como uma
versão barata das jóias de custo muito alto, no entanto Elsa Schiaparelli e Coco
Chanel colaboraram na difusão destes adereços que por sua vez, eram comumente
fabricados em Baquelite e Galalite, substituindo as pedras preciosas (CAPPELLIERI,
2010, p.21, tradução da autora).
Como Codina (2005) conta, a descoberta de que os plásticos eram
compostos de macromoléculas, levou a novas investigações, que entre os anos
1920 e 1930, tiveram como resultado o aparecimento do policloreto de vinil, o PVC,
como é mais conhecido, e do acetato de celulose. Em 1935, surge o nylon, que era
uma seda artificial, de melhor qualidade que o rayon, desenvolvido em torno da
mesma época da criação da Baquelite. Ainda na década de 1930, os polímeros
sintéticos, adquiriram uma melhora relevante, o que os tornou viáveis de fato para
produção em massa e para a indústria em termos de design e fabricação.
Em 1939, teve início a Segunda Guerra Mundial, e durante este período, que
foi até 1945, o governo Americano investiu milhares de dólares em pesquisas com
fins militares. Esta busca por melhorias nos armamentos e equipamentos militares
acabou gerando avanços exponenciais no desenvolvimento dos materiais em estudo
neste trabalho. Com ajuda da publicidade, entendia-se que os plásticos ajudariam a
servir e definir a nação americana durante e depois do período da guerra (FIELL,
2009, p.18-19, tradução da autora).
Há de se compreender que este foi uma época em que vários materiais, como
os metais, estavam escassos, desta maneira, referindo-se a adornos corporais,
surgiam produtos, que tentavam substituir os feitos normalmente em matéria
preciosa. Considera-se também o aumento dos impostos sobre as jóias (PHILIPS,
2008, p.188, tradução da autora), o que tornava satisfatória a possibilidade através
dos polímeros sintéticos, de copiar e criar, substituindo o material original, mas não
abandonando a ornamentação do corpo.

2
Costume Jewellery , ou bijuterias de fantasia, é um termo que “surgiu em 1873, com a criação da primeira
câmara sindical da bijuteria francesa, em Paris. A instituição agrupava os fabricantes de jóias realizadas com
materiais não preciosos e os que produziam as chamadas jóias de imitação” (CODINA, 2005, p.10).
Durante os anos 1950, os polímeros sintéticos foram bastante utilizados para
a fabricação de objetos domésticos. Apesar da grande produção de produtos no
material, a qualidade dos aparelhos era um tanto duvidosa. Somente nos anos 1960,
que este problema parece ter sido reduzido. A expansão da indústria dos plásticos
que vinha ocorrendo desde a guerra, chegara ao seu ápice, e diversos tipos de
polímeros e processos de moldagem se tornaram disponíveis para os designers.
(FIELL, 2009, tradução da autora)
Um dos homens responsáveis por esta difusão foi o químico Harry Hollander,
que de acordo com SLOAN (2009, tradução da autora), começou uma pesquisa nos
anos 1950 que se estendeu até a década de 1970. Conciliando seu interesse pelas
artes e seu conhecimento em resinas e plásticos, ele decifrou as formulas
necessárias para que as resinas fossem úteis aos artistas. Com isso, pode-se dizer
que graças às descobertas de Hollander que atualmente, a compra de certos
materiais pode ser feita em qualquer loja de ferramentas.
Foi também na década de 1950 que se deu a “época dourada” da bijuteria
nos Estados Unidos, quando firmas como Roger Scemama, Miriam Haskel, Coro,
Trifari, Einsenber & Sons e Bonaz representavam o segmento.

“O racionamento dos metais durante o pós-guerra propiciou uma


investigação exaustiva de diferentes tipos de plástico; ligeiros, baratos e
com uma ampla gama de cores e acabamentos, qualidades que ofereciam
possibilidades infinitas à bijuteria, capaz de absorver quase
instantaneamente qualquer moda, como, por exemplo, iniciar uma linha de
jóias tutti frutti, inspirada nos divertidos turbantes de fruta da antora e
bailarina Carmen Miranda.” (CODINA, 2005).

A partir dos anos 1960, a cor, forte característica da década se apresentou


uma aliada dos polímeros sintéticos, que permitiam as mais variadas possibilidades
dessas. Além disto, três tipos de termoplásticos ganharam mercado significante.
Eram eles os vinis, os poliestirenos e as poliolefinas. As criações feitas com estes
iam desde peças de joalheria, sapatos, roupas, mobília e obras esculturais
(CODINA, 2005, p.81). Neste período “uma grande variedade de materiais foi
introduzido no repertório da joalheria”.
“O uso criativo do plástico explorando suas propriedades ao invés de imitar
outros materiais preciosos” (PHILIPS, 1996, p. 198, tradução da autora) estava
presente nos mais variados acessórios. Esta mudança se deu com a conversão da
frivolidade e do glamour em adjetivos retrógrados, que as gerações associaram a
uma sociedade acomodada (CODINA, 2005).
Segundo Codina (2005), uma tendência internacional se deu neste período,
que contemplava qualquer material para expressar a personalidade do joalheiro,
deste modo, o ornamento se tornava um campo estimulante para experimentação, e
para a criação de objetos de arte.

2.2.2 A CRISE DE 1973

O desenvolvimento e aceitação dos plásticos, que até então ocorria em


sentido crescente, em outubro de 1973 sofreu um duro golpe quando como conta
Fiell:

“(...) membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo Árabe


emitiram um embargo de petróleo em resposta à decisão dos EUA de
reabastecimento do exército israelense durante a Guerra do Yom Kippur.
Com isso, o preço do petróleo quadruplicou e os plásticos deixaram de ser
os materiais baratos que eram até então.” (FIELL, 2009, p.25, tradução da
autora)

Segundo Fiell (2009, tradução da autora), a partir daí, toda a década de 1970
se viu num período de reflexão sobre o fato de a natureza ser limitada. Essa
mentalidade foi ressaltada com a crise de energia de 1979 que aconteceu no início
da Revolução Iraniana, e também influenciou o aumento de preço dos polímeros
sintéticos.
Com isso, uma tendência que exaltava a aparência natural surgiu, e apesar
desta má fase, os plásticos continuaram a serem usados na fabricação de vários
produtos, porém, a solução para a sua indústria foi imitar a textura e aparência da
madeira ou simular materiais naturais, evitando ao máximo sua estética verdadeira.
Isto acabava ressaltando ainda mais a idéia de que os polímeros eram de mau
gosto, e que tentavam substituir substâncias autênticas, diminuindo sua aceitação
(FIELL, 2009, tradução da autora).
Ainda assim durante esta década, alguns itens como os grandes óculos
coloridos feitos com esses materiais, que serviam praticamente de máscaras,
encobrindo metade dos rostos eram sucesso. (GIANNINI) Independente da crise
tornaram-se ícones do período.
2.2.3 O RENASCIMENTO DO DESIGN EM PLÁSTICO

Uma segunda grande era dos plásticos surgiu, quando em abril de 1980, o
preço do petróleo caiu e permaneceu relativamente baixo até o fim da década.
Nestes anos uma atitude que pretendia mostrar que era possível criar jóias
sem ser joalheiro, levava artistas, que procuravam a máxima espontaneidade, a
enroscar fios de Nylon, recortar materiais leves como papel ou madeira ou juntar fios
de aço com PVC, e fazendo destas experimentações objetos de adornos para o
corpo.
Segundo Charlotte e Peter Fiell (2009, tradução da autora), o potencial formal,
funcional e comercial do plástico foi extremamente explorado por designers, neste
período, exemplificando desde o primeiro relógio da Swatch(1983) até a Air Chair for
Magis(1999), de Jasper Morrison.
A partir de a década de 2000, é possível afirmar que já estamos acostumados
com borrachas, resinas, polímeros sintéticos, sendo utilizados pelos fabricantes de
diversos nichos. Tratando de adornos corporais, sapatos feitos com plástico são
vistos em desfiles em Paris, relógios requintados possuem pulseira feita do material,
bijuterias, tiaras e enfeites para cabelo são compostas pela mesma substância.
Seria impossível negar a onipresença desses materiais de forma direta ou indireta
nas nossas vidas.
Hoje desde as lentes dos óculos, feitas em acrílico ou policarbonato, que
tornam os óculos ainda mais leves, sem contar sua armação, e até sapatos, como
os da Melissa, tornam literal quando alguém diz que estamos usando o plástico “dos
pés à cabeça”.

3 POLÍMEROS

Para considerar a produção de um produto em determinado material, é


necessária uma avaliação das suas vantagens e desvantagens. Esta análise deve ir
desde o custo de produção até os efeitos ao ambiente. Deve prever a capacidade da
matéria ao ser trabalhada e sua aceitação.
O material foco deste estudo constitui uma ambiguidade constante, já que se
molda de acordo com a vontade do designer de produto, é facilmente aplicado na
produção em massa de determinados objetos, porém demora um grande tempo para
se decompor no meio ambiente, logo, exige consumo consciente e reciclagem. Em
determinados mercados já foi aceito faz muito tempo, porém em outros está se
tornando mais comum recentemente, e apesar de ser um material novo em
comparação aos metais e matérias de origem natural, já está presente de alguma
forma em todas as indústrias.

3.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DE POLÍMEROS

Com o aumento do consumismo do nos anos 1990 e 2000, uma mudança


ocorreu no mercado dos plásticos. Os produtos feitos deste material acabaram por
serem vendidos como produtos efêmeros, descartáveis. Desta maneira, ignora-se a
limitação dos recursos naturais, visto que a maioria dos polímeros tem origem a
partir do petróleo (FIELL, 2009, tradução da autora).
Devido ao longo período que o material em questão leva para sua
decomposição, como já citado antes, é necessário que haja uma preocupação
quanto a sua descartabilidade e reciclagem. Esta responsabilidade além de
pertencer ao consumidor pertence também a qualquer indústria que trabalhe com
polímeros, e por não termos total controle de nenhum dos lados, o uso do material
pode se tornar desvantajoso.
No entanto, a indústria brasileira do plástico já conta com dois porta-vozes
talhados para o foro ambiental: a Plastivida, que congrega os interesses dos seus
associados com foco na promoção socioambiental dos plásticos, e a Associação
Brasileira dos Recicladores de Plástico, a Abremplast (ALBUQUERQUE, 2001).
A busca incessante por uma forma de tornar os polímeros materiais
sustentáveis já encontrou algumas soluções.
Para a preocupação generalizada a respeito do tempo de deterioração no
ambiente, uma solução possível seria

“(...) a fragmentação do plástico residual em resinas com tal finalidade, para


emprego na área da engenharia civil, na construção de moradias, prédios,
pontes, etc., bem como utilizados, ou mesmo, em substituição à areia”
(ALBUQUERQUE, 2001).

Quanto à dependência do petróleo, o impacto dos aterros de lixo, e a redução


de energia utilizada, a produção de plásticos mais duráveis e a sua reciclagem
seriam as melhores ações a se tomar. Estes materiais, quando reciclados podem ser
tranquilamente utilizados na produção de adornos corporais, já que só nao são
recomendados para embalagens “que ficam em contato diretos com alimentos ou
remédios, nem brinquedos e peças de segurança que exigem determinadas
especificações técnicas” (ALBUQUERQUE, 2001).
Um exemplo de utilização do material reciclado em objetos de ornamentação
para o corpo são os acessórios produzidos pela marca francesa Batucada, que criou
colares, gargantilhas e pulseiras reutilizando plástico ecológico (UseFashion, 2009).
Há também uma solução que apesar de já existir a algum tempo, ainda possui
grandes possibilidades de evolução, os biopolímeros, que são

“(...) produzidos a partir de matérias-primas renováveis como cana-de-


açúcar, milho, óleos de girassol, soja e mamona. Esse material é tão versátil
quanto os derivados de petróleo, podendo se transformar tanto em plásticos
duros como em versões que parecem borracha.” (Mundo Estranho)

Segundo Freudenrich (2007), outra vantagem dos biopolímeros é que são


biodegradáveis, apesar de ainda serem mais caros que os plásticos derivados de
petróleo.
Estes materiais, derivados de matérias-primas renováveis surgiram em 1997,
quando Cargille Dow “fabricou um plástico transparente (polilactida) com milho. As
fibras poliactidas foram utilizadas em roupas esportivas, tecidos de estofamento e
embalagens bioplásticas” (FREUDENRICH, 2007).
Ainda que de origem natural, essa opção também exige a reciclagem e
consumo consciente, para compensar o gasto de energia da produção, que é maior
que a do plástico feito de combustível fóssil. (KHOO apud MIYAMOTO, 2011.).
Como podemos notar, o uso do material em estudo para fabricação de
qualquer produto, inclusive adereços corporais, pode ser nocivo se feito de modo
descartável e sem fins de reciclagem. No entanto, quando aplicado o
reaproveitamento desta matéria, é uma opção totalmente válida.
Segundo a página na internet da Plastivida (2011), “apesar de um uso tão
amplo, apenas 4% do petróleo extraído são destinados à produção de plásticos”.
Além disto, outra vantagem do material é a sua leveza, que proporciona uma grande
economia no transporte das mercadorias.
O que se deve compreender é que um material não deve ser avaliado quando
a sua sustentabilidade somente pelo seu modo de descarte, mas também pelos
custos e energia gastos em produção e distribuição. Analisando desta maneira a
matéria foco deste estudo, não é tão prejudicial como costumamos pensar.
Considerando a produção de adornos, como objetos de certa efemeridade,
produtos de moda, que seguem certas tendências, um detalhe importante é a
possibilidade de o material ser reciclável, mesmo que tais objetos permaneçam por
muito tempo com seus donos, antes de serem descartados. Os polímeros têm como
vantagem também, o fato de seu custo ser normalmente baixo para o consumidor
final.
Alguns exemplos de polímeros que podem ser aplicados a acessórios de
acordo com suas boas características para tal, são o acrílico (PMMA), que “é à
prova de desvanecimento, sem cheiro, resistente, e fácil de polimento”
(ACRILCOINA, 2010) e as resinas, que são originalmente líquidas, e ao serem
misturadas a determinados agentes se convertem em sólidas podendo ser
facilmente trabalhadas em moldes, além de receberem coloração (CODINA, 2005).
Além das vantagens para os consumidores, os materiais aqui em estudo são
especialmente interessantes para qualquer designer de produto, joalheiro, ou
designer de acessórios de moda em geral.
Como já dito antes, a habilidade em ser moldado ilimitadamente, podendo-se
fabricar inclusive objetos sem remendos ou costuras, torna esta matéria um sonho
realizado para quase qualquer criador. Tudo é possível neste caso, o grande trunfo
dos polímeros sintéticos é a liberdade que oferecem para quem cria objetos com
eles.

3. 2 O PÚBLICO ALVO

3.3 DA CONCEPÇÃO ATÉ O CONSUMIDOR

3.4 O MERCADO PARA OS ADORNOS CORPORAIS EM POLÍMERO


4 VALOR ALÉM DO PREÇO

Durante quase toda a história da humanidade, o homem teve o hábito de se


adornar.

“Depois de suprir suas necessidades básicas, o homem primitivo começou,


naturalmente, a dedicar sua atenção a coisas mais supérfluas. Quando
começou a olhar para si, veio o desejo de ornamentar-se, de tatuar o corpo.
Foi a sua busca de afirmação pessoal, de destacar-se entre seus
semelhantes. Os elementos de que dispunha como matérias-primas eram
dentes de animais e penas de aves. Com esses materiais, ao confeccionar
cocares, pulseiras e outros objetos, o homem primitivo deu início à
ornamentação cultural.” (CORBETTA)

Como Codina (2000) afirma, falar das origens da ornamentação humana


constitui um valioso instrumento para reconstruir a própria história da humanidade.
Por muito tempo os ornamentos corporais possuíram um efeito muito mais mágico
que estético. As conchas, por exemplo, com sua relação simbólica com o feminino,
funcionavam como amuletos para a fertilização e gestação, enquanto os dentes e
plumas, que possuíam uma referência à caça, eram utilizados para conferir força e
energia a quem o portasse. (CODINA, 2000)
Com a manipulação dos metais, o significado de diferenciação social
referente ao tipo de riquezas que as pessoas pudessem portar em forma de
ornamento, permeou grande parte da história.
Foi no final do século XIX que a joalheria convencional começou a perder a
conotação de ostentação e riqueza e ganhou desenhos mais simples e elegantes
(GOLA, 2008). Neste período, sua área de criação começou a dividir-se em duas
vertentes:
“Por um lado, a jóia de desenho orientada para o mundo da moda e do
desenho industrial e que tem como objetivo agradar a demanda do
mercado. Por outro lado, a joalheria empenhada em expressar-se através
dos valores universais da arte como forma de expressão pessoal e que
procura cumplicidade com o usuário. Esta última é uma joalheria criada
mais pelo puro prazer estético do que por interesses comerciais.” (CODINA,
2000, p.11)

No entanto, estes ornamentos corporais, ainda que já estivessem começando


a ter o valor dos elementos que os compunham transferido para a forma, para a
significação, ainda representavam tradição e valor material. Esta questão só foi
mudada nos anos 1960, como visto antes.
O sentimento de valorização do design, mais que à preciosidade do material
em que os objetos são feitos, a partir de então começa a determinar que objetos,
inclusive os de ornamentação corporal são comprados, por quem, e porquê.
O que aconteceu desde então é que “a aparência das coisas, como uma
3
consequência das condições da sua produção” (FORTY, 1986) começou a se
tornar mais valorizada do que o simples material que compunha um objeto. Assim, o
consumo de diversos objetos de desejo se tornou mais acessível, considerando que
nem sempre são de preciosidade material.
Por outro lado, o custo de determinados produtos começou a ter seu preço
elevado para o consumidor por causa da valorização do seu design.
Com a finalidade de entender o consumo relacionado a tais questões é
necessário saber que as necessidades dos consumidores “não são fixas e
imutáveis, elas se transformam com o tempo e acompanham o desenvolvimento das
sociedades e culturas...” (SANTOS, 2000, p.42).
Ao considerar isto, e aplicar no tema deste trabalho, não devemos tratar os
adornos corporais como algo supérfluo. Segundo Maslow, há um conjunto de
necessidades a serem satisfeitas por qualquer homem. Assim, este procura
primeiramente satisfazer o que lhe parece mais importante, para então, quando isto
deixar de existir, temporariamente, procurar a satisfação da necessidade seguinte.
(Maslow apud Karsaklian, 2004)
De acordo com Karsaklian (2004), segundo esta teoria, as necessidades
fisiológicas, básicas para a sobrevivência, numa sociedade industrializada estão
automaticamente resolvidas. A partir de então o indivíduo busca a segurança física,
ou seja, um lar, algum lugar para viver, algo para se agasalhar. Com isto saciado, a
pessoa em questão começa a buscar por afeto, sentimentos afetivos e emocionais
de amor e de pertinência às pessoas mais íntimas. Com esta satisfação, surgem as
necessidades de status e estima, dos desejos de prestígio. Tendo alcançado este
nível só falta então ao indivíduo satisfazer sua necessidade de realização, de
desenvolver suas potencialidades, de procurar o autoconhecimento.
Deste modo, provavelmente o consumo se dê no nível de realização das
necessidades de status e estima, influenciado por questões mercadológicas e de
grupo, em que determinados produtos parecem inserir o consumidor ou o eleva
dentro de um grupo.
3
Significado de Design (FORTY, 2007, p.12).
Apesar disto, segundo Karsaklian (2004) existe também a necessidade
passiva, ou seja, quando ela existe, mas é relevada. Assim, é possível também que
o indivíduo que a possui dê prioridade a um desejo de uma necessidade mais
elevada, e acabe por ignorar uma que na ordem natural, seria satisfeita primeiro.
Desta maneira, muitos itens considerados supérfluos, podem ser de tamanho desejo
para alguém, que para esta pessoa se tornam parte de uma necessidade a ser
satisfeita.
Geralmente, os adornos corporais são considerados exemplos de objetos
frívolos, objetos estes que muitas pessoas alegariam não sentir necessidade de uso.
Apesar disto, poucas pessoas abririam mão (INCLUIR PORCENTAGEM), do uso da
aliança para simbolizar noivado ou casamento. Se os objetos de ornamentação
corporal fossem tão supérfluos, a necessidade de um relógio de adornar seria nula,
e todos os relógios poderiam ser iguais. Da mesma forma seria inexplicável o fato de
algumas mulheres sentirem-se nuas ao sair sem brincos de casa.
Apesar da constante negação de muitos dos próprios consumidores, a moda
em geral tem papel fundamental na nossa vida social e quase ninguém abre mão de
se ornar de acordo com suas crenças, meio em que se encontra, e estilo de vida.
Compreendendo então, que o valor dos objetos pode estar incutido muito
mais no papel que eles possuem em relação ao portador, significação emocional,
social e aparência final ligada às condições de sua produção, começa a se tornar
mais lógico o valor agregado a produtos que por vezes não são feitos em matéria de
alto custo.
As marcas muitas vezes são um exemplo deste valor assumido por objetos de
custo relativamente baixo, mas que ao chegarem ao consumidor não custam pouco.
Ao acompanhar as transformações dos ornamentos corporais, principalmente
da joalheria, e rever momentos sociais, econômicos e por vezes até religiosos, nos
deparamos com as modificações no mercado de luxo, que reflete bem esta questão
relacionada ao preço final dos produtos independente do quanto ele custa para ser
produzido.
Lipovetsky (1987) diz: “Como se sabe, os artigos de luxo não sofreram com a
crise; sempre procurados e valorizados, revelam, entre outras, a persistência do
código de diferenciação social pelo meio indireto de certos produtos”. Ainda com
esta resistência, o mercado de luxo naturalmente se esforça para se adequar às
possibilidades e vontades de seus clientes.
“Recentemente, por exemplo, com a crise financeira que abalou o mundo
entre 2007 e 2009, grandes bancos quebraram, bolsas de valores
despencaram e muitos governos foram obrigados a oferecer ajudas
bilionárias. Mas junto com o medo veio a cautela.
Novas medidas de segurança e regulamentação foram impostas e os
governos, as empresas e as pessoas, naturalmente passaram a gastar com
mais cuidado. O mercado de luxo sentiu o baque e agiu rápido. Passou a
investir em um novo setor, bastante lucrativo, em meio à recessão. Peças
coloridas de resina ganharam a etiqueta de grandes marcas fashion.”
(ANUÁRIO JÓIAS E ACESSÓRIOS REVISTA CARAS, 2010)

Segundo o Anuário 2010 de jóias e acessórios da revista Caras, como visto,


adornos em materiais alternativos, de custo baixo, tiveram seu valor aumentado, ao
serem associados a grandes marcas. Sendo produzidos por estas, tornaram-se
objetos de desejos para pessoas que podiam consumi-los e pras que não podiam
também. Considerando que o preço da produção não era alto, outras marcas de
menos reconhecimento se inspiraram nesta tendência, disseminada pelo mercado
de luxo, e tornaram os produtos disponíveis para o grande público.
Deste modo se reconhece que independentemente se produzido com
materiais preciosos ou não, um adereço feito com polímeros, como a resina ou o
acrílico, pode oferecer como razão de compra a aparência casual, não será só
usada em grandes eventos sociais, mas no dia a dia, no trabalho, em situações
comuns ao nosso cotidiano. Um objeto assim poderá carregar o valor de uma
grande marca, ser até misturado com materiais preciosos, e ainda deixar a dúvida,
ou até negar que é feito com matéria prima valiosa, causando aparência menos
formal ao consumidor, e influenciando positivamente também em questões de
segurança4.
Esta lógica de uma marca pequena produzir o que uma grande e menos
acessível criou, é bastante parecida com a relação que o consumidor cria com
pessoas que considera modelo, por exemplo, celebridades. É muito comum alguém
famoso aparecer na mídia usando alguma roupa ou acessório, e pouco tempo
depois estes objetos se popularizarem. Segundo Karsaklian (2000), de acordo com o
modelo de Ajszem e Fishbein, uma das estratégias para influenciar o
comportamento do consumidor seria propor modelos

“(...) como pessoas famosas ou líderes de opinião, com as quais o


consumidor se identificará. Ao mesmo tempo isso representará uma
4
Muitas pessoas não saem de casa portando jóias, com medo de serem assaltadas. Um adorno com aparência
mais descontraída não transmite a certeza de seu valor real.
segurança para ele, pois qualquer comentário desagradável que se faça
sobre o produto adquirido será retido com o fato de que tal celebridade o
usa, logo o produto é recomendado.” (AJSEM;FISHBEIN apud
KARSAKLIAN, 2000)

De acordo com Lipovetsky (1987), a cultura de massa está imersa na moda, e


uma das razões para isto ocorres é justamente pelo fato de que esta última está
sempre ligada a “estrelas e ídolos”. “Greta Garbo difundiu o corte dos cabelos
semilongos, o uso da boina e do tweed; a voga do ‘loiro platinado’ vem de Jean
Harlow (...)” (LIPOVETSKY, 1987).
Da mesma forma acontece hoje, e inclusive com os objetos de adorno
corporal foco desde trabalho.
Um bom exemplo deste processo são as pulseiras de silicone, Power
Balance, que após serem vistas usadas por esportistas como Cristiano Ronaldo e
David Beckham, se tornaram febre no mundo inteiro. Mesmo com a suspeita e
posteriormente, confirmação de que o adesivo de holograma do adereço não
interfere em nada no equilíbrio e elasticidade dos usuários, proposta da marca,
muitos continuaram usando-o pela identificação da pulseira com os seus ídolos.
O mesmo aconteceu com os Crocs, calçados, feitos de uma resina de célula
fechada, que após serem vistos nos pés de celebridades como Jô Soares, Marisa
Monte, Ana Maria Braga, no Brasil e de Jack Nicholson, Ben Affleck e Al Pacino, no
exterior, mesmo com sua aparência considerada feia pela maioria das pessoas,
foram sendo aceitas por um número enorme de consumidores (G1, 2007). O
calçado é extremamente confortável, porém se não fosse pelos famosos que os
vestem, provavelmente ninguém iria se interessar por sapatos com tanta falta de boa
estética.
Nenhum destes dois produtos citados custa pouco. A pulseira Power Balance,
por exemplo, de acordo com o site Buscapé custa de R$39,90 até R$120,00. O
preço dos calçados Crocs varia de R$59,90 a R$139,90, dependendo do modelo,
segundo a mesma fonte.
Os adereços feitos em polímeros que tem valor agregado além de seu custo
de produção não se limitam a estes dois. A Melissa, marca que produz sandálias e
bolsas, surgiu fabricando sandálias com fama de baratas. Hoje, associando-se a
estilistas renomados, cria peças que podem chegar até R$599,00.
Outra marca de acessórios corporais que surgiu com produtos baratos e
expandiu seu mercado é a Havaianas. Seus primeiros chinelos de borracha, não
foram criados para ornar, mas com o passar do tempo, se tornaram comuns ao
cotidiano brasileiro, e após terem chegado nesse estágio, começou-se a investir em
modelos e cores novas. Assim foram se tornando não só produtos básicos, mas de
moda também. Seu preço para o consumidor aumentou um pouco, mas ainda
assim, não deixam de serem vendidas, já que não se trata somente de um adorno, é
considerado essencial pela maioria das pessoas que moram no Brasil.
Os polímeros também adquirem valor sendo aplicados em produtos mais
associados ao luxo, como óculos, jóias e relógios.
A Swatch é um exemplo de marca que produz relógios plásticos que possuem
preços semelhantes aos de relógio em metal. O lançamento da marca salvou o
mercado relojoeiro suíço durante o fim dos anos 1970, quando a concorrência
japonesa o ultrapassou. Unindo a tecnologia à uma aparência arrojada, que se
manifestava no plástico aplicado ao acessório, e fazendo disto um sucesso, a crise
foi superada.
Óculos como o Ray Ban Wayfarer, que foi o primeiro modelo feito
completamente em acetato, criado em 1952, são um adereço de altíssimo valor
agregado, e associado a diversos ícones do cinema e televisão. (Fashion Roll,
2008).
Como podemos notar é possível então, agregar valor a um produto de
material de custo relativamente baixo de formas diferentes. Podemos considerar o
valor emocional que um objeto tem. Esse não necessariamente significa um custo
alto para o consumidor, mas que simbolicamente o ornamento em questão tem um
sentido na vida de seu portador.
Outra opção seria na divulgação do produto associá-lo a pessoas famosas. “A
estrela é o feérico da personalidade como a moda é o feérico do parecer; juntas não
existem senão em razão da dupla lei de sedução e de personalização das
aparências” (LIPOVETSKY, 1987, p.215).
Por fim, como observamos, outro modo de fazer um objeto de produção
pouco custosa ter seu valor aumentado, seria que fosse vendido por grandes
marcas, ou até mesmo sendo feito pelas menores, porém tendo seu design
melhorado e adequado ao desejo de novidade do mercado.
Todas estas formas para o aumento da valorização de tais objetos se aplicam
considerando fins comerciais. Quando falamos de adornos conceituais, este campo
é mais voltado para a arte. Assim, o custo das peças para quem quiser obtê-las
normalmente será mais alto, não por outro motivo que o valor artístico delas.
Levando em conta que são objetos de arte, os materiais são dos mais
variados. No entanto a moda sempre teve influência da arte. As “jóias-conceito” são
grandes responsáveis pela difusão do uso de polímeros nas “jóias produto”.
Considerando que “a moda conceitual é muito mais para fazer o espectador - e
consumidor de moda - pensar e refletir.” (MESQUITA,2008), ela influencia
diretamente a moda comercial. É ela quem propaga de uma forma mais extrema, o
que vai ser absorvido de maneira mais sutil pelos produtos que virão a ser
produzidos. Prova da popularidade dos polímeros, nesse campo da joalheria é a
constante presença de peças com borracha, plásticos e resinas, vistos em revistas,
livros sobre jóia e design, e até nas passarelas. Na forma mais vendável, os
acessórios com polímeros vão sendo aceitos e absorvidos de forma crescente nos
veículos de comunicação, como blogs, e novelas, já sendo consumidas por
determinados públicos.
Há alguns anos atrás era muito mais comum vermos óculos de grau com
armações metálicas do que com plásticas. Hoje é muito comum armações de
acetato, coloridas, que tornam o problema oftalmológico mais uma razão para se
adornar.
Independente em que tipo de artigos eles se encontram, com ou sem o uso
de materiais valiosos, os polímeros se apresentam nos ornamentos corporais há
algumas décadas, e devem ficar cada vez mais presentes. A busca e o investimento
em materiais que permitam o desenvolvimento da criatividade na execução de
produtos ou das mais variadas peças artísticas é incessante, e com a tecnologia, e
cada vez é mais nítido o interesse do consumidor em novos produtos que tragam o
novo em seu significado.
Esta busca incessante por novidades inclusive, seria segundo Lipovetsky
(1979) o sentimento atual mais comum em relação ao consumo.

“Com o individualismo moderno, o Novo encontra sua plena consagração:


por ocasião de cada moda, há um sentimento, ainda que tênue, de liberação
subjetiva, de alforria em relação aos hábitos passados. A cada novidade,
uma inércia é sacudida, passa um sopro de ar, fonte de descoberta, de
posicionamento e de disponibilidade subjetiva.” (LIPOVETSKY, 1987,
p.183).
Desta maneira pode ser a maneira mais fácil a ser explorada a fim de elevar o
valor de objetos de ornamentação corporal produzidos com polímeros. Como visto
antes, para tal seria interessante pensar num modo de produzir produtos alteráveis
ou retornáveis, pois satisfazer os anseios de novidade dos consumidores somente
produzindo novos objetos, não seria recomendável avaliando determinadas
questões.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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