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TRIBUNAL MARÍTIMO

IF/GAP PROCESSO Nº 31.873/17


ACÓRDÃO

EAM “BRAM BUCK” x Supply Boat “VEGA EMTOLI”. Abalroação entre duas
embarcações, uma EAM e um Supply, provocando avaria na balaustrada da “VEGA
EMTOLI”, e pintura do costado e mossa no bulbo do supply “BRAM BUCK”.
Falha momentânea do contato interno do relé de controle do acionamento do bow
thruster da EAM “VEGA EMTOLI”. Arquivamento.

Vistos os presentes autos.


Trata-se de analisar o acidente da navegação envolvendo a EAM “BRAM BUCK”,
propriedade de Bram Offshore Transportes Marítimos Ltda, e o Supply Boat “VEGA EMTOLI”,
propriedade de Vega Emtoli A. S., ocorrido cerca das 02h do dia 05/01/2017, no píer I, lado mar
no Porto de Imbetiba, Macaé, RJ, momento em que o Supply Boat estava em manobra de
atracação e veio a abalroar a proa da EAM “BRAM BUCK”, provocando avaria na balaustrada
do Supply e arranhando a pintura do costado e mossa no bulbo da EAM.
Dos depoimentos colhidos e documentos acostados extrai-se que a EAM “BRAM
BUCK”, com 92,58 metros de comprimento, 5680 AB, casco de aço, comandada por Daniel
Mesquita de Araujo e o Supply Boat “VEGA EMTOLI” comandado por Yegor Klimenko,
ucraniano, em resumo, que a embarcação “VEGA EMTOLI”, encontrava-se na área A de
fundeio em Macaé, RJ, foi chamada pelo Delta da Petrobras para atracação no píer II, lado mar
no terminal do porto de Imbetiba, suspendendo o ferro para aproximação do píer. Ao aproximar-
se do píer porto foi feito um giro com a embarcação utilizando o bow thruster e stern thruster,
com o giro da embarcação realizado o bow thruster alarmou e de repente parou de funcionar
levando a embarcação perder a posição indo em direção ao píer I, vindo a colidir com a
embarcação “BRAM BUCK” tocando a grade de segurança de boreste (próxima ao workboat) do
“VEGA EMTOLI” na proa do “BRAM BUCK”. O Delta solicitou que a “VEGA EMTOLI” se
dirijisse ao píer I lado praia, e foi lançado a âncora e passado o cabo (espia) de popa no píer I. O
Delta cancelou a operação de atracação da embarcação “VEGA EMTOLI” e solicitou que se
dirijisse à área de fundeio.
Durante o Inquérito foram ouvidas 3 testemunhas e juntada a documentação de
praxe. Foi juntado, adicionalmente, às fls. 60/63, o Relatório de Investigação da empresa Napro
Service, para identificar a causa raiz do mau funcionamento dos thrusters da EAM “VEGA
EMTOLI”.
Laudo de Exame Pericial, ilustrado com fotos, concluiu que a causa determinante
para o abalroamento foi a falha do bow thruster da embarcação “VEGA EMTOLI” que estava
em manobra de aproximação para atracação levando a embarcação a perder a posição, vindo a
colidir com a embarcação “BRAM BUCK”.

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(Continuação do Acórdão referente ao Processo nº 31.873/2017....................................................)
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No relatório, o Encarregado do Inquérito, após resumir o depoimento de 3
testemunhas, descrever a sequência dos acontecimentos e analisar os dados obtidos do Laudo
Pericial e dos depoimentos concluiu que o fator material contribuiu uma vez que ocorreu falha
momentânea nos “propulsores de manobras” da embarcação “VEGA EMTOLI”, causada por
falha em contato interno do relé, provocando o abalroamento com a embarcação “BRAM
BUCK”.
Que não há possíveis responsáveis diretos e indiretos pelo fato, concluindo-se,
portanto, que dentro das circunstâncias e de todo contexto analisado, o acidente em lide ocorreu
alheio a vontade humana, de efeito imprevisível equiparando-se a caso fortuito.
A D. PEM após a análise dos elementos existentes nos autos, concluiu pela ausência
de provas suficientes a apontar comportamento culposo que tenha contribuído para a falha do
bow thruster da embarcação de apoio marítimo “VEGA EMTOLI”, que fez com que viesse
perder a posição e se chocar mecanicamente com o Supply “BRAM BUCK”, não sendo possível,
assim, atribuir responsabilidade pelo evento, razão pela qual opinou pelo arquivamento do
presente Inquérito.
Publicada nota de arquivamento, os prazos foram preclusos sem que interessados se
manifestassem.
Decide-se.
De tudo o que consta nos presentes autos, conclui-se que a natureza e extensão do
acidente da navegação sob análise, tipificado no art. 14, alínea a, da Lei nº 2.180/54, ficaram
caracterizadas como abalroação entre duas embarcações, uma EAM e um Supply, provocando
avaria na balaustrada da “VEGA EMTOLI”, e pintura do costado e mossa no bulbo do supply
“BRAM BUCK”.
A causa determinante foi a falha momentânea do contato interno do relé de controle
do acionamento do bow thruster da EAM “VEGA EMTOLI”.
Analisando-se os autos, com base nas informações obtidas e os registros
examinados no Laudo Pericial e no Relatório de Investigação da Napro Service para busca da
causa raiz da falha dos thrusters, verificou-se que o fato ocorreu quando embarcação “VEGA
EMTOLI”, que encontrava-se na área de fundeio e foi chamada para atracar no píer II, lado mar
no porto de Imbetiba. A embarcação suspendeu o ferro para aproximação do píer e ao se
aproximar do porto o Bow Truster alarmou e de repente parou de funcionar levando a
embarcação “VEGA EMTOLI” a perder posição indo em direção ao píer I, vindo a colidir com a
embarcação “BRAM BUCK”.
De acordo com os dados obtidos no laudo pericial e do Relatório de Investigação da
Napro Service, o acidente ocorreu por um falha momentânea nos “propulsores de manobras” da
embarcação “VEGA EMTOLI”, causado por uma falha nos contatos internos do relé, que ficou
sem a possibilidade de manobrar que, em consequência, a EAM veio a abalroar o supply
“BRAM BRUCK”, causando mossas insignificantes nas embarcações, sem comprometimento da

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(Continuação do Acórdão referente ao Processo nº 31.873/2017....................................................)
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operacionalidade.
Após análise da causa do acidente pelos Peritos, permitiu-se identificar que durante
a operação de atracação, a embarcação “VEGA EMTOLI” perdeu sua manobrabilidade, em
função da perda da eficiência dos “Bow Thruster”. O relatório da empresa Napro Service
contratada pela empresa TMS OFFSHORE para identificar a causa raiz da falha do equipamento,
apontou falha em contato interno do relé, provocando assim a falha no equipamento “Bow
Thruster”. Dessa forma, é de se concluir, que o acidente da navegação em questão, deveu-se a
um caso fortuito, devido à falha momentânea e inesperada do contato interno do relé de controle
do acionamento do bow thruster da EAM “VEGA EMTOLI”.
Pelo exposto, deve-se julgar procedente o pedido de arquivamento formulado pela
D. PEM, devendo-se arquivar os autos.
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade; a) quanto à natureza
e extensão do acidente da navegação: abalroação entre duas embarcações, uma EAM e um
Supply, provocando avaria na balaustrada da “VEGA EMTOLI”, e pintura do costado e mossa
no bulbo do supply “BRAM BUCK; b) quanto à causa determinante: falha momentânea do
contato interno do relé de controle do acionamento do bow thruster da EAM “VEGA EMTOLI”;
e c) decisão: julgar o acidente da navegação previsto no art. 14, alínea a, da Lei nº 2.180/54,
como de natureza fortuita, mandando arquivar os autos, conforme promoção da PEM.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 19 de julho de 2018.

GERALDO DE ALMEIDA PADILHA


Juiz-Relator

Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado.


Rio de Janeiro, RJ, em 27 de julho de 2018.

MARCOS NUNES DE MIRANDA


Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Primeiro-Tenente (T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE

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Assinado de forma digital por COMANDO DA MARINHA
DN: c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A3, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF, cn=COMANDO DA MARINHA
Dados: 2018.11.26 15:02:38 -02'00'

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