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TRIBUNAL MARÍTIMO

TT/NCF PROCESSO Nº 31.714/17


ACÓRDÃO

Balsa “MARIA MONTEIRO”. Embarcação à deriva e com colisão contra um


cais. Impossibilidade de apontar a causa determinante. Arquivamento.

Vistos e relatados os presentes autos.


Consta dos autos que por volta das 10 horas do dia 19 de agosto de 2016, a
Balsa “MARIA MONTEIRO” encontrava-se atracada a contrabordo de outra balsa,
próximo ao cais da empresa Trigolar, Rio Negro, Colônia Oliveira Machado, Manaus-
AM. Com a mudança de tempo, com ventos fortes e “marés fortes” (não consta dos
autos a velocidade do vento ou a correnteza no momento do incidente), a embarcação
ficou a deriva com o rompimento de suas espias e assim a balsa “MARIA MONTEIRO”
colidiu com o cais da empresa Trigolar. A avaria causada no cais foi pequena, resultando
em torções nos ferros que suportam o cais.
O encarregado do IAFN em uniformidade de entendimento com os peritos
concluiu que a causa determinante para a colisão da balsa “MARIA MONTEIRO” com a
ponte da empresa Trigolar foi a mudança do tempo e da corrente do Rio Negro, e os
cabos se romperam ocasionando o acidente, e a balsa ter ficado a deriva e nas
proximidades da ponte da empresa Trigolar. O Encarregado acrescenta apontando o
possível responsável indireto pelo acidente o Locatário da balsa “MARIA MONTEIRO”,
o Sr. Elson Cordeiro de Araujo, por ter sido negligente por adotar medidas preventivas
para o mau tempo, já que alterações de Meteorológicas no período do ano que ocorreu o
fato da navegação são constantes.
Os autos do IAFN foram encaminhados a este Tribunal que os enviou à PEM,
que requereu o Arquivamento do presente IAFN, eis que a causa que deu o azo à deriva
da embarcação e a colisão não foram devidamente apuradas, visto que nos autos não é
possível averiguar quais as condições dos cabos realmente, pois segundo os peritos, em
Laudo Pericial Indireto, os cabos estavam em bom estado e de acordo com a segunda e a
terceira testemunha (fls. 25 e 28) “os cabos estavam velhos e não aguentaram a ventania
forte”. E os dados obtidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia não apontam ventos
no momento do incidente e não consta a velocidade do vento ou da correnteza no horário
do rompimento dos cabos.
Publicada nota de arquivamento em 26 de fevereiro de 2018, o prazo para

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(Continuação do Acórdão referente ao Processo nº 31.714/2017........................................)
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manifestações de possíveis interessados transcorreu em branco até o dia 26 de abril de
2018, conforme se comprova à fl. 64.
Assiste razão a PEM e os autos devem ser arquivados. Devido às
informações conflitantes acerca das condições dos cabos de amarração e diante dos
poucos elementos relacionado às condições meteorológicas do local no dia do evento,
ficou a causa determinante desse acidente não apurada acima de qualquer dúvida, não
havendo, desta forma, meios de apontar os responsáveis.
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à
natureza e extensão do acidente da navegação: colisão de balsa contra o cais da empresa
Trigolar, causando pequena avaria no cais; b) quanto à causa determinante: não apurada
com a devida precisão; e c) decisão: julgar o acidente da navegação, previsto no art. 14,
alínea “a”, da Lei nº 2.180/54, como decorrente de causas não devidamente apuradas,
mandando arquivar os autos conforme promoção da PEM.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 26 de julho de 2018.

NELSON CAVALCANTE E SILVA FILHO


Juiz Relator

Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado.


Rio de Janeiro, RJ, em 27 de julho de 2018.

MARCOS NUNES DE MIRANDA


Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Primeiro-Tenente (T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE

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Dados: 2018.11.22 11:19:17 -02'00'

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